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Este livro foi escrito com muito amor e carinho pra ajudar iniciantes e pessoas
experientes a repensar algumas coisas, bem como enxergar outras. Não tenho a pretensão de
resolver todas as suas dúvidas, só de ampliar um pouco a sua percepção.
Da mesma forma, também foi escrito pra que você evite problemas. Por mais sedutor
que BDSM possa parecer, ele ainda é feito e praticado de pessoas para pessoas, e quer algo
mais cheio de falhas e defeitos do que pessoas?
Não é definitivo, inclusive enxergo essa primeira versão como “crua”, sendo uma versão
que ainda vou alterar mais algumas vezes.
A cultura do BDSM é uma cultura viva e que muda, portanto este guia terminado hoje
(18/02/2021) já pode estar desatualizado em algum momento. Acredito que textos de 10 anos
atrás tem seu valor histórico, mas dificilmente te ajudam a sair do virtual, procure informação
atualizada sempre que possível.
Atenciosamente,
Ares
Este é um Guia Parcial.
Um Guia Parcial é algo que pode te ajudar, mas que defende uma opinião. A opinião que
defendo aqui é que muitas das coisas que as pessoas falam sobre BDSM e sobre fetiches
servem muito mais pra te atrapalhar e afastar de qualquer coisa real do que te ajudar, isso eu
chamo de Burocratização do Fetiche.
BDSM tem poder de mudar a sua vida, assim como o Tantra, assim como um livro, ou
como o tempo que você passa na faculdade, cada um com seu peso e significância, mas
existem pessoas que não querem se transformar, elas só querem respaldo pra serem pessoas
ruins. “Eu sou mandona na minha vida normal, então eu nasci Domme”, “eu sou macho alfa
então sou Dominador”, sempre que alguém para de aprender sobre BDSM e fetiches, eu sinto
que essa pessoa potencialmente vai parar de viver os próprios desejos e se tornar uma pessoa
frustrada. Se ela nunca aprendeu nada de uma fonte decente e só foi “fazendo”, ou “só
repetindo”, ou “nasceu assim” (veja as pessoas que tentam repetir o pornô ou dos grupos de
estudo de BDSM), essa pessoa provavelmente carrega frustrações que serão despejadas em
você.
Essas pessoas frustradas não lidam bem com os próprios fetiches, portanto há grandes
chances de você aprender a como NÃO lidar com os seus próprios.
Sempre que você ver alguém muito fanático, defendendo pontos de vista esquisitos e de
forma muito ferrenha, se pergunte: “Do que essa pessoa tem medo?” e a partir daí você pode
escolher seguir ou não uma pessoa com medo. O Autoconhecimento e a transformação que
você pode obter, podem te ajudar a lidar com medo, medo de rejeição, medo de culpa, se
você olha pra uma pessoa com medo e passa muito tempo com ela, vendo, ouvindo, lendo ou
assistindo, você vai ter medo também.
Existem fontes boas, mas elas não estão no Instagram. No instagram você não tem
início, meio e fim, você só tem uma ideia solta, que o próprio algoritmo escolhe quando e se
aparece pra você, além de que o sistema de busca por palavra chave ou um tema específico é
péssimo, portanto recomendo YouTube e por último Google, filtrando bastante se faz sentido
pra você.
Quando eu comecei no BDSM em 2008, percebi uma coisa muito foda sobre BDSM.
BDSM tinha e ainda tem sua própria cultura, que é quase como uma outra língua. Essa outra
língua pode aproximar, mas também pode afastar, impedindo as pessoas que não conhecem
as “gírias” de se enturmarem com as pessoas mais veteranas.
Todos os praticantes tem suas próprias interpretações sobre o que cerceia o BDSM, e acabam
por criar suas próprias convenções consigo mesmos, as vezes inventam terminações regras e
protocolos, e normalmente todas essas terminações, regras e protocolos só servem pra
colocar cada vez mais burocracia em algo que deveria te libertar da “prisão do sexo
cotidiano”, mas que acabam te levando pra “prisão das expectativas alheias”.
Qual a diferença entre aprender Técnica (que é o que eu ensino) e aprender “burocracia
inútil”?
A técnica, se você repete, praticando abstração em alguns pontos, você consegue resultados
semelhantes.
Eu criei esse ebook como um início, “cheguei agora e estou meio perdido(a) nas
terminologias” é pra isso que serve esse ebook, só pra não te manipularem com termos que
você ainda não conhece.
- Saber só o significado não te faz alguém que tem prazer com BDSM, você precisa de técnicas
que podem ser repetidas, você precisa de contexto e um pouco de sorte de não cruzar com
pessoas que te fazem perder tempo.
Então use os significados como uma forma de se aprofundar, até de pesquisar mais sobre
qualquer assunto que tenha interesse.
Mais um ponto importante, eu odeio com todas as minhas forças quem usa “não sei o
que filia” pra definir um fetiche, por exemplo “estigmatofilia” é um termo que define fetiche
por tatuagens e piercings, use pra você, na sua vida “eu tenho fetiche em tatuagem e piercing”
não use pelo amor do deus que você acredita “estigmatofilia.
Cada vez que você usa “AlgumaCoisaFilia” pra definir um fetiche, você está causando um mal
imensurável a si mesmo(a).
Para de se ver como “parafílico”, não se coloque junto com pessoas que cometem crimes, se
liberte dessa prisão que tentam te colocar, que te limita.
Eu estou aqui pra te ajudar, pra ajudar inclusive outras pessoas que você nem conhece e
que querem ser mais felizes tendo experiências incríveis com fetiches, com BDSM e com
Tantra, mas só ajudo quem quer ser ajudado. Faça uma escolha agora.
Você quer viver mais feliz, pleno(a) e realizado(a) com seus fetiches ou quer atender as
expectativas de outras pessoas?
Se quiser continuar essa conversa eu vou deixar aqui os links dos meus projetos e redes
sociais:
- www.instagram.com/Lucas_Ares_BR
- www.youtube.com/LucasAres
- www.BondAres.com
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são reservados. Você pode reproduzir este conteúdo desde que seja citado a fonte, o blog
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Sumário
Vamos lá.
Primeiro as siglas maiores e uma explicação sobre, depois os papéis e alguns outros termos.
Escolhi não falar de acessórios nem das práticas e fetiches. Fetiches eu deixei pra um outro
livro chamado O Livro dos Fetiches, que será publicado futuramente.
BDSM.
Bondage
Por que? Quem é amarrado sente que transfere poder pra quem amarra, esse jogo de controle
e poder excita. Pode ser usado junto e separado de outras práticas e jogos.
Disciplina
Disciplina é uma prática em que a pessoa dominante aplica regras à pessoa submissa.
Quando alguma dessas regras de comportamento esperadas, consentidas e negociadas, são
quebradas, a punição é usada como um meio de disciplinar a pessoa submissa.
Na Disciplina também cabem recompensas por bom comportamento (aposto que ninguém
nunca te disse isso até agora).
Dominação
Não requer contato físico e pode explorar somente elementos psicológicos e até mesmo ser
conduzida via internet. Mas na maioria dos casos ela é intensamente física e pode estar
envolvida com outros subgrupos do BDSM.
O maior erro do Dominante iniciante é acreditar que o poder vêm dele, o poder só existe
porque alguém quis se submeter e esse poder pode ser retirado a qualquer momento, sem
aviso prévio.
Submissão
A submissão também não requer contato físico e pode explorar somente elementos
psicológicos e até mesmo ser conduzida via internet. Mas na maioria dos casos ela é
intensamente física e pode estar envolvida com outros subgrupos do BDSM.
Se alguém tentar forçar uma dominação em alguém que não consentiu, isso é no mínimo um
crime de assédio, você não tem que aceitar isso.
Sadismo
Sadismo no contexto sexual, é o prazer que se sente com atos (reais, não simulados) nos
quais o indivíduo se excita com o sofrimento psicológico ou físico (incluindo humilhação) do
parceiro.
A diferença entre ser algo bom, num contexto erótico, e ser algo ruim, é a consensualidade e o
objetivo de dar prazer e construir uma relação. Se uma pessoa sádica só quer causar dor e
sofrimento sem um jogo erótico envolvido, um contexto erótico, provavelmente você nem
deveria estar perto dessa pessoa.
O Sadismo é uma prática, não uma fantasia da sensação de domínio e/ou de causar sofrimento
ao parceiro/parceira.
Masoquismo
Masoquismo é uma tendência ou prática pela qual uma pessoa busca prazer ao sentir
dor ou imaginar que a sente. Em um sentido extenso pode-se considerar como masoquismo
também a forma de prazer com a humilhação verbal ou de uma situação de inferioridade
perante um parceiro sexual. O masoquismo é uma tendência oposta e complementar ao
sadismo.
Da mesma forma, a pessoa masoquista não tem que “aguentar muito”, ela tem que sentir
prazer, independente do que esperam dela.
Além desses termos que eu considero básicos, coloquei alguns que acredito serem relevantes.
O meu BDSM.
Bonding
Deconstruction
Ou Desconstrução. A pessoa que você era provavelmente não serve pra realizar os
fetiches, então você precisa aceitar que precisa mudar, daí vem a desconstrução. Uma pessoa
baunilha (não praticante de BDSM) não serve pra praticar BDSM, um não fetichista pode até
apimentar a relação com fetiches, mas dificilmente vai construir um vínculo com fetiches. A
desconstrução é quase algo Tântrico, de se permitir aprender e crescer.
Security
Mindful
SSC.
São
São é um jogo entre pessoas que desfrutam de saúde mental, são sensatas e
equilibradas. Dentro de são, também cabem pessoas conscientes dos riscos, conscientes das
consequências e que não estão em estado de consciência alterada. Estado de consciência
alterada é bêbado, embriagado, dopado, qualquer coisa que tire a pessoa do normal dela e
represente uma alteração na sensibilidade e na capacidade de julgamento de bom e ruim.
Seguro
Segurança aqui vêm como uma forma de diminuir os riscos, nada é 100% seguro, mas
acidentes podem ser evitados e medidas de segurança pra lidar com possíveis consequências
devem ser levadas em conta. O exemplo clássico é o da tesoura pra cortar a corda em caso de
um nó apertar muito ou mesmo haver uma lesão. O segundo, que mais uso é o de cuidado
com velas, principalmente próximas a cortinas e materiais inflamáveis, não combina.
Consensual
Todas as pessoas envolvidas tem as informações necessárias pra tomar uma decisão
consciente de fazer? É o que você quer mesmo ou é algo que te empurraram e por isso você
está fazendo? Se tem uma coisa que eu aprendi sobre sexo é que se você precisa convencer a
outra pessoa, ou se você precisa ser convencido, talvez não seja tão bom, se talvez não é tão
bom, talvez você não queria estar ali, se você não queria estar ali, talvez não seja tão
consensual.
Uma das coisas que eu vi ao longo de anos nesse meio, é que a maioria das pessoas não fala
“você pode mudar de ideia a qualquer momento”. Você vai transar por que que disse que ia
transar? Sem tesão? Quais as chances de você sair feliz e satisfeito(a)? Quando a gente fala de
consensualidade é: Você quer, ou você não quer. Não tem meio termo. Se tem dúvidas pegue
mais informações até ter certeza. 100% de certeza? Não, pelo menos uns 75% de certeza.
Além de SSC, eu adiciono uma parte importante que é Prazeroso Pras Partes.
Se você encontrou no BDSM uma nova forma de prazer, novas possibilidades e novos jeitos de
se divertir e satisfazer, por que eu preciso colocar Prazeroso Pras Partes? Já não estava
implícito?
Nós deixamos as relações entrarem no automático, nós acreditamos que elas vão melhorar
sozinhas, nós até apelamos pra alguma fé.
Já aconteceu comigo.
Estava numa relação, engoli um sapo, engoli dois, não falei o que eu queria e o que eu não
queria, quando eu vi se passaram 2 meses e eu estava em uma relação merda, com uma
pessoa merda e me sentia miserável.
Portanto.
Porque tem que ser bom. Pode ser são, pode ser seguro, pode ser consensual, mas
pode não ser bom. Você pode simplesmente estar vivendo a fantasia de outra pessoa, pode
estar vivendo algo que foi imposto pra você, que disseram: “isso são as bases e protocolos”, “a
hierarquia é isso” e tudo bem se faz sentido pra pessoa, mas se não faz sentido pra você, por
que você ainda perde tempo?
A partir do momento que deixou de ser bom, passou pro “Ok” (que significa não está bom, não
está ruim, mas eu tolero), e está indo pra ser incomodo ou ruim, você está perdendo tempo.
Gastando o seu tempo com algo inútil enquanto poderia estar fazendo algo melhor e
provavelmente se divertindo.
Existem pessoas que usam São, Seguro e Sensual, que rejeita a Consensualidade, mas que
compensa com outras coisas.
Existe RISSCK (Risk Informated Safe Sane Consensual Kink) que é Fetiche, Consensual,
São, Seguro e com Riscos Informados, que é um SSC que aprofunda mais nos riscos de forma
mais técnica.
Existe RACK (Risk Awareness Consensual Kink já encontrei Aware e Awareness) que é
Fetiche Consensual Ciente ou Consciente dos riscos, que afrouxa mais a ideia de São e Seguro,
já que reforça mais a ideia de que nada é 100% Seguro, portanto permite uma interpretação
mais subjetiva. Eu acho extremamente complexo quando as pessoas se eximem de
responsabilidade por falar “isso é RACK, você estava ciente”, nem um praticante
completamente experiente quando tenta algo novo sabe de todos os riscos envolvidos,
imagina um iniciante? Então tem que tomar muito cuidado quando alguém fala muito de
RACK.
Ah, e tem outra coisa, você pode ter um contrato assinado com a pessoa falando que você
pode fazer alguma coisa pesada com ela, mas se for crime no seu país, estado ou cidade, ainda
é crime. Eu não quero te assustar, até porque provavelmente você vai passar uma vida toda
sem ter contato com essas pessoas, mas se tiver, você está avisado(a). Não se compromete
com algo que tem mais chances de te fazer mal do que bem.
Eu, Ares, uso SSC e PPP. Aprofundar nas outras siglas e dinâmicas não traz nenhuma
vantagem real, só burocratiza a coisa. Só adiciona mais possibilidades de ser algo ruim. Devem
inclusive existir outras siglas criadas pra justificar alguma coisa, elas só não são relevantes.
Se mesmo assim ficar lembrando o que é SSC e PPP é difícil, use algo como: “Eu cuido da
minha integridade física e do meu prazer, e cuido da integridade física e do prazer do meu
parceiro(a).”
Transferência Total de Poder, que uma das partes aceita “tudo” o que a outra parte fala.
Não entre nisso. Se você se acostuma a não ter voz na relação, ela vai fatalmente virar uma
relação abusiva.
Se você escrever em algum lugar “Procuro uma relação EPE”, “Procuro uma relação
PPE”, “Procuro uma relação TPE”, você está só perdendo o seu tempo, na prática ninguém usa
isso, só em discussões de grupo de whatsapp de BDSM.
Categorias e Papéis
Baunilha
Baunilha não é um papel no BDSM, mas é relevante pra quem pratica BDSM, pelo
menos saber. Baunilhas são as pessoas que não querem BDSM, não querem viver seus
fetiches. Eu coloco “querer” porque acho que é um estado fluído, já que a maior parte do
tempo, cerca de 90% dele, nós estamos baunilhas. Estamos baunilhas no nosso trabalho e com
a nossa família, por exemplo.
Baunilhas são as pessoas que não querem BDSM naquele momento. Normalmente estão
ocupadas com outras coisas, normalmente estão de saco cheio do meio BDSM, normalmente
estão de saco cheio de pessoas que se dizem BDSMers, ou as vezes não conhece.
Eu acho que se você quer ter sucesso e ser uma pessoa que realiza suas coisas, você precisa
investir mais em baunilhas. Falo muito de converter, e acredito que essa conversão passa por
mostrar o quão bom é, o quão divertido é. Se pra você o meio e as pessoas do BDSM estão
mais cansando do que dando tesão, eu te digo que você está no caminho certo, vem comigo,
eu, meus alunos e minhas alunas, nos divertimos mais. ;)
Anjo
Anjo ou Anja (não existe feminino de anjo, mas eu acho anja bonito), é a pessoa que
está de sobreaviso, que vai atrás de você se você sumir, que sabe onde e com quem você está
e provavelmente tem a sua localização em tempo real. É extremamente recomendado nos
primeiros contatos com alguém que você conheceu tem pouco tempo.
Top
Top é quem está por cima. É a pessoa que está aplicando uma prática, que está
amarrando, que está aplicando uma técnica, é a pessoa que está conduzindo. Existem papéis
dentro da “categoria” Top, por exemplo, Dominador, Dominadora, Tamer, Handler e por aí vai.
Falo mais pra frente.
Bottom
Bottom é quem está por baixo. É a pessoa que está momentaneamente cedendo o
controle, recebendo a prática, recebendo a técnica, sendo amarrada, é a pessoa que está
sendo conduzida. Existem papéis dentro da “categoria” Bottom, por exemplo, Sub, Pet, Brat,
SAM, etc.
Todo Dominador é um Top, Toda Dominadora é uma Top, mas nem todo Top é um Dominador,
nem toda Top é uma Dominadora.
Switcher
Switcher é o botão que liga e desliga. É a pessoa que as vezes tem tesão de ser Top, as
vezes tem tesão de ser Bottom e as vezes tem tesão em nada. Switcher é o termo mais
genérico que existe e o mais difícil de definir. Tem gente que escolhe Switcher porque tem
medo de se chamar de sub, tem gente que escolhe Switcher porque alguém disse que pra
dominar tem que se submeter primeiro. Tem gente que escolhe Switcher porque gosta de
algumas coisas de Top e outras de Bottom. Não tem uma regra do que desperta o Switcher,
uma regra que aciona o botão que liga e desliga o lado Top, ou liga e desliga o lado Bottom.
O que eu recomendo se você lidar com um Switcher é tentar descobrir quais os fetiches e
porque a pessoa se excita com aquilo, você não vai entender todos os Switcher assim, você só
vai entender a pessoa que está interessada, e é mais do que suficiente.
Definição de tempo
Cena
É uma interação BDSM, que tem mais aspectos performáticos, que se faz pra ser
assistido em festas, clubes ou mesmo online. O objetivo é mais satisfazer o desejo de
performance do que saciar o desejo e chegar aos “finalmente”. Normalmente tem um fetiche
de exibicionismo e voyeurismo envolvido.
Sessão
É uma interação BDSM que é mais intima, que a gente faz sem se preocupar com quem
está assistindo.
Sessão Avulsa
É um combinado pra viver uma experiência apenas sem muitas expectativas. Eu sou a
pessoa que sempre faz uma avulsa, é ótimo pra decidir se você quer continuar com a pessoa
ou não. Eu já vi gente assumindo compromissos gigantes sem conhecer a outra pessoa direito,
na sessão avulsa, você pode tirar suas dúvidas, ou se é uma pessoa que não cabe um
relacionamento, você pode combinar sessões avulsas, sem muitas expectativas.
Atividade
É o tempo que se passa num workshop, num curso, ou qualquer outra coisa que não
seja uma Cena ou Sessão. Coloquei aqui só pra incluir “outras coisas”. Ninguém chama de
atividade.
24/7
Relacionamentos e Papéis
Sobre os relacionamentos e papéis, conheceu alguém é Domme e você sub, isso não
garante que vai dar certo, só o papel não é suficiente, você precisa de mais. Nunca confie só no
papel que se complementa, ele só facilita um pouco na hora de conhecer.
Teoricamente, os papéis existem uns pelos outros, mas há quem use Dom, Domme, sub etc.,
como um complemento do apelido, mesmo sem estar em uma relação ou aberto(a) a isso, o
que é Ok também.
É como se chama quem domina numa relação com um sub ou uma sub, pelo menos. Se
relaciona com sub pra uma Cena, uma Sessão, atividade ou relação.
Submisso(a) ou Sub
É como se chama quem se submete numa relação com um Dom ou uma Domme. Se
relaciona com um Dom ou Domme pra uma cena, sessão, atividade ou relação.
Master / Mistress
Nota: Há quem use “Mestre” como alguém com excepcional saber, “Um Mestre BDSM”,
eu acho besteira. O título de mestre não é autoproclamado é obtido através de instituições de
ensino ou pelos seus discípulos e aprendizes. Se qualquer pessoa se autoproclamar Mestre,
veja apenas como um apelido, nada mais do que isso.
Slave
Não gosto de traduzir a palavra Slave e chamar a pessoa de “meu escravo” ou “minha
escrava”, eu acho desrespeitoso com o passado de toda uma etnia.
Rainha
Adoradores
No Brasil não faz muito sentido, mas seriam as pessoas que adoram e servem as Rainhas.
Senhor / Senhora
É como algumas pessoas pedem pra ser chamadas dentro de uma relação. É um
pronome de tratamento que demonstra que o bottom reconhece autoridade do Top. Em
algumas relações é combinado e faz sentido, em outras não.
Nota: Você acabou de conhecer alguém, se te excita chamar de Senhor ou Senhora, faça
pelo seu tesão, se a pessoa te pede isso, ela está te pedindo pra reconhecer autoridade dela
sobre você, então cuidado, as vezes você pode estar satisfazendo os fetiches ou ego de outra
pessoa sem ter nada em troca.
Dominatrix
Pro Dom
FinDom / FinDomme
É uma pessoa que exercita Dominação Financeira. O Findom tem como o objetivo a
transferência de dinheiro do FinSub pro FinDom ou FinDomme. O foco é o dinheiro, e as vezes
há dinâmicas como Dom(me)/sub ou Master/Mistress / Slave.
Money Slave
Goddess
Deusa é a pessoa que quer ser adorada, como a Rainha, mas que não quer descer do
pedestal. Em algumas das vezes que vi pessoas verdadeiramente no papel de “deusas” elas
pediam mas não davam nada em troca, nem atenção, como acredito um deus faz.
Lord e Lady
Eu vejo como apelidos, não como denotativos de papéis, talvez tenha, mas no momento
desse livro não achei nada especifico, só coisas vagas.
Rigger
Rigger é a pessoa que amarra num contexto de Shibari. É quem treina as técnicas, quem
busca os riscos e quem tem a tesoura pra cortar cordas em caso de emergência.
É a pessoa que gosta de ser amarrada, ou servir como modelo pra treino de shibari. Há
quem use “Bottom” e “Bunny” eu não vi diferença pratica relevante.
Shibari
Nota: Shibari é diferente de Bondage, enquanto há bondage que usa cordas, as técnicas
e os objetivos são diferentes. Por exemplo, há “shibari” que podem ser “vestidos” como
roupas, que não tem nada de restrição.
Handler
Handler é o(a) Top no jogo de Petplay. É quem “manipula”, domina e controla a cena ou
sessão de Petplay.
Petgirl / Petboy
É a pessoa que se torna Bottom como Pet (animal de colo). Normalmente a gente usa só
“o pet” ou “a pet”.
Pupgirl / Pupboy
Alpha
Alpha é aquela pessoa que se distingue dentro do animal play, é o(a) líder da matilha, ou
da alcateia.
Beta
Tamer
É a pessoa que impõe disciplina. É a pessoa que gosta de ser provocada à uma reação. O
Tamer ou a Tamer aparece principalmente numa dinâmica que envolve jogos em que as
pessoas assumem “idades” e comportamentos relacionados. Recentemente tenho visto
Tamers que gostam de impor esse disciplina, mas sem necessariamente se envolver em jogos
de ageplay.
Brat
SAM
Smart Ass Masochist é a pessoa masoquista metida a espertinha, enquanto a Brat gosta
de sentir esse poder de diversas formas, a pessoa SAM gosta de sentir isso através de castigos
físicos.
Break me
Break me (quebre me) é a pessoa que gosta de sentir se dominada a força. Gosta de ser
“dobrada” à vontade da outra pessoa e ser levada a cumprir uma ordem ou tarefa.
No Ageplay, assim como no Petplay os papéis ficam mais variados pois acabam sendo
definidos mais pela identidade da pessoa do que com quem ela joga, então acaba sendo mais
difícil de interagir mesmo. Se quiser jogar com um ageplayer, é só conversar mais.
Daddy / Mommy
São pessoas dentro do Ageplay que interpretam papeis parentais e cuidam dos
seus/suas filhos(as).
Baby
São as pessoas que se comportam como um bebê, que estão na idade das fraldas.
Little
São as pessoas que estão entre a fase das fraldas e da adolescência, elas são as
“crianças”. Lembrando que ageplay é praticado entre adultos e é uma interpretação de papéis.
Middle
São as pessoas que interpretam a fase da adolescência. Middle tendem a ser mais
rebeldes e mais difíceis de lidar.
Caregiver
É a pessoa que dá cuidado, que cuida do baby, middle, little, pode ser Daddy e Mommy
ou pode ser algum outro papel correlato ao jogo.
Crosdresser
Existem tanto Crosdresser de homem para mulher quanto de mulher para o homem. A
pessoa aqui busca uma identidade mais ligada ao outro gênero, numa exploração erótica de
persona. Se a pessoa se sente humilhada usando roupas de outro gênero, pode não ser nada,
como pode indicar algumas questões mal resolvidas. Há quem use Feminilização e
Masculinização.
Sissy
Sissy é o homem submisso e feminizado. Existe num contexto em que o homem perde
sua identidade pra se tornar uma “mulher” nas mãos do Top ou da Top. Esse fetiche surgiu
num contexto de misoginia, mas em pessoas sãs permite explorar todo o erotismo de uma
“nova identidade”.
Sister
Sister é a mulher que joga com a Sissy e a ajuda a se maquiar, travestir e jogar com sua
identidade feminina. Pode envolver ou não contato sexual, mas não costuma ser uma relação
Dona e Sissy.
Cuckold
É o papel onde o homem tem satisfação em ver a mulher com outro homem.
Cuckquean
É o papel onde a mulher tem satisfação em ver o homem com outra mulher. É
CuckqueAn mesmo, com A.
Cuckoldress
Bull
FemDom
É o jogo em que uma mulher Domina, um homem, uma mulher ou mais de uma pessoa.
MaleDom
É o jogo em que um homem Domina, um homem, uma mulher ou mais de uma pessoa.
SafeWord
Palavra de segurança é uma ferramenta pra garantir que os limites sejam respeitados e
que ninguém se machuque.
Limite
É o que separa BDSM de abuso. Não existe relações sem limites. Se você não tem limite
numa relação e a pessoa pode fazer o que quiser com você, a última coisa que ela vai te fazer é
feliz. Se você encontrar uma pessoa que não tem limites, ela não se conhece direito, ela é
abusiva ou é traumatizada. Sempre tenha limites.
AfterCare
É o momento, que pode durar 10, 15, 30 minutos, em que você apruma a outra pessoa
ou é aprumado(a). Que você cuida pro que quer que tenha acontecido durante a sessão não se
transforme em mágoa, em marcas permanentes ou mesmo em traumas. AfterCare é a parte
mais negligenciada por pessoas abusivas, elas já tiveram o que queriam durante a sessão e
provavelmente não se importam mais com você, por isso não fazem o AfterCare como você
precisa que seja feito. O AfterCare é dado conforme o Bottom precisa, não conforme o Top
acha que deve dar.
Nota: Se a sessão foi ótima, mas o AfterCare foi horroroso, vale uma conversa. Se a
sessão foi ruim e o AfterCare Horroroso, vale um pé na bunda. Um AfterCare bem feito salva
uma sessão mediana, um AfterCare horroroso caga nas lembranças de uma sessão boa.
Gatilho
É um evento, situação, ação ou qualquer coisa que traga uma lembrança ruim que pode
despertar uma crise também ruim. Se uma pessoa sofreu uma situação traumática e é exposta
a situações similares em um jogo, ela pode apresentar um gatilho e ter uma crise de
ansiedade, depressão, um surto, etc. É importante conversar com a pessoa antes de tentar
qualquer coisa nova.
Negociação
É o que separa os homens dos meninos e o que separa as mulheres das meninas, é
basicamente o que significa ser maduro nesse meio. Quando a pessoa chega pedindo ou
exigindo algo sem nunca ter conversado com você, isso demonstra um nível gigantesco de
imaturidade tanto emocional quanto de técnica BDSM. Da mesma forma quando a pessoa
quer entrar em uma negociação muito cedo, demonstra ansiedade e despreparo.
Contrato
Subspace
Topsace
É um estado de consciência alterada em que o(a) Top que aplica as práticas entra num
estado de hiperfoco e se desconecta do mundo a sua volta, as vezes até do bottom que está
recebendo as práticas. É extremamente perigoso e pode inclusive ultrapassar limites SSC e
PPP.
Subdrop
Ou só drop, o drop ocorre após a sessão, é uma condição física com sintomas parecidos
com resfriado ou gripe. Eu vi também uma coisa que chamei de drop que pode ser uma baixa
glicêmica ou até mesmo uma queda de pressão, que acontece porque a sessão dura muito ou
por questões de saúde pessoais. Recomendo sempre ter algum petisco salgado e ou doce
quando for pra uma sessão.
Concluindo (Não seja Obsoleto)
Essa é uma primeira versão que resolve algumas das dúvidas iniciais pra iniciantes. Dúvidas
que eu tinha bem no início e que muitas pessoas tem.
Só te peço que tome cuidado, pois há uma armadilha muito grande aqui.
Como era o seu celular há 1 ano atrás? Quais as tecnologias, capacidades e funcionalidades
que tinha? Qual a diferença do que você tem hoje? Assim como o celular, que se aprimora e
melhora conforme as necessidades das pessoas, assim é também o BDSM.
Agora imagine um celular de 10 anos atrás, ele não tem utilidade nenhuma hoje em dia, assim
como um praticante de BDSM que aprendeu BDSM há 10 anos. Ou você continua sempre
aprendendo e evoluindo ou você se torna obsoleto. Coisas obsoletas ficam em museus,
ninguém toca nelas, elas tem valor histórico, não tem valor “orgástico”.
BDSM só tem valor pra você porque pode te dar mais alegria do que frustração, pode te dar
mais prazer e mais orgasmos, se não fosse assim, ninguém passaria raiva com tantos perfis
falsos.
Quando falamos de BDSM, algumas coisas não mudam, bater na bunda é sempre bater na
bunda, mas outras coisas mudam e mudam muito.
O seu entendimento muda, a sua visão de mundo, a forma como as pessoas se conhecem, se
conectam e como jogam muda muito.
Hoje em dia nós usamos redes sociais próprias e impróprias, os Tops são obrigados a ser mais
conscientes e os Bottoms a ter mais iniciativa, quem não sabe disso, não pega ninguém, ou se
pega, a relação não vai pra frente.
As coisas mudaram e vão continuar mudando, você querendo ou não. Ou você se adapta e
aceita a mudança, aprendendo e tirando proveito, ou você reclama e fica pra trás.
Eu te convido sempre a se atualizar, a buscar o que te faz feliz. A única pessoa responsável pela
sua realização pessoal e sexual é você.
Continue aprendendo, comigo e com outras pessoas, com quem fizer sentido pra você e as
coisas vão acontecer.
Escolha por ir atrás dos seus sonhos e dos seus desejos, ninguém mais vai fazer isso por você.
Fico grato por ter me lido até aqui, e conta comigo pra te ajudar nessa jornada.
Atenciosamente,
Ares.
Quem sou Eu?
Meu nome é Lucas, em 2008 escolhi o apelido de Ares pra representar quem eu seria
neste mundo novo chamado BDSM.
Depois de um tempo eu descobri que BDSM e Tantra tinham pontos em comum e que
podiam se misturar, resolvi trazer a visão do Tantra de autoconhecimento e transformação pra
pessoas que poderiam se beneficiar e encontrar mais prazer e acolhimento em suas relações.
Tenho 10 cursos relacionados a Tantra e BDSM, onde tive a honra de receber mais de
250 alunos, a Comunidade da Vanguarda e nos meus eventos em Minas Gerais e São Paulo, já
recebi mais de 2200 pessoas entre curiosas, fetichistas e praticantes de BDSM.
Eu sou a pessoa que testou tudo o que está neste livro virtual e eu sou a pessoa
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