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PROJETO MAROLO

Manual de compostagem e a produção de fertilizante

a partir de resíduos orgânicos

Cibelli Paula de Castro

Lavras/2016
1 - O QUE É COMPOSTAGEM?

Compostagem é a degradação da matéria orgânica através de microrganismos


específicos para este processo. Esta técnica é de grande importância econômica e
ambiental, pois resíduos como esterco dos animais, palhas, folhas de árvores e outros
resíduos orgânicos são reciclados, transformando-se em fertilizantes ou húmus.
A compostagem pode durar de 80 a 120 dias dependendo do tipo de material a
ser compostado. Material com a presença de muito material fibroso possui um processo
mais demorado de decomposição.
O processo de compostagem só terá sucesso se atentarmos aos cuidados durante
o processo. São eles:
• Oxigenação ( reviragens)
• Umidade
• pH
• Tamanho das partículas do resíduo orgânico
• Local adequado
• Temperatura
No final da decomposição, o composto apresenta estrutura fofa, cheiro
agradável, temperatura ambiente, pH próximo de 7 e sem contaminantes, e pode ser
utilizado assim como um fertilizante orgânico.
2 - PARA QUE SERVE SUA APLICAÇÃO?

• Serve para enriquecer solos pobres, melhorando a sua estrutura e


permitindo uma boa fertilidade;
• Aumenta a capacidade das plantas na absorção de nutrientes, fornecendo
substâncias que estimulam seu crescimento e elementos importantes como o
Nitrogênio, Fósforo, Potássio, Cálcio, Magnésio, Boro, Cloro, Sódio, Cobre,
Cobalto;
• Facilita a aeração do solo, retêm a água e reduz a erosão provocada pelas
chuvas;
• Aumenta a concentração de microrganismos como bactérias e fungos que
são importantes para o solo.

3 - MATERIAIS QUE PODEM SER UTILIZADOS PARA COMPOSTAGEM

• Dejetos de animais (estercos de galinha, gado, porco, carneiro, etc.);


• Cascas, bagaços de frutas e caroços não comercializados;
• Resíduos de culturas (cascas de arroz, palha de milho, vagem seca de
feijão, casca seca de café);
• Folhas e ramos de mandioca, bananeira;
• Serragem;
• Restos de capim (colonião, elefante, brachiara, quicuiu, etc).
• Além desses materiais, também podem ser utilizados para enriquecer o
adubo orgânico: farinha de osso, cascas de mexilhão e de caranguejo
(trituradas), cinzas e terra preta.

4 – ESCOLHA DO LOCAL

A área escolhida deve apresentar:


• Pouca declividade;
• Proteção de vento e insolação direta;
• Ser de fácil acesso, permitindo o reviramento da mistura e a passagem de
veículos para transporte de material;
• Ter água disponível para regar as pilhas de compostagem.

5 – MONTAGEM DAS PILHAS

A pilha deve ter de 1 a 2 metros de largura e de 1,5 a 1, 8 metros de altura.


Quanto ao comprimento, dependerá da quantidade de resíduos disponíveis. Os materiais
após serem colhidos e separados, devem ser triturados ou cortados em pequenos
pedaços, para uma melhor uniformidade e decomposição dos mesmos.
A construção da pilha deve ser iniciada espalhando na área uma camada de
restos de culturas com material pobre em nitrogênio (cascas, bagaços, gramíneas) até a
altura de 20cm, e em seguida molhar a camada. Logo, coloca-se uma camada mais
espessa de aproximadamente 30 cm de esterco ou de material com maior porcentagem
de nitrogênio ( frutas, material de esgoto, legumes, restos de animais, etc.)
Feita a 1ª camada, espalhar sobre esta a 2ª com material rico em nitrogênio
(esterco), a uma altura de 5 cm. Molhar novamente. Repetir esta operação, de modo que
a pilha atinja a altura recomendada, sendo a última camada com material pobre em
nitrogênio.

Após a montagem, molhar o material com água limpa. Deve-se evitar o


encharcamento de modo que a umidade ideal esteja em torno de 45% a 50%.
Pode-se enriquecer as camadas com fosfato de rocha e calcário dolomítico ou
ainda com cascas (carapaças) moídas de caranguejo, mexilhão e ostras. Esses produtos
servem para neutralizar a massa em decomposição.
6 - COMO SABER SE O PROCESSO DE COMPOSTAGEM ESTÁ CORRETO?

Durante o processo, é necessário que o produtor rural ou técnico observe sempre as


condições do materisl. De preferência que isto seja realizado a cada reviragem. Em
seguida, estão descritas os principais meios de mensuração para que se saiba as
condições do composto, bem como o final do processo onde estará pronto para ser
utilizado.

6.1 Temperatura

A temperatura ideal para que se obtenha com sucesso o adubo orgânico, deve ser
mantida entre a 60° a 70° C (não suportável ao tato), pois se ocorrer a variação desses
limites para cima ou pra baixo, poderá ocasionar a queima ou apodrecimento do
material, perdendo com isso o seu valor nutritivo para as plantas. O controle da
temperatura é conseguida fazendo o reviramento periódico das pilhas de 10 em 10 dias,
até que a temperatura chegue ao ideal. A medida da temperatura pode ser obtida através
de um termômetro apropriado ou uma barra de ferro de 1,5 metro, introduzida até o
centro da pilha por 30 minutos. Ao retirá- la, fazer a medição da temperatura pelo tato.
6.2 pH

A medição do pH é interessante para que o produtor entenda o processo que está


acontecendo devido a presença de ácidos que os microrganismos produzem no começo
e ao fim do processo. Para conclusão da compostagem, pH próximo de 7 é um
indicativo que este material já está pronto para ser utilizado como fertilizante. Usa-se
neste caso um pHmetro manual e digital.

6.3 Umidade
A umidade ideal para se fazer em cada reviragem está em torno de 55% a 65 %.
Como saber disso na pratica?
Sempre que molhar o material, observa-se a água que começou a escorrer na
base do composto. Isto é um indicativo que a umidade já está suficiente para que o
processo ocorra com sucesso.

7. APLICAÇÃO DO ADUBO

No final da decomposição, o composto apresenta estrutura fofa, cheiro


agradável, temperatura ambiente, pH próximo de 7 e sem contaminantes, e pode ser
utilizado assim como um fertilizante orgânico.
A utilização do adubo orgânico é feita através da sua incorporação no solo, em
cobertura ou em covas entre linhas da plantação. A aplicação deve ser de 15 a 20 dias
antes do plantio, nas covas ou nas entrelinhas dos cultivos permanentes, duas vezes por
ano. A quantidade aplicada varia de 10 a 15 toneladas por hectare/ano e 2 a 5 litros por
cova, dependendo do total de adubo preparado na propriedade.
8 – DICAS IMPORTANTES
BIBLIOGRAFIA

ALCOBAÇA. Manual de compostagem doméstica.Alcobaça: Câmara Municipal. Il.


Disponível em < www.cm.alcobaca.pt>. Acesso em 28 de novembro de 2016.

CAMPBELL, Stu. Como aproveitar bem o lixo orgânico doméstico. São Paulo: Nobel, 1999.
149p.

COSTA, Carlos Augusto Cordeiro; BRASIL, Heliana Maria Silva. Faça o adubo das suas
plantas. Belém: FCAP, 2000. 15p. (Serviço de Documentação e Informação).

KIEHL, Edmar José. Preparo do composto na fazenda. Brasília: EMBRAPA/SNAP, 1980.


15p.

PARÁ. Secretaria Executiva de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente.Lixo: Este problema


tem solução. Belém: SECTAM, 1997.

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