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Resumo
1. Introdução
Um dos grandes desafios hoje enfrentados pelos professores de mecânica das estruturas é
como introduzir o computador como ferramenta didática em seus cursos.
Embora já há vários anos se empregue o computador nas disciplinas aplicadas da engenharia
de estruturas, seu uso no ensino dos fundamentos da resistência dos materiais é ainda bastante
pequeno, principalmente pela falta de programas didáticos desenvolvidos exclusivamente para
este fim.
Várias são as razões que levam à necessidade de se utilizar o computador nas aulas de um
curso de mecânica das estruturas:
a) Grande potencial do computador como ferramenta didática
Os computadores – cada vez mais rápidos e poderosos – e as linguagens de programação –
oferecendo cada vez mais recursos – possibilitam que se elaborem hoje programas com enorme
potencial educacional, por serem simples, versáteis, muito rápidos e dotados de excepcionais
recursos gráficos e visuais.
b) Modernização do curso
Ao entrarem na escola de engenharia, os alunos esperam encontrar um curso moderno e
atual, não apenas no seu conteúdo, mas também na sua forma.
Os alunos atuais vêm fazendo uso constante do computador desde seus cursos de primeiro e
de segundo grau, e muitos deles possuem computador e acesso à Internet em suas casas.
É muito importante não frustrar as expectativas dos alunos, utilizando no curso de engenharia
esta ferramenta moderna e atual.
c) Aproximação do ensino da engenharia ao exercício da engenharia
O computador é hoje ferramenta indispensável na elaboração de um projeto de engenharia.
É então muito importante que este instrumento tão fundamental no exercício profissional seja
utilizado ao longo de todo o curso de engenharia, para que não haja um grande distanciamento
entre os instrumentos utilizados no ensino e no exercício da profissão de engenheiro.
Sentindo a necessidade de utilizar o computador no ensino de mecânica das estruturas,
professores do Departamento de Engenharia de Estruturas e Fundações da Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo decidiram utilizá-lo nas aulas das disciplinas PEF-124 “Introdução à
Mecânica das Estruturas”, do 4o semestre do curso de engenharia civil, e PEF-001 “Resistência
dos Materiais”, do 4o semestre do curso de engenharia de computação.
Desde logo estabeleceu-se o seguinte princípio básico: o computador seria utilizado como
instrumento para auxiliar o ensino, a transmissão, o aclaramento dos conceitos fundamentais da
mecânica das estruturas, e não apenas como ferramenta de cálculo.
Estabeleceu-se, por exemplo, que os alunos não deixariam de continuar a aprender a traçar
manualmente os diagramas de esforços solicitantes e as linhas de influência de uma viga pelo fato
de existirem programas de computador que os determinam. Estes programas seriam empregados
apenas no ensino destes conceitos.
Uma das formas de introduzir o computador no ensino de resistência dos materiais seria
desenvolver no próprio Departamento de Engenharia de Estruturas e Fundações um programa
educacional. Optou-se, entretanto, por primeiramente pesquisar e conhecer os programas
educacionais existentes, antes de se partir para o desenvolvimento de um programa no
Departamento.
Foi então feita uma pesquisa junto às mais importantes universidades do Brasil e do exterior
para saber que programas estavam usando no ensino de mecânica das estruturas. Foi
encaminhada uma correspondência formal às principais escolas de engenharia civil do país e
foram consultadas pela Internet as páginas de várias instituições de ensino do exterior, tendo-se
verificado que, na maioria das vezes, utilizam-se programas desenvolvidos para o cálculo,
adaptados como ferramentas didáticas.
A consulta feita mostrou também que existem iniciativas de professores ou departamentos
desenvolvendo ferramentas que possam ajudar o aluno a aprender. Alguns destes programas de
computador foram construídos como trabalhos de iniciação científica; outros, por profissionais
das regiões onde estão as escolas, tendo sido cedidos para uso didático.
Podem-se citar alguns dos programas apresentados aos alunos pelas escolas pesquisadas:
1. SALT, de análise de estruturas, desenvolvido pela Escola de Engenharia da UFRJ;
2. TQS, de projeto automático de estruturas de concreto;
3. GAELI, de análise de estruturas de barras e de estruturas laminares com pré e pós-
processador gráfico, análise dinâmica de estruturas e geração automática de dados,
desenvolvido e comercializado pelo CPEC da UFRGS;
4. MICROSYS, de análise matricial, desenvolvido pelo CPEC da UFRGS;
5. SAP 90, de análise por elementos finitos;
6. ANSYS, de análise por elementos finitos;
7. FTOOL, desenvolvido por um conjunto de professores compreendendo o grupo de
pesquisa TeCGraf/PUC-Rio e os Departamentos de Engenharia Civil da Universidade de
Cornell (EUA) e da Universidade de Alberta (Canadá). O responsável pelo programa é o
Professor Luiz Fernando C. R. Martha (PUC-Rio), que na apresentação do programa na
página www.Tecgraf.puc-rio.br/~lfm/ftool/ftool.html o descreve como um sistema gráfico
interativo para o ensino do comportamento estrutural de quadros planos. Há uma versão
educacional à disposição na Internet.
Existem ainda os programas comercializados pelo Centro Internacional de Métodos
Numéricos en Ingeniería, de Barcelona, na Espanha:
1. Softeducativo (programas educativos para análise de vigas e pórticos por métodos
matriciais), desenvolvido pela Escola Técnica Superior de Engenheiros de Estradas,
Portos e Canais da Universidade Politécnica da Catalunha, Barcelona, Espanha.
2. ED-Elas2D (análise de sólidos e estruturas em duas dimensões usando elementos finitos),
desenvolvido pelo Departamento de Engenharia Civil da Universidade Politécnica de
Catalunha, Barcelona, Espanha.
Este panorama coincidia com o diagnosticado pela International Conference on Engineering
Education de 1997: a existência de esforços localizados de professores desenvolvendo trabalhos
de adaptação das ferramentas de cálculo para o uso didático.
Não se havia, entretanto, chegado ainda ao que se procurava: um programa essencialmente
voltado ao ensino dos conceitos fundamentais da mecânica das estruturas.
Em contato com o Professor Fernando Castro, do Departamento de Engenharia Mecânica
da Escola Politécnica da USP, que desenvolvia um trabalho na University of British Columbia,
em Vancouver, Canadá, soube-se, no início de 1998, que alguns professores, espontaneamente
e sem uma programação integrada, estavam utilizando um programa educacional recém lançado.
Já em março daquele ano, recebia-se este material: o conjunto Visual Mechanics [1], de Gregory
R. Miller e Stephen C. Cooper, e o livro Mechanics of Materials [2], Fourth Edition, de James
M. Gere e Stephen P. Timoshenko. Os textos e exercícios para discussão do livro são os que
compõem os planos de atividades contidos no Visual Mechanics.
O conjunto Visual Mechanics, desenvolvido por Gregory R. Miller e Stephen C. Cooper, da
University of Washington, de Seattle, Estados Unidos da América, consiste de um CD ROM
com os programas educacionais Dr. BeamTM e Dr. StressTM – propostos para complementar o
estudo da flexão de vigas e da análise de estados de tensão – e do manual Visual Mechanics -
Beams & Stress States, com 150 páginas, com uma série de exercícios para serem resolvidos
utilizando estes dois programas.
A descoberta do Dr. BeamTM foi extremamente feliz, pois era um programa nos moldes
daquilo que se estava procurando: um programa realmente voltado ao ensino dos conceitos
fundamentais da mecânica das estruturas, não um programa voltado essencialmente à análise
estrutural.
O Dr. BeamTM tinha assim o potencial didático que se buscava. Decidiu-se então utilizá-lo
imediatamente, já no segundo semestre de 1998, nas aulas das disciplinas PEF-124 “Introdução
à Mecânica das Estruturas” e PEF-001 “Resistência dos Materiais”.
5. Conclusão
O programa Dr. Beam™ é um programa educacional de excelente qualidade, e que facilita
enormemente a transmissão e o entendimento dos fundamentos da mecânica das estruturas.
Pretende-se repetir e ampliar no segundo semestre deste ano de 1999 a experiência de usar
o Dr. Beam™ nas disciplinas PEF-124 “Introdução à Mecânica das Estruturas” e PEF-001
“Resistência dos Materiais”, empregando-o também para:
1. Mostrar as relações entre carregamento distribuído, força cortante e momento fletor;
2. Apresentar as linhas de influência de vigas Gerber;
3. Apresentar os efeitos de recalques de apoio;
4. Apresentar a resolução de estruturas hiperestáticas usando equações de compatibilidade
de deslocamentos;
5. Mostrar o caminhamento dos esforços em estruturas hiperestáticas.
Também se pretende usar nestas disciplinas o programa Dr. Frame™, dos mesmos autores
do Dr. Beam™ , os Professores Gregory R. Miller e Stephen C. Cooper, que hoje se encontra
em fase final de testes. A filosofia de sua concepção é a mesma que levou ao Dr. Beam™, e que
faz do Dr. Frame™ um excepcional programa educacional de análise de estruturas reticuladas
planas.
6. Bibliografia
[1] Miller, G.R. e Cooper, S.C. Visual Mechanics – Beams & Stress States. Boston, PWS
Publishing Company, 1998.
[2] Gere, J.M. e Timoshenko, S.P. Mechanics of Materials, 4th ed. Boston, PWS Publishing
Company, 1997.