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ENSINANDO FUNDAMENTOS DA RESISTÊNCIA DOS

MATERIAIS COM O AUXÍLIO DE UM PROGRAMA DIDÁTICO


DE COMPUTADOR

Osvaldo Shigueru Nakao


Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Departamento de Engenharia de Estruturas e Fundações,
Laboratório de Estruturas e Materiais Estruturais, osnakao@usp.br

Fábio de Freitas Leitão Torres


Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Departamento de Engenharia de Estruturas e Fundações,
Laboratório de Mecânica Computacional, ffltorres@hotmail.com

Henrique Lindenberg Neto


Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Departamento de Engenharia de Estruturas e Fundações,
Laboratório de Mecânica Computacional, henlneto@usp.br

Resumo

Um grande desafio para os professores de engenharia de estruturas hoje é como usar o


computador como ferramenta didática no ensino dos fundamentos da mecânica das estruturas.
Resolvidos a aproveitar o grande potencial educacional dos computadores atuais,
professores do Departamento de Engenharia de Estruturas e Fundações da Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo decidiram utilizá-lo no ensino dos fundamentos da resistência dos
materiais.
A pesquisa feita para conhecer os programas disponíveis nas universidades e no mercado
levou ao recente e excelente programa Dr. Beam™, desenvolvido por Gregory R. Miller e
Stephen C. Cooper, da Universidade de Washington, de Seattle, Estados Unidos, que apresenta
visualmente a linha elástica e os diagramas de forças cortantes e de momentos fletores de vigas, e
as respectivas envoltórias para carregamentos móveis.
O programa Dr. Beam™ foi utilizado em duas disciplinas básicas dos cursos de engenharia
da Escola Politécnica, tendo sido empregado para introduzir os conceitos fundamentais da
resistência dos materiais.
A experiência foi um grande sucesso, tanto na opinião dos professores como na dos alunos,
aos quais se solicitou que a avaliassem, e será repetida e ampliada neste ano de 1999.

1. Introdução
Um dos grandes desafios hoje enfrentados pelos professores de mecânica das estruturas é
como introduzir o computador como ferramenta didática em seus cursos.
Embora já há vários anos se empregue o computador nas disciplinas aplicadas da engenharia
de estruturas, seu uso no ensino dos fundamentos da resistência dos materiais é ainda bastante
pequeno, principalmente pela falta de programas didáticos desenvolvidos exclusivamente para
este fim.
Várias são as razões que levam à necessidade de se utilizar o computador nas aulas de um
curso de mecânica das estruturas:
a) Grande potencial do computador como ferramenta didática
Os computadores – cada vez mais rápidos e poderosos – e as linguagens de programação –
oferecendo cada vez mais recursos – possibilitam que se elaborem hoje programas com enorme
potencial educacional, por serem simples, versáteis, muito rápidos e dotados de excepcionais
recursos gráficos e visuais.
b) Modernização do curso
Ao entrarem na escola de engenharia, os alunos esperam encontrar um curso moderno e
atual, não apenas no seu conteúdo, mas também na sua forma.
Os alunos atuais vêm fazendo uso constante do computador desde seus cursos de primeiro e
de segundo grau, e muitos deles possuem computador e acesso à Internet em suas casas.
É muito importante não frustrar as expectativas dos alunos, utilizando no curso de engenharia
esta ferramenta moderna e atual.
c) Aproximação do ensino da engenharia ao exercício da engenharia
O computador é hoje ferramenta indispensável na elaboração de um projeto de engenharia.
É então muito importante que este instrumento tão fundamental no exercício profissional seja
utilizado ao longo de todo o curso de engenharia, para que não haja um grande distanciamento
entre os instrumentos utilizados no ensino e no exercício da profissão de engenheiro.
Sentindo a necessidade de utilizar o computador no ensino de mecânica das estruturas,
professores do Departamento de Engenharia de Estruturas e Fundações da Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo decidiram utilizá-lo nas aulas das disciplinas PEF-124 “Introdução à
Mecânica das Estruturas”, do 4o semestre do curso de engenharia civil, e PEF-001 “Resistência
dos Materiais”, do 4o semestre do curso de engenharia de computação.
Desde logo estabeleceu-se o seguinte princípio básico: o computador seria utilizado como
instrumento para auxiliar o ensino, a transmissão, o aclaramento dos conceitos fundamentais da
mecânica das estruturas, e não apenas como ferramenta de cálculo.
Estabeleceu-se, por exemplo, que os alunos não deixariam de continuar a aprender a traçar
manualmente os diagramas de esforços solicitantes e as linhas de influência de uma viga pelo fato
de existirem programas de computador que os determinam. Estes programas seriam empregados
apenas no ensino destes conceitos.
Uma das formas de introduzir o computador no ensino de resistência dos materiais seria
desenvolver no próprio Departamento de Engenharia de Estruturas e Fundações um programa
educacional. Optou-se, entretanto, por primeiramente pesquisar e conhecer os programas
educacionais existentes, antes de se partir para o desenvolvimento de um programa no
Departamento.
Foi então feita uma pesquisa junto às mais importantes universidades do Brasil e do exterior
para saber que programas estavam usando no ensino de mecânica das estruturas. Foi
encaminhada uma correspondência formal às principais escolas de engenharia civil do país e
foram consultadas pela Internet as páginas de várias instituições de ensino do exterior, tendo-se
verificado que, na maioria das vezes, utilizam-se programas desenvolvidos para o cálculo,
adaptados como ferramentas didáticas.
A consulta feita mostrou também que existem iniciativas de professores ou departamentos
desenvolvendo ferramentas que possam ajudar o aluno a aprender. Alguns destes programas de
computador foram construídos como trabalhos de iniciação científica; outros, por profissionais
das regiões onde estão as escolas, tendo sido cedidos para uso didático.
Podem-se citar alguns dos programas apresentados aos alunos pelas escolas pesquisadas:
1. SALT, de análise de estruturas, desenvolvido pela Escola de Engenharia da UFRJ;
2. TQS, de projeto automático de estruturas de concreto;
3. GAELI, de análise de estruturas de barras e de estruturas laminares com pré e pós-
processador gráfico, análise dinâmica de estruturas e geração automática de dados,
desenvolvido e comercializado pelo CPEC da UFRGS;
4. MICROSYS, de análise matricial, desenvolvido pelo CPEC da UFRGS;
5. SAP 90, de análise por elementos finitos;
6. ANSYS, de análise por elementos finitos;
7. FTOOL, desenvolvido por um conjunto de professores compreendendo o grupo de
pesquisa TeCGraf/PUC-Rio e os Departamentos de Engenharia Civil da Universidade de
Cornell (EUA) e da Universidade de Alberta (Canadá). O responsável pelo programa é o
Professor Luiz Fernando C. R. Martha (PUC-Rio), que na apresentação do programa na
página www.Tecgraf.puc-rio.br/~lfm/ftool/ftool.html o descreve como um sistema gráfico
interativo para o ensino do comportamento estrutural de quadros planos. Há uma versão
educacional à disposição na Internet.
Existem ainda os programas comercializados pelo Centro Internacional de Métodos
Numéricos en Ingeniería, de Barcelona, na Espanha:
1. Softeducativo (programas educativos para análise de vigas e pórticos por métodos
matriciais), desenvolvido pela Escola Técnica Superior de Engenheiros de Estradas,
Portos e Canais da Universidade Politécnica da Catalunha, Barcelona, Espanha.
2. ED-Elas2D (análise de sólidos e estruturas em duas dimensões usando elementos finitos),
desenvolvido pelo Departamento de Engenharia Civil da Universidade Politécnica de
Catalunha, Barcelona, Espanha.
Este panorama coincidia com o diagnosticado pela International Conference on Engineering
Education de 1997: a existência de esforços localizados de professores desenvolvendo trabalhos
de adaptação das ferramentas de cálculo para o uso didático.
Não se havia, entretanto, chegado ainda ao que se procurava: um programa essencialmente
voltado ao ensino dos conceitos fundamentais da mecânica das estruturas.
Em contato com o Professor Fernando Castro, do Departamento de Engenharia Mecânica
da Escola Politécnica da USP, que desenvolvia um trabalho na University of British Columbia,
em Vancouver, Canadá, soube-se, no início de 1998, que alguns professores, espontaneamente
e sem uma programação integrada, estavam utilizando um programa educacional recém lançado.
Já em março daquele ano, recebia-se este material: o conjunto Visual Mechanics [1], de Gregory
R. Miller e Stephen C. Cooper, e o livro Mechanics of Materials [2], Fourth Edition, de James
M. Gere e Stephen P. Timoshenko. Os textos e exercícios para discussão do livro são os que
compõem os planos de atividades contidos no Visual Mechanics.
O conjunto Visual Mechanics, desenvolvido por Gregory R. Miller e Stephen C. Cooper, da
University of Washington, de Seattle, Estados Unidos da América, consiste de um CD ROM
com os programas educacionais Dr. BeamTM e Dr. StressTM – propostos para complementar o
estudo da flexão de vigas e da análise de estados de tensão – e do manual Visual Mechanics -
Beams & Stress States, com 150 páginas, com uma série de exercícios para serem resolvidos
utilizando estes dois programas.
A descoberta do Dr. BeamTM foi extremamente feliz, pois era um programa nos moldes
daquilo que se estava procurando: um programa realmente voltado ao ensino dos conceitos
fundamentais da mecânica das estruturas, não um programa voltado essencialmente à análise
estrutural.
O Dr. BeamTM tinha assim o potencial didático que se buscava. Decidiu-se então utilizá-lo
imediatamente, já no segundo semestre de 1998, nas aulas das disciplinas PEF-124 “Introdução
à Mecânica das Estruturas” e PEF-001 “Resistência dos Materiais”.

2. Descrição do programa Dr. Beam™


O programa Dr. Beam™ possui diversas características e qualidades que tornam muito
interessante a sua utilização em sala de aula como ferramenta de ensino, entre as quais podemos
destacar a interface com o usuário, a resposta do programa em tempo real e as ferramentas de
análise da estrutura.

2.1. Interface com o usuário


Ao iniciar o programa Dr. Beam™, aparecerá a tela de trabalho do programa (Figura 1),
onde se dá toda a interface com o usuário; essa tela de trabalho é única, porém pode-se
reconfigurá-la de acordo com o conceito que se quer trabalhar. Na parte superior da tela
aparece o Menu Principal, onde podem ser encontrados os comandos de configuração. Na
parte superior esquerda, aparece a Barra de Ferramentas, com os apoios, cargas, momentos e
outros elementos de análise do comportamento de estruturas. No centro, apresentam-se as
representações gráficas da estrutura analisada (no programa, a estrutura inicial é uma viga
biapoiada), do deslocamento transversal da estrutura (ν), dos diagramas de força cortante (V) e
momento fletor (M). Os pares de setas que aparecem logo à direita das representações gráficas
controlam as escalas verticais das mesmas; no canto inferior esquerdo aparece a posição
(horizontal) do mouse na tela, e os valores do deslocamento, da força cortante e do momento
fletor nessa posição, sendo o ponto inicial (x = 0m) a extremidade esquerda da estrutura.

FIGURA 1. Tela do programa Dr. Beam™ 1.2


A interface com o usuário se dá de forma muito amigável, podendo ser feita através do
teclado ou do mouse do computador. A partir da viga simplesmente apoiada com a qual o
programa é iniciado pode-se inserir ou retirar apoios (articulação fixa, articulação interna,
engastamento, apoio elástico e apoio elástico rotacional), carregamentos (carga distribuída
uniforme ou linearmente distribuída, carga concentrada e momento concentrado), além de
movimentá-los ao longo de toda a estrutura. De maneira geral, utiliza-se o teclado quando se
deseja precisão quanto ao posicionamento (no caso dos carregamentos e apoios) e magnitude
(no caso dos carregamentos).

2.2. Resposta do programa em tempo real


Entende-se por resposta em tempo real a capacidade do programa em responder de forma
imediata às informações que lhe são fornecidas por meio de sua interface. Isso significa que,
conforme a estrutura e seu carregamento vão sendo alterados, o programa modifica
automaticamente os diagramas selecionados para serem mostrados na mesma tela onde se dá
essa alteração. Esse recurso é muito útil em diversas aplicações em que se deseja mostrar a
modificação do comportamento da estrutura conforme seus apoios ou os carregamentos que nela
atuam vão sendo alterados.

2.3. Ferramentas de análise da estrutura


As ferramentas de análise da estrutura são todos os recursos que o programa oferece que
permitem ao usuário entender e compreender o comportamento da estrutura devido ao
carregamento nela aplicado. As primeiras ferramentas de análise são os próprios diagramas de
esforços solicitantes da estrutura, que permitem obter a magnitude dos esforços em qualquer
ponto da viga. Outra ferramenta de grande importância é o traçado de envoltórias; a opção de
traçado das envoltórias de deslocamento, força cortante e momento fletor pode ser selecionada e
permanece ativada pelo tempo que o usuário desejar. Esse recurso permite obter os máximos
valores dos diagramas de esforços solicitantes para diversos carregamentos para uma mesma
estrutura e pode ser inspecionado em até 100 pontos diferentes da estrutura (Figura 2).

FIGURA 2. Envoltória de Momentos Fletores de uma Estrutura


As etiquetas, que podem ser distribuídas ao longo de cada um dos diagramas de esforços
solicitantes, são ferramentas de análise que permitem saber o valor dos esforços solicitantes em
pontos determinados da estrutura e com isso permitem a visualização da alteração da magnitude
do esforço com a alteração, por exemplo, do posicionamento do carregamento ao longo da
estrutura (Figura 3).
FIGURA 3. Estrutura com Etiquetas em seus Diagramas de Esforços Solicitantes

3. Uso do programa nas aulas


Ao longo do segundo semestre de 1998, o programa foi utilizado em sala de aula em cinco
oportunidades. Duas aulas para a disciplina PEF-124 “Introdução à Mecânica das Estruturas” e
três aulas para a disciplina PEF-001 “Resistência dos Materiais”. Em quatro dessas cinco aulas
os alunos não tiveram acesso direto ao programa, sendo esse apresentado através de um
projetor ligado ao computador e uma tela projeção. Na única aula (da disciplina PEF-001
“Resistência dos Materiais”) em que os alunos tiveram acesso direto ao programa eles foram
estimulados a explorar livremente os recursos do mesmo.

3.1. Aula inaugural


Nas disciplinas aqui tratadas a aula inaugural é uma aula que avalia e trabalha a intuição dos
alunos com relação ao comportamento das estruturas submetidas a diversos tipos de
carregamento. Através do programa Dr. Beam™ pode-se trabalhar com precisão a deformação
das estruturas e tem-se a vantagem do dinamismo do programa, item em que a lousa é deficiente.
É possível movimentar-se o carregamento através da estrutura ou alterar a mesma, obtendo-se
os efeitos em tempo real, de forma que os alunos possam utilizar sua criatividade e curiosidade
para alterar a estrutura e seu carregamento, e observar a mudança de comportamento da mesma.
A aula inaugural é realizada com uma pequena lista de exercícios com diferentes estruturas e
diferentes carregamentos, que são corrigidos ao longo da aula. O programa, no caso, foi utilizado
na disciplina PEF-001 “Resistência dos Materiais” para corrigir os exercícios na frente da classe
através de uma tela de projeção e um projetor ligado ao computador; a idéia é não preparar as
estruturas previamente e salvá-las em arquivo e sim modificar a estrutura durante a aula, pois isso
faz com que os alunos visualizem a possibilidade de alterar a estrutura e o carregamento,
estimulando o processo de dúvidas. Outro motivo é o fato de que alterar a estrutura normalmente
leva um tempo menor que abrir um arquivo, o que, além disso, causa uma quebra no ritmo da
aula.
O fato do programa permitir visualizar-se apenas a deformação da estrutura na tela,
excluindo inclusive a necessidade de ser apresentada a magnitude da força, é outro fator em prol
do uso do programa.

3.2. Diagramas de esforços solicitantes


O conceito de Diagramas de Esforços Solicitantes é facilmente trabalhado utilizando o
programa Dr. Beam™, uma vez que esse é o uso para o qual o programa foi feito. Mais uma
vez, o dinamismo e a precisão do programa na representação dos diagramas conferem a ele
adequação ao uso em sala de aula, bastando para isso um projetor ligado ao computador e uma
tela de projeção. Esse conceito foi trabalhado, com sucesso, utilizando o programa Dr. Beam™
em sala de aula na disciplina PEF-001 “Resistência dos Materiais”.

3.3 Linhas de influência


O conceito de Linhas de Influência, muitas vezes, não é compreendido pelos alunos, que se
limitam a aprender somente como resolver geometricamente os exercícios. Neste caso, o
dinamismo do programa é o fator determinante para justificar seu uso em sala de aula. O
conceito foi trabalhado em um aula da disciplina PEF-124 “Introdução à Mecânica das
Estruturas” da seguinte forma: colocam-se etiquetas nos pontos da estrutura para os quais se
deseja obter as linhas de influência e movimenta-se uma carga unitária ao longo da estrutura. As
etiquetas posicionadas vão mostrar o valor da força cortante ou do momento fletor nos pontos
desejados quando a carga unitária estiver em qualquer posição da estrutura. O uso da lousa,
nesse caso, perde em muito para o uso do programa, pois é necessário imaginar-se uma carga
movimentando-se, enquanto que através do programa Dr. Beam™ é possível não só movimentar
a carga como observar as alterações nos diagramas durante esse processo.
Além disso, o programa apresenta a opção de traçar a Envoltória (Diagrama de Máximos e
de Mínimos) de cada diagrama para diferentes carregamentos e, talvez mais comum, a
movimentação de um mesmo carregamento pela estrutura. Essas Envoltórias podem ser
inspecionadas para a obtenção dos valores e dos pontos de máximo esforço na estrutura com
maior precisão. A Envoltória é traçada conforme o carregamento desloca-se pela estrutura, e
isso permite uma melhor compreensão do conceito de Diagrama de Máximos e de Mínimos,
também muitas vezes mal entendido pelos alunos.

3.4 Vigas Gerber


O programa Dr. Beam™ foi utilizado com sucesso no ensino do conceito de Vigas Gerber
em uma aula da disciplina PEF-124 “Introdução à Mecânica das Estruturas”. A possibilidade de
inserir e movimentar apoios com facilidade permite a transformação das estruturas com rapidez e
a visualização imediata do efeito dessa transformação nos diagramas. O aviso UNSTABLE que
aparece na tela quando a estrutura se torna hipostática também ajuda e favorece o uso do
programa.
Neste caso, aconselha-se também a não elaboração prévia das estruturas, uma vez que
deve-se resolver os exercícios propostos juntamente com os alunos; a elaboração prévia das
respostas os impede de errar e corrigir seu próprio erro através da percepção do ponto da
resolução em que está o erro. Outro fator que influi nesse tipo de utilização é o fato de existir
mais de uma resposta para alguns exercícios; a elaboração prévia (normalmente a mais óbvia)
impediria os alunos de enxergarem as outras possíveis soluções.
4. Avaliação da experiência
O uso do programa Dr. Beam™ nas aulas das disciplinas PEF-124 “Introdução à
Mecânica das Estruturas” e PEF-001 “Resistência dos Materiais” foi bastante bem sucedido.
Teve como objetivo principal auxiliar a transmissão e a compreensão de alguns dos conceitos
fundamentais da mecânica das estruturas, e este objetivo foi alcançado.
Os principais aspectos positivos da experiência foram:
1. Os alunos tiveram contato com um programa de traçado da linha elástica e dos
diagramas de forças cortantes e de momentos fletores de vigas retas;
2. Enxergaram os efeitos que os diversos carregamentos produzem em uma viga;
3. Compreenderam facilmente os conceitos de linha de influência e de envoltória;
4. Perceberam o funcionamento físico de uma viga Gerber;
5. Testaram a validade de suas próprias soluções para os problemas propostos;
6. Sentiram-se estimulados a ensaiar e a experimentar suas próprias estruturas usando o
programa Dr. Beam™;
7. Entusiasmaram-se com uma ferramenta moderna de ensino.
Solicitados a avaliar a experiência realizada, os alunos a consideraram muito positiva,
principalmente pela possibilidade de visualizarem em tempo real o que acontece em uma estrutura
quando solicitada por um carregamento. Sugeriram que o programa fosse utilizado em um maior
número de aulas e, principalmente, que se disponibilizasse o programa para uso dos alunos.

5. Conclusão
O programa Dr. Beam™ é um programa educacional de excelente qualidade, e que facilita
enormemente a transmissão e o entendimento dos fundamentos da mecânica das estruturas.
Pretende-se repetir e ampliar no segundo semestre deste ano de 1999 a experiência de usar
o Dr. Beam™ nas disciplinas PEF-124 “Introdução à Mecânica das Estruturas” e PEF-001
“Resistência dos Materiais”, empregando-o também para:
1. Mostrar as relações entre carregamento distribuído, força cortante e momento fletor;
2. Apresentar as linhas de influência de vigas Gerber;
3. Apresentar os efeitos de recalques de apoio;
4. Apresentar a resolução de estruturas hiperestáticas usando equações de compatibilidade
de deslocamentos;
5. Mostrar o caminhamento dos esforços em estruturas hiperestáticas.
Também se pretende usar nestas disciplinas o programa Dr. Frame™, dos mesmos autores
do Dr. Beam™ , os Professores Gregory R. Miller e Stephen C. Cooper, que hoje se encontra
em fase final de testes. A filosofia de sua concepção é a mesma que levou ao Dr. Beam™, e que
faz do Dr. Frame™ um excepcional programa educacional de análise de estruturas reticuladas
planas.

6. Bibliografia
[1] Miller, G.R. e Cooper, S.C. Visual Mechanics – Beams & Stress States. Boston, PWS
Publishing Company, 1998.

[2] Gere, J.M. e Timoshenko, S.P. Mechanics of Materials, 4th ed. Boston, PWS Publishing
Company, 1997.

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