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ELABORAÇÃO DE ESTUDOS SETORIAIS (ENERGIA ELÉTRICA, COMBUSTÍVEIS, INDÚSTRIA E

AGROPECUÁRIA) E PROPOSIÇÃO DE OPÇÕES DE DESENHO DE INSTRUMENTOS DE


PRECIFICAÇÃO DE CARBONO - COMPONENTE 1 DA FASE DE IMPLEMENTAÇÃO DO PMR,
Produto 1 - Diagnóstico de Eletricidade, Sumário Executivo Fev/2018 – Projeto PMR |Brasil.
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CARACTERIZAÇÃO ECONÔMICA DO SETOR DE ENERGIA ELÉTRICA fev - 2018

O setor elétrico como um todo representou, em média, 2,2% do valor da produção brasileira
de 2010 a 2014. Em relação ao valor adicionado, porém, a máxima parcela alcançada pelo
setor nesse período foi de 2,1% em 2010, apresentando tendência decrescente a partir de
então e chegando a 1,1% do valor agregado da economia brasileira em 2014. Provavelmente,
essa menor representação decorre da política de desoneração das tarifas iniciada com a MP nº
579/2012, que o teve o efeito de reduzir o valor adicionado em 2013. Contudo, a desoneração
não se deu em bases sustentáveis e tal situação, associada ao baixo regime de chuvas no país
entre 2012 e 2014, agravou os problemas enfrentados pelo setor. Por isso, as tarifas passaram
por revisões extraordinárias em 2015, o que elevou os níveis de preços e, possivelmente,
contribuiu para a recuperação da representatividade do setor em termos de valor adicionado.

Em relação ao poder de mercado das atividades do setor de energia elétrica, há concentração


relevante no subsetor de Geração, verificada em termos de potência instalada. As dez maiores
empresas são responsáveis por aproximadamente 46% da capacidade instalada, sendo quatro
delas grandes geradoras hidroelétricas pertencentes ao Grupo Eletrobrás. Já no subsetor de
Distribuição, observou-se que as dez maiores empresas concentram cerca de 58% do total da
receita. Importa observar também que o subsetor de Distribuição se caracteriza por serviços
prestados sob a condição de monopólio natural. Dada a relevância dos subsetores de Geração
e Distribuição, pode-se concluir que o setor elétrico, como um todo, constitui um setor
relativamente concentrado. Essa conclusão apresenta implicações importantes para o desenho
de instrumentos de precificação de carbono no setor elétrico. Por um lado, setores mais
concentrados têm, em geral, maior capacidade de repasse dos custos associados ao preço de
carbono ao longo da cadeia – na hipótese de existência dessa possibilidade do ponto de vista
regulatório –, reduzindo potenciais impactos negativos sobre as empresas reguladas. No caso
do setor elétrico brasileiro, a transmissão do sinal de preços ao consumidor final poderia
acarretar impactos distributivos relevantes, em especial se considerados os clientes da baixa
tensão. Nesse caso, mecanismos que busquem atenuar tais efeitos indesejados devem ser
concebidos como parte do desenho do instrumento de precificação de carbono. A proxy para a
margem de lucro no setor elétrico brasileiro indica um poder de mercado superior à média dos
setores da economia no período analisado. Deste modo, na hipótese de aplicação de um preço
sobre as emissões de gases de efeito estufa no setor, espera-se que o setor apresente relativa
facilidade em absorver os custos ou, devido ao seu poder de mercado – também evidenciado
pelo grau de concentração do setor -, a repassar tais custos aos consumidores. A parcela da
tarifa que não corresponde ao repasse dos custos de geração e transmissão, que é regulada
pela ANEEL e que efetivamente se converte em receita para a distribuidora de energia elétrica,
tem sido menor a cada ciclo tarifário. Essa tendência de queda da margem de lucro na
distribuição pode adicionar informações relevantes a esta análise. O trabalho evidenciou
também alto encadeamento do setor de energia elétrica com outros setores. Por meio do
cálculo dos Índices de Rasmussen-Hirschman, foram obtidos resultados maiores do que um, o
que pode ser entendido como um poder de encadeamento do setor elétrico mais elevado que
a média dos setores da economia. Desse modo, conclui-se que, por o setor elétrico apresentar
um encadeamento acima da média em relação aos demais setores da economia –
principalmente em termos de ligação para frente –, um instrumento de precificação de
carbono aplicado a esse setor teria seus efeitos possivelmente expandidos a outros setores. De
forma similar, preços de carbono aplicados aos setores que fornecem insumos para o setor de
energia elétrica – notadamente o setor de combustíveis – potencialmente também teriam
impactos relevantes sobre esse setor. Enfim, por fornecer um insumo fundamental à atividade
de diversos setores da economia, o setor elétrico tem o poder de influenciar decisões de
investimento direcionadas à descarbonização da economia, alavancadas pela eventual
existência de um preço para o carbono emitido.

Set/2019

Dentro do setor de energia elétrica, os subsetores de Geração e Distribuição merecem


destaque, posto que essas duas atividades concentram não só a maior proporção do número
de estabelecimentos do setor (Tabela 1), como também a maior proporção de vínculos ativos
(Tabela 3). Quanto ao porte médio de seus estabelecimentos, o subsetor de Transmissão
atingiu a segunda maior média de número de vínculos ativos nos estabelecimentos no período
de 2010 a 2014 (18,4), abaixo do subsetor de Distribuição (27,8) (Tabela 7). O setor elétrico
como um todo representou, em média, 2,2% do valor da produção brasileira de 2010 a 2014.
Entretanto, em relação ao valor adicionado, a máxima parcela alcançada pelo setor nesse
período foi de 2,1%, em 2010, apresentando tendência decrescente a partir de então e
chegando a 1,1% do valor agregado da economia brasileira em 2014. Provavelmente, essa
menor representação decorre da política de desoneração das tarifas iniciada com a MP nº
579/2012, que o teve o efeito de reduzir o valor adicionado em 2013. Contudo, a desoneração
não se deu em bases sustentáveis e tal situação, associada ao baixo regime de chuvas no país
entre 2012 e 2014, agravou os problemas enfrentados pelo setor. Por isso, as tarifas passaram
por revisões extraordinárias em 2015, o que elevou os níveis de preços e, possivelmente,
contribuiu para a recuperação da representatividade do setor em termos de valor adicionado.
Em relação ao poder de mercado das atividades do setor de energia elétrica, observou-se que
no subsetor de Geração há concentração relevante, verificada em termos de potência
instalada. As dez maiores empresas são responsáveis por aproximadamente 46% da
capacidade instalada, sendo quatro delas grandes geradoras hidroelétricas pertencentes ao
Grupo Eletrobrás. Assim, no subsetor de geração tende a haver predomínio de interesses
associados à geração hidráulica e alinhamento com os objetivos do Governo Federal. Já no
subsetor de Distribuição, observou-se que as dez maiores empresas concentram cerca de 58%
do total da receita. Importa observar também que o subsetor de Distribuição caracteriza-se
por serviços prestados sob a condição de monopólio natural. Dada a relevância dos subsetores
de Geração e Distribuição, pode-se concluir que o Setor Elétrico, como um todo, constitui um
setor relativamente concentrado. Essa conclusão apresenta implicações importantes para o
desenho de instrumentos de precificação de carbono no setor elétrico. Por um lado, setores
mais concentrados têm, em geral, maior capacidade de repasse dos custos associados ao
preço de carbono ao longo da cadeia – na hipótese de existência dessa possibilidade do ponto
de vista regulatório –, reduzindo potenciais impactos negativos sobre as empresas reguladas57
. No caso do SEB, a transmissão do sinal de preços ao consumidor final poderia acarretar
impactos distributivos relevantes, em especial se considerados os clientes da baixa tensão.
Nesse caso, mecanismos que busquem atenuar tais efeitos indesejados devem ser concebidos
como parte do desenho do instrumento de precificação de carbono. A proxy para a margem de
lucro no setor elétrico brasileiro indica um poder de mercado superior à média dos setores da
economia no período analisado. Deste modo, na hipótese de aplicação de um preço sobre as
emissões de gases de efeito estufa no setor, espera-se que o setor apresente relativa
facilidade em absorver os custos ou, devido ao seu poder de mercado – também evidenciado
pelo grau de concentração do setor -, a repassar tais custos aos consumidores. Entretanto, o
setor elétrico apresentou margem decrescente no período analisado (2010 a 2014), partindo
de 36% no início do período e chegando a 19% ao final. Essa queda decorreu, provavelmente,
da política de desoneração das tarifas iniciada com a MP nº 579/2012, que reduziu o EOB58 do
setor e, conforme já mencionado, resultou em um menor valor adicionado. Ressalta-se, nesse
contexto, que, embora tenha ocorrido declínio das margens, tal processo não foi homogêneo,
sobretudo quando se compara geradoras afetadas pela MP n o 579/2012 e as não afetadas, ou
também aquelas que não tem concentração em sua carteira em ativos hidrelétricos. O
trabalho evidenciou, também, o alto encadeamento do setor de energia elétrica com outros
setores. Por meio do cálculo dos Índices de Rasmussen-Hirschman, foram obtidos resultados
maiores do que 1, o que pode ser entendido como um poder de encadeamento do setor
elétrico mais elevado que a média dos setores da economia. Desse modo, conclui-se que, por
o setor elétrico apresentar um encadeamento acima da média em relação aos demais setores
da economia – principalmente em termos de ligação para frente –, um instrumento de
precificação de carbono aplicado a esse setor teria seus efeitos possivelmente expandidos a
outros setores. De forma similar, preços de carbono aplicados aos setores que fornecem
insumos para o setor de energia elétrica – notadamente o setor de combustíveis –
potencialmente também teriam impactos relevantes sobre esse setor.

Enfim, por fornecer um insumo fundamental à atividade de diversos setores da economia, o


setor elétrico tem o poder de influenciar decisões de 57 Cabe destacar dentre os impactos
negativos sobre as empresas reguladas, em especial as Distribuidoras, está um problema
associado ao fluxo de caixa (defasado) inerente ao processo de repasse de custos na cadeia do
setor. Nesse sentido, o desenho de mecanismos de alocação de custos deverá considerar que
existem um impacto relacionado à defasagem temporal entre o pagamento dos encargos de
carbono pela empresa e a restituição deste valor através da tarifa de energia. 58 O saldo do
valor adicionado deduzido das remunerações pagas aos empregados, dos rendimentos dos
autônomos e dos impostos líquidos de subsídios. É uma medida do excedente gerado pela
produção antes da dedução de quaisquer encargos na forma de juros, rendas ou outros
rendimentos de propriedade a pagar sobre ativos financeiros, terrenos ou outros ativos
tangíveis. investimento direcionadas à descarbonização da economia, alavancadas pela
eventual existência de um preço para o carbono emitido. Por meio dos coeficientes técnicos
de produção, observou-se, também, que o próprio setor elétrico é capaz de fornecer a maior
parcela dos insumos necessários à sua produção. Por outro lado, olhando-se para o peso dos
insumos adquiridos do setor elétrico para a produção dos demais setores, tem-se que os
insumos de energia elétrica representam cerca de 27% das necessidades para a produção do
próprio setor. Além disso, os insumos adquiridos daquele setor correspondem a uma parcela
entre 4% e 5% do necessário para a produção de uma unidade monetária de produto dos
setores de Água, esgoto e gestão de resíduos; Metalurgia de metais não-ferrosos e a fundição
de metais; Fabricação de produtos de minerais não metálicos e Alojamento.

Desse modo, na hipótese da introdução de um mecanismo de precificação de carbono e do


repasse de preços através da cadeia, esses setores mais energo-intensivos tenderiam a ser
mais afetados em termos de aumento dos custos de produção. Já no que diz respeito ao
comércio exterior, percebe-se que a proporção de exportação de energia elétrica não
representa uma parcela importante das exportações nacionais e, portanto, são pouco
relevantes para o VPB do setor de eletricidade. Da mesma forma, o coeficiente de penetração
das importações revela que o comércio exterior é pouco significativo para o setor de energia
elétrica brasileiro, pois, no máximo, 1,5% do mercado doméstico foi atendido por importações,
provenientes majoritariamente do Paraguai, devido ao projeto binacional da Usina
Hidroelétrica de Itaipu.

Segundo noticia do Jornal GGN de outubro de 2014, o consumo anual de energia elétrica no Brasil é de
555 TWh (Terawatt-hora), com crescimento médio, nos últimos dez anos, de 4% ao ano. Com esse nível
de demanda, é inegável a necessidade de se realizar investimentos para garantir a oferta. Depois do
apagão de 2001, a segurança energética virou um dos assuntos mais urgentes para o desenvolvimento
do país.
Em 1990, o mundo desenvolvido – Estados Unidos e Europa Ocidental – representava dois terços do
consumo mundial de eletricidade. Atualmente, os países em desenvolvimento já respondem por 50% do
total. Até 2035 esse panorama deve mudar. EUA e Europa devem passar a consumir quase 12 mil TWh e
os países em desenvolvimento mais de 20 mil TWh.
Durante a abertura da Power-Gen Brasil, de acordo com o presidente da Eletrobas, José da Costa
Carvalho Neto, os BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) vão liderar essa evolução.
“Considerando esse cenário, até 2035, a Índia deve crescer 226%, a China 116,3%, o Brasil 99,4% e a
Rússia 49,9%”. No mesmo período, o consumo dos EUA cresceria 21,9%, bem abaixo da média mundial
de 69,2%. Pela projeção da Eletrobras, em termos de participação mundial, a China passaria a responder
por 27,5% do consumo total, EUA por 14,7%, Índia 7,8%, Rússia 3,9% e o Brasil chegaria a 2,9%.
Nos últimos anos, a capacidade instalada do Brasil deu um salto. Em 2002 era de 80,3 GW e em 2013
chegou a 124,8 GW. O crescimento no período foi de 55,4%, uma média ao ano de 4,2%, muito próxima
ao crescimento do consumo. Hoje, apenas as hidrelétricas já respondem por 85,3 GW da potência. E as
térmicas – que em 2002 produziam 8,5 GW – já são responsáveis por 19,3 GW.  Até 2025, a capacidade
instalada deve chegar a 195,1 GW.
De forma semelhante, a rede básica de transmissão tinha, em 2002, 76 mil quilômetros de extensão e
hoje tem 116 mil quilômetros. O crescimento foi de 54%, de novo, 4% ao ano. Com isso, o número de
interrupções de fornecimento, que em 1997 era de 21 ocorrências anuais, com duração total de 27 horas,
baixou para dez ocorrências anuais, com duração média de 18 horas.
Assim, o serviço de energia elétrica no Brasil é o segundo mais bem avaliado pela população, com 18%
de satisfação alta e muito alta e 58% de satisfação adequada. O índice total de aprovação, portanto, é de
76%, número inferior apenas aos 78% dos Correios.
E o presidente da Eletrobras está confiante no desenvolvimento do sistema. Na opinião dele, o Brasil
deve continuar a ser o segundo do mundo em energia hidrelétrica – em primeiro lugar está a China. “Nós
já aproveitamos 32,7% do potencial hidrelétrico brasileiro. Há mais 13,1% considerados no plano decenal,
3,3% que podem ser aproveitados em bacias sem intervenção em terras indígenas e 5,4% com
intervenção em terras indígenas, mas com boas oportunidades de mitigação. Além disso, há outros 6,7%
de potencial em pequenas centrais hidrelétricas”, detalhou.
Isso totaliza 61,2% do potencial hidrelétrico, mas José Carvalho da Costa Neto diz que não vamos nunca
chegar a 100% sem impactar negativamente o meio ambiente e os povos indígenas e ribeirinhos. No
entanto, ele acredita muito no potencial brasileiro para fontes alternativas.
“Nós temos potencial para 345 GW de potência com o vento medido a 100m de altura. Nosso vento tem
uma volatilidade muito menor do que o da Europa. E eu posso afirmar pra vocês: o mesmo sucesso que
nós tivemos com a energia eólica nós vamos ter com a solar”, garantiu.
Além disso, ele lembrou que o Brasil tem a sexta maior reserva de urânio do mundo. “Mas só
prospectamos um terço do nosso território. Quando explorarmos 100% teremos a segunda maior reserva
de urânio. E nós somos um dos cinco países do mundo que dominam a produção, desde a mineração até
o enriquecimento”, disse.
Sobre as termelétricas, ele lembrou que elas têm para a segurança energética do país. “Se nós não
tivéssemos essas térmicas, com esse período hidrológico que estamos passando, nós já teríamos
racionamento”, afirmou.
Mas ele aposta em uma diversidade cada vez maior de fontes, não apenas no Brasil, mas no mundo.
“Descontada a hidrelétrica, as fontes renováveis, hoje, respondem mundialmente por 992 TWh.  Em 2035
devem representar 5.785 TWh. Mas o cenário ideal seria de pelo menos 9.089 TWh”, explicou.
Os próximos passos do setor elétrico brasileiro incluem a construção das usinas no rio Tapajós. “Só em
geração, nós vamos investir R$ 220 bilhões. Em transmissão serão mais R$ 70 bilhões”, detalhou o
presidente da Eletrobras.
Para ele, os principais desafios do país no futuro envolvem solucionar as dificuldades na obtenção de
licenciamento ambiental, que obriga as empresas a lidar com todos os agentes ambientais, nacionais, dos
estados e municípios e atrasa muito o processo. Além disso, ele acredita na integração da rede elétrica
da América do Sul. “Os períodos hidrológicos de cada país são complementares. É um ganha ganha,
porque o mínimo da soma é maior do que a soma dos mínimos. Mas esse é um desafio político, tanto
quanto logístico”.
Sobre a crise financeira do setor elétrico, o executivo entende que as medidas do governo foram
adequadas. “A Eletrobras foi muito afetada por essas medidas, justas, de renovação das concessões,
mas estamos trabalhando para reduzir custos. Sendo continuada essa política, há uma tendência
estrutural de redução da tarifa no Brasil”.
O Brasil ficou na 30ª posição no levantamento do Conselho Mundial de Energia, que avaliou a
sustentabilidade, segurança energética e equidade. O país conquistou o conceito A em sustentabilidade,
B em segurança e C em equidade. Para o presidente da Eletrobras, a 30ª posição pode ser boa na
comparação com outros índices, mas está longe do ideal para a sétima maior economia do mundo.
“Desde 2003 nós ligamos 15 milhões de habitantes que, no século XXI, não contavam com energia
elétrica. Ainda falta cerca de 1 milhão. Nós vamos perseguir a melhora nessa avaliação”.

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