Você está na página 1de 20

Órgão oficial da Associação Brasileira de Imprensa

348
NOVEMBRO
2009
Bem-vindo aos quadrinhos!
É POR MEIO DELAS que costumamos dar os pri- sabiam que as tiras traziam mais e novos leitores.
meiros passos nos campos do senso estético e do E, nesse intento, não cabia economizar papel ou
apreço pelas palavras. Por muitas gerações, as his- tinta. A fase de extrema valorização das hqs teve
tórias em quadrinhos, editadas em revistas, gibis início no fim do século 19, quando os processos
ou jornais, cumpriram a tarefa de entreter, divertir gráficos foram aprimorados.
e, sobretudo, ajudar a alfabetizar. De estabelecer
o efetivo laço afetivo com a leitura. Estudos che- A HISTÓRIA DOS QUADRINHOS, como os própri-
gam a sugerir que, quando adubadas no solo fér- os, é repleta de reviravoltas. As hqs já tiveram mo-
til das hqs, das pequenas crianças naturalmente mentos gloriosos e foram perseguidas em ações de
brotam os grandes leitores – e essa não é uma caça às bruxas, acusadas de aliadas do comunismo.
referência apenas à estatura física. Os quadrinhos foram marginalizados, queimados
sob a alegação de prejudicarem o desempenho es-
OS PREDICADOS PRESENTES nos quadrinhos são colar, levando à delinqüência juvenil. Pura boba-
capazes de converter sujeito indeterminado em gem. Tanto que, com o tempo, as próprias edito-
personagem principal. Quem se deixa encantar e ras de livros didáticos passaram a recorrer a seus
sabe bem explorar as hqs torna-se leitor ávido e traços para adoçar seus conteúdos acadêmicos.
curioso. Garante, por assim dizer, o seu final fe-
liz. Muitos são os estímulos abarcados nos traços PRODUTO DA INDÚSTRIA cultural de massa, os
marcantes, nas cores contrastadas. No humor, por quadrinhos experimentam o sabor de seu tempo.
vezes refinado, ou exposto em ironia abrutalha- Há quem acredite que, de certa forma, eles sem-
da. Na magia perene dos clássicos e no frisson das pre estiveram a nos cercar, desde as pinturas rupes-
aventuras inimagináveis. Nas bravatas dos super- tres dos homens que contavam suas histórias nas
heróis e nas peraltices dos personagens infantis. paredes das cavernas. A tecnologia avançou, a co-
municação revelou novas mídias e os garotos con-
OS QUADRINHOS SÃO, na verdade, uma espé- tam agora com outras diversões, o que só agrava a
cie de berço no qual é possível embalar toda e qual- retração dessa indústria outrora tão rentável.
quer imaginação. As onomatopéias não estão lá
por acaso. Ao descrever sons com fonemas – pow, OS QUADRINHOS RESISTEM, persistem. Talvez
soc e bum rolam à vontade – o autor faz reverbe- estejam se preparando para passos futuros, possí-
rar nas cabeças de quem lê tapas, socos e ponta- veis com as inovações tecnológicas. Não é absur-
pés. Explosões. E, no deslumbramento diante do do pensar, com os recursos já disponíveis, em re-
desenho estático, impresso no papel, tudo ganha personagens preferidos das vistas com animação digital e opções de interati-
movimento, no folhear entre uma página e outra. crianças. De certa forma, eficiente estratégia de vidade. Novas formas de contar antigas aventuras.
cativar hoje o leitor de amanhã. Que seção cum-
COM O ENCOLHIMENTO dos grandes jornais pre tal função nas publicações atuais? É PARA PRESERVAR o fio da meada da história das
ocorrido nas últimas décadas, tanto em formato hqs que a ABI lança esta edição especial. A primeira
quanto em número de páginas, os quadrinhos per- HOJE, QUANDO AINDA presentes nos jornais, os parte da retrospectiva que aponta o que aconte-
deram seu espaço. Vão longe os tempos em que quadrinhos estão espremidos entre palavras cru- ceu até agora. Certamente, longe de colocar pon-
eram publicadas seções diárias com tirinhas. E que zadas, horóscopos e passatempos. Mas, já houve to final nessa história.
as fartas edições de domingo traziam encartados, um tempo em que personagens e seus autores
como um brinde, suplementos coloridos com eram disputados por magnatas da imprensa. Eles VIDA LONGA AOS QUADRINHOS!

Jornal da ABI
Número 348 - Novembro de 2009
DIRETORIA – MANDATO 2007/2010
Presidente: Maurício Azêdo
Vice-Presidente: Tarcísio Holanda
Diretor Administrativo: Estanislau Alves de Oliveira
Conselheiros suplentes 2009-2012
Antônio Calegari, Antônio Henrique Lago, Argemiro Lopes do Nascimento (Miro Lopes),
Arnaldo César Ricci Jacob, Ernesto Vianna, Hildeberto Lopes Aleluia, Jordan Amora,
Diretor Econômico-Financeiro: Domingos Meirelles Jorge Nunes de Freitas, Lima de Amorim, Luiz Carlos Bittencourt, Marcus Antônio
Editores: Maurício Azêdo e Francisco Ucha Diretor de Cultura e Lazer: Jesus Chediak Mendes de Miranda, Mário Jorge Guimarães, Múcio Aguiar Neto, Raimundo Coelho
Projeto gráfico e diagramação: Francisco Ucha Diretor de Assistência Social: Paulo Jerônimo de Sousa (Pajê) Neto e Rogério Marques Gomes.
Cronologia, pesquisa e redação: Otacílo Barros Diretor de Jornalismo: Benício Medeiros
Conselheiros suplentes 2008-2011
Apoio à produção editorial: Alice Barbosa Diniz, CONSELHO CONSULTIVO 2007-2010 Alcyr Cavalcânti, Edgar Catoira, Francisco Paula Freitas, Francisco Pedro do Coutto,
André Gil, Conceição Ferreira, Diogo Collor Jobim Chico Caruso, Ferreira Gullar, José Aparecido de Oliveira (in memoriam), Miro Teixeira, Itamar Guerreiro, Jarbas Domingos Vaz, José Pereira da Silva (Pereirinha), Maria do
da Silveira, Fernando Luiz Baptista Martins, Teixeira Heizer, Ziraldo e Zuenir Ventura. Perpétuo Socorro Vitarelli, Ponce de Leon, Ruy Bello, Salete Lisboa, Sidney
Guilherme Povill Vianna, Maria Ilka Azêdo, Mário Luiz Rezende,Sílvia Moretzsohn, Sílvio Paixão e Wilson S. J. de Magalhães.
CONSELHO FISCAL 2009-2010
de Freitas Borges. Geraldo Pereira dos Santos, Presidente, Adail José de Paula, Adriano Barbosa do Conselheiros suplentes 2007-2010
Nascimento, Jorge Saldanha de Araújo, Luiz Carlos de Oliveira Chesther, Manolo Adalberto Diniz, Aluízio Maranhão, Ancelmo Góes, André Moreau Louzeiro, Arcírio
Publicidade e Marketing: Francisco Paula Freitas Epelbaum e Romildo Guerrante. Gouvêa Neto, Benício Medeiros, Germando de Oliveira Gonçalves, Ilma Martins da Silva,
(Coordenador), Queli Cristina Delgado da Silva, José Silvestre Gorgulho, Luarlindo Ernesto, Luiz Sérgio Caldieri, Marceu Vieira, Maurílio
Paulo Roberto de Paula Freitas. MESA DO CONSELHO DELIBERATIVO 2009-2010
Cândido Ferreira, Yacy Nunes e Zilmar Borges Basílio.
Presidente: Pery Cotta
Diretor Responsável: Maurício Azêdo 1º Secretário: Lênin Novaes de Araújo COMISSÃO DE SINDICÂNCIA
2º Secretário: Zilmar Borges Basílio Jarbas Domingos Vaz, Presidente, Carlos Di Paola, José Carlos Machado, Luiz Sérgio Caldieri,
Associação Brasileira de Imprensa Marcus Antônio Mendes de Miranda, Maria Ignez Duque Estrada Bastos e Toni Marins.
Conselheiros efetivos 2009-2012
Rua Araújo Porto Alegre, 71 - Rio de Janeiro, RJ - Adolfo Martins, Afonso Faria, Aziz Ahmed, Cecília Costa, Domingos Meirelles, Fernando COMISSÃO DE ÉTICA DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO
Cep 20.030-012 Segismundo, Glória Suely Álvarez Campos, Jorge Miranda Jordão, José Ângelo da Silva Alberto Dines, Arthur José Poerner, Cícero Sandroni, Ivan Alves Filho e Paulo Totti.
Telefone (21) 2240-8669/2282-1292 Fernandes, Lênin Novaes de Araújo, Luís Erlanger, Márcia Guimarães, Nacif Elias Hidd
e-mail: presidencia@abi.org.br COMISSÃO DE LIBERDADE DE IMPRENSA E DIREITOS HUMANOS
Sobrinho, Pery de Araújo Cotta e Wilson Fadul Filho.
Orpheu Santos Salles, Presidente; Wilson de Carvalho, Secretário; Arcírio Gouvêa Neto,
Representação de São Paulo Conselheiros efetivos 2008-2011 Daniel de Castro, Germando de Oliveira Gonçalves, Gilberto Magalhães, Lucy Mary
Diretor: Rodolfo Konder Alberto Dines, Antônio Carlos Austregesylo de Athayde, Arthur José Poerner, Carlos Arthur Carneiro, Maria Cecília Ribas Carneiro, Mário Augusto Jakobskind, Martha Arruda de
Rua Dr. Franco da Rocha, 137, conjunto 51 Pitombeira, Dácio Malta, Ely Moreira, Fernando Barbosa Lima (in memoriam), Leda Paiva e Yacy Nunes.
Acquarone, Maurício Azêdo, Mílton Coelho da Graça, Pinheiro Júnior, Ricardo Kotscho,
Perdizes - Cep 05015-O4O COMISSÃO DIRETORA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL
Rodolfo Konder, Tarcísio Holanda e Villas-Bôas Corrêa.
Telefones (11) 3869.2324 e 3675.0960 Paulo Jerônimo de Sousa, Presidente, Ilma Martins da Silva, Jorge Nunes de Freitas, José
e-mail: abi.sp@abi.org.br Conselheiros efetivos 2007-2010 Rezende Neto, Maria do Perpétuo Socorro Vitarelli e Moacyr Lacerda.
Artur da Távola (in memoriam), Carlos Rodrigues, Estanislau Alves de Oliveira, Fernando
Impressão: Taiga Gráfica Editora Ltda. Foch, Flávio Tavares, Fritz Utzeri, Jesus Chediak, José Gomes Talarico, José Rezende Neto, REPRESENTAÇÃO DE SÃO PAULO
Avenida Dr. Alberto Jackson Byington, 1.808 Marcelo Tognozzi, Mário Augusto Jakobskind, Orpheu Santos Salles, Paulo Jerônimo de Conselho Consultivo: Rodolfo Konder (Diretor), Fausto Camunha, George Benigno Jatahy
Osasco, SP Sousa (Pajê), Sérgio Cabral e Terezinha Santos. Duque Estrada, James Akel, Luthero Maynard, Pedro Venceslau e Reginaldo Dutra.

2 Jornal da ABI 348 Novembro de 2009


Ângelo Agostini e os primeiros traços
dos quadrinhos na imprensa brasileira
POR PAULO CHICO bro de 1867. Redigido por Américo de Cam-
pos e Antonio Manoel dos Reis, era adep-
Há 141 anos, Ângelo Agostini fez his- to do Partido Liberal. Agostini encontrou
tória. Na verdade, entrou para a histó- um período fértil para sua sátira: a Guer-
ria ao realizar, no Brasil, a primeira HQ ra do Paraguai. Em caricaturas, desenhos,
em seqüência e com um personagem ilustrações de soldados mortos e mapas,
fixo, que começou a ser publicada em 30 ocupou muitas vezes as páginas do Ca-
de janeiro de 1869. Tal obra atendia pelo brião, não esquecendo a sátira ao Duque de
título de As Aventuras de Nhô-Quim ou Caxias e ao recrutamento de voluntários
Impressões de Uma Viagem à Corte, e para o duro conflito. O artista criou o sím-
duraria nove capítulos, todos sob os cui- bolo do jornal: um tipo popular e mordaz
dados e traços do próprio Agostini, que chamado Cabrião que percorria as ruas
já acumulava outras publicações de de- atrás de personagens curiosos e atazanan-
senhos, contudo sem personagens fixos, do os políticos do Partido Conservador.
no pasquim o Diabo Coxo. Agostini muda-se para o Rio em 1867
O italiano Agostini, que chegara ao e colabora durante um ano para O Arle-
Brasil em 1859, criou estilo, influenciou quim. Em 1868 está no Vida Fluminense,
e tornou a caricatura em forma de sáti- onde, no ano seguinte, publica os nove
ra política, assim como os quadrinhos, episódios de As Aventuras de Nhô-Quim
parte da imprensa do País. E foi um dos ou Impressões de Uma Viagem à Corte. Na
fundadores da mais importante revista década de 1880 funda a Revista Ilustrada,
infantil brasileira: a popular O Tico-Tico. com as famosas páginas duplas dedicadas
Durante 46 anos, de 1864 a 1910, desen- aos carnavais de 1881 a 1883, estampan-
volveu uma perspicaz e minuciosa obser- do dezenas de figurinhas entre deuses, he-
vação do tipo brasileiro, especialmente róis, índios, guerreiros, religiosos, políti-
o carioca. Mas sua intervenção por meio cos, populares e até o Imperador. Nessa
dos traços se deu, sobretudo, na cena revista, Agostini desenvolve As Aventuras
política. Republicano, anticlerical e abo- de Zé Caipora, retomando o tema de Nhô-
licionista, utilizava a crítica como mo- Quim, que ainda surgiria diversas vezes
tor de sua ativa função social. em folhetos. O personagem fez tanto su-
O Segundo Reinado no Brasil (1840 cesso que, em 1901, voltaria no D. Quixote
a 1889) foi marcado pela ilimitada to- e na revista O Malho, de 1904 em diante.
lerância com relação à imprensa perió- O advento da Abolição e da Repúbli-
dica e de propaganda, com a livre circu- ca não aquietou o lápis do desenhista.
lação de jornais, livros e panfletos. A sá- Com duas de suas causas conquistadas,
tira era cotidiana e cortejos carnavales- ele continuou satirizando os políticos e
cos traziam carros representando as fi- os costumes da capital do começo do sé-
guras importantes do Império. A ilus- culo nas páginas de O Malho. No início
tração ganhou seus primeiros traços no de 1904 tem breve passagem pelo jornal
Brasil no Jornal do Commercio, de 14 de Gazeta de Notícias e, no dia 11 de outu-
dezembro de 1837, com a caricatura bro de 1905, com Luiz Bartolomeu de
(uma espécie de folheto litografado) de Além de desenhar o logotipo da revista O Tico-Tico , Agostini colaborou durante muitos anos Sousa e Silva, funda O Tico-Tico. Agosti-
autoria de um artista consagrado: Ma- produzindo diversas histórias em quadrinhos memoráveis, como esta do Chico Caçador. ni desenhou o primeiro logotipo, com um
noel de Araújo Porto Alegre, que estu- grupo de garotinhas nuas brincando
dara em Paris nesse ano, e de lá trouxera a novidade. Império: altos impostos, parlamento, políticos, ‘afi- entre as letras do título da revista. Também são de
A partir daí, a influência francesa na ilustração lhadagem’. Ou apenas observando, inconformado, sua autoria a História de Pai João, publicada no quin-
brasileira foi marcante. Até que, em 1859, desembarca as trapalhadas da corte. to número, a capa da edição de 10 de janeiro de 1906
no Brasil um piemontês, nascido em Farcelle, Itália, e a série A Arte de Formar Brasileiros, iniciada em maio
em 8 de abril de 1843, neto materno de uma senho- Uma rica trajetória profissional do mesmo ano.
ra parisiense. Ele passara a infância e a adolescência Ao chegar ao Brasil, Agostini começou a desenvol- O artista continuou desenhando em O Malho até
em Paris, onde estudara pintura. O jovem era Ânge- ver sua arte em São Paulo. O primeiro jornal foi o às vésperas de sua morte, num domingo, 23 de janeiro
lo Agostini. Todo o ambiente político da época foi bem Diabo Coxo, o primeiro periódico ilustrado editado de 1910, cansado pelos anos de trabalho e atingido
aproveitado pelo artista, que logo se tornou um dos na cidade. Semanário, começou a ser publicado em pela morte de seu amigo de 50 anos, Joaquim Nabu-
maiores críticos do reinado. Seus traços não perdo- 17 de setembro de 1864, tendo duas séries de 12 co, que falecera no dia 17 do mesmo mês, em Wa-
avam o Papa Pio IX e demais autoridades eclesiásti- números, sendo o último conhecido em 31 de dezem- shington. Como herança, deixou uma obra memo-
cas brasileiras. Defendiam a campanha abolicionis- bro de 1865. Redigido por Luiz Gama (1830-1882), rável e contestadora, num volume surpreendente em
ta. Chegou a criar um símbolo do homem nacional: também tinha a colaboração de Sizenando Nabuco. quantidade e qualidade, criando um estilo único, pi-
um índio soberbo, ao estilo de ‘O Guarani’, que nos Os desenhos de Agostini já impressionavam. Ele oneiro e precursor da caricatura e da história em
desenhos sempre surge carregando os desmandos do construía e movimentava seus desenhos com uma quadrinhos nacionais.
impressionante facilidade. Foi célebre a caricatura do
desastre ocorrido com o trem inaugural da Estrada
de Ferro Santos-Jundiaí, na várzea do Carmo, que
descarrilou, ferindo o presidente da Província e es-
tragando toda a cerimônia.
Já Cabrião surgiu em 30 de setembro de 1866, cir-
culando semanalmente com 51 edições até 29 de setem-

Jornal da ABI 348 Novembro de 2009 3


T APEÇARIA DE B AYEUX

1900
A HARLOT ’S P ROGRESS

CERCA DE 30.000 A.C 1892 Herald. A novidade dessa série é


X As pinturas rupestres nas X James Swinnerton colabora que ela tem dupla leitura. Ao
cavernas podem ser consideradas no Examiner de São Francisco, acabar de ler a primeira parte, o
as primeiras manifestações de Estados Unidos, e cria o painel leitor vira o jornal de cabeça
arte seqüencial. semanal The Little Bears, que para baixo e a história continua.
depois passa a sair diariamente.
CERCA DE 1070 D.C É a primeira série americana com X Nasce a primeira tira de
X A Tapeçaria de Bayeux — personagens fixos. cunho jornalístico: A. Piker
peça de pano contando em Clerk
Clerk, de Clare Briggs, no
desenhos a história da invasão 1895 American de Chicago. O
da Inglaterra pela Normandia — X Yellow KidKid, de Richard Felton personagem apostava em
H APPY HOOLIGAN
provavelmente foi encomendada Outcault, faz sua estréia no cavalos de corrida e comentava
para adornar a catedral do jornal The World, de Joseph os páreos da véspera.
mesmo nome que foi inaugurada Pulitzer, tornando-se publicação começa a sair nos jornais da
em 1077. Elas contam uma semanal em 1896. A série rede de Hearst e é a primeira 1904
história em seqüência e mostra um menino que mora série de quadrinhos a ser X The Newlyweds
Newlyweds, de George
mostram até uma aparição do numa favela e os dizeres são adaptada para o cinema, em McManus começa contando o
cometa Halley nesse período. escritos no seu roupão amarelo. seis curtas dirigidos por J. Stuart dia-a-dia de um casal de recém-
O uso da cor amarela foi um Blackton no mesmo ano (e casados.
1731 teste para experimentar a quinze anos mais tarde em um
X O pintor e gravador inglês impressão em mais de uma cor monte de animações). Também 1905
William Hogarth (1697-1764) e atrair mais leitores. Daí vem o se diz que serviu de inspiração X Considerada a primeira obra-
pinta um grupo de seis quadros M AX UND MORITZ
termo “jornalismo amarelo” para o personagem do prima dos quadrinhos, Little
que contam uma história, A (correspondente ao nosso Vagabundo, de Charles Chaplin. Nemo in Slumberland
Slumberland, de
Harlot’s Prog ress (O progresso
Progress Sébastien Auguste Sisson publica “imprensa marrom”). Windsor McCay começa no New
de uma prostituta). Esta e outras no jornal Brasil Illustrado o que é 1902 York Herald. Mostra os
séries feitas por Hogarth são considerado a primeira história 1896 X Outcault cria novo pesadelos de um menino que
citadas por Will Eisner como uma em quadrinhos publicada no X Começa a compra de passes personagem que se tornará exagera nas sobremesas e tem
demonstração pioneira de arte Brasil: Namoro, Quadros ao de artistas de hq e a disputa ainda mais popular: Buster aventuras alucinantes no mundo
seqüencial. Os quadros originais Vivo, por S… o Cio mostrando entre os magnatas da imprensa: Brown
Brown, um encapetado menino dos sonhos, invariavelmente
se perderam num incêndio, mas os costumes da época. Oultcault transfere-se do The da classe média alta. Este seria caindo da cama e acordando ao
sobreviveram através de gravuras World, de Pulitzer, para o Examiner, posteriormente copiado pela fim de cada episódio.
que os reproduziam. Hogarth 1869 de Wiliam Randolph Hearst. publicação brasileira O Tico-Tico e
também se notabilizou como X Angelo Agostini publica na rebatizado aqui como Chiquinho. X No Brasil, o pioneiro O Tico-
uma das primeiras pessoas a Vida Fluminense As A venturas
Aventuras X Hearst lança no seu Journal Tico é lançado como
brigar por seus direitos autorais. de Nhô Quim ou Impressões American o primeiro suplemento 1903 desdobramento do jornal satírico
de Uma V iagem à Cor
Viagem te
Corte
te. A data colorido de quadrinhos, intitulado X The Upside Downs of Lady O Malho e considerada a primeira
1835 dessa publicação, 30 de janeiro, The American Humourist. Além Lovekins and Old Man publicação brasileira importante
X Na Alemanha, Wilhelm Busch foi incorporada ao calendário de Yellow Kid (abaixo, à Muffaroo do holandês Gustave voltada exclusivamente para as
cria os encapetados MaMaxx und como Dia do Quadrinho Nacional. esquerda), o suplemento estréia Verbeek começam no New York crianças. É líder no mercado até
Moritz (Juca e Chico, na a mais antiga história em
tradução de Olavo Bilac), uma 1886 quadrinhos em circulação e a
dupla de garotos encrenqueiros X Primeiro “gibi” de que se primeira a fazer uso de todos
que morrem torrados no final da tem notícia: Angelo Agostini os elementos tradicionais
história ilustrada e serviria de compila em fascículos as dos quadrinhos: The
inspiração para os lendários aventuras de Zé Caipora
Caipora, Katzenjammer Kids Kids, de
Sobrinhos do Capitão
Capitão. que começara a publicar Rudolf Dirks. Inspirada nos
desde 1883 na Revista clássicos Ma
Maxx und
1839 Ilustrada. Essa edição é Moristch de Busch, esta
X O suíço Rudolfe Töpffer considerada a primeira série seria conhecida
publica Les Amours de revista com um no Brasil como Os
Monsieur V ieux Bois
Vieux Bois, obra personagem fixo Sobrinhos do
ilustrada de arte seqüencial que publicada no Capitão
Capitão.
usa elementos mais tarde Brasil. Agostini
incorporados pelos quadrinhos. depois retomaria 1900
o personagem X O vagabundo
1855 em O Malho e Happy Hooligan
Hooligan, de
X O francês radicado no Brasil Dom Quixote. Frederick Burr Opper, T HE KATZENJAMMER K IDS , OS S OBRINHOS DO CAPITÃO

4 Jornal da ABI 348 Novembro de 2009


O TICO -T ICO BUSTER B ROWN

1910
THE UPSIDE D OWNS OF LADY L OVEKINS AND O LD MAN MUFFAROO 1907 X Max Yantok entra para o time
X Surge o primeiro “Giby
Giby
Giby”, um de colaboradores do Tico-Tico,
molequinho negro que viraria onde criaria divertidos personagens
saco de pancadas de Juquinha, como Ka ximbown e Pipoca
Kaximbown Pipoca,
em O Tico-Tico. Mas, nesse num estilo único e alucinado.
mesmo ano, J Carlos deixa a
publicação. 1911
X Alfredo Storni cria, para O
X Mr
Mr.. A. Mutt (que depois Tico, o casal Zé Macaco e
Tico
Tico-Tico
Tico-
viraria Mutt & Jeff
Jeff), de Henry Faustina
austina, antecipando em alguns
Fisher, começa no San Francisco anos outro casal famoso dos
Chronicle e estabelece o marco quadrinhos, Pafúncio e Marocas.
de primeiro mega-sucesso dos
quadrinhos 1912
X J. Carlos funda a revista
1908 independente O Juquinha
Juquinha,
X O jornal italiano Corriere della retomando seu personagem.
Sera lança a primeira publicação
para crianças, o Corriere dei X Primeiro processo judicial
Piccol
Piccolii, similar ao nosso Tico-Tico. envolvendo personagens de
quadrinhos. Rudolf Dirks, autor
1910 de The Katzenjammer Kids Kids,
X Krazy KatKat, de George troca o Journal American de
Herriman, aparece pela primeira Hearst pelo The World de
vez em outra série, The Dingbat Pulitzer. Hearst processa o autor,
Family. Em 1913 passaria a ser que é impedido de levar consigo
o titular da tira. seus personagens para a nova
publicação. A série é retomada
por Harold Knerr. A briga se
estende na justiça até 1914. A
decisão do juiz é salomônica:
Dirks readquire o direito de
continuar com seus personagens,
porém tem que dar outro nome
à tira. Passam a existir duas
séries com os mesmos
personagens básicos (um
capitão, uma mãe alemã, um
inspetor barbudo e dois
moleques endiabrados) publicadas
paralelamente em jornais
concorrentes, mas a nova versão
assinada por Dirks recebe o
K RAZY KAT , DE G EORGE H ERRIMAN título The Captain and the Kids
Kids.

LITTLE N EMO IN S LUMBERLAND , DE W INDSOR M C C AY

a década de 30, quando e Ruy Barbosa. Este, certa vez, 1906


começam os Suplementos de interpelado por um colega no X J. Carlos começa a publicar
Adolfo Aizen, mas sobrevive até Senado sobre a fonte de uma O TTalento
alento do Juquinha em
o início dos anos 1960. O Tico- informação que teria acabado O Tico-Tico, destronando o
Tico tinha leitores ilustres como de falar, teria respondido: “Li... personagem Chiquinho na
Carlos Drummond de Andrade no Tico-Tico”. preferência dos leitores. M UTT & J EFF , DE HENRY FISHER

Jornal da ABI 348 Novembro de 2009 5


GASOLINE A LLEY

1920
1920
X Winnie W inkle the
Winkle
Breadwinner é pioneira ao
mostrar uma mulher em papéis
não-domésticos. Mas para as
crianças a grande estrela da
P OLLY AND H ER P ALS série é seu irmão mais novo,
Perry, que domina as páginas
X Cliff Sterrett leva o cubismo 1914 dominicais.
aos cenários de quadrinhos, X Edgar Rice Burroughs publica
criando Polly and Her P als
Pals
als, em capítulos folhetinescos a 1921
uma tira mostrando o cotidiano primeira aventura com o X Surge o personagem de
de uma garota muito bonita e personagem Tarzan na revista quadrinhos australiano de
paquerada e sua família. All-Story. Este viraria personagem maior longevidade: Ginger
de quadrinhos apenas em 1929. Meggs
Meggs, de Jimmy Bancks. A tira
1913 existe até hoje (feita por
X George Mac Manus consolida X Luís Loureiro, encarregado de continuadores, claro). seu cãozinho passa por mil
sua fama criando Bring ing Up
Bringing desenhar as histórias de agruras até ser adotada pelo
Father (no Brasil conhecido Chiquinho para o Tico-Tico, 1922 magnata Daddy Warbucks. Ela
como Pafúncio
afúncio), mostrando as introduz o personagem WINNIE W INKLE THE BREADWINNER
X A primeira exposição sobre atravessa vários períodos da
peripécias de um casal de novos- Benjamin na série. O menino histórias em quadrinhos é história norte-americana, incluindo
ricos tentando se introduzir na negro, que virou um sucesso Messmer começa a desenhar realizada no Waldorf Astoria, em a grande depressão de 1929.
sociedade mas sem abrir mão instantâneo, era inspirado em as tiras do Gato Félix para o Nova York.
de sua origem humilde. um criado que trabalhava na King Features Syndicate. Estas 1927
casa da família Loureiro. sobrevivem aos desenhos 1924 X Surge a primeira repórter
animados, que foram X Little Orphan Annie (Aninha, mulher das histórias em
1918 destronados pelo cinema a Pequena Órfã), de Harold quadrinhos: Jane Arden
Arden.
X Gasoline Alley
Alley, de Frank King, sonoro e pelo camundongo Gray, é considerado o primeiro
começa no Chicago Tribune e Mickey, de Walt Disney. “novelão” dos quadrinhos. Uma 1928
estabelece um novo conceito: menina órfã acompanhada de X Disney lança Mickey Mouse
personagens que envelhecem em X Believe It or Not (Acredite… em desenhos animados e este
tempo real. Personagens nascem, Se Quiser), de Bob Ripley, surge se tornaria o novo queridinho da
casam, envelhecem, morrem. A nos jornais. É um painel diário América. Steamb oat Willie já
Steamboat
tira é publicada até hoje. (com sua versão dominical) usa a grande novidade do
com curiosidades sobre momento: o som. O King
1919 esportes e fatos Features logo entra em acordo
X Criado por Otto estranhos. A série vira para transformar o personagem
Messmer, o Gato Félix mania nacional e é numa tira de quadrinhos, que
(ao lado) faz sua estréia transposta para começa a sair em 1930.
nos cinemas. O australiano diversas mídias e
Pat Sullivan foi creditado, permanece até hoje X A Argentina vê surgir seu
durante anos, como como uma série de personagem mais importante, o
detentor dos copyrights documentários para tv índio Patoruzú
atoruzú, de Dante
T ARZAN OF THE APES do personagem. Em 1923 e de livros ilustrados. L ITTLE O RPHAN ANNIE Quinterno. Patoruzú é um
cacique Tehuelche da Patagônia
que possui força sobre-humana.

X J. Carlos lança sua


personagem de quadrinhos
mais famosa:
Lamparina (à
direita) vem
engrossar a sua
fileira de criações
que já conta com
Jujuba e Carrapicho
Carrapicho.
Tudo publicado em
P AFÚNCIO , DE G EORGE MAC MANUS O Tico-Tico.

6 Jornal da ABI 348 Novembro de 2009


B LONDIE
S TEAMBOAT WILLIE

1930
guerra, o abade foi preso pelos Edgar Rice Burroughs, com o milionário
ingleses acusado de colaborar e Buck Rogers in the Dagwood Bumstead,
com o regime nazista. 25th Century
Century, de Dick que por causa disso é
Calkins, também ganha as deserdado pela família e
X É lançado o tablóide The páginas de jornais. passa a viver uma vida de
Funnies, precursor dos comic-
Funnies americano classe média, indo
books que invadiriam os Estados X A Casa Editora Vecchi faz trabalhar num escritório. Apesar
Unidos na década seguinte, e uma tentativa de lançar um de tudo, o casal vive feliz para
primeira publicação periódica tablóide semanal de quadrinhos, sempre e a família vai
exclusivamente de quadrinhos, antecipando em cinco anos a aumentando com a chegada
vendida em bancas e iniciativa de Adolfo Aizen, mas dos filhos e meia dúzia de
republicando tiras fracassa. Mundo Infantil dura cachorros, sobrevivendo nos
famosas da época. cerca de um ano. Publicava, jornais até hoje. Aqui foi
entre outras, Bring ing Up FFather
Bringing ather conhecida como Belinda.
X O marinheiro Popeye faz a (Pafúncio), de McManus, e
sua primeira aparição em The Laura
Laura, de Pat Sulivan. X Betty Boop (acima) aparece
Thimble Theater
Theater, de Segar, e pela primeira vez num desenho
logo se torna a estrela máxima X Surge A Gazetinha
Gazetinha, de Max Fleischer, Dizzy Dishes
Dishes.
da tira. Sua fama aumenta ainda suplemento do jornal A Gazeta, Mas, quem diria: nos primeiros
mais quando começa a aparecer que teve diversas fases e lançou desenhos era uma cachorra.
nos desenhos animados inúmeros personagens nacionais Mas logo ela seria humanizada e
produzidos por Max Fleischer a e americanos. ficaria tão sexy que chegou a ter
TARZAN , DE H AL F OSTER partir de 1933. problemas com a censura.
1930
1929 colocar Tintim tentando fazer X Os quadrinhos mostram pela X Chick Young cria Blondie
Blondie, X Ham Fisher, que começou a
X No dia 10 de janeiro, o jovem uma reportagem durante uma primeira vez desenhos realistas. aproveitando o filão de tiras com sua carreira como repórter
repórter Tintim e seu cão Milu viagem à Rússia. Na história, Duas séries oriundas dos pulp mulheres bonitas desencadeado esportivo, teve a idéia de fazer
(Milou) aparecem no vários agentes do governo ganham adaptações. Hal Foster por Polly and her Pals, de Cliff uma tira quando entrevistou um
suplemento Le Petit Vingtième, soviético tentam impedir que começa a desenhar Tarzan
arzan, de Sterrett. Em 1933 a loura se casa boxeador. Mas tentou durante
publicado no jornal Le Vingtième Tintim faça a matéria para que
Siècle, de orientação católica. ele não revele ao mundo como
Não foi uma boa estréia: criado é um país dominado pelo
pelo belga Georges Prosper regime comunista. Depois da
Remi, mais conhecido como
Hergé, essa primeira aventura –
No País dos Sovietes – foi
praticamente produzida sob
encomenda. O diretor
do jornal, abade Norbert
Wallez que era contrário
ao regime comunista,
incentivou o autor a

TINTIM NO PAÍS DOS S OVIETES


P OPEYE , DE S EGAR

Jornal da ABI 348 Novembro de 2009 7


BOLÃO E AZEITONA , DE L UIZ SÁ O S E XPLORADORES DA A TLÂNTIDA , DE MONTEIRO F ILHO

quase dez anos vender a tira,


sem sucesso. Finalmente, em
1930, Joe Palooka estréia e vira
Palooka
um fenômeno. No Brasil recebeu
o nome de Joe Sopapo
Sopapo.

BRICK BRADFORD , DE W ILLIAM R ITT


BRUCUTU , DE V. T. H AMLIN E C LARENCE G RAY

1932 modelo era a esposa do autor). 1934 Raymond torna-se em


X Henry (Pinduca), de Carl Depois ela teve até uma filha: X Vencedor de um concurso pouquíssimo tempo a principal
Anderson, aparece no Saturday Jane, Daughter of Jane
Jane. promovido pelo King Features, estrela do mundo dos quadrinhos.
Evening Post mostrando as Alex Raymond lança de uma vez
estripulias de um menino careca X Alley Oop (Brucutu), de V. T. três personagens: Flash Gordon
Gordon, X Voltando de uma viagem aos
que nunca fala. Hamlin, estréia nos jornais norte- Jungle Jim (Jim das Selvas) e EUA, onde viu a popularidade
O REIZINHO , DE O TTO SOGLOW americanos. No início é apenas Secret Agent X-9 (Agente dos suplementos dominicais dos
X Jane
Jane, do inglês Norman Pett um simples homem das Secreto X-9) – este escrito por quadrinhos, Adolfo Aizen resolve
1931 (aqui conhecida como Jane cavernas, mas há uma reviravolta Dashiell Hammett – para trazer a idéia para o Brasil e
X O genial Luiz Sá começa a Pouca-Roupa), é a primeira hq a quando um cientista o traz aos competir simultaneamente com lança o Suplemento Infantil
Infantil,
publicar no Tico- Tico seus
Tico-Tico introduzir a nudez feminina (o dias atuais com a ajuda de uma Buck Rogers, Tarzan e Dick Tracy. inicialmente um apêndice do
personagens mais famosos: máquina do tempo. A partir daí jornal A Nação (ao lado).
Réco-Réco, Bolão e Azeitona, passa a viver aventuras em vários Logo a publicação torna-se
virando colaborador regular da períodos da história mundial. independente e seu nome
revista até o seu muda para Suplemento
encerramento no 1933 Juvenil
Juvenil. A capa do
início dos anos 60. X Na tira Fritzi Ritz
Ritz, desenhada primeiro número foi feita
por Ernie Bushmiller, surge uma por J. Carlos e já trazia
X Dick TTracy
racy, de Chester
racy sobrinha da personagem-título uma história brasileira: Os
Gould, inaugura o gênero que depois acabaria virando a Exploradores da Atlântida
Atlântida,
DICK T RACY , DE
policial nos quadrinhos. CHESTER GOULD titular da série: Nancy (conhecida de Monteiro Filho, a única
A tira é um sucesso, no Brasil por nomes como que fez na vida. A
principalmente por causa Periquita, Xuxuquinha, Nanci, sobrecarga de trabalho
dos vilões bizarros, que chegam Maricota, TTeca
eca e vários outros). obrigou Monteiro a
a ser mais esquisitos ainda que cancelar logo a série, que
os do Batman. X William Ritt e Clarence Gray no último quadrinho tinha
lançam Brick Bradford
Bradford, mais as iniciais “G.D.” (Graças a
X The Little King (O Reizinho), uma série de ficção científica, Deus). Embora publicasse
de Otto Soglow, faz sua primeira que no Brasil recebe o nome de outros quadrinhos
aparição no New Yorker.. Dick James
James. brasileiros, como os de
Carlos Augusto Thiré
(primeiro marido de Tônia
Carreiro e pai de Cecil Thiré), a
base do Suplemento eram
mesmo as histórias americanas.
Em suas páginas foram lançados
Flash Gordon
Gordon, Mandrake,
Tarzan, Príncipe V alente, Dick
Valente,
Tracy
racy,, Jim das Selvas, TTerry
erry e
os Piratas e muitos outros, além
de incorporar os personagens
Disney, lançados antes pelo O
Tico-Tico. O sucesso foi
imediato: rapidamente as
P INDUCA tiragens atingiram a casa dos

8 Jornal da ABI 348 Novembro de 2009


S IR T ERERÉ

T ERRY E OS P IRATAS , DE M ILTON CANIFF

1935
X Bill McCleery
(escritor) and R.B. Fuller
(desenhista) criam
Oaky Doaks
Doaks, uma
espécie de versão
cômica do Príncipe
IMPERADOR MING, O ARQUI-INIMIGO Valente que inclusive o precede.
DE F LASH G ORDON
No Brasil recebeu o nome de
Sir TTereré
ereré
ereré.

X Li’l Abner 1936


(Ferdinando) de X O planeta Saturno
Al Capp faz sua decide invadir a Terra.
FERDINANDO , DE A L CAPP
estréia, retratando Mas só os italianos
o universo dos caipiras, e torna- ficam sabendo, através da
se outro mega-sucesso nos EUA. painel semanal no Saturday erra
hq Saturno Contro la TTerra
erra,
Evening Post. Em 1943 a de Cesare Zavattini, desenhada
X Terry and the Pirates (Terry e Famous Studios (pertencente à por Giovanni Scolari.
os Piratas) é a primeira série de Paramount e sucedânea do
sucesso de Milton Caniff, estúdio de Max Fleischer) licencia X Lee Falk cria outro
mostrando as aventuras de um a personagem para a produção personagem que fará mais
garoto no extremo oriente. de curtas de animação. Mas é sucesso ainda: The Phantom
nos também licenciados gibis da (Fantasma), desta vez em
X Lee Falk cria Mandrake the editora Dell de 1945 em diante parceria com o desenhista Ray
ician (Mandrake, o Mágico)
Magician
Mag que Luluzinha encontra sua Moore. Mas, aqui no Brasil, o
para o King Features Syndicate. mídia mais popular e é
Phil Davis é escolhido para publicada regularmente por
desenhar a tira, logo traduzida quase 40 anos. No Brasil
no Suplemento Juvenil. só chegaria em meados
da década de 50 nas
1935 edições publicadas
X Belmonte, o inesquecível pela editora O
criador do Juca Pato
Pato
ato, publica Cruzeiro.
Paulino e Albina na Gazetinha.

X Jesus Blasco publica na


Espanha seu personagem Cuto
Cuto,
na revista Chicos. M ANDRAKE , O MÁGICO ,
DE L EE F ALK
FLASH GORDON , DE A LEX RAYMOND
X Marjorie Henderson Buell,
assinando Marge, cria Little Lulu
360 mil exemplares (somando (Luluzinha), inicialmente um
as três edições semanais),
destronando o até então
imbatível O Tico-Tico e
motivando o
sugimento de filhotes
como Mirim e Lobinho
obinho.
Aizen inovou ainda,
mobilizando os jovens de
todo o País ao criar o Centro
Juvenilista.

JIM DAS SELVAS ,


DE A LEX R AYMOND
LULUZINHA E BOLINHA

Jornal da ABI 348 Novembro de 2009 9


P RAXEDES
P ORCALHÃO

P OPEYE , POR BUD SARGENDORF

personagem não foi lançado


pelo Suplemento Juvenil, e sim
pelo Correio Universal. Depois
Aizen versus Marinho
seria lançado em revistas nas
mais diversas editoras do País e A concorrência entre Roberto
se tornaria um sucesso de Marinho e Adolfo Aizen se acirra.
vendas. Marinho lança Gibi
Gibi, no mesmo for-
mato de Mirim
Mirim, e esse título se tor-
1937 na tão popular que o nome vira si-
X Hal Foster abandona Tarzan e nônimo de revista em quadrinhos.
cria Prince Valiant (Príncipe
Valiant Aizen contra-ataca lançando Lo-
Valente) para o King Features binho
binho, para evitar que ele venha a
Syndicate, de Hearst. A história é lançar uma publicação chamada
considerada a mais perfeita “Globinho”. É a primeira publicação
iconografia da Idade Média e em quadrinhos brasileira em forma-
narra as aventuras de um jovem to standard, mas não atinge as ven-
príncipe desde a pré- das desejadas e é cancelada. O título
adolescência. Hearst gosta tanto é reaproveitado e no ano seguinte
que – fato raro – deixa que um artigo é acrescentado, virando
Foster continue mantendo os O Lobinh
Lobinhoo. Nessa fase muda tam-
direitos sobre o personagem. bém para o formato standard e as principais atrações são os
super-heróis que a DC vem lançando um atrás do outro,
X Al Capp cria outra série, mas como Joel Ciclone (Flash) e Falcão da Noite (Hawkman).
só faz os roteiros. Os desenhos O golpe de misericórdia, entretanto, vem quando Ma-
ficam por conta do ilustrador
G ARRA CINZENTA rinho compra o passe de todos os personagens do King
Raeburn Van Buren. Slats é um Features publicados por Aizen, como Fantasma
antasma, Mandrak
Mandrakee,
rapaz novaiorquino que fica órfão de vários continuadores, Príncipe V alente e outras estrelas do Suplemento Juvenil
Valente Juvenil.
e vai morar com a tia Abigail no notadamente Bud Sargendorf, o Com as revistas privadas de seus principais personagens,
interior, numa cidadezinha que mais anos passou as vendas caem. Devido a essa e outras dificuldades pro-
chamada Cabtree Corners. Aqui desenhando a série, primeiro vocadas pelos tempos de guerra, como a escassez de papel,
a série ganhou o título de Zé em gibis e depois assumindo o Aizen não tem outra alternativa a não ser passar o controle
Mulambo e a cidade virou material para jornais. acionário de sua empresa (agora chamada GCSN - Gran-
Rancho FFundo
undo
undo. Mas é seu sogro de Consórcio de Suplementos
Bathless Grogg ins (Praxedes
Groggins X Roberto Marinho foi o primeiro Nacionais) para a empresa A
Porcalhão) o mais popular empresário procurado por Aizen, Noite, pertencente ao go-
personagem da série. na época em que ele procurava verno. Mas permanece
um financiador para seu projeto como diretor.
X Animados com a propaganda de lançar suplementos de
gratuita que Popeye faz de seu quadrinhos. Na época, recusou.
produto (principalmente nos Três anos depois, vendo o
desenhos animados), sucesso do Suplemento Juvenil
Juvenil,
plantadores de espinafre no foi a vez dele se aproximar de tablóide, que evoluiria para o FANTASMA , DE L EE FALK E RAY MOORE

Texas erigem uma estátua em Aizen, propondo-lhe sociedade, e tamanho padrão que as revistas
homenagem ao marinheiro. Um este lhe deu o troco, recusando. em quadrinhos passariam a ter
ano depois, o criador Elzie Segar Marinho resolve partir para a na década seguinte. Como o
falece devido a uma doença e concorrência e lança O Glob
Globoo outro, passa a sair três vezes
deixa o personagem nas mãos Juvenil
Juvenil, imitando não só o título por semana, em dias alternados
como o formato, e publicando ao Suplemento
Suplemento.
personagens que não haviam
sido comprados por Aizen, X Henning Dahl Mikkelsen (“Mik”)
como Ferdinando, Brucutu e cria na Dinamarca Ferd’nand.
Zé Mulambo
Mulambo.
X Francisco Armond e Renato
X Aizen lança Mirim
Mirim, mantendo Silva lançam o Garra Cinzenta
a mesma fórmula do Suplemento na Gazetinha, precursora do
Juvenil de publicar as séries de gênero terror. A série faz tanto
tiras em continuação, porém sucesso que chega a ser
em novo formato: meio exportada para o México e

12 Jornal da ABI 348 Novembro de 2009


P RINCIPE V ALENTE , DE H AL F OSTER

França. O criador, aliás,


criadora, era uma
mulher: Helena Ferraz.

X Surge Sheena, Queen


of the Jungle (Sheena,
a Rainha da Selva),
criada pelo mestre Will
Eisner sob o pseudônimo
de William Thomas.
CHARLIE C HAN
X Charles Addams
começa a colocar em seus continuaram a aparecer Shuster e Jerry Siegel
cartuns no New Yorker uns regularmente durante décadas na conseguem uma brecha em
personagens muito esquisitos: revista. Só quando foram para a uma nova revista que estava
uma mulher com cara de morta- tv, em 1964, é que receberam sendo lançada pela editora que
viva, seu mordomo, um marido um nome: A FFamília
amília Addams
Addams. mais tarde se tornaria a DC
estranho, uma velha, um gordo Comics: Action Comics
Comics.
careca e crianças nada 1938 Começa aí a carreira meteórica
convencionais. Eles nem tinham X Após passarem anos do Superman (Super-Homem),
nomes mas se tornaram tentando vender seu único sobrevivente do planeta
imensamente populares e personagem sem sucesso, Joe Krypton que vem à Terra e

A FAMÍLIA ADDAMS

adquire superpoderes. A da II Guerra Mundial e sobrevive


publicação é um sucesso de até hoje.
vendas sem precedentes, atiça a
concorrência e isso acarreta uma X Charlie Chan
Chan, o popular herói
tonelada de imitações e mais da literatura policial criado por
super-heróis fantasiados, muitos Earl Der Biggers na década de
lançados pela mesma DC. 20, já tinha tido diversas versões
Superman logo vira série de cinematográficas desde os
animação (por Max Fleischer), tempos do cinema mudo e
tira diária de jornais e até continuava fazendo muito
seriados cinematográficos, sucesso. Agora é a vez de passar
novela de rádio e o que mais se para os quadrinhos, virando uma
puder pensar. Isso também tira diária distribuída pelo
estabelece o gênero comic- McNaught Syndicate. Alfred
S UPERMAN , DE J OE S HUSTER E J ERRY S IEGEL book, que prolifera no período Andriola é o desenhista

Jornal da ABI 348 Novembro de 2009 13


escolhido pelo próprio Biggers
para fazer as tiras.

X A famosa novela radiofônica


The Lone Ranger
Ranger, de Fran no número 27 da revista
Striker, é convertida em D etective Comics
Comics. No ano
quadrinhos distribuídos pelo seguinte ele ganha um
King Features Syndicate. Os companheiro adolescente,
desenhos começam com Ed Robin, e a dupla nos anos 50
Kressy mas logo Charles enfrenta acusações de
Flanders assume a série. Dez homossexualismo quando o
anos depois a editora Dell psiquiatra Frederic Wertham
lançaria um gibi, primeiro publica The Seduction of the
republicando as tiras e depois Innocent
Innocent. Este livro por sua vez
com material inédito. provoca a perseguição aos gibis
Mickey e rapidamente se tornou como todo um gênero, fogueiras
X Messias de Mello, com a uma das principais estrelas da em praça pública e até mesmo
colaboração de “Moura”, publica Disney, aparecendo também nas uma CPI no senado norte-
a série Audaz, o Demolidor em tiras do camundongo. Neste ano americano.
A Gazeta. ele ganha sua própria tira de
quadrinhos e, mais tarde, a Dell X Namor
Namor,, o Príncipe
X Surgido em 1934 fazendo lança a revista do Pato Donald. Submarino
Submarino, de Bill Everett, dá
uma ponta num dos desenhos seu primeiro mergulho. Neste
da série Silly Symphonies – Little 1939 mesmo ano surge também
Wise Hen –, Donald Duck X A DC emplaca seu segundo The Human TTorch
orch (O Tocha
(Pato Donald) logo foi hit no gênero super-heróis Humana), um andróide
promovido a coadjuvante de lançando Batman de Bob Kane criado por Carl Burgos. BATMAN , DE B OB K ANE

1940
X Na cola do Superman surge o
Capitão Marvel
Marvel. Aqui sua
identidade secreta não é de
jornalista, mas sim jornaleiro (e
depois radialista): o menino Billy
Batson grita a palavra mágica
Shazam! E adquire
superpoderes, enfrentando
vilões como o diabólico Dr.
Silvana. No ano seguinte
ganharia um “filhote”, o Capitão
Marvel JrJr, e depois uma irmã
gêmea, Mary Marvel
Marvel. Os três
formam a Família Marvel Marvel.
Freddy Freeman, o alter ego do
Capitão Marvel Jr Jr.. , era deficiente
físico e precisava de muletas para
andar. O personagem irrita a DC
Comics, que move um processo
acusando a concorrente Fawcett
Publications de plágio. A briga se
arrasta dezesseis anos na justiça.

X Will Eisner cria e lança seu


personagem The Spirit numa
espécie de mini-gibi distribuído
de brinde nos jornais

14 Jornal da ABI 348 Novembro de 2009


1941

A UDAZ , O D EMOLIDOR , DE M ESSIAS DE MELLO

CAPITÃO MARVEL , DE C. C. B ECK S PIRIT , DE W ILL EISNER

americanos, inovando na da guerra. Mesmo o Príncipe X Steve Roper faz sua primeira inova por ser totalmente 1941
narrativa gráfica e tornando-se o Valente entra em campanha, aparição na tira cômica Big impressa em cores. Essa seria a X Plastic Man (Homem de
primeiro autor do gênero a deter ainda que continuando na Chief W ahoo
Wahoo
ahoo. Mas o personagem primeira de um sem-número de Borracha), de Jack Cole, junta
os direitos sobre seu Idade Média e combatendo os faz tanto sucesso que logo acaba títulos que lançaria a partir da brilhantemente os gêneros super-
personagem. hunos. Japoneses invadem virando o titular da série e Wahoo década seguinte pelo selo da herói e comédia, fazendo sua
Bengala, habitat do Fantasma e e os outros índios desaparecem, Editora O Cruzeiro. estréia na revista Police Comics.
X Surge uma tira protagonizada por aí afora. bem como o enfoque muda
por uma mulher jornalista, para aventura. Roper é um
Brenda Starr Repor ter
Reporter
ter, que era fotojornalista especializado em
também criada por uma mulher, descobrir fraudes, que trabalha
Dale Messick. na revista Proof.

X Francisco Irwerten cria, no X Goebbels, braço direito de


Paraná, o Capitão Gralha
Gralha, Hitler, declara: “O Super-Homem
provavelmente o primeiro super- é um judeu!”. De fato, a fonética
herói brasileiro. do nome kryptoniano do
personagem, Kal-El
Kal-El, em
X Joe P alooka
Palooka
alooka, de Ham hebraico pode ser traduzida
Fisher, é o primeiro como “tudo o que Deus é”.
personagem de quadrinhos
norte-americano a se alistar no X Assis Chateaubriand completa
exército visando combater na II seu leque que abrange agora
Guerra Mundial. Logo todos os todos os segmentos da
personagens em quadrinhos imprensa entrando se sola no
estariam engajados e viveriam mercado de quadrinhos e
aventuras ligadas ao universo BRENDA S TARR R EPORTER , DE DALE M ESSICK lançando O Guri
Guri, revista que HOMEM DE B ORRACHA, DE J ACK COLE

Jornal da ABI 348 Novembro de 2009 15


D ER F UEHRER ’ S F ACE A LÔ A MIGOS

experimento comercial não encoraja a


ultrasecreto para criar continuação da série.
supersoldados.
X Péricles começa a publicar no
X O psiquiatra William Guri de Chateaubriand as
Moulton Marston, sob o engraçadíssimas aventuras do
pseudônimo Charles Oliveira TTrapalhão
rapalhão
rapalhão.
Moulton, cria para a
editora All-American X Para elevar o moral das tropas,
(associada da DC) Milton Caniff cria a gostosa Miss
Wonder W oman
Woman Lace para o Camp News
(Mulher-Maravilha), Service, jornal distribuído para
visando atingir o público soldados norte-americanos que
feminino. O desenhista estavam em missões de guerra.
é Harry G. Peter.
X Com a entrada definitiva dos
X Na aventura de Tintin EUA na Segunda Guerra, todos
Le Crabe aux Pinces os personagens se engajam e
d´Or (O Caranguejo são comuns capas ridicularizando
das Pinças de Ouro) os japoneses – inimigos diretos
Hergé cria um de seus dos americanos por causa do
principais personagens: ataque a Pearl Harbor – ou
X Os heróis de gibis também o capitão Haddock, que nunca para sátira política, quando filmes adolescentes da época. mesmo com os heróis
são recrutados para o “esforço respeitou a lei “se beber, não começou a publicar o personagem As histórias foram criadas por Vic espancando Adolf Hitler. Até
de guerra” na luta para combater dirija um navio”. em tiras no Star de Nova York. Bloom e Bob Montana. mesmo o Pato Donald entra na
as forças do Eixo, e alguns são dança: Walt Disney e equipe
criados especialmente para isso: X Pogo
ogo, de Walt Kelly, surge na X Archie faz sua estréia na 1942 começam a produzir o curta de
neste ano surge o Capitão revista Animal Comics
Comics, ainda revista Pep Comics. A X Dante Quinterno produz ele animação Der Fuehrer’s Face,
América
América, um soldado americano em uma forma embrionária e encomenda partiu do editor mesmo a versão cinematográfica que seria lançado nos cinemas
que ganha poderes especiais ao voltada para o público infantil. John L. Goldwater da editora de seu personagem Patoruzú
atoruzú: no início do ano seguinte.
participar, como cobaia, de um Em 1948 ele mudou o enfoque MLJ, que queria um Upa em Apuros é o primeiro
personagem inspirado em desenho animado argentino X Disney tinha feito um pouco
Mickey Rooney, campeão dos em cores, mas o resultado antes uma viagem à América

O CARANGUEJO DAS P INÇAS DE O URO

16 Jornal da ABI 348 Novembro de 2009


M ISS L ACE , DE M ILTON C ANIFF

1945
1944
X Alex Raymond se alista nas
Forças Armadas e as páginas
dominicais de Flash Gordon são
retomada por Austin Briggs, que
já fazia as tiras diárias do mesmo
personagem desde 1940.

X Morre George Herriman,


criador do Krazy Kat e devido a
seu estilo único a série é
cancelada – seria impossível se
pensar em outro autor para
continuar essa hq.

X Frank Robbins cria Johnny


Hazard, que começa como um
Hazard
aviador lutando na Segunda
Guerra Mundial. A tira começa a
sair no dia 5 de junho, um dia
antes do Dia-D, a batalha da DRAGO , DE BURNE HOGARTH
Normandia, que marcou a
retomada do continente Tarzan (que depois retomaria, 1946
europeu pelos aliados. em 1947) e cria Drago
Drago, uma X Al Capp lança um concurso
espécie de “Cisco Kid latino- para escolher a representação
1945 americano”. A ação se passa na gráfica da horrenda Lena the
X Adolfo Aizen funda a Editora Argentina. Sucesso de crítica, Hyena
Hyena, uma personagem da
Brasil-América, após desligar-se mas não de público, a série dura história de Li’l Abner (Ferdinando)
do Grande Consórcio de apenas cerca de um ano. que nunca mostrava a cara. O
Suplementos Nacionais. Sua
intenção é publicar apenas
livros, mas acaba se
O AMIGO DA O NÇA , DE P ÉRICLES estabelecendo novamente
como a maior editora de
Latina como “embaixador de de Imprensa, cuja principal quadrinhos do país. Em outubro
boa vontade” trazendo consigo a atividade é fornecer quadrinhos de 1946 em co-edição com o
nata de seu estúdio. O objetivo para revistas e jornais brasileiros, ítalo-argentino Cesar Civita
era angariar a simpatia dos fazendo a intermediação com os (irmão de Victor Civita) lança
países latinos à causa dos produtores norte-americanos e Seleções Coloridas, impressa
Aliados, já que alguns países de outros países. Mais tarde se na Argentina pela Editorial Abril.
estavam flertando com o tornaria também editora de
fascismo. É assim que surge o livros, atualmente o maior grupo X Burne Hogarth abandona a
papagaio Zé Carioca
Carioca, editorial do País. United Feature Syndicate e
companheiro de Donald no
filme Alô Amigos (1943). Há 1943
quem diga que o papagaio foi Péricles cria O Amigo da Onça
Onça,
inspirado num desenho de J. um cartum semanal usando
Carlos. Zé Carioca, entretanto, linguagem de quadrinhos que
fez sua estréia mundial não vira a principal atração da revista.
nesse filme de animação e sim O nome vem de uma piada
em páginas dominicais de popular corrente da época, mas
quadrinhos nos suplementos a inspiração vem de El Inimigo
americanos a partir de outubro Del Hombre
Hombre, do argentino Divito.
de 1942, antes mesmo de o
filme ser lançado. X É lançado o primeiro seriado
de Batman
Batman, estrelado por Lewis
X Alfredo Machado cria a Wilson (Batman) e Douglas Croft
Distribuidora Record de Serviços (Robin). BATMAN , DE 1943

Jornal da ABI 348 Novembro de 2009 17


NICK H OLMES, DE ALEX R AYMOND

L UCKY L UKE ,
DE M ORRIS

X Surge Superboy
Superboy, versão
adolescente do Superman
Superman,
criada à revelia dos autores Joe
Shuster e Jerry Siegel, que
começam os desentendimentos
faria também inúmeras com a DC Comics a partir daí e
adaptações de romances vão sendo expelidos da editora.
brasileiros para quadrinhos na
Edição Maravilhosa de Aizen. X O chileno René Rios,
assinando Pepo, cria Condorito
Condorito.
X Gianluigi Bonelli e Aurélio Embora nunca tenha dado certo
Galeppini publicam, na Itália, a no Brasil, esse personagem é
júri, composto de Salvador Dali, X O belga Maurice De Bevere, X Numa aventura do Pato primeira aventura do cowboy um sucesso não só em seu país
Boris Karloff e Frank Sinatra, deu assinando Morris, cria o western Donald surge um personagem Tex W iller
Willer
iller. Em pouco tempo Tex natal como em toda a América
o prêmio ao então quase cômico Lucky Luke
Luke, que depois que, embora só viesse a ser torna-se o maior fenômeno Latina. Geralmente suas histórias
desconhecido Basil Wolverton. passaria a contar com a incorporado aos desenhos editorial desse país. É publicado têm apenas uma página e
colaboração de René Goscinny animados na década de 1980, no Brasil a partir de 1951 na invariavelmente terminam com
X Milton Caniff abandona Terry
erry, (Asterix) nos textos. viraria um dos principais e mais revista Júnior
Júnior, uma edição de O Condorito ou outro personagem
que passa às mãos de George ricos (em todos os sentidos) Globo (que ainda não usava o desmaiando, seguido da
Wunder, e cria Steve Canyon
Canyon. 1947 ícones do universo Disney: Uncle selo Rio Gráfica), no mesmo onomatopéia “plop”. Dizem que
Ele seguiu o mesmo caminho X A Ebal lança sua primeira Scrooge (Tio Patinhas), como formato “cheque”. Pepo criou esse personagem
de Roy Crane, que abandonou revista “oficial”, isto é, sem a outros personagens de Patópolis em protesto ao filme Saludos
Wash TTubbs
ubbs (Capitão César) parceria com os Civita: O Herói
Herói, (e da própria cidade em si) uma 1949 Amigos (Alô Amigos) de
para criar um novo personagem, um mix de personagens de criação de Carl Barks. X O sucesso de Vida Infantil Disney, ultrajado pelo fato de o
Buzz Sawyer (Jim Gordon), do aventuras, impressa em motiva a mesma editora a lançar Chile ter sido mal representado.
qual seria detentor dos direitos. rotogravura e com capa em 1948 outra revista nos mesmos Enquanto os brasileiros
preto e branco (e com um erro X Em parceria com Carlos moldes, mas voltada para um ganharam o papagaio Zé Carioca
X Depois de dar baixa na ortográfico, pois os primeiros Estêvão, Millôr Fernandes público ligeiramente mais velho: e os mexicanos o galo Panchito,
Marinha, onde alcançou a números não traziam acento em escreve os roteiros de sua única Vida Juvenil
Juvenil. o Chile era representado por...
patente de Major, Alex Raymond herói, como mandava a experiência em quadrinhos: um aviãozinho bimotor.
volta aos quadrinhos, agora com ortografia vigente). Essa seria a Ignorabus, o Contador de X As feministas vencem uma
um novo personagem: Rip Kirby primeira de uma linha de Histórias (publicada no Diário batalha: Hilda Terry (a autora de X Frank Godwin, que já tinha se
(Nick Holmes), um detetive periódicos que chegaria a uma da Noite). Obra-prima do Teena
eena) é admitida como notabilizado por Connie, ilustra
particular que é sempre média de 30 publicações por nonsense, todos os personagens membro da National Cartoonists as tiras de Rust Riley (no Brasil
acompanhado do mordomo mês, nos tempos áureos. morrem pouco depois que a Society, entidade de classe Pedrinho e Célia) com roteiros
Desmond (Duarte). história começa, num terremoto norte-americana, até então um de Rod Reed (o mesmo de
X O Sesi lança uma publicação que arrasa a cidade de Bagdá, e restrito “clube do Bolinha”. Cisco Kid).
X A tira Dick TTracy
racy antecipa em para o público infanto-juvenil, os autores (que também
várias décadas a telefonia celular, Sesinho
Sesinho, onde estreiam, entre aparecem na tira) são obrigados
quando o inventor Diet Smith faz outros, Ziraldo, Fortuna e um a sair catando um novo elenco.
para ele um rádio de pulso. brilhante desenhista clássico que Mais tarde a tira é rebatizada
logo abandonaria a como Rato Santo
Santo. T EX WILLER
carreira nos quadrinhos
para se tornar costureiro, X O agente Luís Rosenberg
Gil Brandão, responsável (proprietário da Apla) e o
por uma história desenhista haitiano radicado no
ambientada no meio rural Brasil, André Le Blanc, fazem
brasileiro, Raça e uma tentativa de montar um
Coragem
Coragem. esquema de distribuição de tiras
brasileiras nos moldes dos
X A revista Vida syndicates americanos. Morena
D oméstica lança um Flor é publicada em vários jornais
filhote: Vida Infantil
Infantil, brasileiros (começando pelo
voltada para o público Diário da Noite) e revendida para
mirim. Entre seus Argentina, Chile e Panamá. Le A história dos próximos 60 anos continua
principais colaboradores Blanc, que também foi o Continua! no segundo volume do Jornal da ABI •
está o lendário Joselito, responsável pelas ilustrações dos Especial de Quadrinhos, que trará também entrevistas e perfis de
alguns dos mais destacados desenhistas brasileiros.
DICK T RACY E SEU RÁDIO DE PULSO criador de Pituca. livros infantis de Monteiro Lobato,

18 Jornal da ABI 348 Novembro de 2009


Jornal da ABI 348 Novembro de 2009 19
20 Jornal da ABI 348 Novembro de 2009

Você também pode gostar