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348
NOVEMBRO
2009
Bem-vindo aos quadrinhos!
É POR MEIO DELAS que costumamos dar os pri- sabiam que as tiras traziam mais e novos leitores.
meiros passos nos campos do senso estético e do E, nesse intento, não cabia economizar papel ou
apreço pelas palavras. Por muitas gerações, as his- tinta. A fase de extrema valorização das hqs teve
tórias em quadrinhos, editadas em revistas, gibis início no fim do século 19, quando os processos
ou jornais, cumpriram a tarefa de entreter, divertir gráficos foram aprimorados.
e, sobretudo, ajudar a alfabetizar. De estabelecer
o efetivo laço afetivo com a leitura. Estudos che- A HISTÓRIA DOS QUADRINHOS, como os própri-
gam a sugerir que, quando adubadas no solo fér- os, é repleta de reviravoltas. As hqs já tiveram mo-
til das hqs, das pequenas crianças naturalmente mentos gloriosos e foram perseguidas em ações de
brotam os grandes leitores – e essa não é uma caça às bruxas, acusadas de aliadas do comunismo.
referência apenas à estatura física. Os quadrinhos foram marginalizados, queimados
sob a alegação de prejudicarem o desempenho es-
OS PREDICADOS PRESENTES nos quadrinhos são colar, levando à delinqüência juvenil. Pura boba-
capazes de converter sujeito indeterminado em gem. Tanto que, com o tempo, as próprias edito-
personagem principal. Quem se deixa encantar e ras de livros didáticos passaram a recorrer a seus
sabe bem explorar as hqs torna-se leitor ávido e traços para adoçar seus conteúdos acadêmicos.
curioso. Garante, por assim dizer, o seu final fe-
liz. Muitos são os estímulos abarcados nos traços PRODUTO DA INDÚSTRIA cultural de massa, os
marcantes, nas cores contrastadas. No humor, por quadrinhos experimentam o sabor de seu tempo.
vezes refinado, ou exposto em ironia abrutalha- Há quem acredite que, de certa forma, eles sem-
da. Na magia perene dos clássicos e no frisson das pre estiveram a nos cercar, desde as pinturas rupes-
aventuras inimagináveis. Nas bravatas dos super- tres dos homens que contavam suas histórias nas
heróis e nas peraltices dos personagens infantis. paredes das cavernas. A tecnologia avançou, a co-
municação revelou novas mídias e os garotos con-
OS QUADRINHOS SÃO, na verdade, uma espé- tam agora com outras diversões, o que só agrava a
cie de berço no qual é possível embalar toda e qual- retração dessa indústria outrora tão rentável.
quer imaginação. As onomatopéias não estão lá
por acaso. Ao descrever sons com fonemas – pow, OS QUADRINHOS RESISTEM, persistem. Talvez
soc e bum rolam à vontade – o autor faz reverbe- estejam se preparando para passos futuros, possí-
rar nas cabeças de quem lê tapas, socos e ponta- veis com as inovações tecnológicas. Não é absur-
pés. Explosões. E, no deslumbramento diante do do pensar, com os recursos já disponíveis, em re-
desenho estático, impresso no papel, tudo ganha personagens preferidos das vistas com animação digital e opções de interati-
movimento, no folhear entre uma página e outra. crianças. De certa forma, eficiente estratégia de vidade. Novas formas de contar antigas aventuras.
cativar hoje o leitor de amanhã. Que seção cum-
COM O ENCOLHIMENTO dos grandes jornais pre tal função nas publicações atuais? É PARA PRESERVAR o fio da meada da história das
ocorrido nas últimas décadas, tanto em formato hqs que a ABI lança esta edição especial. A primeira
quanto em número de páginas, os quadrinhos per- HOJE, QUANDO AINDA presentes nos jornais, os parte da retrospectiva que aponta o que aconte-
deram seu espaço. Vão longe os tempos em que quadrinhos estão espremidos entre palavras cru- ceu até agora. Certamente, longe de colocar pon-
eram publicadas seções diárias com tirinhas. E que zadas, horóscopos e passatempos. Mas, já houve to final nessa história.
as fartas edições de domingo traziam encartados, um tempo em que personagens e seus autores
como um brinde, suplementos coloridos com eram disputados por magnatas da imprensa. Eles VIDA LONGA AOS QUADRINHOS!
Jornal da ABI
Número 348 - Novembro de 2009
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Osasco, SP Sousa (Pajê), Sérgio Cabral e Terezinha Santos. Duque Estrada, James Akel, Luthero Maynard, Pedro Venceslau e Reginaldo Dutra.
1900
A HARLOT ’S P ROGRESS
1910
THE UPSIDE D OWNS OF LADY L OVEKINS AND O LD MAN MUFFAROO 1907 X Max Yantok entra para o time
X Surge o primeiro “Giby
Giby
Giby”, um de colaboradores do Tico-Tico,
molequinho negro que viraria onde criaria divertidos personagens
saco de pancadas de Juquinha, como Ka ximbown e Pipoca
Kaximbown Pipoca,
em O Tico-Tico. Mas, nesse num estilo único e alucinado.
mesmo ano, J Carlos deixa a
publicação. 1911
X Alfredo Storni cria, para O
X Mr
Mr.. A. Mutt (que depois Tico, o casal Zé Macaco e
Tico
Tico-Tico
Tico-
viraria Mutt & Jeff
Jeff), de Henry Faustina
austina, antecipando em alguns
Fisher, começa no San Francisco anos outro casal famoso dos
Chronicle e estabelece o marco quadrinhos, Pafúncio e Marocas.
de primeiro mega-sucesso dos
quadrinhos 1912
X J. Carlos funda a revista
1908 independente O Juquinha
Juquinha,
X O jornal italiano Corriere della retomando seu personagem.
Sera lança a primeira publicação
para crianças, o Corriere dei X Primeiro processo judicial
Piccol
Piccolii, similar ao nosso Tico-Tico. envolvendo personagens de
quadrinhos. Rudolf Dirks, autor
1910 de The Katzenjammer Kids Kids,
X Krazy KatKat, de George troca o Journal American de
Herriman, aparece pela primeira Hearst pelo The World de
vez em outra série, The Dingbat Pulitzer. Hearst processa o autor,
Family. Em 1913 passaria a ser que é impedido de levar consigo
o titular da tira. seus personagens para a nova
publicação. A série é retomada
por Harold Knerr. A briga se
estende na justiça até 1914. A
decisão do juiz é salomônica:
Dirks readquire o direito de
continuar com seus personagens,
porém tem que dar outro nome
à tira. Passam a existir duas
séries com os mesmos
personagens básicos (um
capitão, uma mãe alemã, um
inspetor barbudo e dois
moleques endiabrados) publicadas
paralelamente em jornais
concorrentes, mas a nova versão
assinada por Dirks recebe o
K RAZY KAT , DE G EORGE H ERRIMAN título The Captain and the Kids
Kids.
1920
1920
X Winnie W inkle the
Winkle
Breadwinner é pioneira ao
mostrar uma mulher em papéis
não-domésticos. Mas para as
crianças a grande estrela da
P OLLY AND H ER P ALS série é seu irmão mais novo,
Perry, que domina as páginas
X Cliff Sterrett leva o cubismo 1914 dominicais.
aos cenários de quadrinhos, X Edgar Rice Burroughs publica
criando Polly and Her P als
Pals
als, em capítulos folhetinescos a 1921
uma tira mostrando o cotidiano primeira aventura com o X Surge o personagem de
de uma garota muito bonita e personagem Tarzan na revista quadrinhos australiano de
paquerada e sua família. All-Story. Este viraria personagem maior longevidade: Ginger
de quadrinhos apenas em 1929. Meggs
Meggs, de Jimmy Bancks. A tira
1913 existe até hoje (feita por
X George Mac Manus consolida X Luís Loureiro, encarregado de continuadores, claro). seu cãozinho passa por mil
sua fama criando Bring ing Up
Bringing desenhar as histórias de agruras até ser adotada pelo
Father (no Brasil conhecido Chiquinho para o Tico-Tico, 1922 magnata Daddy Warbucks. Ela
como Pafúncio
afúncio), mostrando as introduz o personagem WINNIE W INKLE THE BREADWINNER
X A primeira exposição sobre atravessa vários períodos da
peripécias de um casal de novos- Benjamin na série. O menino histórias em quadrinhos é história norte-americana, incluindo
ricos tentando se introduzir na negro, que virou um sucesso Messmer começa a desenhar realizada no Waldorf Astoria, em a grande depressão de 1929.
sociedade mas sem abrir mão instantâneo, era inspirado em as tiras do Gato Félix para o Nova York.
de sua origem humilde. um criado que trabalhava na King Features Syndicate. Estas 1927
casa da família Loureiro. sobrevivem aos desenhos 1924 X Surge a primeira repórter
animados, que foram X Little Orphan Annie (Aninha, mulher das histórias em
1918 destronados pelo cinema a Pequena Órfã), de Harold quadrinhos: Jane Arden
Arden.
X Gasoline Alley
Alley, de Frank King, sonoro e pelo camundongo Gray, é considerado o primeiro
começa no Chicago Tribune e Mickey, de Walt Disney. “novelão” dos quadrinhos. Uma 1928
estabelece um novo conceito: menina órfã acompanhada de X Disney lança Mickey Mouse
personagens que envelhecem em X Believe It or Not (Acredite… em desenhos animados e este
tempo real. Personagens nascem, Se Quiser), de Bob Ripley, surge se tornaria o novo queridinho da
casam, envelhecem, morrem. A nos jornais. É um painel diário América. Steamb oat Willie já
Steamboat
tira é publicada até hoje. (com sua versão dominical) usa a grande novidade do
com curiosidades sobre momento: o som. O King
1919 esportes e fatos Features logo entra em acordo
X Criado por Otto estranhos. A série vira para transformar o personagem
Messmer, o Gato Félix mania nacional e é numa tira de quadrinhos, que
(ao lado) faz sua estréia transposta para começa a sair em 1930.
nos cinemas. O australiano diversas mídias e
Pat Sullivan foi creditado, permanece até hoje X A Argentina vê surgir seu
durante anos, como como uma série de personagem mais importante, o
detentor dos copyrights documentários para tv índio Patoruzú
atoruzú, de Dante
T ARZAN OF THE APES do personagem. Em 1923 e de livros ilustrados. L ITTLE O RPHAN ANNIE Quinterno. Patoruzú é um
cacique Tehuelche da Patagônia
que possui força sobre-humana.
1930
guerra, o abade foi preso pelos Edgar Rice Burroughs, com o milionário
ingleses acusado de colaborar e Buck Rogers in the Dagwood Bumstead,
com o regime nazista. 25th Century
Century, de Dick que por causa disso é
Calkins, também ganha as deserdado pela família e
X É lançado o tablóide The páginas de jornais. passa a viver uma vida de
Funnies, precursor dos comic-
Funnies americano classe média, indo
books que invadiriam os Estados X A Casa Editora Vecchi faz trabalhar num escritório. Apesar
Unidos na década seguinte, e uma tentativa de lançar um de tudo, o casal vive feliz para
primeira publicação periódica tablóide semanal de quadrinhos, sempre e a família vai
exclusivamente de quadrinhos, antecipando em cinco anos a aumentando com a chegada
vendida em bancas e iniciativa de Adolfo Aizen, mas dos filhos e meia dúzia de
republicando tiras fracassa. Mundo Infantil dura cachorros, sobrevivendo nos
famosas da época. cerca de um ano. Publicava, jornais até hoje. Aqui foi
entre outras, Bring ing Up FFather
Bringing ather conhecida como Belinda.
X O marinheiro Popeye faz a (Pafúncio), de McManus, e
sua primeira aparição em The Laura
Laura, de Pat Sulivan. X Betty Boop (acima) aparece
Thimble Theater
Theater, de Segar, e pela primeira vez num desenho
logo se torna a estrela máxima X Surge A Gazetinha
Gazetinha, de Max Fleischer, Dizzy Dishes
Dishes.
da tira. Sua fama aumenta ainda suplemento do jornal A Gazeta, Mas, quem diria: nos primeiros
mais quando começa a aparecer que teve diversas fases e lançou desenhos era uma cachorra.
nos desenhos animados inúmeros personagens nacionais Mas logo ela seria humanizada e
produzidos por Max Fleischer a e americanos. ficaria tão sexy que chegou a ter
TARZAN , DE H AL F OSTER partir de 1933. problemas com a censura.
1930
1929 colocar Tintim tentando fazer X Os quadrinhos mostram pela X Chick Young cria Blondie
Blondie, X Ham Fisher, que começou a
X No dia 10 de janeiro, o jovem uma reportagem durante uma primeira vez desenhos realistas. aproveitando o filão de tiras com sua carreira como repórter
repórter Tintim e seu cão Milu viagem à Rússia. Na história, Duas séries oriundas dos pulp mulheres bonitas desencadeado esportivo, teve a idéia de fazer
(Milou) aparecem no vários agentes do governo ganham adaptações. Hal Foster por Polly and her Pals, de Cliff uma tira quando entrevistou um
suplemento Le Petit Vingtième, soviético tentam impedir que começa a desenhar Tarzan
arzan, de Sterrett. Em 1933 a loura se casa boxeador. Mas tentou durante
publicado no jornal Le Vingtième Tintim faça a matéria para que
Siècle, de orientação católica. ele não revele ao mundo como
Não foi uma boa estréia: criado é um país dominado pelo
pelo belga Georges Prosper regime comunista. Depois da
Remi, mais conhecido como
Hergé, essa primeira aventura –
No País dos Sovietes – foi
praticamente produzida sob
encomenda. O diretor
do jornal, abade Norbert
Wallez que era contrário
ao regime comunista,
incentivou o autor a
1935
X Bill McCleery
(escritor) and R.B. Fuller
(desenhista) criam
Oaky Doaks
Doaks, uma
espécie de versão
cômica do Príncipe
IMPERADOR MING, O ARQUI-INIMIGO Valente que inclusive o precede.
DE F LASH G ORDON
No Brasil recebeu o nome de
Sir TTereré
ereré
ereré.
Texas erigem uma estátua em Aizen, propondo-lhe sociedade, e tamanho padrão que as revistas
homenagem ao marinheiro. Um este lhe deu o troco, recusando. em quadrinhos passariam a ter
ano depois, o criador Elzie Segar Marinho resolve partir para a na década seguinte. Como o
falece devido a uma doença e concorrência e lança O Glob
Globoo outro, passa a sair três vezes
deixa o personagem nas mãos Juvenil
Juvenil, imitando não só o título por semana, em dias alternados
como o formato, e publicando ao Suplemento
Suplemento.
personagens que não haviam
sido comprados por Aizen, X Henning Dahl Mikkelsen (“Mik”)
como Ferdinando, Brucutu e cria na Dinamarca Ferd’nand.
Zé Mulambo
Mulambo.
X Francisco Armond e Renato
X Aizen lança Mirim
Mirim, mantendo Silva lançam o Garra Cinzenta
a mesma fórmula do Suplemento na Gazetinha, precursora do
Juvenil de publicar as séries de gênero terror. A série faz tanto
tiras em continuação, porém sucesso que chega a ser
em novo formato: meio exportada para o México e
A FAMÍLIA ADDAMS
1940
X Na cola do Superman surge o
Capitão Marvel
Marvel. Aqui sua
identidade secreta não é de
jornalista, mas sim jornaleiro (e
depois radialista): o menino Billy
Batson grita a palavra mágica
Shazam! E adquire
superpoderes, enfrentando
vilões como o diabólico Dr.
Silvana. No ano seguinte
ganharia um “filhote”, o Capitão
Marvel JrJr, e depois uma irmã
gêmea, Mary Marvel
Marvel. Os três
formam a Família Marvel Marvel.
Freddy Freeman, o alter ego do
Capitão Marvel Jr Jr.. , era deficiente
físico e precisava de muletas para
andar. O personagem irrita a DC
Comics, que move um processo
acusando a concorrente Fawcett
Publications de plágio. A briga se
arrasta dezesseis anos na justiça.
americanos, inovando na da guerra. Mesmo o Príncipe X Steve Roper faz sua primeira inova por ser totalmente 1941
narrativa gráfica e tornando-se o Valente entra em campanha, aparição na tira cômica Big impressa em cores. Essa seria a X Plastic Man (Homem de
primeiro autor do gênero a deter ainda que continuando na Chief W ahoo
Wahoo
ahoo. Mas o personagem primeira de um sem-número de Borracha), de Jack Cole, junta
os direitos sobre seu Idade Média e combatendo os faz tanto sucesso que logo acaba títulos que lançaria a partir da brilhantemente os gêneros super-
personagem. hunos. Japoneses invadem virando o titular da série e Wahoo década seguinte pelo selo da herói e comédia, fazendo sua
Bengala, habitat do Fantasma e e os outros índios desaparecem, Editora O Cruzeiro. estréia na revista Police Comics.
X Surge uma tira protagonizada por aí afora. bem como o enfoque muda
por uma mulher jornalista, para aventura. Roper é um
Brenda Starr Repor ter
Reporter
ter, que era fotojornalista especializado em
também criada por uma mulher, descobrir fraudes, que trabalha
Dale Messick. na revista Proof.
1945
1944
X Alex Raymond se alista nas
Forças Armadas e as páginas
dominicais de Flash Gordon são
retomada por Austin Briggs, que
já fazia as tiras diárias do mesmo
personagem desde 1940.
L UCKY L UKE ,
DE M ORRIS
X Surge Superboy
Superboy, versão
adolescente do Superman
Superman,
criada à revelia dos autores Joe
Shuster e Jerry Siegel, que
começam os desentendimentos
faria também inúmeras com a DC Comics a partir daí e
adaptações de romances vão sendo expelidos da editora.
brasileiros para quadrinhos na
Edição Maravilhosa de Aizen. X O chileno René Rios,
assinando Pepo, cria Condorito
Condorito.
X Gianluigi Bonelli e Aurélio Embora nunca tenha dado certo
Galeppini publicam, na Itália, a no Brasil, esse personagem é
júri, composto de Salvador Dali, X O belga Maurice De Bevere, X Numa aventura do Pato primeira aventura do cowboy um sucesso não só em seu país
Boris Karloff e Frank Sinatra, deu assinando Morris, cria o western Donald surge um personagem Tex W iller
Willer
iller. Em pouco tempo Tex natal como em toda a América
o prêmio ao então quase cômico Lucky Luke
Luke, que depois que, embora só viesse a ser torna-se o maior fenômeno Latina. Geralmente suas histórias
desconhecido Basil Wolverton. passaria a contar com a incorporado aos desenhos editorial desse país. É publicado têm apenas uma página e
colaboração de René Goscinny animados na década de 1980, no Brasil a partir de 1951 na invariavelmente terminam com
X Milton Caniff abandona Terry
erry, (Asterix) nos textos. viraria um dos principais e mais revista Júnior
Júnior, uma edição de O Condorito ou outro personagem
que passa às mãos de George ricos (em todos os sentidos) Globo (que ainda não usava o desmaiando, seguido da
Wunder, e cria Steve Canyon
Canyon. 1947 ícones do universo Disney: Uncle selo Rio Gráfica), no mesmo onomatopéia “plop”. Dizem que
Ele seguiu o mesmo caminho X A Ebal lança sua primeira Scrooge (Tio Patinhas), como formato “cheque”. Pepo criou esse personagem
de Roy Crane, que abandonou revista “oficial”, isto é, sem a outros personagens de Patópolis em protesto ao filme Saludos
Wash TTubbs
ubbs (Capitão César) parceria com os Civita: O Herói
Herói, (e da própria cidade em si) uma 1949 Amigos (Alô Amigos) de
para criar um novo personagem, um mix de personagens de criação de Carl Barks. X O sucesso de Vida Infantil Disney, ultrajado pelo fato de o
Buzz Sawyer (Jim Gordon), do aventuras, impressa em motiva a mesma editora a lançar Chile ter sido mal representado.
qual seria detentor dos direitos. rotogravura e com capa em 1948 outra revista nos mesmos Enquanto os brasileiros
preto e branco (e com um erro X Em parceria com Carlos moldes, mas voltada para um ganharam o papagaio Zé Carioca
X Depois de dar baixa na ortográfico, pois os primeiros Estêvão, Millôr Fernandes público ligeiramente mais velho: e os mexicanos o galo Panchito,
Marinha, onde alcançou a números não traziam acento em escreve os roteiros de sua única Vida Juvenil
Juvenil. o Chile era representado por...
patente de Major, Alex Raymond herói, como mandava a experiência em quadrinhos: um aviãozinho bimotor.
volta aos quadrinhos, agora com ortografia vigente). Essa seria a Ignorabus, o Contador de X As feministas vencem uma
um novo personagem: Rip Kirby primeira de uma linha de Histórias (publicada no Diário batalha: Hilda Terry (a autora de X Frank Godwin, que já tinha se
(Nick Holmes), um detetive periódicos que chegaria a uma da Noite). Obra-prima do Teena
eena) é admitida como notabilizado por Connie, ilustra
particular que é sempre média de 30 publicações por nonsense, todos os personagens membro da National Cartoonists as tiras de Rust Riley (no Brasil
acompanhado do mordomo mês, nos tempos áureos. morrem pouco depois que a Society, entidade de classe Pedrinho e Célia) com roteiros
Desmond (Duarte). história começa, num terremoto norte-americana, até então um de Rod Reed (o mesmo de
X O Sesi lança uma publicação que arrasa a cidade de Bagdá, e restrito “clube do Bolinha”. Cisco Kid).
X A tira Dick TTracy
racy antecipa em para o público infanto-juvenil, os autores (que também
várias décadas a telefonia celular, Sesinho
Sesinho, onde estreiam, entre aparecem na tira) são obrigados
quando o inventor Diet Smith faz outros, Ziraldo, Fortuna e um a sair catando um novo elenco.
para ele um rádio de pulso. brilhante desenhista clássico que Mais tarde a tira é rebatizada
logo abandonaria a como Rato Santo
Santo. T EX WILLER
carreira nos quadrinhos
para se tornar costureiro, X O agente Luís Rosenberg
Gil Brandão, responsável (proprietário da Apla) e o
por uma história desenhista haitiano radicado no
ambientada no meio rural Brasil, André Le Blanc, fazem
brasileiro, Raça e uma tentativa de montar um
Coragem
Coragem. esquema de distribuição de tiras
brasileiras nos moldes dos
X A revista Vida syndicates americanos. Morena
D oméstica lança um Flor é publicada em vários jornais
filhote: Vida Infantil
Infantil, brasileiros (começando pelo
voltada para o público Diário da Noite) e revendida para
mirim. Entre seus Argentina, Chile e Panamá. Le A história dos próximos 60 anos continua
principais colaboradores Blanc, que também foi o Continua! no segundo volume do Jornal da ABI •
está o lendário Joselito, responsável pelas ilustrações dos Especial de Quadrinhos, que trará também entrevistas e perfis de
alguns dos mais destacados desenhistas brasileiros.
DICK T RACY E SEU RÁDIO DE PULSO criador de Pituca. livros infantis de Monteiro Lobato,