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EXPANSÃO ESPANHOLA
Enquanto se processava a expulsão dos últimos árabes do sul do seu território, a Espanha dava inicio
à sua expansão marítima. Durante o reinado de D. Fernando II e sua esposa Isabel I, o navegador genovês
Cristóvão Colombo propunha chegar às Índias por uma rota diferente da dos portugueses. Acreditando na
esfericidade da Terra, Colombo achava que, navegando sempre na mesma direção, chegaria ao ponto inicial
da viagem. Assim, propôs-se viajar em direção ao Ocidente para alcançar as Índias. Colombo partiu da Espanha
em agosto de 1492 com três caravelas e, em 12 de outubro, alcançou um novo continente: a América. A
conquista espanhola desencadeou uma grande disputa entre Portugal e Espanha pela posse das terras
descobertas na região do oceano Atlântico.
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CRISTÓVÃO COLOMBO
Navegador italiano (1451-21/5/1506). Nasce em Gênova e, desde cedo, decide dedicar-se à
navegação. Em 1476, seu navio naufraga na costa portuguesa e ele se salva a nado, estabelecendo-se em
Lisboa, onde se casa com a filha de um navegador. Na biblioteca do sogro, estuda rotas marítimas.
Convencido da esfericidade da Terra propõe à Coroa portuguesa chegar às Índias viajando rumo ao
Ocidente. Como a proposta é recusada, em 1485 dirige-se à Espanha e oferece seu projeto aos reis Fernando
e Isabel, que aceitam patrocinar a viagem. Parte em 3 de agosto de 1492 com as caravelas Santa Maria, Pinta
e Niña e em 12 de outubro chega ao arquipélago das Bahamas. Sem se dar conta de haver aportado em um
novo continente, depois chamado de América, acredita ter alcançado as Índias. Atinge, a seguir, as ilhas de
Cuba e de Hispaniola (local em que ficam atualmente o Haiti e a República Dominicana). Um ano depois
retorna à Espanha, onde é acolhido triunfalmente e nomeado vice-rei da nova colônia. Faz mais três viagens
à América, em 1493, 1496 e 1498, nas quais descobre outras ilhas do mar do Caribe. Destituído do cargo em
1497, resiste às ordens reais e é mandado de volta à Espanha sob ferros. Morre pobre, lutando para reaver
o antigo posto. Em 1542, seu corpo é exumado e levado para Hispaniola. Em 1899, seus restos voltam para a
Espanha e são depositados na Catedral de Sevillha.
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FOI OURO QUE COLOMBO ENCONTROU NO NOVO MUNDO
Apesar do heróico feito de atravessar da Europa para encontrar novas terras é importante lembrar
que a viagem financiada pelas jóias da rainha de Espanha, tinha por finalidade encontrar um caminho para
as Índias e assim controlar o vultoso e promissor comércio de Especiarias.
Ao retornar na sua primeira viagem ao Novo Mundo, este seria batizado depois por autoridades do
estado espanhol de AMÉRICA em homenagem ao navegador Américo Vespúcio. Colombo apresentará aos
nobres e a corte os resultados da sua expedição. As riquezas as quais ele descreveu ter tido contato nas
novas terras eram sim os metais preciosos, principalmente Ouro e Prata que os Nativos americanos usavam
como adornos.
Essa perspectiva difere então do estado português, que estabeleceu na África um modelo de
exploração econômica baseado na exploração da grande lavoura e uso intensivo da mão de obra do escravo
africano. Esse modelo foi aplicado em seqüência nas ilhas do Atlântico e depois no Brasil.
O estado espanhol então ficou com a possibilidade de explorar os metais precisos encontrados no Novo Mundo,
usando então a mão de obra dos nativos, o modelo de exploração ficou conhecido como Metalismo.
O mercantilismo foi muito influenciado pela idéia metalista de acumulação de capital, ou seja, o Estado seria tão
mais rico quanto mais metais moedáveis (ouro e prata) dispusesse. Tendo amplos recursos minerais em suas colônia da
América (Peru, Colômbia e México), a Espanha adotou o Bulionismo com maior ênfase.
A produção colonial foi organizada a partir da exploração da mão-de-obra indígena. Uma das formas de utilização
dos nativos era a mitta, pela qual os indígenas eram tirados de suas comunidades para trabalhar nas minas por um prazo
determinado e sob um pagamento irrisório. Esse método fundado numa instituição incaica adaptada pelos espanhóis foi
utilizado especialmente nas minas de prata de Potósi e acabou por arruinar a estrutura comunitária, culminando com o
extermínio da população indígena.
De 1503 a 1660, a Espanha tirou da América toneladas de ouro e de prata e a vida de milhões de nativos. A
encomienda, sistema mais usado, consistia na exploração dos nativos como servos nos campos e nas minas. A Coroa
encomendava a captura de indígenas a um interme-diário - o encomendero - e os distribuía aos colonizadores, que
recebiam o índio como seu servo. A servidão era justificada como um pagamento de tributos. Feito pêlos índios em forma
de serviços, por receberem proteção e educação cristã. O encomendero, por sua l vez, transferia parte dos tributos para a
Coroa.
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TRATADOS DE LIMITES
Estabelecido então os modelos de exploração dos estados Ibéricos para as suas áreas conquistadas. Portugal com
a África e a Espanha com o Novo Mundo, era o momento então de afastar as demais nações européias da possibilidade de
acessarem seus domínios.
Usando do prestigio que gozavam junto ao Papa, este então a autoridade que fazia o papel principal na diplomacia
da época estabeleceram então que seus domínios seriam divididos. Era o Tratado de Tordesilhas.
TRATADO DE TORDESILHAS
O Tratado de Tordesilhas, assinado na cidade de Tordesilhas em 7 de Junho de 1494, foi um tratado celebrado entre
o Reino de Portugal e o recém-formado Reino de Espanha para dividir as terras “descobertas e por descobrir” por ambas
as Coroas fora da Europa. Este tratado surgiu na sequência da contestação portuguesa às pretensões da Coroa espanhola
resultantes da viagem de Cristóvão Colombo, que ano e meio antes chegara ao chamado Novo Mundo, reclamando-o
oficialmente para Isabel a Católica. O tratado definia como linha de demarcação o meridiano 370 léguas a oeste do
arquipélago de Cabo Verde. Esta linha estava situada a meio-caminho entre estas ilhas (então portuguesas) e as ilhas das
Caraíbas descobertas por Colombo, no tratado referidas como “Cipango” e Antília. Os territórios a leste deste meridiano
pertenceriam a Portugal e os territórios a oeste, à Espanha. O tratado foi ratificado pela Espanha a 2 de Julho e por Portugal
a 5 de Setembro de 1494. Em princípio, o tratado resolvia as disputas que seguiram à descoberta do Novo Mundo por
Colombo. Muito pouco se sabia das novas terras, que passaram a ser exploradas pela coroa espanhola Castela. De imediato,
o tratado garantia a Portugal o domínio das águas do Atlântico Sul, essencial para a expansão náutica, empregada para
evitar as correntes marítimas que empurravam para o norte as embarcações que navegassem junto à costa sudoeste
africana, e permitindo a ultrapassagem do cabo da Boa Esperança. Nos anos que se seguiram Portugal prosseguiu no seu
projecto de alcançar a Índia, o que foi finalmente alcançado pela frota de Vasco da Gama, na sua primeira viagem de 1497-
1499.
A Amazônia então nesse contexto de divisão a partir da conclusão do Tratado ficaria então sob o
comando do estado espanhol, assim permanecerá até o século XVII, durante a União Ibérica quando terá
inicio o processo de colonização.
ELDORADO
Uma das lendas mais persistentes e que mais incendiou a imaginação dos conquistadores foi a do Eldorado. País
fabuloso, situado em algum lugar do noroeste amazônico dele se dizia ser tão rico e cheio de tesouros que, segundo a
lenda, o chefe da tribo recebia em todo o corpo uma camada de ouro em pó e a seguir se banhava num lago vulcânico. A
lenda do Eldorado era tão recorrente nos primeiros anos da conquista da Amazônia que muitos aventureiros encontraram
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um destino trágico na sua busca. Sir Walter Raleigh andou buscando esses pais em sua última e desastrada expedição ao
Orenoco, seguindo os espanhóis na Venezuela.
Em busca do Eldorado também foram para as selvas outros europeus como portugueses franceses, holandeses
e irlandeses. Embora as informações sobre o Eldorado tenham vindo exclusivamente de lendas magníficas, os espanhóis
acreditaram nelas cegamente. Mas não se deve estranhar esse fato, porque os espanhóis tiveram experiências tão
extravagantes no Novo Mundo que o Eldorado não parecia menos real.
Vários foram às expedições que adentraram os rios da Amazônia à procura de especiarias e ouro para
fortalecerem a coroa espanhola. Naquela época existiam notícias sobre o Eldorado e o País da Canela onde precisaram
realizar um inventário do Novo Mundo. A partir dessas explorações o contato com os nativos aqui existentes e, entre outras
ações colonialistas provocaram um declínio demográfico causado pelas epidemias (doenças trazidas pelos brancos) e
guerras intertribais envolvendo os grupos indígenas pelo espaço territorial.
Sobre Francisco Pizarro as informações que se tem sobre suas ações vêem da documentação da expedição de
Vasco Núñez de Balboa no Panamá em 1513, onde era um pequeno e obscuro oficial, quase analfabeto. Desde aí se
desenrolou o engajamento de Pizarro na aventura da conquista da América.
Em 1524, já com cinqüenta anos de idade, Pizarro se uniu a um oficial menor chamado Diego de Almagro que com
ele compartilhava a condição de bastardo. Ambos acalantavam planos depois de ouvirem a narrativa de Pascual Andagoya
que, embora retornasse ferido e sem riquezas de uma expedição mais ao sul, teria obtido a informação de um nativo que,
apontando para o sul, disse-lhe que conhecia o Pirú, reino onde “se come e se bebe em vasilhas de ouro”. Pizarro se
aproximou do padre chamado Hernando Luque, homem de confiança de um rico comerciante da Colômbia, o juiz Gaspar
de Espinosa, e por seu intermédio obteve o patrocínio para a planejada conquista do Peru, e no mês de novembro de 1524,
Pizarro se fez ao mar com oitenta homens e quatro cavalos. Essa primeira expedição nada surtiu senão denominar de Baia
da Fome pelos motivos óbvios, o lugar onde desembarcaram e de onde partiram pela costa, sem nada obter senão
combates com os nativos, num dos quais Almagro perdeu um olho. Regressando sem riquezas ou glórias, foram
necessárias muitas negociações para o financiamento de uma nova expedição que, entretanto, foi minuciosamente
contratada por escrito no qual já se previa a conquista do Peru ainda desconhecido, e já se tratava da partilha de suas
riquezas.
Em novembro de 1526 Pizarro voltava ao mar, em dois pequenos barcos com cento e sessenta homens e alguns
cavalos e, desta vez, desembarcou na foz do Rio San Juan na costa da atual Colômbia onde ficou com maior parte de seus
homens enquanto Almagro retornou ao Panamá com uma das embarcações para buscar mais reforços e a outra
embarcação, sob o comando do piloto Bartolomeu Ruiz, prosseguiu, atravessando o equador por cerca de 700 km para o
sul, ocasião em que teve o primeiro contacto com a civilização Inca: tratava-se de uma grande jangada impulsionada por
uma vela quadrada na qual havia homens e mulheres bem vestidos com túnicas de lã, usando ornatos feitos do tão
ambicionado ouro . Perseguindo seus objetivos, Pizarro voltou à Espanha e diante da corte de Carlos V fez a apologia dos
esplendores do Peru, fazendo coro com os relatos mais auspiciosos ainda de Hernán Cortés, que retornava da conquista
do México. Em 26 de julho de 1529 a rainha assinou a capitulación que autorizava Pizarro conquistar e explorar as riquezas
do Peru nomeando-o governador e capitão geral.
Em 1530, levando consigo três de seus meios-irmãos, Pizarro se reuniu com Almagro e Luque no Panamá e rumou
para o sul fundando, em setembro de 1532 o primeiro estabelecimento hispânico na costa do Peru denominado San Miguel
de Pirua, lá formando uma força de conquista com sessenta e dois cavaleiros e cento e seis infantes com a qual ingressou
continente adentro na “Conquista do Império Inca”.
No dia 16 de novembro de 1532, Pizarro, com sua pequena força expedicionária, chegou a Cajamarca onde,
deixando seu exército fora da cidade, aceitou o convide do imperador Atahualpa para um jantar no qual assassinou sua
pequena guarda de honra e fez o próprio imperador seu prisioneiro. No ano seguinte Pizarro invadiu Cuzco com tropas
indígenas e derrubou o Tahuantinsuyu (império inca).
Julgando que a capital Cuzco estava muito distante e muito acima no altiplano, Pizarro fundou a cidade de Lima
no dia 18 de janeiro de 1535, prosseguindo em árdua campanha pois as forças Incas tentaram retomar Cuzco sendo
derrotadas por Almagro que, por isto, julgo-se em condições de tomá-la para si, gerando uma disputa com Pizarro que o
derrotou e executou em 1538 na cidade de Ute.
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Os sons que escutaram era o encontro das águas do rio Amazonas com as águas do Oceano Atlântico. Fenômeno
pela primeira vez registrado pelos europeus e que os indígenas denominavam de pororoca (estrondo, em tupi guarani).
Seguindo em A expedição saiu em 1539, de Quito, no Equador. Um ano depois se juntou à expedição, Francisco
Orellana, que administrava a região de Santiago, recebendo o título de capital da região.
A viagem, inicialmente foi por terra e, após setenta dias a expedição chegou ao rio Napo onde construíram barcos
e seguiram rio abaixo. Porém, não encontraram o que estavam procurando. A expedição já passava fome, contraia doenças
e sofria constantes ataques de índios, os quais eram eliminados sem qualquer hesitação. Por todas essa dificuldades
Gonçalo Pizarro resolveu voltar, mas Francisco Orellana não concordou, achando que a volta era impossível, fosse por
terra ou por água, pois teriam que enfrentar a correnteza contrária dos rios e também porque ainda acreditava que
encontraria canela e ouro.
Pizarro voltou e Francisco Orellana continuou. Acompanharam-no 57 homens, entre os quais, o dominicano Frei
Gaspar de Carvajal cronista da viagem. Logo atingiram a foz do rio. Os espanhóis deduziram que um curso de água tão
monumental só poderia nascer em grandes montanhas e que seria necessário percorrer numa grande distância antes de
adoçar e alcançar o mar, e concluíam que a terra que esse rio banhava deveria ser um enorme continente, sem dúvida a
Ásia que eles julgavam ter encontrado. Na realidade, Pinzón estava na baía de Marajó
O batizou de Santa Maria de La Mar Dulce (mar doce) por causa do seu grande volume de água doce, localizado
na foz do grande Rio foi aí que ele tomou posse das terras descobertas em nome da coroa espanhola.
FRANCISCO ORELLANA
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Navegador espanhol do século. XVI, cujo o feito maior foi o de ter descido rio Amazonas pela primeira vez o que lhe
coloca entre os grandes descobridores espanhóis na América. Sua figura, sua personalidade são objeto de numerosas
controvérsias.
Em 1528 estava no Panamá. Foi transferido para o Peru com Gonçalo Pizarro, a quem o ajudou na conquista, Mais
adiante, em 1539, fundou a cidade de Santiago de Guayaquil, depois que a primeira tentativa de Benalcázar falhou. Nela
permaneceu por dois anos, até que foi chamado por Gonçalo Pizarro de modo que lhe acompanhasse a sua expedição
projetada ao país da canela.
É difícil descrever a atmosfera do Peru naquele tempo, de onde continuamente saiam às expedições que retornavam
com tesouros ou a notícia deles. Ao chegar a Quito para encontrar-se com Pizarro, um era nobre outro aventureiro.
Empreendeu a partir de março daquele ano com os 20 homens pela primeira vez por uma rota áspera que tinha seguido
seu companheiro e, após se cruzarem nos Andes, Pizarro e Orellana aplicaram penalidades incontáveis aos nativos.
Estabeleceram acampar perto do vulcão de Zumaco. O tenente Pizarro foi escolhido para comandar a fase andina. De
Zumaco saíram para descer o rio poderoso, o Coca, aonde os 26 homens chegassem em junho de 1541, Por suas beiras
procuraram um local para explorar; assim conheceram os índios Omaguas, cuja a cabeça lhes serviu como guia.
Como o País da canela que tinha encontrado, até então as riquezas eram poucas não pareceu que havia uma
riqueza por aqueles lugares, Na busca de Eldorado, Orellana abandonou seu primo e comandante descendo o Rio Napo
em direção ao Atlântico. A descida pelo rio Napo durou cerca de oito meses, encerrada em 26 de agosto de 1542. A
pequena expedição seguiu rio abaixo penetrou Solimões e iniciou aquela que seria a primeira viagem pelo rio Amazonas,
desde sua cabeceira no lado do pacífico até sua foz, no Atlântico revelando ao mundo o maior rio em volume de água e
extensão.
A expedição partiu em setembro de 1560, foi narrada por quatro de seus participantes: Francisco Vasquez, os
capitães Altamirano e Monguia e o Soldado Gonzalo de Zuniga. A expedição saiu do Peru, desceu o Hualaga (entre os rios
Marañon e Ucaiale) e alcançou Solimões.
Composta por 370 espanhóis e cerca de 2000 índios, que saindo da atual Amazônia peruana veio a dar também no
Atlântico.
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A primeira parte da narrativa, referente às províncias de Carari (Omagua) e Machipar uo (Aisuari), é muito mais
rica em notícias geográficas e etnográficas do que as crônicas de Carvajal. Aguire rebelou-se mandado assassinar Pedro
de Ursuá e todos aqueles que considerasse seus inimigos. O que deveria ser uma expedição de exploração e conquista
tornou-se uma fuga de rebeldes. Para impedir que a tripulação fosse influenciada pelos nativos a abandonasse seu
comando, Aguirre reduziu,ao mínimo, os contatos com a população nativa até alcançar o Oceano. Nessas circunstâncias,
o médio e o baixo Amazonas não receberam a mesma atenção e pouca coisa foi registrada pelos cronistas.
Após descer o rio Amazonas e chegar a sua foz, a expedição deveria voltar para o Peru conforme foi combinado
com o vice-rei. Mas Aguirre não cumpriu o acordo e dirigiu-se para as Antilhas, a caminho da Espanha. Nas Antilhas,
invadiu a Ilha de Margarita e quando se preparava para atacar outras Ilhas, toda a expedição foi presa e Aguirre foi morto.
Esta sinopse de Antonio Porro, na obra o “Povo as Águas” narra as principais populações do alto e
médio Amazonas. Não pretende resumir tudo o que se sabe sobre elas, as informações disponíveis, de
qualidade desigual, não atende na maioria dos casos, aos requisitos de uma descrição etnográfica, que de
resto não é finalidade desta narrativa, O que se procurou assinalar, e muitas vezes se fez em caráter
hipotético, pela pobreza dos dados, são as bases territoriais, as unidades étnicas e suas relações genéticas
com populações mais recentes, eventuais filiações lingüísticas, o aspecto geral dos padrões de assentamento
e alguns traços culturais significativos. Quanto a esses últimos, o critério de escolha foi o valor estratégico
que poderiam ter no esclarecimento, ou pelo menos na colocação, de algumas questões relevantes no
estágio atual dos conhecimentos. As informações sobre os povos indígenas da Amazônia, na época dos
primeiros contatos, são ainda muito precárias, e vêm dos relatos dos cronistas dos séculos XVI e XVII,
principalmente os de frei Gaspar de Carvajal (Expedição de Francisco de Orellana), de 1542; Francisco
Vasquez, Altamirano, Gonzalo de Zuninga e Pedro de Monguia (Expedição Pedro de Ursuá / Lope de Aguire),
1561; do padre Cristóbal de Acunã (Expedição de Pedro Teixeira), de 1639; de Maurício de Heriarte
(Ouvidor-geral do Maranhão), de 1662; e do padre Samuel Fritz, que viveu na Amazônia por quase quarenta
anos, a partir de 1686.A localização do assentamento de cada povo será demonstrada no sentido do curso
das águas, através de províncias, categoria utilizada nos documentos da época para situar o domínio
territorial
O primeiro artigo desse conjunto de textos apresenta a Amazônia através dos olhares dos primeiros
cronistas que por ela passaram, registrando tudo o que viram ou imaginaram ter visto.Como a região
amazônica era diferente de tudo o que já tinham encontrado até então, eles usaram seus próprios padrões
de valores para descreverem o que estavam vivenciando. O segundo artigo também tem como orientação as
crônicas feitas pelas expedições portuguesas do início do século XVII. Esse foi o momento em que os
portugueses iniciaram efetivamente a conquista da região Amazônica, antes pertencente à Espanha, de
acordo com o Tratado de Tordesilhas de 1494. A entrada dos portugueses, rumo ao norte, não foi
questionada pela coroa espanhola porque no período de 1580 – 1640 as coroas ibéricas estavam unificadas,
abrindo caminho para a coroa portuguesa controlar a vasta região Amazônica.
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DIVISÃO GEOGRÁFICA DA AMAZÔNIA - DESCRIÇÃO DOS CRONISTAS
PROVÍNCIAS DE APARIA / OMAGUA
Do alto para o baixo Amazonas, a primeira província era a de Aparia, que algumas fontes quinhentistas chamam
também Carari. Estendia-se por mais de seiscentos quilômetros desde o baixo Napo até a região de São Paulo de Olivença,
entre o Javari e o Iça. Cerca de vinte povoados com até cinqüenta casas grandes sucediam-se pelas duas margens do rio,
separados por extensas roças de milho e mandioca. Aparia Grande, ou de Aparia, o Grande, o povoado principal, situava-
se próximo ou algo acima da foz do Javari, hoje fronteira do Brasil, e tinha alguns milhares de habitantes. O poder político
parecia estar centralizado na figura do “grande senhor Aparia”, chefe do povoado principal, sua autoridade era reconhecida
rio acima, até os confins ocidentais da província, no baixo Napo, onde havia uma aldeia de Aparia Menor ou de Aparia o
Menor. Apesar do nome Omagua ser ignorado na região, tudo indica que o povo de Aparia teve alguma relação com os
Omagua. O único, porém importante, argumento contra a hipótese que os Omagua seriam descendentes direto dos povos
de Aparia seria a falta de informações mais precisas sobre a sua origem, porém os narradores não deixariam de descrever
uma característica física incomum, seria a deformação de sua cabeça, dai na língua geral a descrição “Cambeba” (de Canga
Peba).
A região que no século XVII era habitada pelas tribos de Aparia e Aricana era agora ocupada pelos Omagua, que,
porém, em relação aos primeiros, estavam deslocados mais de 300 km no abaixo. Seu território começava 120 km acima
da foz do Javari e terminava na região de Foz do Mamoriá. Entre o Jutaí e o Juruá. Tinha, portanto, mais de 700 km ao
longo do Amazonas. O único, porém importante, argumento contra a hipótese que os Omagua seriam descendentes direto
dos povos de Aparia seria a falta de informações mais precisas sobre a sua origem, porém os narradores não deixariam de
descrever uma característica física incomum, seria a deformação de sua cabeça, dai na língua geral a descrição “Cambeba”
(de Canga Peba, “cabeça chata”), e o seu modo de vestir, usavam roupas de algodão colorido, o que denota a idéia da
pratica com certa intensidade de tecelagem.
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XVII, tiveram contato com os portugueses, foram vitimas de resgates; embrenhando-se na mata. O padre Samuel Fritz
fundou, na aldeia do chefe Mativa, a missão Nuestra Senhora de Ias Nieves de los Yurimáguas, origem remota da atual
Fonte Boa.
Sobre as supostas amazonas da região Nhamundá-Trombetas, Acima limita-se a repetir o que lhe teriam contado os
Tupinambarana. A lenda das mulheres sem marido persistia, mas não mais o contento andino de palácios e metais preciosos
O Rio Nhamundá era chamado dos Cunuris ou Conduris, nome da tribo que habitava a sua foz: acima deles viviam os
Apantos, de língua Tupi; depois, os Taguaus, e finalmente os Cacarás, em contato com as amazonas. Essas últimas
habitariam uma região montanhosa CUJO pico mais alto chamava-se Ycamiaba. Nos lagos da região essas tribos colhiam
grande quantidade de arroz silvestre, aparentemente só para fazer dele uma bebida fermentada, tanto elas como os Tapajós
tinham “finíssimo barro de que fazem muita e boa louça de toda sorte, que entre os portugueses é de estima, e a levam a
outras províncias por contrato”, no conjunto dos Tapajós tinha 60 mil homens de guerra, o que iria perfazer, concluímos, a
população total dificilmente aceitável de pelo menos 250 mil pessoas.
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PROVÍNCIA DOS NEGROS
Carvajal descreveu os índios dessa província, ocupantes de uma região entre o Tapajós(Monte Alegre)
até um afluente do baixo Amazonas, o Xingú, na margem esquerda avistaram grandes províncias e aldeias,
localizadas na terra mais vistosa e alegre que fora vista em todo rio , narra que, era uma terra alta com
morros e vales populosos. Foram atacados por um grande numero de pirogas, eram homens enormes,
maiores que os membros da expedição, tosquiados e pintados de negro, por isso os expedicionários os
chamaram de Província dos Negros. Tinham um grande chefe chamado de “Arripuna” que era o senhor de
muitas terras, que estendiam 80 léguas rio acima, até uma lagoa que estava do lado norte, onde governava
outro chefe Tinamostón, daí até a sua chegada ao Oceano Atlântico Orellana descreverá que haviam regiões
com grandes aldeias e povoações.
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Em 1541, após descer o afluente Napo e chegar ao então Mar Dulce, nome que Pinzón dera ao Rio
Amazonas, eis que Francisco de Orellana é atacado por uma tribo de mulheres que, no testemunho de Frei
Gaspar de Carvajal, “são muito alvas e altas, com o cabelo muito comprido, entrançado e enrolado na
cabeça. São muitos membrudas e andam nuas em pelo, tapadas as suas vergonhas, com os seus arcos e
flechas nas mãos, fazendo tanta guerra como dez índios”. Em seu relato, Carvajal narra a seguir que embora
abatessem vários índios que eram comandados pelas mulheres e mesmo algumas destas, os espanhóis se
viram obrigados a fugir, tendo porém capturado um índio. Este, mais tarde, ao ser interrogado, declarou
pertencer a uma tribo cujo chefe, senhor de toda a área (o ataque tinha se dado na foz do Rio Nhamundá ),
era súdito das mulheres que residiam no interior. Na qualidade de súditos, obedeciam e pagavam tributos às
mulheres guerreiras, que eram acompanhadas pelo chefe Conhori. O prisioneiro, respondendo a várias
perguntas do comandante, disse que as mulheres não eram casadas e que sabia existir setenta aldeias delas.
Descreveu as casas das mulheres como sendo de pedra e com portas, sendo todas as aldeias bastante
vigiadas. Disse ainda que elas pariam mesmo sem ser casadas porque, quando tinham desejo, levavam os
homens de tribos vizinhas à força, ficando com eles até emprenharem, quando então os mandavam embora.
Quando tinham a criança, se homem, era morto ou então mandavam para que o pai o criasse, se era mulher,
com ela ficavam e a menina era educada conforme as suas tradições guerreiras.
Texto: Walcyr Monteiro.
Descreveu ainda seus hábitos e suas riquezas, pois que tais mulheres possuíam muito ouro e prata.
O encontro e as escaramuças à foz do Rio Nhamundá (hoje limite entre os estados do Pará e do Amazonas)
com os índios e/ou as índias mais a descrição do prisioneiro foi bastante para que houvesse associação com
as Amazonas da Capadócia. E o rio, até então mar Dulce, passa a ser chamado Rio de las Amazonas (Rio das
Amazonas) e finalmente Rio Amazonas. A narração feita por frei Gaspar de Carvajal teve imensa repercussão
na Europa e correu mundo, atemorizando uns, surpreendendo outros, mas maravilhando a todas os que
ouviam falar da terra das mulheres guerreiras...!
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LEGISLAÇÕES SOBRE O TRABALHO INDÍGENA
ANTECEDENTES
Até a lei de 1595 havia um único motivo para escravizar os índios, era somente a prisão feita durante
alguma guerra, e efetuada por ordem direta da Coroa. Os decretos de 1605, 1608 e 1609 suprimiram
inteiramente a escravidão do índio, declarando por princípio a liberdade indígena e a igualdade dos seus
direitos políticos ao dos brancos. Mas essas leis não puderam ser instauradas, devido à pressão dos colonos,
os quais alegavam falta de mão-de-obra para continuar seus negócios.
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A lei de 1680 suprimia quase que por completo a escravidão dos índios, declarava libertos todos os
prisioneiros resgatados de tribos indígenas e ordenava que fossem agasalhados nos aldeamentos; somente os
prisioneiros de guerra permaneciam escravos. O controle dos índios retornava assim ao monopólio dos
jesuítas.
A alternância de leis e mudanças na política em relação ao controle do trabalho indígena entre os
principais agentes coloniais nos remete a analisar este período como uma verdadeira CIRANDA LEGISLATIVA.
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CONSEQÜÊNCIAS
A situação de pobreza da população do Estado do Maranhão perdurou no decorrer das primeiras
décadas do século XVIII.
Com a revolta acontece uma nova expulsão dos jesuítas da região. logo restabelecida a paz no
Maranhão estes puderam retornar.
Em 1686 foi implementado o chamado Regimento das Missões, este fez crescer o poder das ordens
religiosas, que passaram a ter não só importância na catequese, mas também no político e temporal, das
aldeias sob sua administração.
Lei de 21 de dezembro 1686 criou uma nova legislação conhecida como Regimento das Missões do
Estado do Maranhão e Grão-Pará. A administração dos índios aldeados passava com exclusividade para o
controle dos religiosos. Suas principais deliberações diziam respeito à ação espiritual, temporal e político dos
aldeamentos.
Também foi criado o cargo de Procurador dos Índios nas duas capitanias do Pará e Maranhão. O qual
deveria ser exercido por um morador eleito pelo governador, depois da indicação de dois nomes pelo Superior
das missões da Companhia, proibia-se a moradia de homens brancos e mestiços nos aldeamentos. Era
exclusiva para os missionários a permissão de acompanhar os índios assim como a incumbência de descerem
novas aldeias para aumentar a população dos aldeamentos, cujos índios eram necessários para a defesa do
Estado e utilização nos serviços dos moradores.
Os missionários podiam fazer as entradas nos sertões com o auxílio do governador, tanto para a sua
segurança quanto para poderem fazer com maior facilidade as missões. Podiam fazer a repartição dos índios
aldeados que passava a se dar em duas partes, ficando uma parte no aldeamento enquanto a outra servia aos
moradores e à Coroa. Porém não entravam nessa repartição dos índios os padres da Companhia, e para
compensá-los estavam destinadas para servir os colégios e residências dos jesuítas uma aldeia no Maranhão
e outra no Pará.
Estipulou-se que os religiosos teriam direito a 25 índios para cada missão que tivessem no sertão, por
serem necessários para as atividades da missão. Que o tempo de serviço dos índios fora dos aldeamentos de
repartição estava estipulado inicialmente em 4 meses para o Maranhão e 6 meses para o Pará, mas depois foi
ajustado em um ano para as duas capitanias.
Entrariam na repartição do serviço os índios de 13 a 50 anos, não entrariam nem as mulheres e nem
as crianças. Com exceção para algumas índias farinheiras e amas-de-leite necessárias para os moradores.
Os índios eram considerados livres e, portanto, teriam seus serviços pagos por salários a serem
estipulados conforme a especificidade local. A Lei de 28 de abril de 1688 restaurou as tropas de resgate,
considerando escravos os índios recrutados pelos resgates, apresados à corda, que estavam à espera da hora
em que serviriam de reposição aos seus recrutadores e àqueles que, quando aprisionados, estivessem na
condição de escravos de outros índios contra os quais se tenha movido guerra justa, pois sua proibição “havia
não só impedido que se salvassem vidas e almas, porém que as guerras não pouparem vidas, chegando os
Índios a prenderem à corda os prisioneiros para a antropofagia ou, quando podiam, os iam vender aos
estrangeiros, com grande dano a coroa.
Em 13 de abril de 1728 uma carta régia proibia a realização de descimentos por particulares em
decorrência das violações das leis de descimentos e de repartição, expostas pelo Procurador dos Índios. Por
outro lado, com vistas a sanar o ainda persistente problema de falta de mão-de-obra, o rei autorizou que os
índios descidos a custa da fazenda real pudessem ser repartidos para os trabalhos e moradores.
O Regimento pode ser compreendido como a consolidação do poder político dos jesuítas na região,
devido ao controle absoluto que lhes foi concedido na administração dos aldeamentos indígenas, também
uma solução de compromisso entre as necessidades dos colonos, moradores e missionários.
A carta régia de 19 de março de 1693 estipulava uma divisão geográfica das missões entre as diversas
ordens que atuavam na região amazônica concederam aos jesuítas a área de maior concentração indígena.
Esta divisão provocou uma série de conflitos, porque as demais ordens Capuchinhos, Mercedários e Carmelitas
sentiram-se prejudicadas. ela só se referia às áreas missionárias da capitania do Pará.
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Fonte: Azevedo, 1930 e Reis, 19
1O - holandeses, franceses, ingleses, espanhóis, confinados a fazer incursões na região amazônica, em áreas
que os portugueses consideravam como suas;
2O - os missionários, colonos e funcionários, continuaram a disputa para controlar os índios;
3O – desenvolveram-se ainda conflitos entre as diferentes ordens religiosas.
MISSIONÁRIOS X COLONOS
Os colonos portugueses atacaram os missionários com tamanha fúria, invadindo suas aldeias de
repartição para roubar-lhes índios, que o governador Mendonça Furtado, não hesitou em categorizar com
sendo uma espécie de “guerra civil”.
Os missionários eram acusados pelos colonos de negar-se a distribuir e alugar os índios de repartição
aos moradores, porque esses índios eram empregados nas rendosas empresas missionárias. Os moradores
portugueses enviaram a Lisboa vários pedidos, solicitando a volta ao antigo sistema e chegaram a obter
algumas vitórias, como a concessão de licença para realizar expedições particulares de resgate. A Coroa tinha
um interesse particular neste rendoso negócio porque índios aprisionados, 20 eram de propriedade da
administração colonial.
Os missionários tinham interesses em controlar a mão-de-obra indígena, daí passaram a acusar os
leigos de não respeitarem a legislação do sistema de Capitães de Aldeia, conseguiram então algumas vitórias,
modificando a legislação em seu próprio proveito, levando assim a uma série de conflitos armados, as “guerras
civis” levando assim a expulsão dos Jesuítas em alguns períodos, 1655-1661 e 1680-1684, quando neste ultimo
período aconteceu a Revolta de Beckman.
MISSIONÁRIOS X MISSIONÁRIOS
Uma vez obtida a hegemonia, as ordens religiosas começaram a lutar entre si, existindo episódio em
que missionários jesuítas armados dispararam contra outras ordens: Capuchinhos e Carmelitas, e vice-versa.
Logo que o sistema de Regimento das Missões(21/12/1686), foi implantado, houve um loteamento
entre as ordens religiosas, as cartas régias de 1693 e 1694 concederam aos jesuítas a área de maior densidade
demográfica indígena, o que correspondia à margem direita do Rio Amazonas e parte do Rio Negro entre os
rios Negro e Içá(ver gráfico). Este processo divisório provocaria uma série de disputas entre as próprias ordens;
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Capuchinhos de Santo Antonio do Cabo do Norte, Capuchos da Piedade em Gurupá, Mercedários no Rio Urubu
e Carmelitas com parte da área do Negro e Solimões, estas se sentiram desprivilegiadas.
COLONOS X COLONOS
Alem das disputas entre os agentes controladores de mão de obra indígena, pode-se observar pela
Amazônia também disputas entre os próprios leigos, por questões ligadas a exploração das drogas-do-sertão,
territórios e contra as autoridades reais.
FIM DO REGIMENTO
As disputas entre colonos e missionários pelo controle do trabalho indígena nos estados do Maranhão
e Pará prolongou-se até meados do século XVIII, mais precisamente até a ascensão de Sebastião José Carvalho
e Melo, Marquês de Pombal, ao cargo de Secretário de Estado de Negócios Estrangeiros e da Guerra do rei D.
José I, e a política por ele implementada na Amazônia, que acabou por exigir para a sua viabilização a expulsão
dos jesuítas de Portugal e dos seus domínios.
Em suma a autonomia das ordens religiosas perante o Estado e as demais instituições coloniais na
Amazônia teria estabelecido uma situação desfavorável ao estado. Os religiosos dominavam o principal da
economia regional. Somados ainda ao fato de serem dispensados de pagar impostos, limitava a capacidade
do Estado em adquirir meios essenciais aos seus fins. Além disso, sendo o sistema dos aldeamentos
praticamente autárquico, com divisão do trabalho interna e canais próprios de comercialização na cortes.
A solução para desarticular o sistema do regimento então seria sua revogação a pretexto de salvar o
estado e abrir caminho para que o controle da mao de obra passasse sim ao seu controle. Revogasse então o
Regimento.
JESUÍTAS
A Companhia criada por Inácio de Loyola e que foi organizada com a aprovação do papa Paulo III, pela
bula Regimini Militantis Eclesiae, de 1540, e acabou por tornar-se um instrumento da Contra Reforma.
Pode-se ainda atribuir a ordem um atrelamento aos princípios da burguesia expansionista comprometida com
a colonização e trabalho missionário no Novo Mundo.
A presença dos jesuítas na Amazônia inicia-se em 1636 quando Luís de Figueira, vindo do Maranhão,
chegou à Belém e deu início ao trabalho missionário, percorrendo os rios Tocantins, o Pacajá e o baixo Xingu.
Em 1637 retorna a Portugal e publica o livro Memorial sobre as terras e gentes do Maranhão, Grão-Pará e o
rio Amazonas.
A história das missões jesuíticas na Amazônia pode ser dividida em fases:
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1 - Tentativas de implantação de um sistema de missões no Maranhão e na Amazônia, à semelhança do que
vinha fazendo, desde 1549, a Companhia de Jesus no sul do Brasil. Esta fase inicia-se com a expedição dos
padres Francisco Pinto e Luís de Figueira a Serra do Ibiapaba (1607) e termina com a
morte de Figueira e de seus companheiros mão dos índios Aruande Marajó (1643).
2 - Presença política e ideológica do Pe. Antônio Vieira de 1652 a 1662, quando os
jesuítas são expulsos pela primeira vez do estado do Maranhão. Entre os anos de 1660
e 1680, há um período de concessões e acomodações, findo o qual os padres da
Companhia de Jesus são expulsos novamente, no curso da rebelião liderada por
Beckman (1684).
3 Ocorre entre a volta dos jesuítas ao Maranhão (1685) e o processo final de expulsão
da Companhia de Jesus do Estado do Maranhão e do Brasil, pelo governo de Pombal,
em 1759.
4- A presença permanente de jesuítas na Amazônia inicia-se em 1653 com a ida dos
padres João de Souto Maior e Gaspar Fragoso, enviados do Maranhão pelo padre
Antônio Vieira.
FRANCISCANOS
Estavam presentes no Maranhão e Grão-Pará desde o início do século XVII., acompanham a expedição de Jerônimo
de Albuquerque para a conquista do Maranhão e estão desde 1617 em Belém, onde se instalam no sítio Una. Também
chamados de Frades Menores as províncias capuchas eram 3s (Santo Antônio de Lisboa, Conceição e da Piedade).
Em 1617 havia quatro missionários dessa ordem estabelecidos em Belém: Frei Antônio de Merciana, Frei Cristóvão
de São José, Frei Sebastião do Rosário e Frei Felipe de São Boaventura.
No caso dos franciscanos capuchos, apesar de haver alguns estudos sobre sua influência na Amazônia, muito pouco
foi discutido sobre esses padres e, ainda assim, os estudos se restringem quase que praticamente à província de Santo
António de Lisboa, fazendo meras citações às províncias da Conceição e da Piedade. Outra questão sobre os Frades versa
sobre o seu fracasso e da inexpressividade da sua atuação, ora chamados de mendicantes por conta do voto de pobreza
que era parte da tradição da ordem.
A conclusão era que graças à pobreza proclamada pelos frades, eles não poderiam exercer atividades em suas
missões que permitissem a própria sobrevivência das mesmas. Atividades como a exploração do trabalho indígena e o
comércio de parte da produção não poderiam ser exercidas o que os tornaria dependentes do auxílio da coroa e das doações
de moradores dos povoados brancos.
CARMELITAS
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Isabel, Santo Elias (Tarumã – Manaus), São João Batista (Manaus), São Joaquim Coani, São José, São
Marcelino, São Miguel do Iparama, São Pedro, Tapera, Tauapeçassu e Thomar.
No rio Solimões, iniciaram seus trabalhos missionários na região do rio Solimões em 1697. O primeiro
carmelita a atuar no Solimões foi frei Sebastião da Purificação.
A presença dos carmelitas cresceu ali rapidamente, tanto é que no início de 1703, só na região dos
Cambebas, a saber, no Alto Solimões, tinham 30 missões, segundo o relatório de Vitoriano Pimentel.
Sabemos os nomes das seguintes missões: Axuarizes, Coary (Gujuratubá e Arvellos), Manutá, Nogueira,
Peránamsasj, Pirauary, Santo Ângelo, São Paulo dos Cambebas (São Paulo de Olivença), São Pedro e Tefé.
MERCEDÁRIOS
Igreja e praça das Mercês, em Belém em finais do século XVIII, reproduzido de Alexandre Rodrigues Ferreira
REBELIÕES INDÍGENAS
RESISTÊNCIA INDÍGENA
Os nativos trabalhavam suficiente para suprir necessidades, não tinham a preocupação em acumular
riquezas. O homem branco, diferentemente dos nativos, preocupava-se em enriquecer cada vez mais, mesmo
que para isso tivesse que explorar o outro. Por essa razão, a vida dos nativos foi totalmente alterada após a
interferência dos europeus.
O choque entre esses dois sistemas de trabalho foi visto de duas formas: os nativos sentiram-se
agredidos com o sistema europeu, que os forçava a trabalhar além do necessário, com o objetivo de
produzirem excedentes, e os europeus diziam que os nativos eram indolentes no trabalho, por não terem
ambições de enriquecer. Esta interpretação acerca do comportamento dos nativos em relação ao trabalho
continua existindo até hoje, inclusive entre seus próprios descendentes. Os nativos resistiram ao sistema de
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trabalho forçado imposto pelo colonizador de diversas maneiras: algumas tribos lutaram até a morte, outras
fugiram do contato com os europeus, outras foram obrigadas a se incorporarem ao sistema colonial. Os que
foram incorporados ao sistema de trabalho do branco reagiam, não revelando os segredos da floresta: quando
iam pescar, dizia que não haviam encontrado peixe: quando iam caçar, diziam que não haviam encontrado
caça por perto: as mulheres não ensinavam as técnicas da agricultura, praticavam aborto, para não verem
seus filhos escravizados também. Essa resistência silenciosa demonstra os diversos mecanismos encontrados
pelos nativos para se defenderem da super exploração, ao mesmo tempo em que rompe com a idéias de que
os índios só resistiam através de guerras e fugas. Por outro lado revela a habilidade em criar mecanismos
quase imperceptíveis de resistência.
Esse comportamento dos nativos comprova a existência de uma resistência consciente, na medida
em que os índios agiam deliberadamente, dificultando, a sua maneira, a adaptação do europeu à região.
Conhecendo as técnicas para uma boa safra, faziam todo o possível para dificultar a utilização dos seus
conhecimentos agrícolas para produção em larga escala, na intenção deliberada de acabar com a produção, e
assim se verem livres do peso do trabalho forçado, imposto pelo dominador europeu
MUNDURUCUS
Os primeiros relatos sobre o povo mundurucu remontam a 1542, essa fonte é Gaspar de Carvajal,
cronista das expedição de Gonçalo Pizarro e Francisco Orellana, em busca de Eldorado. Descreveu a
característica de pintar o rosto de preto e serem guerreiros formidáveis.
No século XVIII, Por volta de 1770, os mundurucus fizeram uma série de ataques aos povoados
localizados à beira do Tapajós, ponto de exploração de colonos luso-brasileiros e aldeias missionárias que
haviam sido estabelecidas pelos jesuítas. Em 1773, foram responsáveis pelo assalto à fortaleza do Tapajós, em
Santarém. Foram ganhando fama de aplicarem aos vencidos uma dura pena, aos portugueses a fama de
Cortadores de Cabeças, as expedições pelas selvas em busca das cabeças-troféu eram longas.
Quando a colonização avança em direção as suas terras, os mundurucus passaram a atacar sem
descanso as áreas colonizadas, a partir da última década do século XVIII. Na tentativa de conter a ameaça
indígena, o poder colonial enviou, em 1794, uma força com cerca de 500 soldados com a missão de atacar os
mundurucus até em suas aldeias do alto Tapajós.
As autoridades então acreditavam na possibilidade de atrair os mundurucus, pois devido a legislação
vigente os recrutamentos estavam suspensos. O ataque aos índios de forma não planejada poderia fragilizar
as posições lusas na região abrindo espaço para que estrangeiros principalmente franceses pudessem atacar.
A relatos de que o contingente militar deveria ser poupado.
Por conta dessas condições haverá uma mudança na política em relação a Índios e colonos. Estes
passam a conviver em paz, no processo que ficou conhecido como a "pacificação dos mundurucus".
Os lusos sobem o Tapajós e vencem a batalha. A partir daí então, se estabelecera uma relação de
apaziguamento, e os próprios indígenas tomaram a iniciativa de estabelecer relações pacíficas com os colonos
da região. Por volta de 1795 na Fortaleza de Santarém foi negociada uma trégua.Neste mesmo ano o
governador Manuel da Gama Lobo d'Almada adotou a estratégia de pôr fim às hostilidades. Uma vez que o
poder colonial não contava com contingentes para continuar as guerras, alguns mundurucus, foram trazidos
para a fortaleza da Barra do Rio Negro.
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Troca de presente e outras ações como alianças contra inimigos em comum como contra índios
rebeldes e casamentos consolidaram a relação, os mundurucus tornaram-se aliados dos brancos, passando
até mesmo a operar como força militar para "pacificar" outros grupos indígenas.
Como conseqüência os mundurucus começam a manter um estilo de vida sedentário, sendo
conduzidos a um processo de articulação como os interesses do estado luso.
MURAS
Os Mura tinham suas áreas de ocupação mais intensa nas regiões do Madeira, Amazonas e Purus, sua
presença é documentada desde início do século XVIII. As primeiras notícias coloniais dão conta de uma
população nômade, com total domínio dos intrincados caminhos fluviais e das artes de subsistência nos rios e
lagos, que vivia embarcada durante as cheias, construíam suas habitações nas praias durante o verão. Nas
descrições da época, estas características eram associadas aos contatos com colonizadores lusos que os viam
como um povo, sem lei, sem agricultura, sem aldeias e sem cultura material.
Em meados do século XVIII, por volta 1714 foram realizadas as primeiras e tentativas de redução dos
Mura aos aldeamentos da Companhia de Jesus na região do Madeira. Desde então, foram vistos como
ameaças aos estabelecimentos implantados na região junto a outros povos, devido aos frequentes ataques, o
que lhes custaria uma historia de muita violência e um título. Os Guerrilheiros da Floresta. Atacavam os
núcleos, bem como contra as embarcações, o que impôs um atraso na ocupação daquela região. A história
da Vila de Trocano, nome colonial de Borba, a primeira vila da Amazônia, ilustra este período, por conta da
atuação dos Mura, os jesuítas transferiram-se para Trocano.
Este postura demandou a criação dos Autos da Devassa contra os Índios Mura do rio Madeira (1738-
1739), que consistia em uma ação judicial movida pelas ordens religiosas que atuavam na região do Madeira.
A partir de então, os Mura passaram a figurar como inimigos oficiais da Igreja e da Coroa portuguesa, passíveis
de serem mortos e escravizados. Durante todo o século XVIII, os documentos sobre os Mura posteriores à
Devassa repetiam e reforçavam imagens fortemente pejorativas. Os registros históricos dão conta de
“populações selvagens, tratáveis apenas através da guerra e do extermínio”.
Em 1757 o Diretório Pombalino que garantia liberdade formal aos índios, deixou os Mura de fora e
eles continuaram considerados inimigos oficiais da Coroa. A Carta Régia de 1798, que criou o Corpo de
Trabalhadores também os excluiu. em meados 1784 a criação dos primeiros aldeamentos leigos de índios
Mura “pacificados”. Estes aldeamentos eram freqüentados pelos Mura na época da colheita das roças. O resto
do tempo a população mantinha hábitos tradicionais de pesca, caça e coleta, utilizando para tanto os furos e
igarapés do sistema hidrográfico do rio Madeira. Embora discutíveis do ponto de vista da eficácia da
sedentarização da população que diziam abrigar, estes aldeamentos marcaram, no entanto, uma nova fase de
convivência destes grupos nativos com a colônia.
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Do ponto de vista da população indígena, o que ocorreu foi um gradativo abandono das vias principais
dos rios Madeira e Solimões pela região dos rios e lagos daquele sistema hidrográfico. Com isso ficava
garantida proteção e farta subsistência para inúmeros grupos que pontilhavam as margens dos rios, lagos,
igarapés, ocupando de forma extensiva e pouco densa um território de vastas dimensões. Os Mura detinham
o conhecimento sobre caminhos indevassáveis ao colonizador português; deste modo, sua presença era
registrada tanto na vila colonial de Borba, quanto nos rios Japurá, Purus, Solimões e Negro.
Para o naturalista Alexandre Rodrigues Ferreira. As tribos “pacificadas” não despertaram a atenção,
foram apenas nomeadas ou identificadas como grupos em extinção. Os ameríndios submetidos à colonização
eram praticamente invisíveis aos olhos de Ferreira. Em contrapartida, os muras considerados corsários da
floresta receberam um enorme destaque do explorador luso-brasileiro. A imagem dos muras recupera os
estereótipos do bárbaro.
Esses índios comenta o naturalista, mordem as pedras contra eles atiradas, cortam cabeças e arrancam
os dentes dos mortos e guardam como troféus. Seus prisioneiros eram logo transformados em escravos que,
em currais, serviam de sustento a seus senhores antropófagos. Entre eles, o espírito de vingança é o maior de
todos: “Dentre todo o gentio é esse o que menos se alinha” Por vezes, Ferreira considera-os irreversivelmente
bárbaros, incapazes da pacificação, contrários à agricultura e ao comércio, máximas dos planos pombalinos
para a Amazônia. Aos renitentes, conclui o comandante da Viagem filosófica e doutor de Coimbra, somente
resta a guerra de aniquilamento, o extermínio.
MURAS X MUNDURUCUS
Existe abundante documentação sobre as guerras de extermínio movidas contra vários grupos
amazônicos, os Muras, foram enormemente visados durante o século XVIII, com a pacificação dos índios Mura
em 1784, nada se fez para aldeá-los ou assisti-los, ao contrário do que ocorreu com os índios Maué e
Mundurucus. Abandonados e hostilizados, os Mura voltaram a atacar os colonos, matando em 1820 dois
soldados da guarnição de Crato. Um ano antes os Muras já tinham voltado a dificultar as comunicações fluviais
entre o Pará e o Mato Grosso, os portugueses trataram de mobilizar os Mundurucus contra os Muras com o
objetivo de enfraquecê-los, era possível que a hostilidade entre Muras e Mundurucus, documentada desde o
século XVIII fosse mais antiga, estendendo-se até a épocas pré-coloniais, com isso as autoridades regionais e
os colonos passaram a capitalizar em seu proveito, as tensões e rivalidades tradicionais que existiam entre os
índios.
MANÁOS
Em um afluente da margem esquerda do rio Negro, havia três grandes aldeias. Em uma delas reinava o destemido
Ajuricaba, amado e respeitado por sua gente. Filho de Huiuiebéu, um dos maiores chefes dos Manaus, tribo considerada a
maior confederação ameríndia da Amazônia, e neto de Caboquena, Ajuricaba era forte, robusto e corajoso. As filhas dos
tucanos e dos barés o disputavam, mas ele escolheu como companheira a mais bela cunhantã dos titiás poderosos.
Os brancos que aqui chegaram mataram e desonraram as belas índias, e por esse motivo Ajuricaba se rebelou contra
eles. Em 1727, à frente de centenas de bravos, guiou-os no combate ao invasor das terras. Em 1723, uma tropa de resgate
enviada de São Luís, sob o comando de Manuel Braga, foi atacada pelo guerreiro Ajuricaba. O governador paraense, sabendo
do feito, recorreu a Lisboa, pedindo armas, munições e soldados, alegando que Ajuricaba estava aliado aos holandeses. O
rei de Portugal enviou armas e um capitão, Belchior Mendes de Morais, com sua tropa ao rio Negro, a fim de proteger os
sertanistas dos ataques de Ajuricaba.
Belchior, não conseguindo conter a fúria de Ajuricaba, pediu reforço ao governador, que enviou o capitão João Paes
do Amaral e alguns soldados.
O missionário frei José de Souza conseguiu fazer uma aliança com Ajuricaba, trocou a bandeira dos holandeses pela
bandeira de Portugal, obtendo 50 escravos como resgate.
Os carmelitas, a serviço da Holanda, não gostaram do acordo feito com os jesuítas, pois tinham interesse nos Manaus
e no próprio guerreiro, visando à conquista da região.
O governador Maia da Gama pediu mais reforços da metrópole e convocou a chamada Guerra Justa, através de uma
lei de 28 de abril de 1688. Dos representantes que aprovariam o início da guerra, apenas o reitor do colégio dos jesuítas
votou contra. Assim foi declarada a guerra contra os Manáos e Ajuricaba. Segundo relato do cronista Ribeiro de Sampaio,
no primeiro confronto foram presos de 300 a 2 mil nativos. Ajuricaba perdeu o filho, o jovem Cacunaca, e foi também
prisioneiro e transportado para Belém. Próximo do seu destino final houve um motim, que colocou em perigo a tropa de
Belchior e Amaral. Dominado o levante, depois de muito derramamento de sangue, Ajuricaba e um amigo se lançaram nas
águas do rio que tanto amavam, morrendo afogados. O fato foi comunicado a Lisboa em 26 de setembro de 1727. Em
carta de 23 de janeiro de 1728, o rei D.João declarou ao governador Maia da Gama: “Tudo que obraste foi com acerto e
ajustado com as minhas ordens e se vos aprova o que nesta parte dispusestes”.
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TRATADOS DE LIMITES
A expansão dos portugueses no território sul americano por meio das expedições dos paulistas e a
ocupação da Amazônia no século XVII modifica de fato a repartição feita pelo velho Tratado de Tordesilhas
(1494). Sobretudo as explorações de Pedro Teixeira em 1616, ao lado de Francisco Caldeira Castelo Branco,
na fundação da cidade de Belém, permitem de fixar as etapas da conquista do Estado brasileiro do Pará.
Durante o século XVIII, entre Portugal e Espanha, foram subscritos vários tratados para a definição das
fronteiras entre os dois países, entre eles os mais importante foram: o Tratado de Madri (13 de janeiro de
1750) e o Tratado de Sant’Ildefonso (1 de outubro de 1777).
O primeiro Tratado de Utrecht foi firmado entre a França (Luís XIV) e Portugal (D. João V). Estabeleceu
os limites entre o Brasil e a Guiana Francesa, assegurando o nosso domínio sobre o Amapá (ou a Terra do Cabo
Norte), tendo como base o rio Oiapoque (Vicente Pinzón). O segundo Tratado de Utrecht (1715) Foi firmado
entre Portugal e Espanha. A Colônia do Sacramento era devolvida pela segunda vez a Portugal, porque os
espanhóis haviam atacado e retomado aquela Colônia. Os colonos espanhóis protestaram contra a devolução
e fundam Montevidéu, junto à Colônia do Sacramento, provocando novos choques na região. Na Holanda, sob
a mediação da rainha inglesa Anne, em 11 de abril de 1713, ocorreu a assinatura do Tratado de Utrecht entre
Portugal e a França, que estabeleceu o rio Oiapoque como limite entre o Brasil e a Guiana Francesa. O primeiro
tratado de limites ocorre com o Primeiro Tratado de Utrecht (1713). Por esse tratado a França reconheceu o
direito exclusivo de Portugal navegar no rio Amazonas, em troca do reconhecimento português da posse da
Guiana pelos franceses. Pelo Segundo Tratado de Utrecht (1715), a Espanha reconheceu a possessão da
Colônia do Sacramento (fundada em 1680) por Portugal, mas não de forma definitiva. Outros tratados foram
assinados entre Portugal e Espanha para a fixação dos limites no extremo sul.
Quando o capitão-general, João da Maia da Gama, em 19 de julho de 1722, assumiu o governo do
Estado do Maranhão e Grão-Pará, as investidas francesas começaram a ser combatidas de forma mais intensa.
No período de 1723 a 1728, além das rotineiras expedições guarda-costas, que percorriam o litoral, esse
governador ordenou quatro grandes expedições militares a região, comandadas pelos capitães João Paes do
Amaral, Francisco de Mello Palheta, Diogo Pinto da Gaya e Francisco Xavier Botero, que não chegaram a
combater invasores, contudo fizeram como que fossem reduzidas substancialmente as invasões francesas.
23
TRATADO DE MADRI (1750)
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naquele momento, o ouro de Goiás e Mato Grosso. Por outro lado, as missões religiosas localizadas na margem
oriental (leste) do Rio Uruguai que ficaram conhecidas como os Sete Povos das Missões estavam com os
jesuítas espanhóis, mas Fernando VI concordou em cedê-las a Portugal: mais importante do que a erva-mate
e as cabeças de gado dos pampas e as novas almas cristãs era a prata do ViceReino do Peru ou as especiarias
do Mar do Sul.
Em 1752, em Aranjuez, foi subscrito o Tratado aplicativo daquele de Madri, com as instruções para os
comissários: no artigo XX estabeleciam “... que os comissários, geógrafos e as pessoas mais inteligentes dos
três grupos da expedição, tomem nota das rotas, as distancias dos itinerários percorridos, sobre as qualidades
naturais dos lugares visitados; sobre os habitantes indígenas e os próprios costumes; os animais, os rios, lagos,
montes e outras características similares, coisas necessárias de serem conhecidas, atribuindo um nome, de
comum acordo, a todas as coisas que não o tivessem, de modo que possam ser colocadas, distintamente, nos
mapas e nas relações, e fazendo em modo que as observações sejam acuradas e bem feitas, não somente em
relação aos limites e a geografia do país, mas também para que possam servir ao desenvolvimento das
ciências, ao progresso da História Natural, das observações físicas e astronômicas”. É no âmbito de aplicação
do Tratado de Madri que se coloca a viagem de Giuseppe Antonio Landi ao Pará. Ele chega dia 20 de julho de
1753, com a última expedição composta de técnicos de várias disciplinas quais: astronomia, geografia,
engenharia e desenho. As nações ibéricas não resolveram totalmente suas disputas territoriais no vale
amazônico, por isso em 1752, na cidade espanhola de “Aranjuez”, decidiu-se definir através da
complementação das medidas do tratado de Madri(1750), a posse de regiões como o alto rio negro e alto
Solimões.
O antigo aldeamento de Mariuá no médio Rio Negro seria então transformado em lugar de conferência
entre as autoridades, a mesma recebeu toda a infra-estrutura necessária. Porém o encontro não foi necessário
e as demarcações aconteceram na cidade espanhola com o mesmo nome, como conseqüência maior, além é
claro das demarcações, foi que o aldeamento recebeu tanta infra-estrutura que quando transformada em vila
de Barcelos se tornou sede da Capitania de Saõ José do Rio Negro. A Comissão encarregada de demarcar os
limites amazônicos não teve qualquer sucesso. O Primeiro Comissário português, Francisco Xavier de
Mendonça Furtado (irmão do Marquês de Pombal), nomeado em 1753, aguardou em Barcelos, às margens do
rio Negro, a chegada do Primeiro Comissário espanhol, D. José de Iturriaga. Este, nomeado em 1752, deveria
dirigir-se a Caracas, subir o Orenoco até as cabeceiras do rio Negro e descer por este último, só tendo, porém,
chegado a Barcelos em fins de 1759, quando o Comissário português já tinha se retirado para Portugal.
As comissões tiveram um papel importante para a formação do território a partir da consolidação do estado nas
mais diversas áreas. Os primeiros comissários foram: Gomes Freire de Andrade, agraciado depois de Conde de Bobadella,
português, e o Marquês de Val de Lírios, espanhol.
Os trabalhos desenvolveram-se de 1752 a 1760, sendo que uma das tres "partidas" em que se subdividiu a
Comissão teve suas operações interrompidas, entre 1753 e 1758, pela violenta oposição feita pelos índios das Missões
religiosas do Oeste gaúcho - a tristemente célebre "Guerra Guaranítica".
Em setembro de 1751, chegava a Belém Francisco Xavier de Mendonça Furtado, irmão de Sebastião José de
Carvalho e Melo, que vinha como capitão-general e governador do estado e como plenipotenciário das demarcações no
norte, nomeado em 1753, aguardou em Barcelos, às margens do rio Negro, a chegada do Primeiro Comissário espanhol,
D. José de Iturriaga. Este, nomeado em 1752, deveria dirigir-se a Caracas, subir o Orenoco até as cabeceiras do rio Negro
e descer por este último, só tendo, porém, chegado a Barcelos em fins de 1759, quando o Comissário português já tinha
se retirado para Portugal.
Furtado foi substituído por d. Antônio Rolim de Moura, Conde de Azambuja, Governador de Mato Grosso e
posteriormente vice-rei do Brasil. A primeira partida foi incumbida de fazer o levantamento do trecho entre a confluência
dos rios Jauru e Paraguai e o curso médio do Madeira; a segunda, o traçado da linha paralela Madeira-Javari, e a terceira,
Solimões abaixo e Japurá acima, se encarregaria de estabelecer os limites pelas cordilheiras setentrionais até a foz do
Oiapoque no Atlântico. Participaram desta comissão: Antônio José Landi, João André Schwebel, Gaspar João Geraldo
Gronsfeld, Adão Leopoldo Breunig, Henrique Antonio Galluzzi, Sebastião José da Silva, Felipe Sturm e o pe. Inácio
Sermatoni (Stenmartony).
ADMINISTRAÇÃO POMBAL
“Marquês de Pombal” de Louis-Michel van Loo (1707-1771) e Claude-Joseph Vernet (1714-1789) (Museu da Cidade de Lisboa)
Em 1738, Sebastião de Melo foi nomeado no seu primeiro cargo público, como embaixador em Londres. Em 1745
foi transferido para Viena, Áustria. Depois da morte da sua primeira mulher, a rainha de Portugal, arquiduquesa Maria Ana
de Áustria mostrou-se amiga do embaixador ao arranjar-lhe o casamento com a filha do marechal austríaco Daun
(Condessa Maria Leonor Ernestina Daun). O rei D. João V, no entanto, pouco satisfeito com as prestações de Sebastião
de Melo, fê-lo regressar a Portugal em 1749. O rei morreu no ano seguinte e, de acordo com uma recomendação da rainha
mãe, o novo rei D. José I nomeou Sebastião como ministro dos negócios estrangeiros.
Ao contrário do pai, D. José foi-lhe muito benévolo e confiou-lhe gradualmente o controle do estado. O Terremoto
de 1755, o desastre abateu-se sobre Portugal na manhã do primeiro de Novembro (dia de Todos os Santos) de 1755.
Nesta data, Lisboa foi abalada por um violento tremor de terra, com uma amplitude estimada em 9 pontos na escala
de Richter. A cidade foi devastada pelo tremor de terra, pelo maremoto (um tsunami) e ainda pelos incêndios que se
seguiram. Sebastião de Melo sobreviveu por sorte, mas não se impressionou. Imediatamente tratou da reconstrução da
cidade, de acordo com a famosa frase: “E agora? Enterram-se os mortos e alimentam-se os vivos”.
26
Apesar da calamidade, Lisboa não foi afetada por epidemias e menos de um ano depois já estava reconstruída.
A baixa da cidade foi desenhada por um grupo de arquitetos, com a orientação expressa de resistir a terremotos
subsequentes. Foram construídos modelos para testes, nos quais os terremotos foram simulados pelo marchar de tropas.
Os edifícios e praças da Baixa Pombalina de Lisboa ainda prevalecem, sendo uma das atrações turísticas de Lisboa.
Sebastião de Melo fez também uma importante contribuição para a sismologia: elaborou um inquérito enviado a todas as
paróquias do país. Na sequência do terremoto, D. José I deu ao seu primeiro-ministro poderes acrescidos, tornando
Sebastião de Melo numa espécie de ditador. À medida que o seu poder cresceu, os seus inimigos aumentaram, e as
disputas com a alta nobreza tornaram-se frequentes. Em 1758 D. José I é ferido numa tentativa de homicídio, Sebastião
de Melo não mostrou misericórdia, tendo perseguido cada um dos envolvidos, incluindo mulheres e crianças. Com este
golpe final, o poder da nobreza foi decisivamente contrariado, marcando uma vitória sobre os inimigos. Pela sua ação
rápida, D. José I atribuiu ao seu leal ministro o título de Conde de Oeiras em 1759. No seguimento do caso Távora, o novo
Conde de Oeiras não conheceu qualquer nova oposição. Adquirindo o título de Marquês de Pombal em 1770, teve quase
exclusivamente o poder de governar Portugal até a morte de D. José I em 1779. A sucessora, rainha Maria I de Portugal e
seu marido Pedro III detestavam o Marquês. Maria nunca perdoou a impiedade mostrada para com a família Távora e
retirou-lhe todos os cargos. O Marquês de Pombal morreu pacificamente na sua propriedade em 15 de Maio de 1782. Os
seus últimos dias de vida foram vividos em Pombal e na Quinta da Gramela, propriedade que herdara de seu tio, o
arciprestre Paulo de Carvalho e Ataíde, em 1713. Hoje, ele é relembrado numa enorme estátua colocada numa das mais
importantes praças de Lisboa, que tem o seu nome. Marquês do Pombal é também o nome da estação de metropolitano
mais movimentada de Lisboa.
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elemento importante na manutenção e expansão dos espaços coloniais. Em outras palavras: Portugal, com uma população
bastante reduzida ficou impossibilitado de exercitar a imigração de massas metropolitanas, no que foi obrigado a confiar a
segurança da região à própria população local, através da “libertação” e “europeização’ dos indígenas. A Lei de 1755
estabeleceu a “liberdade dos índios” e acabou, pelo menos legalmente, com a escravidão. Dois anos depois, o trabalho
forçado voltava a ser regulamentado. Em 1757, o “Diretório que se deve observar nas povoações dos índios do Pará e
Maranhão enquanto Sua Majestade não mandar o contrário”, de autoria do governador Mendonça Furtado, torna-se
público, regulamentando e disciplinando vários aspectos de leis criadas antes de sua real efetivação.
A conjuntura portuguesa do século XVII demandava mudanças. Somente na primeira década da retomada da
colonização dos territórios amazônicos, importantes transformações entraram em curso com as leis de liberdades dos
índios, de 1755, consubstanciadas no Diretório publicado dois anos depois; a criação da Companhia Geral de Comércio
do Grão-Pará e Maranhão e os esforços para a demarcação dos limites previstos no Tratado de Madri.
As necessidades do Estado convergiam para alterações significativas na organização da produção e da
distribuição de mão-de-obra; na circulação de mercadorias graças à introdução da moeda metálica em 1749 e a tributação
decorrente, e na recuperação do aparato defensivo das capitanias.
Era necessário dinamizar a região amazônica descrita como tendo uma remota população com um território
enorme, economia indefinida, e as linhas de comunicação e administração muito frágeis, esperava-se que os governantes
designados para a região possuíssem, além da formação militar essencial para reorganizar as defesas, alguma experiência
no trato das questões administrativas
Mendonça Furtado servia no exército quando Pombal assumiu o governo, sendo então designado para os cargos
que ocupou nas províncias brasileiras do Pará e Maranhão, com a incumbência de reprimir as atividades dos jesuítas e
obrigar os índios, que eles dominavam, a submeter-se ao governo da Metrópole.
Em documento de 18 de janeiro de 1753. Propunham-se dois conjuntos associados de medidas econômicas e
políticas. As medidas econômicas se tinham o propósito de restabelecer o modelo agrícola colonial, fundado no trabalho
escravo negro. O que seria posteriormente aplicado a uma necessária companhia de comércio, que monopolizasse as
relações mercantis da Colônia transportando e vendendo seus produtos, resolvendo assim o problema da escassez de
transporte, vendendo os meios de produção necessários, resolvendo o problema do principal da aquisição de meios de
produção, sobretudo o negro, este atuaria então na agricultura propriamente colonial. aos índios a mao de obra para as
necessidades internas. Combinado com as medidas geopolíticas que diziam respeito à decisão de povoar a região do norte
da colônia com os povos nela originados.
Seriam aplicadas medidas de emancipação formal dos índios aldeados e da utilização sistemática da miscigenação
como instrumento de política populacional colonial. Essa estratégia fundamentará o conjunto de normas do Diretório dos
índios que se deve observar nas povoações dos índios do Pará e do Maranhão, assinado por Francisco Xavier de
Mendonça Furtado, em três de maio de 1757, e aprovado no Reino pelo Alvará de 17 de agosto de 1758.
Regressando a Portugal em 1759, foi nomeado secretário dos negócios do reino até 1762, quando ocupou a pasta
da Marinha e Ultramar. Quanto ao marquês de Pombal, ao ser empossado como secretario dos Estrangeiros no reinado
de D. José I - sucessor de D. João V, seu pai, falecido em 1750, por indicação de um de seus mestres, demonstrou logo
nas primeiras determinações a prepotência que caracterizaria sua atuação como homem de confiança do rei, degredando,
deportando, mandando prender e impondo reformas com mão de ferro (uma das medidas que decretou foi à criação
da companhia comercial entregue à direção de seu irmão). Pouco a pouco, ele enfeixou em suas mãos todos os poderes
do Estado, conservando-os até o fim do reinado.
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REFORMAS POMBALINAS
TERRITORIAIS
O Tratado de Madrid significou um acordo entre as coroas ibéricas e consistiram, em linhas gerais, em reconhecer
oficialmente os territórios já ocupados por ambas as partes. O tratado tinha por finalidade oficializar as margens fluviais,
marítimas e terrestres, definindo os limites dos poderes das Coroas.
O governo pombalino, ao engendrar em suas políticas a busca das demarcações fronteiriças e assegurar o poderio
luso nas terras brasileiras, teve por objetivo garantir a posição metropolitana no cenário mercantilista internacional. Com a
formalização das fronteiras coloniais, o poder metropolitano torna-se mais eficaz e as riquezas coloniais puderam ser
mensuradas, aumentando assim a capacidade lusa de negociação com as outras potências, como a Inglaterra, que fazia
acirrada marcação para garantir os ganhos com o estabelecimento da aliança.
Em instrução de 1751, para dar cabo e prosseguimento às partidas, o Marquês de Pombal comunica em nome do
Rei o envio de estrangeiros para a demarcação fronteiriça no norte.
Daí para dar maior concretude ao Tratado de Madrid e seus desdobramentos colocou em pratica também uma
serie de reformas na administração territorial da colônia, colocando sempre à frente a política de recuperação do estado
português.
O regime de capitanias hereditárias foi definitivamente extinto, com a sua incorporação aos domínios da Coroa
portuguesa. O estado retomaria esses territórios da iniciativa privada sob o pretexto de que o estado precisa investir em
novas políticas econômicas e melhorar o controle sobre aquelas áreas.
Em 1751 foi criado, no norte do atual Brasil, o Estado do Grão-Pará e Maranhão, subordinado diretamente a
Lisboa, não à capital do então Estado do Brasil, Rio de Janeiro; para governá-lo, Pombal enviou seu meio-irmão, Francisco
Xavier de Mendonça Furtado, com o fim de aplicar, na colônia, a política de transformação, nos moldes da Metrópole.
Em 1752, Furtado passou a ser o principal comissário, plenipotenciário, para o norte da América Portuguesa,
ficando responsável pela execução de diversos acordos internacionais; dentre os quais, a demarcação das fronteiras norte
do país.
1755: criação da Capitania de São José do Rio Negro, hoje Estado do Amazonas
1763, a sede do governo-geral da colônia foi transferida de Salvador para o Rio de Janeiro, cujo crescimento
sinalizava o deslocamento do eixo econômico do Nordeste para a região Centro-Sul.
O Estado do Maranhão foi a unidade administrativa criada em 13 de junho de 1621 por Filipe III, rei da Espanha,
que na época era também rei de Portugal, no norte do Brasil. Compreendia as capitanias do Maranhão, Pará, Piauí e do
Ceará. Assim a América portuguesa passou a ter duas unidades administrativas: Estado do Maranhão, com capital em São
Luís, e Estado do Brasil, cuja capital era Salvador. O objetivo da criação deste Estado era o de melhorar a defesa militar
na Região Norte e estimular as atividades econômicas e o comércio regional com a metrópole.
Em 1737 o Estado do Maranhão passou a intitular-se Estado do Grão-Pará e Maranhão, e a capital foi transferida
de São Luís para Belém. Posteriormente, em 1772, aconteceu uma nova divisão em dois Estados: o Estado do Maranhão
e Piauí, com sede em São Luís, e o Estado do Grão-Pará e Rio Negro, com sede em Belém. Dentre as inúmeras medidas
adotadas pelo Marquês de pombal, de grande relevância Para a história da Amazônia, foi à criação do Estado do Grão
Pará e Maranhão.
Pombal desfez a antiga divisão política, teve que incorporar aos domínios portugueses regiões, que antes
pertenciam à Espanha, o elemento divisor de Águas foi o tratado de Madri(1750), a região ocidental fora incorporada, e
seria preciso administrá-la. O novo modelo administrativo previa a centralização política, a cidade de Santa Maria de Belém
do Grão Pará, seria o ponto de partida, criado pela carta régia de 31 de julho de 1751. Para colocar em prática as medidas
tomadas pelo Marquês de Pombal, fora nomeado para o cargo, seu meio irmão, general Francisco Xavier de Mendonça
Furtado. Amazônia no século XVIII.
Neste período, o estado do Grão-Pará e Maranhão começa a ganhar destaque dentro da política ultramarina
portuguesa. Um fato que talvez seja uma demonstração da importância adquirida por aquela região no século XVIII é que,
em 1751, Francisco Xavier de Mendonça Furtado, irmão de Pombal, torna-se governador do estado do Grão-Pará e
Maranhão. Mendonça Furtado faz uma administração voltada, entre outras coisas, para o conhecimento dos rios e dos
caminhos, utilizando-se de todos os recursos possíveis para tanto. Assim, durante este governo, e principalmente após seu
término em 1759.
29
Mapa Geográfico reproduzido; In Estudos da História do Amazonas, Pontes Filho, Valer - 1999.
Em 03 de março de 1755, fora instalado pelo Governador Francisco Xavier de Mendonça Furtado, governador e
capitão general do Grão Pará e Maranhão, fazia parte da nova política lusa implementada pela política pombalina, uma
estratégia de melhor administrar a região ocidental do estado do Grão-Pará e Maranhão, defender as fronteiras e fortalecer
as políticas de crescimento de atividades econômicas.
O governador tinha interesse em acompanhar, de perto, as ações dos missionários, principalmente dos Jesuítas,
que há esse tempo estavam cuidando dos índios e se suspeitava de ações contra os interesses Lusos. Durante os trabalhos
das comissões de limites, ficou evidenciada a necessidade de uma medida que resolvesse esses problemas, garantir a
soberania portuguesa, sobre áreas completamente abandonadas, cobiçada por estrangeiros. Este objetivo seria
concretizado com a fundação de fortes, vilas e cidades, tendo como elemento propulsor, o projeto de ocupação no litoral,
Belém, São Luiz e Macapá, na Amazônia Ocidental os principais pontos seriam Mariuá(depois da lei do passaria a se
chamar Barcelos), a Barra do Rio Negro(Manaus), Saracá(Silves), Serpa(Itacoatiara), Ega(Tefé) e São José do Javari, no
médio Amazonas e Solimões; e ainda Trocano(Borba).
O Coronel Joaquim de Melo e Póvoas, sobrinho de Pombal, foi empossado como primeiro governador em 11 de
julho de 1757, A capital da capitania foi instalada na vila de Mariuá, atual Barcelos. O governador tinha interesse em
acompanhar, de perto, as ações dos missionários, principalmente dos Jesuítas, que há esse tempo estavam cuidando dos
índios e se suspeitava de ações contra os interesses Lusos. Durante os trabalhos das comissões de limites, ficou
evidenciada a necessidade de uma medida que resolvesse esses problemas, garantir a soberania portuguesa, sobre áreas
completamente abandonadas, cobiçada por estrangeiros.
Este objetivo seria concretizado com a fundação de fortes, vilas e cidades, tendo como elemento propulsor, o
projeto de ocupação no litoral, Belém, São Luiz e Macapá, na Amazônia Ocidental os principais pontos seriam
Mariuá(depois da lei do passaria a se chamar Barcelos), a Barra do Rio Negro(Manaus), Saracá(Silves), Serpa(Itacoatiara),
Ega(Tefé) e São José do Javari, no médio Amazonas e Solimões; e ainda Trocano(Borba). O Coronel Joaquim de Melo e
Póvoas, sobrinho de Pombal, foi empossado como primeiro governador em 11 de julho de 1757, sendo responsável pela
transformação de Mariuá à condição de capital da Capitania. Foi durante a administração de Melo e Póvoas que os antigos
aldeamentos missionários tornaram-se “vilas” ou “lugares”, com suas denominações portugalizadas, exceto Trocano, que
foi elevada à categoria de vila ainda em 1756, cumprindo, dessa forma, uma das medidas pombalinas.
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ila de Barcelos, quando da chegada das comissões de demarcações de fronteiras, 1780 - Gal João Pereira Caldas - Acervo INPA
A aldeia de Mariuá, fundada em 1728 pelo carmelita frei Matias de são Boaventura, inicialmente povoada pelos
índios Manaos, Bares e Baniwas, foi indicada em 1754 para sediar as negociações das demarcações de limites. A partir
de 1755. Começou a mudar de aspecto, com a chegada do pessoal das demarcações: de aldeia passou a ser “Arraial do
Rio Negro” e, a partir de um planejamento urbano, foram executadas diversas obras de infra-estrutura, tais como: os
aterramentos das áreas alagadiças; as construções de pontes ligando os bairros; aterramento das terras alagadiças;
arruamento de uma grande praça, em volta de que um engenheiro alemão Felipe Sturn erigiu o prédio da residência do
demarcador espanhol, o Palácio das Demarcações, local de reunião dos plenipotenciários, e a Casa de Espera, local das
cortesias entre os dois demarcadores de terras. A partir da formação da Capitania de São José do Rio Negro, o local que
já era o mais desenvolvido, se transformaria na capital desta, exercendo um papel importante no projeto português de
portugalizar a Amazônia.
A Capitania apresentava pequena atividade agrícola, eram cultivados o anil, o café, o tabaco, o cacau e o algodão,
arroz, milho, feijão, cana-de-açúcar e mandioca, praticamente sua produção era para o consumo interno, as vezes algum
excedente era exportado para a capital do Estado do Grão Pará ou a Lisboa, nos casos do café e do anil. A produção
extrativista das drogas-do-sertão continuava, podemos destacar o breu, a piaçaba, o cravo, a salasaparrilha, o cacau
selvagem, sementes, óleos para fins medicinais e culinários. A Capitania conhecerá um certo atraso no desenvolvimento
por conta de uma série de fatores, como as guerras indígenas e as dificuldades com a produção agrícola. A Capitania
conhecerá algum desenvolvimento durante a administração de Lobo D’almada em fins do século XVIII.
No contexto do século XVIII a população era formada por Brancos europeus, estes acentuaram seus números
com a participação destes nas comissões de demarcações, principalmente aqueles que se casariam com as índias por
conta da política de Pombal. Vinham de algumas regiões distintas de Portugal como: Douro, Minho, Trás os Montes,
Alentejo, Algarves e Ilhas Atlânticas. Negros que para cá vieram em maiores quantidades por conta da polítca de mão-de-
obra aplicada pela Cia Geral de Comércio do Grão Pará e Maranhão. Índios eram sem dúvida em muito maior número pois
também foram atingidos pela política de aldeamentos de Pombal.
REFORMAS ECONÔMICAS
Apesar dos problemas, Sebastião de Melo levou a cabo um ambicioso programa de reformas. Entre outras
realizações, seu governo procurou incrementar a produção nacional em relação à concorrência estrangeira, desenvolver o
comércio colonial e incentivar o desenvolvimento das manufaturas. No âmbito dessa política, em 1756 foi criada a
Companhia para a Agricultura das Vinhas do Alto Douro, à qual o ministro concedeu isenção de impostos nas exportações
e no comércio com a colônia, estabelecendo assim a primeira zona de produção vinícola demarcada no mundo, colocando-
se os célebres marcos pombalinos nas delimitações da região. Em 1773, surgia a Companhia Geral das Reais Pescas do
Reino do Algarves, destinada a controlar a pesca no sul de Portugal. Ao mesmo tempo, o marquês criou estímulos fiscais
para a instalação de pequenas manufaturas voltadas ao mercado interno português, do qual faziam parte também as
colônias. Essa política protecionista englobava medidas que favoreciam a importação de matérias-primas e encareciam os
produtos importados similares aos de fabricação portuguesa.
Como resultado, surgiram no reino centenas de pequenas manufaturas produtoras dos mais diversos bens. O
ministro fundou também o Banco Real em 1751 e estabeleceu uma nova estrutura para administrar a cobrança dos
impostos, centralizada pela Real Fazenda de Lisboa, sob seu controle direto. Em 1755 e 1759, foram criadas,
respectivamente, a Companhia Geral de Comércio do Grão-Pará e Maranhão e a Companhia Geral de Comércio de
Pernambuco e Paraíba, empresas monopolistas destinadas a dinamizar as atividades econômicas no Norte e Nordeste da
colônia. Na região mineira, instituiu a derrama em 1765, com a finalidade de obrigar os mineradores a pagarem os impostos
atrasados. A derrama era uma taxa per capita, em quilos de ouro, que a colônia era obrigada a mandar para a metrópole,
independente da real produção de ouro. Este é o momento de maior opressão colonial sobre o Brasil.
A situação econômica portuguesa exigia que o máximo de riquezas fosse transferido para os cofres de Portugal.
Nunca as finanças lusitanas dependeram tanto da sua colônia na América. Os rendimentos advindos do Brasil já não eram
tratados apenas como complementos das atividades econômicas da Metrópole, mas como essenciais. Essa opressão
tendeu a fortalecer-se na medida em que aumentava a dependência portuguesa em relação ao domínio britânico. Foi por
isso que, a partir de 1750, com o Marquês de Pombal e com a decadência da mineração, essa opressão chegou a níveis
insuportáveis, gerando o desejo da emancipação colonial. Porém, antes do governo pombalino, a situação dos colonos
brasileiros não era melhor.
A Companhia do Grão-Pará e Maranhão foi solicitada em 1752, por carta escrita pela Câmara Municipal de São
Luís do Maranhão, carta enviada ao Governador e Capitão-general Francisco Xavier de Mendonça Furtado, a fim de que,
por seu intermédio, se resolvesse o problema havido com o comércio de importação no Brasil de escravizados africanos,
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à vista da abolição formal da escravatura indígena. Assim, com o apoio dos cidadãos mais influentes de Belém do Pará,
este Governador endossou tal pedido a seu meio-irmão, o Marquês de Pombal, então primeiro ministro de Portugal, até
porque a idéia de uma Companhia coincidia com a política pombalina delineada. Prosseguindo e congregando grandes
comerciantes de Lisboa, do Porto e do norte do Brasil, foi ela fundada em 7 de agosto de 1755 (alvará de 7 de junho, que
aprovou seus estatutos), com sede na capital portuguesa: teve, na origem, o objetivo de adquirir em grande quantidade,
para as capitanias do Grão-Pará e Maranhão, escravizados oriundos de África, para desenvolver a agricultura.
Seus objetivos principais, obter e vender, em grande escala, escravizados negros nas capitanias sob sua
influência, bem como promover o comércio triangular entre África, Brasil e Europa. Para tanto, sua administração
compunha-se de um provedor, um secretário e oito deputados, de entre os quais seriam eleitos um vice-provedor e um
substituto, o que dava capacidade à Junta de Lisboa para eleger os oficiais necessários para seu bom governo, e para
serem criadas direções e administrações no Porto, Maranhão, Pará, Cabo Verde, Cacheu, Bissau e Angola; os estatutos
referiam
Para facilitar sua atuação, foi-lhe garantido usufruir de grande série de privilégios, dentre os quais:
Além disto, detinha ela não só o privilégio da exclusividade da navegação, como também do comércio e do
fornecimento da escravatura em toda a região em que atuava; isto tudo concedido por um período de vinte anos, contados
a partir da expedição da primeira frota, estes privilégios foram posteriormente ampliados pelo chamado "Alvará Secreto"
de 1757, ano anterior àquele em que zarparia a primeira das suas frotas para o Brasil, para onde a Companhia, além de
escravizados africanos, comerciava, com exclusividade, ressalte-se, produtos manufaturados, vários gêneros alimentícios,
ferramentas e utensílios diversos, retornando com açúcar, café, cacau, madeira, tabaco, 10 as chamadas “drogas do
sertão”, etc.; isto, transitando entre os portos de Bissau, Cacheu, Cabo Verde, norte do atual Brasil, Costa da Mina, Madeira
e Açores.
Com todos estes incentivos e o respeitável capital de que dispunha, a Companhia deteve o monopólio do comércio da
região por vinte anos, conforme lhe garantia o estatuto, já em sua constituição; neste período, estimulou as culturas locais
com a venda de maquinarias e a facilitação de créditos, transporte e fretes. Também fez concessões de sesmarias para
incentivar a agricultura, beneficiando os agraciados com a isenção de impostos e a distribuição de instrumentos agrícolas,
entre outras vantagens; como mão-de-obra, assegurou o fornecimento de escravizados africanos para a região. Por outro
lado, é preciso assinalar que, apesar das numerosas críticas de que foi alvo, é fora de dúvida que a ação da Companhia
trouxe benefícios para a região, fazendo florescer o comércio com Portugal, antes incipiente: se, até então, o movimento
se resumia a um navio por ano para a Metrópole, durante os onze anos que permeiam de 1760 a 1771, setenta e um navios
correram para o reino, transportando produtos diversos, tais como arroz, algodão, cacau nativo, madeira, “drogas do
sertão”.
Belém cresce de importância tornando-se a sede do governo e formando um primeiro plano urbanístico para o seu
desenvolvimento. Estimula-se a navegação ao longo dos rios Madeira e Mamoré, que se transformam nas novas vias de
acesso à região da Capitania de Mato Grosso, cuja sede se encontra as margens do Guaporé na Vila Bela da Santíssima
Trindade; a ocupação é completada com a construção do forte de N. Sra. da Conceição (depois, chamado de Bragança) e
do forte Príncipe da Beira, no território do atual estado de Rondônia.
REFORMAS RELIGIOSAS
A ação reformadora de Pombal estendeu-se ainda ao âmbito da política e do Estado. Nesse campo, o primeiro-ministro
empenhou-se no fortalecimento do absolutismo do rei e no combate a setores e instituições que poderiam enfraquecê-lo.
Diminuiu o poder da Igreja, subordinando o Tribunal do Santo Ofício (Inquisição) ao Estado e, em 1759, expulsou os jesuítas
da metrópole e da colônia, confiscando seus bens, sob a alegação de que a Companhia de Jesus agia como um poder
autônomo dentro do Estado português. Apesar de a Inquisição não ter sido oficialmente desmantelada, ela sofreu com o
governo de Pombal um profundo abalo, com medidas que a enfraqueceriam. Em 5 de Outubro de 1768 obrigou por decreto
os nobres portugueses anti-semitas (na altura chamados de “puritanos”) que tivessem filhos em idade de casar, a organizar
casamentos com famílias judaicas. Em 25 de Maio de 1773 fez promulgar uma lei que extinguia as diferenças entre cristãos-
velhos (católicos sem suspeitas de antepassados judeus) e cristãos-novos, tornando inválidos todos os anteriores decretos
e leis que discriminavam o s cristãonovos. Passou a ser proibido usar a palavra “cristão-novo”, quer por escrito quer
oralmente. As penas eram pesadas: para o povo - chicoteamento em praça pública e exílio em Angola; para os nobres -
perda de títulos, cargos, pensões ou condecorações; para o clero - expulsão de Portugal. Em 1 de Outubro de 1774,
publicou um decreto que fazia os veredictos do Santo Ofício dependerem de sanção real, o que praticamente anulava a
Inquisição portuguesa. Deixariam de se organizar em Portugal os Autos-de-fé.
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EXPULSÃO DOS JESUITAS
São claras as contradições que se punham contra os inacianos nos momentos que antecederam sua expulsão
em Portugal, sabendo-se que a Companhia angariou, devido às grandes proporções que tomou muitos simpatizantes e
também muitos inimigos. Uma das atividades que mais incomodava a respeito da prática jesuítica era justamente o ensino
ministrado nos colégios.
Não apenas pela formação cultural, mas, sobretudo pelo poder de “doutrinação” que a educação possui talvez
esta fosse a principal ameaça vista por Pombal.
Pombal governava com mãos de ferro para que esses objetivos não se perdessem. Durante esse período, todo e
qualquer indivíduo que se colocasse oposto aos ditames portugueses, poderia ser preso com a justificativa de ser contra o
reino. A expulsão da Companhia de Jesus. Para ele, o afastamento dos jesuítas dessa região significava tão somente,
assegurar o futuro da América Portuguesa através do povoamento estratégico. O interesse de Estado acabou entrando em
choque com a política protecionista dos jesuítas para com os índios e melindrando as relações com Pombal, tendo este
fato entrado para a história como uma grande rivalidade entre as idéias iluministas de Pombal e a educação de base
religiosa jesuítica.
Para Pombal, não foi mera coincidência que a segunda metade do século XVI marca o início da decadência lusitana.
O domínio que os jesuítas tinham da educação e das missões, os aldeamentos indígenas a suposta imensa riqueza
acumulada pelos jesuítas, com suas fazendas de gado, engenhos de açúcar e doações, a verdadeira rede internacional da
Companhia, tudo isso compunha um quadro que Pombal registrava como fazendo parte de um plano que vinha sendo
colocado em prática há mais de 200 anos e que era preciso arduamente combater. Pois causava prejuízos ao estado e
demandavam contra o seu pensamento político e reformista.
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O DIRETÓRIO DOS ÍNDIOS (1755/1798)
O Diretório dos Índios, como ficou conhecido esse estatuto, sistematizou uma série
de alvarás e decretos expedidos desde a chegada de Mendonça Furtado, acrescendo as
regras de fundação, funcionamento e gestão da nova estrutura em que deveriam se
transformar os aldeamentos. Assim, confirmou a liberdade indígena decretada pelos Alvarás
de 6 e 7 de junho de 1755
Transformou os aldeamentos em comunidades civis administradas por funcionários
da coroa os diretores, a eles seria atribuído as operações de descimento.
Confiscou e redistribuiu a agentes coloniais, militares e famíliares os bens das
ordens religiosas, suas fazendas e rebanhos de gado. Incentivava a miscigenação, o Alvará
de 4 de abril de 1755, no qual se decretava que os colonos luso-brasileiros casados com
índias não deviam ser discriminados, mas apoiados em favor dos interesses da coroa.
Regulamentou o uso e o pagamento da força de trabalho controlada, mantendo
basicamente as regras de repartimento entre os agentes coloniais. Administração colonial,
Igreja e colonos, nesse caso mantendo a possibilidade, também regulamentada, da busca
das drogas do sertão e indicou os caminhos para o desenvolvimento em geral, e da
agricultura em particular desde um amplo programa de educação, do que fazia parte desde
a formação de hábitos de trabalho sedentário até a indicação de espécies silvestres a ser
preferencialmente amansadas e de culturas que deveriam ser vistas como promissoras.
O Diretório, que vai vigorar na região até o ano de 1798, apresenta como
características principais à regulamentação do trabalho forçado dos índios e seu profundo caráter etnocêntrico, onde
evidencia a flagrante tentativa de portugalizar a Amazônia e destruir as diferenças e a alteridade representada pelas
culturas indígenas.
Podemos somar ainda ao Diretório as seguintes especificidades:
Nos primeiros 22 anos de vigência do Diretório até o encerramento das atividades da Companhia de Comércio, a
economia colonial amazônica teve crescimento modesto de 1,54% a.a. A produção cresceu a taxas de 2,99% a.a., mais
como um resultado do crescimento da população a 2,19% a.a. que pelo incremento da produtividade que se fez a meros
0,78% a.a.
Sobre os projetos de se de implantar uma economia de base agrícola, foi recorrente a menção aos esforços da
gestão pombalina na aquisição de escravos negros e na introdução de variedades novas de produtos agrícolas, como arroz
e algodão, no Grão-Pará. O merece analise foi a constatação de que a produção regional manteve nesse período a herança
do período anterior a Pombal, no qual se verifica a dominância do extrativismo de coleta. Mais precisamente, o valor dos
produtos do extrativismo de coleta cresceu no período a 1,44% a.a. ao passo que o da agropecuária cresceu em ritmo um
pouco menor, de 1,23% a.a.
A rigor, as atividades agrícolas iniciam o período de vigência do monopólio da Companhia com participação
importante, de 30%, no valor da produção da Colônia. Essa proporção cai até meados dos anos 1760, quando se aproxima
de 10%. A partir daí, recupera-se até atingir o patamar dos primeiros anos do período. A produção agrícola processada na
Colônia, como o açúcar e a aguardente, que apresentara relativa importância no início do período, perdeu significado
ao longo do tempo. A produção animal, por sua vez, cresceu em importância, apesar de lentamente.
Vilas e lugares foram erigidos em locais das antigas aldeias administradas pelos missionários. As mudanças se
fizeram presentes em aldeias quer foram estruturadas pela presença jesuítica bem como a criação de outros núcleos,
mudando sua nomenclatura usando nomes portugueses, no Pará principalmente, aonde os nomes a serem adotados
eram de cidades em solo português. Na área do Rio Negro foi menos intensa.
34
O FRACASSO DA POLÍTICA POMBALINA E A QUEDA DO GABINETE
Já nos últimos anos de seu governo alguns problemas ainda perduravam, como a questão das invasões dos
espanhóis nas fronteiras do Brasil com o Uruguai, o Maranhão e o Piauí se separaram do Grão-Pará.
A despeito de todo o esforço da política pombalina na Amazônia, em reunir, organizar e engajar índios, a serviço
do governo ou a de particulares, os resultados concretos foram poucos significativos, se comparados com as grandes
massas indígenas aparentemente disponíveis nos aldeamentos das antigas missões secularizadas por Pombal.
A sucessão de revoltas indígenas em várias partes da Amazônia, que é fértil nesse período, demonstra que os
índios aldeados e não só os índios tribais reagiram teimosamente, sempre que possível, às tentativas de integrá-lo à
economia e à sociedade coloniais.
Em 24 de Fevereiro de 1777 faleceu José I. Assume o trono D. Maria I um de seus primeiros atos como Rainha,
iniciando um período que ficou conhecido como a Viradeira, foi a demissão e exílio da Corte do Marquês de Pombal, a
quem nunca perdoara a forma brutal como tratou a Família Távora, a seguir libertou mais de 800 presos políticos, dentre
eles muitos jesuítas; a maioria encarcerada pelo pela política de Pombal
Terminava o governo do marquês de Pombal e iniciava-se a Viradeira, com a nova rainha D. Maria I a
restabelecer muita da influência perdida pela alta nobreza. Os conflitos de pensamentos e políticas entre Pombal e a
nova Rainha foram muito intensos. O afastamento de Pombal era inevitável, em 1779. Em 1781 foi julgado e condenado,
logo foi exilado.
Foto, Autor, Maria I – Jovem (Exposição – Brasil Setecentista) Rio de Janeiro, Dez 2015
D. Maria I decretou o fechamento das companhias de comércio, de fábricas de ferro-gusa, de outras empresas de
manufatura nas colônias. Demitiu todos os indicados a cargos públicos do governo pombal. Promoveu a industrialização
de Portugal.
Governou com o marido e tio, a quem fez chamar Pedro III, e fez uma política de conciliação, que começou com
o afastamento e julgamento, e banimento de Pombal e seus aliados.
Em 1786 ficou viúva, e em fins de 1791, louca. Seu filho D. João, embora só fosse feito formalmente Príncipe
Regente em 1799, governou desde 1792, sobretudo com D.Rodrigo de Sousa Coutinho, conde de Linhares.
Era a época da maior transformação por que passou o Ocidente. Em 1789 acontecera a revolução francesa.
Depois da agitação, que culminara com o terror, formara-se um novo tipo de governo, o Diretório na França revolucionária,
desponta a figura decisiva de Napoleão Bonaparte.
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Com efeito, a quantidade exportada dos produtos agropecuários cresce no período a 3,4% a.a. Dado que os
preços caem a -1,6% a.a., o crescimento da receita de exportação desses produtos se faz a um ritmo mais baixo, de 1,8%
a.a. Não obstante tratar-se de ritmo bem superior ao da produção extrativista, cuja capacidade produtiva se expande a
0,6% a.a., com preços decrescentes a -1% a.a., tal evolução não foi suficiente para contestar o domínio do extrativismo de
coleta da economia, setor produtivo que representava 61% na média dos últimos cinco anos do período colonial .
A Carta Régia de 12 de maio de 1798, de Dona Maria I, aboliu o Diretório e em seu lugar foi montada uma estrutura
militarizada para enquadrar os índios. A Rainha determinava na mesma carta que fosse formado um corpo de Milícias e
um corpo efetivo de índios. O pagamento deste corpo de Trabalhadores deveria ser o mesmo que na época do Diretório, “
Acrescentando a ração diária uma porção de Sal e dando-lhe uma outra de Aguardente quando andarem em viagens ou
estiverem nos matos”. A aguardente, cuja fabricação estivera proibida no período anterior, passa a ser usado como arma
dos colonizadores para destribalizar os índios.
O cuidado da Rainha estabelecia ainda que os índios em serviço obrigatório teriam dois uniformes cada ano, que
constarão de umas calças, uma camisa e uma vestia de algodão pintado de preto para cada indivíduo. A estrutura deste
Corpo de Trabalhadores era militar, com praças, cabos, sargento e capitães de mato. Todos os índios aldeados que viviam
na Amazônia, sem estabelecimento próprio ou ocupação fixa, eram obrigados a alistar-se no Corpo de Trabalhadores, com
exceção apenas dos que trabalhavam nos Pesqueiros Reais para quem a Carta Régia, previa a formação de aldeamentos
especiais destinados a concentrar a mão de obra indígena especializada na pesca, dispensando a tanto do Corpo de
Trabalhadores como o Corpo de Milícias. Eram os “currais” para o uso exclusivo da pesca para o Serviço Real, sem
qualquer possibilidades de cedê-los a particulares. As povoações indígenas passavam a ser governadas pelos juízes que
recebiam instruções para fazerem a lista exata de toda gente de serviço das suas povoações, estabelecendo uma escala
de prioridades:
1. O número de índios que deviam mandar para o serviço real (extração de madeira, arsenal real, e etc) e o número
dos que deviam entregar aos arrematantes dos contratos reais e das câmaras.
Desta forma a Coroa Portuguesa garantia os braços para seus serviços reais. Assim como aos colonos e
moradores, proprietários de roças, sítios, fazendas de comércio do sertão.
Para esses, excetuando algumas restrições, a Carta Régia mostrava confiar na livre iniciativa, dando total
liberdade para o estabelecimento de negociações diretas entre índios e colonos. Esta liberdade significava, em primeiro
lugar, liberdade para ocupar territórios indígenas. A carta Régia determinava Todo aquele indivíduo livre que quiser
estabelecer-se nas terras e povoações dos gentios lhe será concedida licença para isso, mas não poderá fazê-lo sem dar
parte ao Governo.
Em segundo lugar, liberdade de comerciar diretamente com os índios A todos será livre fazer comércio com os
gentios, e deveis permitir a introdução de todos os gêneros que carecem a exceção de armas de fogo, armas brancas.
E finalmente, liberdade para todo o colonizador procurar força de trabalho diretamente nas povoações onde
existissem índios aldeados não comprometidos com o Serviço Real ou então indo convidar aqueles índios que ainda estão
embrenhados no interior da Capitania a vir viver entre os Homens.
A Carta Régia de 1798, ao revogar o Diretório, adota medidas que favorecem o livre comércio entre indígenas e
colonos, prevê a adoção de guerras defensivas e promove a expropriação das terras e bens das aldeias em benefício do
tesouro. Das medidas repressivas contra os indígenas, a mais conhecida, por estimular um verdadeiro processo de terror,
ressuscitando oficialmente as guerras justas, é a Carta Régia de 13 de maio de 1808, assinada por D. João VI, autorizando
a guerra aos indígenas.
As necessidades de expansão econômica nas áreas de colonização mais antigas tornam as decisões em relação
aos indígenas dependentes da política de terras. Mesmo em meio às discussões sobre as medidas de brandura ou de força
a serem adotadas para a submissão dos índios, bem como aos direitos originários defendidos por José Bonifácio em seus
apontamentos para civilização dos índios bravos do Império do Brasil, o século se caracteriza pela prevalecência da opção
pela violência e, conseqüentemente, a expropriação da terra, definida na liquidação das aldeias consideradas extintas ou
miscigenadas através de lei de 1832. Agravando-se, mais tarde, a situação com a Lei de Terras de 1850.
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Com a finalidade de realizar um reconhecimento geográfico detalhado da região do rio Branco, em 30 de dezembro
de 1786, Lobo d’Almada recebe instruções do então governador da Capitania do Mato Grosso e chefe da Comissão de
Demarcação de Limites, João Pereira Caldas, para executar essa missão.
Em 1786 Lobo D’Almada foi nomeado pelo rei para o cargo de governador do Rio Negro, subordinado ao do Pará,
Pereira Caldas, porém, não lhe entregou o governo, continuando a ser a maior autoridade da região. Ambos levaram
adiante o incentivo à lavoura do anil, do arroz, café, cana, algodão, cacau(era a principal atividade agrícola tanto do Rio
negro quanto do Grão-Pará e, daí foi levado para o Maranhão, sendo, também plantado em Ilhéus, na Bahia, que se tornou
o maior centro produtor do país ) e tabaco, além dos produtos de subsistência, entre os quais a mandioca, que era o mais
importante, pois dela se fazia à farinha, que constituía a base da alimentação indígena. Novos produtos, como frutos
europeus, pimenta, linho, cânhamo, noz moscada, foram introduzidos. Mas o progresso da agricultura era obstado, em
grande parte, pela concorrência das “drogas do sertão”, cuja extração continuava a ser realizada; pela pobreza dos colonos
que não podiam montar uma empresa de grande vulto; Pelos ataques de índios; pela falta de mão de obra que não chegou
a ser suprida com a introdução do escravo africano e pela ação dos diretores de povoados que estavam mais interessados
no comércio das “drogas”. A agricultura, na verdade, continuava a ser de subsistência e o grande forte da economia, eram,
ainda as especiarias.
Em 1791, período em que Manuel da Gama Lobo D’Almada transferiu a para o Lugar da Barra. Na Barra, D’Almada
dinamizou a economia, construiu o Palácio do Governador, o hospital de São Vicente, um quartel, a cadeia pública, o
depósito de pólvora. Reergueu a pequena matriz e instalou pequenas indústrias. Ainda estava presente a coleta de drogas
do sertão: o breu, a piaçaba, o cravo, a salsaparrilha e o cacau selvagem.
No governo de Lobo D’Almada, ocorreram algumas rebeliões, tais como as dos muras e mundurucus. Estes foram
pacificados, graças a trocas e descimentos com o apoio do Governador
Neste teria havido um desenvolvimento econômico principalmente no setor agrícola, com incentivos às lavouras das
espécies nativas aclimatadas. Para isso, foram introduzidos, no setor, instrumentos agrícolas e haverá mudanças nas
técnicas de replantios através de mudas. Aconteceram, também, os primeiros ensaios de criação de gado nos campos do
Rio Branco.
Na Capitania, também se desenvolveram manufaturas, sendo que as mais promissoras as de manteiga de banha
e ovos de tartarugas do Solimões; uma indústria têxtil em Barcelos, produzido panos necessários para o fardamento da
guarnição como também para vestir os colonos e indígenas aldeados, chegando a empregar, em 1798, 157 índias
fiandeiras; uma indústria de beneficiamento do anil; a salga do pirarucu; as olarias de para confecção de objetos de louças
na Barra do Rio Negro, em Moura, em Poiares e em Barcelos; a preparação do Guaraná em bastão, pelos índios Mawés;
as feituras de cuias, chapéus de palhinhas, redes de algodão ou muriti e ralos; a produção de aguardente e, principalmente,
de farinha de mandioca, entre outras atividades.
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O que levaria estes homens, oriundos do outro lado do mundo, muitos deles aristocráticos ou bem estabelecidas
em seus países de origem, a se aventurarem na Amazônia, uma região tão erma perigosa, os mapas eram incipientes; os
índios, temidos; as condições insalubres e as doenças grassavam por todos os cantos e meios.
A razão básica e o motivo comum que levaram estas pessoas a tamanho
empreendimento teriam sido as lendas e mitos como o das Amazonas ou o Eldorado,
fantasiados num passado distante por navegantes dos séculos XVI e XVII, por Vicente Pinzón,
Francisco Orellana, Gaspar de Carvajal e Cristobal de Acuna Também pelo apreço que estes
expedicionários nutriam pelas ciências da terra e pelas descobertas. Pela Fama que as
publicações poderiam lhes trazer, assim como o apreço junto aos nobres e suas respectivas
coroas.
Índio Omágua (ou Cambeba) – iconografia, Alexandre Rodrigues Ferreira, apud Berta Ribeiro p. 81
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ALEXANDRE RODRIGUES FERREIRA - VIAGEM FILOSÓFICA(1783-1792)
Tudo faz crer que os manuscritos eram exclusivamente para uso oficial. As instruções de
viagem eram claras, não são os governantes que devem ser informados da qualidade dos produtos,
ou sua quantidade, lugar e uso. Só a Secretaria de Estado de Negócios de Ultramar se devem revelar
estes segredos. Neste particular, houve quem afirmasse que a missão de Rodrigues Ferreira foi mais
uma obra de inspetor do que de um naturalista. Como não foram publicados em Portugal, os
manuscritos acabaram passando às mãos do ministro do Brasil em Lisboa, Antônio de Meneses
Vasconcelos Drummond, que os remeteu juntamente com as ilustrações, para o Rio de Janeiro.
Houve então uma completa dispersão dos mesmos. Foi só recentemente que o Conselho
Federal de Cultura publicou as memórias de antropologia, zoologia e botânica, bem como a
iconografia referente à geografia, antropologia e zoologia. Faltou publicar a geografia e a iconografia
botânica, ambas bastante extensas. Durante a viagem filosófica, Alexandre Rodrigues Ferreira
escreveu 20 trabalhos em antropologia alguns transcrevem informações de terceiros ou de línguas, numa época em que a
sociedade colonial e da metrópole eram flagrantemente anti-indigenistas. Defendia os descimentos, ou reunião dos
indígenas em aldeias sob a batuta de um diretor e um padre. Reconhecia a inadaptabilidade do índio ao trabalho braçal,
recomendando o incremento da introdução de escravos negros. Nesse período, nada menos que 90% da população do rio
Negro eram indígenas. Seus escritos e ilustrações nos dão valiosas informações sobre os jurupixunas, os cambebas, as
caripunas (Karipúna) nenhuma idéia há de propriedade. Tudo é para todos..’, os muras (Múra) considerados maléficos,
ferózes, vingativos e pilhadores de outras tribos, os uerequenas, que praticavam a eutanásia (... um rasgo de piedade entre
eles, que para nós que pensamos é uma impiedade), os guaicurus (Guaikurú) “ajuntam-se em matrimônio como os animais,
voltando a mulher, as costas a seu marido’’, e os catauixis (Katawixí). Descreve as características dos tapuias (Tapúya),
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que andam tão contentes seminus, como o rei mais suntuoso vestido de gala. As riquezas para eles não têm o menor
atrativo estão unicamente ocupados com o presente, sem inquietação pelo futuro. Nega a existência dos “coatás-tapuias”
(homens de cauda do Juruá), afirmando: À medida que se vão adiantando os conhecimentos, e que a natureza vai sendo
observada por olhos mais exercitados, assim também se vê que vão desaparecendo as maravilhas que encantavam os
séculos de ignorância.
Seguindo instruções da Corte, deu prioridade para os informes de natureza social e econômica, preocupando-se
também com a situação da Igreja na Amazônia. Sobre a agricultura no rio Negro, afirma: O que de fato se produz muito
pouco, porque o trabalho de fazer é muito grande, e a preguiça muito mais.
Sobre o trabalho indígena na lavoura, diz: São galos do campo, que por mais milho que se lhes deite, com
dificuldade se habituarão às capoeiras. Na botânica, suas informações foram relativamente sóbrias. O Conselho Federal
de Cultura publicou cinco de seus códices. Sabe-se que o Instituto Botânico da Faculdade de Ciências de Lisboa possui
1213 exemplares de plantas da expedição representando 96 famílias , 445 gêneros e 812 espécies.
A iconografia deixada, fruto do trabalho artistico de Freire e Codina, é das mais ricas. São belíssimas as gravuras
de aborigenes, animais quadrúpedes, aves, anfíbios, répteis e peixes. Também as de armas, instrumentos musicais e
mecânicos, ornatos e utensílios domésticos dos índios, além de prospectos de cidades, vilas, e povoações, fortalezas e
edifícios, rios e cachoeiras. As gravuras originais dos animais e as de geografia do Madeira e Mato Grosso ainda se acham
no Museu de Ajuda, em Lisboa. Os originais de numerosas estampas e cópias mandadas fazer pelo ministro Drummond
acham-se na Biblioteca Nacional e no Museu Nacional.
HUMBOLDT
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1799 viajaram juntos durante cinco anos pela Espanha, Venezuela, Colômbia, Equador, Peru, Cuba, México e
Estados Unidos desta viajem resultou uma enorme obra que consagrou mundialmente os dois cientistas, entre vários
empreendimentos Bonpland dedicou-se, nesta expedição a botânica reunindo um herbário (coleção de espécies vegetais)
com sessenta mil espécies. Bonpland regressou a França onde ocupou o cargo de encarregado do Jardim Botânico de D.
Josefina esposa de Napoleão I.
Em 1814 Bonpland decidiu voltar para a América do sul a convite de Simon Bolívar para radicar-se na Venezuela.
O grande prestígio mundial de Alexander Von Humboldt está associado a sua viagem aos trópicos americanos
tendo, há mais de dois séculos, estabelecido uma rede extremamente delineada e complexa de informações
interdisciplinares e internacionais. Por tudo isso, e devido à sua importância científica, numerosas espécies animais e
vegetais, pontos topográficos, monumentos, estradas, institutos, sociedades científicas, museus e escolas têm o seu nome,
além das festividades que atualmente existem em sua memória. No México, por exemplo, ele foi homenageado com o título
de “Benemérito de La Pátria”. Na Venezuela, de “Servidor Eminente de Venezuela”. Em Cuba, se comemorou o centésimo
aniversário de sua morte. Lembrado como descobridor do Canal que ligava as Bacias do Rio Orenoco e Amazonas.
Batizada por ele de Cassiquiare.
Dois séculos depois, 39 pesquisadores da Universidade de Brasília (UNB) e de outras nove universidades do
Brasil e do Exterior encamparam o projeto do alemão. A equipe partiu do Caribe em 1º de setembro e conseguiu alcançar
o Atlântico no dia 4 de novembro, dessa vez com o apoio dos governos do Brasil e da Venezuela. Foram 9.200 quilômetros
navegados em 18 rios e canais da região. Os pesquisadores repetiram o percurso de Humboldt e seguiram em frente.
Desceram o rio Negro até Manaus e, depois de percorrer o Tapajós e o rio Trombetas, chegaram à foz do Amazonas,
contornando a Ilha de Marajó até Belém do Pará.
Por volta de 1845, os naturalistas ingleses Henry Walter Bates e Alfred Russel Wallace podiam ser vistos caçando
borboletas nos arredores da cidade de Leicester e trocando cartas sobre o assunto de interesse comum. Três anos mais
tarde, no dia 28 de maio de 1848 os dois jovens cientistas já estavam desembarcando em Belém para iniciar uma longa
permanência na Amazônia durante a qual não apenas capturaram dezenas de milhares de borboletas, como ajudaram a
mudar os rumo das ciência. Wallace queria que Bates o ajudasse a encontrar uma família de borboletas com o maior
numero possível de espécies. De modo que eles pudessem estudar de que forma elas se modificavam. Esses estudos
seriam à base da teoria da origem das espécies, mais tarde consagrada por Darwin. Filho de um operário têxtil, Bates não
dispunha de capital para financiar suas explorações e se sustentava com a venda de espécimes, principalmente de insetos,
para museus ingleses. Deste modo, permaneceu onze anos na Amazônia, de 1848 a 1859, recolhendo 14.712 espécies
de mamíferos, aves, répteis e insetos, sendo oito mil delas novas para a ciência.
De inicio, Bates e Wallace permaneceram juntos em Belém e arredores percorrendo o Tocantins. Depois, Bates
seguiu sozinho pelo Solimões até a fronteira com o Peru, retornando mais tarde para Manaus e daí para Londres. Em 1863,
ganhou fama com a publicação de “O Naturalista no Rio Amazonas”, ilustrado com desenhos minuciosos feito por ele
próprio e escrito num estilo primorosamente vivido, o livro cativou a imaginação vitoriana, tornando-se, mais tarde, um
favorito também de George Orwell e de D. H. Lawrence. Bates se tornou o maior especialista em mimetismo e um dos
grandes responsáveis pelo surgimento da teoria que fez a fama de Darwin.
Von Martius passou dez meses de sua vida na região norte do país, tempo suficiente para marcar os 40 anos
posteriores à sua passagem, tão intensa foi sua ligação com essa região, sendo seus estudos sobre botânica um grande
legado cultuado até os dias atuais, com a publicação de sua notória obra Flora Brasiliensis. Foi um dos pioneiros no estudo
do guaraná. Contudo, sua produção não se restringiu à botânica, e, de acordo com Erwin Theodor Rosenthal, é impossível
não consultar suas obras hoje quando se está fazendo pesquisa sobre metodologia histórica corrente no século XIX, por
exemplo, ou mesmo questões sobre etnografia, folclore brasileiro e estudos das línguas indígenas. Durante sua viagem,
enfrentou com profundidade diversos problemas referentes à história do planeta, à distribuição geográfica dos organismos,
aos indígenas da América. Uma de suas principais preocupações foi justamente a busca de produtos medicinais eficazes
que pudessem ser difundidos na Europa e mesmo na América.
Sua contribuição para o Brasil viria justamente de sua formação de especialista. Submeteu os conhecimentos dos
indígenas e dos colonos brasileiros a seu método científico, baseado, segundo ele, na indução e na verificação. Em seu
livro “Systema materiae medicae vegetabilis brasiliensis”, Martius relaciona 470 plantas medicinais do Brasil. Parte dela
não era conhecida dos indígenas, que praticavam uma medicina que considera por demais rústica. Várias espécies foram
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descobertas pelos europeus, que se basearam na analogia com as espécies usadas na Europa. Outras plantas, apesar de
serem utilizadas no resto da América, não eram do conhecimento dos indígenas locais. Ou seja, não basta a um povo estar
próximo de plantas úteis, se não souber tirar proveito delas. O botânico, procedendo ao reconhecimento das analogias
morfológicas íntimas que existem entre as plantas, é capaz de dizer muito sobre uma flora que até então lhe era
desconhecida.” “Talvez um dos viajantes que mais tenha invertido o mito do bom selvagem ao analisar os indígenas
brasileiros tenha sido Carl Friedrich Philipp von Martius. Ele acreditava que os índios eram os remanescentes degenerados
de povos “superiores” que teriam construído cidades, monumentos e teriam tido códigos de conduta muito mais “evoluídos”.
Suas críticas à crença no ´bom selvagem´ são explícitas. Johann Baptiste von Spix.
Na guerra contra Napoleão, dom João, o regente de Portugal, aliou-se aos ingleses. Diante da ameaça de invasão
de Portugal pelas tropas de Napoleão, a Corte portuguesa transferiu-se para o Brasil, garantindo a autonomia de dom João
e o comércio com a Inglaterra. A Inglaterra comprometeu-se a proteger os navios que transportariam a Corte portuguesa
ao Brasil, mas fez exigências como a abertura das colônias portuguesas ao seu comércio e o uso dos portos do Reino; O
embarque da Corte (cerca de 15 mil pessoas, carregando mais da metade das riquezas de Portugal) deu-se no momento
em que tropas napoleônicas, apoiadas pela Espanha, aproximavam-se de Lisboa.
A Corte chegou à Bahia em janeiro de 1808, de onde seguiu para o Rio de Janeiro. Nessa cidade, foi recebida
com grande festa. Cumpriu-se o acordo com a Inglaterra e os portos brasileiros foram abertos às nações amigas, o que
incluía a Espanha e a França. Sujeitando-se à Inglaterra, D. João tomou medidas que deram a esse país o domínio do
comércio brasileiro, como a abertura dos portos de 1808, que pôs fim ao pacto colonial, e os Tratados de 1810, privilegiando
a Inglaterra no comércio brasileiro. Em 1815, o Brasil foi elevado à categoria de Reino Unido de Portugal e Algarves. No
plano externo, ocupou a Guiana Francesa e o Uruguai. O governo de que D. João teve de enfrentar a Revolução
Pernambucana de 1817, que se caracterizou por buscar a independência e anular os diversos tributos cobrados pela
monarquia. Com todos os anteriores, o movimento foi violentamente reprimido.
A QUESTÃO DE CAIENA
Em 1797 o Diretório de Napoleão pretendeu impor tratado que dizia que o Vicente Pinzón era o Calçoene. O
ministro plenipotenciário de Portugal, Antônio de Araújo Azevedo, conde da Barca, criando dificuldades, foi convidado a
deixar a França em 24 horas (em 26 de abril de 1797); tentou mais tarde comprar a ratificação francesa, tendo se invertido
as posições: os franceses já achavam pouco o que exigiam, o declararam nul et non avenu (nulo), os portugueses agora
achavam suficiente e o ratificaram e acabou preso, entre dezembro de 1797 e março de 1798, na torre do À colônia chega
ao fim. Em 1801 Napoleão provocou a invasão de Portugal pela Espanha e novo tratado, a ser assinado por Lucien
Bonaparte. Quando o tratado está pronto, chegam instruções ainda mais severas. Os negociadores resolvem assiná-lo
com data anterior, para evitar recomeçar as discussões. Assim o de Badajós, de 6 de junho de 1801, entre Portugal, França
e Espanha, que fixava a fronteira no Araguari.
O futuro imperador não engoliu a desculpa e mais uma vez se recusou a ratificá-lo. A 29 de setembro o Tratado
de Madri estabeleceu a fronteira no Carapanatuba (próximo a Macapá). Pouco depois, em Amiens, na efêmera paz entre
a Inglaterra, a França, a Espanha e a Holanda, em 25 de março de 1802, a divisa era posta de volta no Araguari. Finalmente,
a 27 de outubro de 1807, o Tratado de Fontainebleau, entre França e Espanha, repartia Portugal e deixava para resolver
depois os despojos do Brasil. Nada disto teve qualquer conseqüência, já que não eram verdadeiros tratados, mas
imposições crescentes da mais poderosa das Franças.
Em 1º de maio de 1808, já instalada no Brasil a sede do Reino, que pretendia ser um império poderoso, cheio de
prestígio e que garantisse a segurança de seus súditos, D. João declarou guerra a Napoleão e aos franceses e considerou
nulos os tratados assinados anteriormente com aquele país.
Com o objetivo de ampliar seu Império na América, eliminar a ameaça francesa e, ao mesmo tempo, vingar-se da
invasão napoleônica em Portugal, D. João resolveu ocupar a Guiana Francesa, incorporando-a aos seus domínios. Para
tanto, enviou uma força militar com o objetivo de restabelecer os limites entre o Brasil e a Guiana.
Recebendo reforço naval da Inglaterra, as forças portuguesas partiram para o ataque e, em janeiro de 1809,
tomaram posse da Colônia em nome de D. João.
Em 1815, com a derrota de Napoleão, a posse da Colônia voltou a ser reivindicada pelo Governo francês, agora
sob o domínio de Luís XVIII. Como os termos da proposta francesa não foram aceitos por D. João, a questão passou a ser
discutida pelo Congresso de Viena, no mesmo ano. Nessas conversações a França concordou em recuar os limites de sua
Colônia até a divisa proposta pelo Governo português.
Entretanto, somente em 1817 os portugueses deixaram Caiena, com a assinatura de um convênio entre a França e o novo
Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves.
Entre as fronteiras do Pará e da Guiana Francesa transitava um grande número de negros fugidos. Em parte, isso
era reflexo das informações da abolição que vieram com as notícias da Revolução Francesa, especialmente do período do
Terror. Importante frisar que surgiram inúmeras comunidades desses escravos.
A transferência da Corte portuguesa para o Brasil, e a conseqüente abertura dos portos, não resultou no Pará nas
transformações por que passou o Rio de Janeiro. De início, a vida continuava quase a mesma. Nem a chegada de
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comerciantes ingleses alterou o cotidiano de vida das pessoas. O contato com Lisboa continuava a ser mais significativo
do que com o Rio de Janeiro, apesar das dificuldades enfrentadas por ocasião da ocupação franco-espanhola sobre
Portugal. Mas não só isso tornava o Pará uma realidade diferente da vivida mais ao sul. Por aqui, não foram raros os
momentos em que a elite local ocupou a direção política da capitania, depois província, intercalando o governo com as
autoridades enviadas pela Metrópole ou, nessa época, pelo Rio de Janeiro. Um exemplo dessa situação é o próprio ano
de 1820. O Pará era governado pelo capitão general Conde de VilaFlor, que por motivos pessoais teve que se ausentar,
indo até o Rio de Janeiro. E, de acordo com a lei, foi formada uma Junta de Sucessão composta por membros da sociedade
da província.
CONSEQUENCIAS
A participação do Grão-Pará na invasão da Guina Francesa foi inicialmente de dar apoio material e financeiro para
as tropas mercenárias contratadas junto à Inglaterra. Porém é importante observar o que era em si a Guiana Francesa,
uma área em disputas entre França e Portugal. Para os franceses um lugar de degredo, para onde a corte enviava suas
lideranças mais radicais, lideres de movimentos nas suas colônias e mesmo na Paris revolucionária.
Por lá havia a propagação das idéias iluministas e revolucionarias sua condição geográfica. Distante da Europa
determinava a aqueles que lá viviam uma condição de exilados.
O Estado do Grão Pará vivia uma relação de proximidade geográfica com a Corte portuguesa, uma viagem de
Belém a Lisboa, capital do império, durava em média vinte dias, enquanto que uma viagem ao Rio de Janeiro, capital do
Brasil durava até três meses. Isso permitia que as famílias mais abastadas do Grão Pará viajassem a Europa com certa
freqüência. De certa forma essa condição teria impedido a circulação das idéias iluministas e revolucionarias pelo Grão –
Pará.
O envio de figuras políticas a Caiena acabará por contaminá-los, podemos destacar o Frei Zagallo ou o Padre
Batista Campos, apelidado depois de o Benze Cacete. Políticos e autoridades também estiveram pela Guiana nesse
período.
O Padre Zagallo por volta de 1815 chega ao Pará apóstata e pedreiro livre, fanático da Revolução francesa,
disseminaria idéias subversivas entre os escravos. Na época da liberdade e da igualdade, afirmava, não podia haver
homens submetidos a outros. Os escravos principiariam a agitar-se. Temeu-se uma insurreição.
Mais tarde, Filipe Alberto Patronni, estudante paraense em Coimbra e partidário da revolução liberal do Porto,
também acenou para os escravos a idéia da liberdade. Um impulso que não teve confirmação na sua atuação posterior:
quando já idoso, vendeu seus bens no Pará e publicou anúncio de venda de escravos que repercutiu escandalosamente
em todo o país.
A galera Nova-Amazonas chegou ao porto de Belém no dia 10 de dezembro de 1820. E com ela vieram as notícias
da convocação da Cortes, em Portugal.
Nesta viagem vinha também Felipe Alberto Patroni, estudante da Universidade de Coimbra, que deixou Portugal
para defender, no Pará, o apoio à revolução e às idéias liberais e constitucionalistas que caracterizavam o movimento
iniciado na cidade do Porto. “Natural do Pará e pertencente ao quadro das elites da capitania, Felippe Patroni, entre 1816
e 1820, cursou Leis e Cânones na Universidade de Coimbra, retornando ao Pará logo após a eclosão da revolução vintista.
Proclamava-se homem de méritos e de talento, atributos que a melhor tradição iluminista apontava como imprescindíveis
ao exercício de um governo positivo. Patroni, assim, mostrou-se, a um só tempo, porta-voz das idéias alimentadas nas
primeiras horas do movimento constitucional português e pretendente ao governo do Pará
Outros adeptos da adesão do Pará ao movimento constitucionalista não compartilhavam com essa idéia. Tanto
que ao articularem secretamente o apoio à revolução, deixaram Felipe Patroni de fora.
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É que apesar de ser um entusiasta do movimento, ele não era simpático à elite local. As reuniões de apoio ao
movimento constitucionalista, ao que parece, eram realizadas na loja de José Batista da Silva, negociante paraense e
tenente de milícias. Participavam Domingos Simões da Cunha, negociante baiano e alferes e Joaquim Carlos Antônio de
Carvalho, português e alferes. Além deles, integraram-se ao movimento os coronéis João Pereira Vilaçae Francisco José
Rodrigues Barata.
Em reunião no dia 31 de dezembro de 1820, acertaram a eclosão do movimento para o outro dia, 1° de janeiro.
Neste dia, foi afastada a Junta de Sucessão, que estava no poder devido a viagem do Conde de Vila-Flor ao Rio de Janeiro,
e nova junta foi formada em apoio ao governo constitucional português. Essa nova junta a trazia à frente o Cônego
Romualdo de Seixas, e dela participavam o Cel. João Pereira Vilaça, o Cel. Francisco José Barata e outros portugueses.
O fato de apenas o cônego ser paraense levou Felipe Patroni, que também ficou de fora, a pressionar para a
realização de nova eleição devido a ausência quase total de paraenses. Nova eleição ocorreu e dois paraenses acabaram
eleitos. Mas a situação não ficou amena, pois paraenses e portugueses que há muito já viviam no Pará não viam com bons
olhos a presença na junta de pessoas como o Cel. Vilaça e o Cel. Barata, que haviam chegado há relativamente pouco
tempo na província. Numa estratégia de afastar Patroni da província, a junta de governo o indicou para representar o Pará
perante as Cortes de Lisboa. Ele ficou por lá de março a dezembro de 1821.
Em 10 de agosto de 1823 o capitão tenente inglês John Pascoe Grenfell, comandando o brigue de guerra
“Maranhão”, fundeou na barra de Belém e anunciou que há quase um ano Dom Pedro I proclamara a Independência do
Brasil, tinha o apoio da Inglaterra e não esperava nenhuma oposição no Pará. Era a gota d’água para um série de incidentes
políticos que iriam lançar a região num turbilhão que durou dez anos. Grenfell desembarcou em Belém sabendo que parte
da elite do Grão-Pará era hostil à idéia de separar de Portugal. Os anos de administração direta, separada do país, graças
a administração pombalina, tinha criado um corpo de funcionários e oficiais militares portugueses, sem falar da maioria dos
comerciantes e fazendeiros. A presença do poder colonial era tão forte que a Amazônia pouco se beneficiou das mudanças
liberalizantes que a vinda dos príncipe regente acabou de provocar. Por isso, Grenfell trazia ordens de afrontar o governo
paraense, inclusive com a ameaça de bloqueio naval e bombardeio da cidade.
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