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Velocidade da luz

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A velocidade da luz no vácuo,


simbolizada pela letra c, é, por definição,
igual a 299 792 458 metros por
segundo.[1] O símbolo c origina-se do
latim celeritas, que significa velocidade
ou rapidez.[2] A velocidade da luz em um
meio material transparente, tal como o
vidro ou o ar, é menor que c, sendo a
fração função do índice de refração do
meio.
A luz do Sol demora aproximadamente oito
minutos para chegar à Terra, que está a
uma distância média de cerca de 150
milhões de quilômetros, o que corresponde
a uma unidade astronômica.

Velocidade da luz no vácuo, em várias


unidades

metros por segundo 299 792 458


(m/s)

quilômetros por 299 792,458


segundo (km/s)

quilômetros por hora 1 079 252 848,8


(km/h)

Unidades 173,1446
Astronômicas por dia

Unidades Naturais 1
(ou unidades de
Planck)
Tempo aproximado para a luz percorrer:

1 metro 3,3 nanossegundos

1 quilômetro 3,3 microssegundos

De uma órbita 0,12 segundos


geoestacionária até
à Terra

O perímetro da Terra 0,13 segundos


(Equador)

Da Terra à Lua 1,25 segundos

Do Sol à Terra 8,3 minutos

1 ano-luz 1 ano (por definição)

1 parsec 3,26 anos

Da estrela Alfa 4,4 anos


Centauro à Terra

Atravessar a Via- 100 000 anos


Láctea
Da Galáxia de 2 500 000 anos
Andrômeda à Terra

Valor numérico, notação e


unidades
A velocidade da luz no vácuo é
geralmente denotada por c, de
"constante" ou da palavra latina celeritas
(que significa "rapidez"). Originalmente,
era usado o símbolo V, introduzido por
James Clerk Maxwell em 1865. Em 1856,
Wilhelm Eduard Weber e Rudolf
Kohlrausch usaram c para uma
constante, que mais tarde mostrou-se
que era igual a √2 vezes a velocidade da
luz no vácuo. Em 1894, Paul Drude
redefiniu c para o seu significado
moderno. Einstein usou V em seus
artigos originais em alemão, Annus
Mirabilis papers, sobre a relatividade
restrita em 1905, mas em 1907 ele
mudou para c, que então tinha se
tornado o símbolo padrão.[3][4]

Às vezes c é usado para a velocidade de


ondas em qualquer meio material, e c0
para a velocidade da luz no vácuo.[5] Esta
notação com índice, que é endossada na
literatura oficial SI,[6] tem a mesma forma
que outras constantes relacionadas:
nomeadamente, μ0 para a
permeabilidade do vácuo ou constante
magnética, ε0 para a permissividade do
vácuo ou constante elétrica, e Z0 para a
impedância do vácuo.

No Sistema Internacional de Unidades


(SI), o metro é definido como a distância
que a luz percorre no vácuo em
1⁄ de um segundo. Essa
299 792 458
definição fixa a velocidade da luz no
vácuo em exatamente
299 792 458 m/s.[7][8][9] Como uma
constante física dimensional, o valor
numérico de c é diferente para sistemas
de unidades diferentes.[nota 1] Em ramos
da física em que c aparece
frequentemente, como na relatividade, é
comum usar sistemas de unidades
naturais de medida em que c = 1.[11][12]
Usando essas unidades, c não aparece
explicitamente porque multiplicação ou
divisão por 1 não afeta o resultado.

Papel fundamental na física

Os raios demonstram a diferença entre a velocidade


da luz e a velocidade do som: primeiro vem a luz
(relâmpago) e depois o som (trovão).

A velocidade a que as ondas de luz se


propagam no vácuo é independente
tanto do movimento da fonte de onda
quanto do referencial inercial do
observador, de modo que a velocidade
da luz emitida por uma fonte em alta
velocidade é a mesma que a de outra
fonte estacionária. No entanto, a
frequência da luz (que define a cor) e a
energia podem depender do movimento
da fonte em relação ao observador,
devido ao efeito Doppler relativístico.

Todos os observadores que medem a


velocidade da luz no vácuo chegam ao
mesmo resultado. Essa invariância da
velocidade da luz foi postulada por
Einstein em 1905,[13] motivado pela
teoria de Maxwell do eletromagnetismo
e a falta de evidências para suportar a
hipótese de um éter luminífero;[14] e
desde então tem sido consistentemente
confirmada por diversos experimentos.

Quando se usa o termo 'velocidade da


luz', por vezes é necessário fazer a
distinção entre a velocidade só de ida e a
velocidade de ida e volta. A velocidade
de ida da luz do emissor até o receptor,
não pode ser medida
independentemente da convenção de
como sincronizar os relógios do emissor
e do receptor. No entanto, o que pode ser
medido experimentalmente é a
velocidade aproximada durante o
percurso total (ou a velocidade no
percurso de ida e volta) do emissor para
o receptor e o retorno ao emissor. Albert
Einstein formulou uma convenção de
sincronismo, determinando que a
velocidade de ida seja igual à velocidade
de ida e volta. A uniformidade da
velocidade unidirecional em qualquer
estrutura inercial dada, é a base de sua
teoria especial da relatividade, embora
todas as previsões experimentalmente
verificáveis dessa teoria não dependam
dessa convenção.[15][16][17][18]

A teoria especial da relatividade explora


as consequências dessa invariância de c
com a suposição de que as leis da física
são as mesmas em todos os referenciais
inerciais.[19][20] Uma consequência é que
c é a velocidade a que todas as
partículas sem massa e toda radiação
eletromagnética, incluindo a luz visível,
se propaga no vácuo. É também a
velocidade de propagação da atração
gravitacional, na teoria geral da
relatividade.

Distâncias astronômicas são


frequentemente medidas em anos-luz,
que é a distância que a luz percorre em
um ano solar, aproximadamente
9,46×1012 quilômetros.

Interação com materiais


transparentes
Representação esquemática da refração da luz

Passando por materiais transparentes, a


velocidade da luz é reduzida a uma
fração de seu valor no vácuo, sendo esse
seu índice de refração, uma
característica do material.[21] No ar, a
velocidade é pouco menor que c,
enquanto materiais mais densos como
água ou vidro podem reduzir a
velocidade da luz para 70 a 60% de c.
Fibras ópticas, muito utilizadas em
telecomunicações, normalmente
reduzem 30% da velocidade. Essa
redução também é responsável pelo
fenômeno da refração, quando a luz
passa de um material para outro.

Como a velocidade depende do índice de


refração, e este depende da frequência
da luz, tem-se que a luz em diferentes
frequências viaja a diferentes
velocidades no mesmo material. Isto
pode causar distorções das ondas
eletromagnéticas chamadas de
dispersão. Deve-se notar que ao voltar de
um meio físico para o vácuo, a luz
reassume a velocidade c sem receber
nenhuma energia.
Desacelerando a luz
Certos materiais especiais, como o
condensado de Bose-Einstein, têm um
índice de refração altíssimo, reduzindo a
velocidade da luz a meros 17 metros por
segundo. Em um experimento em 2001,
a equipe da cientista Lene Hau
conseguiu mesmo pará-la por
instantes.[22]

História
Desde a antiguidade clássica, vários
filósofos especularam sobre a
velocidade da luz.[23] Empédocles,
Aristóteles e Heron na Grécia e os árabes
Avicena e Alhazen deixaram, também,
suas opiniões. Johannes Kepler, Francis
Bacon e René Descartes, na Europa,
também citaram o assunto.

Isaac Beeckman, em 1629 realizou um


experimento envolvia a detonação de
pólvora. Beeckman colocou espelhos a
várias distâncias da explosão e
perguntou a observadores se eles
conseguiam ver quaisquer diferenças no
flash de luz refletido em cada espelho
que seus olhos alcançassem. O
experimento foi “inconclusivo”.[24]

Galileu Galilei propôs um experimento


em 1638, realizado em Florença no ano
de 1667, que fracassou. Seu experimento
envolvia colocar duas lanternas a uma
milha de distância e tentar ver se havia
qualquer atraso perceptível entre as
duas; os resultados foram inconclusivos.
A primeira técnica de medição foi
acidentalmente descoberta em 7 de
dezembro de 1676 pelo astrônomo
dinamarquês Ole Romer.[25] Enquanto
observava Júpiter e seu satélite Io, notou
que havia um atraso, o que o levou a
comentar num congresso de astronomia
que a velocidade da luz poderia ser
muito alta. Suas medições, combinadas
com outras de Christiaan Huygens,
chegaram a um valor abaixo do valor real
mas muito mais alto do que o de
qualquer fenômeno conhecido então.
Römer notou que o tempo entre os
eclipses podia variar ao longo do ano.
Curioso com isso, Römer começou a
tomar cuidadosas notas sobre o tempo
que a lua Io entraria em seu campo de
visão e como ela se correlacionava ao
tempo em que era normalmente
esperada. Depois de um tempo, Römer
notou que na medida em que a Terra
orbitava o Sol e se afastava de Júpiter, o
tempo que a Io levava para poder ser
vista era maior que o esperado segundo
suas anotações. Römer teorizou
(corretamente) que isso ocorria porque a
luz refletida da Io não viajava
instantaneamente. Römer foi capaz de
concluir que levava cerca de 22 minutos
para a luz atravessar o diâmetro da
órbita da Terra ao redor do Sol. Mais
tarde, Christiaan Huygens converteu isso
para números, mostrando que pelas
estimativas de Römer, a luz viajava a
cerca de 220 mil km/s. Em 9 de
novembro de 1676 Römer previu que o
eclipse de Io aconteceria com 10
minutos de atraso deixando a
comunidade científica impressionada.
Os cálculos de Römer só não chegaram
ao valor real porque os diâmetros das
órbitas da Terra e de Júpiter comumente
aceitos estavam errados na época. Ficou
sendo assim o primeiro cientista a provar
que a luz não tinha velocidade infinita
dando um valor razoavelmente próximo
do real.[24]
Newton, em seu livro Opticks, aceita um
valor quase igual ao de Romer. Foram, no
entanto, as observações de James
Bradley, em 1728, que elucidaram a
questão, calculando a velocidade num
valor apenas um pouco menor que o
aceito atualmente. Léon Foucault,
usando a roda de medir a velocidade da
luz inventada por Fizeau, publicou uma
aproximação melhor, e finalmente, em
1926, Albert Michelson, do observatório
Monte Wilson, publicou um valor preciso.

Eletromagnetismo
Ao resolver as equações de Maxwell[26]
no vácuo e sem fontes de campo é
possível obter a velocidade de uma onda
eletromagnética. Segue o procedimento:

Estas equações têm uma solução


simples em termos de ondas
progressivas planas senoidais, com as
direções dos campos elétricos e
magnéticos ortogonais um ao outro e à
direção do deslocamento, e com os dois
campos em fase:
Mas:

O que permite obter a equação da onda


eletromagnética:
De onde se obtém a velocidade da onda
eletromagnética (c):

Em 1865 Maxwell escreveu:

Esta velocidade é tão próxima


da velocidade da luz que
parece que temos fortes
motivos para concluir que a
luz em si (incluindo calor
radiante, e outras radiações
do tipo) é uma perturbação
eletromagnética na forma de
ondas propagadas através do
campo eletromagnético de
acordo com as leis
eletromagnéticas.

Ver também
Ano-luz
Velocidade do som
Relatividade geral
Experiência de Michelson-Morley
Astronomia
Física
Espaço-tempo
Teoria da relatividade
Velocidade da luz variável

Notas
1. A velocidade da luz em unidades
imperiais e unidades dos EUA é
baseada em uma polegada de
exatamente 2,54 cm e é exatamente
186 282 miles, 698 jardas, 2 pés, e
521⁄127 polegadas por segundo.[10]

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25. «Ole Rømer, o astrônomo que
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Consultado em 7 de dezembro de
2016
2 . «As Equações de Maxwell» .
UNICAMP. Consultado em 8 de
fevereiro de 2012

Ligações externas
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«Experiência de Michelson» (em


inglês)
NIST
«Desligando a luz» (em inglês)
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