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FACULDADES INTEGRADAS DE PATOS

CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO


DISCIPLINA: METODOLOGIA CIENTÍFICA
PROFª SÁRA MARIA DE LACERDA NÓBREGA

ELABORANDO RESENHA ACADÊMICA

Como um gênero textual, uma resenha é um texto em forma de síntese que expressa a opinião do
autor sobre um determinado fato cultural, que pode ser um livro, um filme, peças teatrais,
exposições, shows etc. O fato é que muitas pessoas chegam à faculdade sem saber como
elaborar uma resenha de boa qualidade — aliás, a maioria nem sabe como usar o português
corretamente.
O objetivo da resenha é guiar o leitor pelo emaranhado da produção cultural que cresce a cada dia e
que tende a confundir até os mais familiarizados com todo esse conteúdo. Como uma síntese, a
resenha deve ir direto ao ponto, mesclando momentos de pura descrição com momentos de crítica
direta. O resenhista que conseguir equilibrar perfeitamente esses dois pontos terá escrito a resenha
ideal.
No entanto, sendo um gênero necessariamente breve, é possível cometer o erro da superficialidade
O texto precisa mostrar ao leitor as principais características do fato cultural, sejam elas boas ou
ruins, mas sem esquecer-se de argumentar em determinados pontos e nunca usar expressões como
“Eu gostei” ou “Eu não gostei”, pois o texto é impessoal, essa é uma característica do texto científico,
aquele usado em TCC e artigos científicos.

QUALIDADES DE UMA RESENHA

A resenha deve possuir as mesmas qualidades de estilo imprescindíveis a todo texto escrito, como:
simplicidade, clareza, concisão, propriedade vocabular, precisão vocabular, objetividade e
impessoalidade.
Além disso, a resenha deve apresentar imparcialidade, atitude científica e privilegiar o essencial.
Veja a seguir.

Imparcialidade
Seja na defesa ou no ataque, o resenhista deve julgar as ideias da obra sem paixão, devendo
posicionar-se criticamente como um juiz e apresentar tanto os aspectos positivos quanto os
negativos da obra, sem defender ou lado ou outro devido a motivos externos à obra (amizade com o
autor, imposição de editoras, professores, colegas, etc.)

Cientificidade
A resenha, assim como todo trabalho acadêmico, deve ter cunho científico. Ou seja, estar em
conformidade com as exigências de objetividade e impessoalidade.

Privilegiar o essencial
Você deve falar apenas do que é mais importante na obra, pois o leitor raramente estará interessado
em muitos detalhes ou em partes menos importantes. Devido a isso é necessário respeitar o tempo
que ele está reservando para ler seu texto.

TIPOS DE RESENHA

As resenhas apresentam algumas divisões que vale destacar. A mais conhecida delas é a resenha
acadêmica ou universitária, que apresenta moldes bastante rígidos, responsáveis pela
padronização dos textos científicos. Ela, por sua vez, também se subdivide em resenha crítica,
resenha descritiva e resenha temática.
Na RESENHA ACADÊMICA CRÍTICA, os oito passos a seguir formam um guia ideal para uma
produção completa:

1. Identifique a obra: coloque os dados bibliográficos essenciais do livro ou artigo que você vai
resenhar;
2. Apresente a obra: situe o leitor descrevendo em poucas linhas todo o conteúdo do texto a
ser resenhado;
3. Descreva a estrutura: fale sobre a divisão em capítulos, em seções, sobre o foco narrativo
ou até, de forma sutil, o número de páginas do texto completo;
4. Descreva o conteúdo: Aqui sim, utilize de 3 a 5 parágrafos para resumir claramente o texto
resenhado;
5. Analise de forma crítica: Nessa parte, e apenas nessa parte, você vai dar sua opinião.
Argumente baseando-se em teorias de outros autores, fazendo comparações ou até mesmo
utilizando-se de explicações que foram dadas em aula. É difícil encontrarmos resenhas que
utilizam mais de 3 parágrafos para isso, porém não há um limite estabelecido. Dê asas ao seu
senso crítico.
6. Recomende a obra: Você já leu, já resumiu e já deu sua opinião, agora é hora de analisar
para quem o texto realmente é útil (se for útil para alguém). Utilize elementos sociais ou
pedagógicos, baseie-se na idade, na escolaridade, na renda etc.
7. Identifique o autor: Cuidado! Aqui você fala quem é o autor da obra que foi resenhada e não
do autor da resenha (no caso, você). Fale brevemente da vida e de algumas outras obras do
escritor ou pesquisador.
8. Assine e identifique-se: Agora sim. No último parágrafo você escreve seu nome e fala algo
como “Acadêmico do Curso de Direito das Faculdades Integradas de Patos (FIP)”

Na RESENHA ACADÊMICA DESCRITIVA, os passos são exatamente os mesmos, excluindo-se o


passo de número 5. Como o próprio nome já diz, a resenha descritiva apenas descreve, não expõe a
opinião do resenhista.

Antes de começar - 3 passos preliminares


Antes de iniciar a produção do texto há alguns passos importantes que você deve considerar para
que a qualidade do seu trabalho possa atingir um patamar de excelência.

Passo 1 Leitura da obra a ser resenhada


o primeiro passo é conhecer o objeto que será resenhado. Um detalhe importante: essa sua leitura
deve ser rápida, com o objetivo de conhecer a obra como um todo. Portanto, não faça anotações e
nem sublinhe nada.

Passo 2 Releitura
Na primeira leitura há elementos que passam despercebidos. É nessa etapa que se deve
lentamente, analisar aspectos mais pontuais da obra que será alvo da resenha. Use a técnica de
sublinhar, fazer esquemas com as ideias principais (tanto da obra quanto de cada capítulo) e tente
estabelecer relações entre tudo isso.
Ajuda muito: fazer perguntas e anotá-las no canto das páginas (se você estiver resenhando um
material escrito, claro). Isso força você a pensar sobre o material que tem em mãos.

Passo 3 Parar para pensar


Muitos já começam a escrever a resenha logo após a leitura do material. ERRADO!
Você deve dar um tempo para pensar sobre tudo, rever suas anotações, formar uma opinião e,
quem sabe, até buscar outras fontes que tratem dos mesmos assuntos, para poder fazer
contrapontos em relação ao texto..
Faça mais anotações e já tente formular os argumentos que utilizará em seu texto.

COMEÇANDO A ESCREVER A RESENHA


Partindo de tudo que foi dito, talvez você já tenha uma boa ideia sobre o que escrever em sua
resenha e até mesmo sobre a estrutura que deve seguir. Há uma série de questões que você deve
tentar responder em sua introdução. Veja:

1. De que trata o livro?


2. Ele tem alguma característica especial?
3. De que modo o assunto é abordado?
4. Qual é a tese do autor?
5. Qual a intenção do autor?
6. Que conhecimentos prévios são exigidos para entendê-lo?
7. A que tipo de leitor se dirige o autor?
8. O tratamento dado ao tema é compreensível?
9. O livro foi escrito de modo interessante e agradável?
10. As ilustrações foram bem escolhidas?
11. O livro foi bem organizado?
12. O leitor, que é a quem o livro se destina, irá achá-lo útil?
13. Comparando essa obra com outras similares e com outros trabalhos do mesmo autor, a que
conclusões chegamos?

Evidentemente, você não precisa responder a todas essas questões, sendo elas sugestões que
você pode utilizar no início de sua resenha.

COMO ESCREVER A CONCLUSÃO?

Outro ponto em que muitos têm dúvidas é na hora de escrever a conclusão.


Esse espaço final da resenha serve para expor sua avaliação geral sobre a obra.
Até aqui você já deve ter discutido os argumentos do autor e como ele os defende, assim como ter
avaliado a qualidade e a eficiência de diversos aspectos do livro ou artigo.
Agora é o momento de avaliar o trabalho como um todo, determinando coisas como se o autor
conseguiu ou não atingir os objetivos propostos e se a obra contribui de maneira significante para a
área de conhecimento da qual faz parte.

Ao escrever a conclusão, você pode considerar as seguintes perguntas:


 A obra usa graus de objetividade ou subjetividade apropriados à proposta inicial do autor?
 O autor consegue manter o foco da obra, sem incorrer em excesso de opinião própria ou falta
de fontes que comprovem seus argumentos?
 Em algum momento o autor deixa de considerar aspectos relevantes de sua área, como
outros pontos de vista ou teorias contrárias às dele?
 O autor conseguiu atender aos objetivos a que se propôs ao iniciar a obra?
 Que contribuições a obra traz para sua área de conhecimento ou grupo específico de
leitores?
 É possível justificar o uso dessa obra no contexto em que foi indicada (uma disciplina da
universidade, por exemplo)?
 Qual o comentário final mais importante que você faria a respeito dessa obra?
 Você tem sugestões para futuras pesquisas nessa área?
 De que maneiras ler/assistir essa obra contribuiu para sua formação?

Quantos parágrafos tem uma resenha?

O tamanho do seu texto pode variar muito, principalmente de acordo com o material que você estiver
resenhando.
Por isso, não há regra quanto ao número de parágrafos, mas se você estiver escrevendo uma
resenha para a faculdade, por exemplo, dificilmente você deve pensar em menos do que 2 páginas
do Word, o que daria entre 6 e 10 parágrafos, aproximadamente.

Como fazer a resenha de um texto acadêmico?


Quando trata-se de textos acadêmicos, pouca coisa muda em relação aos demais tipos de materiais
(livros, filmes, palestras, etc.).
Você deve considerar, no entanto, que um texto acadêmico deve ser impessoal — seus verbos
nunca serão escritos em primeira pessoa (eu, nós).
Leia mais: Aprenda a usar os verbos de modo impessoal.
Portanto, ao resenhar esse tipo de texto, siga as dicas já expostas acima, mas tenha um cuidado
ainda maior com a linguagem e atente para as normas da ABNT.

Preciso escrever quantas páginas?


Como já dito, depende muito da sua fonte. Não há regra fixa, mas tente nunca ficar abaixo das duas
páginas do Word.

Concluindo!

Fazer uma resenha parece muito fácil à primeira vista, mas deve-se tomar muito cuidado, pois
dependendo do lugar, resenhistas podem fazer um livro mofar nas prateleiras ou transformar um
filme em um verdadeiro fracasso.
As resenhas são ainda, além de um ótimo guia para os apreciadores da arte em geral, uma
ferramenta essencial para acadêmicos que precisam selecionar quantidades enormes de conteúdo
em um tempo relativamente pequeno.
Agora é questão de colocar a mão na massa e começar a produzir suas próprias resenhas!

Referência:

DIDIO, Lucie. Leitura e produção de textos. São Paulo: Atlas, 2013

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