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Espermograma, espermocitotograma 1.

PRINCÍPIO

1.1 Exame Físico

Realizado para analisar o sêmen, observando os seguintes:

1.1.1 Abstinência sexual

Para realizar o exame a pessoa deve estar de 3 a 5 dias.

1.1.2 Volume O normal é de 2,0 a 5,0 mL, isso pode variar com o tempo de abstinência.

1.1.3 Aspecto após liquefação

O normal é homogêneo, mas pode variar em ligeiramente grumoso e grumoso (heterogêneo)


que é conseqüência da liquefação incompleta, sendo que o normal seria que o sêmen
estivesse liquefeito após 30 minutos.

É característico, dando-se o nome de “sui generis”, mas que com o passar do tempo altera-se o
cheiro devido a três aminas prolialifáticas, denominadas Espermina, Espermidina e Putrescina.

O normal seria opalescente (branco opaco a cinza brilhante), mas pode variar em amarelo que
é indicativo de leucopermia e prospermia (inflamação da próstata); castanho que indica icterícia
obstrutiva; incolor-claro que mostra a diminuição de SPTZ ou ausência dos mesmos;
esbranquiçado, indicativo de grande quantidade de cristais ou aumento de SPTZ e
avermelhado ou hemorrágico, que indica hematospermia ou eritrospermia.

1.1.6 Viscosidade

Depende da ação resultante dos fatores de coagulação e liquefação, onde o normal pode
formar um fio de até 1,0 cm, mas pode também variar com viscosidade diminuída que dificulta
o atrito dos SPTZ, diminuindo a movimentação e viscosidade aumentada que também
dificuldade a movimentação dos SPTZ (viscosidade maior que 1,0 cm).

1.1.7 Reação pH

O normal é alcalino com intervalo de 7,2 a 8,0, seu aumento é indicativo de infecção no trato
reprodutivo e sua diminuição e associada ao aumento do fluido prostático, sendo que a
vesícula seminal contribui 70% com o pH alcalino e a próstata contribui com 30% do pH ácido.

1.1.8 Coagulação

O normal se dissolve de 5 a 30 minutos, mas também pode ser ausente (sem a formação do
coagulo) e persistente devido à disfunção prostática.

Pode ser completa, onde teve a dissolução do coagulo; primária, onde teve ausência do
coagulo e incompleta, que ainda apresente restos de coágulos.

1.2 Exame Microscópico


Esse exame e feito para a contagem de espermatozóides, leucócitos, diferencial de leucócitos
e contagem de hemácias.

A contagem de espermatozóides e realizada na Câmara de Neubauer, após a diluição com


solução salina a 0,9%, essa diluição e essencial, pois imobilizam os espermatozóides antes da
contagem. Faz-se a contagem dos espermatozóides e multiplica por 1 milhão, o normal é igual
ou maior que 20 milhões de SPTZ/mL.

Depois da contagem de SPTZ, o número encontrado é jogado no formula de

SPTZ/ejaculado, onde se multiplica o número de SPTZ contados pelo volume do ejaculado. O


normal pode ser igual ou maior que 30 milhões de SPTZ/ejaculado.

A contagem de leucócitos também é feita na Câmara de Neubauer, usando a mesma diluição


da contagem de SPTZ, onde o número de leucócitos é multiplicado por 50, e o valor normal é
menor ou igual a 1000 leuc/mm3. Depois é feito o diferencial, fazendo um esfregado na lâmina
e contaram com o reagente de Leishman.

A contagem de hemácias também é realizada na Câmara de Neubauer, multiplicandose o


número encontrado por 50, onde o valor normal é igual ou menor que 1000 hem/mm3.

1.3 Exame de Vitalidade Espermática

Antes de avaliar a vitalidade espermática, é verificado a motilidade espermática. A motilidade


sofre influência de vários fatores, entre eles, a viscosidade, a temperatura e as radiações
eletromagnéticas (raios-X, luz ultravioleta e a própria luz visível). Após longos períodos de
abstinência (superior a 30 dias), há um aumento significativo de espermatozóides imóveis. A
motilidade é um fator necessário para a fertilidade, porém, não é suficiente para indicar
capacidade de fertilização.

A motilidade é avaliada pela velocidade e pela direção, o normal seria de 50% móveis e 50%
imóveis. Dentre os móveis devem ser verificados os rápidos, lentos e “in situ” (se movem, mas
não saem do lugar).

A vitalidade espermática reflete na proporção de espermatozóides que estão "vivos". O método


de escolha é a técnica de coloração Eosina/Negrosina, os espermatozóides que estão mortos
absorvem o corante, então somente eles serão corados, podendo assim diferenciar os mortos
dos vivos classificando como eosina negativos ou positivos.

1.4 Exame de Morfologia Espermática

A presença de espermatozóides morfologicamente incapazes de fertilizar, também resulta em


infertilidade.

A morfologia espermática é avaliada em relação à estrutura da cabeça, gorjal, peça


intermediária e cauda. Anormalidades na morfologia da cabeça são associadas à má
penetração no óvulo, enquanto anormalidades no gorjal, na peça intermediária e na cauda
afetam a motilidade.

O espermatozóide normal possui uma cabeça em forma oval, com cerca de 5µm de
comprimento e 3µm de largura, e uma longa cauda flagelar com cerca de 45µm de
comprimento.
Os espermatozóides anormais são classificados da seguinte forma: 1. Cabeça: macrocéfalo,
microcéfalo, piriforme (semelhante a uma pêra), bicéfalo (cabeça dupla), tapering (em forma de
fita ou fusiforme), pin head (semelhante a cabeça de alfinete, minúscula), acéfalo (sem cabeça)
e microcéfalo com cabeça redonda e acrossomo ausente. 2. Peça intermediária: restos
citoplasmáticos (ectasias), angulação na inserção caudacabeça (pescocinho quebrado) e
espermatozóides unidos por peça intermediária. 3. Causa (flagelo): acaudais (ausência de
cauda), bicaudais, cauda espessa, cauda curta, cauda totalmente enrolada e cauda distalmente
enrolada. 4. Anomalias não classificadas (SPTZ amorfos). Também são pesquisadas células
da espermatogênese.

1.5 Citologia Oncótica Realizado para verificar a presença de células neoplásicas.

1.6 Exame Microbiológico

A presença de mais de um milhão de leucócitos por milímetro indica a presença de bactérias


no sêmen (bacteriospermia) e é um achado comum e pode ser relacionada com infecções. Os
processos infecciosos genitais geralmente são assintomáticos e afetam a atividade funcional
dos órgãos sexuais. Isso faz com que ocorra uma redução na qualidade do sêmen, que
consequentemente, causa infertilidade. Por isso, recomenda-se a investigação destes
microorganismos na rotina do espermograma, que pode ser feita através de um simples exame
bacterioscópico. Deve ser levado em consideração, que, os sêmens normais apresentam
alguns cocos Gram- positivos e, às vezes, uma flora mista constituída por bactérias
anaeróbicas.

1.7 Pesquisa de Fungos, Parasitos e Cristais

Deve-se relatar a presença de cristais, parasitas e fungos visualizados no exame microscópico.

1.7.1 Pesquisa de fungos

A pesquisa de fungos é para identificar alguma infecção e é observada através de uma


espermocultura para identificação dos micro-organismos e posterior fazer tratamento.

http://www.ebah.com.br/content/ABAAABapEAF/pop-s-espermograma

Conforme a intensidade da infecção pode ocorrer quadros obstrutivos que, dependendo dos
locais afetados, podem provocar azoospermia (ausência de espermatozóides), oligozoospermia
(diminuição do número de espermatozóides) e hipospermia (diminuição do volume ejaculado).

1.7.2 Pesquisa de parasitos

A pesquisa parasitaria é feita para identificação de alguma infecção por parasitas, dependendo
do parasita é feito o tratamento.

1.7.3 Pesquisa de cristais

A pesquisa parasitaria é feita para identificação de alguma infecção por parasitas, dependendo
do parasita é feito o tratamento.

1.8 Exame Químico


O líquido seminal tem como função primordial de transportar os espermatozóides ate o trato
genital feminino. É um meio tamponado que contém uma série de nutrientes capazes de
manter uma concentração de espermatozóides e um volume final, dentro dos valores normais.
Qualquer alteração que houver deste equilíbrio pode pôr em risco a fertilidade masculina. As
substâncias dosadas são as seguintes:

- Frutose: componente essencial para o metabolismo e motilidade dos espermatozóides. Ela é


secretada pelas vesículas e ampolas seminais e tem-se encontrado grande relação entre os
casos de oligozoospermia e/ou astenospermia e baixas concentrações de frutose que é
encontrada em processos inflamatórios ou infecciosos desses locais.

- Ácido cítrico: é produzido exclusivamente pela próstata e tem como função a manutenção do
equilíbrio osmótico do esperma e estabilizador dos processos de coagulaçãoliquefação. Em
casos de prostatites e processos neoplásicos esta substância encontra-se diminuída.

- Espermina, Espermidina e Putrescina: são três poliaminas, encontradas por todo o corpo,
porém em maior concentração no líquido prostático. A ausência desse odor característico está
relacionada com insuficiência prostática ou deficiências congênitas destas aminas.

- Fosfatase ácida: é a enzima que se encontra em maior concentração no esperma.

Tanto a fosfatase ácida como suas frações prostáticas apresentam-se diminuídas nos
processos infecciosos e/ou obstrutivos, e estão elevadas nos processos neoplásicos.

1.9 Exame Imunológico

Os espermatozóides são potencialmente antigênicos tanto para o homem como para a mulher.
Para o próprio homem, essa capacidade antigênica ocorre porque estas células, além de
serem haplóides, aparecem na puberdade, e o sistema imunológico reconhece os próprios
antígenos no período perinatal. O homem pode apresentar auto-anticorpos contra
espermatozóides no líquido seminal e no sangue. Assim, os anticorpos anti-espermatozóides
podem provocar a imobilização do gameta masculino ou impedir que ocorra a penetração no
gameta feminino.

2. PRINCIPAIS APLICAÇÕES CLÍNICAS

Este exame é de grande valia na investigação de fertilidade masculina e para verificação da


eficácia de cirurgias de vasectomia, através da análise do esperma. O espermograma
possibilita a obtenção de dados relativos à quantidade e qualidade dos espermatozóides -
avaliações físico-químicas, microscópicas, morfológicas, imunológicas, bioquímicas e
hormonais são realizadas.

3. AMOSTRA 3.1 Preparo do Paciente

- Caso o paciente apresente dificuldades para coletar o material, recomenda-se a coleta logo
pela manhã, antes de urinar;

- Se o material for colhido em casa, deverá ser entregue ao laboratório em no máximo 30


minutos;
- O material deve ser colhido no laboratório, pela forma de masturbação manual realizada pelo
paciente, devendo-se colocá-lo em uma sala de coleta a mais silenciosa possível, afastada do
movimento normal da recepção; - O paciente de estar com abstinência sexual de 3 a 5 dias;

- Caso o paciente deseja fazer a dosagem de frutose, deve-se estar de jejum de 12 horas; - O
paciente deve ser instruído para evitar perdas de material;

- Falar para o paciente anotar a hora exata da coleta.

3.2 Tipo de Amostra Líquido seminal.

3.3 Armazenamento e Estabilidade da Amostra

Os frascos de coleta deverão ser de vidro neutro, de abertura suficientemente larga, e deverão
estar rigorosamente estéreis. Devem ser resistentes o suficiente para se evitar acidentes
lamentáveis. O material deverá ser lavado com sabões neutros ou aniônicos e enxugado muito
bem para se evitar a presença de resíduos saponáceos.

O material deverá ser incubado na estufa a 37o C para que se possa identificar o tempo de
liquefação.

3.4 Critérios para Rejeição da Amostra

- Amostra insuficiente; - Amostra incorreta;

- Identificação incorreta;

- Não usar preservativos para coletar;

- Amostra de coito interrompido;

- Recipiente quebrado ou sem tampa;

- Recipiente não estéril.

4. REAGENTES

- Fita reativa (mesma usada na uranálise), para determinar o pH; - Solução salina para diluição;

- Corante eosina, para verificar a vitalidade espermática;

- Reagente de Leishman, para o diferencial de leucócitos;

- Reagentes para coloração de Gram.

5. EQUIPAMENTOS E MATERIAIS 5.1 Procedimento Manual

- Tubos de ensaio e estantes; - Pipetas, ponteiras e peras;


- Câmara de Neubauer;

- Lâminas e lamínulas;

- Microscópio;

- Frascos de vidro ou acrílico;

- Espectrofotômetro;

- Banho-maria;

- Fitas reativas;

- Materiais para cultura: placas de Petri, alça de platina, Ágar, entre outros;

- Estufa e capela.

5.2 Procedimento Automatizado

Para a análise do sêmen há no mercado vários equipamentos. Um desses é o

Spermalite SQA-V, destinado à análise automatizada do sêmen, associa tecnologia eletroótica


(detectores óticos de motilidade e de densidade espermática), algoritmos computadorizados e
vídeo microscopia. O sistema permite a seleção de uma programação de alta sensibilidade
para amostras pós-vasectomia e utiliza os critérios da Organização Mundial da Saúde (OMS)
para avaliação do esperma. O equipamento analisa os seguintes parâmetros:

• Concentração total de espermatozóides (milhões/mL - M/mL) • Motilidade (%)

• Motilidade progressiva (%)

• Motilidade não progressiva (%)

• Imotilidade (%)

• Morfologia normal (%)

• Concentração de espermatozóides móveis (M/mL) • Concentração de espermatozóides com


motilidade progressiva (M/mL)

• Concentração de espermatozóides funcionais (M/mL)

• Velocidade média dos espermatozóides (m/segundo - mic/seg)

• SMI - Índice de motilidade do espermatozóide (espermatozóides móveis progressivos versus


velocidade média dos espermatozóides) • Total de espermatozóides (milhões - M)
• Total de espermatozóides móveis (M)

• Total de espermatozóides progressivos (M)

• Total de espermatozóides funcionais (M)

Inúmeras são as vantagens sobre o exame realizado de forma manual, dentre as quais pode-
se citar: diminuição da subjetividade do método e a diminuição da subjetividade em relação ao
operador, avaliação dos espermatozóides viáveis como também a velocidade da progressão
em minutos, tornando a avaliação da fertilidade mais segura, aumentando a precisão e
exatidão do exame.

6. PROCEDIMENTOS

6.1 Procedimentos Manuais 6.1.1 Exame físico

A maioria dos procedimentos analisados só poderá ser estudada após a liquefação total do
material.

Na coagulação deve-se observar se houve ou não formação do coágulo logo após a coleta. Na
liquefação espera-se uma hora depois de colhido o material para observar se houve a
dissolução completa do coágulo.

Deve-se também observar a cor e o cheiro. O aspecto após liquefação deve ser homogêneo e
a viscosidade deve ser até 1,0 cm. Usa-se uma fita reativa (mesma usada na uroanálise) para
determinar o pH. Para aferir o volume e determinar a viscosidade usa-se uma pipeta graduada.

6.1.2 Exame microscópico

A contagem dos espermatozóides é realizada em Câmara de Neubauer, a partir de uma


diluição de 1:20 (0,1 mL do esperma bem homogeneizado + 1,9 mL de solução diluente).
Solução diluente: solução salina a 0,9% com 5% de formaldeído a 40%, em concentração final.

Conta-se no quadrante central (o mesmo para a contagem de eritrócitos) os quatro quadrados


laterais e o central, multiplicando o número obtido por um milhão, para obter-se a concentração
dos espermatozóides por mililitro (mL) de esperma.

Para a contagem de leucócitos e eritrócitos contam-se os quatro quadrantes laterais da

Câmara de Neubauer e multiplicam-se os valores achados por 50. O resultado é liberado em


milímetros cúbicos (mm³).

6.1.3 Exame de motilidade espermática

Trata-se de uma avaliação objetiva, realizada por exame microscópico da amostra não diluída.
Coloca-se a amostra na lâmina e cobre-se com uma lamínula determinando a porcentagem de
espermatozóides que apresentam motilidade ativa. Os espermatozóides devem ser avaliados
em seu movimento progressivo para frente.
Devem ser examinados aproximadamente 25 campos de grande aumento. A porcentagem e a
qualidade da motilidade devem ser determinadas em cada campo, devendose registrar uma
média desses resultados.

Nos móveis deve-se relatar a porcentagem de translativos rápidos, translativos lentos e móveis
“in situ”. Dentre os imóveis determina-se a porcentagem de eosina negativos e positivos.

Para a determinação dos móveis e imóveis com eosina, coloca-se uma gota do corante eosina
em uma gota da amostra não diluída na lâmina e cobre-se com lamínula. Os espermatozóides
corados com a eosina aparecem alaranjados, pois eles absorvem o corante, sendo estes os
mortos. Os vivos não absorvem o corante, ficando da cor natural.

6.1.4 Exame de morfologia espermática

- Anomalias de cabeça: a) Macrocéfalo; b) Microcéfalo; c) Piriforme d) Bicéfalo


Para observar a morfologia espermática deve-se fazer um esfregaço e corá-lo com algum
corante hematológico (Leishman, Panótico ou Giemsa). Há um grande número de tipos
morfológicos, porém, consideram-se os mais característicos. É determinada de acordo com a
região afetada. e) Tapering; f) Pin head; g) Acéfalo.

- Anomalias de peça intermediária: a) Restos citoplasmáticos; b) Angulação na inserção cauda-


cabeça; c) Unidos pela peça intermediária.

- Anomalias de cauda (flagelo): a) Acaudais; b) Bicaudais; c) Cauda espessa; d) Cauda curta;


e) Cauda totalmente enrolada; f) Calda distalmente enrolada.

Existem ainda anomalias não classificadas, devendo-se relatar a presença de espermatozóides


amorfos. No laudo coloca-se a porcentagem de cada anomalia dentro da porcentagem dos
anormais.

6.1.5 Citologia oncótica O mesmo procedimento do exame Papanicolau.

6.1.6 Exame microbiológico

Deve-se fazer um esfregaço em uma lâmina com a amostra não diluída e corar pelo método de
Gram. Se necessário fazer cultura. Observar no microscópio na objetiva de 100x. No laudo
relatar a presença ou ausência de microrganismos.

Deve-se ter um cuidado especial na coleta do sêmen para cultura. É necessário uma
higienização mais rigorosa e o paciente deve urinar antes da coleta da amostra, para evitar
contaminações. A cultura do plasma seminal para verificar a presença de microorganismos
tanto aeróbicos quanto anaeróbicos pode ajudar no diagnóstico da infecção de glândula
acessória, particularmente da próstata. Na cultura de bactérias aeróbicas, se a concentração
de bactérias exceder a 1000 unidades formadoras de colônias (CFU)/ml deve-se determinar os
tipos de colônias. Se as colônias parecerem uniformes, precisa-se fazer a determinação da
sensibilidade a antibióticos. Se tiverem aspectos distintos, pode-se suspeitar de contaminação.
Se a concentração de bactérias for menor que 1000 CFU/ml, a cultura deve ser considerada
negativa com respeito a microorganismos aeróbicos.

6.1.7 Pesquisa de fungos, parasitas e cristais

Pesquisa de fungos
Após a coleta é colocado um pouco do material em um tubo com meio de crescimento, para
que, se houver algum fungo, ele começar a se multiplicar. Esse tubo é incubado por alguns
dias a 37 ºC, e após esse tempo, observa-se o desenvolvimento do fungo ou não. Se houver
crescimento de algum fungo, é retirada uma parte desse material e feito um esfregaço, para ser
observado o tipo do fungo, para melhor tratamento.

Pesquisa de parasitos

A pesquisa de parasitas é feita através de esfregaço fixando e corado para melhor identificação
das estruturas presentes.

Pesquisa de cristais

Se for feito uma coleta correta do material, a presença de cristais, dependendo do cristal, pode
indicar alguma alteração que esta liberando esses cristais no ejaculado. Então são feita outras
pesquisas para identificar a causa dessa presença de cristais.

6.1.8 Exame bioquímico

A OMS recomenda a análise de pelo menos um marcador bioquímico para cada glândula
acessória genital, e há vários parâmetros seminais disponíveis para esta avaliação. Ácido
cítrico, zinco, g-glutamil transpeptidase e fosfatase ácida para a glândula prostática, frutose e
prostaglandinas para as vesículas seminais, L-carnitina livre, glicerilfosforilcolina e a-
glucosidase para os epidídimos podem ser utilizados como marcadores.

- Frutose: se nenhum espermatozóide for observado, um teste qualitativo para a detecção de


frutose deve ser efetuado. A frutose é uma substância androgênica dependente e é produzida
nas vesículas seminais. Ela pode ser dosada pelo método de Roe e consideram-se normais os
valores entre 1,0 e 3,5 mg/mL. Níveis baixos de frutose geralmente indicam deficiência na
atividade secretora das vesículas seminais, exceto em sêmens polizoospérmicos. A ausência
de frutose e um volume baixo de ejaculado, associado à incapacidade do sêmen de coagular-
se, sugere a ausência congênita do vaso deferente e das vesículas seminais ou a obstrução
dos ductos ejaculatórios. Valores elevados são raros e de significado clínico pouco conhecido.

- Ácido cítrico: reflete a capacidade secretora da glândula prostática. Mantém o equilíbrio


osmótico do sêmen, potencializa a atividade da hialuronidase, estabiliza o processo de
coagulação-liquefação. Há boas correlações entre zinco, ácido cítrico e fosfatase ácida
prostática.

- Zinco: níveis seminais deste cátion são determinados pelo método de Vallee &

Gibson. Consideram-se normais os valores entre 100 e 200 mg/ml. Valores baixos são
detectados quando há uma deficiência na atividade secretora da próstata, sobretudo aquela
causada por infecções. Valores elevados indicam que há um predomínio de secreção
prostática no ejaculado. Neste caso, o pH seminal geralmente é igual a 7,3.

- Espermina, Espermidina e Putrescina: são três poliaminas, encontradas por todo o corpo,
porém em maior concentração no líquido prostático. A ausência desse odor característico está
relacionada com insuficiência prostática ou deficiências congênitas destas aminas.

- A-glucosidase: até recentemente a L-carnitina era o marcador epididimário mais utilizado, mas
a dosagem da a-glucosidase foi instituída ultimamente em algumas clínicas. Há duas formas
isômeras da a-glucosidase no plasma seminal: a mais importante, neutra, originase
exclusivamente dos epidídimos e a menos importante, ácida, origina-se principalmente da
próstata. A a-glucosidase neutra tem se mostrado um marcador epididimário mais específico e
sensitivo que a L-carnitina e a glicerilfosforilcolina e sua dosagem é, portanto, de melhor valor
diagnóstico para a obstrução ductal distal, quando usada em conjunção com parâmetros
hormonais e testiculares. Além do mais, a técnica de dosagem da a-glucosidase neutra é mais
simples, mais barata e consome menos tempo que as dos outros marcadores.

6.1.9 Exame imunológico

Pesquisa de anticorpos anti-espermatozóides: os espermatozóides contêm diversos


componentes antigênicos em sua estrutura, que estimulam uma resposta imune em
determinadas circunstâncias, produzindo anticorpos anti-espermatozóides no homem (resposta
auto-imune), ou na mulher (resposta iso-imune). Os anticorpos espermáticos no sêmen
pertencem quase que exclusivamente a duas classes imunológicas: IgA e IgG.

Os anticorpos IgA têm maior importância clínica que os anticorpos IgG. Estes anticorpos
interferem em diversas etapas do processo de reprodução humana e reduzem as chances de
fertilização. Os anticorpos anti-espermáticos não destroem nem imobilizam os
espermatozóides, eles podem interferir no funcionamento espermático através da sua simples
aderência à membrana plasmática dos espermatozóides. Essa aderência pode levar a
aglutinação dos espermatozóides. Os anticorpos anti-espermáticos interferem também na
penetração normal e no trânsito dos espermatozóides no muco cervical.

Esse teste é recomendado na rotina do espermograma, sobretudo em casos de aglutinação


espontânea e/ou baixa de motilidade, em testes pós-coito negativo com espermograma normal
e em casos de infertilidade conjugal sem causa aparente.

7. CÁLCULOS 7.1 Exame Microscópico

Para a contagem dos espermatozóides na Câmara de Neubauer utilizam-se as seguintes


fórmulas:

- Espermatozóides por mL: Nº de SPTZ contados x 106 ;

- Espermatozóides no ejaculado: Nº de SPTZ contados x volume do ejaculado;

- Espermatozóides corrigidos: Nº de SPTZ no ejaculado x % normais x % translativos rápidos.

Para a contagem de outras células como hemácias, leucócitos ou células epiteliais utiliza-se a
seguinte fórmula: Nº de células contadas x 50 / mm³.

8. RESULTADOS (UNIDADE DE MEDIDA)

Contagem de espermatozóides: o número de espermatozóides é liberado em mililitros (mL). A


polizoospermia não é patogênica. A oligozoospermia é anormal.

- Normozoospermia: > 20 x 106 espermatozóides/mL.

- Oligozoospermia: < 20 x 106 espermatozóides/mL.

- Polizoospermia: > 200 x 106 espermatozóides/mL.


- Azoospermia: nenhum espermatozóide no ejaculado. A motilidade é avaliada de duas
maneiras: a quantidade de esperma com motilidade como porcentagem do total e a qualidade
do movimento espermático de progressão em linha reta, isto é, rapidez e a capacidade do
espermatozóide de produzir em linha reta. A amostra de sêmen será considerada normal se
mais que 50% dos espermatozóides forem do tipo A e B (translativos rápidos e lentos).

Na morfologia a quantidade de espermatozóides normais deve ser maior ou igual a 50% do


total. A quantidade de anormais deve ser menor que 50%.

9. VALORES DE REFERÊNCIA 9.1 Exame Físico

Volume: 2,0 – 5,0 mL Aspecto após liquefação: Homogêneo Cheiro: “Sui generis” Cor:
Opalescente Viscosidade: Normal (até 1,0 cm) pH: 7,0 – 8,0 Coagulação: Normal Liquefação:
Completa

9.2 Exame Microscópico

SPTZ/mL: ≥ 20x106 SPTZ/mL

SPTZ/ejaculado: ≥ 30x106 SPTZ/ejaculado

SPTZ/corrigido: ≥ 20x106 SPTZ/ ejaculado

Leucócitos: ≤ 1.0/mm³ Hemácias: ≤ 1.0/mm³ Motilidade:

Móveis: ≥ 50%

Translativos rápidos: ≥ 25% Translativos lentos: ≤ 15% “In situ”: ≤ 15%

Imóveis: ≤ 50%

Eosina negativo: ≥ 50% Eosina positivo: ≤ 50%

Morfologia:

Normais: ≥ 50% Anormais: < 50% Células da espermatogênese: ≤ 10% em 100 SPTZ

9.3 Exame Bioquímico

Frutose: 1,0 – 3,5 mg/mL Ácido cítrico: 3,8 – 8,0 mg/mL Fosfatase ácida: 400 - 700 UI/mL
Zinco: 100 - 200 mg/mL

10. CONTROLE DE QUALIDADE 10.1 Controle Interno

- Identificar as amostras corretamente; - Manusear e armazenar as amostrar corretamente;

- Identificar os Kits utilizados citando fabricante e número de catálogo, obedecer às normas de


armazenamento dos kits; - Observar a calibração das pipetas e equipamentos utilizados;
- Fazer uma limpeza e secagem correta dos materiais;

- Observar temperatura do banho-maria, caso for utilizar;

- Checar o funcionamento dos aparelhos;

- Citar a utilização de soros controles nas análises realizadas juntamente com a freqüência da
utilização dos mesmos; - Descrever o procedimento de verificação de novos lotes de controles
e reagentes.

10.2 Controle Externo

- Descrever os procedimentos utilizados nas avaliações de qualidade feitas por programas de


comparação entre laboratórios ou outros controles de qualidade: PNCQ-SBAC e/ou
PELMSBPC; - Definir como os dados de controle são arquivados e gerenciados.

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