Anamaria Silveira1
RESUMO
INTRODUÇÃO
O tema propõe uma reflexão em torno de questões que nos levam a refletir
sobre as novas formas de reconstrução e reapropriação de saberes que se anunciam nesse
inicio de milênio: o que é ser leitor e escritor nesta nova era? Qual o papel da escola nesse
processo? Que conhecimentos devem ser desenvolvidos, visando à formação de nossos
alunos? Essas e outras questões estão no bojo dessa discussão, tentando compartilhar
preocupações e encontrar caminhos.
Ao se falar em produção do conhecimento, estamos nos referindo à pesquisa
como ponto de apoio para a busca de novas aprendizagens.
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Docente do Departamento de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Federal de Rondônia- UNIR
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educa apenas com palavras, mas também pela postura revelada em suas atitudes ou no
conjunto de suas ações.
Esta coerência repercutirá no aluno que, por sua vez, decidirá a respeito de
querer ou não se tornar um sujeito crítico, criativo, conquistando sua autonomia intelectual. À
medida que o professor insere estas marcas no seu trabalho, ele abre possibilidades
significativas para a superação de práticas alienadas e alienantes como a pura cópia, a
imitação cega e submissa, enfim, a reles reprodução.
Isso significa que o trabalho docente em sala de aula deve ser realizado de
tal modo que o questionamento, a dúvida e a incerteza devem ser não só aceitos, como
também fomentados.
Atrevemos a afirmar que, se de um lado nunca tivemos tanto conhecimento,
tantas respostas prontas, fáceis e acessíveis sobre as questões que nos afligem, de outro, nunca
tivemos tanta alienação, ingenuidade e apatia.
Estabelecer a pesquisa como princípio educativo significa privilegiar a
construção e re-construção do conhecimento como processo central do ato educativo. Isso traz
implicações e responsabilidades, assim como o estabelecimento de uma postura de trabalho,
um “habitus” no tratamento metodológico das questões inerentes a produção do
conhecimento. Se observarmos a necessidade de avanços e buscas no ato educativo
perceberemos que o cotidiano escolar, apenas “parece” contemplar a pesquisa, o que na
realidade não ocorre. Urge deste modo, a reflexão sobre estes pontos para o estabelecimento
de uma nova práxis docente e discente.
A postura do professor diante dos desafios da produção do conhecimento
deve ser, em primeiro lugar, a do amor à sabedoria e a capacidade de inovar, tanto na sua área
de formação, quanto no sentido amplo da busca pelo conhecimento, conduzindo a
interpretação da cultura e da sociedade da época em que ele vive.
Isso significa que a atualização, o interesse em decifrar os enigmas postos
pelas questões que se passam na sociedade e a vontade de saber mais por amor ao
conhecimento, devem se constituir em inspiração e transpiração do professor. Este entusiasmo
deve estar estampado no rosto do docente, cujo ato educativo deve permear totalmente o seu
discurso.
Ao admitirmos que a dinâmica da sociedade implica em transformações
culturais, sociais, econômicas e políticas, é preciso que consideremos os efeitos (positivos e
negativos) destas transformações e que os coloquemos em questão. O professor, na condição
de intérprete privilegiado, difusor e produtor do conhecimento, é chamado a tomar posição
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diante dos fatos. Isso quer dizer que sua ação jamais será neutra no aspecto político. Por isso
mesmo, seu trabalho deve ter clareza quanto ao tipo de sociedade que ajuda a construir, ao
conjunto de valores que aspira. Além da dimensão política do trabalho docente ser tratada
com seriedade, é preciso que ele esteja comprometido com a “decência e boniteza” como diria
Paulo Freire, e também com a ética e com a estética.
O professor, numa relação armoniosa com o conhecimento, continua
vivendo a condição humana e, portanto, vive a fragilidade, a precariedade e precisa ser
consciente disso. É preciso que ele viva uma relação sadia com os seus semelhantes e com o
mundo que o rodeia. Esses aspectos, com certeza, apontam para um compromisso do
professor com a melhoria da qualidade de vida da sociedade.
O leitor pode saltar de um trecho para outro de uma obra, por meio do recurso do
hipertexto, sem necessariamente seguir a ordem determinada pelo autor; pode pular
páginas, fazer aparecer notas (ou o seu desaparecimento) no mesmo plano do texto
principal. Quebra-se a noção de princípio e fim que a materialidade do livro
impresso sugere. Pode ler trechos de várias fontes, quase que simultaneamente; abrir
diferentes obras, em uma mesma tela (...) criando a possibilidade de "navegar" por
diversos textos e fragmentos de textos, escolhendo os rumos da leitura.
(BIGNOTTO, 1998, p.8)
meio para o início do texto ou criar um novo começo. A linearidade da escrita, tão marcada
pelo suporte do papel, se altera completamente. Pode-se, rapidamente, alterar o tamanho e
estilo das letras, sombrear, colorir, sublinhar trechos ou todo o texto, rearranjar parágrafos ou
mesmo escrever sem digitar, bastando apenas falar para que o computador, que disponha de
reconhecimento de voz, vá registrando o que é falado. As possibilidades se apresentam como
viáveis. Quem sabe, gerações futuras, tendo a tecnologia da informática como mediadora,
registrem sua história sem precisar escrever com a mão uma única letra?
Porém, no interior da escola, as crianças continuam sendo ensinadas por um
processo mecânico, que tem no treino, na repetição e na memorização, os eixos norteadores.
Com todas as informações a que têm acesso fora da escola, pelos mais variados meios de
comunicação, as crianças aprendem que só podem escrever o que foi "ensinado" pela
professora e terminam por reproduzir uma escrita "escolarizada", impossível de ser
encontrada fora do espaço escolar.
Escritas que não revelam a forma peculiar e singular de cada criança
perceber o mundo, se relacionar, expressar e se comunicar, explicitam o método de
alfabetização utilizado que faz com que crianças diferentes escrevam de uma forma bastante
homogênea, onde a linguagem "perde" a dinamicidade, a pluralidade, a vida.
Pode-se dizer que a escola, de um modo geral, vive um "tempo parado", um
tempo a- histórico e a- temporal ignorando. Nesse sentido é que Edgar Morin (2000) chama
atenção para o papel da escola no século XXI, afirmando que a era planetária, o atual
momento histórico em que vivemos, precisa situar a todos no contexto e planetário bem como
em sua complexidade. O conhecimento do mundo como mundo, é vital para desenvolver
uma nova forma de competência, que possa dar ao cidadão do novo milênio o acesso às
informações sobre o espaço planetário e como ter a possibilidade de articular e organizar as
informações, de tal forma que possa proporcionar a reforma do pensamento, uma reforma que
seja paradigmática e fundamental para a educação.
Para esse autor, a escola deveria ser um lugar privilegiado, onde os alunos
pudessem usar, praticar, refletir e discutir sobre as imagens, informações e saberes que as
linguagens da tecnologia produzem e veiculam. Como lidar com o excesso de informações a
que temos acesso hoje? Como separá-las em "úteis e proveitosas" ou "inúteis e perigosas"?
Tudo é educativo.... todos educam....a sociedade é uma grande agência
educativa. Seguindo esse raciocínio, a educação escolar encontra-se invadida por centenas de
mestres-educadores com diferentes linguagens e instrumentos pedagógicos; muitas escolas
têm utilizado a televisão e o vídeo como metodologias novas às aulas, dando oportunidade de
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garantir, na escola, espaços para que os alunos e professores aprendam a apreciar, analisar e
criticar as imagens e informações a que têm acesso através do uso das linguagens das
tecnologias, ampliando, assim as suas competências comunicativas.
No processo de troca das diferentes formas de ler, dizer, fazer, compreender,
aprender e ensinar que circulam entre os alunos e professores, é que a singularidade dos
sujeitos vai se constituindo. Sujeitos que avançam na construção e apropriação de novos
saberes a partir da troca, da relação e da interação com os outros e com o mundo, no espaço
da intersubjetividade. Vygotsky (1989) compreende que o papel do outro na elaboração do
conhecimento é de suma importância, haja vista que tais intermediações colaboram na
construção do conhecimento.
Não se trata apenas de utilizar a qualquer custo as tecnologias. Várias
escolas já as utilizam sem alteração significativa da relação ensino/aprendizagem que baseada
na transmissão de conhecimentos, permanece linear e impositiva, apesar do advento da
tecnologia.
À guisa de tais considerações, Pinto nos lembra que
[...] Cabe à escola preparar cidadãos para a "leitura" e "escrita" dos elementos que
constituem a linguagem audiovisual, não só numa perspectiva técnica, como
também em seu aspecto ético de divulgação de mensagens. É preciso educar para
uma interação crítica com a mídia audiovisual, onde desmistifique-se e se relativize
sua estética ilusionistas [...] (PINTO, 1996:10)
É necessário saber selecionar o que usar, como usar e para que usar,
principalmente quando se utiliza o computador nas salas de aula, incorporando no dia-a-dia da
escola as linguagens da tecnologia, que deve vir acompanhada de novos atores, educadores,
na produção e no tratamento dos conhecimentos , além de novas formas de apropriação dos
saberes. Pois o saber daquele que ensina, deve estar muito alem daqueles que aprende.
O mundo do ciberespaço nos aponta para as inovações das quais não
podemos mais desprezá-las. Inevitavelmente, a Internet tornou-se o veiculo de comunicação,
onde indivíduos e grupos navegam em busca de miríades de informações disponíveis,
dispondo de diferentes conhecimentos em rede.
Com a tecnologia do CD-ROM, as bases de dados multimídias interativos
on line pode-se ter acesso, de modo rápido e atraente, a vastos conjuntos de informação,
estando fora ou dentro da escola.
O convite é desafiador, face ao paradigma que ainda norteia o processo
ensino-aprendizagem em nossas escolas: o professor é colocado na posição daquele que
"possui" o conhecimento, e sua tarefa é "transmiti-lo" aos alunos. Embora já faça parte do
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discurso escolar de que não se aprende apenas na escola, a prática pedagógica revela a crença
presente no interior das instituições escolares, de que o estatuto do conhecimento passa pela
escolaridade.
O desafio da escola é grande, pois a incorporação das novas tecnologias no
seu ambiente já é um fato, a linguagem tecnológica já se faz presente não como apenas mais
um "instrumento pedagógico", mas como um meio facilitador de ensinar e aprender dando às
escolas uma chance de repensar e re-significar o processo de construção e apropriação dos
saberes.
Considerações Finais
políticos de toda ordem. O sinal vermelho está aceso e empurra para frente os descontentes e
acomodados junto à imensa multidão daqueles que buscam pelo mundo novo, pela utopia. E
aí as possibilidades da educação são imensas. Esse texto indica algumas pistas. Experiências
têm sido feitas em direção ao ensino participativo - o construtivismo é uma das mais
promissoras. São trincheiras e resistências da contra-corrente.
REFERÊNCIAS