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SERVENTIAS NOTARIAIS – INTENSIVÃO SERVENTIAS

Disciplina: Prática de Tabelionato de Notas


Prof.: Osvaldo Canela
Data: 13/01/2008

PROCURAÇÃO

1. Natureza jurídica: é o instrumento do mandato (CC, art. 653, caput, segunda parte). Não con-
fundir mandato com mandado. Espécies: a) por instrumento particular ou por instrumento pú-
blico; b) ad judicia ou ad negotia; c) apud acta.
2. Mandato: é o contrato pelo qual o mandatário, ou procurador, recebe do mandante poderes pa-
ra, em seu nome, praticar atos ou administrar interesses. CC, art. 653.
3. Características do mandato:
a. Contratualidade: exige manifestação de duas vontades. CC, arts. 657, 659 e 675.
b. Representatividade: há representação do mandatário em relação ao mandante, com to-
das as repercussões jurídicas. CC, art. 665.
c. Revogabilidade: os contratantes poderão extinguir o contrato sem a anuência do outro.
CC, art. 682, I, 1ª parte.
4. Requisitos:
a. Subjetivos: capacidade dos contratantes;
b. Objetivos: objeto do negócio;
c. Formais: forma livre, em princípio.
5. Espécies de mandatos:
a. Tácito e expresso;
b. Verbal e escrito;
c. Gratuito e remunerado;
d. Judicial e extrajudicial;
e. Simples e empresário;
f. Aparente;
g. Geral e Especial;
h. Em termos gerais e com poderes específicos;
i. Simultâneo, conjunto, solidário, sucessivo e fracionário.
6. Ratificação do mandato: CC, arts. 662 e 665.
7. Extinção do mandato:
a. Pela revogação ou pela renúncia;
b. Pela morte ou interdição de uma das partes;
c. Pela mudança de estado que inabilite o mandante e conferir poderes, ou o mandatário
para os exercer;
d. Pelo término do prazo ou pela conclusão do negócio. CC, art. 682.

ATA NOTARIAL

1. Definição: é o “registro de ato ou fato solicitado ao tabelião de notas por interessado, para que
transponha fielmente em palavras, indicando pessoas e ações que os caracterizam” (Walter Ce-
neviva, Lei dos Notários e dos Registradores Comentada).
2. Natureza jurídica: prova pré-constituída. Não se confunde com a medida cautelar de produção
antecipada de provas (CPC, art. 846).
3. Objeto: narração de fatos jurídicos. Poderá, eventualmente, destinar-se à narração de um ato
jurídico.
4. Distinção entre ata notarial e escritura pública: a primeira se destina a narrar fatos jurídicos, en-
quanto que a segunda objetiva formalizar negócio jurídico. Outrossim, as atas têm eficácia me-
ramente probatória.
5. Espécies de atas:
a. Ata de comprovação ou inspeção: constatação de fatos.

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b. Ata de declaração: descreve uma confissão ou um testemunho. Também conhecida co-


mo Ata de declaração testemunhal.
c. Ata de intimação: ciência de um fato ocorrido.
d. Ata de notificação: admoestação para que alguém faça, ou deixe de fazer, algo.
e. Ata de registro: fixação ou conservação de determinados dados.
f. Ata notarial de documento eletrônico: descrição de fato representado em meio eletrôni-
co.
g. Ata de presença: o mesmo que ata de comprovação ou inspeção.
h. Ata de referência de titularidade de domínio: diligência e levantamento da documentação
formadora da cadeia de domínio de um bem, principalmente imóvel, em determinado
período retrospectivo.
i. Ata de notoriedade: o notário, através de diligências continuadas, obtém a comprovação
e fixa em relato a existência de fato notório.
j. Ata de protocolo: incorporar ou unir à ata um documento que resulta protocolizado com
ela. Objetiva conservar o documento e autenticar a sua existência.
k. Ata de depósito: o notário recebe em depósito coisas, documentos e valores. Materializa
um contrato de depósito.
l. Ata de subsanação: saneamento, de ofício ou a requerimento das partes, de erro mate-
rial ou omissão contida em instrumento público notarial. Não é, em princípio, admitida
no Brasil, pois vige aqui o princípio rogatório. Ainda, a correção de erro material, embora
permitida, é considerada aditamento do ato.
6. Forma: adotará, no que couber, as normas concernentes às escrituras públicas (CC, art. 215). É
documento protocolar ou extraprotocolar? Dependerá das normas-técnicas estaduais. Se regis-
trada no Livro de Notas, sim.
7. Observações importantes:
a. O notário deverá ser imparcial.
b. A narração do fato jurídico será desacompanhada de qualquer juízo de valor.
c. A linguagem a ser utilizada é a técnico-jurídica.
d. O comportamento escorreito do notário é que estabelecerá a confiança do julgador em
sua atividade.
e. O notário não examina a legalidade ou a moralidade dos fatos jurídicos que descreve.
f. O notário poderá utilizar todos os seus sentidos para narrar o fato jurídico.
g. Admite-se, em tese, auxílio de perito, se houver questão técnica a ser certificada.
h. Os documentos utilizados para a certificação (narração) poderão ser conservados, em
arquivo, pelo notário.
i. O notário pode promover diligências externas apenas nos limites de sua base territorial.

RECONHECIMENTO DE FIRMA

1. Conceito: confere autenticidade ao documento, mediante conferência da firma do signatário pelo


tabelião. CPC, art. 369.
2. Espécies:
a. Autêntica ou verdadeira: exige a presença do signatário e sua identificação.
b. Por semelhança: confrontação da assinatura com o padrão armazenado em cartório.
c. Por abono: baseada na confiança, não é admitida.
3. Observações úteis:
a. A assinatura deve ser de próprio punho e por extenso, ou abreviada, e sempre no encer-
ramento do documento.
b. Não se admite o uso sinete, selo privado ou marca em substituição à assinatura.

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c. A firma da pessoa jurídica é a do seu representante, sendo indispensável o cotejo com o


contrato social ou estatuto.
d. O reconhecimento apenas certifica a assinatura, mas não certifica o conteúdo do docu-
mento.
e. É possível o reconhecimento de firma em documento escrito em língua estrangeira. O
notário, entretanto, deverá consignar a advertência do art. 224 do CC (tradução e regis-
tro da tradução).
f. A ficha-padrão não poderá ser entregue ao interessado para preenchimento fora da ser-
ventia.
g. Constitui crime o reconhecimento de firma verdadeira que não o seja. CP, art. 300.
h. A firma de signatário cego pode ser reconhecida na presença de duas testemunhas.
i. Assinatura por chancela mecânica é admissível.
j. É dispensado o reconhecimento de firma do advogado para o exercício da capacidade
postulatória. CPC, art. 38.
k. Somente poderão abrir firma pessoas maiores de 18 ou emancipadas.
l. Possível a digitalização da imagem da assinatura por scaner.
m. A transferência de veículos automotores exige o reconhecimento de firma autêntico ou
verdadeiro.
n. Veda-se o reconhecimento de firma em documentos sem data, incompletos ou com es-
paços em branco.

AUTENTICAÇÃO DE CÓPIAS

1. Conceito: ato notarial consistente na afirmação de que a cópia do documento corresponde com a
sua versão original.
2. Observações:
a. O notário deverá certificar o acompanhamento do documento original.
b. O notário, previamente à autenticação, deverá examinar os aspectos extrínsecos e in-
trínsecos do documento, podendo, inclusive, negar a autenticação.
c. De maneira geral, não se tem admitido autenticação de cópia de cópia. Excepciona-se o
documento público emitido pela autoridade pública em cópia reprográfica por ela auten-
ticada.
d. Admite-se a cópia física, em papel, de páginas eletrônicas.
3. Distinções:
a. Cópia: reprodução do original.
b. Traslado: primeira cópia da escritura pública, extraída do livro original e autenticada pelo
notário.
c. Certidão: cópia fiel do documento ou resumo indicativo de seu conteúdo.
d. Pública-forma: cópia de inteiro teor de um documento, conferida e consertada por outro
tabelião.

TABELIÃES E OFICIAIS DE REGISTRO DE CONTRATOS MARÍTIMOS

1. Competência (Lei n. 8.935/94, art. 10):

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a. Lavrar os atos, contratos e instrumentos relativos a transações de embarcações a que as


partes devam ou queiram dar forma legal de escritura pública;
b. Registrar os documentos da mesma natureza;
c. Reconhecer firmas em documentos destinados a fins de direito marítimo;
d. Expedir traslados e certidões.
2. Propriedade de embarcações sujeitas a registro: os atos de transferência de propriedade devem
ser lavrados através de escritura pública, por qualquer tabelião de notas. Lei n. 7.652/88, art.
33. Entretanto, a transferência da propriedade somente se dará com o registro do instrumento
público junto ao Tribunal Marítimo. Lei n. 2.180/54, art. 76.
3. Observações:
a. O navio é equiparado, pela lei civil, a bem imóvel e, portanto, o direito real de garantia
previsto é a hipoteca naval (CCO, art. 468).
b. O capitão não pode constituir hipoteca sobre o navio, salvo se tiver poderes especiais.
c. A hipoteca naval é contrato formal e exige escritura pública.
d. Para a lavratura da escritura pública de hipoteca naval exige-se a comprovação da quita-
ção de tributos e o certificado da Capitania dos Portos.
e. É possível a constituição de segunda hipoteca sobre o mesmo navio.
f. A hipoteca naval é garantida pelo contrato de seguro. O credor hipotecário sub-roga-se
no direto à indenização do seguro marítimo de que o navio é objeto.
g. O navio hipotecado não poderá fretar, arrendar ou ser empregado no serviço de nação
estrangeira. Não poderá, ainda, ter mais de um porto de registro.
h. A extinção da hipoteca naval (perda do navio, extinção da obrigação, renúncia do credor,
venda forçada do navio, prescrição, arrematação judicial ou adjudicação), para ter efeito
perante terceiros, deve ser registrada.
i. Há, atualmente, três serventias registrais privativas: Rio de Janeiro/RJ, Belém/PA e A-
raucária/CE.
j. Conferir os arts. 407 a 408 da Consolidação Normativa da Corregedoria-Geral do Rio de
Janeiro.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. BRANDELLI, Leonardo. Teoria Geral do Direito Notarial, Porto Alegre: Livraria do Advogado,
1998.
2. BRANDELLI, Leonardo (coord.). Ata Notarial, Porto Alegre: Safe, 2004.
3. CENEVIVA, Walter. Lei dos Notários e dos Registradores Comentada (Lei n.º 8.935/94), São
Paulo: Saraiva, 2002.
4. DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro, 3° volume, 17ª edição, São Paulo: Sarai-
va, 2002.
5. GONÇALVES, Vania Mara Nascimento (coord.). Direito Notarial e Registral, Rio de Janeiro: Fo-
rense, 2006.
6. LACERDA, J.C. Sampaio de. Curso e Direito Comercial Marítimo e Aeronáutico, 3ª edição, Rio de
Janeiro: Freitas Bastos, 1957.
7. MOTTA, Carlos Alberto. Manual Prático dos Tabeliães, Rio de Janeiro: Forense, 2006.
8. PARIZATTO, João Roberto. Serviços Notariais e de Registro, Brasília, DF: Livraria e Editora Bra-
sília Jurídica, 1995.
9. REZENDE, Afonso Celso Furtado de. Tabelionato de Notas e o Notário Perfeito: Direito de Pro-
priedade e atividade notarial, Campinas, SP: Copola Livros, 1997.
10. SANTOS, João Manuel de Carvalho. Código Civil Brasileiro Interpretado, vol. III, 13ª edição, Rio
de Janeiro: Freitas Bastos, 1986.

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11. SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras Linhas de Direito Processual Civil, 21ª edição, São Paulo:
Saraiva, 2000.
12. TEPEDINO, Gustavo; BARBOSA, Heloísa Helena; MORAES, Maria Celina Bodin de. Código Civil
Interpretado conforme a Constituição da República, vol. I, São Paulo: Renovar, 2004.

ESCRITURA PÚBLICA

8. Documento: do latim documentum, “é a coisa representativa de um fato e destinada a fixá-lo


de modo permanente e idôneo, reproduzindo-o em juízo”. Espécies mais relevantes: a) público
e particular; b) autógrafos e heterógrafos; c) escritos, gráficos e diretos; d) autênticos, autenti-
cados e sem autenticidade.
9. Documentos declarativos: representação do ato ou fato por meio de declarações. Espécies: a)
narrativos (ciência) ou b) constitutivos (vontade).
10.Diferença entre documento público e escritura pública: somente o notário pode lavrar uma es-
critura pública, enquanto que o documento público emana de agente da Administração Pública
no exercício de suas funções.
11.Distinção entre documento e instrumento: instrumentos são espécies do gênero documento.
12.Classificação da escritura enquanto documento: instrumento público, heterógrafo, escrito e au-
têntico.
13.Autenticidade da escritura pública – elementos: a) lavrada por oficial público; b) competência
do oficial; c) observância da forma prevista em lei.
14.Conceito de escritura: é o documento dotado de fé pública, lavrado por tabelião de notas, que
faz prova plena. CC, Art. 215.
15.Requisitos gerais: a) competência do notário; b) lavrada nos livros de notas da serventia; c)
observância das formalidades legais (CC, art. 215, Lei n° 7.433/85, Decreto Federal n°
93.240/86 e leis esparsas).
16.Requisitos específicos do art. 215 do CC:
a. Indicação da data e local de sua realização;
b. Reconhecimento da identidade e capacidade das partes e de quantos hajam comparecido
ao ato, por si, como representantes, intervenientes ou testemunhas;
c. A qualificação das partes e comparecentes;
d. Clareza da declaração de vontade;
e. Cumprimento das exigências legais e fiscais;
f. Leitura do ato notarial;
g. Assinaturas;
h. Língua nacional.
17.Eficácia da escritura pública: presunção relativa de que o que foi certificado no ato notarial é
verídico. CC, art. 215. CPC, arts. 364, 366, 367 e 388.
18.Nulidade da escritura pública: se para a prática de determinado ato ou negócio jurídico a lei es-
tabelecer determinada forma, em sendo nula a escritura o será igualmente o próprio ato ou ne-
gócio. CC, arts. 166, IV e V, e 183. CPC, art. 366.
19.Uso da escritura pública como prova: original, traslado (reprodução integral) ou certidão (texto
integral ou histórico do ato). CC, art. 217.
20.Atos oficiais equiparáveis à escritura pública: estão sujeitos a registro, em matéria de transfe-
rência da propriedade imobiliária e instituição de direitos e ônus reais sobre a propriedade, as
escrituras públicas, as cartas de sentença, os formais de partilha, as certidões e mandados ex-
traídos de autos do processo. Lei n° 6.015/73, art. 221, I. CC, arts. 218, 842 e 1.793.
21.Escritura pública como essencial à validade do negócio jurídico: salvo exceção prevista em lei, a
escritura pública é essencial à validade do negócio jurídico tendente a constituir, transferir, mo-

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dificar ou renunciar direitos reais sobre imóveis de valor superior a 30 (trinta) vezes o maior sa-
lário mínimo vigente no país. CC, art. 108.
22.Hipóteses de indispensabilidade da escritura pública, sob pena de nulidade, previstas no Código
Civil:
a. Pactos antenupciais (arts. 1.653 e 1.640);
b. Constituição do direito de superfície (art. 1.369);
c. Outorga de procuração para celebrar casamento (art. 1.542) ou sua revogação (art.
1.542, § 4°);
d. Cessão do direito à sucessão aberta (art. 1.793, caput).

23.Hipóteses facultativas no uso da escritura pública:


a. Partilhas amigáveis (art. 2.105);
b. Reconhecimento de paternidade (art. 1.609, II);
c. Renúncia de herança (art. 1.806);
d. Emancipação (art. 5°, parágrafo único, I);
e. Instituição de fundação (art. 62);
f. Contrato de doação (art. 541);
g. Contrato de transação (art. 842);
h. Constituição de sociedade (art. 997);
i. Convenção de condomínio (art. 1.334, § 1°);
j. Constituição de propriedade fiduciária (art. 1.361, § 1°);
k. Promessa de compra e venda de bem imóvel (art. 1.417);
l. Constituição do penhor rural (art. 1.438);
m. Penhor industrial ou mercantil (art. 1.448);
n. Penhor de direitos e título de crédito (art. 1.451);
o. Aprovação de ato jurídico praticado por um cônjuge sem consentimento do outro (art.
1.649, parágrafo único);
p. Constituição do bem de família (art. 1.711);
q. Testamento (art. 1.864).
24.Hipóteses permitidas em lei para a contratação por instrumento particular:
a. negócios praticados por meio do Sistema Financeiro de Habitação (Lei n° 4.380/64, art.
61, § 5°; Lei n° 8.025/90, art. 2°, V)
b. compromissos de compra e venda, cessões de compromisso de compra e venda e pro-
messas de cessão de direitos relativos a imóveis, loteados ou não, urbanos ou rurais
(Decreto-Lei n° 58/37, art. 22, c/c art. 11, caput; Lei n° 6.766/79, art. 26; e ainda Lei
n° 4.380/64, art. 69);
c. alienações a que se refere a Lei n. 8.025/90, art. 2°,V;
d. atos lavrados nos livros do Serviço do Patrimônio da União (Decreto-Lei n°9.760/46,
art.74,caput);
e. os contratos de alienação fiduciária imobiliária (Lei n°9.514/97, art.38);
f. os contratos de aquisição de imóvel objeto de arrendamento residencial (leasing imobili-
ário) (Lei n° 10.188/01);
g. as cessões de posse nos parcelamentos populares (Lei n° 6.766/99, art.26, §3°, alterado
pela Lei n° 9.785/99);
h. os atos relacionados com a cédula hipotecária (Decreto-Lei n° 70/66, art.20);
i. as constituições de hipoteca por meio de cédulas de crédito (cédula rural, Decreto-Lei n°
167/1967; cédula industrial, Decreto-Lei n° 413/69; comercial, Lei n° 6.840/80; de ex-
portação, Lei n° 6.313/75; bancária, MP n° 2.160/25, de 23.08.2001; de produto rural,
Lei n° 8.929/94.

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TESTAMENTO

8. Modalidades de sucessão: legítima e testamentária. Ambas podem coexistir. CC, art. 1.857, §
1°.
9. Direito intertemporal: a) a capacidade testamentária ativa é regulada pela lei vigente no mo-
mento da feitura do testamento; b) a eficácia jurídica das disposições testamentárias e a capa-
cidade testamentária passiva são reguladas pela lei vigente ao tempo da abertura da sucessão.
Disposições condicionais: lei vigente ao tempo da implementação das condições.
10.Limitações ao direito de testar: a) meação do cônjuge supérstite; b) legítima dos herdeiros ne-
cessários; c) pactos sucessórios; d) doação mortis causa; e) doação propter nuptias; f) testa-
mento conjuntivo; g) partilha inter vivos. CC, arts. 426,1.829, I, 1.849, 1.863 e 2.018.
11.Conceito de testamento: “ato revogável pelo qual alguém, de conformidade com a lei, não só
dispõe, para depois de sua morte, no todo ou em parte (CC, art. 1.857, caput), do seu patrimô-
nio, mas também faz estipulações extrapatrimoniais” (Maria Helena Diniz).CC, art. 1.858, in fi-
ne.
12.Características do testamento:
a. Revogabilidade;
b. Unilateralidade;
c. Gratuidade;
d. Solenidade;
e. Produção de efeitos causa mortis.
13.Estipulações extrapatrimoniais:
a. Reconhecimento de filhos naturais (CC, art. 1.609, III);
b. Nomeação de tutor para o filho menor ou neto (CC, arts. 1.634, IV, e 1.729, parágrafo
único);
c. Permissão ao filho órfão para convolar núpcias com o tutor (CC, art. 1.523, IV);
d. Reabilitação do indigno (CC, art. 1.818);
e. Deserdação de herdeiro (CC, art. 1.964);
f. Determinação sobre funeral; recomendação sobre o cumprimento de obrigações do tes-
tador; constituição de renda (CC, art. 803);
g. Estabelecimento de condomínio por unidades autônomas (Lei n° 4.591/64, art. 7°);
h. Instituição de fundação (CC, art. 64);
i. Substituição de beneficiário na estipulação em favor de terceiro (CC, art. 438, parágrafo
único);
j. Imposição de cláusulas restritivas (CC, art. 1.848).
14.Condições de validade jurídica do testamento:
a. Capacidade testamentária;
b. Inexistência de deserdação;
c. Observância das formalidades legais.
15.Capacidade testamentária ativa: a) maiores de 16 anos; b) os que tiverem pleno discernimento.
CC, arts. 1.860, 1.865, 1.866 e 1.867. Observações: a) surdos-mudos; b) pessoas jurídicas; c)
idade avançada; d) falência; e) analfabetismo; f) surdez; g) cegueira; h) enfermidade grave.
16.Capacidade testamentária passiva: todas as pessoas, físicas ou jurídicas, existentes ao tempo
da morte do testador e não havidas como incapazes. É, portanto, a regra. CC, arts. 1.798 e
1.799.
17.Incapacidade testamentária passiva absoluta:
a. Nondum conceptus: pessoa não concebida até a morte do testador;
b. Pessoas jurídicas de direito público externo.
18.Incapacidade testamentária passiva relativa:
a. Pessoa que, a rogo, redigiu o testamento (CC, art. 1.799, I);
b. Testemunhas do ato;

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c. Concubinário do testador casado;


d. Tabelião, civil ou militar, o comandante ou escrivão perante que se fizer, assim como o
que fizer ou aprovar o testamento.
19.Deserdação: ato pelo qual o testador exclui da sucessão herdeiro necessário, desde que indica-
da a causa legal. São seus requisitos: a) testamento válido; b) expressa indicação da causa; c)
causa prevista em lei; d) existência de herdeiros necessários; e) comprovação da causa. CC,
arts. 1.961 a 1.965. Ainda sobre as causas da deserdação, arts. 1.814, 1.962 e 1.963 do CC.
20.Testamento público: realizado pelo tabelião ou por seu substituto legal em seu livro de notas.
Formalidades: CC, arts. 1.864 a 1.867.
21.Testamento cerrado: escrito pelo testador, ou por outra pessoa, a seu rogo, e por aquele assi-
nado, devidamente aprovado pelo tabelião ou seu substituto legal. Formalidades: CC, arts.
1.868 a 1.875.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

13. BRANDELLI, Leonardo. Teoria Geral do Direito Notarial, Porto Alegre: Livraria do Advogado,
1998.
14. CENEVIVA, Walter. Lei dos Notários e dos Registradores Comentada (Lei n.º 8.935/94), São
Paulo: Saraiva, 2002.
15. DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro, 6° volume, 16ª edição, São Paulo: Sarai-
va, 2002.
16. JÚNIOR, Humberto Theodoro. Comentários ao Novo Código Civil, 2ª edição, vol. III, tomo II,
Rio de Janeiro: Forense, 2003.
17. PARIZATTO, João Roberto. Serviços Notariais e de Registro, Brasília, DF: Livraria e Editora Bra-
sília Jurídica, 1995.
18. REZENDE, Afonso Celso Furtado de. Tabelionato de Notas e o Notário Perfeito: Direito de Pro-
priedade e atividade notarial, Campinas, SP: Copola Livros, 1997.
19. SANTOS, João Manuel de Carvalho. Código Civil Brasileiro Interpretado, vol. III, 13ª edição, Rio
de Janeiro: Freitas Bastos, 1986.
20. SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras Linhas de Direito Processual Civil, 21ª edição, São Paulo:
Saraiva, 2000.
21. TEPEDINO, Gustavo; BARBOSA, Heloísa Helena; MORAES, Maria Celina Bodin de. Código Civil
Interpretado conforme a Constituição da República, vol. I, São Paulo: Renovar, 2004.

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