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Estudo de caso - Improbidade testemunhal

A presente questão versa acerca da instauração de incidente processual para investigar


se a multa por litigância de má-fé aplicável à testemunha se sustenta no caso em tela, em que
a única testemunha arrolada pela reclamante declarou, durante a audiência inicial, afirmação
diversa à prestada pela autora.
Esclarecendo que trabalhava em prédio diverso ao da reclamante, a testemunha alegou
que o Sr. Paulo, seu supervisor, permaneceu exercendo suas funções até 30 de novembro de
2019, enquanto a autora havia afirmado que o Sr. Paulo teria trabalhado até 09 de outubro.
Ao ser alertada da controvérsia, a testemunha argumentou que, de fato, o Sr. Paulo
permaneceu atuando até 30 de novembro no posto em que trabalhava, não podendo afirmar se
o mesmo aconteceu no posto da reclamante, que ficava em outro bairro.
Isto posto, à luz dos artigos 793-B, 793-C e 793-D da CLT, é possível a aplicação de
multa por litigância de má-fé à testemunha que, intencionalmente, alterar a verdade dos fatos
ou omitir fatos essenciais ao julgamento da causa.
Nesse sentido, a aplicação da multa se sustenta quando patente a intenção da
testemunha em manipular a verdade dos fatos e prejudicar o deslinde da causa, o que não
restou evidenciado no presente caso, pois a testemunha arrolada narrou os fatos segundo a sua
percepção, esclarecendo que não trabalhava no mesmo posto da reclamante e que não sabia se
o que era realidade no seu posto também era a realidade no posto da reclamante, porquanto
em bairros distintos.
À vista disso, a multa por litigância de má-fé não se aplica à testemunha no presente
caso, pois não evidenciada, de forma robusta e inconteste, a inequívoca atuação dolosa em
faltar com a verdade dos fatos ou alterá-los, de modo que a má-fé, ao contrário da boa-fé
processual, não deve ser presumida.

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