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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA MM.

____
VARA DA FAMILIA E SUCESSÕES DA COMARCA DE ____ , ESTADO DE
____ .

Processo nº:

“A”, nacionalidade, estado civil, profissão, inscrito no cadastro


nacional de pessoas físicas sob nº, portador da cédula de identidade Registro
Geral nº, residente e domiciliado na Rua, nº, bairro, CEP, cidade, representado
neste ato pelos advogados, inscritos respectivamente na OAB sob nº e nº, com
escritório profissional, na Rua, nº, cidade, Estado, CEP, onde receberão suas
intimações e notificações, vem respeitavelmente, nos autos da Ação de
Conhecimento de Cumprimento de Sentença, processo sob nº, que tramita no
r. cartório, que lhe move “B”, representado neste ato por sua representante “X”,
nacionalidade, estado civil, profissão, inscrita no cadastro nacional de pessoas
físicas sob nº, portadora da cédula de identidade Registro Geral nº, residente e
domiciliada na Rua, nº, bairro, CEP, cidade, oferecer:

IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA

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com fundamentos jurídicos no artigo 475-L e ss, do Código Processo Civil,
pelos fatos e motivos a seguir expostos:

SINTESE DA INICIAL

“A” foi condenado a pagar a seu filho “B” a importância de R$


500,00 (quinhentos reais) mensais a título de alimentos.
É certo que “A”, cumpre religiosamente sua obrigação alimentar,
o que pode ser comprovado através dos comprovantes de depósito anexos nos
autos e ainda, pelos recibos de pagamento emitidos pela representante do
menor.
No entanto, o menor, através de sua representante legal,
promoveu o cumprimento de sentença de 3 (três) parcelas de alimentos;
parcelas estas que não ensejam o decreto prisional do art. 733 do CPC - já que
a execução pode ser feita por dois procedimentos diversos, um previsto no art.
732 do CPC, a execução de sentença que condena ao pagamento de
prestação alimentícia, far-se-á conforme o disposto no Livro I, Título VIII,
Capítulo X (Do Cumprimento da Sentença) e outro no art. 733 do CPC, que
não prevê um procedimento executivo, mas apenas um meio de coerção (a
prisão).
Desta forma, podemos concluir que “A” foi citado, indevida e
injustamente, para pagar ou apresentar no prazo de 15 (quinze) dias,
impugnação ao cumprimento de sentença.

DO MÉRITO

Em relação ao cumprimento de sentença, provocada pelo exeqüente, o


meio de defesa do executado não é mais os embargos à execução. Sendo assim, a
Lei 11.232/2005 elegeu como meio de defesa do executado a impugnação, após a
intimação no início da fase de cumprimento da sentença.
O prazo do executado é de 15 dias para oferecer impugnação ao
cumprimento de sentença.

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A impugnação, no caso concreto versará sobre o inciso VI do art.
475-L do CPC, que afirma:

“Art. 475-L. A impugnação somente poderá


versar sobre:
(...)
VI – qualquer causa impeditiva, modificativa ou
extintiva da obrigação, como pagamento,
novação, compensação, transação ou
prescrição, desde que superveniente à
sentença.”

Isto porque, conforme comprovantes de pagamento anexos, resta


provado que o executado, pagou e paga todas as parcelas de pensão
alimentícia, a que foi condenado, religiosamente, forma em que enquadra-se
ao artigo, sendo uma forma extintiva da obrigação o pagamento, sendo
incabível executar “A” ao pagamento das 3 últimas parcelas alimentares.
Isto porque, já foram pagas, possuindo o executado prova pré-
constituída, ou seja, capaz de demonstrar de plano e de forma incontestável
que a execução não pode prosseguir nos termos em que foi proposta, pois há
demonstração e comprovação da existência de causa capaz de extinguir a
obrigação: o pagamento.
Ao contrário dos embargos a execução, a impugnação não gera efeitos
suspensivos na execução, diante disso, os atos executórios continuam sendo
praticados naturalmente, sem interrupções, salvo se a continuidade gerar dano
irreparável ou de difícil reparação, onde o Juiz poderá atribuir-lhe efeito suspensivo,
como versa o art. 475-M, caput, do CPC:

“Art. 475-M. A impugnação não terá efeito


suspensivo, podendo o juiz atribuir-lhe tal efeito
desde que relevantes seus fundamentos e o
prosseguimento da execução seja manifestamente
suscetível de causar ao executado grave dano de
difícil ou incerta reparação.”

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Neste caso, é necessário requerer o efeito suspensivo, pois
encontram-se presentes o “fumus boni iuris” e o “periculum in mora”, já que há
risco de danos irreparáveis ou de difícil ou incerta reparação ao executado,
especialmente na ocorrência de atos de expropriação indevida de bens,
através da penhora.
Portanto é importantíssimo instrumento colocado a disposição do
executado, o deferimento pelo juiz do efeito suspensivo ao processo, pois
possibilita que o mesmo, possuindo prova pré-constituída e indiscutível acerca
do adimplemento da obrigação, faça extinguir a execução sem ter seu
patrimônio invadido injustamente.

Ainda, para que a mais lídima justiça seja aplicada, e que não
haja benefício indevido à exeqüente, faz-se necessário o requerimento e
acolhimento pelo nobre julgador de Ação Cautelar e concessão de liminar,
baseando-se nas alegações de segurança jurídica e para que seja evitado
evidente dano/prejuízo que será imposto e sofrido pelo executado. Desta
forma, de acordo com o “fumus boni iuris” e o “periculum in mora” torna-se
essencial o pedido e deferimento de Liminar, e suspensão da prática dos atos
executórios propriamente ditos.

A relevância jurídica da fundamentação acima, assemelha-se aos


requisitos estabelecidos na legislação processual civil para a concessão de
tutelas antecipatórias (arts. 273; 461, § 3º; 558, caput,do CPC), bem como para
a concessão de efeito suspensivo aos embargos à execução (art. 739-A, § 1º,
do CPC). Observe-se, porém, que não se está diante de mero “fomus boni
iuris”, característico das medidas cautelares previstas nos arts. 796 e seguintes
do CPC; mais do que isto, os fundamentos apresentados pelo impugnante são
notoriamente capazes e suficientes para convencer o juiz da efetiva
probabilidade de êxito no julgamento do mérito das matérias suscitadas na
impugnação, numa dimensão muito próxima da verossimilhança fundada em
prova inequívoca do alegado (art. 273 do CPC).

Ainda, é exigido no caput do art. 475-M do CPC: que o risco de


dano ao executado seja manifesto. Isto é evidente, se analisado todo o exposto

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e, pode-se concluir que o dano é real, não sendo o temor fruto da mera
subjetividade do executado. Além disso, o dano que pretende-se evitar com o
prosseguimento da execução é grave, de difícil ou incerta reparação, não
sendo possível aceitar eventual prejuízo de índole patrimonial.

A idéia vem configurada n a jurisprudência seguinte:

“TJRJ - 2009.002.29533 - AGRAVO DE


INSTRUMENTO - 1ª Ementa: DES. CARLOS
JOSE MARTINS GOMES - Julgamento:
03/11/2009 - DECIMA SEXTA CAMARA CIVEL
Ementa: Impugnação ao cumprimento de sentença.
Determinação de intimação pessoal do impugnante
para efetivação do preparo, bem como de
suspensão da execução. Providência que encontra
amparo no disposto no § 1º, do artigo 267, do CPC,
que se aplica analogicamente. Precedentes desta
Corte. No entanto, com relação à suspensão do
feito principal, como se sabe, a regra é de não
aplicação de efeito suspensivo à impugnação, que
somente se admite mediante relevante fundamento
e possibilidade de grave lesão ou de difícil
reparação (art. 475-M, do CPC). In casu, nada foi
alegado neste sentido pela impugnante, sequer foi
requerido o efeito suspensivo, se reportando a
impugnação tão somente ao valor excessivo
cobrado em função da multa diária arbitrada, de
modo que não se justifica a atribuição do efeito
suspensivo. Parcial provimento do recurso.”

Assim, Fredie Didier Jr., Rafael Oliveira e Paula Sarno Braga,


afirmam que:

“(...) a impugnação do executado é precedida da penhora e de


avaliação. Assim, cabe ao executado, se quiser discutir o valor da avaliação, fazê-lo já
na impugnação, sob pena de preclusão. Também é ônus do executado discutir a
validade da penhora em sua impugnação (p. ex., suscitar impenhorabilidade ou

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desrespeito à ordem de preferência do art. 655 do CPC).” (Curso de Direito Processual
Civil, Direito probatório, decisão judicial, cumprimento e liquidação da sentença e coisa
julgada, v. 2, ed. JusPODIVM, Salvador, Bahia, 2007, p. 469).

Segundo, ainda, o processualista Barbosa Moreira:

“Em princípio, a impugnação não produz o efeito de suspender o curso


da execução. Poderá o juiz, no entanto, atribuir-lhe tal efeito, inclusive ex officio,
‘desde que relevantes seus fundamentos e o prosseguimento da execução seja
manifestamente suscetível de causar ao executado grave dano de difícil ou incerta
reparação’ (art. 475-M, caput). Ainda nessa hipótese, contudo, o exeqüente logrará
fazer prosseguir o processo executivo, se oferecer e prestar caução que o juiz repute
‘suficiente e idônea’. Ela será arbitrada pelo órgão judicial e prestada nos próprios
autos (art. 475-M, § 1º).”

E segue dizendo:

“... Acolhida a impugnação, os efeitos variarão conforme o respectivo


conteúdo, podendo implicar ou uma invalidação do título judicial e do procedimento
executivo, com a reabertura da fase de conhecimento (art. 475-L, I), ou uma redução
do valor executado (art. 475-L, V) ou o reconhecimento da inexistência da obrigação
(art. 475-L, VI). A decisão que reconhecer a inexistência da obrigação executada tem
um efeito anexo: surge para o exeqüente o dever de indenizar o executado pelos
prejuízos sofridos em razão da malsinada execução, tendo em vista a incidência do
art. 574 do CPC.”

Em consonância com as explanações, verifica-se as


jurisprudências abaixo:

“TJRS. Recurso. Apelação cível. Cumprimento de


sentença. Impugnação. Princípio da singularidade.
Interposição de agravo de instrumento contra
decisão que acolhe a impugnação e declara a
extinção da execução. Erro inescusável.
Precedentes jurisprudenciais. CPC, arts. 475-M, §
3º, 513 e 522.
O recurso cabível contra decisão que acolhe a
impugnação ao Cumprimento de sentença,

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declarando a extinção da execução, é,
induvidosamente, o de apelação, a teor do § 3º do
art. 475-M do CPC. Incabível, assim, a interposição
de agravo de instrumento, ante violação do
princípio da singularidade. Inaplicável, por outro
lado, o princípio da fungibilidade, já que
inescusável o erro no manejo recursal, mormente
porque expressamente previsto na legislação
processual o recurso cabível na espécie. (...)”

“TJRJ - 2008.002.16256 - AGRAVO DE


INSTRUMENTO - 1ª Ementa
DES. ANTONIO EDUARDO F. DUARTE -
Julgamento: 27/10/2009 - TERCEIRA CAMARA
CIVEL
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE RITO
ORDINÁRIO. IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO
DE SENTENÇA. ATRIBUIÇÃO DE EFEITO
SUSPENSIVO. DEMONSTRAÇÃO DOS
REQUISITOS AUTORIZADORES.
POSSIBILIDADE DE DANO DE DIFÍCIL
REPARAÇÃO. CABIMENTO DA PRETENSÃO.
RECURSO PROVIDO.Restando demonstrado que
a execução é suscetível de causar ao executado
grave dano de difícil ou incerta reparação,
consoante disposição prevista no art. 475-M, do
CPC, deve ser atribuído o efeito suspensivo à
impugnação ofertada.”

“TJSP. Família. Alimentos. Execução. Cumprimento


de sentença. Aplicabilidade. Considerações do
Des. Guimarães e Souza sobre o tema. CPC, arts.
475-J e 732. ... Perfeitamente aplicáveis às
execuções de alimentos as disposições do art. 475-
J e seguintes do Código de Processo Civil. A
respeito do tema, Fernanda Tartuce e Luiz Dellore
in Execução Civil e Cumprimento da Sentença, vol.

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2, págs. 174/175, prelecionam: Portanto, resta
analisar a possibilidade de que a cobrança dos
alimentos pretéritos (CPC, art. 732) se dê pela via
de Cumprimento de sentença. Para que se aceite
esta hipótese, há de se (...)”

“TJSP. Execução. Cumprimento de sentença.


Alimentos fixado em sentença. Decisão que
determinou a citação do executado pelo rito do
artigo 732 do CPC. Inconformismo da agravante,
que requer o prosseguimento da execução pelo rito
dos artigos 475-I a 475-R do CPC. Razões
recursais acolhidas, tendo em vista o novo
tratamento dado aos títulos executivos judiciais
após a Lei 11.232/2005. Considerações do Des.
José Carlos Ferreira Alves sobre o tema.
... Com efeito, a Lei 11.232/2005 veio trazer maior
celeridade à execução dos títulos executivos
judiciais. Desta forma, não se faz mais necessária
nova ação, nova citação, tampouco comporta
embargos. 8. Segundo Maria Berenice Dias: (In
Manual de Direito das Famílias, 4ª Edição, RT,
2007). Ocorreu a alteração da carga da eficácia da
sentença, que de condenatória transformou-se em
executiva. Daí ter sido dispensado o processo
executório. A mudança atinge toda e qual (...)”

DOS PEDIDOS

Tendo em vista todo o exposto, vem perante Vossa Excelência


requerer:
1º - Intimação da impugnada, na pessoa de seu advogado, para,
se quiser, responder a presente impugnação;

8
2º - Concessão de liminar, tendo em vista os fundamentos do
“fumus boni iuris” e “periculum in mora”, bem como baseando-se no caráter
excepcional descrito no art. 475-M do CPC, efeito suspensivo a execução,
visando evitar dano de grave, de difícil ou incerta reparação ao executado,
tornando-se certo o prejuízo do mesmo em caso de indeferimento;

3º - Acolhimento da presente Impugnação, que seja julgada


procedente, decretando-se a inexistência da obrigação executada e a extinção
da execução.

Nestes termos,

pede deferimento.

Local, data, ano.

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Nome do advogado
Nº DA OAB

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Nome do advogado
Nº DA OAB

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