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Transmissão
por corrente

- Tipos
- Aplicação
- Dimensionamento
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Caracteristicas:
 Grande distância entre eixo, variável ate 80 x passo. (recomendável
40 a 50 x passo da corrente);
 Rendimento em condições ideais – 97 a 98 %;
 Relação de transmissão (i) – max. 1:7 (em caso de i > 7 estudar a
utilização de dois estágios de relação;
 Ângulo de acoplamento da corrente sobre o pinhão=120° mín.;
 Alongamento da corrente acima 3% substituí-la;
 Transmissão de maior potência (quando comparada com correias),
 Permite a variação do comprimento, com a remoção ou adição de
elos,
 Menor carga nos mancais, já que não necessita de uma carga inicial,
 Não há perigo de deslizamento,
 Dimensional Padronizado: ANSI (American National Standards
Institute).
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 São mais tolerantes em relação ao desalinhamento de centros,


 Transmissão sincronizada,
 Condições severas de operação (correias são inadequadas sob
umidade, alta temperatura ou ambiente agressivo)
 São articuladas apenas em um plano,
 Sofrem desgaste devido a fadiga e a tensão superficial, ruídos,
choques e vibrações;
 Necessidade de lubrificações;
 Necessidade de proteção contra poeira e sujeiras;
 Menor velocidade; Recomendável utilizar V < 6 m/s;
 Vida de uma corrente é determinada estatisticamente e estimada
em 15000 h, correspondente a confiabilidade de 90%.
 Relação para a escolha do passo (p):
- passo pequeno pequenas cargas em altas velocidades.
- passos grandes cargas maiores em baixas velocidades.
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 O número de dentes do pinhão deve, sempre que possível, ser


Zp ≥ 17 e não deve ultrapassar 120;
- Recomenda máx.60 dentes:
a- dificuldade de manter ajuste adequado (á medida que
o desgaste progride);
b- custos de fabricação para rodas dentadas com grande
número de dentes.
 Para minimizar o efeito poligonal, a soma do número de dentes de
ambas as engrenagens não deve ser menor do que 50 dentes;
 O número de elos da corrente não deve ser múltiplo do número
de dentes pinhão nem da coroa, para evitar que um determinado
dente e um rolete específico se encontrem com freqüência,
prevenindo, o desgaste.
 A limpeza da corrente deve ser feita em dois estágios:
- limpeza com querosene para a retirada de óleo e sujeiras e
- imersão em óleo para restaurar a lubrificação interna.
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– Tipos de correntes:
a) Corrente de Rolo: mais aplicada
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Material das correntes:


• São normalmente fabricadas em aços especiais, (aço cromo-
níquel), tratados termicamente (têmpera e revenido), com
superfícies de apoio (pinos e buchas), endurecidos, para
aumentar a resistência à fadiga, ao desgaste e à corrosão.
• Aços inox também são utilizados, bem como o ferro fundido.

Relação de transmissão (i)


Ɣ = (360 / Z)
i = n1 /n2 = Z2 / Z1 = d2 / d1

n – rotação (rpm)
Z – número de dentes do pinhão.
d – diâmetro primitivo
das engrenagens (mm)
p – passo da
corrente (mm)
Ɣ – ângulo de articulação
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b) Corrente de bucha: ruído e desgaste maior que a de rolo, carga de ruptura maior

Corrente com elos fundidos:


Baixa Vp ate 2 m/s (maq.agricolas)
c) Corrente de Dente (silenciosa)

Corrente com Corrente com


articulação pino de aço
desmontável
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d) Corrente de transporte de carga:

- corrente simples e robusta


- Veloc.admissível 1 m/s
Aplicação: onde cargas extremas e
severas condições de operação
ocorrem. Instalação e manutenção são
fáceis e simples pois permitem a fácil
montagem e desmontagem.

e) Correntes especiais
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Aplicação
Favorável

Desfavorável

Muito desfavorável

Com engrenagem
de apoio
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Ação Poligonal – corrente de roletes


Este efeito é um dos inconvenientes no uso de correntes de roletes causado pelo
aumento da velocidade instantânea do rolete, quando este acopla na roda dentada,
isto é, o rolete percorre um espaço maior (arco da circunferência) causando um aumento
de velocidade brusca ou impacto no rolete. Este efeito é mais pronunciado para número
de dentes pequenos da roda dentada (< 17 dentes). O aumento da velocidade (%), ou
Efeito Poligonal, é desprezível para um número de dentes maior que 17 dentes.

Consequência: A roda movida sofre variação de velocidade


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ESPECIFICAÇÃO DE CORRENTE DE ROLO:


 Deve-se determinar:
- número ANSI, que informa o tamanho da corrente,
- número de correntes (simples, dupla, tripla, quádrupla e etc.),
- número de elos (comprimento).
Tabela 01 - Padronização das dimensões das correntes de rolos.
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Procedimento de escolha da corrente


• Inicialmente deve ser determinada a potência transmitida por correntes
simples (passo médio e largo) baseado em pinhão de 17 dentes, baseado
na tabela 02.
• Tabela 02: Dados fornecidos pelos fabricantes e os ensaios são
executados baseados nas seguintes condições:
- 15000 horas L10 - Corrente simples
- Fator de serviço unitário - Comprimento de 100 passos
- Lubrificação adequada - Alongamento máximo de 3 %
- Eixos horizontais - Pinhão e coroa com 17 dentes

Tipo de Lubrificação:
Tipo A → Lubrificação manual ou gotejamento.
Tipo B → Lubrificação de disco ou banho.
Tipo C → Lubrificação de óleo corrente.
Tipo D→ Lubrificação idêntica a do tipo C, porém de
mais difícil acesso; recomenda se procurar o fabricante.
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Tabela 02 – Capacidade de transmissão de carga das correntes de rolos de


acordo com o número da corrente ANSI – Ptab (hp).
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1- Potência de projeto - Pp Pp = Pm . Fs
Pm – Potência do motor (W)
Fs – Fator de serviço (leva em consideração: temperatura de trabalho,
vibrações e choques, condições ambientais e a severidade da transmissão).

Tabela 03 – Fator de serviço - Fs


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2- Capacidade de transmissão de corrente simples


Pcorr = Ptab . Kd . Kc
onde:
Ptab → capacidade de carga de uma corrente simples de uma série específ.
Kd → fator de correção para o número de dentes do pinhão (Zp) - Tabela 04
Kc → fator de correção para o número de correntes – Tabela 05
Tabela 04 – Fator de correção para
o número de dentes do pinhão - Kd
Tabela 05 – Fator de correção
Para o número de correntes - Kc
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3- Escolha da corrente mais adequada:


 Calcular as potências: Projeto (Pp) e a potência transmitida (Pcorr) para
as quatro configurações (simples, dupla, tripla e quádrupla).
 A corrente mais adequada: será aquela que possua a capacidade de
carga mais próxima e maior do que a potência de projeto (Pp).
 Pcorr ≥ Pp

4- Determinação de número de elos (L / p):

onde:
Z1 e Z2 → número de dentes do pinhão e da coroa,
L/p → número de elos da corrente,
C → distância entre centros (mm).
p → passo da corrente (mm).
L→ comprimento da corrente (mm)
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5- Distância entre centros (Estimativa);

C = (30 a 50) . p  (Garantir que o ângulo de abraçamento da corrente


sobre o pinhão seja seguro)
 Para um passo ideal recomenda C = 35 . p (mm)

6- Distância entre centros Correta (C) mm:


y=L/p
Onde:
p – passo (mm)
y – Quantidade de elos
Z – Número de dentes

7- Estimativa de Vida (L10) - h:


- Itens que influência na vida da corrente:
a- Carga de tração; b- Efeito poligonal;
c- Desgaste devido ao atrito;
d- Severidade de transmissão (quanto menor
número de dentes do pinhão e quanto maior Rt – Resistência a tração (N)
a velocidade da corrente). P – carga aplicada (N)
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7- Força tangencial da corrente (Ft) – N :


Onde:
Ft = P / V p Ft – força tangencial (N)
P – potência transmitida (W)
Ft = (2 . Mt) / do Vp – velocidade periférica da corrente (m/s)
Mt – momento torsor (N.mm)
do – diâmetro primitivo da engrenagem (mm)

8 – Velocidade Periférica (Vp) – m/s:


- Limites:
- correntes de rolos  Vp ≤ 12 m/s
- correntes dentadas  Vp ≤ 16 m/s

d – diâmetro primitivo do pinhão (m)


Z1 – número de dentes do pinhão
p – passo da corrente (m)
n1 – rotação do pinhão (rpm)
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Exercício resolvido:
• Em um projeto a ser desenvolvido para uma industrial no mercado de
mineração, no qual será necessário o uso da transmissão de potencia
através de corrente devido as condições de projeto que envolve uma
considerável distancia entre centro das engrenagens estipulada em 700
mm e alem do agressivo meio (sujeira), em que o equipamento ira
trabalhar por 18 horas ao dia. O sistema terá lubrificação por banho raso,
devido as condições de funcionamento e trabalhara em temperaturas
baixas. O sistema será alimentado por um motor elétrico que fornecerá
uma potencia equivalente a 4,48 kW a uma rotação de 300 rpm. A corrente
estará submetida a choques pesados e irá fornecer uma rotação de saída
equivalente a 200 rpm. Inicialmente foi definido que o pinhão tenha 20
dentes.
Dados:
Pmotor = 4,48 kW
nmotor = 300 rpm nsaida = 200 rpm
Serviço = 18 h/dia Zp = 20 dentes C = 700 mm
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Resolução:
1- Potencia de Projeto ( Pp) Fs – tabela 03 (motor elétrico /
Pp = Pm . Fs serviço pesado)  Fs = 1,5
Pp = 6 . 1,5  Pp = 9 hp Transformar kW em hp
1 hp = 0,746 kW
2- Cálculo da Potencia da corrente ?? = 4,48 kW  6 hp
4,48 kW = 6 hp
Pcorr = Ptab . Kd

Kd  tab,04
Zp=20 dentes  Kd = 1,18

Ptab.  tab.02 – pag.15


300 rpm / lubrif.B
3- Escolha da corrente mais adequada.
Ptab:
Pcorr ≥ Pp  Kc ≥ Pp / (Ptab . Kd)
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Resolução:
3- Escolha da corrente adequada:
Kc – tab.05 - pag.

Duas opções:
a) Corrente S60 – dupla (Kc = 1,23)
b) Corrente S50 – tripla. (Kc = 2,11)

Verificação: Pcorr ≥ Pp  Ptab . Kd . Kc ≥ Pp


Opção S60  6,2 . 1,18 . 1,7 ≥ 9  12,44 ≥ 9
Opção S50  3,61 . 1,18 . 2,5 ≥ 9  10,64 ≥ 9  Escolhido esta corrente por
estar mais próximo da Potencia de projeto.
Corrente S50 (tab.01): p: 15,88 mm drol: 10,16 mm largura (b1) = 9,52 mm
Resistência a tração: 21700 N.
Cálculo da relação de transmissão e Numero de dentes da coroa

i = np / nc = Zc / Zp  300 / 200 = Zc / 20  Zc = 30 dentes  i = 1,5


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4- Determinar números de elos (L/p)

Verificação: 113 elos não


devem ser múltiplos de Zp ou Zc
 Não é múltiplo

5- Verificação entre centros (30.p ≤ C ≤ 50.p)

C= 700 mm p = 15,88 mm  C / p = 700 / 15,88 = 44  Está dentro do


Recomendado.

6- Cálculo dos diâmetros primitivos do pinhão e coroa:


p = 15,88 Zp = 20 dentes Zc = 30 dentes
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7- Cálculo da velocidade da corrente:

- Limites:
-correntes de rolos  Vp ≤ 12 m/s

Conclusão: Vp = 1,59 m/s da corrente atende ao limite.


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Exercício proposto
• O projeto encomendado por uma empresa do mercado da
construção civil, no qual será necessário o uso da transmissão de
potencia através de uma ou mais correntes devido as condições
de projeto que envolve uma considerável distancia entre centro
das engrenagens estipulada em 680 mm e alem do agressivo meio
(sujeira), em que o equipamento ira trabalhar por 18 horas ao dia.
O sistema terá lubrificação por banho raso, devido as condições
de funcionamento e trabalhara em temperaturas baixas. O sistema
será alimentado por um motor de combustão interna acionamento
hidráulico que transmitirá uma potencia equivalente a 4,73 kW a
uma rotação de 400 rpm. A corrente estará submetida a choques
moderados e irá fornecer uma rotação de saída equivalente a 250
rpm. Inicialmente foi definido que o pinhão tenha 25 dentes. Pede-
se
• a) Especifique a corrente mais adequada e quantidade;
• b) Os diâmetros primitivos do pinhão e coroa;
• c) Velocidade da corrente.
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Engrenagens de correntes:
As engrenagens das correntes
são fabricadas com precisão e
Dimensionadas pelos mesmos
processos utilizados para as
engrenagens cilíndricas de
dentes retos.

Perfil dos dentes de


engrenagens das
correntes.
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Dimensões das engrenagens das correntes


Tabela 06
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Configurações e tipos de cubos de


engrenagens de correntes de rolos.

d – furo recomendado;
d1 – furo recomendado máximo;
D – diâmetro do cubo.
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Dimensões principais das


engrenagens de corrente de rolos
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Dimensões principais das


engrenagens de corrente de rolos
onde:
p – passo da corrente.
z – número de dentes.
Drol = diâmetro do rolete
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Lubrificação
 São utilizadas as lubrificações com óleos chamados "motor oíl", SAE 10W,
SAE 20 W, SAE 30 e, no caso de graxa, as de cálcio sódio ou litío
misturadas corretamente com óleo mineral. Recomenda-se:
 Vp ≤ 4 m/s, lubrificação a graxa ou óleo com conta-gotas.
 Vp ≤ 10 m/s, lubrificação por imersão (banho de óleo). Submergir em óleo
o ramal de baixo.
 Vp > 10 m/s, lubrificação por circulação sob pressão com válvulas injetoras.
 Na transmissão por corrente, o ramal de baixo deve ser sempre o
conduzido ou frouxo.
 Proteger corretamente a transmissão, para evitar penetração de poeira.
 Lubrificação de correntes de roletes é essencial para obter uma vida
longa e sem problemas. Tanto a alimentação de gotejamento quanto um
banho raso no lubrificante são satisfatórios. Deve ser usado um óleo
mineral médio ou leve, sem aditivos. Exceto em condições excepcionais,
óleos pesados e graxas não são recomendados, porque são muito viscosos
para adentrar às pequenas folgas entre peças da corrente. (ref. Elem.Máq.
Shigley 8ª ed.pag.921)
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Escolha do Óleo
• A tabela abaixo orienta a escolha do óleo em função da
pressão atuante na articulação e da velocidade tangencial da
corrente.

Dados do exercício resolvido:


Pressão atuante = 38,3 MPa ou 3,83 kgf/mm2
Velocidade periférica = 1,59 m/s
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Lubrificação: Cálculo da Força Tangencial (Ft)


Ft = P / Vp  4480 / 1,59
• Pressão atuante nos roletes (pr): Ft = 2817,6 N

P – potencia (W)
Vp – velocidade periférica (m/s)
• drol (diâmetro do rolete) = 10,16 mm Ft – força tangencial (N)
• b1 – (largura da engrenagem) = 9,52 mm

• Escolha do lubrificante:
-A lubrificação é manual, a pressão especifica na articulação da corrente é
de 38,3 N/mm2 e a velocidade da corrente é Vp = 1,59 m/s, de onde se
conclui que a viscosidade do óleo a 50° é de 41 a 53 cP. (ver pag.31).
1 cSt = 1 mm2 / s  centistoke (viscosidade cinemática)
1 cP = 10 kgf.s / cm2  centipoise (viscosidade dinâmica)
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Bibliografia
• Projeto Mecânico de Elementos de Máquinas, uma
perspectiva de prevenção de falha. PLT 296- 1ª edição
- COLLINS, J.A.
- Elementos de Máquinas de Shigley – 8ª edição
- BUDYNAS, R.G, NISBETT, J.K
• SKF Transmission chains – Junho / 2013

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