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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS


DEPARTAMENTO DE SOLOS
SOL - 480 INTRODUÇÃO AO GEOPROCESSAMENTO

PROFESSORES: MÁRCIO ROCHA FRANCELINO E


ELPÍDIO INÁCIO FERNANDES FILHO

CRISTIANE COSTA - 67872


IGOR SOARES FIGUEIREDO - 83120
LEONARDO HENRIQUE DE PAIVA ALMEIDA - 75456
LUIZ FELLIPE CHAVES DE SOUSA - 83146

EXPANSÃO DA MANCHA URBANA DE DEZ CIDADES-PÓLO MINEIRAS NO


PERÍODO DE 1986 - 2016

Viçosa
2016
1. INTRODUÇÃO:
A paisagem e o espaço de habitação humana, ao longo do tempo, se alteram
sempre em um sentido. De maneira organizada e de acordo com os padrões
estéticos, religiosos morais e filosóficos de cada época, as cidades vão se tornando
o espelho dos homens que viveram em determinado lugar ou espaço, ficando na
paisagem as marcas de períodos pretéritos, sejam eles ruínas, prédios antigos,
catedrais góticas, igrejas barrocas, ruas angulosas ou tortuosas, etc. Desta forma,
torna-se possível uma análise histórica do espaço e esse jogo de espaço e tempo,
ou esse eterno paradoxo espaço-temporal, envolve sempre os estudos em
geografia.
No período atual, podemos dizer que o conceito de ​aufklärung do filósofo
alemão Immanuel Kant, em tradução literal “esclarecimento”, mais conhecido no
Brasil por Iluminismo, está sendo vitorioso desde o século XVIII, em que a razão tem
se tornado cada vez mais o norte de todas as concepções político filosóficas e a
ciência enquanto entidade e instituição tem se tornado a grande mestra das relações
humanas. Não é atoa que em cartografia aplicamos o método cartesiano, que tem
sua origem no filósofo René Descartes que para muitos é considerado o pai do
racionalismo.
Devido ao avanço da ciência em períodos de pensamento livre, foi possível
um grande avanço técnico, e as paisagens ao redor do globo terrestre nunca se
alteraram tanto em tão curto espaço de tempo. A revolução industrial trouxe avanços
em vários âmbitos da vida humana, mas trouxe também o ônus dos inchaços
urbanos. O crescimento econômico e técnico elevaram a cidade ao patamar de
categoria espacial num grau de maior importância do que o campo, uma situação
muito diferente do período medieval, fazendo surgir o fenômeno que se cunhou de
êxodo rural, que são as grandes migrações de pessoas do campo para a cidade
motivadas por fatores diversos e muitas vezes externos.
O Brasil desde a década de 50 vem sofrendo uma intensa urbanização,
fenômeno denominado por alguns autores da geografia, como Antônio Carlos
Robert Moraes, de “modernização tardia”, quando comparamos o crescimento
urbano brasileiro com o europeu por exemplo. Durante o governo de Juscelino
Kubistchek, sob o lema e ideologia claramente desenvolvimentistas de crescer 50
anos em 5, o país foi palco de intensos investimentos em infraestrutura, que
partiram tanto da esfera pública quanto privada. A atração que o estado brasileiro
criou para investidores externos foi importante para a criação de parques industriais
que se localizam preferencialmente próximos ou dentro de áreas urbanas. Em si só,
esse fator já enuncia a importância do entendimento do rápido crescimento urbano
no Brasil, apesar de claro, existirem outros fatores para além deste citado.
Diversas são as causas deste efeito, sendo que alguns autores apontam para
o desemprego estrutural causado pelo maquinário agrícola, que desestabiliza as
relações empregatícias devido ao baixo custo dos investimentos em tecnologia e
que resultam na retração da mão de obra campesina. Porém, há regiões em que o
relevo acidentado impossibilita a prática de agricultura mecanizada, portanto esta é
uma explicação plausível, mas que se aplica a certas regiões e não ao território
brasileiro como um todo. Outros apontam para o caráter de centralidade da cidade,
que é onde se concentram os maiores postos de trabalho e onde estão as melhores
oportunidades de estudo e de emprego, portanto as pessoas do campo se deslocam
para a cidade na esperança de uma melhoria na qualidade de vida. Autores de
orientação marxista tendem a criticar o sistema econômico vigente e apontar o
êxodo rural como uma consequência da busca desenfreada das empresas por
lucros.
Muitas são as explicações e tentativas de uma aproximação teórica mais
próxima possível da realidade estudada, porém, teorias à parte, o crescimento
urbano é um dado e um fato: os números do IBGE e as imagens de satélite não
mentem quando demonstram o crescimento das manchas urbanas nas cidades
brasileiras. Diferentemente de anos anteriores, quando só as grandes metrópoles
apresentaram sinais de rápido crescimento, hoje os redutos menores, as chamadas
cidades médias, apresentam concomitante às metrópoles, uma taxa de crescimento
elevado. O que faz dessas cidades uma categoria importante nos estudos urbanos.
Segundo dados do censo demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística de 2010, o Brasil apresenta uma população urbana de 160.925.792
habitantes, sendo a população rural composta por 28.830.007 habitantes. Estes
números demonstram o caráter marcadamente urbano da sociedade brasileira.
Nesse cenário, tem-se destacado as cidades de porte médio, por apresentarem
intenso ritmo de crescimento populacional criando um processo de reestruturação
sócio-espacial.
No Brasil, há relativo consenso em considerar cidades de porte médio
aquelas que estão entre 50 mil e 500 mil habitantes, ainda que esse intervalo esteja
sujeito a alterações a cada divulgação dos resultados dos censos demográficos
(SPOSITO, 2010). Monad (1974) considera que o estabelecimento de uma definição
científica para estas cidades seria inútil em função da sua complexidade e
variabilidade de um país para outro e até mesmo de uma região para outra.
Em Minas Gerais, verificou-se um acelerado ritmo de crescimento das
cidades de porte médio principalmente por a partir da década de 80. Tal processo
gera efeitos na desigualdade regional, uma vez que se tem uma relativa
desaceleração do crescimento demográfico em algumas cidades e, em
contrapartida, a intensificação desse crescimento em outras.
A dinâmica urbana destas cidades reflete numa complexa organização
socioeconômica a partir da articulação destas com os centros metropolitanos,
principalmente em função do sistema produtivo. As cidades médias adquirem
crescente importância na rede urbana nacional devido, sobretudo, aos processos de
descentralização e reestruturação produtiva.
O espaço urbano é marcado por relações sociais, econômicas e culturais em
constante e acelerada mudança. As transformações das cidades demandam
crescentes esforços de planejamento e gerenciamento por parte dos gestores
urbanos, sendo, nesse sentido, de grande importância o estudo e monitoramento da
cidade e suas transformações. Pode-se dizer que essa expansão das áreas
urbanizadas é acompanhada por uma crescente demanda de infraestrutura urbana e
serviços.
Uma das características mais marcantes do recente processo de urbanização
brasileiro é a mudança das tradicionais tendências de concentração - tanto da
população quanto dos agentes econômicos - nas metrópoles do país, igualmente
tradicionais. Tem-se observado que as grandes metrópoles tem apresentado um
ritmo muito mais lento de crescimento enquanto, por outro lado, as cidades médias
vêm apresentando os índices de crescimento mais elevados e, como efeito, maiores
concentrações econômicas e demográficas.
O estudo do crescimento urbano de um município possibilita a identificação e
a análise de tendências quanto à expansão das áreas urbanizadas, sendo de
grande importância para atividades de planejamento e política urbana. Novas
tecnologias têm impulsionado significativos avanços em relação a estes estudos a
partir de ferramentas que possibilitam uma análise das interações entre a
população, o espaço e a paisagem. O uso de imagens de satélites tem se mostrado
cada vez mais presente nos estudos e diagnósticos urbano-regionais
proporcionando resultados mais rápidos e precisos em comparação a levantamentos
tradicionais.
O sensoriamento remoto se mostra como uma ferramenta bastante eficiente
para avaliar os processos de expansão do espaço urbano uma vez que possibilitam
a obtenção de imagens regionais e informações em tempo real tornando possível a
delimitação dos limites e monitoramento urbano. A análise da expansão urbana
através do sensoriamento remoto, juntamente com o Sistema de Informação
Geográfica (SIG), permite uma interpretação do crescimento urbano auxiliando na
metodologia para elaboração de planos de gestão, manejo recursos naturais,
planejamento urbano, direcionamento dos crescimentos físico e econômico dos
municípios, etc. (SANTOS, et al. 2011)
A análise espacial num SIG pressupõe o conhecimento das relações
espaciais entre as entidades geográficas fundamentais, podendo promover a
agregação de dados de várias fontes que podem ser representadas espacialmente,
exprimindo a totalidade e a complexidade da realidade ambiental. Segundo Silva et
al. (2002) tratar situações e/ou fenômenos que se dão no espaço exige informações
especializadas e integradas que auxilie na tomada de decisão. Nesse sentido, a
análise espacial contribui para subsidiar a tomada de decisões e a consequente
intervenção no espaço.
2. OBJETIVOS:
Tem-se como objetivo geral deste trabalho a geração de dez mapas
temáticos que retratem a evolução da mancha urbana das cidades trabalhadas em
questão. Tais mapas visam apresentar a mancha urbana num recorte temporal de
trinta anos. Especificamente para cada cidade, objetiva-se produzir um mapa a cada
dez anos, ao longo dos anos de 1986, 1996, 2006 e 2016.
Como objetivos específicos, tem-se: a) observar possíveis padrões e eixos de
crescimento urbano; b) relacionar tais feições obtidas com fenômenos e ações
praticadas de acordo com a característica político-econômica de cada município; c)
correlacionar as cidades com características econômicas semelhantes mesmo que
estejam distantes ou localizadas em regiões diferentes.
3. MATERIAIS E MÉTODOS:
A metodologia de trabalho escolhida divide-se em três etapas citadas a
seguir e explicadas em sequência: obtenção de imagens de satélite apropriadas
para a finalidade da pesquisa; processamento dessas imagens; análise e discussão
dos resultados obtidos.
Como primeira etapa, buscou-se imagens de satélite cujo foco principal fosse
uma cena de abrangência grande e com resolução espacial que permitisse a
visualização das manchas urbanas, assim como a existência de imagens dos anos
escolhidos para tal pesquisa: 1986, 1996, 2006 e 2016. Com isso, optou-se pelas
imagens do satélite LANDSAT-5 e LANDSAT-8, pois a resolução temporal destes
abarca as necessidades e objetivos deste trabalho, sendo que o primeiro nos
forneceu as imagens dos 3 primeiros anos escolhidos e o segundo, do último ano. É
válido ressaltar também, que a opção pelos satélites LANDSAT obedecem o critério
de uma padronização das cenas, isto é, seguem limites semelhantes por possuírem
ambos órbitas polares conforme pode-se observar no site www.stuffin.space. Todas
as imagens foram obtidas gratuitamente do site do Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (INPE), motivo este que também se configurou como critério de escolha
dos satélites em questão por facilitar o acesso às informações necessárias para o
trabalho.
A segunda etapa da pesquisa envolveu o uso do software ArcGIS 10.1 para
se processar as imagens chegando-se no resultado final dos ​layouts que serão
apresentados nos resultados e discussões deste trabalho. Como o conjunto de
dados obtidos online exigiu um processamento mais eficiente, conforme
apresentaremos no passo à passo a seguir, utilizou-se os equipamentos e materiais
que o Laboratório de Geoprocessamento do Departamento de Solos da
Universidade Federal de Viçosa nos disponibilizou.
Pela opção de se trabalhar com 10 cidades mineiras, pré-definiu-se um
recorte temporal de trinta anos de evolução, sendo que para cada cidade, se obteve
4 imagens referentes à anos representativos num intervalo de 10 anos, sendo eles
os anos de 1986, 1996, 2006 e 2016. Obteve-se então, por meio de ​download dos
dados diretamente do site do INPE, quarenta imagens a serem processadas, sendo
que para o satélite LANDSAT-5 cada cena é composta por sete bandas espectrais,
característica do sensor TM (Thematic Mapper), e o LANDSAT-8 11 bandas,
característica dos sensores OLI (​Operacional Land Imager) e TIRS (​Thermal Infrared
Sensor).
Tomando como exemplo a cidade de Uberaba, descreveremos a seguir o
passo à passo do processo de produção dos ​layouts finais, explicando cada etapa e
apresentando as capturas de tela (​printscreen) que demonstram as ferramentas
utilizadas no ​software.
O primeiro passo foi, ao abrir um novo projeto em branco no ArcMap,
adicionar as bandas espectrais da cena do ano de 1986, estas capturadas pelo
satélite LANDSAT-5 com resolução espacial de 30m, resolução temporal de 16 dias
e cena de 185km². Tendo em vista que o satélite LANDSAT-8 entrou em órbita
apenas no ano de 2013, as imagens dos anos de 1986, 1996 e 2006 foram obtidas
pelo LANDSAT-5. Utilizando o comando ​Add Data, adicionou-se as bandas para, em
seguida, compor a imagem pelo comando ​Composite Bands, no menu ​ArcToolbox >
Data Managment Tools > ​Raster > ​Raster Processing > ​Composite Bands. Para o
LANDSAT-5 utilizamos as bandas de 1 à 5 na composição da cena, pois para o
objetivo do trabalho as bandas 6 e 7 demonstraram ser pouco efetivas pela
abrangência espectral das mesmas. Com a cena composta, passamos para a
edição das bandas e cores, de modo a atingir uma composição funcional para se
destacar a mancha urbana. Conforme a tabela 1 abaixo, que apresenta as
especificações de cada banda espectral, optou-se por utilizar a banda 3 no
vermelho, banda 2 no verde e banda 1 no azul, tendo como resultado final uma
composição bem próxima do visível:
Tabela 1 - Bandas espectrais do LANDSAT-5 e suas especificações:

(Fonte: Divisão e geração de imagens INPE)


Sabe-se, portanto, que a banda 3 é mais utilizada para delimitação de
manchas urbanas, por apresentar bom contraste entre as áreas ocupadas e a
vegetação do entorno, pois a vegetação tem grande absorção nesse intervalo
espectral (0,63 - 0,69). Para potencializar a edição utilizamos a ferramenta ​Image
Analysis, configurando nos histogramas as cores e alterando os valores de brilho e
contraste também.
Repetimos este processo de adicionar, compor e configurar a cena para os
anos de 1996 e 2006, ambas imagens obtidas pelo LANDSAT-5, daí a semelhança
no processo. Para o ano de 2016, cujas imagens foram obtidas do satélite
LANDSAT-8, o processo mostrou-se diferente, primeiramente pelo fato do sensor
OLI dispor de bandas multi-espectrais com resolução espacial de 30 metros (bandas
1 à 7 e 9) e uma banda ​Quality Assessment Band (BQA), que representa as
informações do pacote de bits da imagem. O tamanho aproximado da cena é de 170
km ao norte-sul por 183 km a leste-oeste. Além disso, dispõe também de uma banda
pancromática (banda 8), melhorando a resolução para 15 metros. Sendo assim, ao
compor a cena pelo ​Composite Bands utilizamos da banda 2 a banda 8, sendo que
a banda 1 foi ignorada por ser referente à Spray Marinho (​Coastal Aerosol) e as
bandas 9, 10 e 11 também, por se referirem à dados para estudos meteorológicos e
climatológicos (​Cirrus - banda 9, ​Thermal Infrared (TIRS) 1 - banda 10 - e ​Thermal
Infrared (TIRS) 2 - banda 11). Para este caso, compôs-se a banda 4 no vermelho,
banda 3 no verde e banda 2 no azul, pelo mesmo motivo de se mostram bem
próxima do visível.
Com as cenas dos 4 anos compostas e editadas, o próximo passo propôs-se
a corrigir o ​DATUM de cada imagem e do ​data frame, pois o sistema de
georreferenciamento adotado era o WGS-1984 e, de acordo com o Decreto nº
5334/2005 assinado em 06 de janeiro de 2005 e publicado em 07 de janeiro de
2005, que definiu os Referenciais Planimétricos e Altimétricos para a cartografia
brasileira (Projeto Mudança do Referencial Geodésico - PMRG), deve-se utilizar o
sistema SIRGAS 2000. Assim, pela ferramenta ​Project Raster, também no menu
ArcToolbox, alterou-se então, o ​DATUM, conforme a Figura 1 a seguir:
Figura 1: Alteração do ​DATUM das cenas:

(Fonte: Arquivo pessoal)

Com as cenas já no ​DATUM SIRGAS 2000, deve-se então, repetir o


processo para o ​Data Frame, sendo isso feito através do menu ​Properties clicando
com o botão direito do mouse no próprio ​Data Frame, indo em ​Coordinate System e
escolhendo o sistema de projeção Universal Transversa de Mercator (UTM),
SIRGAS 2000 e a zona em questão, no caso de Uberaba, Zona 23S.
Com todas as cenas e o ​data frame já no mesmo sistema de projeção,
seguiu-se para o georreferenciamento das imagens, com a finalidade de sobrepô-las
perfeitamente e definir o ​DATUM, permitindo assim uma maior facilidade de se
observar a evolução temporal da mancha urbana no processo de produção dos
polígonos, que foi escolhido como melhor metodologia para se atingir o objetivo
desta pesquisa (demonstrar a evolução da mancha urbana). Utilizando a aba
Georreferencing, optou-se pelo uso da ferramenta ​Add Control Points, pois com o
auxílio do programa Google Earth, obtivemos as coordenadas de pontos referenciais
para auxiliar no georreferenciamento no ​ArcMap de cada ano, tendo em vista que
tanto esse programa quanto o ​ArcMap possuem a possibilidade de se escolher um
ano específico para se trabalhar. Assim, no ​Google Earth, utilizou-se a opção
"mostrar imagens históricas" para escolher o primeiro ano para se georreferenciar,
neste caso, o ano de 1986, assim como no ​ArcMap, na aba ​Georreferencing
selecionou-se o layer do ano de 1986. Ativou-se também, no ​Google Earth, no menu
"Ferramentas", a opção "Universal Transversa de Mercator", e obteve-se diversos
pontos ao longo da cena, para transcrever suas respectivas coordenadas para o
ArcMap. Conforme apresentou-se no decorrer da disciplina "Introdução ao
Geoprocessamento" (SOL 480) ministrada no curso de graduação em bacharelado
em Geografia da Universidade Federal de Viçosa, desativou-se a opção ​Auto Adjust,
na aba ​View Link Table, que mostra os pontos marcados na cena. Por fim, com os
valores das coordenadas dos diversos pontos transcritos para os respectivos pontos
no ​ArcMap, reativou-se a opção ​Auto Adjust e, em seguida, Update Georreferencing,
para que o programa corrigisse o posicionamento de cada ponto referência da cena
do primeiro ano georreferenciado.
Repetindo esse processo para os demais anos, conseguiu-se
georreferenciar todas as imagens, deixando-as sobrepostas para iniciar o próximo
passo: desenhar o polígono para demarcar a mancha urbana. É válido ressaltar que,
especialmente, para a cena do ano de 2006, diversos erros e desvios na
sobreposição para com as outras cenas ocorreram, fato este que exigiu um maior
número de pontos de controle e repetição do processo.
Em sequencia, iniciou-se a etapa de delimitar a mancha urbana optando-se
pela Classificação Não-Automatizada, devido à resolução espacial que as imagens
apresentam, evitando assim erros provenientes do processo automatizado e
garantindo uma melhor delimitação. Para isso, criou-se um ​Shapefile no formato
Polyline e iniciou-se a marcação dos vértices do polígono da mancha urbana,
porém, ainda no formato de linha, pela aba ​Editor > ​Start Editing, conforme a Figura
2:
Figura 2: Demarcação dos vértices no ​shapefile:

(Fonte: Arquivo pessoal)

Iniciando no primeiro ano de trabalho, 1986, desativou-se as ​layers dos


demais anos e delimitou-se a mancha urbana. Com a linha completa, utilizou-se a
ferramenta ​Feature to Polygon, no menu ​ArcToolbox, para se converter para
polígono o que foi demarcado no primeiro ano como ​Polyline. Em seguida, abriu-se
a tabela de atributos do ​shapefile e adicionou-se uma nova camada, denominada
"Ano", no formato ​text, para especificar que o atributo em questão, o polígono
marcado inicialmente, fosse do ano de 1986. Com a linha convertida para polígono e
já especificado o ano deste polígono em questão, reeditou-se o ​shapefile ainda pela
opção ​Editor > ​Start Editing, porém, agora utilizando o formato ​Polygon, com a ​layer
do próximo ano sobreposta, no caso, 1996. Ao final deste processo, repetiu-se o
processo de classificar na tabela de atributos o polígono criado para o ano em
questão, neste caso utilizando a ferramenta ​Merge para unir os novos polígonos
criados sob a mesma classificação. Por fim, repetiu-se o processo para os demais
anos, 2006 e 2016, obtendo-se então um ​shapefile com quatro polígonos
especificados na tabela de atributos, um para cada ano, conforme observa-se na
Figura 3:
Figura 3: Polígonos criados no ​shapefile:

(Fonte: Arquivo pessoal)

Por questão de estética, alterou-se as cores dos polígonos de modo a dar


uma melhor noção de evolução gradual do fenômeno estudado, optando-se assim
por um esquema de cores em degradê conforme a Figura 3 mostra. Este processo
foi feito clicando-se com o botão direito do mouse sobre a ​layer do ​shapefile e indo
em ​Properties > ​Symbology > ​Categories. Por fim, na construção dos ​layouts
optou-se por escalas que melhor se adequassem à visualização da área de estudo,
tendo em vista a diferença no tamanho das manchas urbanas das cidades
estudadas. O Padrão de Exatidão Cartográfica especifica uma fórmula para se
escolher a melhor escala de acordo com a resolução espacial da imagem,
apresentada a seguir:
Escala = ​Resolução Espacial
0,0002
Portanto, para as imagens do LANDSAT-5 e 8, a escala ideal seria de
1:150.000 e 1:75.000, respectivamente, porém, estas se mostraram inadequadas
para alguns ​layouts, visto que a mancha urbana que algumas cidades apresentaram
eram menores ou maiores, exigindo uma adequação da escala para se construir um
layout visualmente agradável. Assim, utilizou-se 6 escalas diferentes: 1:60.000,
1:65000, 1:75.000, 1:100.000, 1:110.000, 1:150.000.
Todos os ​layouts produzidos serão apresentados, com as devidas
considerações, análises e discussões observadas ao longo da execução do
presente trabalho, no tópico “Resultados e Discussões” a seguir.
4. CONCLUSÃO, RESULTADOS E DISCUSSÕES:
4.1 Breve contextualização das cidades estudadas:
O objetivo central deste estudo é a análise do crescimento urbano de 10
cidades mineiras no período de 30 anos, sendo elas: Conselheiro Lafaiete,
Governador Valadares, Ipatinga, Juiz de Fora , Montes Claros, Pirapora, Uberaba,
Uberlândia, Unaí e Viçosa, nos anos: 1986, 1996, 2006 e 2016. Apesar da grande
diferenciação que existe entre as cidades estudadas, como a região de cada uma, a
dinâmica econômica e cultural, formação espacial e até fisiográfica, todas possuem
uma característica em comum, que é o fato de serem consideradas “cidades pólos”.
As cidades pólos, são as cidades que apesar de não possuírem o status de capital,
exercem forte influência no seu entorno, concentrando serviços, instituições
governamentais, postos de trabalho, e oferecem muitas vezes serviços de saúde
mais sofisticados, atraindo pessoas dos municípios vizinhos a às vezes até de
outras regiões, para as suas cidades. Apesar de possuírem essa característica em
comum, o caráter de polarização pode ser diferente entre elas, visto que a atração
exercida no seu entorno, obedece critérios diferentes, como por exemplo, no caso
de Viçosa, que atrai estudantes de diversas regiões de Minas Gerais e até outros
estados, mas não atrai trabalhadores para a indústria local, visto que a dinâmica
econômica desta cidade se volta muito mais para o comércio que para a indústria,
sendo esta última, um segmento pouco atrativo nesta cidade. Este fato já se difere
do caso de Conselheiro Lafaiete, que atrai trabalhadores para as grandes
mineradoras e siderúrgicas, como a Gerdau em Ouro Branco, CSN, VSB e Vale em
Congonhas, e que apesar de ser uma cidade que não possui no seu limite municipal
empresas deste segmento, apenas uma pequena cava de extração de manganês
pertencente a empresa Vale, serve de abrigo para quase o efetivo total de
empregados deste segmento, por ser uma cidade que oferece mais serviços e
possui aluguéis e terrenos urbanos mais baratos, se tornando praticamente uma
cidade dormitório.
Para melhor caracterização das cidades estudadas, optou-se por um
enquadramento mais abrangente, criando características para adequar mais de uma
cidade, tomando como base os setores econômicos que nos tempos atuais é mais
distinguível para a diferenciação de lugares e regiões. As subdivisões com suas
respectivas cidades estão colocadas abaixo nos subtópicos 4.1.1, 4.1.2 e 4.1.3.

4.1.1. Potencial Agropecuário:


Uberaba, Uberlândia e Unaí, com suas populações em 2016 sendo,
respectivamente, 322.126, 669.672 e 82.298 habitantes, se localizam na região
sudeste em transição para o centro-oeste, possuem o relevo aplainado e solos com
excelente propriedades físicas, o que facilita a agricultura moderna e mecanizada,
todas têm sua economia baseada e voltada para o agronegócio, sendo possível
afirmar que estas regiões possuem uma vocação para este segmento de mercado e
nos últimos anos têm se destacado no cenário nacional por suas extensas
plantações de soja. Unaí ainda tem a particularidade de estar muito próxima da
capital federal, Brasília, e em termos políticos possuí uma localização privilegiada.
As referidas cidades apresentaram tendência ao crescimento a partir do ano
2006, apesar de Uberlândia fugir à regra e ter crescido 3.934,19 ha em 1996, tendo
seu ​boom de crescimento anterior às outras. Essas cidades foram privilegiadas por
estarem localizadas próximas ao centro-oeste, que é a região com maiores
investimentos no agronegócio do país. Neste caso, a mão de obra utilizada por esse
setor apesar de ser especializada, é abundante, gerando muitos empregos para as
pessoas trabalharem nas lavouras.
Outro fator que explica o crescimento destas cidades foi o grande
investimento que o governo federal proporcionou para setores agropecuários
durante o governo PT, tornando este setor privilegiado, através da facilitação de
créditos e investimentos via empréstimo pelo Banco Nacional de Desenvolvimento
(BNDES).

4.1.2. Potencial Industrial:


Apesar da grande extensão territorial do estado de Minas Gerais e a
espacialização de seus municípios, muitas das cidades pólos apresentam
características semelhantes, como é o caso da industrialização.
Conselheiro Lafaiete, situada na Mesorregião Metropolitana de Belo
Horizonte possui cerca de 123.275 habitantes de acordo com o senso de 2016, e
localiza-se próxima a grandes mineradoras e siderúrgicas de médio e grande porte,
como é o caso da Vale, que possui sua economia na baseada na extração de
manganês; MRS Logística S.A., empresa de transporte ferroviário; Ferrous; Gerdau
Açominas; USIMINAS Vagões; dentre outras, muitas delas situadas no Distrito
Industrial, hoje em expansão. Assim como Lafaiete, outras cidades estudadas,
apesar de separadas espacialmente uma das outras, destacam-se no setor
industrial, podendo-se destacar: Ipatinga, Juiz de Fora, Montes Claros e Pirapora,
com suas populações em 2016 respectivamente de, 243.541, 525.225, 370.216,
55.972, habitantes. Destacando-se como o segundo maior pólo industrial do norte
de Minas Gerais, Pirapora é referência dentro de sua microrregião, possuindo na
sua economia sólidas indústrias como a Inonibrás (Inoculantes e Ferro-ligas), Liasa
(silício metálico), Minasligas (Ferro-ligas e silício metálico), dentre outras, com
grande importância na exportação devido sua localização estratégica, e a Ferrovia
Centro-Atlântica, de grande relevância, que liga o município ao Porto de Tubarão no
Estado do Espírito Santo.
Após mapeado e estudado as devidas cidades foi possível notar uma maior
tendência de crescimento também à partir dos anos de 2006, talvez devido a criação
da ​Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig), por
meio da Lei 14.892, de 17/12/2003, onde trouxe para as mesmas um maior
desenvolvimento no setor industrial e consequentemente um maior crescimento
populacional e habitacional.

4.1.3. Potencial Serviços:


As cidades que compõem essa categoria, são as que apresentaram
crescimento e atração enquanto pólos relacionados direta ou indiretamente com a
faculdade das mesmas em oferecer serviços especializados, sejam eles: comerciais,
hospitalares ou em instituições públicas. Aqui se enquadram cidades que estão
presentes em outras categorias também, sendo elas: Conselheiro Lafaiete, Montes
Claros, Juiz de Fora, Ipatinga, Viçosa e Governador Valadares.
Segundo o site do IBGE, Minas Gerais possui 853 municípios, e é de longe o
estado com maior número de municípios do país. A isto se deve muitos fatores,
como a fragmentação territorial e o antigo regime de coronelismo, que por ser um
estado muito grande, possui distinções entre suas regiões, como é o caso do Norte
de Minas que possui os dados PIB muito abaixo da média total do estado, conforme
a Figura 4 abaixo:
Figura 4: PIB do ano de 2010 das cidades de Minas Gerais:

(Fonte: IBGE)

A quantidade de municípios prejudica a divisão dos recursos por parte dos


governos federais e estaduais, o que dificulta muitas administrações de prefeituras
no interior do estado, situação esta, que têm se agravado com o avanço da crise
econômica no país, o que faz com que municípios pouco maiores se destaquem por
possuírem maior quantidade de serviços disponíveis. Pirapora por exemplo, possui a
única unidade militar da Marinha do Brasil em Minas Gerais, a Capitania Fluvial do
São Francisco, que regula o tráfego e transporte fluvial no principal rio navegável
deste estado.
O comércio é, desde a idade média, um grande fator de atração das pessoas
do campo para a cidade. A possibilidade de vendas, compras e trocas bem
sucedidas reúne as pessoas em torno do objetivo do lucro, sendo no mercado o
local onde ocorrem as interações sociais com a finalidade prática do comércio.
Esses pólos urbanos se mostram muito importantes para as populações rurais do
entorno dessas cidades, inclusive para a venda das produções de suas lavouras. É
comum nesses locais a existência de órgãos de Assistência Técnica e Extensão
Rural (ATER), como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA),
que aplica e leva conhecimento aos pequenos produtores rurais, produzindo uma
intensa troca de informações e aumentando a produtividade dos mesmos.
Assim, observou-se que estas cidades, mesmo que em muitos casos não se
possua uma indústria sólida oferecendo vagas de empregos, são essenciais para as
micro e macrorregiões, sendo pontos de referências, locais de encontro e se
qualificam como essenciais para o desenvolvimento de extensas regiões do entorno.
Com a finalização do trabalho de processamento das imagens de satélite no
software ArcGIS, observou-se o grande potencial que o programa oferece para o
avanço dos estudos urbanos, e em momento muito propício, visto que segundo
estudo da ONU de projeção para 2050, a população mundial será de 9,6 bilhões de
pessoas, e 2/3 habitarão as cidades. Isto implica cada vez mais um esforço por
parte da ciência em compreender os fenômenos em ambientes urbanos.
A escolha das cidades seguiu a intenção de ser o mais representativo
possível, tanto espacialmente quanto qualitativamente. Foram eleitas cidades das
mais diversas regiões do estado de Minas Gerais, algumas bem menores que as
outros, mas com a característica em comum de serem cidades pólos em micro ou
macro regiões.

4.2. Análise dos mapas produzidos:


Com os produtos finais do trabalho realizado, pode-se, por fim, analisá-los e
observar padrões e semelhanças nos processos de desenvolvimento das manchas
urbanas, sobretudo por características sócio-econômicas que cada cidade
apresenta. Observou-se de maneira geral, ou como via de regra, que as cidades
apresentaram um boom de crescimento a partir do ano de 2006, e maior ainda em
2016, o que coincide com o início do programa “Minha Casa Minha Vida”, iniciado
em 2009, sendo nítido o reconhecimento dessas áreas através das imagens de
satélite, onde se foi possível visualizar loteamentos em lugares mais afastados dos
centros. Com padrões claros de quarteirões bem definidos e retilíneos, tão comuns
nos loteamentos do governo federal, este processo pode ser fundamental para o
entendimento da rápida expansão da mancha urbana na maioria das cidades.
Abaixo serão discutidas as características específicas de cada cidade, em ordem
alfabética, iniciando-se por Conselheiro Lafaiete, conforme a Figura 5 abaixo:
Figura 5: ​Layout do mapa da expansão urbana de Conselheiro Lafaiete:

(Fonte: arquivo pessoal)

Conselheiro Lafaiete apresentou um rápido crescimento, maior até que


muitas cidades deste estudo, sendo comum entre os moradores locais ressaltar este
fato em conversas informais. A cidade tem expandido sua área urbana para atender
principalmente a demanda de funcionários que trabalham nas cidades vizinhas.
Como já citado anteriormente, Conselheiro Lafaiete é considerada uma cidade que
se destaca do seu entorno por ter a capacidade de oferecer mais serviços, hospitais
especializados e inclusive um maior número de supermercados, além de possuir
lotes mais baratos. As empresas das cidades vizinhas fornecem ônibus que
transportam estes trabalhadores para se deslocarem cotidianamente nos trajetos
intermunicipais. Na mancha de expansão urbana que se configura no ano de 2016,
a parte sudoeste do mapa surgiu com a conurbação de uma área rural, agregada a
cidade graças a investimentos em infraestrutura nessa área, que antes era
transitável somente por estradas de terra. De forma geral, o crescimento da cidade
não teve um eixo preferencial, apresentando-se esse desenvolvimento em todas as
direções, a população em 2016 é de 123.275 (tabela2). Na sequência, apresenta-se
a Figura 6 para se discutir o caso da cidade de Governador Valadares:
Figura 6: ​Layout do mapa da expansão urbana de Governador Valadares:

(Fonte: arquivo pessoal)

Governador Valadares apresenta um crescimento concentrado nos eixos


norte e, principalmente, noroeste, sendo estes os principais pontos de adensamento
urbano nos últimos anos, tendo como um dos fatores de influência a construção do
anel rodoviário. Nestas áreas, tem-se, recentemente, a implantação de novos
loteamentos que vem sendo ocupados por uma população de padrão médio-alto.
Além disso, podem-se considerar dentro desse processo algumas intervenções de
grande impacto para a cidade como, por exemplo, a instalação do campus do
Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG), do campus da Universidade Federal de
Juiz de Fora (UFJF) e a construção do Hospital Regional. A Figura 7 a seguir nos
mostra o ​layout para o caso de Ipatinga:
Figura 7: ​Layout do mapa da expansão urbana de Ipatinga:

(Fonte: arquivo pessoal)

Ipatinga é uma cidade que já nasceu com a vocação metalúrgica, tendo no


ano de 1962, um marco, devido ao ​boom de crescimento urbano e populacional
após essa data, que é a inauguração da USIMINAS. A empresa é fonte de renda de
muitos moradores locais direta ou indiretamente, devido ao grande suporte que ela
necessita, sendo requisitado constante prestação de serviços por parte de empresas
menores, além de ser a responsável pela maior arrecadação do município. É
importante ressaltar que a cidade tem se destacado regionalmente pela prestação
de serviços, principalmente o comércio, sendo o centro desta cidade tomado por
estabelecimentos comerciais de todos os tipos.
Uma particularidade de Ipatinga é o fato de ter sido planejada, o que torna
sua expansão urbana mais restrita devido aos cinturões verdes no perímetro urbano,
plantados pela USIMINAS. Além disso, a legislação municipal restringe o limite de
andares por prédios em alguns bairros da cidade, dificultando o crescimento vertical.
Porém, por ser planejada, a cidade já apresenta eixos de expansão definidos nos
planos diretores, tornando o trabalho dos legisladores, neste caso, mais fácil e
dificultando a instalação de empreendimentos que não obedecem os critérios locais
de urbanização. Neste caso, foi necessária a inclusão de um ​Shapefile com os
limites municipais, pois Ipatinga na sua divisa com a cidade de Cel. Fabriciano
apresenta-se conurbada com esta. A população da cidade em 2016 é de 243.541. O
layout 8 a seguir, apresenta o caso da cidade de Juiz de Fora:
Figura 8: ​Layout do mapa da expansão urbana de Juiz de Fora:

(Fonte: arquivo pessoal)

No que diz respeito a Juiz de Fora, observa-se que a cidade cresce,


principalmente, nos sentidos sudoeste e noroeste, com população em 2016 na
marca de 525.225 habitantes (Tabela 2). Dentre os fatores de influência para essa
tendência, pode-se destacar o papel do mercado imobiliário a partir da instalação de
novos condomínios residenciais para uma população de classe média-alta. Alguns
projetos urbanos também podem ser considerados, como a duplicação da Avenida
Deusdedith Salgado, o Condominio Estrela Sul, o Hospital Monte Sinai e o
Independência Shopping. Juiz de Fora se destaca por ser uma cidade de porte
médio de grande importância para a zona da mata mineira, a proximidade desta
cidade com o Rio de Janeiro e Belo Horizonte, produz um local com importância
política e econômica, e cria mais um pólo entre dois grandes centros urbanos
brasileiros, elevando sua importância inclusive a nível nacional. A cidade possui um
eixo bem marcado de crescimento urbano na direção noroeste, devido a localização
da empresa IMBEL e Mercedes Benz.
Figura 9: Layout do mapa da expansão urbana de Montes Claros:

(Fonte: arquivo pessoal)

É possível notar que a cidade de Montes Claros tem sua maior expansão da
mancha urbana no decorrer dos anos 2000, tendo em 2006 maior crescimento
direcionado majoritariamente no sentido oeste e noroeste da cidade. Nota-se em
2016 um crescimento abaixo do ano anterior estudado apesar da população neste
ano ser de 370.216 habitantes (Tabela 2), mas mesmo assim de grande relevância.
Porém, o adensamento urbano se estende de forma mais visível, em questão de
espacialidade, para as regiões sul, leste e nordeste, muito devido a alteração na
distribuição espacial de diversas atividades. Importante ressaltar que apesar da
mancha urbana ter se expandido ao entorno da cidade ao longo desses anos, a
região sudeste foi a única que não se ampliou nesses dois últimos anos de análise,
tendo apenas um mero crescimento nos dados de 1996.
Figura 10: Layout do mapa da expansão urbana de Pirapora:

(Fonte: arquivo pessoal)

A cidade de Pirapora está localizada nas margens do rio São Francisco e


possui uma população em 2016 de 55.972 habitantes (Tabela 2), sendo uma
importante via de transporte fluvial em Minas Gerais, que marca o início da parte
navegável deste rio. A cidade é cortada pelas BR-365 e BR-496, sendo, portanto,
um entroncamento de várias vias de transporte. A cidade têm se destacado por sua
indústria, turismo, oferecimento de serviços e mesmo agricultura (fruticultura
irrigada), tão comum no vale do Rio São Francisco, seu maior crescimento urbano
foi após o ano de 2006, o que também pode ser explicado por projetos de habitação
do governo federal.
Figura 11: Layout do mapa da expansão urbana de Uberaba:

(Fonte: arquivo pessoal)

Observa-se para o caso de Uberaba um crescimento intenso da mancha


urbana, em todos os sentidos, tendo apenas o eixo sul com menor expansão ao
longo dos anos, destacando mais no período de 2006 a 2016. Como um pólo
agrícola, o que mais tangencia a economia e, portanto, o desenvolvimento da
cidade, é o caráter agropecuário de suas atividades, sendo esta conhecida como a
capital do gado Zebu, caracterizando e direcionando as atividades e atração de
capital voltadas à esse setor econômico, como o desenvolvimento genético e
comercialização de gado, sediando a maior central de inseminação pecuária do
país: a Alta Genetics. Além disso, vem apresentando forte tendência de
desenvolvimento industrial, com a criação de três distritos industriais, indústrias
alimentícias, de calçado e química. Tais fatores, condizem com a proeminente
expansão da mancha urbana, visto que a atração de investimentos potencializa a
atração populacional e o crescimento demográfico da mesma, como pode-se
observar na figura acima, sobretudo nos eixos leste e oeste, com a criação de novos
bairros e distritos industriais.
Figura 12: Layout do mapa da expansão urbana de Uberlândia:

(Fonte: arquivo pessoal)

Localizada em região de domínio de cerrado, a cidade apresenta uma região


plana que facilita a gestão territorial do município, tem uma população de xxx
habitantes, maior que várias capitais brasileiras, a maior cidade do triângulo mineiro
se destaca na prestação de serviços urbanos, sendo uma cidade bem desenvolvida
e apresentando boa infraestrutura.
A expansão urbana na região noroeste se explica pela construção de
habitações populares, e teve ao longo dos anos uma taxa de crescimento elevada,
tanto populacional quanto urbana. A expansão para o sentido Sudeste em 1996 se
explica pela instalação de uma fábrica da AMBEV, que provavelmente atraiu
trabalhadores para moradias próximas ao local de trabalho.
Figura 13: Layout do mapa da expansão urbana de Unaí:

(Fonte: arquivo pessoal)

Nota-se na cidade de Unaí uma singela expansão entre os dados de 1996 e


2006, direcionados em sua maioria, para o setor leste e sudoeste. Já nos dados de
2016 é possível ver uma maior expansão da mancha urbana comparado aos anos
anteriores abordados no estudo, devido, em grande parte, a taxa de urbanização
crescente nas últimas décadas, e também, ao seu potencial econômico voltado para
a agropecuária e pecuária, onde a cidade se apresenta como uma das grandes
produtoras de grãos do Brasil. Tais áreas se estenderam, em sua maioria, para o
setor sul, mas também é possível notar sua expansão para as áreas norte, noroeste
e leste da cidade.
Figura 14: Layout do mapa da expansão urbana de Viçosa:

(Fonte: arquivo pessoal)

Viçosa possui diversas particularidades, que difere do geral das outras


cidades, primeiro por ser uma cidade universitária e possuir uma população de
77.318 habitantes (Tabela 2) em 2016 e uma população flutuante de
aproximadamente 15.000 habitantes. Se destacando principalmente no setor de
prestação de serviços, a cidade muitas vezes depende da população
estudantil,sendo a Universidade Federal de Viçosa a atividade mais importante na
cidade e influencia inclusive no arranjo espacial da mesma.
Um fenômeno importante para a compreensão da expansão urbana em
Viçosa, se deve ao fato de a cidade “crescer para cima”. O centro é tomado por altos
prédios residenciais construídos para abrigar a população estudantil que optam por
morar próximo a universidade, tornando o setor imobiliário desta cidade um dos
mais importantes e que mais se destacam no cenário local. Esse crescimento
vertical causa um aumento da população sem necessariamente aumentar a área
urbana. O que se observa é que em Viçosa têm aumentado em ritmo acelerado a
construção de condomínios fechados na áreas rurais, afetando inclusive a produção
de água, que pode se tornar cada vez mais escassa no futuro em vista da crescente
demanda estudantil.
O crescimento da mancha urbana no eixo noroeste no ano de 2016, deve-se
ao fato de neste local ter sido construído casas populares para o Programa “Minha
Casa Minha Vida”, conhecido como Bairro Coelhas, situação muito comum em todas
as cidades estudadas.

4.3. Observações:
É válido ressaltar que o crescimento da malha urbana não está diretamente
relacionado com o crescimento populacional, isto é, a expansão horizontal da
mancha urbana observada nos mapas produzidos não representa necessariamente
uma correlação com o crescimento demográfico. A área pode aumentar
exponencialmente, não sendo acompanhada de um crescimento populacional nas
mesmas proporções, sendo que isso se deve à inúmeros fatores, como por
exemplo, loteamentos com poucas casas, áreas de condomínios e realocação de
populações por programas sociais governamentais de moradia, como o “Minha
Casa, Minha Vida”. No caso da cidade de Viçosa, o que se observa é uma
particularidade no fenômeno da expansão urbana, já que o crescimento
populacional foi elevado e o aumento da mancha urbana não foi equivalente, devido
à intensa verticalização do hipercentro ou “área ​core”, segundo Santos (2011).
Abaixo, segue a Tabela 2 com os dados populacionais obtidos no site do SUS
para os anos trabalhados. Nota-se, pela análise desta comparando-a com os mapas
das cidades apresentadas, um boa correlação dos anos de maior crescimento
urbano com crescimento populacional, levando-se em conta a particularidade de
alguns casos, como citado no parágrafo anterior. Além disso, percebe-se também
um maior aumento populacional no período de 1996 à 2006, por exemplo, tomando
como base os dados das cinco primeiras cidades, em ordem alfabética, Conselheiro
Lafaiete, Governador Valadares, Ipatinga, Juiz de Fora e Montes Claros, observa-se
um aumento demográfico de, aproximadamente, 19.000, 28.000, 40.000, 85.000,
77.000, respectivamente, sendo estes os maiores índices de crescimento no recorte
temporal adotado. Este padrão se repete para as demais cidades, salvo exceções,
como é o caso de Pirapora e Unaí, cujos valores de expansão populacional são
muito baixos quando comparados com as cidades estudadas de maior porte.
Tabela 2: Populações das cidades nos anos em questão:

(Fonte: datasus.gov)
5. LITERATURA CITADA:

ANDRADE, T. A.; SERRA, R. V​. O recente desempenho das cidades médias no


crescimento populacional urbano brasileiro.​ Rio de Janeiro: Ipea, 1998. (Texto
para discussão, n. 554)

Até 2050, dois terços da população mundial viverão em cidades, afirma ONU.
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