Em nossa experiência de vida, desde a infância, é possível
desenvolver ideias negativas, distorcidas da realidade, equivocadas pela percepção que temos sobre os eventos da vida. Tais ideias se enraízam em nossa mente e são incorporadas como verdades absolutas e geram sofrimento psicológico ao longo dos anos da idade adulta.
Essas ideias são chamadas, na Terapia Cognitiva Comportamental, de
crenças centrais.
As crenças centrais podem ser:
Principais: DESAMPARO, DESAMOR e DESVALOR.
O centro principal que ativa a crença é:
Na crença de DESAMPARO o indivíduo tem uma certeza
(irracional/inconsciente) de que é incompetente e sempre será um fracassado.
Na crença de DESAMOR o indivíduo tem a certeza
(irracional/inconsciente) de que será rejeitada.
Na crença de DESVALOR o indivíduo acredita ser inaceitável, sem valor
algum.
Para verificar qual ideia está mais enraizada no seu funcionamento
psicológico é possível analisar os tipos de pensamentos que você costuma ter com mais frequência.
Vejamos:
PENSAMENTOS AUTOMÁTICOS DA CRENÇA DE DESAMPARO
* Sou inadequado, ineficiente, incompetente;
* Eu não consigo me proteger;
* Sou fraco, descontrolado;
* Eu não consigo mudar;
* Eu não tenho atitude;
* Não sou objetivo;
* Sou uma vítima;
* Sou vulnerável, fraco, sem recursos, passível de maus tratos;
* Sou inferior, um fracasso, um perdedor;
* Não sou bom o suficiente;
* Não sou igual aos outros.
PENSAMENTOS AUTOMÁTICOS DA CRENÇA DE DESAMOR
* Sou diferente, indesejável, feio, monótono, não tenho nada a oferecer;
* Não sou amado, querido, sou negligenciado;
* Sempre serei rejeitado, abandonado, sempre estarei sozinho;
* Sou diferente, imperfeito, não sou bom o suficiente para ser amado.
PENSAMENTOS AUTOMÁTICOS DA CRENÇA DE DESVALOR
* Não tenho valor;
* Sou inaceitável;
* Sou mau, louco, derrotado;
* Sou um nada mesmo, sou um lixo.
* Sou cruel, perigosos, venenoso, maligno;
* Não mereço viver.
As crenças tendem a se fortificarem quando a pessoa foca sua
atenção para os dados que confirmam sua visão negativa e não conseguem perceber as situações da vida com outro ponto de vista.
Esse processo ocorre involuntariamente e automaticamente, gerando
sofrimento psicológico e/ou transtornos psicológicos significativos como a depressão e uso de drogas.
Essas crenças podem ser:
1. Em relação a si mesmo: citado acima
2. Em relação aos outros: Os outros são categorizados de maneira
inflexível. São vistos como desprezíveis, frios, prejudiciais, ameaçadores e manipuladores. Também é possível desenvolver uma crença positiva em relação aos outros e em detrimento a si mesmo: as pessoas são superiores, muito eficientes, amáveis e úteis (diferente de si mesmo) 3. Em relação ao mundo: o mundo é injusto, hostil, imprevisível, incontrolável, perigoso.
- Com essas ideias na mente, o indivíduo vai criando ESTRATÉGIAS
COMPENSATÓRIAS (Padrões de comportamento) para lidar com o sofrimento que a crença causa quando é ativada nas relações sociais, no trabalho, familiares e amorosas. Tais estratégias podem ser desadaptativas trazendo desajustes emocionais.
EXEMPLOS:
Crença central: sou inadequado
Estratégia: É melhor eu depender dos outros.
Crença central: Sou insignificante
Estratégia: É melhor eu me isolar, evitar aproximação.
Crença central: sou vulnerável
Estratégia: Agir com firmeza, dominar, evitar qualquer possibilidade de ser
prejudicado.
As crenças centrais são conteúdos dos esquemas cognitivos mal
adaptativos e agem como uma lente que afeta a PERCEPÇÃO, isto é, a pessoa passa a ver a situação apenas de um ponto de vista (equivocado, distorcido, exagerado).
Você deve estar se perguntando:
Como é possível me libertar dessa ideia que me acompanha desde a infância, adolescência? O primeiro passo é a TOMADA DE CONSCIÊNCIA DA ATIVAÇÃO DAS CRENÇAS. Somente à partir dessa nova percepção é que é possível OPERAR MUDANÇAS.