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José Saramago, no Memorial do Convento, retrata o “Magnânimo” D.

João V, cujo reinado foi um


dos mais luxuosos e grandiosos da corte portuguesa.

Ao contrário do que se pensa, Saramago não salientou os feitos que D. João V realizou em Portugal,
ele segue outra vertente e critica o luxo excessivo, a ociosidade do rei, o desinteresse pelo povo, o
seu caracter libertino e ao mesmo tempo infantil. Construir o Convento de Mafra resultou de uma
das suas promessas (talvez um capricho), afinal um rei precisa de herdeiros. Mas quem iria construir
o tão grandioso convento? Quem seria o “fantoche” do rei para servir aos seus caprichos bobos e
cumprir as suas promessas?

É bem claro que é o povo que desempenha esse papel. Eles vão ser os “brinquedos” do rei, que
fazem e desfazem ao seu mandar. Esse caracter do rei pode ser associado a pintura de Vladimir
Volodja, pintor sérvio, que representa exatamente essa situação. Volodja pinta um rei “opulento”
que tem nas suas mãos um fantoche, que possivelmente é o povo, com muitas cabeças pequeninas
que transmitem uma certa aflição e sofrimento. Do lado direito observamos um bobo, com um
fantoche de um rei. Volodja ridiculariza, possivelmente, o rei D. João V que em vez de tratar dos
assuntos da corte andava a brincar de fantoches ou a montar miniaturas da Basílica de S. Pedro de
Roma, salientando, da mesma forma que Saramago, o seu carater infantil e prepotente.

Saramago coloca de lado os grandes feitos do rei e mostra a força que um povo tem quando
necessita de sobreviver. O Memorial do Convento permiti-nos conhecer a outra face do período de
riqueza do reinado de D. João V: a um rei artificial que pensa apenas em seus interesses.

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