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Aleister Crowley, ou Edward Alexander Crowley (Royal Leamington Spa, 12 de outubro de 1875 —
Hastings, 1 de dezembro de 1947), foi um membro da Ordem Hermética da Aurora Dourada e influente
ocultista britânico, responsável pela fundação de uma doutrina (ou filosofia, dependendo do ponto de
vista) que batizou de Thelema. Ele foi o co-fundador da A∴A∴ e, mais tarde, um líder da O.T.O.
Atualmente, é mais conhecido como autor de obras sobre magia e misticismo, dentre eles o Livro da Lei,
que tornou-se a escritura sagrada principal dos thelemitas, e doutros tratados sobre diversos assuntos
esotéricos como a cabala e o tarô.
Crowley também era poeta, mago, escritor, hedonista, e crítico social. Em muitas de suas façanhas,
buscava "ir contra os valores morais e religiosos do seu tempo", defendendo a liberdade individual e
espiritual baseada no principal lema thelêmico: "Faze o que tu queres, há de ser tudo da Lei".[1] Por isso,
ganhou imensa notoriedade em vida, e foi tachado pela imprensa britânica como "The wickedest man in
the world" (algo como "O homem mais ímpio do mundo").[2][3][4][5] Além das atividades esotéricas, era
também um premiado enxadrista, alpinista, poeta, dramaturgo, artista e novelista.[6] Em 2001, uma
enquete da BBC descrevia Crowley como sendo o septuagésimo terceiro maior britânico de todos os
tempos, por influenciar e ser referenciado por numerosos escritores, músicos e cineastas, incluindo
Jimmy Page, Alan Moore, Bruce Dickinson, Raul Seixas, Marilyn Manson, Kenneth Anger, David Bowie,
Fernando Pessoa e Ozzy Osbourne. Ele também foi citado como influência principal de muitos grupos e
individuos influentes do esoterismo ocidental da posteridade, incluindo vultos como Kenneth Grant e
Gerald Gardner.[7]
Índice
• 1Biografia
o 1.1Primeiros anos, 1875-1894
o 1.2Universidade, 1895-1897
o 1.3A Aurora Dourada
o 1.4Viagens pelo mundo
o 1.5O Liber T., ou Livro de Tóte
o 1.6A Revelação do Livro da Lei
o 1.7Os Livros Sagrados de Thelema
o 1.8Xadrez, Astrologia e Suicídio Teatral em Portugal
• 2Influência na cultura popular
o 2.1Rock
o 2.2TV
o 2.3Cinema
o 2.4Histórias em quadrinhos
• 3Ver também
• 4Referências
• 5Ligações externas
Biografia
Primeiros anos, 1875-1894
Edward Alexander Crowley nasceu na Rua Clarendon Square, n. 30, em Royal Leamington Spa, no
condado de Warwickshire, Inglaterra, entre as 11h00 da noite e meia-noite do dia 12 de Outubro de
1875.[8] Seu pai, Edward Crowley, era engenheiro de formação, mas, segundo Crowley, nunca trabalhou
como um,[9] pois era um abastado dono de uma cervejaria, que o permitiu se aposentar antes mesmo que
Crowley nascesse. Através da cervejaria do pai, Crowley conheceu o ilustrador Aubrey Beardsley. A mãe
de Crowley, Emily Bertha Bishop, vinha de uma família com raízes em Devon e Somerset.[9] Ambos pais de
Crowley pertenciam a uma seita de nome Irmandade Reservada, uma vertente ainda mais conservadora
de uma comunidade cristã fundamentalista conhecida como Irmãos de Plymouth,[10] na qual seu pai
costumava ser missionário. Deste modo, desde tenra idade o jovem Crowley foi criado para ser um Irmão
de Plymouth, e obrigado todo dia a ler um capítulo da Bíblia.[11]
Em 29 de Fevereiro de 1880,[12] Grace Mary Elizabeth, uma irmã de Crowley, nasceu, mas sobreviveu
apenas cinco horas. No velório, ao ver o corpo da pequenina irmã, Crowley, detalhando-se a si mesmo na
terceira pessoa em sua autobiografia As Confissões de Aleister Crowley, descreve-nos a cena da seguinte
forma:
O incidente criou nele uma curiosa impressão. Ele não entendia o porque de estar tão inutilmente
perturbado. Ele não poderia fazer nada; a menina estava morta; aquilo não era de sua conta. Essa atitude
persistiu nele com o passar da vida. Nunca mais compareceu a outro velório, salvo o do próprio pai, que
ele não se importou em comparecer porque sentiu que o pai era, em verdade, o centro de seu
interesse.[13]
Em 5 de Março de 1887, quando Crowley tinha apenas onze anos, seu pai morreu de câncer de língua.
Crowley mais tarde descreveria esse evento como decisivo em sua vida, [14] sendo neste o ponto em que
passa a descrever-se em primeira pessoa nas Confissões. Tendo herdado as riquezas do pai, mais tarde foi
matriculado numa escola particular da Irmandade de Plymouth, mas foi expulso por "tentar corromper
outro aluno".[14] Depois, tentou a Escola de Tonbridge e o Colégio de Malvern, ambos os quais
desprezava.[14] Na adolescência, gradativamente se desiludia e tornava-se cético quanto ao cristianismo, e
cada vez mais atentava contra a moralidade cristã que lhe fora forçada quando criança.
Universidade, 1895-1897
Em 1895, Crowley entrou num curso de três anos do Trinity College, Cambridge, para estudar filosofia.
Porém, com permissão do tutor, trocou o curso para literatura inglesa, que até então não era parte do
currículo oferecido.[15] Foi aqui que passou a ter uma visão mais severa contra o cristianismo. Conforme
confessou:
A Igreja Anglicana […] me parecia com uma estreita tirania, tão detestável quanto a dos Irmãos de
Plymouth; ainda menos lógica e mais hipócrita… Quando descobri que comparecer à capela era
obrigatório, imediatamente recusei. O vice-reitor me repreendeu por não estar comparecendo à capela,
e não estava mesmo, pois tinha que acordar cedo para isso. Dei a desculpa de que tinha sido criado entre
os Irmãos de Plymouth. O reitor pediu para que eu viesse vê-lo de vez em quando para contar mais do
assunto, ao que tive a surpreendente ousadia de escrever-lhe: "A semente plantada pelo meu pai, regada
com as lágrimas de minha mãe, arraigaram-se demais para serem arrancadas, até mesmo por alguém de
sua eloquência e erudição".[13]