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UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS – UNISINOS

UNIDADE ACADÊMICA DE GRADUAÇÃO


CURSO DE ENGENHARIA DE ALIMENTOS, ENGENHARIA QUÍMICA,
ENGENHARIA DE MATERIAIS E FARMÁCIA

FABIANE PETRÓ
JÉSSICA DAMACENO
LUIZA MIOTTO

ABSORCIOMETRIA

Determinação absorciométrica de ferro como complexo Fe-o-fenantrolina

São Leopoldo
2018/1
FABIANE PETRÓ
JÉSSICA DAMACENO
LUIZA MIOTTO

ABSORCIOMETRIA

Determinação absorciométrica de ferro como complexo Fe-o-fenantrolina

Professora Janice da Silva

São Leopoldo
2018/1
RESUMO

A absorciometria é uma técnica de análise química que se baseia na absorção da radiação por
moléculas ou espécies atômicas, amplamente utilizada na área de análise. O presente trabalho
tem por objetivo, através do método absorciométrico, determinar a concentração de ferro em
amostras de farinha de trigo branca tipo um e medicamento anti-anêmico, assim como
analisar o comportamento da absorbância com a variação da concentração. O método citado é
realizado via espectrofotômetro, onde foram utilizadas soluções padrões preparadas de
concentração variando entre 0,5 ppm a 2,5 ppm e comprimento de onda para o ferro de 508
nm. O comportamento da absorbância com a variação da concentração seguiu a Lei de Beer,
aumentando conforme o aumento da concentração de ferro nas soluções e curva característica
apresentou pouco desvio de sua tendência. As concentrações de ferro encontradas em ambas
as amostras apresentaram-se abaixo do esperado pela regulamentação da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (ANVISA).

PALAVRAS-CHAVE: Absorciometria; Concentração; Ferro.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO E OBJETIVO ............................................................................................ 5


1.1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................... 5
1.2 Objetivo ......................................................................................................................... 6
2 MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................................. 7
2.1 MATERIAIS ........................................................................................................................ 7
2.2 Métodos ......................................................................................................................... 7
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES.........................................................................................9
4 CONCLUSÃO......................................................................................................................12
5 REFERÊNCIAS...................................................................................................................13
1 INTRODUÇÃO E OBJETIVO

1.1 Introdução
A espectrofotometria pode ser definida como uma técnica analítica que através da
radiação pode medir as concentrações de sistemas em análise, por meio da interação da
radiação com a matéria. A concentração da substância absorvente na solução é proporcional à
quantidade de luz absorvida, segundo a lei de Beer-Lambert. (Relatório de experimento 04
espectrofotometia, 2010). (SOUZA, 2012).

A Lei de Beer diz que a quantidade de luz transmitida por uma solução é proporcional
à intensidade da luz incidente e a intensidade de luz transmitida decresce exponencialmente à
medida que a concentração da substância aumenta. (Conceito da lei de Lambert-Beer).
(SOUZA, 2012).

Transmitância é a fração da luz que incide e é transmitida pela solução, possuindo um


comprimento de onda específico, o qual atravessa uma amostra de matéria e está relacionado
diretamente com a absorbância. Esta, por sua vez, é o logaritmo decimal da relação entre a luz
incidente e a luz transmitida, ou seja, o logaritmo decimal do inverso da Transmitância.
(MEDRADO, 2010).

O espectrofotômetro é um aparelho usado para identificar e determinar a absorbância


ou a transmitância de substâncias, que quando equacionadas segundo a Lei de Beer, podem
ser utilizadas para determinar concentrações de soluções. (MEDRADO,2010).

As análises fotométricas na região do visível recebem o nome de colorimétricas, pois


quando a luz é transmitida através da solução a quantidade que é absorvida é característica de
sua cor. Quando o composto não possui cor suficiente para ser diferençável de outras
substâncias é necessária a ocorrência de uma reação química com um reagente seletivo, para
formação de uma solução com cor. (Determinação espectrofotomética de ferro total pelo
método da orto-fenantrolina). (GONÇALVES,2011).

Uma das principais doenças que põe em risco a saúde do homem é a deficiência
nutricional, podendo trazer graves risco à saúde. Com base nisso, a Organização Mundial de
Saúde (OMS) definiu que a adição de ferro em alguns alimentos de grande consumo, como a
farinha, seria necessária. A partir disso, a ANVISA desenvolveu a resolução RDC nº 344, de
13 de dezembro de 2002, que com o intuito de oferecer uma alternativa nutritiva e de baixo
valor, determinou o enriquecimento da farinha de trigo com ferro, em uma proporção de 4,2
miligramas do metal para cada 100 gramas de farinha. (RESOLUÇÃO DE DIRETORIA
COLEGIADA – RDC Nº 344, DE 13 DE DEZEMBRO DE 2002).
Quando a quantidade de ferro ingerida por uma pessoa não é suficiente existem
grandes possibilidades de a mesma desenvolver anemias, fazendo-se necessário o uso de
remédios à base de sulfato ferro. Segundo a resolução RDC n°107 de 5 de setembro de 2016
da ANVISA, os medicamentos líquidos devem conter 25 mg de sulfato ferroso para 1 mL do
remédio. (RESOLUÇÃO DE DIRETORIA COLEGIADA – RDC N°107, DE 5 DE
SETEMBRO DE 2016).

1.2 Objetivo
O presente relatório tem como objetivo determinar a concentração de ferro em
amostras de farinha de trigo branca e medicamento antianêmico, analisando se estes se
encontram dentro das normas da ANVISA, além da construção e análise da curva de absorção
para diferentes concentrações.
2 MATERIAIS E MÉTODOS

2.1 Materiais
Para a realização deste experimento foram utilizados os seguintes materiais:

• Balão volumétrico de 50 ml e 100 mL;


• Bastão de vidro;
• Pipetas graduadas de 5 mL e 1 mL;
• Pipeta volumétrica de 25 mL;
• Pipeta de Pasteur;
• Béquer;
• Proveta de 50 mL;
• Cubeta de plástico;
• Papel filtro;
• Espectrofotômetro (Pro-tools UV-1600);
• Solução padrão de Fe a 10ppm;
• Cloreto de hidroxilamônio 10%;
• Acetato de sódio;
• O-fenantrolina 0,25%;
• Água destilada e deionizada.

2.2 Métodos

A partir de uma solução padrão de Fe a 10 ppm foram preparadas, em balões


volumétricos de 100 mL, cinco soluções de Fe com concentrações de 0,5 ppm, 1,0 ppm, 1,5
ppm, 2,0 ppm e 2,5 ppm . Para isso foram utilizados, respectivamente, 5, 10, 15, 20 e 25 mL
da solução matriz de Fe. Para o desenvolvimento do sistema corado foram adicionados a cada
balão 5 mL de cloreto de hidroxilamônio 10%, 0,2 mL de acetato de sódio e 4 mL de o-
fenantrolina 0,25%, dilui-se a marca com água deionizada e aguardou-se cerca de 30 minutos
até serem feitas as leituras no espectrofotômetro.
Na preparação da amostra de farinha de trigo foram dispostas amostras já pesadas em
balança analítica e incineradas, sendo utilizada uma amostra de 5,0538 g de farinha. A
solubilização das cinzas, onde o Fe estava contido, foi realizada no cadinho com 5 mL de HCl
1:1) e 2 gostas de ácido nítrico concentrado. Após a homogeneização da mistura e
solubilização das cinzas transferiu-se quantitativamente a solução para um balão volumétrico
de 100 mL, diluindo com água deionizada até a marca. Posteriormente, transferiu-se 20 mL da
solução preparada para um balão volumétrico de 50 mL e desenvolveu-se o sistema corado,
adicionando-se 5 mL de cloreto de hidroxilamônio 10%, 10 mL de acetato de sódio 1 M e 4
mL de o-fenantrolina 0,25%. Dilui-se a marca com água deionizada e aguardou-se cerca de 30
minutos até serem feitas as leituras no espectrofotômetro.

Para a preparação da amostra de medicamento anti-anêmico mediu-se, em pipeta


volumétrica, 1 mL deste e dilui-se até a marca com água deionizada em balão volumétrico de
250 mL. Foi transferido 1 mL desta amostra diluída para um balão volumétrico de 50 mL e
desenvolveu-se o sistema corado, com a adição, respectivamente, de 2 mL de cloridrato de
hidroxilamônio 5%, acetato de sódio 2 M e 4 mL de o-fenantrolina 0,25%. Foram retirados 2
mL do sistema corado e transferidos para um terceiro balão volumétrico, de 10 mL e dilui-se
até a marca com água deionizada. Depois do aguardo de, aproximadamente, 15 minutos,
efetuou-se a leitura da absorbância no espectrofotômetro.

Em todas as leituras realizadas no espectrofotômetro foi feito o mesmo sistema de


calibração do mesmo, deixando o comprimento de onda do Fe em 508 nm, ajustando 100% da
transmitância com o solvente branco (água deionizada) e incluindo as amostras a serem
analisadas nas cubetas de plástico.
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Através da preparação das amostras e posterior leitura da absorbância para as


diferentes concentrações, construiu-se a tabela 1 e o gráfico 1, de acordo com os dados
obtidos.

Tabela 1: Dados experimentais de absorbância versus concentração


Absorbância Concentração

0,134 0,5
0,251 1,0
0,372 1,5
0,440 2,0
0,571 2,5
___________________________________________
Fonte: o Autor.

Gráfico 1: Curva de Absorbância versus concentração para o sistema Fe-o-fenantrolina


com sua curva de tendência
0,600

0,500

0,400

0,300

0,200

0,100
y = 0,2126x + 0,0347
R² = 0,9928
0,000
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0

Fonte: o Autor.
O comportamento da absorbância com a variação da concentração é descrito pela Lei
de Beer como uma relação linear, onde o aumento da concentração provoca o aumento da
absorbância (SKOOG, 2012). A curva obtida experimentalmente segue, conforme gráfico 1,
o modelo descrito pela Lei de Beer, pois conforme aumentou a concentração de Ferro nas
amostras, aumentou também a absorbância lida pelo espectrofotômetro.
Pelo modelo matemático da equação linear de reta, temos que 𝑦 = 𝑎𝑥 + 𝑏, onde “a” é
o coeficiente angular e “b” o coeficiente linear. Assumindo que a relação entre a absorbância
e a concentração segue linearmente é possível reescrever como equação dois, onde C é a
concentração da amostra.
A= aC + b Equação (1)

Através das equações descritas abaixo é possível achar os coeficientes angular (2) e
linear (4) para o sistema Fe-o-fenantrolina preparado experimentalmente, uma vez que foi
medida a absorbância das amostras.
∑ 𝑥∗ ∑ 𝑦
∑ 𝑥𝑦−
𝑎= (∑
𝑛
𝑥 )
2 Equação (2)
∑ 𝑥 2−
𝑛

𝑏 = 𝑀𝑦 − 𝑎𝑀𝑥 Equação (3)

Construindo a tabela 2 para as variáveis “x”, “y”, “xy” e “x 2” da equação três, onde x é
a concentração das amostras padrões e y a absorbância obtida, My a média das absorbâncias e
Mx a média das concentrações (3), é possível isolar a concentração C na equação 1 para
descobrir a concentração de Ferro nas amostras de farinha de trigo e medicamento anti-
anêmico.
Tabela 2: Dados para cálculo das variáveis “a” e “b” nas equações 2 e 3.
x (ppm) y (A) x.y x²
0,5 0,134 0,067 0,25
1,0 0,251 0,251 1,0
1,5 0,372 0,558 2,25
2,0 0,440 0,880 4,0
2,5 0,571 1,4275 6,25
∑ 7,5 1,768 3,1835 13,75
Média 1,5 0,3536 0,6367 2,75
Fonte: o Autor.
Substituindo os valores da Tabela 2 nas Equações 2 e 3, foram encontrados os valores
para 𝑎 = 0,2126 e 𝑏 = 0,0347. A partir destes valores e da absorbância lida no
espectrofotômetro, foram encontrados os valores para a concentração de ferro em cada
amostra. A amostra de farinha obteve um valor de absorbância de 0,118, que aplicando na
Equação 1 encontra-se uma concentração de 0,3918 mg Fe/kg de farinha ou 0,03918 mg
Fe/100 g de farinha. Como o fator de diluição dessa amostra foi de 50 vezes, a concentração
de ferro presente na farinha é de 1,959 mg Fe/100g de farinha. Segundo a legislação da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA, 2002), a concentração de ferro em
farinhas brancas deve ser no mínimo de 4,2 mg Fe/100g de farinha. Deste modo, para a
amostra de farinha analisada, a concentração de ferro está 53,36 % abaixo do estipulado.
Através da observação do gráfico 1 é possível constatar que houve um desvio considerável da
linha de tendência nos pontos de concentração 1,5 e 2,0 ppm, logo, pode-se considerar que as
soluções padrões preparadas não tenham ficado, de fato, padrões.
Para a amostra do medicamento antianêmico, foi medida uma absorbância de 0,074,
que aplicando na equação 1 e juntamente com os valores de “a” e “b” das equações 2 e 3,
resultou numa concentração de 0,1848 mg Fe/L. O fator de diluição nesse caso foi de 62.500
vezes, resultando em uma concentração de 11,55 mg FeSO4/mL ou, em função do ferro
elementar encontrado através da estequiometria da fórmula, 2,321 mg Fe/mL . Segundo a
ANVISA (2016) os medicamentos devem possuir uma concentração de sulfato ferroso de 25
mg FeSO4/mL de medicamento, para medicamentos líquidos. Desta forma, o medicamento
encontra-se 53,8% abaixo do estipulado. Contudo, segundo a rotulagem do medicamento
informa, há 125 mg FeSO4/mL, ou seja, cinco vezes mais do que o mínimo necessário. Desta
forma, a amostra apresenta-se 90,76% abaixo de acordo com rótulo do medicamento,
enquanto que em função do ferro elementar, encontra-se 90,71% abaixo do informado (para
este último cálculo foi considerado o valor de 2,321 mg Fe/mL).
4 CONCLUSÃO

Com base no experimento realizado constatou-se que as amostras de ferro na farinha e


no medicamento antianêmico estão, respectivamente, 53,36 % e 53,8 % abaixo do exigido das
normas estabelecidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Além disso,
observou-se também a linearidade da absorbância com a variação da concentração no gráfico
traçado, confirmando que há aumento da absorbância com o aumento da concentração de
ferro na solução, estabelecendo o valor de R²=0,9928, sendo esse um valor baixo de desvio,
validando assim a Lei de Beer no experimento.
5 REFERÊNCIAS

AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA). Resolução de


diretoria colegiada – RDC n°107, de 5 de setembro de 2016. Disponível em
http://portal.anvisa.gov.br/documents/10181/2971718/RDC_107_2016_.pdf/0ce4bfd4-4e5c-
4b71-89d9-ea7918b1069c
Acesso em 01 de abril de 2018.

AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA – ANVISA. Resolução de


diretoria colegiada – RDC nº 344, de 13 de dezembro de 2002.
Disponível em
http://portal.anvisa.gov.br/documents/10181/2718376/RDC_344_2002_COMP.pdf/b4d87885
-dcb9-4fe3-870d-db57921cf73f
Acesso em 01 de abril de 2018.

GONÇALVES, Wanderley. Determinação de ferro total (Fe2+ e Fe 3+) pelo método da


orto-fenantrolina. Teresina, 2011.
Disponível em http://www.ebah.com.br/content/ABAAAflgMAG/determinacao-
espectrofotometrica-ferro-total-fe2-fe3-pelo-metodo-orto-fenantrolina.

MEDRADO, Tairine. Relatório de experimento 04 espectrofotometia, 2010.


Disponível em http://www.ebah.com.br/content/ABAAAA4-AAB/espectrofotometria

SKOOG, D. A.; HOLLER, F. J.; NIEMAN, T. A. Fundamentos de Química analítica, 8ª


ed. São Paulo: Cengage Learning, 2012.

SOUZA, Rafael. Espectrofotometria no UV-vis. 2012. Disponível em


http://www.ufjf.br/baccan/files/2010/10/Aula-4-ESPECTROFOTOMETRIA-_1S-2012.pdf

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