Você está na página 1de 25

Macroeconomia e Contas

Nacionais

Prof. Tiago Sayão

Referências bibliográficas
• Vasconcellos, M.A.S. e LOPES, L.M. Manual de Macroeconomia – Básico
e Intermediário. 3ª Edição, São Paulo: Atlas, 2008. ISBN: 978-85-2245-
057-2
Objetivo
• O objetivo desta aula do IS-LM é ressaltar as diferenças entre a
representação das hipóteses clássica e keynesiana extrema (Preferência
pela Liquidez) e suas consequências.

• Lembramos que o IS-LM é um modelo de Demanda Agregada.

• Até chegarmos no IS-LM-OA, vamos considerar que a oferta agregada é


horizontal.

Oferta Agregada no IS-LM

Preços são dados e


não dependem da
renda (P é uma função
constante no IS-LM)
A inclinação das curvas
Quando a LM
é inelástica
aos juros (caso
clássico), uma
expansão
monetária tem
efeito
máximo.

A inclinação das curvas


Quando a LM
é inelástica
(caso clássico),
uma expansão
nos gastos
autônomos
não altera a
demanda,
apenas
aumenta a
taxa de juros.
A inclinação das curvas
Quando a IS é
infinitamente
elástica, uma
expansão nos
gastos
autônomos
não altera a
demanda,
nem a taxa de
juros.

A inclinação das curvas


Quando a IS é
infinitamente
elástica, uma
expansão
monetária
surte mais
efeito que se a
IS for mais
vertical.
A inclinação das curvas
Quando a LM
é
infinitamente
elástica (caso
keynesiano),
uma expansão
monetária não
surte efeito.
Mas a política
fiscal tem
efeito máximo

O Caso Clássico
• Vamos acoplar as hipóteses clássicas no IS-LM:
✓ A maior diferença entre a interpretação clássica e a interpretação keynesiana se
dá na curva LM.
✓ Portanto, cabe analisarmos a curva LM e as implicações dessas hipóteses.
• A equação da Curva LM é:
𝑀𝑆
= 𝐿(𝑖, 𝑌)
𝑃
• Vamos propor uma forma funcional mais específica, como feito
anteriormente:
𝑘 𝑀𝑠
𝐿 =𝑘×𝑌−ℎ×𝑖 ↔𝑖 = ×𝑌−
ℎ 𝑃×ℎ
O Caso Clássico
• Todavia, os clássicos acreditam em equilíbrio em todos os mercados e
na racionalidade dos agentes.
• Logo, sem dúvida os agentes vão demandar moeda por motivos
transacionais, pois as pessoas precisam fazer transações.
• Todavia, por que uma mudança na taxa de juros poderia alterar a
demanda por moeda?
• Afinal, as pessoas já têm um incentivo para demandar o mínimo
possível de moeda para fins transacionais.
• Como os títulos rendem juros, não importa a taxa, vale a pena aplicar
em títulos toda a riqueza que não será usada em gasto.

O Caso Clássico
• Não fazer isso significa abrir mão de ganhar juros, não importa a taxa.

• Logo, agentes otimizadores só demandam moeda por motivos


transacionais.

• Portanto, para os clássicos, h = 0.

• Logo, a equação relevante para a demanda de moeda é:


𝐿 =𝑘×𝑌
Oferta e demanda de moeda

O Caso Clássico
• A demanda de moeda será exatamente igual à oferta de moeda,
qualquer que seja a segunda, independente da taxa de juros.

• Mas como assim? A hipótese clássica não era que todos vão demandar
o mínimo possível de moeda sempre?

• Sim e não. O que é dito é que a taxa de juros não vai influenciar essa
escolha. Só que a demanda para fins transacionais permanece.
O Caso Clássico
• E daí?

• E daí que os clássicos assumem que os preços são sempre flexíveis e


que a demanda transacional vai depender os preços.

• A oferta de moeda vai determinar o nível de preços, logo a demanda de


moeda mínima para as transações.

• Assim, a oferta de moeda será sobreposta à demanda sempre, e os


juros não a influenciarão.

A Oferta e demanda de moeda

Se, por algum motivo,


alguma perturbação
levar a oferta de moeda
a ser diferente da
demanda, o nível
agregado de preços se
encarrega de deslocar a
demanda de moeda, de
modo que coincida com
a oferta. A proporção da
riqueza real mantida em
títulos fica constante.
O Caso Clássico
• Os juros (reais) só servem para equilibrar o mercado de títulos aos
dados preços de todos os outros bens, em função das condições reais
em todos os mercados, simultaneamente.
• Essas condições reais são: a produtividade marginal do capital e a taxa
de desconto intertemporal dos consumidores/famílias.
• Os juros nominais só servem para manter constantes os juros reais, em
um ambiente que apresente inflação:

𝑖 = 𝑟ҧ + 𝜋, então, ↑ 𝜋 →↑ 𝑖

Derivação da Curva LM Clássica

Equação da LM O aumento da renda (que entra com coeficiente zero na equação da demanda de moeda) não tem efeito sobre a
Clássica: L = kY taxa de juros. Qualquer taxa de juros combina com qualquer valor da renda.
O Caso Clássico
Quando a LM é
inelástica aos
juros (caso
clássico), uma
expansão
monetária tem
efeito máximo.

O Caso Clássico
No caso clássico, á
política fiscal é
inútil. Cada centavo
gasto a mais pelo
governo é
contrabalançado
por uma queda da
demanda privada,
pois ambos
disputam os
recursos finitos no
mercado de crédito.
O único efeito é o
aumento dos juros.
O Caso Clássico
• Quando a LM é inelástica (caso clássico), uma expansão nos gastos
autônomos não altera a demanda, apenas aumenta a taxa de juros. A
demanda adicional do governo reduz a demanda privada no mesmo
montante.
• É o efeito Crowding-out. Os preços dos bens consumidos pelo governo
sobem em relação aos dos bens consumidos pelo setor privado, mas o
nível agregado de preços não muda, muito menos a demanda agregada.
• Expansões dos gastos públicos são inócuas no curto prazo, mas tendem
a reduzir o investimento privado, logo, o crescimento de longo prazo.

O Caso Keynesiano Extremo: A Preferência pela Liquidez


• Trata-se do caso da “Preferência pela Liquidez”, ou Armadilha da
Liquidez, conforme definido por Keynes.
• A hipótese de Keynes é que a situação nos mercados é tal que os
agentes acreditam que os juros vão subir.
• Logo, não vão querer investir em títulos pré-fixados, pois acreditam que
vão ter perda, em função do efeito riqueza, que já explicamos.
• Logo, os agentes vão demandar toda a moeda disponível e não vão
demandar títulos, independente dos juros.
• Demandar moeda, nessas condições, implica entesourá-la. Guardá-la
em casa, na carteira, ou sob o colchão.
O Caso Keynesiano Extremo: A Preferência pela Liquidez
• Isto implica que qualquer moeda adicional não se traduz em demanda
por bens, não haverá mais relação entre moeda e juros.
• Logo, na mesma equação teremos 𝑘 = 0 e ℎ > 0:

𝐿 =𝑘×𝑌−ℎ×𝑖

• Se 𝑘 = 0 a demanda por moeda depende dos juros, mas a oferta de


moeda não afeta a taxa de juros, só a quantidade demandada de
moeda.
• E podemos derivar a LM

O Caso Keynesiano Extremo: A Preferência pela Liquidez


Expansão da Oferta de moeda

Uma mudança na
oferta de moeda
não altera a taxa de
juros.

O Caso Keynesiano Extremo: A Preferência pela Liquidez

Quando a LM é
infinitamente
elástica (caso
keynesiano),
uma expansão
monetária não
surte efeito.
Mas a política
fiscal tem
efeito máximo
O Caso Keynesiano Extremo: A Preferência pela Liquidez
• No caso da preferência pela liquidez, o aumento do gasto público é a
única maneira de recuperar a demanda.
• Neste caso, inclusive, o aumento do gasto vai ter o máximo efeito sobre
o produto, pois como LM é deitada, o aumento dos gastos não aumenta
juros. Logo não induz a uma queda do investimento privado.
• A política monetária é inútil. O acréscimo da oferta de moeda apenas
induz as pessoas a entesourar mais, não afetando juros, e não há mais
relação entre moeda e demanda agregada.

O Caso da IS Horizontal
• Um caso menos famoso, mas que pode ser bastante relevante quando
nos colocamos a criticar o modelo IS-LM é o caso da IS horizontal.
• Tomemos a equação fundamental:
𝑌 =𝐶+𝐼+𝐺
• Se fizermos a hipótese de que o investimento não depende dos juros,
mas sim da renda, teremos:
𝐼 = 𝐼0 + 𝑗 × 𝑌
𝐶 = 𝐶0 + 𝑐 × 𝑌
• Onde 𝑗 é a propensão marginal a investir.
O Caso da IS Horizontal
• Mas note que, em uma economia fechada, sem governo, teremos que:
𝑆=𝐼
e
𝑆 =𝑌−𝐶
Logo
𝑌 − 𝐶0 − 𝑐 × 𝑌 = 𝐼0 + 𝑗 × 𝑌

Colocando 𝑌 em evidência:

𝑌 × 1 − 𝑐 − 𝑗 = 𝐶0 + 𝐼0

O Caso da IS Horizontal
• Mas, em uma economia fechada sem governo, só há dois usos possíveis
para a renda: investir ou poupar. Como a poupança é igual ao
investimento, é razoável admitir que:
𝑗+𝑐 =1
• Isto que dizer que quando a renda aumenta, as pessoas ou consomem
ou poupam, e que essa poupança vira investimento (por meio do
sistema financeiro, ainda que os juros não apareçam nessa formulação).
• Se isto ocorre, não há entesouramento. Então:
𝑌 × 1 − 1 = 𝐶0 + 𝐼0 → 0 = 𝐶0 + 𝐼0 →
𝐶0 = −𝐼0
O Caso da IS Horizontal
• Logo, na ausência do entesouramento (acúmulo de proporção fixa da
renda sob a forma de papel moeda), temos que o coeficiente de 𝑌 é
zero.
• Logo, não há multiplicador keynesiano e a inclinação da IS, que é:
1−𝑐−𝑗
𝐼𝑛𝑐𝑙𝑖𝑛𝑎çã𝑜 𝑑𝑎 𝐼𝑆 = =0
𝑏
• Quando 𝑗 + 𝑐 = 1.
• Além disso, quando 𝐶0 =−𝐼0 , também é impossível deslocar a IS.
Qualquer mudança em 𝐶0 implica mudança, em sinal contrário, de 𝐼0 .

O Equilíbrio conjunto nos mercados


O Caso da IS Horizontal
• Aumentos do investimento ou do consumo não afetam a demanda de
curto prazo, pois um compensa o outro.

• Sob essas hipóteses, não existe multiplicador keynesiano.

• No longo prazo, se trocarmos muito investimento por consumo, na


presença de depreciação, teremos uma perda no estoque de capital, e a
economia vai ficar mais pobre. Esse assunto será tratado mais tarde,
quando forem apresentados os modelos de crescimento econômico.

Exemplos no IS-LM
• Agora vamos analisar o mercado monetário, como tratado pela curva
LM. A equação da curva LM, nós lembramos, é dada por:
𝑘 𝑀𝑠
𝑖= 𝑌−
ℎ 𝑃ℎ
• Pois

𝑀𝑆
= 𝐿(𝑖, 𝑌)
𝑃

𝑀𝑆
𝐿 =𝑘×𝑌−ℎ×𝑖 → =𝑘×𝑌−ℎ×𝑖
𝑃
Exemplos no IS-LM
1) Suponha que:
• h=6
• k=2
• Logo, k/h = 1/3
• Se sabemos que em Dezembro de 2012, tínhamos:
Renda (PIB) mensal = R$5.000,00 (bilhões)
Oferta de moeda (M1) = R$ 9.988,033 (bilhões)
• P=1
• Qual a taxa de juros?

Exemplos no IS-LM
• Então:
1 9988,033
𝑖= × (5.000) −
3 6
𝑖 = 1666,666 − 1664,672
𝑖 = 1,9945%
• E se mudarmos a renda para:
Renda (PIB) mensal = R$5.010 (bilhões)
• Qual será a nova taxa de juros?
1 9.988,033
𝑖 = × 5.010 − → 𝑖 = 1670 − 1664,672 → 𝑖 = 5,328%
3 6
A Oferta e demanda de moeda

Derivação da Curva LM
Exemplos no IS-LM
2) Considere o modelo IS-LM, onde:
• C = 0,8(1 – t)Y
• t = 0,25
• I = 900 – 50i
• G = 800
• L = 0,25Y – 62,5i
• m0 =M/P=500
• Qual é Y?
• Qual é i?

O Modelo IS-LM
• Resposta:
𝑌 =𝐶+𝐼+𝐺
𝑌 = 0,8 ∙ 1 − 0,25 × 𝑌 + 900 − 50 × 𝑖 + 800
𝑌 = 0,8 ∙ 0,75 × 𝑌 + 1700 − 50 × 𝑖
𝑌 = 0,6 × 𝑌 + 1700 − 50 × 𝑖
𝑌 − 0,6 × 𝑌 = 1700 − 50 × 𝑖
0,4 × 𝑌 = 1700 − 50 × 𝑖
50 × 𝑖 = 1700 − 0,4 × 𝑌
1700 − 0,4 × 𝑌 4×𝑌
𝑖= → 𝑖 = 34 − Equação da IS
50 500
O Modelo IS-LM
• Resposta:
500 = 0,25 × 𝑌 − 62,5 × 𝑖
62,5 × 𝑖 = 0,25 × 𝑌 − 500
0,25 × 𝑌 − 500
𝑖=
62,5
𝑖 = 0,004 × 𝑌 − 8 Equação da LM
• IS = LM implica:
4×𝑌
0,004 × 𝑌 − 8 = 34 −
500
2×𝑌 4×𝑌
− 8 = 34 −
500 500

O Modelo IS-LM
• Cálculo da Renda:
6×𝑌
= 34 + 8
500

500
𝑌 = 42 ×
6

𝑌 = 3.500
O Modelo IS-LM
• Agora, os juros:
𝑖 = 0,004 × 𝑌 − 8 = 0,004 × (3.500) − 8
𝑖 = 14 − 8
𝑖=6

Exemplos no IS-LM
3) Considere o seguinte modelo IS-LM, onde:
• C = 3 + 0,9Y
• I = 2 – 0,5i
• G = 10
• L = 0,24Y – 0,8i
• M/P = 6
• Qual é Y?
• Qual é i?
O Modelo IS-LM
• Resposta:
𝑌 =𝐶+𝐼+𝐺
𝑌 = 3 + 0,9 × 𝑌 + 2 − 0,5 × 𝑖 + 10
𝑌 = 0,9 × 𝑌 + 15 − 0,5 × 𝑖
𝑌 − 0,9 × 𝑌 = 15 − 0,5 × 𝑖
0,1 × 𝑌 = 15 − 0,5 × 𝑖
0,5 × 𝑖 = 15 − 0,1 × 𝑌
15 − 0,1 × 𝑌 𝑌
𝑖= → 𝑖 = 30 −
0,5 5 Equação da IS

O Modelo IS-LM
• Resposta:
6 = 0,24 × 𝑌 − 0,8 × 𝑖
0,8 × 𝑖 = 0,24 × 𝑌 − 6
0,24 × 𝑌 − 6
𝑖=
0,8
𝑖 = 0,3 × 𝑌 − 7,5 Equação da LM
• IS = LM implica:
𝑌
0,3 × 𝑌 − 7,5 = 30 −
5
150 − 𝑌 = 1,5 × 𝑌 − 37,5
O Modelo IS-LM
• Cálculo da Renda:
2,5 × 𝑌 = 187,5

187,5
𝑌=
2,5
𝑌 = 75

O Modelo IS-LM
• Agora, os juros:
𝑌 75
𝑖 = 30 − = 30 −
5 5
𝑖 = 30 − 15
𝑖 = 15
E-mail:
tiago.sayao@professres.ibmec.edu.br

OBRIGADO!

Você também pode gostar