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RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS

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Professor: Raimundo Almeida
I - INTRODUÇÃO

1.1- Objetivo do estudo da Resistência dos Materiais

A construção de prédios e casas a ser executada deve ser suficientemente


forte e segura e, ainda, projetada com a maior economia possível de material.

A Resistência dos Materiais surge então com a finalidade de apresentar


soluções para atender essas solicitações e para as aplicações práticas ocorridas na
construção civil em geral.

1.2 - Conceitos básicos sobre Lei de Newton e geometria das massas

Conhecemos da física a 1ª Lei de Newton: “A resultante das forças que agem


sobre um corpo em repouso ou em movimento retilíneo uniforme é nula”. A 2ª Lei de
Newton, também chamada Lei do Movimento de Newton, pode ser enunciada:
“Quando a resultante das forças que atuam sobre um corpo for diferente de zero, o
corpo desloca-se com movimento acelerado. A aceleração é proporcional à
resultante e tem a mesma direção e o mesmo sentido da força resultante” ; e a 3ª
Lei de Newton: “A toda ação corresponde uma reação igual e de sentido contrário”.

A 1ª e a 3ª Leis, nos levam as condições gerais de equilíbrio de um corpo e


por conseguinte as Equações Fundamentais da Estática.

Para um corpo permanecer em equilíbrio é necessário que sejam


simultâneamente obedecidas duas condições como consequência da 1ª Lei de
Newton, conhecidas como condições gerais de equilíbrio .

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1ª Condição Geral de Equilíbrio: “ O somatório da resultante do sistema de forças
que age sobre o corpo deve ser nulo”;

Para se conhecer a 2ª Condição Geral de Equilíbrio, devemos nos recordar


da física o conceito de momento de uma força.

Momento de uma força em relação a um eixo de referência, é o produto desta


mesma força pela distância em relação ao mesmo, ou seja; M= F.d

Então, podemos enunciar a 2ª Condição Geral de Equilíbrio: “O somatório do


momento resultante do sistema de forças que age sobre o corpo, em relação a um
ponto qualquer deve ser nulo”.

Escrevendo portanto, as duas Condições de Equilíbrio sob a forma de


equações em relação aos eixos coplanares x e y, teremos:

∑ Fx=0;
∑ Fy=0;
∑ Mz=0;
As equações acima são conhecidas como equações fundamentais da
estática.

1.3 – Tipos de Estruturas

A estrutura de uma edificação se divide em infraestrutura e superestrutura.

A infraestrutura é relativa às fundações da edificação, tais como: sapatas


(fundação direta), que é utilizada quando o terreno em que se vai construir é
considerado com boa resistência e radiers e estacas quando o terreno é
considerado com fraca resistência, e ainda as cintas que são elementos estruturais
destinados a manter a rigidez da estrutura do prédio e servem para apoiar as
alvenarias.

A superestrutura é constituída de lajes, que são elementos destinados a


servir de apoio para a passagem, vigas que servem para dar apoio as lajes, e
pilares que servem de apoio às vigas. Portanto, o esquema de apoio estrutural em
uma edificação funciona da seguinte maneira: as lajes são apoiadas pelas vigas,
que por sua vez são apoiadas pelos pilares, e estes pelas sapatas, radiers ou
estacas.
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Todos esses elementos são chamados de elementos estruturais.

1.4 – Esforços Solicitantes

Os elementos estruturais, são submetidos portanto a esforços durante o


“caminho” que a carga percorre por ocasião de seu funcionamento estrutural. Esses
esforços, solicitam de alguma forma os elementos, sendo portanto chamados de
Esforços Solicitantes.

Esses esforços, podem ser basicamente:

- esforços de compressão:

- esforços de tração:

- esforço cortante:

- momento fletor:

I I– TRAÇÃO E COMPRESSÃO

2.1- Esforços internos e externos

Admitamos que um corpo é constituído de pequenas partículas ou moléculas,


entre as quais estão atuando forças. Estas forças moleculares opõe-se à mudança
de forma que forças exteriores tendem a produzir. Se estas forças exteriores são
aplicadas no corpo, suas partículas deslocam-se e os deslocamentos mútuos
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continuam até que o equilíbrio entre as forças exteriores e interiores seja
estabelecido.

2.2 – Corpos de prova

Tomemos como exemplo uma barra prismática carregada na extremidade,


como mostra a figura a seguir.

∑P

P P

Sob ação dessa carga, manifestar-se-á certo alongamento da barra. O ponto


de aplicação da carga mover-se-á, então, para baixo fazendo com que a barra se
deforme. Se considerarmos uma seção mn da barra, vamos verificar que se ela está
em equilíbrio, o somatório das forças internas no outro sentido deverá ser igual ao
valor de P.

A propriedade dos corpos voltarem a forma inicial, após a retirada da carga, é


chamada de elasticidade. Diz-se que o corpo é perfeitamente elástico se recupera
completamente sua forma original depois da retirada da carga; parcialmente
elástico, se a deformação produzida pelas forças exteriores não desaparece
completamente depois da retirada da carga.

2.2.1 – Lei de Hooke

Por meio de experiências diretas relativas a à distensão de barras


prismáticas, estabeleceu-se, para vários materiais estruturais que o alongamento da
barra, entre certos limites, é proporcional à força de tração. Esta relação linear
simples entre a força e o alongamento que ela produz foi formulada, primeiramente,

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em 1678, pelo cientista inglês Robert Hooke e recebeu seu nome. Adotando-se as
notações:

P = força que produz distensão na barra;


l = comprimento da barra;
A = área da seção transversal da barra;
δ = alongamento total da barra;
E = constante elástica do material, chamada módulo de elasticidade;

A lei experimental de Hooke pode ser dada pela seguinte equação:

P.l
δ = ; (1)
A.E

Analisando a equação acima, observamos que o alongamento (δ) da barra é


diretamente proporcional à força de tração (P) e ao comprimento da barra (l), e
inversamente proporcional à área (A) e ao módulo de elasticidade (E).

Devemos observar também, o conceito de tensão normal (σ).

Quando uma força (P) está agindo sobre uma barra prismática, esta força
passa pelo centro de gravidade da seção transversal da barra e ao longo do eixo da
barra. Portanto, temos uma força agindo perpendicularmente à seção transversal da
peça, levando-nos a uma segunda importante equação da Resistência dos
Materiais:
P
σ = ; (2)
A

Esta força por unidade de área é chamada tensão.

O alongamento da barra por unidade de comprimento, é determinado pela


equação:
δ
ε = ; (3)
l
E é chamado de alongamento relativo ou deformação de tração.

Empregando-se as equações (1), (2) e (3), a Lei de Hooke pode ser também
representada da seguinte forma:

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σ = Ε .ε ; (4)

O que nos mostra que o módulo de elasticidade é igual a tensão dividida pelo
alongamento relativo, podendo ser facilmente calculada desde que se determinem a
tensão e o alongamento correspondente em um ensaio de tração. O alongamento
relativo (ε) é um número abstrato, representando a relação entre dois comprimentos
(ver equação 3); portanto, da equação (4), conclui-se que o módulo de elasticidade
(E) deve ser medido nas mesmas unidades que as tensões (σ), isto é, em
quilogramas força por centímetros quadrados por exemplo e este valor depende
somente do tipo de material que está se empregando.
Estas mesmas equações, poderão ser utilizados para o caso de compressão
de barras prismáticas. Neste caso, δ denotará o encurtamento longitudinal total, ε a
deformação de compressão e σ a tensão de compressão. O módulo de elasticidade
à compressão é, para a maioria dos materiais estruturais, o mesmo da tração. Nos
cálculos, as tensões e as deformações de tração são consideradas positivas e as
tensões e deformações de compressão, negativas.

2.2.2 – Exercícios

1- Determinar o alongamento total de uma barra de aço (E=21x105 kgf/cm2) com 60


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cm de comprimento, sendo a tensão de tração igual a 1050 kgf/cm .

Solução:

σ 1050
δ = ε .l = ⋅l = ⋅ 60 = 0,03 cm
E 21x105

2 – Determine a força de tração numa barra de aço (E=21x105 kgf/cm2)cilíndrica


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com 3 cm de diâmetro, sendo o alongamento relativo igual a 0,7 x 10 .

Solução:

σ = ε ⋅ E = 0,7 x10 − 3 ⋅ 21x105 = 1470 kgf / cm 2


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A = 3,14 ⋅ = 7,07 cm 2
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P = σ ⋅ A = 1470 ⋅ 7,07 = 10393kgf

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3 – Uma barra prismática de aço (E=21x10 kgf/cm ) de 60 cm de comprimento, é
distendida de 0,06cm sob a ação de uma força de tração. Achar o valor dessa força,
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admitindo que o volume da barra seja igual a 400 cm .

Solução:

δ 0,06
ε = = = 0,001
l 60
V 400
σ = ε ⋅ E = 0,001 ⋅ 21x105 = 2100 kgf / cm2 A= = = 6,67cm 2
l 60
P = σ ⋅ A = 2100 ⋅ 6,67 = 14007kgf

4 – Um arame com 30 m de comprimento , sujeito a uma força de tração P= 500kgf,


alonga-se de 3cm. Determinar o módulo de elasticidade do material, sendo a área
da seção transversal do arame igual a 0,25cm2.

Solução:

P.l P.l 500 ⋅ 3000


δ = ; então : E = = = 20 x10 5 kgf / cm 2
A.E δ .A 3 ⋅ 0,25
5 – Um parafuso de aço (E= 21x10 5 kgf/cm2), com 50 mm de diâmetro, deve
suportar uma carga de tração de 30000kgf. Sabendo que o comprimento inicial da
parte carregada é 550 mm, calcular o comprimento final do parafuso.

Solução:

P.l 30000kgf ⋅ 55cm


δ = ; então : δ = = 0,04cm
A.E 19,635cm 2 ⋅ 21x10 5 kgf / cm 2
mas:
L f = L + δ ; então :
L f = 55cm + 0,04cm = 55,04cm

6 – O pedestal da figura abaixo, está sujeito às cargas P1= 60000 kgf e P2=
70000kgf. O comprimento da parte superior a é igual a 50 cm e sua seção
transversal é quadrada com 7,5 cm de lado. A parte inferior tem b= 75 cm e seção
transversal também quadrada com 12,5 cm de lado. Sabendo que o material que
P1
compõe o pedestal apresenta módulo de elasticidade igual a 20 x 10 5 kgf/cm2 ,
achar o encurtamento total do topo do pedestal.
a P2

b
Seção S1

Seção S2

Solução:

- encurtamento devido a carga P1(seção S1)

P1.a 60000kgf ⋅ 50cm


δ 1= ; então : δ 1 = = 0,027cm
Aa .E 7,5 2 cm 2 ⋅ 20 x10 5 kgf / cm 2

- encurtamento devido ao somatório de P1 e P2 (seção S2)

( P1 + P 2).b 130000kgf ⋅ 75cm


δ 2= ; então : δ 2 = = 0,031cm
Ab .E 12,5 cm 2 ⋅ 20 x10 5 kgf / cm 2
2

- encurtamento total

δt = δ1 + δ2 =0,027cm + 0,031 cm = 0,058 cm

7- Uma barra de cobre (E=11x105 kgf/cm2), com 3,00m de comprimento, tem seção
transversal circular com diâmetro de 20mm na metade de seu comprimento. Na
outra metade do seu comprimento apresenta diâmetro de 15mm de acordo com a
figura abaixo. Qual será seu encurtamento total sob uma carga P=2500 kgf ?

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Solução:

P.a 2500kgf ⋅ 150cm


δ1 = ; então : δ 1 = = 0,1085cm
A a .E 2
3,14.2,0
cm 2 ⋅ 11x10 5 kgf / cm 2
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P.b 2500kgf ⋅ 150cm


δ2 = ; então : δ 2 = = 0,1930cm
A b .E 3,14.1,5 2 5 2
⋅ 11x10 kgf / cm
4

δt = δ1 + δ2 = 0,1085 cm + 0,1930 cm = 0,3015 cm

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