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CURSO DE VALORIZAÇÃO TÉCNICA ORIENTADA

PARA A ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

Qualidade como Factor de Desenvolvimento e


Modernização

Planeamento do exercício de CAF

Equipa de Auto-Avaliação
e
Planeamento do Follow-Up

Trabalho elaborado por:

Aurora Sousa
João Henriques
Manuel Veva
Nuno Martins
Nuno da Palma

1. Planeamento do exercício de CAF


1.1. Justificação e Objectivos

A reforma da Administração Pública é hoje apontada como um dos


principais e mais arrojados objectivos de muitos estados membros da União
Europeia, e o Estado Português muito em particular. Apesar dos esforços de
reforma que se têm tentado ao longo das últimas décadas, na maioria das vezes
com resultados pouco satisfatórios, têm tido em comum o facto de não
ultrapassarem a fase da declaração de intenções.
Foi precisamente a necessidade premente de se diagnosticar o estado do
funcionamento dos serviços prestados pela Administração e a possibilidade
consequente de se aplicarem medidas correctivas ou de inovação, face às
necessidades inventariadas ou aos problemas identificados, que veio dar
sentido o conceito da avaliação.
Desta forma e porque a educação e o ensino é considerado como uma área
chave para o desenvolvimento social, e concomitantemente para a
modernização administrativa, tratar da avaliação sem começar pela base, ou
seja, pelas Escolas, seria tratarmos de forma desajustada todo o processo.
Com a aprovação da Lei nº31/2002, de 20 de Dezembro – Sistema de
Avaliação da Educação e do Ensino Não Superior, surge a preocupação de
desenvolver o regime previsto na Lei nº46/86, de 14 de Outubro – Lei de Bases
do Sistema Educativo, resulta como concepção de avaliação aquela que assenta
numa análise diagnostica, visando a criação de termos de referência para
maiores níveis de exigência, bem como a identificação de boas práticas
organizativas, bem como de pedagogias relativas à Escola e ao trabalho de
educação, ensino e aprendizagens, que se constituam em modelos de
reconhecimento, valorização, incentivo e dinamização educativa.
A estrutura desta avaliação tem por base a auto-avaliação, a realizar em
cada escola ou agrupamento escolar, assim como na avaliação externa. É no
capítulo da auto-avaliação que faz todo o sentido se adoptar o modelo de CAF –
Common Assessement Framework, enquanto modelo organizacional que,

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aplicado de forma contínua e sistemática, permite às organizações públicas
realizarem exercícios de auto-avaliação com custos reduzidos. A sua
implementação nas Escolas tem como objectivo primordial desenvolver uma
cultura de serviço público orientado para o cidadão, bem como de gestão
estratégica na qualificação e responsabilização das pessoas e no
desenvolvimento e práticas de comparabilidade institucional e pedagógica
(benchmarking).
Da aplicação do modelo de CAF resultam como objectivos:
o Devolver informação de regulação à organização,
identificando os pontos fortes e fracos do seu funcionamento e
contribuindo para a manutenção dos níveis de qualidade já
alcançados ou para o seu aperfeiçoamento;
o Incentivar processos de auto-avaliação como a melhor
estratégia para garantir a qualidade educativa e responsabilizar os
seus actores;
o Criar maiores níveis de exigência no desempenho global da
organização;
o Promover benchmarking interno e externo, como auto-
aperfeiçoamento
o Optimizar a gestão dos serviços, recursos
o Desenvolver e motivar os intervenientes
o Rever e simplificar processos e procedimentos
o Melhorar a qualidade dos serviços

Tomar a decisão de levar a cabo um exercício de auto-avaliação representa a


vontade da Escola em iniciar um processo de mudança. Para assegurar o
sucesso do exercício deverá ser feita uma cuidadosa planificação e
sistematização das várias etapas que a compõem.

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1.2 Planeamento das actividades e da comunicação

Cronograma de Auto-Avaliação
Mês Março Abril
Dias 7 8 9 10 11 14 15 16 17 18 21 22 23 24 25 28 29 30 31 1 4 5 6 7 8 11 12 13 14 15 16 17 18 19
Actividades
1 Apresentação da CAF G
Pesquisa de G
2 E
Documentos
3 Leitura Documental E E E
Reunião com a equipa G
4 E
de Auto-avaliação
Trabalho da equipa de
5
Auto-avaliação
Concepção dos
6 E E E E
Instrumentos
Reunião de Apoio à
G G G G
7 equipa de Auto- E E E E
avaliação
Realização de
entrevistas aos
8 E E E
responsáveis pelos
órgãos de gestão
Entrega e recolha dos
9 questionários a todos E E E
os elementos da escola
Tratamento dos
10 E E E E
questionários
Análise do conteúdo
11 E E E
das entrevistas
Consolidação dos
12 E E E E E
dados recolhidos
Concepção e aferição G G G G G
13 E E E E E
do Relatório
Entrega do Relatório
14 E
Provisório
Entrega do Relatório
15 E
Final
Apresentação do
16 G
Relatório Final
4
Legenda:
G – Órgão de Gestão; E – Equipa de Auto-Avaliação.

1.2.1. Apresentação da CAF

Da observação e análise do Cronograma de aplicação do exercício, poder-se-á


inferir que uma das fases mais importantes deste é a Apresentação da CAF à Escola,
dado que é a partir deste momento que se deve “ganhar” a adesão dos membros da
comunidade educativa – alunos, pessoal docente, pessoal não docente, pais e encarregados
de educação e outros parceiros, sensibilizando-os para as vantagens dos exercícios de
auto-avaliação, assim como do modelo proposto para a levar a bom porto.
Como forma de evitar o aparecimento de resistências, umas associadas à
exposição dos pontos fracos e outras ao empenhamento no preenchimento dos
inquéritos, a comunicação à comunidade educativa do modelo de auto-avaliação
deverá ser feita em estreita articulação do Presidente do Conselho Executivo e da
Equipa de Auto-Avaliação, em momentos formais, de onde deverão constar os
seguintes aspectos:
 Objectivos e vantagens da auto-avaliação;
 Apresentação genérica da CAF;
 Modo de aferição dos critérios e dos subcritérios;
 Importância da participação de todos para o sucesso do processo;
 Garantia da confidencialidade das respostas de todos os envolvidos;
 Garantia de informação sobre o desenrolar do processo, através da
divulgação em vários formatos e suportes (jornal escolar, página Internet da
Escola, afixação em placard´s, envio de informações para as estruturas de
orientação educativa, …).
O forte empenhamento do Presidente do Conselho Executivo na fase de
apresentação do modelo de auto-avaliação, legitima a Equipa de Auto-Avaliação na
condução do processo, dado que pode ser entendido como o forte desejo e a
necessidade de avançar com o projecto.
A diversidade de colaboradores de uma Escola aconselha a que se proceda à
realização de comunicações distintas:

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 Uma destinada ao pessoal docente, em reunião geral deste corpo;
 Uma outra destinada ao pessoal não docente – pessoal auxiliar de acção
educativa, cozinheiras, e pessoal dos serviços de administração escolar, em
reunião geral;
 Outra destinada aos alunos, em reunião de assembleia geral de delegados de
turma;
 Outra destinada aos Pais e Encarregados de Educação, em reunião com os
Presidentes da Direcção e da Mesa da Assembleia Geral da Associação de
Pais da Escola.
Como forma de assegurar o constante envolvimento e empenhamento dos
elementos referidos anteriormente, aponta-se como importante a realização de
comunicações formais com os órgãos de administração e gestão da Escola –
Assembleia de Escola e Conselho Pedagógico.
Ao Conselho Pedagógico é pedido que crie mecanismos de articulação entre a
Equipa de Auto-Avaliação e os Departamentos/Conselhos de Docentes (consoante a
estrutura).
À Assembleia de Escola será pedido que, de forma articulada com o Conselho
Executivo, zele pelo cumprimento das diferentes fases do processo, por parte da
Equipa de Auto-Avaliação, devendo facultar-lhe o apoio necessário à superação de
possíveis contratempos.

1.2.2. Relatório da Equipa de Auto-Avaliação

Um outro momento importante no processo de auto-avaliação é a elaboração do


relatório e sua apresentação. O documento em apreço deverá ser entregue ao
Presidente do Conselho Executivo, em suporte informático e em papel, devendo a
sua estrutura contemplar os seguintes conteúdos:
 Identificação da Escola, da Equipa de Auto-Avaliação e a data;
 Responsáveis pela iniciativa e justificação do processo;
 Origem e descrição do modelo, objectivos e vantagens;
 Etapas da auto-avaliação e dificuldades sentidas;

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 Nível de participação, resistências encontradas e dificuldades sentidas, quer
em relação aos órgãos de gestão, aos docentes, ao pessoal não docente, aos
alunos, pais e encarregados de educação e outros parceiros;
 Identificação dos pontos fortes e dos pontos críticos a melhorar, das
oportunidades e ameaças;
 Apresentação de ideias para melhorar os pontos críticos identificados e
valorização dos pontos fortes.

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2. Equipa de Auto-Avaliação

2.1 Constituição da equipa de auto-avaliação

O processo de auto-avaliação, apesar de simples, implica sempre algum


tempo e dedicação. Assim, opta-se pela constituição de um grupo responsável pela
auto-avaliação assente no seguinte conjunto de princípios:
 Não hierarquização dos elementos constituintes da equipa;
 Delegação de responsabilidades e autonomia de acção;
 Desenvolvimento de um clima de confiança promotor da participação de
todos;
 Respeito pelas opiniões e ideias de todos;
 Elaboração de uma agenda das acções a desenvolver;
 Cumprimento de prazos.

Em nosso entender a equipa, envolvida no processo de auto-avaliação, deverá


ser compreendida por três elementos1:
 2 docentes (um dos quais o presidente da Assembleia);
 1 representante do pessoal não docente.

2.2 Critérios de selecção

Do Presidente de Assembleia
 Presidente do órgão colegial onde se encontram representados todos os
parceiros da comunidade educativa.

Do Docente
 O professor com mais tempo de serviço na escola ou agrupamento (possível
garante de um melhor conhecimento da realidade da organização educativa).

1
Poderá ser solicitada colaboração voluntária de mais elementos de apoio às actividades de
desenvolvimento de tarefas específicas.

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Do pessoal não docente
 Chefe de Serviços Administrativos (como elemento que dado o seu nível de
conhecimentos associado a um maior contacto com os restantes funcionários,
pode revelar-se de extrema utilidade).

Os elementos desta equipa devem estar abertos à inovação, pautar a sua actuação
pela responsabilidade, pelas boas relações interpessoais, devem ser dinâmicos,
isentos e objectivos e devem estar munidos de um conhecimento efectivo a
organização – Escola.

2.3 Funções da equipa

- Apresentação da CAF à comunidade educativa;


- Recolha de documentação relevante;
- Definição de indicadores para cada critério e sub/critério;
- Elaboração, distribuição e recolha dos inquéritos;
- Realização de entrevistas (se necessário);
- Análise dos inquéritos;
- Preenchimento da grelha de auto-avaliação;
- Análise dos resultados;
- Elaboração do relatório final;
- Apresentação dos resultados ao gestor de topo;
- Preparação dos resultados.

As actividades da equipa podem ser englobadas em quatro campos que serão


distribuídas da seguinte forma:
Elemento da equipa
Actividades Presidente da
Docente Chefe de Serviços
Assembleia
Pesquisa Documental Critérios 1, 2, 8 Critérios 3, 4, 7 Critérios 5, 6, 9
Definição de indicadores para cada
Critérios 1, 2, 8 Critérios 3, 4, 7 Critérios 5, 6, 9
critério / sub-critério
Conselho Executivo e Professores,
Adaptação dos questionários e
Coordenadores dos Encarregados de Pessoal Não Docente
coordenação da aplicação
órgãos Educação, Alunos
Preenchimento da grelha de critérios Critérios 1, 2, 8 Critérios 3, 4, 7 Critérios 5, 6, 9

3. Planeamento do Follow-Up

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3.1. Apresentação dos resultados ao Conselho Executivo

A apresentação dos resultados à organização será feita através de sessões ao


nível dos estabelecimentos de educação e ensino, estando esta tarefa a cargo do
Presidente do Conselho Executivo, assessorado pela equipa de auto-avaliação.
No entanto, uma primeira tarefa se coloca à Equipa de Auto-Avaliação:
 Apresentação da grelha de resultados de auto-avaliação ao C.E., através da
sua projecção em slides (Power Point);
 Apresentação de um resumo do Relatório Final ao C.E. devendo este ser
composto pelas partes referidas em 1.2.2.

3.2. Comunicação dos resultados aos colaboradores e clientes

O Conselho Executivo terá como tarefa imediata analisar os resultados


apresentados pela equipa, através do modelo SWOT.
Estando acometida ao C.E. um vasto leque de competências, que se pautam
pela gestão dos diversos sectores da organização, pelo que caber-lhe-á a si a
apresentação das conclusões, nas quais serão apresentados os objectivos e desafios
para o futuro.
À Equipa de Auto-Avaliação apenas caberá a apresentação dos resultados à
organização escolar, usando de preferência de uma linguagem acessível e em
suporte informático (Power Point).
A apresentação e comunicação dos resultados será então dividida entre C.E. e
Equipa, dirigindo-se em momentos diferenciados aos seguintes públicos:
 À Assembleia de Escola;
 Ao Conselho Pedagógico;
 Pessoal docente, em reunião geral deste corpo;
 Uma outra destinada ao pessoal não docente – pessoal auxiliar de acção
educativa, cozinheiras, e pessoal dos serviços de administração escolar, em
reunião geral;
 Outra destinada aos alunos, em reunião de assembleia geral de delegados de
turma;

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 Outra destinada aos Pais e Encarregados de Educação, em reunião com os
Presidentes da Direcção e da Mesa da Assembleia Geral da Associação de
Pais da Escola.

Durante a apresentação focar-se-ão os aspectos positivos da auto-avaliação,


dando-se destaque à participação das pessoas, aos pontos fortes da organização
educativa e ao nível de satisfação dos alunos e respectivos pais/encarregados de
educação, não esquecendo os designados clientes internos/colaboradores, caso dos
docentes e não docentes.
Relativamente aos pontos críticos, a informação pautar-se-á pela simpatia e
ausência de julgamentos, a fim de evitar descontentamento e procurando motivar as
pessoas para a MUDANÇA.
A todos os públicos-alvo anteriormente referidos é comunicado que o
próximo exercício de auto-avaliação será desencadeado dentro de um período de 12
meses.

Bibliografia:

LEANDRO, Ema Corrêa Mendes – “Guião para Auto-Avaliação de


Desempenho…” – partes 1 e 2 e anexo, cadernos INA 3 e 4 e anexo,
Oeiras, 2002;
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MADUREIRA, César – “Avaliar as escolas para modernizar os sistemas
de ensino no contexto da reforma administrativa”, cadernos INA nº8,
Oeiras, 2004.

ÍNDICE

1. PLANEAMENTO DO EXERCÍCIO DE CAF 2


1.1 Justificação e objectivos 2
1.2 Planeamento das actividades e da comunicação 4

12
1.2.1 Apresentação da CAFf 5
1.2.2 Relatório da equipa de auto-avaliação 6
2. A EQUIPA DE AUTO-AVALIAÇÃO 8
2.1 Constituição da equipa de auto-avaliação 8
2.2 Critérios de selecção 8
2.3 Funções da equipa 9
3. PLANEAMENTO DO FOLLOW-UP 10
3.1 Apresentação dos resultados ao conselho executivo 10
3.2 Comunicação dos resultados aos colaboradores e clientes 10
BIBLIOGRAFIA 12

13

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