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AULA 21
EMPUXOS DE TERRA
1. INTRODUÇÃO
Figura 1
Pode-se notar na figura que empuxo passivo é muito maior do que o empuxo ativo.
Observa-se também que o deslocamento necessário para se atingir a situação de
empuxo ativo é bem menor do que a necessária para o empuxo passivo.
2
2. EMPUXO EM REPOUSO
Quando o maciço de solo atua sobre o anteparo sem que o mesmo se desloque, pode-
se considerar que o maciço está em estado de repouso.
'ho
K0 (1)
' v
Muitas vezes, ele é estimado a partir de correlações empíricas. Jaky (1944) mostrou
que, em solos não coesivos e argilas normalmente adensadas, K o é dado
simplificadamente pela seguinte expressão:
K 0 1 sen' (3)
Valores de Ko para areia fofa variam de 0,45 a 0,55 e para areia compacta de 0,40 a
0,45. Em argilas normalmente adensadas, o Ko é crescente com o Indice de
Plasticidade, variando de 0,5 a 0,7. No caso de argilas sobreadensadas, tem-se
recomendado o uso da expressão:
H H 1 2
E 0 0 'h 0 dz 0 K 0 zdz H K 0 (5)
2
Figura 2
Exemplo
Calcular a força de empuxo em repouso Eo e a força de empuxo hidrostático Ehidr para
o anteparo abaixo. Considerar o anteparo indeslocável.
4
E0= 17,1x2/2 + 26,6x1 + 11,9x1/2 +38,5x3 + 16,8x3/2 = 17,1 + 26,6 + 5,95 + 115,5 +
25,2 =193,35 kN/m
dhidr = 1 m
5
Figura3
6
1 ' 1
3 '
sen'
1 ' 1
3 '
1 ' 1 sen'
tg 2 (45o ' ) N (7)
3 ' 1 sen' 2
finalmente
Da figura ao lado se deduz que:
5.TEORIA DE RANKINE
A teoria de Rankine permite calcular os empuxos ativo e passivo atuantes sobre uma
estrutura rígida que suporta um maciço de solo em estado de equilíbrio limite. (limiar
da ruptura) Originalmente estabelecida para solos não coesivos (granulares), foi
posteriormente estendida para solos coesivos.
7
Uma importante hipótese dessa teoria é que o contato entre a estrutura e o solo é
perfeitamente liso, não havendo mobilização de resistência no contato solo-muro, o
que implica que a direção do empuxo de terra é paralela à superfície do terreno. De
acordo com essa teoria, o deslocamento da estrutura provoca a plastificação de todo o
maciço, formando-se infinitas superfícies planas potenciais de ruptura.
Serão discutidos dois casos, o primeiro referente à condição drenada e o segundo para
a condição não drenada. Em ambos os casos, serão analisadas somente situações bem
simples e idealizadas: admite-se superfície do terreno horizontal e cisalhamento no
contacto solo –anteparo igual a zero.
Figura 5
Será analisado a seguir cada um dos dois casos, ativo e passivo.
plano de ruptura
c
,
c
,
plano de ruptura
,
ha , ,
ho v
Figura 6
8
A evolução do estado em repouso para o estado ativo, a medida que o muro vai se
afastando, é feita mantendo-se constante a tensão vertical efetiva e diminuindo-se
gradativamente a tensão horizontal efetiva (Figura 7).
Figura 7
Como mostra a Figura 6, para um certo valor de tensão horizontal efetiva, o círculo
tangencia a envoltória de resistência, ocorrendo então a ruptura. Diz-se então que foi
atingido o estado ativo.
1 ' N 3 '2c' N
1 , 2c'
´h a v (13)
N N
9
'
Os planos de ruptura (Figura 6) formam um ângulo r 45 o com o plano
2
principal maior, ou seja, com o plano horizontal, como indicado na figura 8.
Figura 8
Figura 9
obtidos até uma profundidade z= zo precisam ser negativos para que ocorra a ruptura,
mas neste caso há a tendência do solo se “descolar” do muro. Além do mais, na
presença de esforços de tração, muitos solos se trincam.
1 2c'
´h a z 0 0
N N
donde resulta
2c'
z0 N (14)
4c'
H c 2z 0 N (15)
Para efeito do cálculo dos esforços no anteparo, a força de empuxo ativo é calculada
não considerando a parcela negativa, como indicado na Figura 9. O empuxo ativo
será então igual a área da parte positiva do diagrama:
H H z 2c' 1 H 2 4c´2 4c´H
E a z ´h a dz z ( )dz ( ) (16)
0 0 N
N 2 N N
plano de ruptura
c
,
c
,
plano de ruptura
, ho , v , hp
Figura 10
A evolução do estado em repouso para o estado passivo, a medida que o muro vai
sendo empurrado contra o solo, é feita mantendo-se constante a tensão vertical efetiva
e aumentando-se gradativamente a tensão horizontal efetiva (Figura 11).
Figura 11
'
Os planos de ruptura formam um ângulo r 45 o com o plano principal maior,
2
que neste caso é o plano vertical (Figura 12).
Figura 12
Figura 13
H H 1
E p 0 'h p dz 0 ( N z 2c' N )dz ( H 2 N 4cH N ) (18)
2
13
Figura 14
1 ,
´h a v ou ´h a K a v, (19)
N
´h p N v, ou ´h p K p v, (20)
1 1
Com K a (21)
K p N
Figura 15
Para esses solos, têm-se as seguintes expressões para o caso do terreno inclinado,
formando um ângulo com a horizontal (Figura 15):
(22)
(23)
14
Será analisado aqui o caso mais típico que é das argilas saturadas não drenadas.
E a expressão 10:
passa a ser:
1 3 2s u (24)
Caso ativo
h a z 2s u (25)
Caso passivo
h p z 2s u (26)
20
Se uma parede rugosa se move para fora, há o abatimento de uma cunha de solo atrás
da parede. Como mostra a Figura 16, lado direito do muro, o movimento para baixo
do solo em relação à parede desenvolve forças de atrito que fazem com que o empuxo
ativo resultante seja inclinado de um ângulo em relação à normal à parede. Análise
teórica mostra que as superfícies de deslizamento correspondentes consistem de uma
porção curva inferior e de uma porção reta superior (Figura 17a).
Se a parede é empurrada contra o solo (Figura 16, lado esquerdo do muro), o solo
sobe em relação ao muro e a reação à força de empuxo passivo age numa direção
formando um ângulo com a normal à parede. A componente tangencial dessa força
tende a evitar a subida da cunha. As superfícies de deslizamento apresentam também
duas porções, uma curva e uma reta (Figura17b).
Figura 16– Setas indicam direção dos esforços aplicados pelo solo no muro
7.TEORIA DE COULOMB
Como visto, a superfície de deslizamento numa estrutura real é levemente curva. Para
simplificar os cálculos, Coulomb (1776) admitiu uma superfície de deslizamento
plana. Para o caso do empuxo ativo, o erro em desprezar a curvatura é bastante
pequeno.
empuxo associado a cada uma das cunhas. No caso ativo, o empuxo de projeto será o
maior valor obtido entre as superfícies analisadas, enquanto que no caso passivo
seleciona-se o menor valor.
As forças que agem na cunha são mostradas na Figura 18(a) na qual a linha reta BC é
arbitrariamente assumida como sendo a superfície de deslizamento. A cunha ABC
está em equilíbrio sob o peso W, a reação à resultante da pressão de terra Pa e a
reação F. A reação F forma um ângulo ´ (ângulo de atrito do solo) com a normal a
BC. A força Pa forma um ângulo ´(ângulo de atrito do contato muro - solo) com a
normal à parede. Uma vez que a magnitude de W é conhecida e as direções das 3
forças são também conhecidas, o valor de Pa pode ser determinado a partir do
polígono de forças (Figura 18(b)). Como BC não é necessariamente a superfície real
de deslizamento, construções similares são feitas para determinar as pressões de terra
para outras superfícies BC, arbitrariamente escolhidas. O máximo valor obtido desta
maneira é igual ao empuxo ativo de terra Ea ou Pa.
Pode-se mostrar que o empuxo de terra ativo para solo não coesivo é dado, pelo
método de Coulomb, pela expressão:
(28)
(29)
Figura 19
28
Exemplo:
Determinar a intensidade do empuxo
atuante no tardoz do muro, cuja seção
transversal está esquematizada ao
lado, segundo a teoria de Coulomb.
Características do solo: γ = 17
kN/m3; ´ = 30° c´ = 0
O gráfico a seguir foi feito de forma que cada cm equivale à força de 2 em kN/m.
Resulta para Pa:
Pa = 3,8 x 2x 17 = 129 kN/m
32
A teoria de Coulomb pode ser estendida para solos coesivos considerando a coesão
do solo c’ e a adesão cc.do contato solo - muro. Nesse caso, assume-se que trincas de
tração possam se desenvolver até uma profundidade z0, a qual é estimada de acordo
com a teoria de Rankine. As superfícies potenciais planas de ruptura se desenvolvem
conforme mostra a Figura 21, sendo as forças atuantes na cunha ABCD dadas por:
Peso da cunha W
33
Exemplo
Cunha Volume W C Cc Pa
(m3/m) (kN/m) (kN/m) (kN/m) (kN/m)
ABC1D1 0,83x6+8x3= 29 W1=551 C1=8x5=40 5x3=15 Pa1=120
ABC2D2 0,83x4+6,3x2,6= 21,4 W2=407 C2=6,3x5=31,5 5x3=15 Pa2=150
ABC3D3 0,83x2+4,8x1,7=13,1 W3=249 C3=4,8x5=24 5x3=15 Pa3=150
Coulomb calculou o empuxo passivo contra o muro admitindo que também neste
caso a superfície de deslizamento é plana (Figura 16 ou Figura 23). O erro neste caso
é sempre contra a segurança. Se o ângulo de atrito for pequeno (< /3), a
superfície de deslizamento é quase plana e o erro é tolerável. Entretanto, se for
grande (> /3), o erro é grande e o método de Coulomb não deve ser usado.
Como mencionado, o empuxo passivo corresponde ao menor valor de P.
Pode-se mostrar que o empuxo de terra passivo para solo não coesivo é dado, pelo
método de Coulomb, pela expressão:
37
(30)
onde
(31)
O valor do empuxo passivo pode ser determinado pelo método de Culmann de forma
idêntica à do empuxo ativo, exceto que a linha BD (Figura 20), deve ser traçada num
ângulo marcado abaixo da horizontal e não acima, como no caso do empuxo ativo.