3. Mesmo dentro da dualidade o tantrika mergulha na fonte não-dual visto que a pura
subjetividade permanece sempre submersa na sua própria natureza.
5. Num sentido absoluto, prazer e sofrimento, sujeito e objeto não são em nada
distintos do espaço da consciência profunda.
10. Torna-se evidente que a qualidade do tantrika é a liberdade de ser através da qual
o desejo reencontra a sua universalidade.
12. Se o vazio pudesse ser um objeto de contemplação onde estaria a consciência que
o apreenderia?
14/15/16. Aquele que age e a ação estão unidos mas quando a ação se dissolve
através do abandono dos frutos da ação, a dinâmica ligada ao ego esgota-se e o
tantrika que se absorve nessa contemplação profunda descobre a vibração liberta das
ligaduras do ego. A natureza essencial da ação é então revelada e aquele que
interiorizou o movimento do desejo livra-se da dissolução. Ele não deixa de existir uma
vez que regressou à origem.
17. O tantrika desperto realiza essa vibração permanente através dos 3 estados.
18. Shiva fica então em união amorosa com Shakti sob a forma do conhecimento e do
seu objeto enquanto simultaneamente se manifesta como nua consciência.
19. Toda a paleta sonora dos diferentes tipos de vibrações tem a sua origem na
vibração universal da consciência e assim chega a cada ser. Como é que tal vibração
pode limitar o tantrika?
20. No entanto tais vibrações são a causa do declínio das criaturas que se limitam –
quando a intuição se desconecta da origem as criaturas caiem no turbilhão da
transmigração.
21. Aquele que com ardor se inclina para a vibração palpa a sua clara natura no seio
da atividade.
25. Nesse instante, o sol e a lua desaparecem no céu - o desperto mantem-se lúcido
enquanto a criatura grosseira mergulha na inconsciência.
30. Continuamente presente à experiência que ele entende como jogo da sua natureza,
o tantrika é liberto entranhando-se na vida.
35. Mas se não se faz presente/imanente o tantrika será enganado pelas dramaturgias
do que se manifesta e conhecerá o estado ilusório do aspirante através da vigília e do
sono.
38. Mesmo num estado de extrema fraqueza tal tantrika alcança a realização. Mesmo
faminto encontrará a comida.
41. A revelação do Si surge naquele que nada mais é que o desejo absoluto. Que cada
qual faça esta experiência.
42. Simultaneamente a luz, o som, a forma e o sabor vêm entravar aquele que ainda se
agarra ao ego.
43. Quando o tantrika penetra todas as coisas com o seu desejo de absoluto, para que
servem as palavras? É em si que se desfruta.
45. Aquele que se priva do seu poder através das obscuras forças da atividade limitada
torna-se um joguete da energia sonora.
46. Apanhada no campo das energias subtis e das representações mentais a ambrosia
dissolve-se e o ser esquece-se da sua liberdade inata.
47. O poder da palavra está sempre solicito a vendar a natureza nua do Si, pois
nenhuma representação mental se consegue libertar da linguagem.
48. A energia da vibração que atravessa o vulgo escraviza-o ao mesmo tempo que esta
liberta o que se encontra na Via.
51. Mas quando o tantrika habita no vibração ele liberta o fluxo da criação/retorno
(catástrofe/anacatástrofe), goza da liberdade plena e é mestre das rodas das energias.