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O modo de vida de extrativistas na


comunidade Camará, município
de Marapanim, Pará

Rithiely Silva da Costa


IFPA

Tiago da Silva Gomes


IFPA

Zélia Vanuza Marques


IFPA

Klewton Adriano Oliveira Pinheiro


IFPA

Regiara Croelhas Modesto


IFPA

10.37885/200901312
RESUMO

O modo de vida e trabalho na atividade extrativista é caracterizado por uma pluralidade


de atividades produtivas que são realizadas a partir de saberes acumulados ao longo de
gerações e significa uma forma de sobrevivência das famílias. Assim, o objetivo desta
pesquisa foi identificar o modo de vida extrativista, com base na escuta de 10 homens
extrativistas e habitantes da comunidade Camará. A pesquisa foi de natureza qualitativa
e teve o percurso metodológico realizado em 6 momentos. Os resultados permitiram fazer
algumas importantes considerações, dentre elas, que o modo de vida dos extrativistas
que compuseram a amostragem desta pesquisa está intimamente relacionado ao uso
dos recursos naturais, tendo a atividade da pesca o seu principal meio de sobrevivência;
quanto a produção de pescado na comunidade, a pesquisa aponta que por um lado, existe
a ausência de um diagnóstico da quantidade de pescado capturado no local e, por outro,
que a comercialização é feita através da presença marcante do atravessador. E, por fim,
essa escuta de um grupo de homens que efetivamente desenvolvem atividades extra-
tivistas pode ser levada em consideração para embasar políticas públicas que possam
contribuir na geração de renda e na qualidade de vida dessas populações tradicionais.

Palavras- chave: Populações Tradicionais, Extrativismo, Pesca Artesanal, Saberes,


Unidade de Conservação.
INTRODUÇÃO

O modo de vida e trabalho na atividade extrativista é caracterizado por uma pluralidade


de atividades produtivas que são realizadas a partir de saberes acumulados ao longo de
gerações e significa uma forma de sobrevivência das famílias. No entanto, existe um tipo de
atividade extrativista caracterizada como uma forma de exploração econômica fundamentada
na crença da inesgotabilidade dos recursos naturais. Dessa forma, têm-se observado baixa
produtividade ou produtividade declinante de alguns produtos e o uso indiscriminado dos
recursos naturais, como por exemplo, a extração de frutos, sementes, óleos, resinas, mel,
cipó, cascas, raízes, madeira, caça e pescado.
Como uma estratégia de gestão pública das atividades extrativistas e da gestão dos
recursos naturais em comunidades como a de Camará foram criados no Brasil as Reservas
Extrativistas (RESEX’s) introduzidas pelo Sistema Nacional de Unidade de Conservação –
SNUC (BRASIL, 2000). Atualmente, o SNUC engloba 12 categorias de Unidades de
Conservação, sendo 5 integrais e 7 de uso sustentável. As reservas extrativistas são áreas
de domínio público, com uso concedido às populações extrativistas tradicionais, cuja subsis-
tência baseia-se no extrativismo e na agricultura de subsistência e na criação de animais de
pequeno porte, e têm como objetivos básicos proteger os meios de vida e a cultura dessas
populações, e assegurar o uso sustentável dos recursos naturais da unidade (MACIEL, 2008).
Porém, o termo “população tradicional” está no cerne de diversas discussões e sua
implicação ultrapassa a procura pela teorização, envolvendo uma série de problemáticas
relacionadas às políticas ambientais, territoriais e tecnológicas, uma vez que os diversos
organismos multilaterais que trabalham em torno deste assunto apresentam dificuldades e
discordâncias na tentativa de indicar uma definição aceita universalmente, o que facilitaria
a proteção dos conhecimentos tradicionais difundidos pela tradição oral destas populações.
No Brasil, dada a luta desses grupos sociais, os Povos e Populações Tradicionais fo-
ram definidos pelo Decreto nº 6.040, de 07 de fevereiro de 2007 como grupos culturalmente
diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização
social, que ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodu-
ção cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações
e práticas gerados e transmitidos pela tradição. No país, existe uma grande sociodiversi-
dade de Povos e Populações Tradicionais Brasil, dentre os quais estão Povos Indígenas,
Quilombolas, Seringueiros, Castanheiros, Quebradeiras de coco-de-babaçu, Ribeirinhos,
Marisqueiras, Pescadores Artesanais, entre outros (BRASIL, 2007).
A associação das características das populações tradicionais, principalmente no que
se refere à utilização dos recursos naturais e ao processo oral de transmissão são partes
constituintes do conhecimento destas populações que, segundo Diegues e Arruda (2001) é

A Educação Ambiental em uma Perspectiva Interdisciplinar 285


composto pelo conjunto de saberes e saber-fazer a respeito do mundo natural e sobrenatural,
transmitido oralmente, de geração em geração.
Assim, o objetivo desta pesquisa consistiu em apontar com base na escuta de 10 ho-
mens extrativistas e habitantes da comunidade de Camará, suas percepções quanto ao uso
dos recursos naturais bem como identificar seus modos de vida.

A NATUREZA DA PESQUISA E O PERCURSO METODOLÓGICO

A pesquisa foi de natureza qualitativa, com abordagem subjetiva e exploratória na


intencionalidade de gerar novas ideias e hipóteses que poderão desencadear pesquisas
futuras (DE PÁDUA, 2019). O percurso metodológico ocorreu em 6 etapas:

1. Visita Técnica Integrada do Curso Técnico em Meio Ambiente do Instituto Federal do


Pará, Campus Castanhal, que subsidiou a proposta de realização desta pesquisa que
compõe o Projeto Integrador – PI do referido curso, o qual consiste em uma atividade
acadêmica específica de orientação coletiva, estratégica para o desenvolvimento de
práticas integradoras que possibilitem a articulação entre as disciplinas de formação
geral e técnica e as atividades de ensino, pesquisa e extensão (PPC, 2019);

2. Apresentação da proposta e solicitação de autorização junto a Gestão da Unidade


de Conservação realizada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodi-
versidade – ICMBIO;

3. Realização do levantamento bibliográfico sobre Unidades de Conservação, Povos


e populações tradicionais e características gerais da comunidade de Camará com
a intencionalidade de identificar aspectos sociais, econômicos e ambientais da área
de pesquisa como estratégia para a elaboração do questionário semiestruturado
utilizado como instrumento de coleta de dados, e de planejar a abordagem dos
sujeitos da pesquisa.

4. Aplicação da metodologia junto à comunidade;

5. Análise dos dados obtidos durante a pesquisa com a comunidade;

6. Devolutiva da pesquisa. A socialização dos resultados ocorreu durante a reunião do


Conselho Deliberativo da Reserva Extrativista Marinha Mestre Lucindo.

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O CONTEXTO DE DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA

A pesquisa foi desenvolvido na comunidade de Camará, Polo da Reserva Extrativista


Mestre Lucindo, criada pelo Decreto não numerado de 10/10/2014 com o objetivo de garantir a
conservação da biodiversidade dos ecossistemas de manguezais, restingas, dunas, várzeas,
campos alagados, rios, estuários e ilhas e assegurar o uso sustentável dos recursos naturais
e proteger os meios de vida e a cultura das comunidades tradicionais extrativistas da região.
A Reserva Extrativista Mestre Lucindo está localizada no município de Marapanim,
Estado do Pará e possui uma área de aproximadamente 26 mil hectares, o que correspon-
de a 71,11% da área total do município (Figura suplementar 1), sendo constituída de 35
comunidades, divididas em oito Polos (Quadro 1) (BRASIL, 2014).

Quadro 1. Polos da Reserva Extrativista Marinha Mestre Lucindo, Marapanim, Pará

Nº Polos Comunidades

I Camará Camará, Crispim, Bacuriteua, Retiro

II Marudá Bairro do Sossego, Comunidade Alegre, Recreio, Sol-da-Manhã

III Vista Alegre Comunidade-Bairro Vista Alegre, Ilha Tamaruteua, Ilha Itauaçu

IV Araticum-Miri Comunidade-Bairro de Araticum-Mirim, Porto Alegre, Manhuteua, Livramento

V Sede ou Cidade Comunidades-Bairros da Barraca, Nova aliança, Abacate

VI Guarajubal Comunidade-Bairro Guarajubal, Juçateua, Arapijó, Canavial

VII Igarapé-Açu Comunidades-Bairro Igarapé-Açu, Boa Esperança, Santana do Maú

VIII Remanso Comunidades-Bairros do Remanso, Maranhãozinho, Cipoteua, Pedral.


Formada pelo Polo
XIX Jovens de toda a UC eleitos em assembleia
Juventude

Fonte: ICMBIO – Regional Belém (2019)

A economia da região do Salgado Paraense, onde está localizada a comunidade de


Camará, contribui com cerca de um quarto da produção estadual de pescado. No município
de Marapanim pode ser identificado que a pesca e a agricultura como atividades funda-
mentais, sendo que inclusive as duas fábricas instaladas no município são de gelo, ou seja,
intimamente ligadas a pesca (Santos, 2004).
Além disso, a pesca carrega forte tradição familiar e desempenha papel importante na
ocupação de mão de obra local e na produção de alimentos, sendo direcionada ao autocon-
sumo e à comercialização. A renda gerada nesta atividade é empregada na subsistência dos
pescadores e contribui para o fluxo de capital no município (Alves et al, 2015).
Portanto, a intencionalidade do trabalho foi analisar o modo de vida de extrativistas
da comunidade Camará a partir da escuta de 10 homens que tem o local como seu espaço
de vida e trabalho. Os dados foram coletados no período de 18 a 21 de dezembro de 2018,
em visita in loco, nos domicílios dos sujeitos participantes da pesquisa. Para consolidar a

A Educação Ambiental em uma Perspectiva Interdisciplinar 287


escuta foram utilizados o questionário semiestruturado, as observações das rotinas e o re-
gistro fotográfico dessas cenas durante o diálogo entre os autores e sujeitos da pesquisa.

RESULTADOS

Perfil dos entrevistados

As condições de vida e trabalho que estão imersos os sujeitos identificados na pes-


quisa tem relação com a definição de população tradicional apontada pela Política Nacional
de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais, que define pesca
artesanal como meio de subsistência em comunidades tradicionais que possui formas pró-
prias de reprodução cultural social, religiosa, ancestral, econômica utilizando conhecimentos
e práticas transmitidas por tradição (BRASIL, 2007).
O resultado das entrevistas apontou que a pesca artesanal é a principal atividade
socioeconômica da comunidade Camará. Dentre os pescadores artesanais entrevistados,
100% são do sexo masculino. Vale ressaltar que essa pesquisa teve a intencionalidade
de ouvir esses sujeitos e caracterizar os modos de vida a partir de suas percepções e que
dessa forma indica a necessidade de novas pesquisas para ouvir o conjunto de sujeitos que
residem na comunidade como condição para conjeturar sobre os modos de vida de uma
forma mais abrangente.
Dentre os entrevistados, 50% (n=5) nasceram na comunidade e iniciaram a atividade
entre 8-10 anos de idade (Pescador F, G, I, J). Os demais pescadores entrevistados, pas-
saram a morar na comunidade a partir de um determinado momento de suas vidas e desde
sua chegada aprenderam a pescar para começar a atuar na atividade. A média de idade
dos moradores entrevistados é 51,7 anos, o tempo médio de residir na comunidade é de 38
anos e a média de tempo que praticam a atividade, 28anos (Quadro 2).

Quadro 2. Dados dos pescadores, sujeitos da pesquisa

Tempo de Atividade exercida


Tempo na Idade que iniciou Exerceu outra
Pescador Idade moradia na além da pesca
atividade a atividade atividade
comunidade artesanal
Pescador A 78 40 32 - Não -
Pescador B 73 43 43 14 Não -
Pescador C 64 40 40 40 Não -
Pescador D 61 42 42 42 Não -
Pescador E 58 36 36 22 Não -
Pescador F 45 45 35 10 Sim Não informado
Pescador G 42 42 30 8 Sim Não informado
Pescador H 37 36 8 - Sim Olaria
Pescador I 28 28 12 10 Sim Vigia
Pescador J 28 28 18 10 Não -

Fonte: Dados da pesquisa (2018)

288 A Educação Ambiental em uma Perspectiva Interdisciplinar


Quando a moradia, 80% dos entrevistados possui moradia própria e na comunidade
a maioria das casas são construídas de alvenaria (Figura 1). Segundo Brasil (2014), as ca-
sas construídas de alvenaria são a maioria na comunidade, distribuídas em sala, quartos,
cozinha e sanitários internos. Nos quintais os moradores têm fogões a lenha, o giral e em
alguns casos um pequeno deposito para guardar o material de pesca, onde nos quintais
estão localizados, assim como os espaços para a guarda de materiais de trabalho, como
redes de pesca e materiais para a mariscarem.

Figura 1. Moradia dos pescadores artesanais entrevistados, Comunidade Camará, Marapanim, Pará

Fonte: Dados da pesquisa (2018)

Para Rodrigues e Costa:

A moradia replica em seus espaços uma realidade social através de elemen-


tos práticos; e simbólicos: o homem, ao construir um abrigo para lhe proteger
das intempéries do tempo, retrata um tempo, um espaço, bem como, as rela-
ções sociais estabelecidas por meio dos elementos objetivos e subjetivos nele
agregados. As diversas formas com que as casas são construídas refletem
as dinâmicas sociais vividas e a inter-relação das pessoas com o mundo que
as envolvem, principalmente as mudanças nas concepções de mundo e nos
estilos de vida (RODRIGUES; COSTA, 2013, p.46).

De acordo com Bensusan (2014), a questão das pessoas residentes nas Unidades de
Conservação e em seu entorno é um dos grandes desafios das áreas protegidas. Entretanto,
ao longo do século XX, as políticas, as definições e os instrumentos de gestão que tratam
das áreas protegidas foram mudando o tratamento dado às populações e implementaram
projetos para conciliar desenvolvimento local e conservação da natureza, mesmo que de
forma restrita em determinadas zonas, com específicas atividades e sob particulares condi-
ções, a serem preestabelecidas nos Planos de Manejo da UC.

A Educação Ambiental em uma Perspectiva Interdisciplinar 289


Neste contexto, agrupando-se a quantidade de pessoas/residência em três grupos: I –
1 a 3 pessoas; II – 4 a 5 pessoas e III – 6 a 8 pessoas, na maioria dos entrevistados de-
clarou que apenas 1 pessoa trabalha e está ligado a pesca ou ao extrativismo do caran-
guejo (Figura 2).

Figura 2. Número de pessoa residentes/domicilio dos pescadores entrevistados, Comunidade Camará, Marapanim, Pará

Fonte: Dados da pesquisa (2018)

Os entrevistados declaram que 60% (n=6) estão em união estável com uma mulher e
40% (n=4) são solteiros. Nas suas experiencias os entrevistados afirmam que as mulheres
com quem convivem atuam como ajudantes), mesmo elas participando de algumas despes-
cas e pescarias, limpeza do pescado, salga ou no conserto de redes e malhas.
Vale ressaltar que não foi objetivo desse estudo ouvir as mulheres da comunidade para
identificar se as mesmas concordam com essa definição e que essa representa um impor-
tante tarefa para estudos futuros. No entanto é possível afirmar com base nas respostas
dos entrevistados que os mesmos apontam uma compreensão que o trabalho é divido por
gêneros. Neste sentido, Scott afirma:

Minha definição de gênero tem duas partes e várias sub-partes. Elas são liga-
das entre si, mas deveriam ser analiticamente distintas. O núcleo essencial da
definição baseia-se na conexão integral entre duas proposições: o gênero é um
elemento constitutivo de relações sociais baseado nas diferenças percebidas
entre os sexos, e o gênero é uma forma primeira de significar as relações
de poder. As mudanças na organização das relações sociais correspondem
sempre à mudança nas representações de poder, mas a direção da mudança
não segue necessariamente um sentido único (Scott, 1996, p.21).

Nesse sentido é relevante que pesquisas futuras busquem compreender a forma de


como ocorre essas relações de gênero, para identificar como se estabelecem socialmente

290 A Educação Ambiental em uma Perspectiva Interdisciplinar


as relações entre homens e mulheres dentro da pesca artesanal, pois segundo Maneschy
et al, 2012, a pesca ainda é uma área de domínio dos homens, fato que acaba por causar
impactos na invisibilidade do trabalho feminino, embora as mulheres desempenhem trabalhos
importantes, no processo de produção da pesca, na manutenção da família e na preservação
dos ecossistemas aquáticos.
O grau de escolaridade apresentada pela maioria dos entrevistados é considerado
baixa, sendo que 50% (n=5) destes possui o ensino fundamental incompleto, 20% (n=2)
são alfabetizados e 20 (n=2) possui nível médio completo. Agrupando-se os pescadores em
quatro faixa etária conforme o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos – SCFV
do Ministério de Desenvolvimento Social1: I – 15 a 17 anos (adolescentes); II – 18 a 29 anos
(jovens); III – 30 a 59 (adultos) e IV – 60 ou mais (idosos), observou-se que a maioria dos
pescadores são idosos com ensino fundamental incompleto e que quanto maior for a idade,
menor o nível de escolaridade (Figura 3).

Figura 3. Escolaridade dos entrevistados, Comunidade Camará, Marapanim, Pará

Fonte: Dados da pesquisa (2018).

Em relação à média nacional, Alencar e Maia (2011) afirmam que 75% dos pesca-
dores brasileiros possuem apenas o ensino fundamental incompleto e 5,69% fundamental
completo. Porém,
Demartini (1988) afirma que a baixa escolaridade das populações rurais não está
relacionada ao desinteresse pela escolarização. A autora aponta três fatores que podem
justificar essa condição: 1). As deficiências estruturais da rede escolar; 2) as desigualdades
sociais e, 3) a própria organização histórica do sistema de ensino.

A Educação Ambiental em uma Perspectiva Interdisciplinar 291


Por outro lado, Freire (2002) aponta que um processo educativo para as classes po-
pulares deve ter a intencionalidade de desenvolver a capacidade de aprender, não apenas
para nos adaptar mas sobretudo para transformar a realidade, para nela intervir, recriando-a,
fala de nossa educabilidade e um nível distinto do nível do adestramento. Ao contrário, é
necessário que a educação seja crítica e dialógica, se torna um caminho fecundo para a
formação de seres que irão perceber que as coisas não são como deveriam ser e também
auxiliam na sua forma de aprender, sendo mais fácil de entender o que quer ser passado
para todos. Assim, as populações tradicionais almejam por uma educação do campo e não
apenas instalações no campo.

A Educação do Campo compreende o trabalho como produção da vida. É


nesta totalidade que a relação educação e trabalho ganha significado e se
diferencia da perspectiva do capital. O trabalho não é entendido como empre-
go, como mercadoria que se denomina força de trabalho. Ele é compreendido
como uma relação social que define o modo humano de existência, que, além
de responder pela reprodução física de cada um, envolve as dimensões da
cultura, lazer, sociais, artísticas (SANTOS, PALUDO e OLIVEIRA 2009 p. 55)

Para isso, as condições materiais de vida e o trabalho no campo devem orientar a es-
pecificidade e a identidade dessa educação. Enquanto identidade, Caldart (2004, p. 149),
expressa que no campo, ela é marcada pela “luta do povo do campo por políticas públicas
que garantam o seu direito a uma educação que seja no e do campo”. O que torna a política
pública educacional indispensável na construção e afirmação desta educação.
Nessa perspectiva, Caldart (2010, p.147) afirma que:

A Educação do Campo é um movimento real de combate ao atual estado de


coisas produzido pelos trabalhadores “pobres”, trabalhadores sem-terra, sem
trabalho, sem escola, dispostos a reagir, a lutar, a se organizar contra o formato
de relações sociais que determina esta sua condição de falta.

A atividade pesqueira na comunidade Camará

De acordo com os pescadores entrevistados, existe uma diversidade de espécies de


pescado capturadas ao longo do ano, conforme o calendário sazonal que apresenta os pe-
ríodos de safra e entressafra de cada espécie e que tem influência direta na vida dos pes-
cadores. Na comunidade de Camará as espécies com safra mais extensa são o Bandeirado
e a Corvina (Figura 4).

292 A Educação Ambiental em uma Perspectiva Interdisciplinar


Figura 4. Calendário Sazonal das espécies de pescado capturadas na comunidade Camará, Marapanim, Pará

Fonte: Dados da pesquisa (2018).

A produção do pescado na forma de captura do mesmo como, casa e trabalho do pes-


cador local, leva em conta o movimento das águas, na observação constante das cheias e
das vazantes; do tempo de calor, de frio e os ventos; das chuvas e da insolação; das fases da
Lua; das migrações e outros aspectos ambientais que vão delimitando épocas propícias às
pescarias e todo esse conhecimento tradicional, além de respeitar os períodos de reprodução
das espécies garante a continuidade do modo de vida da pesca artesanal (IBAMA, 2007).
No Brasil, o período de defeso das espécies de pescado foi instituído pela Portaria
nº 48, de 5 de novembro de 2007 do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis – IBAMA, ao qual estabeleceu normas de pesca para o período de
proteção à reprodução natural dos peixes, na bacia hidrográfica do rio Amazonas, nos rios
da Ilha do Marajó, e na bacia hidrográfica dos rios Araguari, Flexal, Cassiporé, Calçoene,
Cunani e Uaça no Estado do Amapá.
No estado do Pará, embora a portaria estabeleça as espécies capturadas os rios do
Estado e da Ilha do Marajó (Quadro 3) e não faça referência a espécies capturadas na
Comunidade Camará, os pescadores entrevistados mencionaram esse período como de
grande importância para manutenção das espécies capturadas por eles.

Quadro 3. Descrição das proibições e permissões específicas relacionadas a captura de pescado

Local Proibições e Permissões específicas


Pirapitinga (Piaractus brachypomus), Curimatá (Prochilodus nigricans), mapará (Hipophthalmus
Rios do Estado do Pará spp), aracu (Schizodon spp.), pacu (Myleus spp. e Mylossoma spp.), jatuarana (Brycon spp), fura
calça (Pimelodina flavipinnis), Branquinha (Curimatá amazonica, C. inorata).
Fica proibida a pesca de: aracu ( Schizodon spp.) piau (Leporinus spp.), curimatã (Prochilodus
nigricans), jeju (Hoplerythrinus unitaeniatus e Erythrinus erythrinus), pacu (Myleus spp. e Mylossoma
Rios da Ilha do Marajó
spp.), traíra (Hoplias malabaricus), tamoatá (Hoplosternum spp.), apaiarí (Astronotus ocellatus),
cachorro-de-padre ou anujá (Parauchenipterus galeatus), piranha (Pygocetrus nattereri.)

Fonte: Portaria nº 48/2007/IBAMA

A Educação Ambiental em uma Perspectiva Interdisciplinar 293


Ainda de acordo com os entrevistados, as espécies capturadas são destinadas ao con-
sumo próprio de suas famílias e para comercialização, sendo que eles informaram o preço
pago direto a pescador, mas não conseguem informar a quantidade de pescado capturada
no ano (Figura 5).

Figura 5. Preço Médio dos pescados comercializados pelos pescadores artesanais entrevistados, com base na Safra
(2018), Camará, Marapanim, Pará

Fonte: Dados da pesquisa (2018)

A Corvina é o pescado de maior valor comercial (R$ 6,29) e a piaba o de menor valor
comercial (R$ 1,50). Na comunidade de Camará existe a presença marcantes dos atraves-
sadores e, em geral, a produção é repassada a eles de forma imediata (BORCEM et al.,
2011). De acordo com os entrevistados, o pagamento à vista, a distância da comunidade
até o mercado municipal, a ausência de uma cooperativa e de um público que absorva a
quantidade de produto disponível são os principais motivos para que essa relação de co-
mercialização persista.
Nos estudos de Alves et al (2015), realizados em Marapanim, foi observado que o
atravessador pode ser natural do município e transporta (“atravessa”) a produção pesquei-
ra das áreas interioranas da região (Tamaruteua, Camará, Vista Alegre) para a sede do
município, ou pode ser oriundo de outras localidades (Vigia, Abade) e escoar o pescado
de seus conterrâneos para o centro comercial de Marapanim. Em suma, destaca-se que
a existência do intermediário, seja ele conterrâneo ou de outro local, é um fator determi-
nante para o escoamento do produto pesqueiro por meio da comercialização (GARCEZ &
SHANCHEZ-BOTERO, 2005).
E por fim, dentre os aspectos relacionados a pesca artesanal da Comunidade Camará, o
principal apetrecho para captura do pescado é a Rede utilizada por 50% dos entrevistados (n
= 5). As redes de pesca são confeccionadas por pescadores da própria comunidade. O preço

294 A Educação Ambiental em uma Perspectiva Interdisciplinar


é cobrado por panagem é definido pelo o tamanho da rede e qual espessura do tamanho
da malha confeccionado na rede de pesca (Figura 6).

Figura 6. Confecção de Rede de Pesca, Camará, Marapanim, Pará

Fonte: Dados da pesquisa (2018)

Segundo Borcem et al (2011) entre os apetrechos a rede malhadeira se destacam


nos locais de estudo, na própria residência do pescador. As malhadeiras são feitas de fios
de poliamida, atingindo de 30 a 400m de comprimento, com tamanhos de malha médios
(nó a nó de 40, 95 e 100 mm), que são denominadas como “caiqueira”, utilizadas na pesca
de pratiqueira (Mugil SP). Além da Rede de pesca, outros 40% (n = 4) dos entrevistados
afirmaram que pescam de curral e catam caranguejo e apenas 10% não pescam, apenas
capturam caranguejo (Figura 7).

Figura 7. Instrumentos de Pesca, Camará, Marapanim, Pará

Fonte: Dados da pesquisa (2018)

A Educação Ambiental em uma Perspectiva Interdisciplinar 295


Marques (2001), afirma que alguns grupos de pescadores possuem conhecimentos
específicos sobre o ciclo de vida das espécies, que esses conhecimentos são adquiridos
dura o processo de aculturamento dentro da atividade que exerce que é a pesca artesanal,
mais conhecido como conhecimento empírico que é passado de geração em geração para
os demais envolvido nesse processo.
Assim, mais do que uma atividade econômica, a pesca artesanal revela-se como um
modo de vida. Como tal, apresenta-se, no seu conteúdo objetivo, como uma interação
socioambiental em que o conhecimento do comportamento dos estoques e dos processos
reprodutivos correspondentes é orientador das técnicas que se pode lançar a mão para que
o objeto de trabalho, o peixe, perdure; perdurando, assim, o meio de sobrevivência do grupo
social que dele depende (Marques, 2001).

Comercialização do pescado capturado pelos pescadores de Camará

O pescado capturado pelos pescadores de Camará é comercializado na própria comu-


nidade, nos restaurantes de Marudá (que também pertence a Marapanim) e para a Capital
Belém. A comercialização do pescado é feita pelos próprios pescadores, ainda no Porto
do Camará, diretamente aos marreteiros2, cuja interferência na cadeia produtiva é relatada
da seguinte forma:

Entre o pescador e o consumidor há sistematicamente um atravessador com


várias denominações, em toda a Amazônia. A mais complexa cadeia de in-
termediários está no Pará. Há raros pescadores que vendem seu produto
diretamente a peixeiros/ comerciantes ou mantêm bancas com suas famílias.
A maior parte dos pescadores profissionais ou eventuais ribeirinhos está rela-
cionada com uma cadeia, composta pelo signatário, passando pelo geleiro, ao
balanceiro ou peixeiro, ao comerciante, depois ao consumidor. Em particular os
autônomos têm apenas o despachante entre eles o peixeiro e o comerciante.
Mas quando não dispõem de capital para equipar o barco, são obrigados a
comercializar por meio do armador (LEONEL 1998. p 37).

De acordo com Fenzl (2013), os marreteiros executam funções que agregam valor e
utilidade de posse, tempo e espaço ao pescado, incluindo seu transporte até o mercado
consumidor para chega à mesa do consumidor. É claro, portanto, que atividades de armaze-
namento, processamento, transporte e distribuição do pescado, são de extrema importância
na cadeia produtiva e envolvem um grande número de agentes, até o pescado chegar ao
mercado consumidor.
Mas ainda segundo o autor, o papel dos moradores na cadeia produtiva do pescado é
essencial, pois os mesmos executam tarefas indispensáveis que viabilizam a comercialização
do pescado no mercado local, além de estarem em contato direto com os consumidores que
é a ponta final da cadeia produtiva, de onde emana todo estímulo de mercado.

296 A Educação Ambiental em uma Perspectiva Interdisciplinar


Organização Social

Na comunidade Camará não existe organização social formal (Associação ou


Cooperativa). Assim, 50% dos entrevistados informaram que não participam de nenhuma
organização. Por outro lado, 40% afirmaram que participam da Associação dos Usuários da
reserva Extrativista Marinha Mestre Lucindo – AURELUC por considerar a RESEX importante
para o modo de vida deles (Figura 8).

Figura 8. Organização social, Camará, Marapanim, Pará

Fonte: Dados da pesquisa (2018)

Por outro lado, possuir uma organização social dentro da comunidade é de suma im-
portância para que possa ajudar os moradores, pois é um conjunto de ações em defesa dos
interesses dos moradores, em qualquer área que eles se apresentarem, para auxiliarem no
que for preciso, tanto para o desenvolvimento da comunidade em si, como o próprio desen-
volvimento do pescador ou morador da localidade (BOURDIEU, 1989).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O modo de vida dos extrativistas homens da comunidade Camará que compuseram


a amostragem desta pesquisa está intimamente relacionado ao uso dos recursos naturais,
tendo a atividade da pesca o seu principal meio de sobrevivência.
A pesquisa aponta a ausência de um diagnóstico da quantidade de pescado captu-
rado no local, pois nenhum dos entrevistados possuía esse tipo de informação. Por outro
lado, o pescado comercializado na comunidade é feito através da presença marcante do

A Educação Ambiental em uma Perspectiva Interdisciplinar 297


atravessador, assim a organização social em associação ou cooperativa poderia trazer mais
autonomia para os pescadores.
Essa escuta de um grupo de homens que efetivamente desenvolvem atividades ex-
trativistas pode ser levada em consideração para embasar políticas públicas que possam
contribuir na geração de renda e na qualidade de vida dessas populações tradicionais.

AGRADECIMENTOS

Ao Instituto Federal de Educação do Pará – IFPA, Campus Castanhal pelo suporte na


realização da Visita Técnica Integrada do Curso Técnico Subsequente em Meio Ambiente;
Ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio pela autorização
e condução da visita técnica à Reserva Extrativista Marinha Mestre Lucindo;
Aos extrativistas participantes da pesquisa que disponibilizaram seu tempo, reflexões
e histórias de vida e conhecimentos.

298 A Educação Ambiental em uma Perspectiva Interdisciplinar


Figura Suplementar 1 – Localização da Reserva Extrativista Marinha Mestre Lucindo


Fonte: ICMBio, 2019.

A Educação Ambiental em uma Perspectiva Interdisciplinar 299


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