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10.37885/200901312
RESUMO
Nº Polos Comunidades
III Vista Alegre Comunidade-Bairro Vista Alegre, Ilha Tamaruteua, Ilha Itauaçu
RESULTADOS
Figura 1. Moradia dos pescadores artesanais entrevistados, Comunidade Camará, Marapanim, Pará
De acordo com Bensusan (2014), a questão das pessoas residentes nas Unidades de
Conservação e em seu entorno é um dos grandes desafios das áreas protegidas. Entretanto,
ao longo do século XX, as políticas, as definições e os instrumentos de gestão que tratam
das áreas protegidas foram mudando o tratamento dado às populações e implementaram
projetos para conciliar desenvolvimento local e conservação da natureza, mesmo que de
forma restrita em determinadas zonas, com específicas atividades e sob particulares condi-
ções, a serem preestabelecidas nos Planos de Manejo da UC.
Figura 2. Número de pessoa residentes/domicilio dos pescadores entrevistados, Comunidade Camará, Marapanim, Pará
Os entrevistados declaram que 60% (n=6) estão em união estável com uma mulher e
40% (n=4) são solteiros. Nas suas experiencias os entrevistados afirmam que as mulheres
com quem convivem atuam como ajudantes), mesmo elas participando de algumas despes-
cas e pescarias, limpeza do pescado, salga ou no conserto de redes e malhas.
Vale ressaltar que não foi objetivo desse estudo ouvir as mulheres da comunidade para
identificar se as mesmas concordam com essa definição e que essa representa um impor-
tante tarefa para estudos futuros. No entanto é possível afirmar com base nas respostas
dos entrevistados que os mesmos apontam uma compreensão que o trabalho é divido por
gêneros. Neste sentido, Scott afirma:
Minha definição de gênero tem duas partes e várias sub-partes. Elas são liga-
das entre si, mas deveriam ser analiticamente distintas. O núcleo essencial da
definição baseia-se na conexão integral entre duas proposições: o gênero é um
elemento constitutivo de relações sociais baseado nas diferenças percebidas
entre os sexos, e o gênero é uma forma primeira de significar as relações
de poder. As mudanças na organização das relações sociais correspondem
sempre à mudança nas representações de poder, mas a direção da mudança
não segue necessariamente um sentido único (Scott, 1996, p.21).
Em relação à média nacional, Alencar e Maia (2011) afirmam que 75% dos pesca-
dores brasileiros possuem apenas o ensino fundamental incompleto e 5,69% fundamental
completo. Porém,
Demartini (1988) afirma que a baixa escolaridade das populações rurais não está
relacionada ao desinteresse pela escolarização. A autora aponta três fatores que podem
justificar essa condição: 1). As deficiências estruturais da rede escolar; 2) as desigualdades
sociais e, 3) a própria organização histórica do sistema de ensino.
Para isso, as condições materiais de vida e o trabalho no campo devem orientar a es-
pecificidade e a identidade dessa educação. Enquanto identidade, Caldart (2004, p. 149),
expressa que no campo, ela é marcada pela “luta do povo do campo por políticas públicas
que garantam o seu direito a uma educação que seja no e do campo”. O que torna a política
pública educacional indispensável na construção e afirmação desta educação.
Nessa perspectiva, Caldart (2010, p.147) afirma que:
Figura 5. Preço Médio dos pescados comercializados pelos pescadores artesanais entrevistados, com base na Safra
(2018), Camará, Marapanim, Pará
A Corvina é o pescado de maior valor comercial (R$ 6,29) e a piaba o de menor valor
comercial (R$ 1,50). Na comunidade de Camará existe a presença marcantes dos atraves-
sadores e, em geral, a produção é repassada a eles de forma imediata (BORCEM et al.,
2011). De acordo com os entrevistados, o pagamento à vista, a distância da comunidade
até o mercado municipal, a ausência de uma cooperativa e de um público que absorva a
quantidade de produto disponível são os principais motivos para que essa relação de co-
mercialização persista.
Nos estudos de Alves et al (2015), realizados em Marapanim, foi observado que o
atravessador pode ser natural do município e transporta (“atravessa”) a produção pesquei-
ra das áreas interioranas da região (Tamaruteua, Camará, Vista Alegre) para a sede do
município, ou pode ser oriundo de outras localidades (Vigia, Abade) e escoar o pescado
de seus conterrâneos para o centro comercial de Marapanim. Em suma, destaca-se que
a existência do intermediário, seja ele conterrâneo ou de outro local, é um fator determi-
nante para o escoamento do produto pesqueiro por meio da comercialização (GARCEZ &
SHANCHEZ-BOTERO, 2005).
E por fim, dentre os aspectos relacionados a pesca artesanal da Comunidade Camará, o
principal apetrecho para captura do pescado é a Rede utilizada por 50% dos entrevistados (n
= 5). As redes de pesca são confeccionadas por pescadores da própria comunidade. O preço
De acordo com Fenzl (2013), os marreteiros executam funções que agregam valor e
utilidade de posse, tempo e espaço ao pescado, incluindo seu transporte até o mercado
consumidor para chega à mesa do consumidor. É claro, portanto, que atividades de armaze-
namento, processamento, transporte e distribuição do pescado, são de extrema importância
na cadeia produtiva e envolvem um grande número de agentes, até o pescado chegar ao
mercado consumidor.
Mas ainda segundo o autor, o papel dos moradores na cadeia produtiva do pescado é
essencial, pois os mesmos executam tarefas indispensáveis que viabilizam a comercialização
do pescado no mercado local, além de estarem em contato direto com os consumidores que
é a ponta final da cadeia produtiva, de onde emana todo estímulo de mercado.
Por outro lado, possuir uma organização social dentro da comunidade é de suma im-
portância para que possa ajudar os moradores, pois é um conjunto de ações em defesa dos
interesses dos moradores, em qualquer área que eles se apresentarem, para auxiliarem no
que for preciso, tanto para o desenvolvimento da comunidade em si, como o próprio desen-
volvimento do pescador ou morador da localidade (BOURDIEU, 1989).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
AGRADECIMENTOS

Fonte: ICMBio, 2019.
4. BORCEM, E. R.; FURTADO JÚNIOR, I.; ALMEIDA, I. C.; PALHETA, M. K. S.; PINTO, I. A. A
atividade pesqueira no município de Marapanim-Pará, Brasil. Revista de Ciências Agrárias,
54 (3), 189-201, 2011.
5. BOURDIEU, P. O Poder Simbólico. Rio de Janeiro: Editora Bertrand Brasil S.A, 1989.
9. CALDART, R. S. Por uma educação do campo: traços de uma identidade em construção. In:
ARROYO M, CALDART, r e MOLINA, M (orgs). Por uma educação do Campos. Petrópolis:
Ed. Vozes, p. 147-158, 2004.
11. DEMARTINI, Z.B.F. Educando para o trabalho: família e escola como agencias educadoras.
São Paulo: Loyola, 1985. “Histórias de vida na abordagem de problemas educacionais”. In: VON
SIMSON, Olga de A. (org.). Experimentos com histórias de vida. São Paulo: Vértice, 1988.
13. IBAMA. Portaria nº 48, de 5 de novembro de 2007. Estabelece normas de pesca para o perío-
do de proteção à reprodução natural dos peixes, na bacia hidrográfica do rio Amazonas, nos
rios da Ilha do Marajó, e na bacia hidrográfica dos rios Araguari, Flexal, Cassiporé, Calçoene,
Cunani e Uaça no Estado do Amapá. Norma Federal. Oficial da União, nº 213, Brasília, 2007.
15. FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à pratica educativa. São Paulo:
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de julho de 2008 Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
25. SCOTT, J. Gênero uma categoria útil para a análise histórica. 3. ed. Recife: Ed. SOS
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