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Individualismo é um conceito político, moral e social que exprime a afirmação e

a liberdade do indivíduo frente a um grupo, à sociedade ou ao Estado.


O Homem do renascimento passou a apoiar a competição e a desenvolver uma crença
baseada em que o homem poderia tudo, desde que tivesse vontade, talento e capacidade
de ação individual.
O individualismo, em princípio, opõe-se a toda forma de autoridade ou controle coercitivo
sobre os indivíduos e coloca-se em total oposição ao coletivismo, no que concerne
à propriedade. O individualista pode permanecer dentro da sociedade e de organizações
que tenham o indivíduo como valor básico - embora as organizações e as sociedades,
contraditoriamente, carreguem outros valores, não necessariamente individualistas, o que
cria um estado de permanente tensão entre o indivíduo e essas instâncias de vida social.
Segundo Sartre, mesmo dentro do maior constrangimento - político, econômico,
educacional ou outro -, existe um espaço, maior ou menor, para o exercício da liberdade
individual, o que faz com que as pessoas possam se distinguir uma das outras, através
das suas escolhas.
O exercício da liberdade individual implica escolhas, que, nas sociedades
contemporâneas, frequentemente estão associadas a um determinado projeto. Indivíduos
desenvolvem seus projetos dentro de um campo de possibilidades e dado um certo
repertório sociocultural - que inclui ideologias, visões de mundo e experiências de classe,
grupos, ethos, dimensões nas quais o indivíduo se insere.

História
Na Idade Média, o indivíduo é visto somente como parte do coletivo, não destacável do
todo social. Em Santo Agostinho, o ser humano é social por natureza ou essência, e
individual por corrupção originária (De civitate Dei XII 28). A sua salvação como indivíduo é
inseparável do destino dos seus semelhantes e, por isso, há uma naturalidade na esfera
do social e do político, que é o próprio indicador da humanização.[1]
Averróis considerava a sociedade como o melhor instrumento para a perfeição do
indivíduo: "É impossível alcançar a perfeição humana integral se não se manifestarem as
diferenças individuais existentes nas pessoas concretas de um povo a cujas distintas
disposições naturais correspondem as diferenças das suas respectivas perfeições. Se
cada sujeito concreto estivesse preparado potencialmente para todas as perfeições
humanas a natureza teria feito algo em vão."[2]
É possível identificar as questões da liberdade e da autonomia, fundamentais para a
emergência do individualismo, já no humanismo renascentista e, mais claramente,
no racionalismo e no iluminismo,[3] quando se estabelece a diferenciação entre o indivíduo
pré-moderno, orientado por uma ordem transcendente, religiosa, e o indivíduo moderno,
orientado sobretudo pela razão e pela vontade.
A ideia do homem como centro do universo, que usufrui de autonomia do espírito,
liberdade da razão e exercício da vontade, é central na passagem do mundo medieval ao
mundo moderno - cujo marco é a Revolução Francesa - e torna possível a afirmação do
indivíduo como princípio e como valor.
Assim, o individualismo remonta ao contrato social e às origens do pensamento
democrático, com Hobbes, Locke e Rousseau e a rejeição do poder político legitimado
pelo direito de dinástico herança ou pela vontade divina. Consolida-se assim a concepção
de indivíduo como um ser uno, livre e responsável por seus próprios atos -
o cidadão moderno, célula mínima do Estado democrático, que lhe garante
contratualmente direitos e deveres.
Alguns autores, destacam no entanto o individualismo moral e político presente
na Reforma luterana como a marca distintiva da modernidade - considerando a Reforma
como até mais importante, neste sentido, do que o contratualismo.e um conceito político
moral e social
Posteriormente, o Romantismo também será fundamental na constituição do
individualismo moderno, que tanto reúne traços iluministas quanto românticos.
Segundo Simmel[4] há duas revoluções individualistas na história do Ocidente, que
resultam em dois tipos de individualismo: a primeira revolução individualista teria sido uma
revolução quantitativa ou numérica (de singleness), fruto do iluminismo, visando o homem
em sua universalidade, o que corresponde à concepção do indivíduo como um cidadão
livre e autônomo, destacado do todo social. A instauração do individualismo
de singleness tem como marco a Revolução Francesa, quando se consolidam os ideais de
igualdade, liberdade e fraternidade. Já a segunda revolução individualista, promovida por
meio do ideário romântico do século XIX, corresponde, segundo o autor, ao individualismo
de uniqueness, e diz respeito à dimensão de excepcionalidade e singularidade do
indivíduo moderno. O que importava agora não era mais ser um indivíduo livre como tal,
mas ser um indivíduo singular e insubstituível[5]

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