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Didáctica de BiologiaI

e
Prática Pedagógica de
Didáctica de Biologia I
Curso de Licenciatura em Ensino de Biologia

Universidade Pedagógica
Departamento de Biologia
Direitos do autor (copyright)
Este módulo não pode ser reproduzido para fins comerciais. Caso haja necessidade de reprodução, deverá ser mantida a referência à
Universidade Pedagógica e aos seus Autores.

Universidade Pedagógica
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Mapuo, 2011
Agradecimentos
À COMMONWEALTH of LEARNING (COL) pela disponibilização do Template usado na produção dos Módulos.

Ao Instituto Nacional de Educação a Distância (INED) pela orientação e apoio prestados.

Ao Magnífico Reitor, Directores de Faculdade e Chefes de Departamento pelo apoio prestado em todo o processo.
Ficha Técnica
Autores: Susann Müller, Cornélio Mucaca e Faira Ibrahimo

Desenho instrucional: Suzete Buque

Revisão Linguística: Ernesto Junior

Maquetização : Aurélio Armando Pires Ribeiro

Ilustração: Valdinácio Florêncio Paulo


Apresentação
Os professores e estudantes de Didáctica de Biologia dos cursos de Formação de Professores em Ensino de
Biologia têm em mão mais uma literatura de Didáctica de Biologia que pode ser indispensável para o seu
bom desempenho profissional e académico. Nele estão contidos temas que presumivelmente formam o
conjunto dos conhecimentos e práticas na sala de aula. O que se pretende, nesta obra, é proporcionar
conhecimentos teóricos e práticos que possibilitem aos professores a aquisição de subsídios que irão ajudar
ao futuro professor de Biologia nas suas pesquisas relacionadas com os métodos e técnicas de ensino cada
vez mais adequados a novas exigências do processo do ensino-aprendizagem.

A obra irá também ajudar na percepção, compreensão reflexiva e crítica das situações didácticas como
elementos que podem assegurar com eficácia o encontro activo entre o aluno e as matérias escolares
incluindo os modos de articulação dos processos de transmissão com a assimilação de conhecimentos. Por
fim, poderá também facilitar a compreensão dos processos de organização, planeamento e avaliação das
actividades pedagógicas em diferentes níveis e contextos do ensino de Biologia.

Os Autores
Prática Pedagógica de Didáctica de Biologia I - i

Índice
Visão geral 1
Bem-vindo ao Módulo de Didáctica de Biologia I 1
Objectivos do Módulo 1
Quem deve estudar este Módulo 2
Ícones de actividade 2
Acerca dos ícones 2
Habilidades de estudo 3
Precisa de apoio? 3
Auto-avaliação 4
Avaliação 4
Tempo de estudo e outras actividades 4

Lição no 1 5
Introdução a Didáctica de Biologia 5
Introdução 5
Prática Pedagógica 9

Lição no 2 11
Importância das aulas de Biologia no processo de ensino-aprendizagem 11
Introdução 11
Tipos de educação e formação 11
Âmbitos de Educação e Formação 12
Alguns âmbitos da educaçao geral 13

Lição no 3 15
Objectivos das aulas de Biologia 15
Introdução 15
a) Classificaçao de Möller 17
b) Classificaçao de Bloom 17
Prática Pedagógica 22

Lição nº 4 23
Funções das aulas de Biologia 23
Introdução 23
Conceito de Função 23
ii Índice

Lição nº 5 27
Conteúdo das aulas de Biologia 27
Introdução 27
Definição do conceito de conteúdo 28
Prática Pedagógica 37

Lição nº 6 38
Princípios didácticos 38
Introdução 38
Prática pedagógica 47

Lição nº 7 48
Formas de interacção diferenciada e o seu significado para as aulas de Biologia – formas sociais 48
Introdução 48
Conceito de formas sociais 48

Lição nº 8 53
Actividades cognitivas dos alunos como actividades principais para obtenção dos conhecimentos 53
Introdução 53
Prática pedagógica 59

Lição no 9 60
Transmissão e Aquisição de conceitos 60
Introdução 60
Processos de formação de conceitos nas aulas de Biologia 60
Prática Pedagógica de Didáctica de Biologia I - iii

Lição nº 10 66
Realização das aulas de Biologia considerando as Funções Didácticas 66
Introdução 66

Lição nº 11 70
Realização das aulas de Biologia considerando os Métodos Básicos 70
Introdução 70
Prática pedagógica 83

Lição nº 12 84
Utilização dos meios didácticos nas aulas de Biologia 84
Introdução 84
Prática pedagógica 91
Utilização dos modelos e método de modelo 92
Introdução 92

Lição nº 14 95
Tratamento de aspectos teóricos nas aulas de Biologia 95
Introdução 95
Bibliografia Geral 100
Prática Pedagógica de Didáctica de Biologia I - 1

Visão geral
Bem-vindo ao Módulo de Didáctica de Biologia I

Neste módulo você vai estudar aspectos relacionados com a importância das aulas de Biologia no
processo de ensino-aprendizagem, os tipos da educação e formação em Moçambique, aspectos
metódicos para a identificação, selecção de conteúdos para as aulas de Biologia, objectivos para as
aulas de Biologia, factores estruturais e tendências modernas das aulas de Biologia, o processo de
aprendizagem e tipos de aprendizagem, a realização das aulas de Biologia considerando as Funções
Didácticas e Métodos Básicos, a planificação das aulas de Biologia, a utilização dos meios
didácticos nas aulas de Biologia e outros temas relacionados. Os conteúdos são apresentados de
forma a garantir que ao fim do módulo você possa enquadrar as técnicas de planificação e avaliação
no contexto das teorias educativas e curriculares e que seja competente na elaboração e selecção de
estratégias para resolver problemas da educação em Moçambique. Do mesmo modo, o manual irá
lhe facultar uma auto-aprendizagem de modo que ao fim do curso esteja com os conhecimentos
dentro das metas exigidas e definidas segundo os objectivos preconizados para a disciplina.

Objectivos do Módulo
Os objectivos gerais do curso de Licenciatura em Ensino de Biologia são a formação de quadros de
nível superior com conhecimentos científicos adequados e domínio das técnicas especiais de
pensamento e trabalhos nas áreas de Biologia e Ciências Pedagógicas.

Pretende-se com este Módulo, que seja capaz de:

1. entender o processo educativo, na escola, como instância de transmissão, recriação,

Objectivos transformação de saberes amplos, de socialização da cultura e construção da cidadania;

2. conhecer as concepções teórico-práticas e práticas das formas curriculares de organização e


planificação do ensino de Biologia;

3. analisar e reflectir sobre as relações entre a didáctica e as práticas de ensino de Biologia à luz
Curso de Licenciatura em Ensino de Biologia

das novas tendências curriculares em Moçambique;

4. desenvolver interesse pela profissão assim como atitudes e convicções que servem para o
melhoramento da qualidade do processo de ensino-aprendizagem nas escolas moçambicanas.

Quem deve estudar este Módulo


Este Módulo foi concebido para todos aqueles que tenham concluído a 12a classe de Ensino
Secundário Geral, grupo de ciências ou equivalente, e tenham-se inscrito no curso de Biologia à
Distância fornecido pela Universidade Pedagógica.

Ícones de actividade
Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das folhas. Estes ícones
servem para identificar diferentes partes do processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela
específica de texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc.

Acerca dos ícones


Neste Módulo encontrará ícones que identificam as actividades, dicas, sumários e actividades de
auto-avaliação.

Pode ver o conjunto completo de ícones deste manual já a seguir. Cada um com uma descrição do
seu significado e da forma como nós interpretámos esse significado para representar as várias
actividades ao longo deste Módulo.

Comprometimento/ Resistência, “Qualidade do “Aprender através


perseverança perseverança trabalho” da experiência”

(excelência/
autenticidade)
Actividade Auto-avaliação Avaliação / Exemplo /
Teste Estudo de caso
Prática Pedagógica de Didáctica de Biologia I - 3

Confirmação / Horas / Vigilância / “Eu mudo ou


Correcção programação preocupação transformo a minha
vida”
Resultados Tempo Tome Nota!
Objectivos

“[Ajuda-me] deixa- “Pronto a enfrentar Apoio /


“Nó da sabedoria”
me ajudar-te” as vicissitudes da encorajamento
vida”

Leitura (fortitude /
preparação) Terminologia Dica
Resumo

Habilidades de estudo
Este Módulo foi concebido tendo em consideração que você vai estudar sozinho. É por isso que no
fim de cada lição apresentamos tarefas que o auxiliarão a verificar tudo o que nela aprendeu.

Fazem parte deste conjunto de tarefas, actividades práticas que deverá realizar considerando a
realidade actual das escolas moçambicanas. Desta forma, as tarefas apresentadas são preciosas para
você conhecer o nível da sua aprendizagem e poder relacioná-las com as práticas mais frequentes nas
escolas. Fazem parte deste módulo Práticas Pedagógicas que consistem em trabalhos de campo a ser
realizados para tornar mais familiar a realidade da escola nas suas aulas de Didáctica, como é o caso
de visitas à escolas e respectiva observação, assistência das aulas, etc.

Precisa de apoio?
Se tiver dificuldades, tem o Centro de Recursos à sua espera, perto do local da sua residência. Não
hesite em recorrer a esse centro, pois ele foi criado para si. Lá encontrará literatura e outros materiais
de consulta. Também poderá consultar ao seu tutor, usando vários meios que serão definidos no
início do curso.
Curso de Licenciatura em Ensino de Biologia

Auto-avaliação
Ao longo de cada Lição você terá que resolver uma série de tarefas e exercícios, que o ajudarão a
consolidar a matéria por sí aprendida.

Recomendamos que você resolva todas as tarefas propostas sem correr para consultar a Chave de
Correcção.
Todas as tarefas resolvidas devem ser enviadas para o professor ou tutor presencial no pólo para que
possa ter a respectiva Chave de Correcção.

Avaliação
Nesta disciplina de natureza integrada (Didáctica de Biologia I e Prática Pedagógica de Didáctica de
Biologia I) você vai realizar duas avaliações presenciais (AP’s) e várias avaliações a distância
(AD’s) para a Didáctica de Biologia I enquanto para Prática Pedagógica da Didáctica de Biologia I,
cada uma das actividades a ser realizadas que será avaliado pelo docente da disciplina. As avaliações
serão feitas com base na sua interacção com o professor na plataforma ou ainda através de outros
meios de comunicação que forem disponíveis. No fim do módulo você vai realizar um exame para a
Didáctica de Biologia I e um relatório do decurso das aulas para a Prática Pedagógica de Didáctica
de Biologia I.

Cada avaliação presencial tem a duração de 90 minutos e o exame tem a duração de 120 minutos. O
calendário das avaliações será apresentado no início de cada semestre.

Tempo de estudo e outras actividades


Este Módulo compreende um semestre.
Você deverá despender 50 horas de estudo para este Módulo.
Deve também estudar, em média, uma hora por dia consoante a sua
Quanto tempo? disponibilidade para completar as 5 horas semanais recomendadas pelo
plano de estudos.
Em cada lição, deve despender no mínimo 90 minutos para estudar os
conteúdos, resolver as tarefas e realizar as actividades em grupo ou de
reflexão.
Prática Pedagógica de Didáctica de Biologia I - 5

Lição no 1
Introdução a Didáctica de Biologia
Introdução
Como estudou no Módulo da Didáctica Geral, já sabe, que a palavra didáctica vem da
expressão grega (techné didaktiké), que se pode traduzir como arte ou técnica de ensinar.
Assim, a Didáctica como ciência ocupa-se das estratégias de ensino, das questões relativas
à metodologia e das estratégias de aprendizagem. Ela funciona como um elemento
transformador da teoria na prática. A Didáctica não pode dedicar-se somente ao ensino de
meios e mecanismos pelos quais se desenvolve um processo de ensino e aprendizagem,
deverá ser um modo crítico de desenvolver uma prática educativa que será feito pelo
educador conjuntamente com o educando. Para isso, é necessário tomar em consideração
que o papel do ensino, e portanto, do professor, é mediar a relação de conhecimento que o
aluno trava com os objectos de conhecimento e consigo mesmo, para a construção da sua
aprendizagem. Também deve possibilitar que o aluno desenvolva suas próprias
capacidades para que ele mesmo realize as tarefas de aprendizagem e chegue a um
resultado.

Ao completar esta lição, você será capaz de:


• Identificar os problemas que afectam o ensino de Biologia em
Moçambique;
Objectivos da lição • Reflectir de forma coerente sobre o Sistema de Educação e
Formação em Moçambique;
• Agir de forma coerente na resolução dos problemas que afectamo
ensino de Biologia.
Curso de Licenciatura em Ensino de Biologia

Conceito de Didáctica

Caro estudante, em primeiro lugar vamos repetir o conceito de Didáctica. Ainda se lembra
da definição científica deste conceito? Com certeza sabe, que na bibliografia científica
aparecem vários conceitos, sendo alguns os que vamos apresentar logo a seguir.

A Didáctica é a disciplina que explica os processos de ensino-aprendizagem para propôr


sua realização consequente com as finalidades educativas (Contreras Domingo, 1990).

Didáctica é a ciência que tem por objecto específico e formal a direcção do processo de
ensinar, tendo em vista fins imediatos e remotos de eficiência instrutiva e formativa (Renzo
Titone, 1974)

A Didáctica é uma disciplina científica da Pedagogia que se refere às relações regulares


entre o acto de ensinar e a aprendizagem. Assim, a Didáctica estuda o processo de ensino,
em cujo desenvolvimento ocorre a assimilação dos conhecimentos sistematizados, o
domínio dos procedimentos para aplicar tais conhecimentos na prática, e o
desenvolvimento das forças cognoscitivas do educando (Danilov, 1978).

Entretanto, a Didáctica está a caminho de ser uma ciência e tecnologia que se constrói a
partir da teoria e da prática, em ambientes organizados de relação e comunicação
intencional, nos quais se desenvolvem processos de ensino e aprendizagem para a
formação do aluno. Compreendemos por doutrina geral do ensino, a estruturação didáctica,
a teoria da instrução e do ensino escolar de toda natureza em todos os níveis.

No entanto, a Didáctica de Biologia trata das questões gerais do ensino de Biologia e


procura expôr os princípios e postulados que se apresentam em todas as disciplinas. A
Didáctica de Biologia como uma ciência investiga as regularidades pedagógicas do
processo de transmissão de conhecimentos biológicos pelo professor e a aquisição dos
mesmos pelos alunos. Por isso a Didáctica de Biologia é uma ciência pedagógica que está
ligada a outras disciplinas pedagógicas (ex. Didáctica Geral e Fundamentos de Pedagogia)
e biológicas em que as disciplinas pedagógicas ajudam ao professor na direcção e
orientação das tarefas de ensino e da aprendizagem, fornecendo-lhe segurança profissional.
Essa segurança ou competência profissional é muito importante, mas é quase sempre
insuficiente. Além dos objectivos da disciplina, dos conteúdos, dos métodos e das formas
de organização do ensino, é preciso que o professor tenha clareza das finalidades que tem
em mente na educação dos seus alunos com base nos conteúdos científicos da Biologia. É
Prática Pedagógica de Didáctica de Biologia I - 7

uma disciplina que mostra como é possível utilizar a ciência especial e a didáctica geral
para a transmissão óptima dos conteúdos biológicos; observa, analisa e controla todo
sistema de parâmetros das aulas e explora os conhecimentos para a planificação e
realização das aulas.

O professor é um sujeito que ensina. Existem diferentes maneiras e caminhos para ensinar.

O aluno é o sujeito que aprende. Existem diferentes maneiras e caminhos para aprender,
por isso observam-se diferentes resultados.

Fig. 1 Relação da Didáctica de Biologia com outras disciplinas.

Problemas da Educação

Em Moçambique existem três problemas de Educação, nomeadamente: problema da


planificação, problema da consideração do aluno e problema de consideração de métodos
didácticos.

Já a seguir vamos caracterizar cada um destes problemas.

a) Problema da Planificação

Os dois grandes males que debilitam o ensino e restringem o seu rendimento são a rotina
sem inspiração nem objectivos e a improvisação dispersiva, confusa e sem ordem dos
conteúdos (Müller, 2005).

Isto significa, que é preciso organizar o processo de ensino-aprendizagem, planificando


todas as actividades inerentes a este.
Curso de Licenciatura em Ensino de Biologia

b) Problema da Consideração do aluno

Muitas vezes os alunos não são considerados como sujeitos mas sim como objectos
(Müller, 2005).

Da sua prática pedagógica já deve saber, que o professor deve conhecer os seus alunos, de
forma que possa chamá-los pelos nomes, e não pelos atributos que muitas vezes resultam
da situação momentânea em que estes se encontram. Isso pode ser considerado por parte
do aluno como um “ensulto”, fugindo totalmente das regras disciplinares de um educador.

c) Problema de Consideração de métodos didácticos

Se a aula for dada apenas com regras fixas e com processos já provados, comporta-mo-
nos como operários em frente de maquinas cujo funcionamento não compreendemos
(Müller, 2005).

Com certeza concorda, que existem vários métodos para atingir um certo objectivo. Mas,
não existe um só método que tenha dado o mesmo resultado com todos os alunos. O ensino
torna-se mais eficaz quando o professor conhece a natureza das diferenças entre os
diferentes alunos.

De todas as deficiências, a pior é a tendência do professor ao monólogo, a salivação sem


diálogo, o que traduz a sua falta de interesse pela participação activa dos alunos. Quanto
mais passivos e bem disciplinados forem os alunos, mais felizes são alguns professores
(Müller, 2005).

1. Relacione os conceitos de Educação, Pedagogia e Didáctica.


2. Refere a importância da Didáctica de Biologia.

Tarefas

Respostas
1. Educação é o objecto do estudo da Pedagogia. A Pedagogia orienta a
educação para as suas finalidades específicas. A Pedagogia investiga a
natureza das finalidades da educação, sendo uma ciência da e para a
educação que estuda a eduicação, a instrução e o ensino. A Didáctica é o
principal ramo de estudos da Pedagogia.
Prática Pedagógica de Didáctica de Biologia I - 9

2. A Didáctica de Biologia trata das questões gerais do ensino de Biologia e


procura expôr os princípios e postulados que se apresentam em todas as
disciplinas. Ela investiga as regularidades pedagógicas do processo de
transmissão de conhecimentos biológicos pelo professor e a aquisição dos
mesmos pelos alunos.

Prática Pedagógica
• Assiste duas aulas de Biologia da 8ª e 9ª classes e indique as dificuldades actuais do
ensino de Biologia que for a constatar.
• Indentifique na aula assistida os problemas relacionados com a planificação das aulas
de Biologia.
• Indique os conteúdos biológicos abordados na aula, possíveis de ser aprendidos fora
das aulas de Biologia e a sua importância para o desenvolvimento de competências
no aluno.
• Durante a assistência das aulas utilize o modelo de assistência de aulas que a seguir
se apresenta:
Curso de Licenciatura em Ensino de Biologia

FICHA DE OBSERVAÇÃO E AVALIAÇÃO DE AULA (para cada classe)

Escola: __________________________________ Classe: ______


Estudante: _______________________________
Tema da aula: _________________________________________________
Aspectos a considerar durante o desenvolvimento da Sim Não
aula pelo professor
Demonstra domínio do assunto da aula?
Selecciona técnicas de acordo com os objectivos e o
conteúdo do programa?
Maneja com habilidade os métodos de ensino?
Demonstra naturalidade e confiança na sua abordagem?
Esclarece o aluno no momento em que ele apresenta
dúvida?
Utiliza recursos didáticos adequadamente?
Desenvolve o assunto de maneira equilibrada e no
tempo previsto?
Avalia o rendimento da aprendizagem de acordo com os
objectivos propostos?
Proporciona a participação activa dos alunos,
estimulando o desenvolvimento do pensamento e
atitudes?
Comunica-se com precisão, clareza e sem reproduzir os
conteúdos do lívro?
Prática Pedagógica de Didáctica de Biologia I - 11

Lição no 2
Importância das aulas de Biologia no processo de
ensino-aprendizagem
Introdução
Sem dúvida concorda connosco que a Biologia se tornou na actualidade um factor primordial
para o processo do ensino e da aprendizagem, tomando em consideração o facto de que a
disciplina em questão está relacionada com a vida do Homem e com a preservação ambiental e
do mundo. Os professores e a sociedade devem estar sempre em busca de novos
conhecimentos e actualidade com base nos avanços tecnológicos, para poderem diversificar a
sua praxis educativa. A Educação pode ser definida como uma metodologia porque investiga e
fundamenta teoricamente a interligação entre a actividade pedagógica do aluno e do professor.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

• Descrever a estrutura organizacional do Ensino em Moçambique;


Objectivos da lição
• Indicar as classes em que se começa a transmitir conhecimentos
biológicos e as respectivas fases de construção desse
conhecimento nas escolas moçambicanas.

Tipos de educação e formação

A tabela que a seguir se apresenta mostra a relação existente entre os diferentes tipos de
educaçao e formação:

Tabela 1: Classificação da Educação e Formação em Moçambique

Aulas obrigatórias, aulas semi obrigatórias-facultativas,


Nas aulas
aulas facultativas
Educação e
Formação em Na escola Fora das Bibliotecas, exposições e outras actividades extra-
Moçambique aulas curriculares realizadas fora das aulas
Fora da escola Na família, igreja, comunidade, etc.
Curso de Licenciatura em Ensino de Biologia

Logo a seguir, caro estudante, caracterizamos cada um dos tipos da Educação e Formação.

Aulas obrigatórias são aquelas em que existe a obrigação de o aluno assistir as aulas (o
aluno deve participar).

Aulas semi obrigatórias-facultativas são aquelas em que o aluno pode escolher em que
disciplinas quer fazer parte mas, depois de escolher há obrigação de participar.

Aulas facultativas são aquelas em que o aluno escolhe e depois de escolher pode ou não
assistir.

Âmbitos de Educação e Formação

Em Moçambique a disciplina de Biologia tem uma posição específica tanto no Ensino


Básico como no Ensino Secundário.

O Ensino Básico do currículo actual compreende três ciclos:

 1º Ciclo – 1ª a 2ª classes

 2º Ciclo – 3ª, 4ª e 5ª classes

 3º Ciclo – 6ª e 7ª classes

Os conhecimentos biológicos são transmitidos a partir da 3ª classe na disciplina de


Ciências Naturais que continua nas 4ª, 5ª, 6ª e 7ª classes.

O Ensino Secundário Geral tem a duração de 5 anos e organiza-se em dois ciclos


sequenciais:

 1o ciclo: compreende a 8a, 9 a e 10a classe


 2o ciclo: comprende a 11a e 12a classes onde o aluno opta pela secção de Ciências
ou de Letras.

Na 8ª classe, como a classe inicial do Ensino Secundário, começa o ensino de Biologia


como disciplina. Esta continua até a 12ª classe.
Prática Pedagógica de Didáctica de Biologia I - 13

As aulas de Biologia como parte do PEA dependem do tipo de educação e formação e do


âmbito da cultura geral em que se enquadram. Sendo assim, prezado
estudante, apresentamos já a seguir os âmbitos da Educação e suas características.

Alguns âmbitos da educaçao geral

Ciências Naturais – transmitem conhecimentos sobre os fenómenos da natureza e a sua


utilização pelo Homem. Neste âmbito encontramos a disciplina de Biologia, Química e
Física

Ciências Sociais – transmitem conhecimentos sobre as relações sociais entre os Homens.

Educação física e Desportos – contribuem para a força e saúde do Homem.

Línguas – dão a possibilidade de comunicação e interacção entre os Homens.

Como foi apresentado na lição anterior, a Didáctica de Biologia é caracterizada pela sua
natureza científica e interdisciplinar. Desta forma é possível distinguir as seguintes
características:

a. contextualiza a prática pedagógica e repensa as dimensões técnicas que exercem


uma influência sobre a natureza e o Homem;
b. analisa as diferentes metodologias, o contexto em que surgiram e a visão do
Homem em relação a sociedade, conhecimento científico e da educação a que
correspondem;
c. elabora reflexões pedagógicas a partir da análise das experiências concretas entre a
teoria e a prática;
d. assume o compromisso com a transformação da natureza intelectual do Homem
através da consciencialização deste sobre a importância da tarefa de ensinar a
Biologia no contexto;
e. busca formas de manter a motivação dos alunos para a aprendizagem das ciências
biológicas;
f. discute os temas do currículo tendo em conta a sua interacção com o meio social ou
o dia-a-dia do aluno.
Curso de Licenciatura em Ensino de Biologia

1. Fale da organização do ensino em Moçambique.


2. Indique as classes e as disciplinas onde se transmite

Tarefas conhecimentos biológicos.


3. Mencione pelo menos três (3) tarefas da Didáctica de Biologia.
Prática Pedagógica de Didáctica de Biologia I - 15

Lição no 3
Objectivos das aulas de Biologia
Introdução
Os objectivos são o ponto de partida e constituem premissas gerais do processo
pedagógico. Representam as exigências da sociedade em relação à escola, ao ensino, aos
alunos e, ao mesmo tempo, reflectem as opções políticas e pedagógicas dos agentes
educativos em face das condições sociais existentes na comunidade. Dessa forma, para
definir o conceito “objectivo” deve-se pensar primeiro numa questão - se não sei para
onde vou, como posso lá chegar?

Ao completar esta lição, você será capaz de:

• Classificar os objectivos;
Objectivos da lição • Elaborar objectivos para as aulas de Biologia;

• Seleccionar e materializar objectivos de diferentes níveis nas


aulas de Biologia.

Definição do conceito de ″Objectivo″


Em primeiro lugar, caro estudante, é necessário conhecer o significado do conceito de
objectivo. Como já deve ser do seu conhecimento do estudo da disciplina da Didáctica
Geral, encontramos na bibliografia vários conceitos. O conceito de objectivo pode ser
definido de várias maneiras como as que se apresentam na tabela que se segue:
Curso de Licenciatura em Ensino de Biologia

Tabela 1: Conceito de objectivo e seu significado.

Conceito Significado
Objectivo como É uma descrição de um conjunto de metas a atingir, que condicionam
uma descrição os métodos, os instrumentos, os modelos de trabalho, os
comportamentos que o professor e o aluno devem assumir durante o
processo de ensino-aprendizagem.
Objectivo como É uma intenção ou finalidade que se pretende que o aluno atinja no
uma intenção processo de ensino-aprendizagem.
Objectivo É a transformação das orientações estratégicas (funções, finalidades)
didáctico em resultados pré-concebidos e concretos operacionalizados.

Para a continuição dos nossos estudos na Didáctica de Biologia, utilizamos a definição


didáctica do conceito de objectivo.

Sendo assim, torna-se necessário, que investigamos o significado de cada parte da


definição apresentada.

Se falarmos sobre orientações estratégicas, então estamos a fazer referência às funções e


finalidades educativas. Deve ser do seu conhecimento, que as finalidades educativas estão
fixadas no Plano Estratégico da Educação.

Se indicamos que os objectivos são resultados pré-concebidos, então temos ter na mente
que qualquer aula carece de objectivos que devem ser concebidos antes das aulas.

Se um objectivo é concreto operacionalizado, então optamos pela possibilidade de se


comparar os objectivos planificados antes de uma aula com os objectivos alcançados
depois da realização duma aula.

Classificação dos objectivos

Dos seus estudos anteriores, já deve ser do seu conhecimento que os objectivos podem ser
classificados de várias maneiras. No entanto, cada classificação utiliza um certo critério de
classificação.

Na Didáctica de Biologia, utilizaremos duas classificações que já se apresentam logo a


seguir.
Prática Pedagógica de Didáctica de Biologia I - 17

a) Classificaçao de Möller

Esta classificação utiliza como critério a projecção (ou o tempo para que um certo
objectivo está projectado) e compreende três subgrupos:

 Objectivos gerais – projecção de um ou vários anos escolares.

 Objectivos específicos – projecção de unidades didácticas ou várias aulas.

 Objectivos mais específicos – projecção de uma aula ou fases da aula.

b) Classificaçao de Bloom

Esta classificação refere-se a níveis de complexidade de operações a realizar pelo sujeito


(aluno) de aprendizagem:

Nível cognitivo (âmbito de conhecimento)

Nível psicomotor (âmbito de habilidades e capacidades)

Nível afectivo (âmbito de convicções e atitudes)

Os objectivos devem abranger todos os níveis ou âmbitos, por isso existe uma relação entre
as duas taxonomias.

Características e propriedades dos objectivos


Para que os objectivos possam ser alcançáveis, eles devem apresentar certas características
e propriedades:

 Pertinentes – devem estar relacionados com o conteúdo.

 Lógicos – devem apresentar os mesmos resultados, não devem apresentar


contradições.

 Inequívocos – devem ser definidos com precisão indicando o que se pretende


exactamente.

 Realizáveis – formular objectivos possíveis de ser realizados e alcançados.

 Relevantes – devem estar relacionados com o ambiente real do aluno.


Curso de Licenciatura em Ensino de Biologia

 Compatíveis – juntar os objectivos relacionados com o assunto a tratar.

 Congruentes – o conteúdo não pode ser diferente dos objectivos.

 Observáveis – devem possibilitar o alcance do objecto pelo qual foram traçados.

 Mensuráveis – deve ser possível medir através de uma escala de avaliação do


aluno.

 Equilibrados – deve haver um equilíbrio entre os âmbitos e níveis pelos quais


foram traçados.

 Operacionalizados – os formulados devem ser comparáveis com os alcançados.

 Alcançáveis – traçar objectivos possíveis.

Como foi dito anteriormente, os objectivos podem ser classificados de acordo com a sua
especificidade. Sendo assim, apresentamos logo a seguir alguns exemplos da formulação
correcta considerando as duas classificações segundo Möller e Bloom.

1. Os objectivos gerais traduzem funções profissionais e são expressos de uma forma


muito geral.

Por exemplo:

 Ao terminar a disciplina, os alunos devem:

- obter conhecimentos sobre a Biologia como ciência;

- ser capazes de aplicar correctamente a linguagem científica;

- utilizar os conhecimentos da ciência biológica para melhorar as condições de vida na


comunidade.

2. Os objectivos específicos traduzem a actividade profissional.

Por exemplo:

 Ao fim desta unidade didáctica, os alunos devem:

- possuir conhecimentos sobre o Homem e o reino animal;

- ser capazes de descrever as características dos seres vivos;

- ter a consciência da existência da unidade e variabilidade da natureza viva.


Prática Pedagógica de Didáctica de Biologia I - 19

3. Os objectivos mais específicos traduzem a tarefa profissional do professor.

Por exemplo:

 Ao fim da aula, os alunos devem:

- possuir conhecimentos sobre as características dos seres vivos;

- ser capaz de estabelecer a diferença entre plantas e animais;

- desenvolver atitudes como iniciativa e solidariedade com os seres vivos.

Para a formulação de um objectivo torna-se muito importante conhecer os seus


constituintes. Daí, prezado estudante, segue a apresentação dos elementos de qualquer
objectivo educacional e/ou didáctico.

Elementos dos objectivos


Ao analisar um objectivo deve se tomar em consideração os seguintes elementos:

 Em Geral: Actividade + Conteúdo

A actividade corresponde a designação do comportamento activo a executar.

O conteúdo é o conjunto de conhecimentos, capacidades/habilidades e


atitudes/convicções correspondentes a actividade a desempenharem.

 Em Especial: Actividade +Conteúdo + Contexto + Critério

O contexto indica as condições importantes, nas quais a actividade se deve produzir.

O critério expressa um resultado positivo que deve aparecer sob certas condições.

Formulação dos objectivos


Ao formular os objectivos deve-se considerar o aluno como sujeito do processo de ensino e
aprendizagem, sendo ser o centro das atenções.
Curso de Licenciatura em Ensino de Biologia

Por isso, caro estudante, a formulação de um objectivo sempre deve começar com a
expressão “O aluno deve ....”.

Fontes principais para a identificação dos objectivos


Para traçar os objectivos deve-se tomar em consideração os elementos intervenientes do
processo de ensino-aprendizagem, ou seja, o aluno, a sociedade e a ciência especifica. Esta
relação está representada pela figura que se segue.

Fig. 1 Fontes principais para a identificação dos objectivos.


Prática Pedagógica de Didáctica de Biologia I - 21

1.) Assinale com X as afirmações que correspondem aos objectivos.


1. Os alunos devem ser capazes de aplicar métodos biológicos.
2. As aulas de Biologia contribuem para o direito de uma atitude activa em
relação a protecção da natureza e dos seres vivos.

Tarefas 3. Semelhanças entre o Homem e os outros mamíferos.


4. As aulas de Biologia têm a tarefa de explicar que a relação entre o Homem, a
natureza e a sociedade formam um todo.
5. As aulas de Biologia possibilitam os alunos a reconhecer a posição dos
diferentes organismos no sistema de classificação da matéria viva.
6. Estrutura e função do aparelho digestivo
7. Os alunos devem revelar atitudes que correspondem as exigências da higiene
do sistema reprodutivo.
8. Os alunos devem ser capazes de reconhecer que produção é a base essencial
para satisfação das necessidades materiais e ideais do Homem.
9. As aulas de Biologia possibilitam a aplicação dos métodos que servem para
uma aprendizagem continua.
2.) Das afirmações assinaladas, identifique objectivos:
a) no nível cognitivo
b) no nível psicomotor
c) no nível afectivo.

Respostas
1. 1; 7; 8
2. 1 – nível psicomotor; 7 – nível afectivo; 8 – nível psicomotor
Curso de Licenciatura em Ensino de Biologia

Prática Pedagógica
Os objectivos para as aulas de Biologia devem ser elaborados considerando os três âmbitos
(saber, capacidades/habilidades e atitudes/convicções) ou níveis (cognitivo, psicomotor e
afectivo). No entanto, caro estudante, o ensino baseado em competências é também uma
exigência da actualidade no ramo da educação de que já deve ter ouvido.

Com base nos programas de ensino da 8ª, 9ª e 10ª classes em uso nas escolas
moçambicanas quantifique e analise os objectivos tendo em conta o impacto da
predominância de uns em detrimento dos outros. Construa diagramas que podem facilitar a
sua análise.

Tabela modelo de análise para cada classe:

Nível de objectivos/ competências Frequência Percentagem (%)


Cognitivos/Saber
Psico-motor/Capacidades e habilidades
Afectivo/Atitudes e convicções
Total de objectivos
Competências
Total
Nota: Deve elaborar o gráfico comparativo correspondente aos dados tabelados. Utilize para isso
os seus conhecimentos aprendidos na disciplina de MIC.
Prática Pedagógica de Didáctica de Biologia I - 23

Lição nº 4
Funções das aulas de Biologia
Introdução
Com certeza concorda connosco, se afirmamos que a indicação de etapas do
desenvolvimento da aula não significa que todas as aulas devem seguir um esquema rígido.
A opção por qual etapa ou passo didáctico é mais adequado para iniciar a aula ou a
conjugação de vários passos numa mesma aula ou conjunto de aulas depende dos
objectivos e conteúdos da matéria, das características do grupo de alunos, dos recursos
didácticos disponíveis, da criatividade e flexibilidade do professor, das informações
obtidas na avaliação diagnóstica etc. Devemos considerar que não há entre as etapas ou
passos didácticos uma sequência necessariamente fixa, e que dentro de uma etapa se
realizam simultaneamente outras.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

• Indicar as funções gerais das aulas de Biologia;


Objectivos da lição • Identificar as funções das aulas de Biologia no processo
do ensino-aprendizagem.

Conceito de Função
Talvéz, caro estudante, ainda se lembra do conceito de função como aprendeu na disciplina
de Matemática no Ensino Secundário. Sendo assim, o conceito de função é definido como
uma relação que faz corresponder uma variável (x) univocamente a uma outra (y)
dependente da primeira. Esta expressão representa-se na Matemática através da seguinte
fórmula:

F(x)=y

Aproveitamos esta fórmula também para a nossa disciplina da Didáctica.


Curso de Licenciatura em Ensino de Biologia

Vejamos.

A correspondência unívoca de cada variável contribui para a formação de um conjunto de


variáveis que podem concorrer para o mesmo fim formando um sistema que é um conjunto
de variáveis que depende das partes constituintes, em que cada parte dá o seu contributo
para o bom funcionamento do sistema. O esquema que se segue mostra um exemplo de
sistema.

Sistema

Parte 1 Parte 2 Parte 3

Imaginamos que a Educação e Formação é considerada como um sistema. Sendo assim,


podemos aplicar o esquema representado acima, obtendo a seguinte ilustração.

Sistema da Educação e Formação

Ensino
Ensino Básico Ensino Técnico-
Secundário Profissional
Prática Pedagógica de Didáctica de Biologia I - 25

Funções gerais das aulas de Biologia

A partir da definição do conceito de função é possível deduzir as funções das aulas de


Biologia. No entanto, podemos distinguir entre as funções gerais e as funções específicas
que seguidamente já apresentamos.
As funções gerais das aulas de Biologia são:
• Formação de uma concepção geral.
• Contribuição para a compreensão dos problemas característicos da espécie humana.
• Compreensão do facto de que a produção é a base para a satisfação das
necessidades materiais e ideais do Homem.
• Contribuição para a criação de condições para a formação contínua.

No entanto, prezado estudante, as aulas semi obrigatórias-facultativas e as aulas


facultativas possuem certas funções gerais que podemos adicionar as funções que já
mencionamos acima.

Funções gerais das aulas semi obrigatórias-facultativas e facultativas de Biologia

• Contribuição para a consolidação e aprofundamentos dos conhecimentos,


habilidades, capacidades, atitudes e convicções já adquiridas na cultura geral.
• Contribuuição para a extensão da cultura geral.

Além das funções gerais, as aulas semi obrigatórias-facultativas e facultativas de Biologia


apresentam funções específicas que logo a seguir indicamos.

Funções específicas das aulas semi obrigatórias- facultativas e facultativas


• Indicação – O aluno já tem um determinado interesse, passa a reconhecer esse
interesse precisamente neste tipo de aulas.
• Catalização – Acelera o processo de aquisição de conhecimentos, capacidades,
habilidades e convicções.
• Orientação – Acompanha, orienta, auxilia o aluno a alcançar os seus objectivos
na vida.
• Integração – Integra o conhecimento e as capacidades/habilidades assim como
convicções/atitudes que o aluno adquire neste tipo de aulas nas aulas
obrigatórias.
Curso de Licenciatura em Ensino de Biologia

• Activação – Activa os alunos para a aprendizagem.

• Indique as funções gerais das aulas de Biologia.


• A função de catalização acelera o processo de aquisição de
Tarefas
conhecimentos, capacidades, habilidades e convicções/atitudes.
Comente a afirmação, apresentando exemplos concretos.
Prática Pedagógica de Didáctica de Biologia I - 27

Lição nº 5
Conteúdo das aulas de Biologia

Introdução
Os conteúdos de ensino podem ser definidos como um conjunto de conhecimentos,
habilidades, hábitos, modos valorativos e atitudinais de actuação social, organizados
pedagógica e didacticamente, tendo em vista a assimilação activa e aplicação pelos alunos
na sua prática de vida. Os conteúdos englobam conceitos, ideias, factos, processos,
princípios, leis científicas, regras, habilidades cognoscitivas, modos de actividade, métodos
de compreensão e aplicação, hábitos de estudo, de trabalho e de convivência social;
valores, convicções, atitudes. São expressos nos programas de ensino oficiais, nos livros
didácticos, nos planos curriculares e de aula, nas aulas, nas atitudes e convicções do
professor, nos exercícios, nos métodos e formas de organização de ensino.

Os conteúdos são organizados em matérias de ensino e articulados pelos objectivos e


métodos incluindo normas de organização do ensino, nas condições reais donde ocorre o
Processo de Ensino-aprendizagem tal como no meio social, escolar, famíliar, etc.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

Objectivos da lição
• Seleccionar conteúdos para as aulas de Biologia;
• Identificar os critérios para escolha de conteúdos para as aulas
de Biologia.
Curso de Licenciatura em Ensino de Biologia

Como sempre, caro estudante, é necessário que definimos o conceito de conteúdo para
saber o seu significado.

Definição do conceito de conteúdo


Conteúdo é uma escolha consequente dos resultados de uma ciência organizados
pedagógica e didacticamente, tendo em vista a assimilação activa e aplicação pelos alunos
na sua prática da vida.

Isto significa, que nem todo o conhecimento que existe dentro de

uma ciência deve ser transmitido na escola. Torna-se necessário decidir qual é a matéria
científica em que cada disciplina escolar tem importância para ser transmitida pelo
professor e adquirida pelo aluno.

Elementos dos conteúdos para as aulas de Biologia

Os conteúdos de ensino são constituídos por três elementos:

 conhecimentos sistematizados;
 habilidades e hábitos;
 atitudes e convicções.

Os conhecimentos sistematizados correspondem a conceitos e termos fundamentais das


ciências; factos e fenómenos da ciência e da actividade quotidiana; leis fundamentais que
explicam as propriedades e as relações entre objectos e fenómenos da realidade;
fenómenos, métodos de estudo da ciência e a história da sua elaboração, e problemas
existentes no âmbito da prática social (contexto económico, político, social e cultural do
processo de ensino-aprendizagem) conexos com a realidade da matéria.

As habilidades são qualidades intelectuais necessárias para a actividade mental no


processo de assimilação de conhecimentos. Algumas habilidades e hábitos são comuns a
todas as matérias.

Por exemplo destacar propriedades essenciais de objectos ou fenómenos, fazer relações,


comparar, diferenciar, organizar o trabalho escolar, fazer sínteses e esquemas fazem parte
Prática Pedagógica de Didáctica de Biologia I - 29

de todas as disciplinas. Outros são específicos de cada matéria, como observação de factos
da natureza, manejar com o microscópio, fazer a dissecação de um animal, resolução de
problemas matemáticos etc.

As atitudes e convicções se referem a modos de agir, de sentir e de posicionar frente a


tarefas da vida social. Orientam a tomada de posição e de decisões pessoais frente a
situações concretas. Por exemplo, os alunos desenvolvem valores e atitudes em relação ao
estudo e ao trabalho, à convivência social, à responsabilidade pelos seus actos, à
preservação da natureza, ao civismo, aos aspectos humanos e sociais dos conhecimentos
científicos. As atitudes e convicções dependem dos conhecimentos e os conhecimentos,
por sua vez, influem na formação de atitudes e convicções, assim como ambos dependem
de certo nível de desenvolvimento das capacidades mentais.

Como já foi dito anteriormente, nem todo o conhecimento científico pode ser transmitido
na escola. É necessário escolher o respectivo conteúdo. Para isso, é de extrema importância
aplicar certos critérios da escolha. Já a seguir, caro estudante, pode-se informar mais sobre
os critérios da selecção dos conteúdos.

Critérios de selecção dos conteúdos de para as aulas de Biologia

A escolha do conteúdo deve satisfazer as seguintes questões:

1. Como ligar a exigência do domínio dos conhecimentos com a vida real do aluno?
2. Que conhecimentos precisam ser introduzidos face a exigências do contexto social,
embora não façam parte da experiência quotidiana do aluno?

Para satisfazer as questões, deve-se aplicar os sistemas de critérios como apresentamos na


tabela que se segue.
Curso de Licenciatura em Ensino de Biologia

Tabela 1: Critérios possíveis de ser utilizados na escolha de conteúdos e respectivas


características.

Sistemas de Características
critérios

1º Sistema de Parâmetros : o aluno, a sociedade e a disciplina científica.


critérios

2º Sistema de Parâmetros: Características e funções da vida.


critérios

Quanto aos parâmetros aluno, sociedade e disciplina científica, os conteúdos escolhidos


devem:

a. corresponder aos interesses, necessidades educativas e ao nível de desenvolvimento


da personalidade dos alunos;
b. tomar em consideração as exigências da sociedade, na actualidade e no futuro;
c. representar o conhecimento transmitido, recolhido e preparado pela ciência.

Fig. 1 Parâmetros do 1° sistema de critérios da escolha do conteúdo.

Quanto ao parâmetro de característricas e funções da vida é importante saber que inclui


quatro aspectos, nomeadamente:
Prática Pedagógica de Didáctica de Biologia I - 31

- Estrutura da vida que inclui aspectos da estruturação biológica (por exemplo: célula –
tecido – órgão – sistema – organismo como níveis da organização da matéria viva).

- Conservação da vida de que fazem parte a troca da matéria e energia (por exemplo:
metabolismo), a regulação dos sistemas e mobilidade activa (por exemplo: movimentos
plasmáticos).

- Reprodução da vida que compreende a reprodução, replicação, multiplicação vegetativa


e sociabilidade.

- Desenvolvimento da vida que pode inclui a ontogenia, evolução, filogenia.

Para todos os casos é necessário considerar o facto de que o Homem como sujeito e
objecto das aulas de Biologia é o ponto de partida e ponto final de todas as questões
biológicas que ajudam na escolha dos conteúdos para as aulas. Por isso, na escolha dos
conteúdos deve-se ter em conta questões como questão morfológica, questão histórica,
questão fisiológica, questões económicas, questões sociológicas e questões sintéticas.

Tabela 2: Relação entre as características e função da vida e as questões biológicas.


Questões biológicas Características e funções da vida

Questão morfológica Estruturação biológica

Questão fisiológica Troca de matéria e energia

Questão sintética Regulação das substâncias, metabolismo

Questão económica Desenvolvimento da vida

Questão histórica Evolução, ontogenia, reprodução

O 1º sistema de critérios é mais aplicado, utilizando as linhas principais.

Escolha e estruturação de conteúdos para as aulas de Biologia - Linhas Principais

Conceito de Linha Principal


Curso de Licenciatura em Ensino de Biologia

Linha principal é uma acentuação do conteúdo da matéria nova que, dependendo das
funções e dos objectivos, serve de suporte das aulas de Biologia.

Funções das linhas principais


As linhas principais ajudam ao professor a interpretar os programas de ensino, de igual
forma, ajudam a compreender a distinção entre o geral, o principal e o essencial.

Além disso as Linhas principais:


• garantem uma interdisciplinaridade;
• ajudam a determinar os pontos principais de uma aula pela repetição,
sistematização, resumos, exercitação e aplicação;
• ajudam a determinar os métodos de controlo e avaliação.

Depois da abordagem anteriormente feita, podem prevalecer uma questão: Como se pode
reduzir a abundância dos conteúdos da aprendizagem?

Os conteúdos do livro didáctico

O saber científico expresso nos conteúdos biológicos de ensino é o principal objectivo da


mediação escolar, a sua democratização é uma exigência de humanização, pois concorre
para aumentar o poder do Homem sobre a natureza e sobre o seu próprio destino. Os livros
didácticos se prestam a sistematizar e difundir esses conhecimentos mas servem, também,
para encobrir aspectos da realidade, conforme modelos de descrição e explicação da
realidade apresentados consoante aos interesses económicos e sociais dominantes na
sociedade. Dessa forma, se o professor for um bom observador, se for capaz de desconfiar
Prática Pedagógica de Didáctica de Biologia I - 33

das aparências para ver os factos, os acontecimentos, as informações sob várias vertentes,
verificará que muitos dos conteúdos de um livro didáctico não conferem com a realidade,
com a vida real, a sua e a dos seus alunos.

Ao seleccionar os conteúdos de um certo nível em que for a trabalhar, o professor de


Biologia precisa analisar os textos, verificar como são enfocados os assuntos, para
enriquecê-los com sua própria contribuição e a dos alunos, comparando o que se afirma
com factos, problemas, realidades da vivência real dos alunos. Seria desejável que os
professores se habituassem a fazer um estudo crítico dos livros didácticos para analisar o
nível de abordagem dos temas em relação à natureza, a família, a vida na sociedade e
outros.

Ao recorrer ao livro didáctico para escolher o conteúdo para as aulas de Biologia, é


necessário que o professor tenha um domínio seguro dos conteúdos científicos e bastante
sensibilidade crítica; esses conteúdos não podem ser tomados como estáticos, imutáveis e
sempre verdadeiros. É preciso, pois, confrontá-los com a prática de vida dos alunos e com
o modo de vida do aluno na sociedade. Por isso, aconselha-se que o professor recorrer ao
programa de ensino para escolher os conteúdos ou elaborar o plano de ensino e de aulas de
Biologia e não ao livro didáctico. Assim, não surpreende que uma das melhores definições
sobre o livro didáctico e suas funções, date de 1961, em texto de Renato Fleury: “O livro
didáctico é uma sugestão e não uma receita” não podendo substituir o professor. De
acordo com Fleury (1961:174) as principais funções do livro consistiriam em:

a. padronizar e delimitar a matéria;


b. apresentar aos docentes métodos e processos julgados como eficientes pelos seus
autores, para melhorar os resultados de ensino;
c. colocar aoa alcance de todos, especialmente alunos, estampas, desenhos, mapas e
textos de difícil acesso ou muito raros.

Continuando o nosso estudo sobre o conteúdo escolar, é também importante obter


conhecimentos sobre a sua classificação.
Curso de Licenciatura em Ensino de Biologia

Como podemos verificar na tabela 3, o conteúdo pode ser dividido em conteúdo do


programa de ensino (chamado conteúdo programático) e o conteúdo do processo de
aquisição.

Tabela 3: Classificação dos Conteúdos (Müller, 2005)

Conteúdo
Do programa de ensino (conteúdos Do processo de aquisição
programáticos)
Conteúdo da Introdução, Matéria Aquisição emocional
Nova, Consolidação, Controle e
Avaliação
Informações organizativas Aquisição cognitiva
(através de)
Conceitos didácticos- pedagógicos
Orientações metodológicas
Outras informações Imagens Imagens
sensoriais racionais
(percepções) (conceitos e
teorias)

O conteúdo mais importante sobre que temos falar na Didáctica de Biologia é o conteúdo
sobre a Matéria Nova. Esse conteúdo, então, pode ser classificado como ilustram as tabelas
logo a seguir.

Tab. 4 Classificação dos conteúdos da Matéria Nova.

1ª Classificação - Conceitos, declarações, factos, teorias,


hipóteses, métodos de actividades
intelectuais e semi intelectuais
Conteúdo da Matéria
Nova - Principais regras, valores e normas

2ª Classificação - Imagens, objectos, fenómenos


Conteúdo da Matéria - Acções e atitudes
Nova
Prática Pedagógica de Didáctica de Biologia I - 35

Depois de obter conhecimentos sobre o conceito de conteúdo, sua classificação e seus


critérios da escolha para ser transmitido na escola, segue um passo também de extrema
importância, caro estudante. Este passo relaciona-se com a questão, uma vez escolhido o
conteúdo, como o estruturar para ser transmitido logicamente pelo professor e adquirido
com significado pelo aluno.

Daí segue nos parágrafos seguidos uma abordagem sobre o assunto da estruturação do
conteúdo. Deve prestar bastante atenção, prezado estudante, para aplicar na sua vida
profissional com muita exactidão.

Conceito de estruturação

Estruturação significa elaboração, legitimação e combinação de conteúdos importantes das


aulas de Biologia.

Para a estruturação é necessário considerar certas questões:

• Quais são os critérios para a escolha dos conteúdos da aprendizagem?


• Como se pode estruturar e combinar os conteúdos da aprendizagem durante
vários anos escolares?
• Como se julga a importância dos conteúdos da aprendizagem?
• Como se pode reduzir a abundância dos conteúdos da aprendizagem?
• Como se pode pôr os conteúdos de aprendizagem em concordância com as
linhas principais?

Para responder estas questões, segue já na próxima lição a descrição de vários princípios
didácticos que se deve tomar em consideração na estruturação correcta do conteúdo duma
disciplina em geral e da Biologia em especial.
Curso de Licenciatura em Ensino de Biologia

• Utilizando os livros escolares aprovados pelo Ministério da Educação para a


disciplina de Biologia, 8ª classe (Plural Editores: Laurina José Titosse/Pedro
Tarefas Alberto Cossa; Texto Editores: Mária Luísa Cuber/Antonino Alberto
Grachane), indique de forma breve quais são os aspectos principais, essenciais e
gerais que correspondem a abordagem feita sobre “Estruturação da matéria
viva” nesses livros.
• Faça uma análise dos conteúdos da 8ª ou 9ª classe considerando a sua
pertinência e enquadramento lógico nos programas de ensino.
Prática Pedagógica de Didáctica de Biologia I - 37

Prática Pedagógica
Os conteúdos para as aulas de Biologia devem ser seleccionados considerando dois
critérios fundamentais, nomeadamente:

 1º critério – consideração das necessidades educativas do aluno, consideração das


exigências actuais da sociedade e consideração da natureza da disciplina científica;

 2º critério – consideração da características e funções da vida.

Com base nos programas de ensino da 8ª, 9ª e 10ª classes em uso nas escolas
moçambicanas analise os conteúdos do plano temático tendo em conta a sua sequência e
organização no que respeita os dois critérios de selecção e organização. Considere o
modelo de análise que se apresenta a seguir:

Modelo de análise do critério de selecção, organização dos conteúdos para as aulas de


Biologia.

Aspectos a considerar Sim Não


O plano temático apresenta uma sequência lógica dos
conteúdos?
Os conteúdos correspondem aos objetivos do
programa?
Os conteúdos respondem as exigências da sociedade
em que o aluno se encontra?
Os conteúdos correspondem ao que o aluno deve
aprender e aplicar no seu dia-a-dia?
A sequência dos conteúdos obedece a hierarquia da
matéria viva?
Os conteúdos contemplam uma abordagem que
relaciona características e funções da matéria viva?
Nota: Deve elaborar o gráfico comparativo correspondente aos dados tabelados como
aprendeu na disciplina de MIC.
Curso de Licenciatura em Ensino de Biologia

Lição nº 6
Princípios didácticos

Introdução
Com referência aos Princípios Didácticos, é importante identificar as relações que existem
entre os conteúdos do ensino e das situações de aprendizagem em muitos contextos da vida
social e pessoal, de modo a estabelecer uma relação activa entre o aluno e o objecto do
conhecimento, desenvolvendo assim, a capacidade de relacionar o aprendido com o
observado.

O aprendizado significativo acontece quando uma informação nova é adquirida mediante


um esforço deliberado por parte do aprendiz em ligar a informação nova com conceitos ou
proposições relevantes preexistentes em sua estrutura cognitiva (Ausubel et al., 1978).

Existem vários princípios didácticos aplicáveis de acordo com a natureza metodológica


seleccionada pelo professor durante o processo de planificação da sua aula. Nesta lição
apresenta-se alguns dos princípios didácticos que podem ter um impacto significativo
quando aplicados para as aulas de Biologia.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

• Selecionar os métodos didácticos tendo em conta os


Objectivos da lição
princípios didácticos que os fundamentam;
Utilizar de forma coerente as diferentes metodologias
didácticas válidas para as aulas de Biologia.

a) Procedimento exemplar nas aulas de Biologia

O procedimento exemplar é o princípio didáctico mais tradicional, mas muito usado nas
aulas de Biologia. Baseia-se na escolha de conteúdos para uma aula.
Prática Pedagógica de Didáctica de Biologia I - 39

O professor escolhe pontos principais e exemplos adequados para transmitir certo conteúdo
e com isso, limita de certa maneira o conteúdo utilizando exemplos concretos; o professor
aprofunda a questão a partir desses exemplos.

O professor deve transmitir aos seus alunos regras, convicções, conceitos a partir de um

• Considerando o tema “Poluição das águas” da Biologia da 10ª


classe, identifique os diferentes aspectos da interdisciplinaridade,
ou seja, mencione os aspectos bioquímicos, biofísicos,
Tarefas
biogeográficos, biomatemáticos, bioestatísticos, biosocias
relacionados com o tema.
exemplo concreto sobre processos, fenómenos e objectos biológicos.

Para a escolha dos exemplos, o professor deve colocar as seguintes questões:

• Se os exemplos escolhidos são típicos;


• Se os exemplos escolhidos relacionam-se ou correspondem ao ambiente dos
alunos;
• Se os exemplos escolhidos correspondem aos interesses dos alunos;
• Se os exemplos escolhidos possibilitam uma ocupação nos alunos através dos
métodos biológicos assim como métodos de pensamento.

b) Princípio de Interdisciplinaridade

O principio de interdisciplinaridade é um principio alternativo e é importante para as aulas


de Biologia porque aparece com a crítica de que numa certa disciplina trata-se os aspectos
de forma isolada, isto é, critica o pensamento linear. O princípio da interdisciplinaridade é
vantajoso para as aulas de Biologia porque economiza o tempo e contribui para a
motivação e efectivação do PEA.

Sendo assim, caro estudante, vamos caracterizar o princípio da interdisciplinaridade,


indicando e descrevendo as suas particularidades.
Curso de Licenciatura em Ensino de Biologia

Aspectos gerais do Princípio da Interdisciplinaridade


Durante a materialização do processo da interdisciplinaridade é possível notar certos
elementos que se interrelacionam permitindo o cruzamento de conteúdos de diferentes
disciplinas relacionadas com a Biologia. O esquema a seguir mostra um exemplo de como
essa relação pode ser possível:

Fig. 1 Alguns aspectos do Princípio da interdisciplinaridade.

Materialização do Princípio da interdisciplinaridade

Para materializar o princípio didáctico da interdisciplinaridade nas aulas de Biologia, o


professor pode utilizar vários métodos para orientar as actividades do aluno. Existem
quatro formas pelas quais o professor pode orientar os alunos:

 Orientação no objecto – a partir do objecto vão se abordar vários assuntos a


ele relacionados.

 Orientação no problema ou na situação – existe um determinado problema


central importante para os alunos ou a sociedade que o professor utiliza como ponto
focal para a aula (Por exemplo: problema relacionado com a sexualidade ou
densidade da população). Esta orientação realiza-se na sala de aulas.

 Orientação no âmbito – o professor pode orientar os alunos a obter informação


científica através da interpretação de textos das revistas, jornais e outros meios de
Prática Pedagógica de Didáctica de Biologia I - 41

informação baseados na cultura geral (Por exemplo: nas aulas relacionadas com a
saúde, meio ambiente). Esta orientação realiza-se fora da sala de aulas.

 Orientação no método – trata de alguns métodos gerais e específicos


importantes para a vida que a partir deles o aluno pode se informar sob forma de
uma aprendizagem social. (Por eexemplo: comunicação, planificação de projectos,
actividades em grupo, análise e interpretação dos textos, jogos, teatro etc.).

c) Princípio da centralização no Homem

O ponto central para a escolha e legitimação dos conteúdos de Biologia é o Homem. Para
estruturar as aulas existem várias questões que se têm de colocar:

• Quais são as bases e as condições para a existência do Homem?


• Quais são as potencialidades do Homem?

Qual e a importância da variabilidade do Homem?É necessário organizar os conteúdos em


três níveis, nomeadamente, biosfera, população e organismo.

O Principio de centralização do Homem tende a combinar as várias disciplinas biológicas


através da escolha e estruturação dos conteúdos sobre o Homem como a tabela logo a
seguir mostra.
Curso de Licenciatura em Ensino de Biologia

Tabela 1: Combinação das várias disciplinas de Biologia através da escolha e estruturação


dos conteúdos sobre o Homem.
Questões Quais são as bases e as Qual é a particularidade do Qual é a
condições para a Homem? importância que
Níveis de existência do Homem? tem a
Organização variabilidade do
da Biologia Homem?
Biosfera Evolução do Homem, O Homem como uma parte da Evolução futura
relação entre o meio biosfera; do Homem
ambiente e o organismo Alteração do meio ambiente
(aspectos ecológicos)
População Comportamento, Formas da sociedade do Homem; Raça humana,
variabilidade, Desenvolvimento do Homem; grupos sociais,
hereditariedade, Comunicação do Homem; diferença no sexo
sexualidade e reprodução Características da sexualidade
Organismo Estruturação do corpo Posição do corpo humano, Diferenças
humano, sensibilidade, trabalho metódico e sistemático, individuais entre
regulação, troca de matéria linguagem conceptual; os Homens
e energia, mobilidade Pensamento lógico;
activa. Criador da arte da ciência e da
técnica

d) Principio da ecologia

Deve concordar connosco, caro estudante, se afirmamos que este princípio didáctico surgiu
por causa dos problemas globais do meio ambiente.

Existem duas possibilidades para a materialização desse princípio:

• Estruturação segundo a interdisciplinaridade;


• Estruturação segundo o ecossistema.

Ao materializar o princípio da ecologia considerando a primeira possibilidade, tenta-se


combinar os componentes individuais, sociais e ecológicos. Neste contexto trata-se as
relações ecológicas com a sociedade (relações entre a ecologia e a sociedade).

Abordando as relações entre o Homem e o meio ambiente, colocam-se vários problemas e


com esses problemas colocados discutem-se os respectivos conteúdos.

Ao materializar o princípio da ecologia considerando a segunda possibilidade, aborda-se as


relações existentes num ecossistema.
Prática Pedagógica de Didáctica de Biologia I - 43

e) Princípio da situação

Neste princípio utilizam-se três aspectos principais, nomeadamente:

• O Homem como ser vivo e submetido a regras biológicas;


• O Homem como ser vivo e uma parte da sociedade;
• O Homem e a sociedade são dependentes do mundo animal.

Fig. 2 Aspectos a considerar no princípio da situação.

Com a união dos três aspectos o professor pode descrever uma determinada situação da
vida (por exemplo: relações sexuais entre adolescentes de 15 a 16 anos de idade).

Considerando o exemplo indicado, pode se discutir os seguintes assuntos: gravidez


precoce/indesejada, DTS ou ITS, métodos contraceptivos, planeamento familiar, etc.
Curso de Licenciatura em Ensino de Biologia

Tabela 2: Ligação existente entre os 3 âmbitos com a situação e disciplina.


Âmbito da Disciplina da Temas possíveis
Situação Biologia
Classificação do Morfologia, fisiologia, Activação do mundo animal pelo
mundo animal ecologia, taxonomia e Homem
genética Conceitos básicos da ecologia
Retroactividade da Morfologia, fisiologia, Consequências negativas e positivas
técnica ecologia, genética e resultantes da civilização do Homem
filogenética
Civilização e Morfologia, fisiologia, Evolução do Homem e dos animais
desenvolvimento ecologia, taxonomia e Criação das plantas e dos animais
da humanidade genética
Relação entre os Genética e ética Semelhanças e diferenças no
Homens comportamento do Homem e dos
animais
Bases genéticas do comportamento
Sexualidade Morfologia, fisiologia, Comportamento sexual do Homem e
anatomia e genética dos animais
Causas de um determinado
comportamento sexual
Saúde do corpo Morfologia, fisiologia, Doenças, sistema de órgãos, educação
ecologia, taxonomia e sanitária e base celular e molecular da
genética hereditariedade
Tempos livres Todas as disciplinas Como se pode usar o tempo livre para
se ocupar com plantas e animais?
Actividade de protecção da natureza e
do mundo animal

f) Principio de aplicação

Este princípio didáctico procura combinar os aspectos biológicos e importantes questões


individuais e sociais que podem existir.

Citamos como exemplos os seguintes:

• Na ecologia trata-se da protecção da natureza e meio ambiente.


• Na Biologia humana e educação sanitária trata-se os aspectos da higiene dos órgãos
e das doenças do corpo.
• Na genética aborda-se temas relacionados com a manipulação genética, aspectos e
factores que podem influenciar a hereditariedade.
• Na zoologia e na botânica discutem-se aspectos como a aplicação dos insecticidas,
domesticação dos animais.
• Na medicina considera-se o tratamento das doenças como um foco principal.
Prática Pedagógica de Didáctica de Biologia I - 45

• Descreva uma situação concreta da vida que se pode utilizar como ponto principal
da abordagem do tema sobre os efeitos de tabaco nas aulas de Biologia da 8ª
classe.
Tarefas

g) Princípio da consideração dos factos históricos

Para caracterizamos resumidamente este princípio didáctico mencionamos


seguidamente duas citações de Mintzes, Wandersee e Novak (2000) Fica para você,
caro estudante, a tarefa de procurar na bibliografia científica mais importâncias da
consideração deste princípio para as aulas de Biologia.

“ ... podemos, no nosso tempo e espaço, ser confrontados pelos mesmos questões com
que Galileu ou Torricelli ou Stahl se confrontaram. Podemos de uma forma bastante
literal repetir as suas investigações tal como eles as descreveram.”

“Precisam (os alunos) também de aprender como funciona a ciência e como é que os
cientistas criam o novo conhecimento. A história da ciência é uma componente
necessária da aprendizagem para compreender a ciência.”

h) Princípio da consideração da hierarquia da matéria viva


Como já sabe dos seus estudos das disciplinas biológicas gerais, a matéria viva está
estruturada hierarquicamente.

Para refrescar o seu conhecimento, apresentamos a seguinte figura que mostra esta
respectiva estruturação.
Curso de Licenciatura em Ensino de Biologia

Fig. 1 Níveis da organização da matéria viva.

Considerando este princípio nas aulas, facilita bastante tanto o processo de transmissão
de um certo conhecimento pelo professor assim como a obtenção desse conhecimento
pelo aluno.
i) Princípio da espiral
O princípio da espiral inclui uma abordagem de um certo conteúdo em várias classes,
cada vez mais aprofundado. O professor inicia com um esclarecimento de conceitos
básicos e relações básicas que são abordados mais tarde com mais profundidade,
noutras relações.

Fig. 2 Representação esquemática do princípio da espiral.


Prática Pedagógica de Didáctica de Biologia I - 47

Prática pedagógica

Na orientação didáctica o professor utiliza vários métodos para orientar as actividades do


aluno. Existem quatro formas pelas quais o professor pode orientar os alunos:

Orientação no objecto, orientação no problema ou na situação, orientação no âmbito e


orientação no método.

Considere o princípio da orientação no método e organize o seu grupo de estudos para:

• planificar um projecto educativo sobre higiene e saúde escolar (escolher uma


escola de referência);

• elaborar um jogo educativo (considerar um tema específico de biologia);

• planificar e realizar um role playing (considerar um problema ambiental


relacionado com um tema específico das aulas de biologia).

Nota: Deve pedir orientações ao seu docente para esclarecer as dúvidas que tiver sobre as
terminologias aqui colocadas.
Curso de Licenciatura em Ensino de Biologia

Lição nº 7
Formas de interacção diferenciada e o seu significado
para as aulas de Biologia – formas sociais

Introdução
Ao longo do século XX pensadores como Piaget, Vigotsky e Freire, mostraram que a
aprendizagem depende de uma acção grupal. Dessa forma, trabalhando em equipe, o
aluno exercita uma série de habilidades. Ao mesmo tempo em que estuda o conteúdo das
disciplinas, ele aprende a escolher, a avaliar e a decidir. Nesse tipo de tarefa, treina-se a
capacidade de ouvir e respeitar opiniões diferentes, saber argumentar e dividir tarefas.
Desta forma, um bom trabalho em equipe requer:

• projecto comum compartilhado;


• senso de compromisso colectivo;
• visão de cooperação e interdependência;
• consciência do papel individual;
• capacidade de ouvir, reconhecer e respeitar diferenças;
• autocrítica contínua;
• ousadia e disposição para responder por acertos e erros.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

• Valorizar o trabalho em grupo, como uma forma de


Objectivos da lição
garantir a aprendizagem social;
• Aplicar pedagogicamente as tarefas em grupo nas aulas
de Biologia.

Conceito de formas sociais

Entendemos sob o conceito de Formas sociais a distribuição das actividades entre o


professor e os alunos e entre os alunos. O professor deve escolher as formas sociais
considerando os objectivos, os conteúdos, meios didácticos e as condições de turma.
Prática Pedagógica de Didáctica de Biologia I - 49

A aprendizagem social visa alcançar os objectivos da aprendizagem social no âmbito das


convicções e atitudes, ou seja, significa o decurso do processo de aprendizagem que pode
ser alcançado com os alunos quando lidam uns com os outros.

Objectivos gerais das formas sociais


Existem três objectivos das formas sociais, tais como:

• Desenvolver a competência;
• Desenvolver a autonomia;
• Promover o espirito de solidariedade.

Competência – caracteriza aqueles conhecimentos, capacidades, habilidades e


convicções/atitudes que os membros de uma sociedade precisam para a sua própria
existência.

Autonomia – significa a capacidade de decidir sobre si próprio.

Solidariedade – significa pensar, agir e sentir com os outros membros da sociedade.

Objectivos específicos da aprendizagem social

Além de objectivos gerais, a aprendizagem apresenta também certos objectivos específico


que são mencionados já a seguir.

• Ajudar os alunos de diferentes camadas sociais e com diferentes comportamentos


sociais a obter estratégias de conviver na mesma sociedade;
• Ajudar os alunos a perceber ou entender as emoções;
• Desenvolver a capacidade de aceitar a crítica;
• Desenvolver o espírito de tolerância;
• Agir auto activamente.

Para realizar este tipo de aprendizagem o professor deve considerar vários factores, tais
como:

• Promover a crítica;
• Considerar formas de cooperação nas aulas;
• Reduzir os processos improdutivos e acumular os processos produtivos, isso
significa aumentar as actividades dos alunos;
Curso de Licenciatura em Ensino de Biologia

• Considerar e valorizar as soluções diferentes (existem vários caminhos para realizar


uma tarefa, mas tem que se aceitar o aluno que aplica outros caminhos para chegar
aos mesmos resultados).

Considerando os objectivos gerais e específicos das formas sociais, caro estudante, é


necessário tomar em consideração que existem diferentes personalidades dos professores e
alunos, cada uma também com certa estratégia de ensino e aprendizagem. Sendo assim,
distingue-se entre os diferentes tipos de aprendizagem que já caracterizamos no próximo
parágrafo.

Tipos de Aprendizagem
Existem vários tipos de aprendizagem de entre os quais destacam-se os que a seguir se
apresentam:

• Aprendizagem frontal;
• Aprendizagem criativa, investigativa, orientada a resolver problemas.

Como deve ser da fácil compreensão, numa Aprendizagem frontal existe um professor em
frente dos alunos. Esse tipo não estimula a aprendizagem nem a investigação, nem a
iniciativa dos alunos nem a prudência, cooperação, capacidade de resolver um problema e
tomar decisão.

Deve perceber, prezado estudante, que a partir da característica indicada acima favorece-se
a aplicação da Aprendizagem criativa, investigativa, orientada a resolver problemas.

Formas de cooperação nas aulas de Biologia


Para realizar as diferentes formas sociais existem várias possibilidades.

a) Actividade entre dois alunos

Usa-se esta forma com o objectivo de adquirir uma autonomia. Os alunos devem aprender
a dividir os seus trabalhos e sintetizar os resultados.

b) Actividade em grupo
Este tipo em que se realizam as formas sociais, nclui mais de dois alunos e tem seus
objectivos como os que a seguir se apresentam:

 Objectivos que dizem respeito a interdisciplinaridade:

• Desenvolver a autonomia dos estudantes;


Prática Pedagógica de Didáctica de Biologia I - 51

• Desenvolver capacidades e habilidades para a aplicação do método de trabalho;


• Desenvolver capacidades e habilidades para a cooperação, responsabilidade e
trabalhar com precisão.

 Objectivos que dizem respeito a disciplina:

• Objectivos de manipular certos objectos biológicos;


• Aprender métodos biológicos e técnicos biológicos (por exemplo: construir
modelos simples que o professor pode usar nas aulas);
• Realizar certas experiências.

Embora a actividade independente dos alunos é maior nos trabalhos em grupo, o professor
continua exercer certas funções.

Funções do professor durante a actividade em grupo


Durante a actividade em grupo o professor tem as suas funções das quais destacam-se as
seguintes:

• Função de planificador: torna-se necessário que o professor planifica com


antecedência as tarefas que os alunos devem resolver (inclui motivação,
organização do material do trabalho, assegurança das condições do trabalho etc.);
• Função de orientar e aconselhar: durante o trabalho o professor deve encaminhar os
estudantes para chegar a solução correcta. Embora os alunos possam errar, o
professor deve dar conselhos para repensar.
• Função de formação: o professor deve ajudar os alunos a aplicar certos métodos de
trabalho.
• Função de integração: é de extrema importância que o professor possibilita aos
alunos que possam estabelecer ligações entre o conhecimento já adquirido e o novo
conhecimento..

Formas de realização da actividade em grupo


A actividade em grupo pode ser realizada de duas maneiras:

• Actividades em grupo em que todos os grupos tem de realizar a mesma tarefa;


• Actividades em grupo em que cada grupo tem uma tarefa específica.
Curso de Licenciatura em Ensino de Biologia

Ao planificar a actividade em grupo, o professor deve considerar várias fases tais como:

a) Fase de preparação

Fazem parte desta primeira fase:

• Motivação dos alunos


• Colocação de tarefas
• Formulação das perguntas
• Formação dos grupos
• Disposição da utilização dos meios didácticos
• Indicação do tempo necessário para realizar a actividade
• Distribuição dos meios didácticos

b) Fase da Realização
Nesta fase decorre a própria actividade no grupo. O professor orienta, aconselha e os
alunos coleccionam factos, experimentam, observam e formam resultados.

c) Fase da Valorização

É necessário valorizar os resultados de cada grupo. Por exemplo: fazer uma tabela que
reflecte os resultados apresentados por cada grupo. O professor também tem a
possibilidade de atribuir valores para cada membro de grupo, avaliando assim o trabalho
feito.

Identifique e descreva as fases para a realização do trabalho em grupo sobre


a composição do ar inspirado e expirado durante a respiração sob o tema
“Comprovação das diferentes quantidades de O2 e CO2 no ar inspirado e
Tarefas
expirado”(8ª classe).
Prática Pedagógica de Didáctica de Biologia I - 53

Lição nº 8
Actividades cognitivas dos alunos como actividades
principais para obtenção dos conhecimentos
Introdução
As actividades cognitivas são aquelas actividades que requerem esforço mental de quem as
pratica. A actividade cognitiva está em todas as nossas atitudes, ligada aos Processos
Cognitivos de Percepção, Assimilação e Aprendizagem. A actividade cognitiva é o
diferencial entre as pessoas, muitas vezes sendo confundida com a própria personalidade.
Sendo considerada também como a maneira peculiar pela qual cada pessoa se reporta aos
acontecimentos da sua vida.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

• Identificar actividades que possibilitam a aprendizagem


Objectivos da lição
dos alunos;
• Distinguir os diferentes tipos de actividades e detrimento
daquelas que auxiliam a aprendizagem do aluno.

Actividade Cognitiva como actividade principal dos alunos


As aulas de Biologia enquadram-se no processo de obtenção de conhecimentos pelo aluno.
Para a efectivação desse propósito é necessária a realização de determinadas actividades
pelos alunos em que se distingue três conceitos de actividade:

• Actividade;
• Actividade dos alunos;
• Actividade Cognitiva.

Conceito ″Actividade″
Como já foi dito anteriormente, existe uma ligeira diferença entre os conceitos
“actividade”, “actividade dos alunos” e “actividade cognitiva”.
Curso de Licenciatura em Ensino de Biologia

Actividade é um processo de mudança de ambiente pelo Homem. O ambiente pode ser


social ou natural. A actividade depende de certos factores para a sua realização:

Fig. 1 Representação esquemático do conceito de Actividade.

A actividade dos alunos é caracterizada pelas operações dos alunos (como sujeito) no
processo pedagógico (nas aulas) com objectivo de manejar determinados objectos. A
actividade dos alunos depende de certos factores para a sua realização:

Fig. 2 Representação esquemática do conceito de Actividade dos alunos.

As actividades cognitivas do aluno servem para a obtenção de conceitos, obtenção de


certas informações e imagens através de um comportamento activo do aluno (caracterizado
pela actividade cognitiva).

Fig. 3 Representação esquemática do conceito de Actividade cognitiva.


Prática Pedagógica de Didáctica de Biologia I - 55

A Actividade cognitiva é a principal actividade que possibilita ao aluno obter


conhecimentos, capacidades/habilidades e convicções/atitudes. Sendo assim, o professor
deve planificar a realização dessas actividades garantindo com isso também que os alunos
reconhecem o significado de objectos, fenómenos e processos.

Classificação das actividades cognitivas

As actividades cognitivas são classificadas em dois grupos:

• Actividade cognitiva para a transmissão dos efeitos sensoriais e para a fixação


destas em afirmações empíricas (são exemplos deste tipo, as actividades de
observar e experimentar);
• Actividade cognitiva para aquisição de conceitos empíricos e teóricos (são
exemplos deste tipo, as actividades de descrever, explicar, prognosticar, definir,
classificar, fundamentar (comprovar e refutar), comparar.

Cada uma dessas actividades, caro estudante, tem certas características, uma estrutura
lógica e regras para a sua aplicação. Daí, é de grande importância obter conhecimentos
teóricos sobre as actividades cognitivas para conseguir aplicar correctamente na prática.
Realmente, não é fácil porque necessita de si também um grande esforço mental! Mas, não
desanime. Mãos às obras! Só assim, é possível contribuir para o melhoramento das aulas e
da qualidade da educação. Está pronto para esse grande desafio? Então, vamos!

Descrição de algumas Actividades cognitivas

Os efeitos sensoriais vêm dos objectos, fenómenos e processo que existem e/ou decorrem
na realidade. Nós podemos captar certas características desses objectos, fenómenos e
processos através dos órgãos de sentido (olho, nariz, língua, pele, ouvido).

Observar significa verificar as características e propriedades do objecto, fenómeno ou


processo sem alterar este objecto, fenómeno ou processo.

A actividade de observar é directamente relacionada com a actividade de experimentar.

Experimentar significa verificar o porque das existência das propriedades e características


de um objecto, fenómeno ou processo, intervindo no seu desenrolar.
Curso de Licenciatura em Ensino de Biologia

Tanto na actividade de observar como na da experimentar realiza-se uma descrição do que


foi observado.

A partir desta constatação feita, defina-se a actividade de descrever como uma actividade
cognitiva em que se indicam afirmações sobre características de um objecto, fenómeno ou
processo.

O resultado desta actividade é a descrição, cuja estrutura lógica compreende duas partes:

• Describens – afirmação que representa o objecto, fenómeno ou processo.


• Describendum – objecto, fenómeno ou processo por descrever.

Explicar significa indicar afirmações sobre o porquê da existência das características de


um objecto, fenómeno ou processo. Para isso, utilizam-se leis ou afirmações
condicionadas. Sendo a explicação é o resultado da actividade de explicar, ela apresenta
sua estrutura lógica apresentando duas partes:

• Explanans – afirmações sobre leis ou afirmações condicionais.


• Explanandum – afirmações que representam o objecto, fenómeno ou
processo.

Classificar significa dividir um conjunto de objectos em partes com base nas suas
características comuns. O resultado desta actividade é o sistema de conceitos.

Comparar tem em vista estabelecer diferenças e semelhanças entre dois ou mais objectos
na base das suas características gerais e essenciais.

Existem dois tipos de comparação:

 Intra-específica (para objectos, fenómenos, processos ou imagens da mesma


classe);

 Inter-específica (para objectos, fenómenos, processos ou imagens de classes


diferentes).

Definir significa determinar um conceito utilizando afirmações sobre as características


essenciais de objectos, fenómenos ou processos. O resultado desta actividade é a definição.

Uma definição possui também um estrutura lógica:

• Definiendum – a expressão que deve ser definida.


Prática Pedagógica de Didáctica de Biologia I - 57

• Definiens – expressões através dos quais é definida o Definiendum.

Pode-se distinguir entre dois tipos de definição:

 Definição Nominal;

 Definição Real.

Definição nominal
Uma Definição Nominal indica o significado de uma expressão linguística e também
indica como se pode operar com essa expressão linguística.

Definição real
Uma Definição Real indica o que é um objecto, fenómeno e processo e também para o que
serve o objecto, fenómeno ou processo. Existem três tipos de Definição Real:

Tabela 1: Tipos de Definição Real.

Indicando o Género ou Genus proximum e a Differentia


específica.
Definição Real Analítica – que é o resumo dos resultados de uma análise.
Sintética – que é o resumo dos resultados de uma síntese indicando
as leis e relações.
Fundamentar significa apresentar argumentos que justificam a veracidade ou falsidade de
uma tese (deve ter tese, argumentos e metodologia). O resultado desta actividade é o
fundamento ou a prova.

O fundamento ou a prova tem a seguinte estrutura lógica:

• Demonstrans – afirmações cuja veracidade é garantida.

• Demonstrandum – afirmação que deve ser demonstrada.

Os elementos de um fundamenta são:


• Tese – é a afirmação que os alunos tem de fundamentar.
• Argumentos – são as afirmações que fundamentam a tese.
Curso de Licenciatura em Ensino de Biologia

• A actividade cognitiva de classificar tem como resultado a formação de


conceitos. Fundamente essa afirmação considerando as características de um
fundamento.
Tarefas • Defina os conceitos “Fotossíntese” e “Vertebrado” utilizando a definição real
indicando o Género (ou Genus proximum) e a Differentia especifica.
Prática Pedagógica de Didáctica de Biologia I - 59

Prática pedagógica
A actividade cognitiva de classificar consiste em dividir um conjunto de objectos em
partes com base nas suas características comuns. O resultado desta actividade é a formação
de conceitos.

Coleccione objectos biológicos e classifique-os num tabuleiro. Ao classificar, você deve


tomar em consideração o conceito pelo qual irá estabelecer o ponto de partida para a
classificação, por exemplo: folhas, artropodes, vertebrados, algas, etc.

O resultado da sua classificação deve ser consistente e apresentado de forma que sirva de
material didáctico nas aulas de Biologia. Veja um exemplo na foto que segue:

Nota: O resultado da sua classificação deve ser acompanhado de um mapa de conceitos


que irá constar no relatório a ser entregue ao docente da disciplina de Práticas Pedagógicas.
Curso de Licenciatura em Ensino de Biologia

Lição no 9
Transmissão e Aquisição de conceitos

Introdução
Conceito é uma parte de uma afirmação que determina as características gerais e essenciais
de todos os objectos, processos ou fenómenos que fazem parte de uma classe de objectos,
processos ou fenómenos biológicos. Para a formulação de conceitos são usadas palavras.
As palavras são rótulos de conceitos e saber repetir os rótulos não significa compreender os
conceitos.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

• Classificar objectos biológicos com base em identificação de


Objectivos da lição
conceitos;
• Formular conceitos considerando classes de objectos biológicos;
• Utilizar conceitos de forma eficaz e consciente.

Processos de formação de conceitos nas aulas de Biologia

Começamos a nossa lição com o habitual, ou seja, com a definição de um conceito para
conhecer o seu seignificado.

Conceito de Conceito
Conceito é uma reflexão mental e ideal de classes de objectos, fenómenos e processos com
base nas suas características gerais e essenciais.

O Conceito é uma parte de uma afirmação que determina as características gerais e


essenciais de todos os objectos, processos ou fenómenos que fazem parte de uma classe.

Cada conceito tem os seus constituintes. Já a seguir vai aprender mais sobre esta matéria,
prezado estudante.
Prática Pedagógica de Didáctica de Biologia I - 61

Partes de um Conceito
Um conceito tem duas partes. A tabela que se segue mostra as partes de um conceito e o
respectivo significado.

Tabela 1: Partes de um conceito e o respectivo significado.

Conceito

Conteúdo Extensão

Reflecte as características essenciais e Reflecte todos os elementos que fazem


gerais parte ou que possuem estas características

Exemplo: os anfíbios são animais que Exemplo: rã, sapo


vivem em ambiente húmido.

Classificação dos Conceitos


O diagrama que se segue mostra como podem ser classificados os conceitos considerando
a sua tipologia e natureza.

Fig. 1 Classificação de conceitos.


Curso de Licenciatura em Ensino de Biologia

Seguidamente, caro estudante, vamos indicar um exemplo concreto para cada grupo de
conceitos.

a) Identidade

Na identidade cada conceito reflecte as características gerais e essenciais idênticas.

Por exemplo:

(Elemento A) = (Elemento B)
ou seja
(Conceito A) = (Conceito B)
Vertebrados = Vertebra

b) Sub- ou superordenação

O elemento A inclui o elemento B.


Por exemplo:

(Elemento A) ou seja (Conceito A)


Animais
(Elemento B) ou seja
(Conceito B)
Vertebrados

c) Classe média

O elemento a sobrepõe-se ao elemento B.

(Elemento A) ou seja
(Conceito A)
Plantas selvagens (Elemento B) ou seja
(Conceito B)
Plantas úteis

d) Sequência
Prática Pedagógica de Didáctica de Biologia I - 63

Os elementos A, B, C, D, E podem ser ordenados seguindo um certo critério (por exemplo


aspecto evolutivo, hierarquia etc.).

Por exemplo:

e) Coordenação complementar

Os elementos A e B complementam-se. Esta relação existe só entre dois conceitos.

Por exemplo:

f) Coordenação contrária

Os pontos iniciais (A) e finais (B) duma sequência (A, B, C, D, E) têm um contraste
maior.
Curso de Licenciatura em Ensino de Biologia

Por exemplo:

Para que os alunos conseguem formar novos conceitos com significado é necessário certas
condições sob que a formação de um conceito tem de ser feito. Sendo assim, caro
estudante, vamos falar logo a seguir sobre as condições para a formação de conceitos.

Condições para a formação de Conceitos


Destacam-se as seguintes condições:

• Um conceito precisa sempre de outro conceito que permita indicar as características


gerais e essenciais;
• Os conceitos devem ser comparáveis;
• E necessário assegurar que os alunos façam a comparação intra- e interespecífica
para identificar as características gerais e essenciais.
Sendo assim, servem os passos mencionados a seguir.

Passos para a formação de Conceitos


1. Apresentação dos objectos, fenómenos ou processos

2. Comparação dos objectos, fenómenos ou processos

2.1. Indicação dos pontos (aspectos) de comparação

2.2. Realização da Comparação Inter- e intraespecífica

2.3. Eliminação das características não essenciais

3. Exposição do conteúdo conceptual

4. Definição do conceito
Prática Pedagógica de Didáctica de Biologia I - 65

5. Ordenação do conceito novo no sistema de conceitos já conhecido.

6. Aplicação do conceito novo

Indique, preenchendo as tabelas que se seguem as características que permitem


caracterizar e que tornam comparáveis/não comparáveis os conceitos indicados.
Comparação intraespecífica

Tarefas Comparação interespecífica


Curso de Licenciatura em Ensino de Biologia

Lição nº 10
Realização das aulas de Biologia considerando as
Funções Didácticas

Introdução
Como já foi dito no início deste módulo, a indicação de etapas do desenvolvimento da aula
não significa que todas as aulas devem seguir um esquema rígido. A opção qual etapa ou
passo didáctico é mais adequado para iniciar a aula ou a conjugação de vários passos numa
mesma aula ou conjunto de aulas depende dos objectivos e conteúdos da matéria, das
características do grupo de alunos, dos recursos didácticos disponíveis, da criatividade e
flexibilidade do professor, das informações obtidas na avaliação diagnóstica etc. Devemos
considerar que não há entre as etapas ou passos didácticos uma sequência necessariamente
fixa, e que dentro de uma etapa se realizam simultaneamente outras.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

• Realizar eficazmente as aulas de Biologia considerando as


Objectivos da lição
funções didácticas ;
• Aplicar as fuções didácticas na planificação e realização das
aulas.

Conceito de Função didáctica

Já na Didáctica Geral falamos sobre as Funções didácticas. Ainda se lembra?

Função didáctica é uma reflexão das regularidades do processo de aquisição que inclui
uma selecção e organização do decurso específico da actividade do aluno e do professor.
Prática Pedagógica de Didáctica de Biologia I - 67

Classificação das funções didácticas


As funções didácticas classificam-se segundo a sua relação com os apectos que a seguir se
apresentam:

Fig. 1 Classificação das Funções didácticas.

A Função didáctica da Introdução (I) cujo significado é bem claro, compreende dois tipos
fundamentais:

• Introdução para criação de condições de trabalho (CCT) o que é abreviado por


I/CCT.
• A introdução para a motivação (M) dos alunos que é abreviada por I/M.

A Matéria Nova (MN) serve para transmitir novos conhecimentos, desenvolver novas
capacidades e habilidades. Esta função didáctica tem as seguintes características:

Transmissão de Disputa activa com o Obtenção de


conhecimentos e conteúdo da matéria conhecimentos e
capacidades/habilidades nova através da capacidades/habilidades
novos (pelo professor) actividade cognitiva novos (pelo aluno)

Fig. 2 Representação esquemática do processo de obtenção de connecimentos e


capacides/habilidades na Matéria nova.

Para que o decurso da aula prossiga dessa maneira é necessário que haja certas condições,
tais como:

• Estar informado sobre o nível de conhecimento dos alunos, das aulas ou classes
anteriores;
• Determinar os objectivos (nos diferentes âmbitos ou níveis);
Curso de Licenciatura em Ensino de Biologia

• Considerar os pré-conhecimentos dos alunos.

Para garantir que os alunos adquiram novos conhecimentos é necessário considerar as


seguintes condições:

• A aquisição de novos conhecimentos depende da memória (instantânea, curta e


longa duração), mas a memória de longa duração é necessária para as aulas.
• A fixação é dependente da disciplina na sala de aula.
• A aquisição de novos conhecimentos depende da mudança de actividade na sala de
aula, sendo o professor deve assegurar a realização de várias actividades
acognitivas ao longo da aula.
• Considerar os interesses e necessidades dos alunos.
• Os alunos devem compreender o significado do conteúdo transmitido.

A Consolidação (C) decorre logo depois da transmissão da Matéria nova.

Ela possui uma certa posição dentro da possibilidade de obtenção de conhecimento ou


capacidade ou habilidade duradoiras, aplicáveis na vida do dia a dia, como mostra a tabela
que se segue.

Tabela 1: Relação entre a realização didáctica, as fases de consolidação e sua aplicação na


vida diária.

Obtenção de conhecimentos e capacidades ou habilidades duradouras aplicáveis no dia a


dia do aluno
Realização didáctica Determinadas fases de Aplicação na vida diária
conveniente da matéria nova consolidação
Concentração do conteúdo Exercitação Nas aulas das outras
essencial disciplinas
Resumo
Relação entre conteúdos Excursões
Sistematização
Actividades do aluno e do Centro de estudo
Repetição
professor
Resolução de problemas
Aplicação
Métodos básicos

Vamos então, caro estudante, caracterizar os diferentes tipos da consolidação.


Prática Pedagógica de Didáctica de Biologia I - 69

a) Repetição: é uma fase da consolidação em que se reactivam capacidades,


conhecimentos já adquiridos com a função de fazer com que os alunos
compreendam melhor o que já foi adquirido e o que deve ser adquirido. A repetição
serve também para refrescar os conhecimentos adquiridos, aprofundar,
complementar, ligar os conhecimentos antigos aos novos. No início da aula usa-se a
repetição para assegurar um nível inicial que possibilita avançar para que o aluno
adquire novos conhecimentos ou capacidades/habilidades. Também deve-se
garantir a consolidação depois de atingir os objectivos parciais.

b) Sistematização: possibilita os alunos a separar o essencial do não essencial. A


sistematização deve incluir leis, definições, teorias, conceitos dessa disciplina.

c) Aplicação: é designada como a rainha da consolidação e o ponto mais alto da


consolidação. A aplicação significa utilizar conhecimentos e
capacidades/habilidades adquiridos à uma situação desconhecida, seja na prática
escolar, seja na vida social (por exemplo na solução de problemas do quotidiano, na
família e no trabalho).

d) Exercitação: implica a utilização de um algorítimo à uma situação conhecida.

Controle e Avaliação: esta função didáctica compreende várias formas, tais como a
interrogação oral, interrogação escrita, comparação das tarefas e provas (AP e ACS),
exames. No entanto, existem vários formas de avaliação: os gestos do professor, a mímica,
os gestos para interromper, chamar atenção, indicar o erro ou avaliação dos resultados dos
trabalhos do aluno oral ou dando notas.

• Considere a função didáctica de controle e avaliação e responda


as questões que se seguem:
• É possível classificar sem avaliar?
Tarefas
• A classificação por notas tem sido vista como um
estímulo/motivação para o aluno, mas, é também vista
como uma forma de penalizar/castigar o aluno. Porque?
Fundamente esta afirmação.
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Lição nº 11
Realização das aulas de Biologia considerando
os Métodos Básicos

Introdução
A condução eficaz do processo do ensino-aprendizagem depende do trabalho sistematizado
do professor que, tanto no planeamento como no desenvolvimento nas aulas conjuga
objetivos, conteúdos, métodos e formas organizativas do ensino.

Os métodos são determinados pela relação funções-objetivos-conteúdos, e referem-se aos


meios para alcançar os objectivos gerais e específicos do ensino, ou seja, ao “como” do
processo de ensino, englobando as acções a serem realizadas pelo professor e pelos alunos
para atingir objetivos e conteúdos.

O conceito mais simples de “método” é o de caminho para atingir um objetivo. Os métodos


são, assim, meios adequados para realizar os objetivos. O professor, ao conduzir e
estimular o processo de ensino em função da aprendizagem dos alunos utiliza
intencionalmente um conjunto de acções, passos, condições externas e procedimentos, que
chamamos de métodos de ensino. A escolha e organização dos métodos de ensino devem
corresponder, como já foi dito anteriormente, á necessária unidade funções-objetivos-
conteúdos-métodos e forma de organização de ensino e às condições concretas das
situações didáticas.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

• Identificar métodos didácticos e utilizá-los eficazmente nas


Objectivos da lição
aulas de Biologia;

• Selecionar métodos didácticos que permitem uma melhor


prática educativa.
Prática Pedagógica de Didáctica de Biologia I - 71

Conceito de Método Básico


Como já deve ter percibodo na introdução desta lição, caro estudante, o Método básico é o
modo da actividade do professor durante o processo de transmissão de conhecimentos, de
desenvolvimento de certas capacidades e habilidades e de formação de convicções atitudes
pelos alunos.

Os métodos, de um modo geral e segundo a natureza dos fins que procuram alcançar,
podem ser agrupados em tês tipos como mostra a tabela que se segue.

Tabela 1: Classificação dos métodos segundo a sua finalidade.

Métodos de Métodos de Organização Métodos de Transmissão


Investigação
são métodos que trabalham sobre eixos destinados a transmitir conhecimentos,
buscam conhecidos e procuram atitudes e também recebem o nome de
acrescentar e ordenar e disciplinar métodos de ensinar, são intermediários
aprofundar esforços para que haja entre o professor e o aluno na acção
outros eficiência no que se educativa que exerce sobre este último
conhecimentos deseja realizar

Métodos de ensino

Nesse contexto, Método didáctico é o conjunto lógico e único dos procedimentos


didácticos que tendem a dirigir a aprendizagem incluindo a apresentação, elaboração da
matéria até a verificação e a rectificação da aprendizagem. Dentro do Método didáctico
encontram-se os Métodos básicos.

Existem três métodos básicos importantes:

a. método de Apresentação ou expositivo (A);

b. método de Trabalho em conjunto (TC);

c. método de Actividade independente do aluno (AIA).

Método de apresentação (A)


Curso de Licenciatura em Ensino de Biologia

O método de apresentação ou expositivo é um método pedagógico centrado nos conteúdos.


Traduz-se na transmissão oral pelo professor de informação e conhecimentos ou conteúdos
em que a participação do aluno é diminuta. A estrutura, a sequência dos conhecimentos e o
tipo dos conteúdos são definidos pelo prfoessor. Este método é útil em determinadas
circunstâncias e a sua utilização pode verificar-se quando:

 o professor tem necessidade de expor os conteúdos biológicos de difícil


compreensão aos alunos;
 a sessão expositiva é o meio mais prático e menos oneroso de fornecer a
informação científica, porém, é necessário saber que oferece inúmeras
desvantagens para as aulas de Biologia;
 os conceitos devem ser explicados de maneira indutiva e o professor é o único a
poder responder às questões dos alunos;
 a sessão expositiva for a única forma de transmitir os conhecimentos ou esclarecer
dúvidas dos alunos e ainda acrescentar informação;
 o método for adequado aos objectivos da aula;
 servir de motivação do auditório para um tema novo;
 se pretende que o aluno adquira novos conceitos;
 se pretende fornecer directrizes para a execução de uma actividade.

A partir desta informação fornecida, prezado estudante, é possível caracterizar um aula


expositiva.

Características da aula expositiva


A aula expositiva é sem dúvida uma das formas mais comuns de instrução utilizadas nas
escolas moçambicanas em todos os níveis, pese embora o seu uso intensivo não seja
recomendado.

As aulas expositivas começaram nas universidades medievais, onde professores e alunos


não tinham livros, os professores liam suas anotações já preparadas a fim de difundir as
informações o mais amplamente possível. Mesmo com o advento da imprensa escrita, os
livros ainda eram artigos raros em Moçambique e até algumas décadas atrás a aula
expositiva era, a única maneira eficaz para ensinar um grande número de pessoas.

Estimativas recentes sugerem que a exposição oral é o modo dominante de instrução nas
salas de aula de faculdades, empregadas em talvez 75% das aulas. No contexto do ensino
Prática Pedagógica de Didáctica de Biologia I - 73

de Biologia em Moçambique a aula expositiva é provavelmente a mais aplicada com uma


percentagem não inferior a 75% embora haja muitos recursos para contrariar essa prática.
Assim, há portanto uma boa razão para compreender as vantagens e desvantagens da aula
expositiva.

Vantagens do método expositivo


Há várias razões, normalmente aceites, para seu uso abrangente em educação como as que
a seguir se apresentam:

a. exposições podem comunicar o interesse intrínseco da disciplina;


b. o expositor pode claramente comunicar seu entusiasmo, que por sua vez, pode
aumentar o interesse da audiência em aprender;
c. aulas expositivas podem compreender materiais ou assuntos não disponíveis em
outras formas ou meios de ensino;
d. é possível apresentar novos conteúdos que ainda não apareceram em livros ou
artigos;
e. um expositor competente pode utilizar várias páginas de informações, resumi-las e
apresentar todas as idéias principais em poucas horas;
f. pode atingir muitos alunos de uma só vez (por exemplo, sofisticado equipamento
audiovisual torna possível para um expositor ensinar a muitos alunos de uma
vez);
g. aulas expositivas apresentam uma ameaça mínima para o aprendiz.

Desvantagens do método expositivo


O método expositivo apresenta várias limitações das quais a seguir se apresentam algumas:

a. a falta de feedback geralmente acompanha as aulas expositivas;


b. embora um palestrante possa perceber alguma compreensão através de
expressões faciais e da linguagem do corpo, o feedback é, todavia, vago;
c. há passividade dos ouvintes, pois, para a maioria das pessoas, aprender é
facilitado pela execução de algum tipo de actividade;
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d. os alunos tendem a esquecer rapidamente as informações recebidas em


exposições orais;
e. a duração das aulas expositivas e a extensão do interesse dos alunos são
inversamente proporcionais;
f. as aulas expositivas não consideram as diferenças individuais de habilidade e
experiência.
g. o expositor tem que delimitar a apresentação no que pode ser considerado um
nível médio de dificuldades para aquela audiência em particular;
h. existem alguns alunos para os quais a apresentação provavelmente pode ser
muito simples e outros para os quais pode ser muito complexa.

Método de Trabalho em conjunto (TC)

O processo de ensino caracteriza-se pela combinação de actividades do professor e dos


alunos. A escolha deste método depende dos objectivos traçados para a aula, seguindo da
escolha e organização dos métodos didácticos e dos conteúdos específicos; outro aspecto a
considerar é o conhecimento das características dos alunos.

O Método de Trabalho em conjunto (também chamado Actividade em conjunto) consiste


na interacção activa entre professor e o aluno visando a obtenção de novas competências
no sentido de aprofundar os conceitos já discutidos. Este procedimento pode ser visto na
prática como uma discussão ou debate entre tópicos quebrando a sequência da exposição
verbal. Há uma transmissão pelo professor e recepção pelo aluno e vice-versa. O processo
de elaboração conjunta decorre sob duas formas:

 diálogo;
 discussão.

O dialogo pode ser conduzido de três formas que a seguir se apresentam:

a. diálogo catequético: é um diálogo interrogativo, em que predomina um ensino por


lições.

b. diálogo hermenêutico: é um diálogo que domina a interpretação de textos.


Prática Pedagógica de Didáctica de Biologia I - 75

c. diálogo heurético: é um diálogo de argumentação. O aluno deve deduzir as suas


conclusões de forma a descobrir a novidade por si próprio. A designação heurético
vem da palavra grega heureke que significa descobrir.

Como todo método de ensino, discussões apresentam vantagens e desvantagens. Pode ser
difícil obter a participação em algumas sessões baseadas em discussões, pois, discussões
podem ser ameaçadoras, especialmente para alunos novatos, que sentem com nada a dizer,
mas também para alunos experimentados que não têm vontade de se expor. Além de mais,
em algumas culturas, especialmente em algumas culturas moçambicanas, os jovens
aprendem nos ritos de iniciação que é considerado inapropriado se sobressair ou mostrar-se
muito afeito em um grupo.

Uma outra característica das discussões é que elas gastam mais tempo que uma simples
exposição. O observador inexperiente pode sentir que o ritmo vagaroso significa que nada
está a ser concretizado.

Método de Actividade independente do aluno (AIA)


Pode-se iniciar esse método com a colocação de uma tarefa. Os alunos podem ter uma
actividade duradoura.

Por exemplo: os alunos podem observar certos fenómenos, tais como a germinação
das sementes. Pode ser uma actividade que os alunos irão realizar durante semanas,
dias ou nas aulas. Os alunos recebem uma orientação de modo que possam resolver
certos problemas. A interpretação de figuras, gráficos ou tabelas é também uma
actividade independente do aluno, tal como fazer exposição e coleccionar objectos
naturais. Durante a AIA o professor realiza algumas actividades como as que a
seguir se apresentam:

a. o professor nomeia e descreve os objectos de trabalho;

b. assegura as condições de trabalho;

c. ajuda, corrige e valoriza os resultados do trabalho.


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A actividade do professor deve ser menor que a do aluno. Entretanto, os próprios alunos
devem formular as hipóteses, procurar os métodos e caminhos para descobrir o caminho
para solução da tarefa ou do respectivo problema.

Como já foi dito no início desta lição, a escolha e organização dos métodos de ensino
devem corresponder à necessária relação de funções-objectivos-conteúdos-métodos e
formas da organização de ensino e às condições concretas das situações didácticas. Para a
escolha e organização dos métodos de ensino deve-se ter em consideração os seguintes
aspectos:

a. Os métodos de ensino dependem dos objectivos imediatos das aulas: introdução da


Matéria nova, explicação e/ou descrição dos conteúdos, desenvolvimento de
habilidades, consolidação de conhecimentos, etc. Ao mesmo tempo depende de
objectivos gerais da educação previstos nos planos de ensino elaborados pela escola
ou pelos professores.
b. Os métodos dependem dos conteúdos específicos e dos métodos peculiares de cada
disciplina e dos métodos da sua assimilação.
c. Há uma relação mútua entre os métodos gerais de ensino comuns e fundamentais a
todos as disciplinas e os métodos específicos de cada uma.
d. Não há método único de ensino, mas sim, uma variedade de métodos cuja escolha
depende dos conteúdos da disciplina, das situações didácticas específicas e das
características sócio-culturais e de desenvolvimento mental dos alunos.
e. A escolha de métodos implica o conhecimento das características dos alunos
quanto à capacidade de assimilação conforme a idade e nível de desenvolvimento
mental e físico e quanto às suas características sócio-culturais e no processo de
transmissão, assimilação de conhecimentos e habilidades, a actualização das
capacidades potenciais dos alunos, de modo que adquiram e dominem métodos
próprios de aprender.

Como pode imaginar, prezado estudante, a utilização tanto das Funções didácticas como
dos Métodos básicos deve ser planificada.

Sendo assim, torna-se necessário aumentar os seus conhecimentos já adquiridos na


Didáctica Geral sobre a planificação das aulas.
Prática Pedagógica de Didáctica de Biologia I - 77

Planificação das aulas de Biologia


Para uma melhor organização do PEA é necessário elaborar um Plano de lição.

Plano de lição é uma fixação escrita da concepção didáctica de uma aula, mas não pode
ocorrer em forma de uma análise didáctica.

Existem dois passos principais para a planificação de uma aula:

• Análise do objecto ou Análise científica;


• Análise didáctica.

Análise cientifica
Durante a análise cientifica o professor deve estar dotado dos seguintes aspectos:

• Deve conhecer os conceitos científicos e sua ordenação no sistema de conceitos;


• Deve reconhecer as condições para a formulação de um problema;
• Deve conhecer a representação e caracterização da estrutura e importância dos
conteúdos o que implica:
 A análise das partes de um determinado conteúdo;
 A análise dos resultados empíricos que já existem em relação a um
determinado conteúdo;
 Apresentação das ligações entre os conteúdos temáticos;
 Explicação de certos fenómenos biológicos que significa utilizar
conceitos científicos;
 Conhecer a literatura científica a utilizar ou consultar.

A análise cienífica decorre antes da análise didáctica. Deve-se analisar o conteúdo


científico que se pretende leccionar.

Esta análise deve incluir aquelas informações que o professor precisa para a sua aula
(especialmente conceitos científicos).

A análise científica tem como objectivos os que se mencionam a seguir:

• Aplicar de forma sólida e utilizar as literaturas científicas;


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• Analisar o objecto científico considerando as suas partes, ligações e qualidades;


• Formar sistemas de conceitos incluindo ligações e relações entre os conceitos.

Análise didáctica
A análise didáctica inclui os aspectos que a seguir se mencionam:

• O fundamento da escolha do tema;


• Fixação da concepção da estrutura da aula;
• Transformação e redução didáctica;
• Decisão sobre os meios didácticos;
• Decisão sobre métodos didácticos;
• As condições da turma e específica dos alunos;
• As condições situativas;
• A consulta bibliográfica.

Exemplificaremos logo a seguir alguns dos aspectos acima mencionados.

O fundamento da escolha do tema depende do programa de ensino que é um documento


orientador obrigatório.

As condições específicas dos alunos considera que cada aluno tem as suas qualidades
específicas, por isso é preciso:

• Considerar os objectivos e subjectivos dos alunos;


• Conhecer as habilidades, capacidades e atitudes que os alunos têm;
• Conhecer a utilização dos meios didácticos e formas sociais;
• Conhecer a linguagem científica;
• Conhecer as diferentes camadas sociais dos alunos.

As condições situativas referem-se aos aspectos que a seguir se mencionam:

• Tempo para a aula ou unidade;


• Lugar de ensino;
• Condições relativas aos meios didácticos;
• Número de alunos (tem grande influência na planificação).
Prática Pedagógica de Didáctica de Biologia I - 79

Transformação e Redução didáctica significa simplificar os conteúdos para os alunos.

Os métodos para a redução didáctica são:

• Redução didatico-sectorial (apresentação do essencial do aspecto científico);


• Redução didatico-estrutural (Simplificação da extensão e da complexidade dos
objectos, fenómenos e processos).

A Transformação didáctica inclui a transmissão do conteúdo e métodos científicos


considerando os objectivos de ensino, o tempo disponível, condições especificas (dos
alunos e da turma).

A parte mais importante da Transformação didáctica é a Redução didáctica.

Além da Redução didáctica fazem parte da Transformação didáctica:

• A redução de determinados objectivos e conteúdos, utilizando exemplos concretos;


• As transformações das representações verbais (textos) em representações visuais
(tabelas, gráficos, esquemas);
• A utilização dos modelos;
• A redução da complexidade dos conceitos científicos;
• A redução da complexidade das frases.

Fixação da Concepção e da Estrutura da aula ou plano da aula


Caro estudante! Com certeza reconheceu mais uma vez a importância da planificação das
aulas. No entanto, uma planificação requer que se fixa a estrutura da aula. Para isso, como
já dizemos acima, serve um Plano de lição.

Plano de aula ou de lição

Um plano de lição inclui os seguintes aspectos:

 A indicação dos aspectos gerais em relação à escola, à turma, à unidade didáctica e


ao tema;

 A formulação dos objectivos mais específicos (nos três níveis ou âmbitos);


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 O Plano de lição propriamente dito;

 A apresentação do Quadro mural.

A seguir apresentamos um exemplo de um Plano de lição que prevê o decurso de uma aula.

1. Aspectos gerais

Escola.................................................................................................
Unidade temática: ..............................................................................
Tema da aula: ...................................................................................
Classe: ........... Turma: ............... Data: ..................
Nome do professor: ..........................

2. Objectivos

a) No nível cognitivo (ou no âmbito de conhecimentos):


b) No nível psicomotor (ou no âmbito das capacidades/habilidades):
c) No nível afectivo (ou no âmbito das convicções/attitudes):

3. Plano de lição (propriamente dito)

Tempo FD’s MB’s Conteúdo Actividades Observações/meios


Professor Aluno didácticos

MB's – Métodos Básicos; FD's – Funções Didácticas

4. Quadro mural
O Quadro mural é um meio extremamente importante que os professores devem usar duma
maneira constante. Mas para que ele seja realmente útil nas escolas deve ser bem usado.

O professor deve escrever de maneira ordenada, de cima para baixo e da esquerda para a
direita de modo a que os alunos possam seguir ordenadamente a exposição e possam fazer
anotações nos cadernos. Ao passar a informação do quadro mural “em ficha” para o quadro
mural em “quadro preto” pode-se escrever com giz branco ou colorido.
Prática Pedagógica de Didáctica de Biologia I - 81

Significado do quadro mural


Segundo Müller (2005), Quadro mural significa o resumo do conteúdo (que o professor vai
fixar no quadro, na transparência, nas folhas e fichas para a actividade dos alunos;
perguntas e tarefas para um controle ou teste escrito).

Tipos de quadro mural


Existem vários tipos de quadro mural, mas os mais usuais são os que a seguir se
apresentam:

• Tipo texto ou descritivo: predomina o texto, realçando os aspectos mais


importantes;
• Tipo desenho: predomina o desenho, as palavras podem aparecer, mas não
dominam;
• Tipo combinado: apresenta texto e desenho de forma equilibrada.

Importância do Quadro mural


Como já foi ditto anteriormente, o Quadro mural tem uma certa importância para o
processo de ensino-aprendizagem.

Mencionamos logo a seguir alguns aspectos a considerer.

• Introdução e Estruturação da aula;


• Transmissão e apresentação dos conteúdos de forma resumida, organizada e
sistematizada;
• Consolidação do conteúdo;
• Controle e avaliação dos resultados da aprendizagem.

Os quadros murais podem ser distinguidos por se apresentarem de várias formas:

• Quadro mural “permanente”, que afixa os resultados essenciais ou importantes


de uma aula e os alunos escrevem tudo nos seus cadernos. O quadro mural
permanente exige planificação rigorosa!
• Quadro mural “temporário”, que serve para explicações expontâneas,
escrevendo as expressões complicadas, fazendo cálculos secundários e dando
Curso de Licenciatura em Ensino de Biologia

informações secundárias. O quadro mural temporário exige a planificação do


professor!
• Quadro mural “espontâneo”, que serve para explicações espontâneas no quadro
preto, verde ou branco, a partir da situação da aula.
O professor tem que escrever no quadro de maneira legível e do tamanho suficientemente
grande para que os alunos nos últimos bancos possam ler sem dificuldades. Todos os
termos novos, datas e nomes, devem ser escritos como também explicados.

Deve ser evitada a exposição de erros porque podem ser fixados pelos alunos mais fracos.
A sugestão provocada por essa exposição, pode funcionar com agente fixador desses erros.

O quadro deve ser colocado de forma que evite reflexões de luz, pois nada e mais
desanimador para o aluno quando tem que trabalhar com quadros que lhe perturbem a
visão.

Existe a possibilidade, caro estudante, que o professor, em vez de desenvolver um Quadro


mural, elabora Textos de apoio ou Fichas de trabalho. Sendo assim, é oportuno destacar
algumas informações em volta destes dois meios.

Textos de apoio
O texto de apoio, visa ocupar o aluno fora da sala de aula, bem como dentro dela. Ele tem
que conter uma linguagem clara e simples para que o aluno não enfrente dificuldades. O
nível dos textos de apoio, deve corresponder ao nível de capacidades dos alunos e deve ter
uma parte com tarefas e exercícios.

Fichas de trabalho
As fichas de trabalho são geralmente utilizadas pelo professor, como meio para exercitar,
aplicar, repetir, sistematizar, controlar e avaliar os conhecimentos adquiridos.

Uma ficha de trabalho pode ser feita em forma de transparência, podendo ou não
apresentar lacunas acerca do assunto a ser tratado.

Elabore uma ficha de apoio sobre o tema “Alimentação e nutrição” da 8ª


Classe considerando as exigências para a apresentação de uma ficha de apoio.
Tarefas (Trabalho em grupo)
Prática Pedagógica de Didáctica de Biologia I - 83

Prática pedagógica
O plano de lição é uma fixação escrita da concepção didáctica de uma aula que pode
contemplar duas fases, nomeadamente: a análise didáctica e a científica.

Planifique uma aula sobre a “Estrutura e função dos neurónios” e simule a sua execução
nas aulas de Práticas Pedagógicas. Veja a seguir o modelo de planificação a usar durante a
concepção da aula e inclua o quadro mural do tipo misto.

Escola......................................................................................................
Unidade temática....................................................................................
Tema da aula..........................................................................................
Classe .......Turma............... Data ..................Nome do professor............
Objectivos:
a) No nível cognitive
b) No nível psicomotor
c) No nível afectivo

Tempo FD’s MB’s Conteúdo Actividades Observações/meios


Do Professor Aluno didácticos

MB's – Métodos Básicos; FD's – Funções Didácticas

NB: O quadro mural deve estar em anexo a tabela de previsão do decurso da aula acima
indicada.
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Lição nº 12

Utilização dos meios didácticos nas aulas de


Biologia

Introdução
Caro estudante! Com certeza concorda connosco, se afirmamos que os meios didácticos
são para o professor meios de apoio para o tratamento da matéria e para o cumprimento
dos objectivos de ensinar em que criam condições favoráveis para o aumento da
efectividade do ensino e aprendizagem e são para os alunos meios de observação e de
trabalho que contribuem para a aquisição de conhecimentos, capacidades e habilidades. A
concepção e escolha dos meios didácticos deve tomar em consideração o seu grau de
abstracção em que o menor grau de abstracção corresponde aos objectos reais vivos e o
maior corresponde às simbolizações.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

Objectivos da lição • aplicar os critérios para a escolha dos meios didácticos;


• utilizar os meios didácticos considerando as exigências para
a apresentação dos meios didácticos nas aulas de Biologia;
• escolher os meios didácticos para as aulas de Biologia
considerando os intervenientes do Processo do Ensino-
aprendizagem.

Classificação de meios didáctico


Como já definimos na introdução desta lição o que são meios didácticos, vamo-nos ocupar
já a seguir com a classificação dos mesmos.

Müller (2005), classifica os meios didácticos considerando o critério de abstracção. Sendo


assim, os meios didácticos são divididos em dois grandes grupos: os objectos reais e os
objectos representativos. De acordo com a mesma autora, os objectos reais podem ser
Prática Pedagógica de Didáctica de Biologia I - 85

classificados em objectos que estão em conexão com a realidade onde pode-se encontrar a
conexão auténtica (por exemplo: ecossistema) ou a conexão imitada (por exemplo:
aquário). Os objectos reais pode-se encontrar também fora da conexão com a realidade,
onde se pode distinguir entre objectos vivos e objectos mortos. Enquanto que os objectos
representativos podem ser representações onde pode-se encontrar fenómenos (por
exemplo: fotografias coloridas) e características (por exemplo: desenho, modelo) e
simbolizações onde encontramos símbolos, figuras geométricas, letra escrita e falada.

Tab. 1 Classificação dos meios didácticos (Müller, 2005).

Meios didácticos

Objectos reais Objectos representativos

Em conexão com a Fora da conexão Representações Simbolizações


realidade com a realidade
- Fenómenos - Símbolos
- Conexão auténtica - Objectos vivos
- Características - Figuras
- Conexão imitada - Objectos mortos geométricas
- Letra escrita
e falada

Fenómeno – correspondem mais ou menos à realidade no que diz respeito a cor e o


tamanho, por exemplo.

Características – mostram apenas o essencial que é necessário para o seu estudo; variam
em tamanho, cor normal e no seu próprio tamanho, por exemplo.

Símbolos – designam um tipo de signo em que o significante (realidade concreta)


representa algo abstracto. Por exemplo utilizam-se na Biologia símbolos como ♀
(feminino), ♂ (masculino).

Figuras Geométricas - representam o essential recorrendo esquematizações geométricas


como, por exemplo:

glicose ; aminoácidos ; lípidos


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Letras – são unidades de uma palavra escrita ou falada. A palavra falada tem a maior
abstracção de todos os meios didácticos.

Função dos meios didácticos


A partir da definição do conceito de meios didácticos podemos deduzir certas funções. No
entanto, caro estudante, destacamos neste parágrafo as seguintes:

• constituem um material precioso no ensino;


• constituem um suplemento necessário para atingir os objectivos de aprendizagem.
• ampliam os esforços do professor;
• organizam a aula permitindo que o professor fique menos dependente dos seus
apontamentos, evitando que o aluno se perca;
• introduzem o assunto da aula;
• motivam o aluno estimulando o interesse, captando a atenção e levando à
participação;
• representam a realidade objectiva:
• ajudam a estruturar os processos da condução didáctica;
• ajudam a classificar conceitos abstractos;
• exemplificam situações diversas;
• ajudam a reter um assunto;
• poupa tempo;
• possibilitam o desenvolvimento de conhecimentos e capacidades/habilidades
duradouras e sua aplicação na vida diária.

O esquema que se segue mostra a relação das funções dos meios didácticos.
Prática Pedagógica de Didáctica de Biologia I - 87

Fig. 1 Funções dos meios didácticos.

Em relação a função de informação existem dois modelos de meios didácticos,


nomeadamente o modelo enriquecido (que fornece uma informação completa e acabada
aos alunos sendo ter uma legenda completa) e o modelo contextualizado (que fornece uma
informação incompleta e não acabada, não tendo legenda ou tendo uma legenda
incompleta).

A figura 1 nesta lição fornece uma vista geral sobre as funções dos meios
didácticos, apresentando seis (6) grupos de funções. Ordene cada uma das
funções mencionadas no texto (antes da figura 1) para o seu respectivo grupo.
Tarefas
Curso de Licenciatura em Ensino de Biologia

Para que o professor utilize correctamente os meios didácticos nas aulas, é necessário ter
conhecimentos sobre alguns factores da sua escolha.

Factores a considerar durante a escolha dos meios didácticos


A figura 2 dá uma vista geral sobre os factores a considerar.

Fig. 2 Factores para a escolha dos meios didácticos.

Exigências para a apresentação dos meios didácticos


Segundo Pereira (1993:139), os meios didácticos devem ser apropriados, isto é, adequados
aos objectivos da unidade e da aula, devem também ser simples (que envolvem pouca
explicação), pois, um meio didáctico complicado faz com que a atenção do aluno se
desvie. Se possível, os meios didácticos devem ser atraentes mas não devem dispersar a
atenção dos alunos, deve ser possível manejar ou ser fácil de manipular e por fim, devem
ser visíveis.

Todos os meios didácticos tem os seus valores específicos que são aplicáveis e
combináveis a muitos factores. Para a utilização dos meios didácticos, o professor deve
fazer uma selecção cuidadosa tendo em conta o método de ensino a empregar, o conteúdo a
transmitir e tem que escolher o momento da aula que deve aplicá-los.

Ao seleccionar os meios didácticos o professor deve ter em conta os seguintes aspectos:

• os meios didácticos devem estar em concordância com os objectivos da aula (classe


ou unidade didáctica);
• os meios didácticos servem de estímulos para novas actividades;
Prática Pedagógica de Didáctica de Biologia I - 89

• o professor entrega os meios didácticos para sustentar a informação, verificar e


avaliar como e que os conhecimentos foram adquiridos pelos alunos;
• o professor emprega os meios didácticos com o fim de ilustrar, levar o aluno a ver,
a investigar, descobrir, e construir;
• os meios didácticos assumem assim um aspecto funcional e dinâmico,
proporcionando a oportunidade de enriquecer a experiência do aluno, aproximando-
o da realidade objectiva e oferecendo-lhe a oportunidade de actuação;
• os meios didácticos devem ter uma boa apresentação e conservação;
• devem permitir que o aluno active o seu raciocínio, usando, por exemplo; uma
ficha de trabalho para preenchimento;
• devem ter um conteúdo informativo correcto, por exemplo, modelo do aparelho
digestivo humano.

Emprega-se meios didácticos nas seguintes fases da aula:

• antes do resumo ser tratado na aula, quando pretendemos estimular o interesse pela
aprendizagem (por exemplo: informação de um jornal sobre a poluição,
experiências simples sobre a identificação de nutrientes nos alimentos ou extracção
de pigmentos nas plantas através de cromatografias, etc.).
• durante o estudo da matéria nova, quando queremos a participação dos alunos e a
partir dela para um maior aprofundamento (por exemplo: tabelas de valores e
respectivos gráficos para em seguida traçar gráficos sobre a taxa fotossintética,
textos de apoio, etc.);
• depois do tratamento da matéria, quando queremos comprovar e/ou confirmar uma
actividade e o seu resultado (por exemplo: projectando um filme, slides, desenhos,
fotografias, cartazes, sobre a matéria dada, realizando uma experiência, trabalhando
com as fichas de trabalho, etc.).

Se é possível, o professor tem que usar sempre os meios didácticos reais, pois é a partir
deles que os alunos desenvolvem a sua capacidade de observação e sensação e sobretudo
tornam-se capazes de elaborar o conhecimento a partir da realidade viva, o aluno tendo
diante de si um objecto em tamanho natural, pode captar:
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• a sua forma;
• a sua cor ou cheiro;
• o material que o constitui;
• o seu peso e densidade;
• as suas dimensões e as suas propriedades químicas e físicas.

Existe um grande número de objectos reais que por objectivos óbvios (tamanho, peso,
raridade), não poderão ser utilizados na escola na sua forma original, por exemplo, as
árvores, os rios, mares, alguns ecossistemas, etc. Esses objectos podem ser representados
por imitações, através da construção de modelos.

Classifique o meio didáctico apresentado na fotografia (peixe) no sistema de


meios didácticos.

Tarefas
Prática Pedagógica de Didáctica de Biologia I - 91

Prática pedagógica
Elabore/construa meios didácticos para as aulas de Biologia utilizando materiais de fácil
acesso.

Considere os exemplos que a seguir se apresentam:

• roda de alimentos gigante,

• tabuleiros de cruzamentos genéticos,

• tabela do ciclo menstrual,

• cadeia alimentar em tabela gigante,

• modelo de digestão enzimática,

• jogo de afinidades das bases azotadas gigantes e outros.

Depois de produzir o meio didáctico, deverá produzir um relatório do processo de


concepção, planificação e elaboração incluindo procedimentos para a sua utilização em
aulas de Biologia de acordo com o tema da aula em que será utilizado.

Veja alguns exemplos de meios didácticos produzidos com material de fácil acesso na
fotografia que a seguir se apresenta:

Nota: O meio didáctico por si produzido deve obedecer as exigências para a apresentação
dos meios didácticos para que sirva de material para as aulas de Biologia.
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Lição nº 13
Utilização dos modelos e método de modelo

Introdução
Modelos são objectos representativos utilizados quando não é possível colocar os objectos
reais a disposição ou quando não é possível estudar particularidades importantes de um
objecto real.

Como foi dito na lição anterior, existe um grande número de objectos reais que por
objectivos óbvios (tamanho, peso, raridade), não poderão ser utilizados na escola na sua
forma original.

Sendo assim, torna-se necessário, prezado estudante, substituir os objectos reais por
objectos representativos. No entanto, para a aplicação desses objectos existem também
certas exigências que o professor deve tomer em consideração.

Ao completar esta lição, você será capaz de:


• Identificar as características dos modelos;
Objectivos da lição • Classificar os modelos segundo a sua função;
• Aplicar o método de modelo nas aulas de Biologia.

Características dos modelos


• Apresentam semelhanças e analogias com o objecto real, mas não são idênticos aos
objectos e processos reais.
• Reflectem características essenciais dos objectos reais;
• São meios para a obtenção de novos conhecimentos sobre objectos, fenómenos e
processos existentes na realidade.
Lição nº 13 - 93

Classificação dos modelos


Os modelos podem ser classificados em dois grupos fundamentais (Müller, 2005):

• Planares (por exemplo: fotografias, escantilhões, mapas, desenhos, etc.);


• Tridimensionais, aqueles que apresentam as três dimensões de altura, comprimento
e largura (por exemplo: bonecos, objectos geomérticos, esculturas que representam
objectos reais, etc.).

Considerando os critérios acima indicados, podemos apresentar a seguinte classificação.

Fig. 1 Classificação de modelos.

Método de modelo
O método de modelo é um método científico para a obtenção da informação e de
conhecimentos sobre determinadas características da realidade utilizando modelos.

O método de modelo serve para a descrição e/ou explicação de objectos, fenómenos ou


processos existentes na realidade, cuja manipulação durante a observação e /ou
experimentação não é possível sendo ser substtuídos pelos modelos.
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Como qualquer outro método científico (método de observação e método experimental), o


método de modelo apresenta os passos que já a seguir são mencionados.

Passos do método de Modelo


1. Colocação do problema
2. Formulação da hipótese
3. Revisão da hipótese segundo o método de modelo
3.1. Dedução das conclusões experimentalmente
prováveis
3.2. Observação ou experiência utilizando o
método de Modelo
 Formulação da tarefa para observação
 Planificação da realização das actividades
práticas e preparação das bases técnico-materiais
 Realização da observação ou experiência
 Observação
 Registo dos resultados da observa,cão ou
experiência
3.3. Comparação dos resultados da observação
com as conclusões da hipótese
3.4. Revisão da veracidade ou falsidade da
hipótese

4. Resposta ao problema

• Numa aula sobre as características dos insectos, um professor


apresenta para os seus alunos um gafanhoto vivo, numa outra aula
sobre o mesmo conteúdo outro professor apresentou para os seus
alunos um boneco de gafanhoto. Qual deles apresentou um modelo?
Tarefas Justifique a sua resposta.
• Classifique os modelos segundo a função de informação, considerando
um cartaz com legenda e outro cartaz sem legenda.
Lição nº 13 - 95

Lição nº 14
Tratamento de aspectos teóricos nas aulas de
Biologia

Introdução
É importante salientar que a finalidade primordial da ciência não é formular hipóteses, mas
sim, sistematizar teorias. A teoria não é pura e simplesmente uma colectânea de hipóteses.
A verdade é que nem sempre é fácil encontrar teorias ao mesmo tempo simples e de amplo
espectro, ou seja, que possam ser entendidas por leitores das várias áreas do conhecimento.
Por outro lado, os argumentos que corroboram ou derrubam teorias são, em princípio,
idênticos aos que corroboram ou derrubam hipóteses. Poderíamos também dizer que uma
hipótese é, ou simula ser, uma teoria, cujo conjunto de hipóteses é unitário.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

Objectivos da lição • Utilizar eficazmente os aspectos teóricos nas aulas de


Biologia;
• Elaborar teorias biológicas com base na observação e
experimentação de processos, fenómenos e objectos
biológicos.

Conceito de teoria

Teoria é um conjunto ordinário de depoimentos verdadeiros sobre uma parte da realidade


objectiva, ou, é um conjunto de hipóteses coerentemente interligadas, tendo por finalidade
explicar, elucidar, interpretar ou unificar um dado domínio do conhecimento.

Isso significa que depoimentos regulares são partes importantes de uma teoria, para alem
disso uma teoria compõe-se de depoimentos que se referem a alguns factos.
Curso de Licenciatura em Ensino de Biologia

Em geral, a dificuldade inerente ao grau de complexidade de uma teoria, pode ser


superada, desde que o cientista conheça a fundo esta teoria, cujo grau de aceitabilidade
pretende testar, e domine a lógica envolvida em situações similares, porém simples, como
aquelas que aparecem nos compêndios sobre o assunto.

A ênfase, dada pelos textos de metodologia científica, a métodos relacionados a testes de


hipóteses, contrasta com a quase ausência de referências a métodos relativos à prática da
teorização.

Existem excepções a esta regra, indicados especialmente para os iniciantes da área de


exactas, embora não especificamente dirigido a esta temática.

A prática da teorização, com raríssimas excepções, não se aprende na escola. Grandes


teorizadores, por terem aprendido a utilizar uma técnica não encontrada nos livros
tradicionais, e que nem mesmo é ensinada na maioria dos regimes de iniciação científica,
chegaram a ser confundidos com gênios. É bem possível que estes gênios tenham
adquirido esta práxis cultuando algum resquício da filosofia que a sociedade moderna não
conseguiu despedaçar.

O conhecimento biológico resulta das teorias e experiências, e por sua vez, as teorias
resultam da sistematização de factos observados e coerentes em relação as experiências. A
teoria orienta as fases da pesquisa e o trabalho experimental, agrupa em sistemas coerentes
os factos conhecidos. Assim, a teoria contextualiza o facto e implica a construção de
atitudes para a aprendizagem positiva, tais como: a interacção, conhecimento anterior,
conhecimento novo a partir do anterior e novo conhecimento, não para eliminar o anterior.

Possibilidades para a teorização das aulas de Biologia


Existem três possibilidades para a teoriazação das aulas de Biologia nas escolas:

• tratamento por indução empírica;

• tratamento por indução teórica;

• tratamento por dedução.


Lição nº 13 - 97

A indução empírica nos permite generalizar a partir do particular por apresentação de


muitos objectos, processos e fenómenos biológicos. Pode se dar também pela constatação
de indícios por alterações e relações ou a selecção de indícios essenciais por operação e
finalmente faz-se a formulação das regularidades teóricas. A indução teórica dá a
generalização a partir da apresentação de um objecto para dele observar e estabelecer uma
relação com o processo ou fenómeno biológico em estudo. É a selecção de indícios
essenciais, a formulação de regularidades, verificação com base em outros objectos onde
também é possível verificar através de experiências e confirmar a teoria.

Fig. 1 Esquematização do processo de indução empírica.

O argumento indutivista baseia-se na crença do princípio da indução que, de entre outras


formas, pode ser enunciado da seguinte maneira:

"Se, em dadas condições, um determinado fenómeno, sempre que pesquisado, se


repetiu, em futuras verificações o mesmo sucederá."

Este princípio, tem o mesmo campo de acção que a regra científica fundamental, e para
que possa caracterizar-se como metodológico, e não apenas norteador, torna-se mais
restritivo que a regra científica fundamental afirma, ao invés de supor.

O indutivista admite ser possível partir da observação e chegar a teorias apelando


exclusivamente ao raciocínio indutivo. O método indutivo baseia-se na crença de que é
possível confirmar um enunciado universal (teórico) através de um certo número de
observações singulares.

A boa teoria, de entre outras qualidades, é aquela que é potencialmente geradora de


hipóteses falseadoras; e tanto melhor será quanto maior for o risco de ser negada. Ela pode
Curso de Licenciatura em Ensino de Biologia

até mesmo ser derrubada no primeiro teste a que for submetida, o que não invalida o que
foi dito: foi uma boa teoria enquanto durou, e voltará a ser se conseguir ressurgir.

Dito em outras palavras: o critério, para se avaliar a virtude de uma teoria nascente,
repousa no seu grau de submissão a testes adversos. Uma teoria de baixo risco raramente é
bem vinda; e uma teoria sem risco algum de ser refutada não é científica e pode se dizer
que sequer é teoria.

Para confirmar os conhecimentos adquiridos através do tratamento de leis e teorias


constata-se que o método científico contém os passos que permitem obter um
conhecimento intelectual por parte dos alunos tais como:

• Observação

• Recolha de dados

• Hipóteses (explicação antecipada da observação)

• Experimentação (comprova ou refuta a hipótese perante a observação)

• Indução empírica da lei ou teoria que fornece a explicação.

Portanto, é preciso notar que o conhecimento intelectual é construído de forma lenta de


modo a construir o conhecimento científico que é metódico, rigoroso, sistemático e
transmissível. A abordagem teórica da matéria escolar no ensino de Biologia é de grande
importância para o aluno.

E assim, a partir dos itens anteriormente referidos é possível demonstrar que partindo da
actividade de fundamentar, desenvolver uma teoria sobre o método científico utilizando-se
as seguintes hipóteses:

• O progresso científico tem sua origem na intuição;

• A produção de conhecimentos passa necessariamente pelas etapas dedução, análise,


indução e síntese, na ordem apresentada.

No entanto, caro estudante, sempre é necessàrio relacionar a prática com a teoria. Sendo
assim, mencionamos no fim deste Módulo da Didáctica de Biologia I o princípio da
consideração do empírico e teórico, que tem importância não só para a a planificação e
Lição nº 13 - 99

realização das aulas. A aplicação deste princípio didáctica é fundamental para a elaboração
dos programas de ensino que apresentam um guião para a transmissão de conhecimentos,
capacidades/habilidades e convicções/atitudes pelo professor e aobtenção dos mesmos
pelos alunos.

Citamos neste espaço mais uma vez Mintes, Wandersee e Novak:

“... descobrimos que os argumentos filosóficos podem ser conduzidos em qualquer nível
escolar, incluindo turmas com alunos com uma capacidade abaixo da média.”

Fig. 2 Princípio didáctico da consideração do empírico e teórico.

Nas aulas o caminho do empírico para o teórico é o mais usado e favorável, especialmente,
para as classes mais baixas; enquanto com a maior capacidade de abstracção que o aluno
desenvolve ao longo dos anos, ou seja, em classes mais elevadas, utiliza-se o caminho do
teórico para o empírico com mais frequência.

Infelizmente, na prática pedagógica em Moçambique a aplicação do princípio didáctico da


consideração do empírico e teórico é quase inexistente.

O processo da digestão dos alimentos começa na boca.


a) Enuncie duas teorias relacionadas com esse processo.
Tarefas b) Quais as experiencias/observações que deram origem a essas
teorias?
Curso de Licenciatura em Ensino de Biologia

Bibliografia Geral
• AXELROD, J. The University Teacher as Artist. Jossey-Bass. San Francisco, 1976.

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Leitura
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• DEMO, P. Conhecimento Moderno: sobre a Ética e Intervenção do Conhecimento.


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• EBLE, K.E. The Craft of Teaching, Josseau-Bass, San Francisco, 1976.


Lição nº 13 - 101

• FARIA, Anália Rodrigues de. O desenvolvimento da criança e do adolescente


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• FIRME, T. P. Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação. Rio de Janeiro,
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• MÜLLER , Susann. Didáctica de Ciências Naturais. Texto Editores. 2005.

• GADOTTI, M. Uma escola para todos os caminhos da autonomia escolar.


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• GARDNER, Howard. Estruturas da Mente - A teoria das Inteligências Múltiplas.
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