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Supremo Tribunal Federal

Ementa e Acórdão

Inteiro Teor do Acórdão - Página 1 de 12

31/05/2021 PLENÁRIO

EMB.DECL. NOS EMB.DECL. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 1.171.699


SERGIPE

RELATORA : MIN. CÁRMEN LÚCIA


EMBTE.(S) : MUNICÍPIO DE ARACAJU
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO MUNICÍPIO DE
ARACAJU
EMBDO.(A/S) : LOTEPLAN - LOTEAMENTOS E INCORPORACOES
PLANEJADAS EIRELI
ADV.(A/S) : RAUNY CARVALHO SILVA

EMENTA: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO


EXTRAORDINÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. MODULAÇÃO DE EFEITOS.
JURISPRUDÊNCIA CONSOLIDADA: IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA
DE OMISSÃO, OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OU ERRO MATERIAL.
IMPOSSIBILIDADE DE REDISCUSSÃO DA MATÉRIA. EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO REJEITADOS.
ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do


Supremo Tribunal Federal, em Sessão Virtual do Plenário, na
conformidade da ata de julgamento, por unanimidade, em rejeitar os
embargos de declaração, nos termos do voto da Relatora. Sessão Virtual
de 21.5.2021 a 28.5.2021.

Brasília, 31 de maio de 2021.

Ministra CÁRMEN LÚCIA


Relatora

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31/05/2021 PLENÁRIO

EMB.DECL. NOS EMB.DECL. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 1.171.699


SERGIPE

RELATORA : MIN. CÁRMEN LÚCIA


EMBTE.(S) : MUNICÍPIO DE ARACAJU
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO MUNICÍPIO DE
ARACAJU
EMBDO.(A/S) : LOTEPLAN - LOTEAMENTOS E INCORPORACOES
PLANEJADAS EIRELI
ADV.(A/S) : RAUNY CARVALHO SILVA

RELATÓRIO

A SENHORA MINISTRA CÁRMEN LÚCIA (Relatora):

1. Na Sessão Virtual de 22.11.2019 a 28.11.2019, o Plenário do


Supremo Tribunal Federal negou provimento ao recurso extraordinário
interposto pelo Município de Aracaju/SE, ao seguinte fundamento:

“RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL.


EXECUÇÃO FISCAL. DECLARAÇÃO DE
INCONSTITUCIONALIDADE DA ALTERAÇÃO DOS LIMITES
INTERMUNICIPAIS POR AUSÊNCIA DE OBSERVÂNCIA DO §
4º DO ART. 18 DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. A
EXIGÊNCIA DA REALIZAÇÃO DE PLEBISCITO, COMO SE
DETERMINA NO § 4º DO ART. 18 DA CONSTITUIÇÃO DA
REPÚBLICA, NÃO FOI AFASTADA PELO ART. 96 DO ATO
DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS,
INTRODUZIDO PELA EMENDA CONSTITUCIONAL N.
57/2008, SENDO ILEGÍTIMO O MUNICÍPIO OCUPANTE PARA
COBRAR O IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE PREDIAL E
TERRITORIAL URBANA – IPTU NOS TERRITÓRIOS
INDEVIDAMENTE INCORPORADOS. RECURSO
EXTRAORDINÁRIO AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO”
(doc. 27).

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RE 1171699 ED-ED / SE

Contra esse acórdão o Município de Aracaju/SE opôs embargos de


declaração requerendo:
“1 – Reconhecer expressamente que a Lei Estadual n. 554/54 foi
repristinada e é a norma que define os limites do Município de
Aracaju e São Cristóvão, diante da inconstitucionalidade do artigo
original e da emenda Constitucional Estadual;
2- Suprindo omissão e eliminando contradições apontadas;
atribuindo-lhes efeitos infringentes, que se proceda a verificação pelas
instâncias ordinárias (questão de fato e de direito) e de forma
abrangente aonde está o território indevidamente ocupado por meio de
georreferenciamento dos marcos estabelecidos pela Lei do Estado de
Sergipe n. 554/1954; e com isso, possa assegurar com precisão e
certeza o efetivo local aonde passa a ‘linha reta imaginária’ que
delimita os Municípios, a ‘área incorporada’ que não deve ser
tributada, e se o imóvel está ou não na região de para caraterizar a
ilegitimidade da exação;
3- Outrossim, pede o conhecimento e o provimento destes
declaratórios para determinar a modulação dos efeitos temporais do
acórdão da Corte Suprema para ex nunc / prospectivo, e que passe a
gerar efeitos somente a partir do exercício financeiro subsequente a
definição dos limites por georreferenciamento, fixando com isso marco
temporal para a não cobrança do IPTU e para interrupção da
prestação dos serviços na ‘área incorporada’.
Requer, ainda, a atribuição de efeito suspensivo aos embargos de
declaração para evitar que as situações constituídas antes do
julgamento do presente RE sejam desfeitas, bem como, evitar novas
demandas ou mesmo decisões judiciais de dano grave e de difícil
reparação possam ocorrer antes do pronunciamento desta Corte sobre
os pleitos supra nos termos do art. 1.026, § 1º do CPC” (fl. 9, doc.
20).

Na Sessão Virtual de 12.3.2021 a 19.3.2021, o Plenário do Supremo


Tribunal Federal rejeitou os embargos de declaração opostos pelo
Município de Aracaju/SE:

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RE 1171699 ED-ED / SE

“EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO


EXTRAORDINÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. NA TESE DE
REPERCUSSÃO GERAL, O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
NÃO DEFINIU OS LIMITES TERRITORIAIS DE MUNICÍPIO
NEM A LOCALIZAÇÃO DE IMÓVEL PARA COBRANÇA DO
IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE PREDIAL E
TERRITORIAL URBANA – IPTU. AUSÊNCIA DE OMISSÃO,
OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OU ERRO MATERIAL.
IMPOSSIBILIDADE DE REDISCUSSÃO DA MATÉRIA.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO REJEITADOS” (doc. 62).

2. Publicado esse acórdão no DJe de 30.3.2021, o Município de


Aracaju/SE opôs, tempestivamente, novos embargos de declaração (doc.
63).

3. O embargante alega que “percebe-se pelo voto da relatora que apenas


uma das matérias fora analisada, qual seja, a questão da perícia - questão fática
(que será suprida na liquidação de sentença); contudo, outra matéria atinente à
modulação de efeitos – questão eminentemente jurídica – não foi apreciada, razão
pela qual se interpõe os presentes Embargos de Declaração, posto que os efeitos da
decisão irá além das partes do processo, devido a repercussão geral atribuída e
existir no Tribunal de Justiça do Estado de Sergipe centenas de processos
sobrestados aguardando o julgamento jurídico do tema 400” (fl. 1, doc. 63).

Sustenta ser “necessária a manifestação jurídica da Corte Suprema sobre a


tese, pois a decisão ultrapassa as partes e atinge outros processos que estão
sobrestados no TJSE, bem como, repercute em outros temas atinentes a
“população do território a ser devolvido”, pois a população da área é marco
importante para fins de eleitorais, para repasse do Fundo de Participação dos
Municípios – FPM, e quando juridicamente se determina a “devolução da área”,
um passado, o presente e um futuro são impactados” (fl. 2, doc. 63).

Salienta que, “apenas por questão de segurança jurídica e de interesse


social, com fulcro no art. 927, §3º, do CPC, pugna pela concessão de efeito ex

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nunc/prospectivo tendo como data para transferência da área ocupada para o


exercício financeiro após a definição dos marcos de limites entre os Municípios
por georreferenciamento, uma vez que a “linha imaginária” da lei não
corresponde aos tradicionais marcos de limites naturais; bem como, preserva-se
de direito as situações já consolidadas nos últimos 20 (vinte) anos, quer o
investimento ocorrido e o imposto arrecadado, quer do pleito eleitoral e os
repasses do FPM, entre outras situações que sofreram efeitos da decisão de
“devolução de área” (fl. 2, doc. 63).

Assevera que “o pedido de concessão de efeito ex-nunc para o exercício


subsequente ao da definição dos marcos é uma forma efetiva de pacificação
jurídico-processual da questão; e, sem interrupção abrupta de serviços à
população, sem criar mais celeumas judiciais, praticamente sem ônus e mais
traumas as partes, a população e aos Municípios; inclusive, assegura e valida as
eleições municipais ocorridas em 2020, pois os votos da Zona de Expansão foram
computados à Aracaju/SE com previsto pelo TRE/SE, além de manter o valor dos
repasses constitucionais lastreados na população, inclusive, assegura à vacinação
das pessoas que residem na região ocupada neste momento de Pandemia” (fl. 4,
doc. 63).

Requer “o conhecimento dos embargos opostos para modular os efeitos da


decisão e conceder o efeito ex nunc/prospectivo, especialmente diante da
repercussão geral do caso e das situações já consolidadas até o momento desta
decisão, fixando como data para produção de efeito jurídico da decisão de
“transferência da área ocupada” a partir do exercício financeiro subsequente ao
da definição dos limites entre os Municípios por georreferenciamento” (fl. 5, doc.
63).

4. Em 22.4.2021, a Secretaria Judiciária deste Supremo Tribunal


certificou que, “até a presente data, não houve manifestação da parte embargada
em relação ao despacho/ato ordinatório publicado, na forma do art. 1023, § 2º, do
Código de Processo Civil” (doc. 66).

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É o relatório.

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Voto - MIN. CÁRMEN LÚCIA

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SERGIPE

VOTO

A SENHORA MINISTRA CÁRMEN LÚCIA (Relatora):

1. Razão jurídica não assiste ao embargante.

2. Ao votar pela negativa de seguimento do recurso extraordinário


interposto pelo Município de Aracaju/SE, assentei:
“Na sessão de 22.11.2000, o art. 37 do Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias da Constituição de Sergipe foi declarado
inconstitucional pelo Tribunal de Justiça daquele estado no
julgamento de incidente de inconstitucionalidade, cessando eventual
dúvida quanto à competência para instituir e cobrar Imposto sobre a
Propriedade Predial e Territorial Urbana – IPTU de imóveis
localizados no povoado de Mosqueiro/SE:
‘Constitucional - Emenda Constitucional - Redação
originária de 89 - Municípios - Limites -Alteração – Plebiscito.
I A nova redação dada pela emenda constitucional n. 16/99 ao
art. 37 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da
Constituição do Estado de Sergipe, acrescentando o § 2º não
alterou os limites entre os municípios de São Cristóvão e
Aracaju, mas apenas enumerou alguns povoados que pertencem
a Aracaju, dentro dos limites já traçados pela redação originaria
do dispositivo questionado; II A redação originária do art. 37 e
de seu parágrafo único, do ADCT da Constituição Estadual de
89 também deve ter sua constitucionalidade analisada, tendo
em vista que alterou os limites do sul do município de Aracaju;
III A alteração dos limites efetuada pela redação originária de 89
deve obedecer os requisitos essenciais impostos pelo art. 18, § 4º,
da Constituição Federal, sendo imprescindível a realização de
consulta prévia mediante plebiscito às populações
diretamente interessadas; IV- Diante da inconstitucionalidade

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dos limites fixados pela redação originária, do art. 37 e seu


parágrafo único, prejudicado está o § 2º acrescentado pela
emenda 16/99, porque não há como esclarecer aqueles limites; V
Incidente conhecido, para declarar a Inconstitucionalidade da da
redação originária do art. 37 e de seu parágrafo único, do
ADCT da Constituição Estadual’ (fl. 131).
Na espécie em exame, o Tribunal de Justiça assentou que a
alteração dos limites territoriais pelo art. 37 do Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias da Constituição de Sergipe não atendeu o
§ 4º do art. 18 da Constituição da República, pois faltou a
imprescindível realização de consulta prévia por plebiscito às
populações diretamente interessadas.
Passados quase dezenove anos da declaração da
inconstitucionalidade do art. 37 do Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias da Constituição de Sergipe, não verifico
a existência de situação excepcional a afastar os requisitos do § 4º do
art. 18 da Constituição da República para a incorporação do povoado
de Mosqueiro/SE ao Município de Aracaju” (doc. 29).

Ao contrário do que afirma o embargante, desde 22.11.2000 o art. 37


do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição de
Sergipe foi declarado inconstitucional pelo Tribunal de Justiça daquele
Estado, cessando eventual dúvida quanto à competência para instituir e
cobrar o Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana – IPTU.

Este Supremo Tribunal reafirmou sua jurisprudência no sentido de


que, não atendido o § 4º do art. 18 da Constituição da República, não
poderia no recurso extraordinário, afastar a imprescindível realização de
plebiscito para o Município alterar os seus limites territoriais.

3. As decisões proferidas pelo Supremo Tribunal Federal neste


recurso extraordinário não representam revisão ou alteração de
jurisprudência apta a afetar a segurança jurídica do embargante, assim,
não há como modular os seus efeitos. Assim, por exemplo:
“Não havendo até o momento alteração de jurisprudência hábil a

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demonstrar a existência de razões de segurança jurídica para a


modulação dos efeitos do acórdão embargado, NEGO PROVIMENTO
AOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO” (RE n. 651.703-ED,
Relator o Ministro Luiz Fux, Plenário, DJe 7.5.2019).

“EMBARGOS DECLARATÓRIOS – VÍCIO –


INEXISTÊNCIA – DESPROVIMENTO. Inexistindo, no acórdão
formalizado, qualquer dos vícios que respaldam os embargos
declaratórios – omissão, contradição, obscuridade e erro material –,
impõe-se o desprovimento. EMBARGOS DECLARATÓRIOS –
PRONUNCIAMENTO – MODULAÇÃO. Descabe modular
pronunciamento quando ausente alteração de jurisprudência
dominante – artigo 927, § 3º, do Código de Processo Civil” (RE n.
602.043-ED, Relator o Ministro Marco Aurélio, Plenário, DJe
5.9.2018).

4. É pacífico o entendimento de os embargos de declaração não se


prestarem a provocar a reforma da decisão embargada, salvo no ponto
em que tenha sido omissa, contraditória ou obscura ou para corrigir erro
material, nos termos do art. 1.022 do Código de Processo Civil, o que não
ocorre na espécie.

O exame da petição recursal é suficiente para constatar não se


pretender provocar o esclarecimento de qualquer ponto obscuro, omisso
ou contraditório nem corrigir erro material, mas tão somente modificar o
conteúdo do julgado para fazer prevalecer a tese do embargante.

5. A pretensão do embargante é rediscutir a matéria. O Supremo


Tribunal Federal assentou serem incabíveis os embargos de declaração
quando, “a pretexto de esclarecer uma inexistente situação de obscuridade,
omissão ou contradição, [a parte] vem a utilizá-los com o objetivo de infringir o
julgado e de, assim, viabilizar um indevido reexame da causa” (RTJ n. 191/694-
695, Relator o Ministro Celso de Mello).

Confiram-se, por exemplo, os seguintes julgados:

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“EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO


REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM
AGRAVO. AUSÊNCIA DE OMISSÃO, OBSCURIDADE OU
CONTRADIÇÃO. REDISCUSSÃO DA MATÉRIA. EFEITOS
INFRINGENTES. IMPOSSIBILIDADE. EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO REJEITADOS. I - Ausência dos pressupostos do
art. 1.022, I, II e III, do Código de Processo Civil. II – Busca-se tão
somente a rediscussão da matéria, porém os embargos de declaração
não constituem meio processual adequado para a reforma do decisum,
não sendo possível atribuir-lhes efeitos infringentes, salvo em
situações excepcionais, o que não ocorre no caso em questão. III –
Embargos de declaração rejeitados” (ARE n. 910.271-AgR-ED,
Relator o Ministro Ricardo Lewandowski, Plenário, DJe
19.9.2016).

“EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO


REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM
AGRAVO. AUSÊNCIA DE OMISSÃO, OBSCURIDADE OU
CONTRADIÇÃO. REDISCUSSÃO DA MATÉRIA. EFEITOS
INFRINGENTES. IMPOSSIBILIDADE. EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO REJEITADOS. I - Ausência dos pressupostos do
art. 535, I e II, do Código de Processo Civil. II - O embargante busca
tão somente a rediscussão da matéria, porém os embargos de
declaração não constituem meio processual adequado para a reforma
do decisum, não sendo possível atribuir-lhes efeitos infringentes,
salvo em situações excepcionais, o que não ocorre no caso em questão.
III - Embargos de declaração rejeitados” (ARE n. 728.047-AgR-ED,
Relator o Ministro Ricardo Lewandowski, Segunda Turma, DJe
6.3.2014).

“EMBARGOS DECLARATÓRIOS – INEXISTÊNCIA DE


VÍCIO – DESPROVIMENTO. Uma vez voltados os embargos
declaratórios ao simples rejulgamento de certa matéria e inexistente
no acórdão proferido qualquer dos vícios que os respaldam – omissão,
contradição e obscuridade –, impõe-se o desprovimento” (ARE n.

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Voto - MIN. CÁRMEN LÚCIA

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RE 1171699 ED-ED / SE

760.524-AgR-ED, Relator o Ministro Marco Aurélio, Primeira


Turma, DJe 26.11.2013).
6. Pelo exposto, rejeito os embargos de declaração.

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Extrato de Ata - 31/05/2021

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PLENÁRIO
EXTRATO DE ATA

EMB.DECL. NOS EMB.DECL. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 1.171.699


PROCED. : SERGIPE
RELATORA : MIN. CÁRMEN LÚCIA
EMBTE.(S) : MUNICÍPIO DE ARACAJU
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO MUNICÍPIO DE ARACAJU
EMBDO.(A/S) : LOTEPLAN - LOTEAMENTOS E INCORPORACOES PLANEJADAS
EIRELI
ADV.(A/S) : RAUNY CARVALHO SILVA (5932/SE)

Decisão: O Tribunal, por unanimidade, rejeitou os embargos de


declaração, nos termos do voto da Relatora. Plenário, Sessão
Virtual de 21.5.2021 a 28.5.2021.

Composição: Ministros Luiz Fux (Presidente), Marco Aurélio,


Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski, Cármen Lúcia, Dias Toffoli,
Rosa Weber, Roberto Barroso, Edson Fachin, Alexandre de Moraes e
Nunes Marques.

Carmen Lilian Oliveira de Souza


Assessora-Chefe do Plenário

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