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Manual de Operação

ECA - Estação de Captação de Água


ETA – Estação de Tratamento de Água

Câmara
de
Mistura
rápida
Floculadores Decantadores
Filtros

Reservatório de
AFA
Introdução

Trata-se do processo físico-químico a que é submetida uma água para modificar sua
qualidade, tornando-a com características que atendem às especificações solicitadas para uma
determinada aplicação industrial.
Podemos dizer que um tratamento primário de água industrial é aquele que modifica a
qualidade da água quanto ao aspecto, cor, turbidez, etc., bem como modifica as
características químicas sendo que, em alguns casos, de forma bastante intensa.
A água nunca é pura. Mesmo quando ela é proveniente de uma precipitação
pluviométrica, onde é considerada pura, contém sólidos dissolvidos, suspensos e alguns gases
dissolvidos.
Após o último contato com o solo, seja por percorrer a superfície terrestre, seja por
percorrer pelas camadas rochosas, as impurezas contidas na água são aumentadas, devido ao
grande poder de dissolução que ela possui. Daí a necessidade de purificação e
condicionamento antes do seu uso. A quantidade dissolvida depende dos seguintes fatores:

 Solubilidade dos materiais em contato com a água;


 Intimidade do contato;
 Tempo de permanência em contato.

No caso de impurezas suspensas, os fatores determinantes de sua presença são:

 Quantidade de material finamente dividido


 Diâmetro das partículas;
 Peso específico das partículas;
 Velocidade de fluxo de certa quantidade de água.
Conceitos Gerais

Água, estritamente definida no sentido químico, é H2O, um composto que, semelhantemente


a todas as substâncias puras, tem uma composição definida e constante. Deveria então, como
qualquer composto puro, exibir características químicas e físicas próprias e previsíveis.
Sendo assim, poderíamos esperar que a água fosse sempre a mesma, independente de sua
origem.
Porém, isto não ocorre, já que a composição da água depende do tempo de contato da mesma
com o solo terrestre, bem como do tipo de solo da região com que a água está em contato.
Desta forma, a água captada numa região industrial terá características muito diferentes de
uma captada numa floresta virgem. Da mesma maneira, uma água de origem mineral de
determinada região, possui diferentes quantidades e diferentes tipos de contaminação de uma
coletada em outra região. De maneira geral, podemos afirmar que a composição de uma água
dependerá de sua localização geográfica.
Uma das propriedades físicas da água é seu poder de dissolver outros materiais, e por essa
capacidade é conhecida como solvente universal. Como conseqüência deste poder de
dissolução, a água, muito raramente, ocorre na natureza em um estado quimicamente puro,
pois existe uma variedade de materiais misturados à mesma. Quando retirada de uma fonte
natural, a água pode apresentar partículas de materiais dissolvidas e/ou não dissolvidas. O
tamanho e a concentração dessas partículas em suspensão, dependendo da origem da água,
varia de grãos de areia (algumas vezes presentes em cursos rápidos e turbulentos) até
dispersões submicroscópicas conhecidas como colóides. Incluídas entre as partículas
suspensas podem existir células vivas de milhares de organismos de diferentes espécies, com
por exemplo bactérias, microalgas e vírus.
Quando falamos em qualidade de água, nosso interesse está dirigido aos materiais contidos
nela. São as impurezas que determinam a adequabilidade de um manancial de água para o
uso humano, os problemas associados com sua utilização e a natureza e extensão do
tratamento requerido.
A água, para chegar ao solo, passa por vários estágios. Ela sai da atmosfera, se transforma em
nuvens, cai no solo sob forma de chuva; deste estágio ela pode infiltrar-se no solo, gerando
lençóis freáticos, ou então permanecer em rios, lagos, mares, etc; por evaporação, a água
retoma para a atmosfera. Logo, a água para chegar ao solo, pode demorar tempos diferentes,
visto que ela pode entrar (iniciar) por vários estágios, e dependendo do estágio em que ela
começa, ela demora um certo tempo até percorrer todo o ciclo. A este percurso damos o
nome de ciclo hidrológico da água. Esquematicamente teríamos:

P P
P
EV EV

I ES
ES EV

ESb I ESb

Ciclo Hidrológico
Precipitação (P)
A água evaporada dos mananciais terrestres, principalmente rios, mares, lagos, vegetais e
animais ao alcançar camadas mais aias da atmosfera, condensa-se formando as nuvens que
podem ou não serem deslocadas pelos ventos. Em determinado momento, em função das
condições climáticas da região, esta água precipita-se sobre a superfície terrestre sob a forma
de chuva, neve, etc.

Escoamento superficial (ES)


A chuva ao cair, dependendo do tipo de solo que encontra, escorre sobre a superfície,
formando enxurradas que atingem os rios, mares, lagos, gerando os mananciais de água
superficial.

Infiltração (I)
Parte da chuva, infiltra-se na terra até encontrar uma camada impermeável, formando os
lençóis freáticos e os poços artesianos.

Escoamento subterrâneo (ESb)


Os mananciais subterrâneos seguem um percurso regular até atingirem os rios, mares e lagos
ou formarem nascente, fontes, poços, etc.

Evaporação (EV)
É a passagem da água novamente para o estado de vapor, através da ação do sol sobre os
mananciais superficiais e também pela transpiração de animais e vegetais.
Assim, o ciclo hidrológico da água é fechado, e para que a água o complete, demora de 3 a 4
anos. Portanto, podemos afirmar que a quantidade de água presente na terra não varia, apenas
sofre constantes transformações. Este fato é realmente alarmante, visto que cada vez mais
lançamos detritos nos mananciais de água o que acarreta uma queda gradativa de sua
qualidade com conseqüências graves sobre a vida animal e vegetal.

1.1 - Tipos de água

Classe Destino Tratamento


 abastecimento doméstico sem prévia  desinfecção e correção de pH.
ou com simples desinfecção.
especial
 preservação do equilíbrio natural
aquático.
1  abastecimento doméstico após  desinfecção, correção de pH,
tratamento simplificado. decantação simples para águas contendo
 proteção das comunidades aquáticas. sólidos sedimentáveis.
 recreação de contato primário  filtração, precedida ou não da
(natação, mergulho, esqui). decantação, quando a turbidez e cor
 irrigação de hortaliças e frutas, que se aparente forem inferiores a,
desenvolvem rentes ao solo e sejam respectivamente 40NTU e 20mgPt/L.
ingeridas cruas.
 criação natural e/ou intensiva de
espécies destinadas à alimentação
humana (agricultura).
 abastecimento doméstico após  coagulação, seguida ou não da
tratamento convencional. decantação, filtração rápida, desinfecção
 proteção das comunidades aquáticas. e correção pH.
2  recreação de contato primário.
 irrigação de hortaliças e frutas.
 criação natural e/ou intensiva
(agricultura).
 abastecimento doméstico após  tratamento mínimo da água tipo 2 e
tratamento convencional. tratamento complementar apropriado
3  irrigação de culturas arbóreas, cada caso.
cerealíferas e forrageiras.
 para consumo dos animais.
 navegação.  sem tratamento específico.
4  harmonia paisagística.
 usos menos exigentes.

O rio Mogi Guaçu, segundo à classificação anterior, se encontra na classe 2, logo ele se
destinará ao uso apenas nos itens citados acima. Como a International Paper do Brasil Ltda.
capta a água deste rio, com a finalidade de tratá-la de acordo com suas necessidades, ela tem
por obrigação devolvê-la para seu curso com as mesmas características iniciais, para que a
água retirada do rio e posteriormente devolvida não se tome poluída. Estando isto previsto
em lei, haverá punição da mesma, caso isto não se cumpra.

1.2 - Contaminação da água


Após o último contato com o solo, passando pela superfície terrestre ou por entre as camadas
rochosas, ou então entrando em contato com o ar, a água se toma impura. Isso se dá devido a
três fatores principais: solubilidade dos materiais contatados, intimidade do contato e tempo
de permanência em contato. No caso de impurezas suspensas, os fatores determinantes são:
quantidade do material finamente dividido, diâmetro das partículas, peso específico das
partículas e velocidade do fluxo de certa quantidade de água.
A quantidade de contaminantes presentes em águas naturais vai depender principalmente das
características do solo onde a água é encontrada e da poluição que esta água solte. Águas
obtidas de regiões calcarias terão alta dureza e alcalinidade; águas da chuva terão como
impurezas apenas gases dissolvidos; águas superficiais (lagos, rios) apresentarão grande
quantidade de oxigênio dissolvido e baixa dureza.
Efluentes de mineração e certos processos industriais, fazem com que as águas superficiais
tomem-se muito ácidas, enquanto que alguns dos minerais da superfície da Terra (calcário,
carbonato de magnésio) podem tomar algumas áreas superficiais bastante alcalinas.
Contaminações de dejetos industriais, óleo e materiais de processo, também são normalmente
adicionados à água.
Os contaminantes presentes na água podem ser divididos em três grupos principais: sólidos
dissolvidos, sólidos em suspensão e gases dissolvidos, além de outros, que não se encaixam
nesta classificação. Os principais contaminantes são:

1.2.1 - Sólidos dissolvidos


São aqueles que formam uma solução homogênea (solução que apresenta uma única fase -
por exemplo, café, chá, etc. - solução de duas fases, exemplo água e óleo), não podendo ser
removidos por filtração.

1.2.2 . Sólido sem suspensão


São aqueles que não formam uma solução homogênea, e por isso, podem ser removidos por
filtração. Eles são originados por partículas de materiais insolúveis, mecanicamente
introduzidos e levados pela água devido à sua ação turbulenta sobre o solo. Geralmente são
constituídos por argila, areia, lama, matéria orgânica, sílica coloidal, bactérias e algas. Estes
podem ser removidos através de floculação, decantação e filtração.

1.2.3 . Gases dissolvidos


A água dissolve grande quantidade de ar, que é composto por 21% de oxigênio, 78% de
nitrogênio e 1% de outros gases (incluindo 0,03 a 0,06% de dióxido de carbono).

Oxigênio (O2)
O oxigênio do ar é solubilizado na água, ou seja, em contato com o ar, a água dissolve parte
do oxigênio nele presente, e este fica misturado a ela. Em águas poluídas, particularmente por
matéria orgânica, pode estar ausente, o que impedirá a sobrevivência de espécies animais
aeróbicas (que necessitam de oxigênio para sobreviver), mas não impedirá a sobrevivência de
espécies anaeróbicas (que conseguem sobreviver sem oxigênio), como é o caso de fungos,
bactérias e certos tipos de peixes, como por exemplo, o “camboja” encontrado nas lagoas da
International Paper do Brasil Ltda.

1.2.4 . Outros

Dureza
A dureza de uma água é proporcional à presença de sais de cálcio e magnésio. A
dureza é dita temporária quando é devida à presença de bicarbonatos de cálcio e magnésio. É
chamada permanente quando originada por cloretos, sulfatos e nitratos de cálcio e magnésio.
Estes sais, em ordem decrescente de abundância na água, são bicarbonatos, sulfatos, cloretos
e nitratos. A quantidade de cálcio é duas vezes maior do que a de magnésio; porém estes
valores variam muito de local para local.
A caracterização da água quanto à dureza pode ser vista a seguir:

Dureza (ppm Ca++, Mg++)


Classificação
0- 15 muito macia
15 - 50 macia
50 - 100 média
100 - 200 dura
mais de 200 muito dura
Cor

A presença de matéria orgânica, proveniente de matéria vegetal em decomposição, é


quase sempre responsável pelo desenvolvimento de cor em água. A maioria das águas de
superfície apresenta cor, enquanto que as subterrâneas são isentas.
A presença de cor em água é indesejável na maior parte das aplicações industriais. Em
fabricas de papel, por exemplo, cor em água de processo tinge as fibras de celulose. Em
aplicações de água para alimentação de caldeiras a matéria orgânica, que produz a cor, tende
a se carbonizar, provocando incrustações nos tubos de caldeira.

Ferro

A forma mais comum em que o ferro solúvel é encontrado em águas é como


bicarbonato ferroso – Fe (HCO3)2. Está presente, nesta forma, em águas subterrâneas
profundas, limpas e incolores que, em contato com o ar, turvam-se e sedimentam um
depósito amarelo-marrom avermelhado.
Da mesma forma que a cor, o ferro contido em águas de uso industrial provoca
problemas, que vão desde o aparecimento de depósitos e crostas de óxido de ferro, Fe 2O3, até
a coloração de produtos, que a água contata, é interferências em processos industriais.

4Fe(HCO3)2 + O2 + 2H2O Ù 4Fe(OH)3 + 8CO2 (reação parcial)


4Fe(OH)3 Ù 2Fe2O3 + 6H2O (reação parcial)

4Fe(HCO3)2 + O2 Ù 2Fe2O3 + 4H2O + 8CO2 (reação total)

Turbidez

É o termo aplicado à matéria suspensa de qualquer natureza, presente em certa


quantidade de água. É preciso uma distinção entre matéria suspensa, chamada sedimento, que
precipita rapidamente, e matéria que precipita vagarosamente provocando a turbidez.
A turbidez é encontrada em quase todas as águas de superfície em valores elevados,
enquanto que está ausente em águas subterrâneas.
Águas de lagos, lagoas, açudes possuem turbidez baixa e variável em função dos
ventos que revolvem seus fundos. Águas de rios e riachos apresentam alta turbidez.
Após uma precipitação de chuva as águas de superfície tendem a aumentar seus valores
de turbidez.

Sabor e Odor
São características de difícil avaliação e decorrem de matéria excretada por algumas espécies
de algas e de substâncias dissolvidas, com gases, fenóis e, em alguns casos, do lançamento de
dejetos industriais nos cursos de água.

Óleos, gorduras, graxas e dejetos


Estes resíduos podem contaminar as fontes de abastecimento de águas.
Além de outros como: ácidos minerais livres, manganês, cloro, nitratos, nitritos, cromatos,
gás sulfídrico, amoníaco e metais pesados.

1.2.5 - Impurezas
As impurezas que “poluem’ a água podem ser de vários tipos: sais (sulfatos, carbonatos, etc.),
matéria orgânica, microorganismos (microalgas, bactérias, vírus), lixo vegetal, gases, dejetos
industriais, óleos, graxas, etc. Abaixo, aparecem as principais impurezas e seus efeitos:

1.2.5.1 - Impurezas em Suspensão

Impurezas Efeitos
bactérias prejudiciais às instalações
microorganismos (algas, protozoários) cheiro, cor, turbidez
areia e argila turbidez

1.2.5.2 - Impurezas em Estado Coloidal

Impurezas Efeitos
 substâncias vegetais cor, acidez, sabor
 sílica turbidez

1.2.5.3 – Impurezas Dissolvidas

Impurezas Efeitos
sais de cálcio e magnésio:
 bicarbonato alcalinidade, dureza
alcalinidade, dureza
 carbonatos dureza
 sulfatos dureza, corrosão nas caldeiras
 cloretos
sais de sódio:
 bicarbonato alcalinidade, borbulhamento nas caldeiras
alcalinidade, borbulhamento nas caldeiras
 carbonatos
ação laxativa
 sulfatos
ferro Cor sabor, corrosão bacteriana

manganês Cor escura


1.2.5.4 - Impurezas Gasosas

Impurezas Efeitos
oxigênio corrosão
dióxido de carbono corrosão, acidez
sulfeto de hidrogênio (gás) cheiro, acidez, corrosão
nitrogênio sem efeito

Essas são algumas impurezas básicas contidas na água:

Sílica

Sílica é um constituinte de todas as águas naturais. Independentemente da fonte de


água. Os valores de sílica encontrados estão na faixa de 3 a 50 ppm como SiO 2. Águas
altamente alcalina podem, em certas ocasiões, apresentar valores maiores do que os acima.

Gases Diversos

Podemos citar os seguintes:

 Dióxido de carbono (CO2): provém da decomposição de materiais orgânicos e


inorgânicos na água.
 Oxigênio (O2): é proveniente do contato do ar com a água.
 Sulfeto de hidrogênio (H2S): tem a mesma proveniência do dióxido de carbono.
 Metano (C2H6): raramente encontrado, vem da decomposição de material biológico.

Alcalinidade

É a medida total das substâncias presentes numa água, capazes de neutralizarem


ácidos. Em outras palavras, é a quantidade de substâncias presentes numa água e que atuam
como tampão. Se numa água quimicamente pura (pH=7) for adicionada pequena quantidade
de um ácido fraco seu pH mudará instantaneamente. Numa água com certa alcalinidade a
adição de uma pequena quantidade de ácido fraco não provocará a elevação de seu pH,
porque os íons presentes irão neutralizar o ácido.

pH
É a medida da concentração de íons H+ na água. O balanço dos íons hidrogênio e
hidróxido (OH-) determinam quão ácida ou básica ela é. Na água quimicamente pura os íons
H+ estão em equilíbrio com os íons OH- e seu pH é neutro, ou seja, igual a 7. Os principais
fatores que determinam o pH da água são o gás carbônico dissolvido e a alcalinidade.

Condutividade Elétrica

Os sais dissolvidos e ionizados presentes na água transformam-na num eletrólito capaz


de conduzir a corrente elétrica. Como há uma relação de proporcionalidade entre o teor de
sais dissolvidos e a condutividade elétrica, podemos estimar o teor de sais pela medida de
condutividade de uma água.

Sólidos Totais Dissolvidos (STD)

É a soma dos teores de todos os constituintes minerais presentes na água.

NTU

Unidade Nefolométrica de Turbidez. É a medida da dificuldade de um feixe de luz


atravessar certa quantidade de água.

PPM (partes por milhão)

É medida de concentração que se utiliza quando as soluções são muito diluídas. Ex:
1PPM de cloro = 1grama de água contém 1 micro grama de cloro.

Cloração

Denomina-se cloração à operação de injeção de um composto químico clorado,


altamente oxidante, à água. A finalidade desta operação é oxidar os materiais oxidáveis.
Quando a cloração é efetuada logo após a captação de água é chamada pré-cloração.

Objetivos

A pré-cloração é usada para oxidar, com o objetivo de modificar o caráter químico da


água. “O cloro que existe na forma de ácido hipocloroso (HCIO) e íons hipoclorito (CIO -) é
chamado cloro residual livre”.

Compostos Clorados

Existem diversos tipos de compostos químicos utilizáveis para efetuar uma cloração.
Dentre os mais comuns podemos citar os seguintes:
Compostos Teor de Cloro Ativo %
Cl2, cloro (gás) 100,0
CaCl2O, cloreto de cal (pó) 35,0 – 37,0
Ca(Cl0)2, hipoclorito de cálcio (pó) - 70,0 – 74,0
“HTW’”.
NaClO, hipoclorito de sódio (líquido) 10,0 – 12,0
CIO2, dióxido de cloro (Iíquido) 263,0
Acido tricloro isocianúrico (pó) 91,5
Dicloro isocianurato de sódio (pó) 64,5

Solução de hipoclorito de sódio


Na adição de hipoclorito de sódio, tem-se a seguinte reação:

NaClO + H2O ----> NaOH + HClO

Verifica-se a formação do HClO (ácido hipocloroso), que por sua vez também se
dissocia:

HClO ----> H+ + ClO-

Essa dissociação varia com a temperatura e com o pH. Desta forma, o cloro pode ser
encontrado na água nas seguintes formas: Cl- (cloro molecular), HClO (ácido hipocloroso) e
ClO- (íon hipoclorito).

Clarificação

A clarificação consiste em promover a redução na turbidez, cor e carga orgânica


através da eliminação de sólidos suspensos por meio de processos físico-químicos.
A remoção de sólidos suspensos geralmente se consegue com a coagulação, a floculação, a
decantação e a filtração.

Velocidade de Sedimentação

Uma partícula se sedimenta quando a força da gravidade excede as forças de inércia e


de viscosidade.

Coagulação

Coagulação é o processo de alteração de cargas das partículas. É o processo de


neutralização das cargas negativas das partículas, fazendo com que as mesmas se atraiam,
promovendo uma aglomeração, formando partículas maiores e aumentando a velocidade de
sedimentação.
A carga negativa das partículas é causada por uma camada fixa de ânions, seguida de
uma camada fixa de cátions e ânions. A predominância de ânions na estrutura resulta na
carga negativa.
Para que ocorra a neutralização das cargas negativas é necessário substituir-se os
cátions monovalentes na estrutura externa por cátions polivalentes.
Íons de alumínio e íons férricos são usados para esse fim. A redução da carga da
partícula para -5,0 a 0,0 mV diminuem as forças de repulsão a tal ponto que as partículas
podem colidir e aderir umas as outras. Formam-se micro-aglomerados. Este é o primeiro
efeito resultante do processo de floculação.
A segunda reação que segue a neutralização de cargas é a formação do floco. Este
fenômeno é o agrupamento de micro-aglomerados para formar massas maiores que
sedimentarão.

Compostos químicos utilizados

Para ocorrer à coagulação é necessária a adição de cátions de alumínio ou ferro. Os


compostos usados para fornecer esses cátions são sais de reação ácida.
Se a água a ser tratada não tem alcalinidade suficiente é necessário proceder-se a
adição de um composto alcalino. No nosso caso aplicamos Leite de Cal Ca(OH)2.
O coagulante mais popular empregado em tratamentos primários de água é o
sulfato de alumínio Al2(SO4)3.
Esta reação é reversível e qualquer que seja a alteração de pH (alcalinidade) fornecida
à solução existe um desequilíbrio sensível.

Coadjuvantes de Floculação

Coadjuvante de floculação (coagulação) é todo o produto que, de alguma forma,


aumenta sensivelmente o desempenho dos coagulantes comuns, quando usados em conjunto.

Polímeros

Os polímeros podem ser classificados em catiônicos, aniônicos e não-iônicos,


conforme o tipo de carga da cadeia polimérica.
No Brasil, devido às características de nossas águas e sólidos suspensos, só os
aniônicos e não-iônicos encontram a sua melhor aplicação. A vantagem principal que os
polímeros oferecem é o tamanho dos flocos, proporcionando maior velocidade de
sedimentação.
Todo o polímero tem um limite mínimo de dosagem após o qual eles se tornam
dispersantes e antieconômicos.

Floculação

É o processo de juntar as partículas neutralizadas ou coaguladas para formar uma


aglomeração muito maior (flocos).
Armazenado em um tanque aberto, o processo de floculação se dá quando pás
motorizadas promovem o giro da água, de forma muito lenta, propiciando que as partículas se
unam formando os flocos de impurezas. A formação destes flocos é essencial para o processo
de decantação, pois a partícula se tornará mais pesada que a água.

Decantação
Na decantação, os flocos formados anteriormente separam-se da água, sedimentando-
se, no fundo dos tanques. Fatores como a temperatura da água, alteração na vazão e na
concentração dos sólidos podem afetar a decantação e partículas floculadas.
No nosso caso esse material depositado no fundo dos decantadores é retirado através
de válvulas automáticas que são abertas automaticamente via SDCD (sistema digital de
controle distribuído).
As necessidades de produtos químicos para uma boa clarificação podem ser
determinadas fazendo-se “Jar Test”. Séries planejadas de testes controlados são feitas sob
diferentes condições a fim de determinar-se a melhor combinação de produtos químicos que
produzirão a qualidade da água desejada. Se há matéria orgânica e cor dissolvida para serem
removidos, cloro ou permanganato de potássio pode ser usado como agente oxidante de pré-
tratamento para destruir essas impurezas.

Filtração

Filtração da água pode ser definida como a passagem de água através de um meio
poroso para remover matéria suspensa. O tipo de matéria suspensa a ser removida depende da
água, que pode ser bruta ou tratada.

ESTAÇÃO DE CAPTAÇÃO DE ÁGUA - ECA

A água do rio Mogi Guaçu entra no canal por onde será captada ABR. Logo na entrada
do canal se encontram grades para retenção dos materiais sólidos maiores, como pedaços de
madeira, peixes, plásticos, etc. Também um radar e uma régua para medir o nível do canal de
captação de água e sua vazão.
Canal de Captação do Rio Mogi-Guaçu

Grades para retenção Régua de nível do canal

Casa de Bombas
Na casa de bombas da captação temos:

 3 bombas para captação de água bruta (ABR). Cada bomba tem uma capacidade
máxima de captar 1400m³/h.
 1 bomba de escorva (para retirar ar das bombas de ABR).
 2 bombas para drenagem da casa de bombas.
 2 bombas movidas a diesel para serem usadas em caso de emergência (bombeiros).
Na saída do emissário de ABR se encontram duas válvulas automáticas sendo principal
e by-pass que controlam a vazão de captação de ABR. A vazão média de captação de ABR é
2700m³/h, variando de acordo com as necessidades do processo.

Bombas de capitação de água do rio Bomba de emergência à diesel

Torre de Equilíbrio do Emissário de ABR

Após as válvulas automáticas se encontra uma torre de equilíbrio interligada ao


emissário de ABR, para que no caso de falta de energia elétrica possa manter o equilíbrio
evitando assim impactos no emissário e nas bombas de captação.
Torre de Equilíbrio

Dosagem de Hipoclorito de Sódio

Após a captação da ABR é realizada a dosagem de hipoclorito de sódio (NaClO)


através de uma bomba dosadora. Também para auxiliar essa dosagem tem 2 bombas de
diluição. Esse hipoclorito fica armazenado em um reservatório localizado na ETA. O
hipoclorito tem um pH alto ficando em torno de 13 (laboratório).
Na chegada do emissário de ABR na ETA se encontram um analisador de residual de
cloro de entrada (devido a dosagem de hipoclorito) e turbidímetro para medição de turbidez
de ABR na entrada da planta (ETA).

Bomba de Hipoclorito de sódio Bombas de diluição


ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA - ETA

Calha Parshall

A água bruta chegando à calha parshall é dosado leite de cal Ca(OH) 2 para correção de
pH e sulfato de alumínio Al2(SO4)3 para coagulação das partículas suspensas. Também nesse
ponto é medida a vazão de entrada de água na estação através de um radar.

Calha Parshall
Aplicação de leite de cal Ca(OH)2

Aplicação de Sulfato de Alumínio Al2(SO4)3


Câmara de Mistura e Dosagem de Polímero

Após a calha parshall a água entra na câmara de mistura rápida para mistura dos
produtos químicos. Também nesse ponto é dosado polímero para auxiliar a floculação.

Medidas do tanque:

 Altura – 2,9 m
 Comprimento – 2,4 m
 Largura – 2,4 m
 Volume – 16,7 m³
 Volume útil – 16,7 m³
 Quantidade – 3
 Volume útil total – 50 m³
 Vazão – 2700m³
 Tempo de retenção – 1 minuto.

Aplicação de Polímero
Floculadores de alta energia

Após a câmara de mistura a água passa pelos floculadores de alta energia onde haverá
uma movimentação da água para que ocorra a união das partículas. Esses tanques são
munidos por floculadores com paletas verticais motorizados, com uma rotação de 1.6 rpm
sendo um floculador (agitador) por tanque.

Medidas do tanque:

 Altura – 4,5 m
 Comprimento – 8,0 m
 Largura – 8,0 m
 Volume – 288,0 m³
 Volume útil – 256,0 m³
 Quantidade – 3 tanques.
 Volume útil total – 768,0 m³
 Vazão – 2700m³.
 Tempo de retenção – 17 minutos.

Mancal de agitação do tanque de alta energia


Floculadores de baixa energia

Saindo dos floculadores de alta energia a água passará pelos floculadores de baixa
energia onde ocorrerá uma maior união das partículas, ou seja, o aumento do diâmetro das
partículas floculadas facilitando assim a decantação. Esses tanques são munidos por
floculadores com paletas verticais motorizados, com rotação de 1.0 rpm sendo um floculador
(agitador) por tanque.

Medidas do tanque:

 Altura – 4,5 m
 Comprimento – 8,0 m
 Largura – 8,0 m
 Volume – 288,0 m³
 Volume útil – 256,0 m³
 Quantidade – 3 tanques
 Volume útil total – 768,0 m³
 Vazão – 2700m³.
 Tempo de retenção – 17 minutos

Mancal de agitação do tanque de baixa energia


Decantadores

Após passar pelos floculadores a água passará pelos decantadores onde será feito à
separação do material floculado da água. Os decantadores são tanques composto por
colméias e vertedouros. Também temos 4 válvulas no fundo de cada decantador para retirada
do lodo que é decantado. Essas válvulas são pneumáticas e trabalham em automático, com a
drenagem sendo feita de acordo com os tempos estipulado pelo operador. O lodo drenado dos
decantadores vai para o poço de drenagem da ETA (412-02-039), de onde será bombeado
para o tanque de neutralização da ETE.

Medidas do tanque:

 Altura – 5,0 m
 Comprimento – 12,0 m
 Largura – 9,5 m
 Volume – 570,0 m³
 Volume útil – 570,0 m³
 Quantidade – 5 tanques.
 Volume útil total – 2850,0 m³
 Vazão – 2700m³
 Tempo de retenção – 63 minutos.

Visão de cima de um dos decantadores


Galeria das válvulas de descarte de lodo dos decantadores

Momento de descarte de lodo

Descarte de água limpa devido excesso de tempo de drenagem


Filtros de Areia

Após passar pela decantação a água segue para os filtros de areia onde serão retidas as
partículas que não foram decantadas. São um total de 10 filtros com areia com granulometria
0.5 a 0,9mm e pedregulhos. Fundo com tijolos Leopold.
Areia total – 228m³. Sendo 22,8m³ em cada filtro.
No inicio da operação da planta os filtros eram compostos por areia, antracito
(carvão) e pedregulho, mas com o passar do tempo esse antracito foi substituído totalmente
por areia.
Cada filtro contém dois torniquetes para lavagem superficial dos mesmos com uma
vazão total de 46m³/h em cada filtro.
De acordo com o projeto é necessário a água de 4 filtros para lavar 1 filtro. Com uma
vazão média de entrada de água bruta de 2700m³/h a vazão de contra lavagem dos filtros fica
em torno de 200m³/h.

Medidas do tanque:

 Altura – 5,2 m
 Comprimento – 8,5 m
 Largura – 4,5 m
 Volume – 198,0 m³
 Volume útil –1989 m³
 Quantidade – 10 filtros.
 Volume útil total – 1989,0 m³
 Vazão – 2700m³/h
 Tempo de retenção – 44 minutos.

Entrada da água no processo de filtração por gravidade


Corte lateral do Filtro de areia

Reservatório de água

Após passar pelos filtros de areia á água segue então para o reservatório de AFA (água
de fábrica) tendo esse nível controlado por um transmissor de nível. Também é feito a
medição de residual de cloro, pH e turbidez no reservatório por instrumentos on-line.
Lembrando que os itens anteriores estão incluídos na ISO9001.
Lembrando que os parâmetros para residual de cloro na AFA é de 0,4 a 0,7PPM, pH de
AFA é de 6,8 a 7,8 e a turbidez de AFA é de 2,0NTU de acordo com a ISO9001, mas essa
turbidez chegando a 1,0NTU por segurança a planta de Osmose Reversa é retirada de
operação por segurança do equipamento.
Na casa de bombas da ETA temos 3 bombas para bombeamento de AFA para todo o
processo.
Também duas bombas que alimentam o tanque de água de selagem (ASE) que fica no
topo da caldeira de recuperação.
Também 2 bombas para limpeza superficial dos filtros de areia.
Uma bomba para pressurização das linhas de água de limpeza da área de ETA e ETE.
Uma bomba de emergência (bombeiros).
Medidas do tanque:

 Altura – 3,60 m
 Comprimento – 61,42 m
 Largura – 10,0 m
 Quantidade – 1
 Vazão – 2700m³/h
 Tempo de retenção – 50 minutos.

Reservatório de água

Casa das Bombas

Tempo total de retenção da planta de tratamento de água é 3 horas e 20 minutos. Estas


três etapas: floculação, decantação e filtração recebem o nome de clarificação. Nesta fase,
todas as partículas de impureza são removidas deixando a água límpida, mas a água não está
potável.

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