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Nome: Gelcivan Brito Silva

Embargos de divergência

Conceito:
Trata-se de recurso cujo objetivo é a uniformização
da jurisprudência interna do Supremo Tribunal
Federal e do Superior Tribunal de Justiça. Registre-
se a necessidade de comprovação imediata do
recolhimento do preparo para a admissibilidade dos
embargos de divergência, nos termos do art. 1.007,
caput, do CPC.
Cabimento:
O recurso é cabível contra decisões colegiadas em
recursos extraordinários e em recursos especiais. A
divergência autorizadora dos embargos pela nova
legislação é tão ampla que o recurso é cabível
mesmo que o acórdão paradigma (base da
divergência) seja da mesma Turma que proferiu a
decisão embargada, desde que a composição tenha
sofrido alteração substancial (em mais da metade
dos seus membros), já que o colegiado que proferiu
uma e outra decisão não pode mais ser visto como
o mesmo.
Procedimento:
O novo CPC (artigo 1.044) delega ao Regimento
Interno do STJ a regulação do procedimento dos
embargos de divergência que hoje é tratada nos
artigos 266 e seguintes.

O recurso é cabível contra decisão de turma, em


recurso especial, que divergir de decisão de outra
turma, de seção ou da Corte Especial.

A intenção é, como já destacado, a de pacificar


internamente divergências entre os órgãos
colegiados.

Contra decisões monocráticas não cabem embargos


de divergência, que tem o prazo de quinze dias.
Também não são cabíveis embargos contra
decisões proferidas em agravos (nem internos), até
por conta da dicção clara do artigo 1.043 do novo
CPC.
O STJ, na linha da novel legislação, exige a
comprovação da divergência pela juntada de
certidão ou cópia autenticada do aresto paradigma
(que servirá para demonstrar a divergência), ou
mediante citação do repositório autorizado, com a
transcrição dos trechos que mostrem o dissídio e
feito o cotejo analítico. Recente atualização do RI
autoriza, inclusive, a indicação de fonte da internet
(§ 4º, artigo 266).

A citação do repositório autorizado só se faz


necessária quando não é juntada cópia da decisão
paradigma da qual divergiu a decisão a ser
embargada. Ademais, se citada a fonte oficial
(Diário da Justiça ou Diário Oficial do Estado) e o
cotejo for com a ementa da decisão (que é o que é
publicado no Diário), desnecessário cogitar da
citação de repositório autorizado.

O cotejo analítico é o que mais tem preocupado os


que interpõem embargos de divergência. Isso
porque o STJ é rígido no exame da argumentação
de quem recorre considerando a justificativa da
existência de uma divergência.
Nesse sentido, o Regimento Interno, na linha da
nova legislação processual, é claro ao exigir o cotejo
analítico. Não basta, assim, referir a decisão da qual
divergiu a embargada. É necessária a explicitação
do porquê de uma decisão haver divergido da
outra, analiticamente. E a divergência deve, ainda,
abranger todos os fundamentos do acórdão
recorrido.

O curioso é que há decisões que não admitem a


divergência com Súmula,2 ao fundamento de que
nem o recurso especial caberia nesse caso.
Discordamos deste entendimento, considerando
que os embargos, justamente por terem a função
uniformizadora, deveriam se prestar para fazer
valer a jurisprudência sumulada.

E os embargos não cabem se a decisão recorrida


estiver em conformidade com a jurisprudência já
pacificada do tribunal,3 justamente porque a
função do recurso é a de pacificar a divergência
entre os órgãos fracionários, impondo o respeito à
decisão dos órgãos internos superiorers (Seções ou
Corte Especial). Já existindo jurisprudência pacífica,
inócuos seriam os embargos de divergência.
Os embargos são cabíveis para a Seção
correspondente ao qual se vinculam as Turmas se a
decisão embargada divergir de decisão da outra
Turma vinculada à mesma Seção (exemplo: 1ª e 2ª
turmas – competência da 1ª seção). E, também, se a
decisão de uma Turma divergir de decisão de Seção
à qual se vincula a turma.

Se a decisão embargada divergir de decisão de


turma vinculada a outra seção ou de decisão de
outra Seção ou da Corte Especial, a competência
para os embargos será da Corte Especial.

Com prazo de quinze dias e dependente de


preparo, o recurso deve ser dirigido ao Presidente
da Seção ou da Corte Especial (dependendo da
competência). Distribuído a um relator, os autos
irão conclusos para o exercício do juízo de
admissibilidade.

O novo CPC acabou com o duplo juízo de


admissibilidade na apelação, mas manteve
expressamente (lei 13.256/16) para os recursos
extraordinário e especial. Não tratou, por outro
lado, do duplo juízo nos embargos. Como delega a
regulação do procedimento ao Regimento Interno
do tribunal, todavia, o juízo de admissibilidade dos
embargos continua sendo duplo – feito pelo relator
(que pode admiti-los ou não) e pelo colegiado (que
pode conhecer ou não do recurso – reputando
existente ou não a divergência).

Admitidos os embargos, os autos serão


encaminhados para que a secretaria abra vista ao
embargado para impugnação.

Na admissibilidade dos embargos, o relator


observará os requisitos extrínsecos (regularidade
formal, preparo e prazo) e os intrínsecos (quanto ao
cabimento, à realização do cotejo analítico e à
ocorrência de divergência atual).

Após a impugnação, os autos deverão ser levados a


julgamento no colegiado, dependendo da
designação de pauta, nos termos do artigo 267,
parágrafo único do CPC.
O colegiado, então, reexaminará novamente os
requisitos de admissibilidade – extrínsecos e
intrínsecos – não ficando vinculado ao exercício
primeiro feito pelo relator. Pode, então, o
colegiado, conhecer ou não do recurso. Se
conhecer, reconhecendo a existência de divergência
atual, dará ou não provimento ao recurso (fazendo
valer a tese da decisão embargada ou da
paradigma).

Se os embargos não forem admitidos pelo relator


(quando intempestivos, contrariarem súmula do
tribunal ou não comprovada a divergência
jurisprudencial), cabível agravo regimental para o
colegiado, que independe de pauta (pode ser
levado em mesa a qualquer tempo). Ao julgar o
agravo, não sendo caso de desprovimento, o
colegiado poderá desde logo julgar o recurso
principal (embargos indeferidos pelo relator) ou
apenas mandar processar os embargos para melhor
julgamento.

Pode ocorrer de ser necessária a dupla interposição


de recurso de uma decisão de Turma – embargos de
divergência e recurso extraordinário. Se a decisão
turmária incorrer em violação a dispositivo
constitucional e, simultaneamente, divergir de
outra decisão de outra turma, seção ou Corte
Especial, o recurso extraordinário deve ser
veiculado simultaneamente com os embargos de
divergência (já que a violação surgiu na decisão da
turma). O extraordinário ficará, então, sobrestado
aguardando a decisão sobre os embargos.

Aliás, nesse ponto, vale destacar a preocupação do


novo CPC no artigo 1.0444.

Se os embargos forem desprovidos ou não


alterarem a conclusão do julgamento anterior,
aproveita-se o recurso extraordinário já interposto
(não sendo necessária sua ratificação), pois não
houve alteração do julgado anterior (tornando sem
objeto o primeiro recurso extraordinário
interposto). Por outro lado, se houver a reforma da
decisão primeira (objeto dos embargos), o recurso
extraordinário interposto perde o objeto e outro
deve ser interposto.

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