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DINÂMICA, AÇÕES
E SEGURANÇA DAS
ESTRUTURAS
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Paola Andressa Machado Leal

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Priosta, Thiago Drozdowski


P958d  Dinâmica, ações e segurança das estruturas/ Thiago
Drozdowski Priosta, – Londrina: Editora e Distribuidora
Educacional S.A. 2019.
142 p.
ISBN 978-85-522-1470-0
1. Dinâmica estrutural. 2. Análise estrutural. I. Priosta,
Thiago Drozdowski. Título.
CDD 620

Responsável pela ficha catalográfica: Thamiris Mantovani CRB-8/9491

2019
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CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
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DINÂMICA, AÇÕES E SEGURANÇA DAS ESTRUTURAS

SUMÁRIO
Apresentação da disciplina 4

Análise dinâmica de estruturas 6

Sistemas com um grau de liberdade 26

Sistemas com vários graus de liberdade 47

Comportamentos estruturais básicos 65

Ações, solicitações e resistência 90

Combinações de ações de serviço nas estruturas 109

Combinações de ações últimas nas estruturas 129

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Apresentação da disciplina

A arte de projetar estruturas requer que o profissional que milita


nesse campo passe a observar, em todos os locais que frequenta,
as estruturas existentes. Esse hábito, na verdade, ocorre quase que
naturalmente, quando já se está atuando há algum tempo na área de
projetos estruturais. Ocorre que, para isso acontecer de maneira natural,
é necessário que o calculista de estruturas (maneira como o profissional
de cálculo estrutural é chamado constantemente) obtenha, ao longo do
tempo, conhecimento e experiência.

Conhecimento este necessário para que não se acostume a conviver


com o que foi aprendido apenas na graduação, pois é preciso
se aprofundar. Nesse contexto, esta disciplina apresentará aos
profissionais da área alguns conhecimentos diferentes daqueles que
foram aprendidos durante a graduação, como, por exemplo, a dinâmica
aplicada ao cálculo das estruturas, as ações que atuam nelas e como
o conceito de segurança é introduzido por meio das combinações das
ações e dos coeficientes ponderadores.

A dinâmica aplicada no campo de cálculo estrutural é fundamental


em virtude do advento de novas tecnologias para os materiais, aliado
ao grande poder de processamento dos computadores atualmente,
que proporcionam a concepção de estruturas cada vez mais esbeltas,
diferentes do que se tinha anteriormente. Dessa forma, com estruturas
mais esbeltas, os efeitos dinâmicos passam a ser de grande magnitude,
e sua ocorrência pode gerar danos irreparáveis às estruturas que
porventura não tiveram no seu dimensionamento esses esforços
adicionais incorporados.

Com relação às ações, o conhecimento dos diferentes tipos de ações


existentes é importante para que, durante o cálculo da estrutura, você
possa compreender como cada ação atua em uma estrutura e, assim,
considerar seus efeitos de acordo com a necessidade. Diferentes

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ações atuam nas estruturas de forma diferente e podem até causar
efeitos não comuns. Esse processo de entendimento da estrutura
passa por compreender como funciona a estrutura, ou seja, entender o
comportamento estrutural básico.

No momento das combinações que devem ser geradas para o cálculo


das estruturas, o conhecimento dos diferentes tipos de ações também
se faz necessário, pois uma combinação com valores errados pode gerar,
inclusive, uma situação de insegurança para a estrutura. Em função
das diversas combinações possíveis, diversos valores e coeficientes são
adotados, cada caso para sua finalidade.

Os estados limites últimos e de serviço são apresentados de modo que


você possa entender quando se deve utilizar um ou outro e as situações
que cada um dos estados limites permite realizar, seja dimensionamento
ou verificação de uma estrutura.

Em um mundo onde a qualidade é tão importante, ainda mais em


virtude da quantidade de profissionais atuando nas diversas áreas da
engenharia, projetar uma estrutura que possua todas as combinações
calculadas corretamente, para que a mesma possa gozar de toda a
capacidade portante necessária com qualidade e durabilidade, é, sem
dúvida, uma tarefa necessária para a manutenção do profissional na
área de projetos estruturais.

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Análise dinâmica de estruturas
Autor: Thiago Drozdowski Priosta

Objetivos

• Introduzir o conceito de dinâmica no âmbito das


estruturas.

• Demonstrar a importância da análise dinâmica nas


estruturas.

• Exemplificar o uso da análise dinâmica nas diversas


estruturas correntes.

• Fornecer aos estudantes os fundamentos teóricos


da análise dinâmica das estruturas.

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1. Introdução

A dinâmica aplicada no campo de estudo relacionado ao cálculo e


dimensionamento de estruturas é de fundamental importância aos
novos engenheiros, uma vez que, devido ao aumento da oferta de
materiais construtivos mais resistentes e tecnológicos e o surgimento de
computadores mais potentes com capacidade de processamento mais
eficiente, é crescente o uso de estruturas mais altas e esbeltas. Dessa
forma, é cada vez mais necessário o conhecimento do efeito das ações
dinâmicas na análise dessas estruturas que, sendo mais altas e esbeltas,
tendem a sofrer mais com efeitos dinâmicos (de vibrações, por exemplo).

Como justificativa deste estudo, podemos citar um caso que, em janeiro


de 2018, foi bastante divulgado na mídia nacional. Um vídeo do edifício
Millennium Palace em Balneário Camboriú, Santa Catarina, onde a água
da piscina interna de um dos apartamentos transbordava em função de
uma forte tempestade que balançava o prédio.

1.1 Fundamentos iniciais

As estruturas são formadas por conjuntos de elementos construídos


com a finalidade de se resistir aos esforços a ela impostos. Esse conjunto
deve permanecer estável e seguro.

As diversas estruturas existentes são elementos físicos, compostos


por peças que chamamos de lajes, vigas, pilares, fundações, escadas,
rampas, cascas, entre outros. Esses elementos estão sujeitos a
diversas ações ao longo de sua existência (ao longo de sua vida útil).
As ações que atuam nas estruturas são diferenciadas entre as ações
permanentes, ações variáveis e ações excepcionais. Geralmente as
ações possuem variabilidade com relação ao tempo. Essa variabilidade
pode ocorrer na intensidade das ações, na frequência na qual ocorrem,
na posição dela em relação à estrutura, na direção de aplicação ou em
seu sentido de aplicação.

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Os carregamentos podem atuar em uma estrutura de forma que
seja possível qualificar/separar esses carregamentos como estáticos
ou dinâmicos. A importância nessa “separação” dos carregamentos
pode ser exemplificada da seguinte maneira: uma peça submetida a
uma carga aplicada gradativamente, em que essa carga permanecerá
constante ao longo do tempo, terá um comportamento diferente de
uma peça em que a carga seja aplicada repentinamente, por repetidas
vezes ou que tenha a sua magnitude variando com o tempo.

O cálculo e dimensionamento de estruturas correntes têm focado


na análise estática das estruturas, ou seja, quando as ações externas
são qualificadas como estáticas, em que a aplicação dos esforços é
realizada de maneira lenta até atingir seu carregamento máximo, sem a
consideração de efeitos vibratórios e/ou variações de intensidade, por
exemplo. Nessa análise estática, a consideração de carregamento lento
gera uma deformação que também se desenvolve lentamente e tem seu
máximo valor quando o carregamento também é máximo.

Porém, essa situação pode ser considerada como uma maneira


rudimentar de aproximação, de simplificação das ações, dos esforços e
das respostas estruturais. Ocorre que essa simplificação muitas vezes
não condiz completamente com a realidade estrutural das edificações
reais e a não consideração dos efeitos dos movimentos e da variável
tempo nas estruturas pode negligenciar uma situação muito mais crítica
para o sistema estrutural.

A dinâmica nas estruturas busca justamente incorporar os efeitos


causados nas obras por movimentos repetitivos dos carregamentos,
impactos, vibrações geradas por ações que variam muito rapidamente
em relação ao tempo aplicado e que recebem, portanto, o nome de
carregamentos dinâmicos, capazes de tirar a estrutura de sua condição
de equilíbrio estático.

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O carregamento dinâmico pode ser gerado em função da utilização
humana em uma determinada estrutura, quando pulamos ou dançamos
sobre uma laje, ou em função de equipamentos móveis, como é o
caso de pontes rolantes e automóveis, ou quando há instalação de
equipamentos fixos, mas que geram movimentações, como é o caso de
diversos equipamentos industriais que geram vibrações e/ou impactos
em determinada atividade produtiva, por exemplo. Os carregamentos
dinâmicos também podem ser observados quando da ocorrência de
ações naturais, como sismos (terremotos), ventos (que movimentam
uma passarela, um viaduto) e ondas marítimas.

Um dos maiores exemplos da importância da consideração dos efeitos


dinâmicos nas estruturas está no caso da ponte Tacoma Narrows,
situada no estado de Washington, nos Estados Unidos. Essa ponte teve
sua construção concluída em meados do ano de 1940 e pouco tempo
após sua inauguração, em novembro do mesmo ano, veio a ruir depois
de oscilar muito, conforme Figuras 1 e 2 (BRASIL; SILVA, 2015).

Figura 1 – Ponte Tacoma Narrows oscilando antes do colapso

Fonte: disponível em: https://www.flickr.com/photos/studio360/1150744342.


Acesso em: 13 fev. 2019.

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Figura 2 – Colapso da Ponte Tacoma Narrows em novembro de 1940

Fonte: disponível em: https://www.flickr.com/photos/wsdot/25232634854.


Acesso em: 28 jan. 2019.

Esta ponte, em seu colapso, sofreu de instabilidade dinâmica gerada


em função do vento na estrutura e que não fora considerada da
maneira adequada à época. O vento, ao escoar em torno da estrutura,
gerou uma oscilação inicial, transferindo energia à ponte. A vibração
gerada aumentou a pressão aerodinâmica do vento, aumentando
significativamente também as vibrações (SORIANO, 2014).

Após seu colapso, nova estrutura foi construída, com estudos mais
aprofundados nas causas, e a ponte em Tacoma pode ser observada
com suas onfigurações atuais na Figura 3.

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Figura 3 – Ponte Tacoma Narrows atualmente

Fonte: gregobagel/iStock.com.

As vibrações em uma estrutura, por exemplo, causadas por


tais carregamentos dinâmicos, podem gerar esforços e reações
maiores nos elementos estruturais do que aqueles gerados por
carregamentos estáticos. Também os efeitos de fadiga que as vibrações
caracteristicamente geram, devido a sua repetição ao longo do tempo
nos elementos estruturais, são efeitos danosos principalmente nas
ligações entre os elementos estruturais.

Esse efeito de fadiga pode acarretar no rompimento de parte ou do


todo de uma estrutura ou então levar ao surgimento de patologias
que primeiramente não levem a estrutura ao colapso, mas que
diminuam sensivelmente a funcionalidade de determinado elemento
construtivo, como, por exemplo, as fissuras geradas por fadiga, que se
iniciam como microfissuras e, a cada ciclo de repetição das vibrações,
essas fissuras se propagam.

Do mesmo modo, esses carregamentos dinâmicos podem gerar


efeitos indesejáveis de ordem sensorial, ou seja, não somente quanto
à resistência das estruturas, mas também com relação ao desconforto

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na utilização das mesmas. Em uma estrutura que vibra ou balança
muito, as pessoas que a utilizam certamente sentirão os efeitos
desconfortáveis dessa situação. E não somente as pessoas, mas também
diversos equipamentos ou elementos construtivos podem sofrer as
consequências desses carregamentos dinâmicos, uma vez que fissuras e
desplacamentos de revestimentos são comuns em situações do tipo.

PARA SABER MAIS


O efeito de fadiga nas estruturas pode ser entendido
como o processo de deterioração nas mesmas, associado
ao carregamento cíclico ao qual estão submetidas. É um
processo de degradação progressivo ligado à perda de
resistência de forma vagarosa e que pode levar à ruptura
de uma estrutura mesmo quando submetida a esforços
menores do que o suportado pelo material devido ao
movimento repetitivo.

Algumas estruturas em especial devem ter na análise dinâmica


uma etapa imprescindível do serviço de análise e dimensionamento
estrutural. Pois a ausência de consideração dos efeitos dinâmicos em
determinados casos pode proporcionar um dimensionamento aquém
do que de fato deveria ser executado.

Brasil e Silva (2015) comentam algumas das situações possíveis em que


se deve pensar na consideração da análise dinâmica nas estruturas civis,
sendo elas:
• fundações de máquinas e equipamentos;

• estruturas para o tráfego de veículos;

• estruturas suscetíveis ao movimento rítmico de pessoas;

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• efeito sísmico (terremotos) nas estruturas;

• efeito do vento nas estruturas;

• efeito de impactos e explosões nas estruturas;

• efeito de ondas marítimas nas estruturas.

Você observará ao longo de seus estudos na área de estruturas que


uma análise dinâmica irá exigir mais de seu conhecimento e experiência
do que uma análise estática, em que os carregamentos dinâmicos são
considerados desprezíveis. Ainda observará também que uma análise
dinâmica consumirá muito mais tempo de interpretação dos resultados
por parte do profissional, assim como mais recursos computacionais
(quando utilizados), que são de bastante ajuda nessas ocasiões.

ASSIMILE
Para Soriano (2014, p. 14), a dinâmica pode ser definida
como: “a parte da mecânica clássica que trata do
movimento de partículas, sistemas de partículas e corpos
rígidos sob ação de forças”.

1.2 Dinâmica das estruturas e os carregamentos dinâmicos

As cargas dinâmicas produzem efeitos de aceleração nas estruturas


como um todo ou em parte dela, como em algum elemento estrutural
específico, por exemplo. A aceleração em uma estrutura está associada
à variação de velocidade que ocorre em um determinado corpo.

A Segunda Lei de Newton trata do Princípio Fundamental da Dinâmica


e estuda os movimentos que são provocados nos corpos pelas forças
neles aplicadas. Também é possível traduzir esse conceito como as
resultantes das forças que atuam sobre um corpo são iguais ao produto
da massa pela aceleração (ou seja: força = massa × aceleração).

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Como os elementos de uma estrutura são elementos que possuem
massa, sob ação de uma aceleração, forças de inércia surgirão nessas
massas. A presença de forças de inércia gera o fenômeno da vibração,
que é um importante componente a ser considerado na maioria dos
projetos (ALVES FILHO, 2008).
Assim, ao analisar ou projetar uma estrutura, é necessário ter uma ideia
bastante clara da natureza e intensidade das cargas aplicadas nela.
É de fundamental importância, então, estabelecer a distinção entre
Carregamentos Estáticos e Dinâmicos. Além disso, o Carregamento
Dinâmico apresenta diversas particularidades que afetam a Resposta
Estrutural do componente. (ALVES FILHO, 2008, p. 21).

Portanto, para uma efetiva análise estrutural, é importante precisar


as ações externas atuantes e consequentemente avaliar seus efeitos.
Como, por exemplo, em caso de oscilações, para se realizar um
adequado dimensionamento da estrutura, de seus elementos e suas
ligações, é necessário avaliar cada ação com seu devido efeito. Apenas
assim é possível conhecer as ações para se projetar de maneira segura,
técnica e economicamente viável. A esta situação, Soriano (2014, p. 12)
define: “O estudo desse efeito é chamado de Dinâmica das Estruturas e
é imprescindível ao engenheiro que milita em projeto estrutural”.

Em função dos diferentes tipos de carregamentos dinâmicos existentes,


podemos classificar estes em carregamentos determinísticos e
carregamentos aleatórios.

As ações externas determinísticas são aquelas possíveis de se definir de


maneira analítica ou, em outras palavras, numericamente. São assim
denominadas devido à sua maneira de obtenção, ou seja, conhecendo-
se as equações que definem um determinado carregamento em
função do tempo, é possível conhecer o valor real da carga para
qualquer instante da estrutura. Dessa forma pode-se, inclusive, traçar
um gráfico de força × tempo. Por exemplo, no Gráfico 1, onde para
qualquer instante de tempo é possível identificar o carregamento a ele
correspondente, onde, para um instante de tempo t4, tem-se o valor de
força (carregamento) igual a 5.

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Gráfico 1 – Exemplo de gráfico força × tempo

Fonte: elaborado pelo autor.

As ações determinísticas também podem ser simuladas por meio de


forças dinâmicas equivalentes às ações externas que estarão aplicadas
à estrutura. Essas forças equivalentes gerarão equações de movimento
na estrutura semelhantes às geradas pelas próprias forças externas.
Para essas situações, caracterizam-se então essas cargas como
carregamentos determinísticos, pois possuem valores numericamente
determinados e que, após definidas as ações dinâmicas que elas
geram, é possível fazer as devidas previsões do comportamento da
estrutura ao longo do tempo.

Um exemplo de carregamento dinâmico determinístico é o caso


da carga produzida por um equipamento industrial que, em
funcionamento, produz impactos, gerando vibrações em uma
estrutura. Conhecendo o equipamento e sabendo qual intensidade,
sentido, direção e intervalo de ocorrência dos impactos, é fácil
determinar a característica desse carregamento.

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Os carregamentos aleatórios, que também são conhecidos como
carregamentos randômicos, geram na estrutura uma metodologia
de análise da estrutura que não mais é denominada de análise
determinística conforme anteriormente, mas sim uma análise
probabilística, em que agora é inserida a variável de probabilidade de
ocorrência e intensidade desses carregamentos.

Para alguns casos, definir o valor exato de determinado carregamento


é uma tarefa praticamente impossível. Nesses casos, enquadram-se
as situações de terremotos, vento ou ondas marítimas. Desse modo,
para se chegar a valores que possam ser adotados nos cálculos das
estruturas, devemos lançar mão da observação de determinado
fenômeno historicamente e, apenas após esse estudo, podemos traçar
resultados baseados na probabilidade de esse carregamento gerar uma
carga com alguma regularidade estatística.

Então esses carregamentos definidos estatisticamente são os


responsáveis por gerar, por exemplo, os deslocamentos que serão
verificados numa análise dinâmica. Por exemplo, os carregamentos de
vento, que são baseados no mapa de isopletas, que é um mapa com
as velocidades básicas do vento em território brasileiro e é encontrado
na ABNT NBR 6123 (ABNT, 1988). Os valores contidos nessa norma são
referentes às velocidades básicas de uma rajada de 3 segundos a 10
metros de altura do terreno e que pode ser excedida em média uma vez
em 50 anos. Esse é um mapa criado em 1977 a partir da base de dados
de mais de 900 estações ao longo do território nacional, ou seja, por
meio da extensa coleta de dados, um mapa de velocidades foi criado,
servindo assim como referência para os cálculos dos esforços advindos
do vento nas estruturas.

Um carregamento de vento, portanto, tem sua variabilidade ao longo


do tempo e, quando estudada, é possível conhecer sua magnitude em
função da posição geográfica em território nacional e a sua característica
é de ocorrência probabilística, pois não há como, de fato, determinar
intensidade, momento e/ou posição, por exemplo.

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Na Figura 4, visualizamos as diversas curvas que definem as velocidades
básicas do vento de acordo com a ABNT NBR 6123 (ABNT, 1988).
Percebe-se que, de acordo com tal norma, probabilisticamente, os
ventos na região sul e sudeste do país possuem maior intensidade do
que em outras regiões territoriais.

Figura 4 – Mapa de isopletas do território nacional

Fonte: ABNT, 1988.

Portanto, um carregamento dinâmico, seja ele determinístico ou


probabilístico, é tratado como qualquer carregamento que pode ter sua
intensidade, posição de aplicação, seu sentido e sua direção variando
no tempo. São diferentes dos carregamentos estáticos, em que a carga
aplicada é de forma gradual e permanece sem variações de intensidade,
ponto de aplicação e direção ao longo da vida útil da estrutura.

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1.3 Graus de liberdade

É por meio do conhecimento dos graus de liberdade de uma estrutura


que uma análise dinâmica é possível. Os graus de liberdade de
uma estrutura podem ser definidos como o número de parâmetros
necessários para determinar sua posição no espaço, ou então como as
maneiras que um corpo tem de se locomover no espaço.

Desse modo, em estruturas lineares e para cargas atuando em um só


plano, por exemplo, em um plano de coordenadas x, y, temos 3 graus
de liberdade, sendo eles: 2 translações (1 na direção x e outra na direção
y) e 1 rotação (em torno de z, que é o eixo perpendicular ao plano x, y),
conforme exemplo visualizado na Figura 5.

Figura 5 – Graus de liberdade do caso plano

Fonte: elaborado pelo autor.

Para o caso da análise dinâmica, o número de graus de liberdade está


relacionado ao número de componentes de deslocamento que uma
estrutura pode ter.

1.3.1 Modelos discretos

Há uma particularidade a se considerar na análise dinâmica das


estruturas, que é a existência de dois modelos (sistemas) de análise, que
são os modelos discretos e os modelos contínuos. No modelo discreto,
há a idealização de um modelo geométrico com um número finito

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de parâmetros de coordenadas, ou seja, de graus de liberdade. Um
problema específico pode ser resolvido por meio de um modelo discreto
com a intenção de se facilitar a análise e desenvolver a atenção apenas
sobre os fenômenos que se pretende analisar.

Como exemplo, pode-se pensar em um pêndulo, constituído por uma


massa preso por um fio. Ao fazer esse pêndulo oscilar lateralmente por
meio de uma ação externa lateral (empurrar lateralmente o pêndulo, por
exemplo), ele vai gerar uma oscilação com um ângulo em relação à sua
posição vertical original. Esse movimento descrito pelo ângulo de oscilação
do pêndulo é, portanto, um grau de liberdade, sendo um modelo discreto,
que possui um finito número de graus de liberdade. O problema se reduz
apenas ao ponto de ligação entre o pêndulo e o fio, que é um nó, e este
modelo com apenas um grau de liberdade é simplificado a uma única
coordenada que dá confirguração a todo o sistema.

Em um modelo discreto, não se busca visualizar o comportamento


dinâmico dos diversos (infinitos) pontos de uma viga, por exemplo.
Se há uma viga que sofre um movimento vibratório, calculam-se os
deslocamentos, as velocidades e acelerações apenas em alguns pontos,
ou seja, nos nós do modelo. Na Figura 6, pode-se visualizar uma barra
engastada discretizada com seus devidos nós. Neste caso, temos um
modelo de viga, que foi discretizado em um número finito de nós, um
número conhecido de nós que é capaz de simplificadamente, explicar,
representar o que ocorre com a viga toda.

Figura 6 – Nós discretizados de uma barra engastada

Fonte: adaptado de https://en.wikipedia.org/wiki/File:Cantilever_with_end_point_load.JPG.


Acesso em: 3 fev. 2019.

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No modelo da Figura 6, temos 8 nós capazes de representar o
comportamento da barra toda. Conhecendo-se os deslocamentos em
cada nó, é possível traçar uma curva (entre os nós) que represente
o deslocamento da barra de acordo com a carga F aplicada. Nessa
barra engastada, cada ponto (nó) está posicionado a uma posição de
coordenada x em relação ao Ponto A (face esquerda) da barra.

1.3.2 Modelos contínuos

Com relação aos modelos contínuos, é importante salientar que, em


relação às estruturas reais, a massa é sempre distribuída ao longo
da peça, ou seja, uma determinada peça estrutural possui infinitos
elementos (seções) de massas.

Qualquer modelo real é notadamente um modelo contínuo e, desse


modo, é caracterizado por infinitos graus de liberdade ao longo da peça.
Não há como definir um número exato de seções que compõem a peça,
diferentemente dos modelos discretos, em que se define um número
exato de nós que seja capaz de representar a peça como um todo.

Uma definição quanto à abordagem de sistemas discretos e contínuos


é dada por:
No modelo contínuo, a solução é obtida para os infinitos pontos
localizados por intermédio da coordenada x de cada ponto. No modelo
discreto, em primeira instância, é determinado o comportamento apenas
dos nós do modelo. Nesta abordagem inicial, as massas são concentradas
nos nós, (ALVES FILHO, 2008, p. 28).

No caso de algumas análises para modelos contínuos, convém


fortemente a adoção de modelos computacionais, por meio do método
dos elementos finitos (MEF), que realizam a análise em cada ponto da
estrutura para cada carga aplicada. Essa situação é necessária, pois a
resolução manual de um sistema desse tipo se torna inviável em virtude
do tempo dispendido, visto que uma estrutura pode ter inúmeros
pontos para representá-la fielmente.

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2. Considerações finais

• A abordagem do estudo dos carregamentos e efeitos dinâmicos


nas estruturas é primordial para o profissional que pretende
atuar no cálculo das estruturas. No geral, estamos acostumados
com a abordagem dos carregamentos e efeitos estáticos em uma
estrutura, ou seja, aplicamos uma carga em um determinado
elemento e então verificamos os esforços provocados por essa
carga, assim como os deslocamentos e deformações.

• Mas essa análise pode, por vezes, se mostrar inteiramente


equivocada se não nos preocuparmos com as cargas dinâmicas
que muitas vezes provocam efeitos mais prejudiciais a uma
estrutura do que os carregamentos estáticos.

• Dessa forma, não basta verificarmos os efeitos dinâmicos (vibrações,


por exemplo) apenas com base no comportamento funcional de
uma estrutura, ou seja, com relação ao estado limite de serviço,
aquele que estuda o conforto da estrutura. As vibrações podem
gerar mais do que um simples desconforto ao usuário, podem,
na verdade, gerar até mesmo uma ruptura de algum elemento
estrutural, o que mostra que a consideração desses esforços
dinâmicos é altamente recomendade e necessita de especial
atenção por parte dos profissionais de cálculo estrutural.

TEORIA EM PRÁTICA
Com relação ao estudo da dinâmica, o profissional que
pretende calcular uma estrutura de uma edificação para
uso industrial, em que haverá uma mesa vibratória com
diferentes níveis de intensidade como um dos elementos
principais do funcionamento daquela indústria, deverá
ter em mente se os esforços que esse maquinário produz

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são de relevância ou não no momento do cálculo dessa
edificação. Você, como responsável pelo cálculo dessa
edificação, considera que esse equipamento e seus
esforços devem ser considerados nos cálculos? Quais os
efeitos que devem ser considerados ou que poderiam
ser desconsiderados nessa análise? Em caso dos efeitos
deverem ser considerados, o que se pode fazer para
minimizar tais efeitos?

VERIFICAÇÃO DE LEITURA

1. A dinâmica pode ser definida como:

a. Parte da física que estuda os diversos corpos que


movimentam uma determinada massa.

b. Parte da mecânica clássica que estuda o movimento


dos corpos que estão sob ação de forças externas.

c. Parte da mecânica clássica que estuda a capacidade


de um corpo de se manter em equilíbrio estático.

d. A área da engenharia que verifica o dimensionamento


de uma estrutura que está em movimento constante.

e. A área da engenharia que estuda uma estrutura em


equilíbrio estático.

2. Em uma análise dinâmica, dentre todos os


carregamentos atuantes na estrutura, aqueles
que possuem variabilidade e geram dificuldade

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22
na determinação dos seus valores são os
carregamentos considerados:

a. Carregamentos estáticos.

b. Carregamentos determinísticos.

c. Carregamento básicos.

d. Carregamentos aleatórios.

e. Carregamentos repetitivos.

3. Os carregamentos dinâmicos são aqueles definidos


como qualquer carregamento que pode ter sua
intensidade, posição de aplicação e direção variando no
tempo. Dentre as opções abaixo, a única alternativa que
exemplifica apenas carregamentos dinâmicos é a opção:
a. Vento, sismos e peso próprio de uma estrutura.

b. Sismos, bases vibratórias sobre uma laje e paredes.

c. Pessoas pulando sobre uma laje, paredes e tráfego


de veículos.

d. Revestimento de piso, tráfego de veículos e pessoas


dançando sobre uma laje.

e. Sismos, tráfego de veículos e bases vibratórias


sobre uma laje.

Referências bibliográficas

ALVES FILHO, A. n a base da tecnologia. Análise Dinâmica. 2. ed. São Paulo: Érica, 2008.

 23
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 6123: forças devidas
ao vento em edificações. Rio de Janeiro, 1988.
. NBR 8681: ações e segurança nas estruturas – Procedimento. Rio de
Janeiro, 2003.
. NBR 15421: projeto de estruturas resistentes a sismos – Procedimento. Rio
de Janeiro, 2006.
BRASIL, R. M. L. R. F.; SILVA, M. A. da. Introdução à dinâmicas das estruturas: para
engenharia civil. 2. ed. São Paulo: Blucher, 2015.
LEET, K. M.; UANG, C.; GILBERT, A. M. Fundamentos da análise estrutural.
Tradução de: João Eduardo Nóbrega Tortello. 3. ed. Porto Alegre: Amgh, 2010.
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SORIANO, H. L. Introdução à dinâmicas das estruturas. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2014.
SUSSEKIND, J. C. Curso de análise estrutural: vol. 1 – Estrutura isostáticas. 6. ed.
Porto Alegre/ Rio de Janeiro: Globo, 1981.

Gabarito

Questão 1 – Resposta B
Assim como definido por Soriano (2014, p. 14), a dinâmica
pode ser definida como “a parte da mecânica clássica que trata
do movimento de partículas, sistemas de partículas e corpos
rígidos sob ação de forças”. Sendo assim, quando se estudam os
movimentos dos corpos sob a ação de forças externas, estamos
estudando dinâmica, que é diferente do estudo estático das
estruturas, em que não há a consideração do movimento ao
longo do tempo nas diversas partes dos elementos estruturais
ou de uma estrutura como um todo.
Questão 2 – Resposta D
Numa análise dinâmica, temos os métodos de análise
determinísticos e probabilísticos.

24
24
Na análise determinística, as ações são definidas, sejam por
meio de equações que as simulam ao longo do tempo ou
gráficos já calculados com os valores das ações ao longo do
tempo. Desse modo, é possível determinar os efeitos que essas
ações gerarão ao longo da estrutura.
Na análise probabilística, as ações são de difícil definição. Os
valores em cada instante, além de diferentes, não são possíveis
de mensuração exata. Para essas situações, os carregamentos
são definidos como carregamentos aleatórios ou randômicos.
Exemplos desses carregamentos são os terremotos ou ondas
marítimas. Sua mensuração se dá por meio de ampla análise
de suas ocorrências e definem-se valores baseados nas
probabilidades, de maneira estatística.
Questão 3 – Resposta E
Carregamento dinâmicos são aqueles em que a intensidade, a
direção e a posição variam ao longo do tempo. Consequentemente,
as respostas da estrutura, em relação ao deslocamento, velocidade
e aceleração, também variam ao longo do tempo.
Dessa forma, podemos concluir que os carregamentos de peso
próprio de uma estrutura, as cargas de paredes e as cargas de
revestimento de um piso não são cargas que variam ao longo do
tempo, seja em intensidade, posição e direção. O peso próprio de
uma estrutura é considerado uma carga permanente, assim como
as cargas de parede e de revestimentos, justamente por não terem
variabilidade em relação a intensidade, posição e direção.
Sendo assim, dentre as alternativas disponíveis, a única que
não possui nenhum carregamento com essas características
é a alternativa que contempla “sismos, tráfego de veículos e
bases vibratórias sobre uma laje”, pois estes podem variar ao
longo do tempo, seja com relação a magnitude/intensidade,
direção e/ou posição.

 25
Sistemas com um grau de liberdade
Autor: Thiago Drozdowski Priosta

Objetivos

• Introduzir o conceito de graus de liberdade no


âmbito das estruturas.

• Demonstrar a importância dos graus de liberdade


em uma estrutura.

• Conceituar as vibrações livres e forçadas.

• Fornecer aos estudantes os fundamentos teóricos


da análise dinâmica das estruturas.

26
26
1. Introdução

Na análise de estruturas, é usual a adoção de modelos que possam


representar satisfatoriamente o comportamento de uma edificação
real, cheia de suas particularidades, mas que ao mesmo tempo facilite
o entendimento por parte do profissional que a esteja projetando. Essa
situação é feita por meio de uma simplificação que é a adoção de barras,
placas, apoios e materiais com comportamento simplificado. Até mesmo
o uso de massas pontuais no lugar dos elementos estruturais complexos
é uma aproximação usual e cabível. Com isso, é possível a construção
de modelos matemáticos que relacionam a característica da estrutura
com o modelo idealizado. Na construção desses modelos, são levados
em conta o uso de modelos matemáticos, sistemas de equações e
aplicações das leis da mecânica. Posto tudo isso, busca-se resolver esses
problemas por maneiras analíticas ou numéricas.

As aplicações dispostas às estruturas para o cálculo das cargas e


dos esforços dinâmicos também passam por processos conforme
os tratados anteriormente, uma vez que os modelos são “reduzidos/
simplificados” com a finalidade de facilitar e otimizar o entendimento de
quem analisa a estrutura. Um modelo de sistema estrutural contínuo
pode ser substituído por um modelo com um grau de liberdade, que
apesar de parecer um modelo simplista, proporciona boas maneiras de
visualização do que de fato ocorre com as estruturas.

1.1 Fundamentos conceituais

As estruturas são projetadas para resistirem aos esforços a elas


aplicados, e esses esforços podem gerar movimentos na estrutura,
que deve permanecer estável, sem movimentações exageradas para
a forma que foi projetada.

Quando as cargas são dispostas de maneira lenta na estrutura, ou seja,


com velocidade desprezível, não se leva em conta o surgimento das
forças de inércia, permitindo assim uma análise estática do conjunto.

 27
Em contrapartida, se as cargas não são as consideradas estáticas,
mas sim dinâmicas, em que a aplicação das cargas ocorre de maneira
a causar impactos, vibrações, oscilações e demais efeitos dinâmicos
nas estruturas, podem surgir situações indesejadas, como esforços
maiores que os determinados anteriormente no modelo estático.
Solicitações maiores, desconforto aos usuários (em função de vibrações
e movimentações nas estruturas), funcionamento prejudicado de
equipamentos sobre a estrutura (maquinários, portas e janelas, por
exemplo) e até mesmo o efeito de fadiga do material, de seus elementos
e ligações dos componentes são situações correntes.

Para uma correta análise de estrutura sob condições de esforços


dinâmicos, o modelo matemático adotado é o de sistemas de equações
diferenciais, diferente do caso de análise estática, em que o modelo
adotado é o de equações algébricas. Outro ponto importante é que,
na análise dinâmica, não temos apenas um resultado, como no caso
estático, mas sim um histórico de respostas e do funcionamento
da estrutura, ou seja, em função do carregamento dinâmico e da
observação do comportamento da estrutura, é possível obter as
consequências que são geradas. Essas consequências são exatamente o
que chamamos de histórico de respostas.

A Tabela 1 mostra a diferença entre os sistemas de equações para os


diferentes casos citados, dinâmico e estático, conforme indicam Brasil
e Silva (2015). A variável na análise dinâmica é o tempo (t). O que é
possível de se observar analisando a Tabela 1 é que, em uma análise
estática, a variável tempo e os vetores de aceleração e velocidade
não ocorrem. Na prática, na análise estática, há apenas a análise do
deslocamento dos componentes estruturais em função da rigidez da
estrutura e dos carregamentos aplicados.

Tabela 1 – Diferença dos sistemas de equações: dinâmico x estático

Dinâmica Estática
Sistema de equações diferenciais ordinárias Sistema de equações algébricas
,
Mü + Cu + Ku = f(t) Ku = f
Fonte: adaptado de Brasil e Silva (2015).

28
28
Onde:
M = matriz de massa da estrutura;
C = matriz de amortecimento;
K = matriz de rigidez;
ü = vetor de aceleração;
,
u = vetor de velocidade;
u = vetor de deslocamento;
f = forças externas.

A modelagem matemática e a solução numérica das estruturas


sob análise dinâmica nos dias atuais ocorre com o emprego de
computadores que, com o advento do Método dos Elementos Finitos
(MEF), proporcionou uma agilidade muito maior nesse processo, uma
vez que, em função das diversas variáveis e por não gerar apenas um
resultado, mas sim um histórico de respostas para determinada situação
da estrutura estudada, torna o problema uma análise mais dispendiosa
do que uma análise estática.

1.1.1 Vibrações

Vibrações ou oscilações são efeitos que estão presentes nas mais diversas
áreas da vida humana, seja na fala, por meio da vibração das cordas
vocais, na música, por meio da vibração nos instrumentos musicais, a
vibração do pulmão no respirar, na oscilação que ocorre nos braços
e pernas ao caminharmos ou corrermos. Também está presente na
utilização de diversos equipamentos mecânicos no decorrer do dia a dia.

Para efeitos de familiarização do conceito, pode-se definir vibração


ou oscilação como qualquer movimento repetitivo de um elemento
em um intervalo de tempo. O estudo desses fenômenos tem por
finalidade compreender os movimentos oscilatórios dos corpos e as
respectivas forças a eles associadas. A importância desses estudos
está na situação de que essas vibrações ou oscilações tendem a gerar

 29
menor durabilidade aos equipamentos e as estruturas como um todo,
devido ao possível efeito de fadiga ou ao desconforto na utilização de
determinada estrutura ou equipamento, pois podem gerar trepidações,
excesso de ruído e perda de eficiência dos elementos. Também é
possível associar a diminuição da durabilidade causada pelas vibrações
com as estruturas mais esbeltas. Estruturas mais robustas tendem a
sofrer menos com esses efeitos.

Outro fenômeno que pode ocorrer em função da vibração é o efeito


de ressonância, que é quando a frequência natural de vibração de uma
estrutura coincide com a frequência externa. Essa situação pode gerar
deslocamentos excessivos e rupturas nos sistemas estruturais.

As vibrações ocorrem dependendo de uma série de fatores que a


influenciam. Para Rao (2008, p. 6), para compor um sistema vibratório,
temos que ter: “[…] um meio para armazenar energia potencial (mola ou
elasticidade), um meio para armazenar energia cinética (massa) e um
meio de perda gradual de energia (amortecedor)”.

Em um sistema que envolve diretamente a vibração, esta ocorre


alternando a energia cinética em potencial e vice-versa. Quando o
sistema é amortecido, para cada ciclo de vibração, há perda gradual
de energia (dissipação de energia). Se esse sistema amortecido
precisar ter uma vibração continua, então é necessária a existência
de uma força externa aplicada de modo a não permitir que o
movimento finalize. Essa situação é bem clara de se visualizar, basta
você imaginar uma criança em um balanço (Figura 7). Essa criança
senta no balanço, toma uma certa distância e dá um impulso
próprio. Se essa criança não tomar mais impulsos ao longo do
“balançar” do conjunto, após alguns ciclos (informalmente podemos
dizer “após algumas balançadas”), ela tende a parar em função do
amortecimento natural que ocorre, que é a resistência gerada pelo
meio que a envolve (o ar por exemplo).

30
30
Figura 7 – Criança em um balanço

Fonte: disponível em: https://pixabay.com/pt/balanço-rolamento-criança-


diversão-2920883/. Acesso em: 8 fev. 2019.

O mesmo exemplo pode ser retratado com a visualização de um


pêndulo, conforme a Figura 8. Quando a criança e/ou o pêndulo
estão no ponto mais alto do seu movimento oscilatório, chamamos
de deslocamento angular máximo (na extremidade esquerda, por
exemplo), a velocidade que o conjunto possui é zero, ou seja, a
energia cinética é zero, porém, este é o ponto em que há a máxima
energia potencial. Quando a criança/o pêndulo, balançando, passa
pelo ponto vertical inicial, chamada de posição com deslocamento
angular nulo (posição em que o pêndulo está em vermelho na
Figura 8), há a maior energia cinética, ou seja, maior velocidade do
conjunto, porém, a energia potencial é nula. Após passar por esse
ponto, a massa (criança/pêndulo) começa a receber influência do
torque em sentido contrário devido à gravidade, transformando a
energia cinética em energia potencial novamente, provocando uma
desaceleração até que a energia cinética seja nula.

 31
Figura 8 – Pêndulo balançando

Fonte: corbac40/iStock.com.

Ao chegar ao ponto máximo à direita, toda a energia cinética foi


convertida em energia potencial e então o processo se repete, dando
o movimento oscilatório ao conjunto. A esta situação, diz-se que, ao
longo da trajetória do corpo, há conversão entre as energias cinética
e potencial constantemente. Na Figura 9, é possível visualizar a
oscilação de energia cinética (azul) e potencial (vermelha), quando
uma é máxima a outra é nula.

Figura 9 – Oscilação entre energia cinética e potencial

Fonte: disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Energy_in_SHM.gif.


Acesso em: 9 fev. 2019.

32
32
No caso real, a magnitude dessa oscilação vai diminuindo
gradativamente devido à resistência do ar no ambiente
(amortecimento) e, após um certo tempo, o sistema para. Pode-se
dizer que, no movimento oscilatório, a energia cinética existente no
conjunto é dissipada a cada ciclo devido ao amortecimento gerado
pelo ar que está em volta do sistema.

1.1.2 Graus de liberdade

Na análise dinâmica de uma estrutura, o número de graus de liberdade


é relacionado ao número de componentes de deslocamento que
uma estrutura pode ter. Por meio dos graus de liberdade, busca-se
identificar a menor quantidade de coordenadas independentes e que
são necessárias para se descrever o movimento no espaço das massas
de um sistema em um instante de tempo qualquer.

No caso da criança balançando e/ou do pêndulo, temos apenas um


grau de liberdade, pois é possível definir o movimento oscilatório em
função de uma única componente, que é o ângulo θ formado com a
referência vertical. Essa definição também é possível de ser feita em
função de apenas um ponto em coordenadas cartesianas, ou seja, é
possível referenciar a posição da massa (criança/pêndulo) utilizando
apenas as coordenadas x, y. Esse movimento descrito pelo ângulo de
oscilação (ou pela coordenada cartesiana) do pêndulo é, portanto,
de um grau de liberdade, que possui um finito número de graus de
liberdade, no caso, apenas um.

Também há o pêndulo de torção, caracterizado por uma massa


suspensa a partir do seu centro de gravidade por um fio longo,
visualizado na Figura 10, e que também é descrito como sendo um
modelo de um grau de liberdade, pelo fato de o disco poder oscilar em
rotações horizontais (ângulo φ) em relação ao fio a partir de alguma
perturbação gerada no disco, conforme Soriano (2014, p. 20).

 33
Figura 10 – Pêndulo de torção

Fonte: disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Torzni_kyvadlo.svg.


Acesso em: 9 fev. 2019.

1.1.3 Classificação das vibrações

A classificação das vibrações pode ser realizada de diversas maneiras,


em que as mais importantes são dadas em vibrações livres e forçadas.

As vibrações livres são aquelas em que há uma perturbação inicial (um


deslocamento ou uma velocidade) que gera o movimento vibratório,
mas que não perdura durante a movimentação, ou seja, o sistema
continua vibrando por conta própria sem a atuação de forças externas,
caracterizando, assim, a vibração livre. Um exemplo de vibração livre é
justamente o pêndulo simples, que após ser deslocado de sua posição
inicial de repouso, permanece em movimento sem que nenhum outro
efeito externo seja aplicado no conjunto.

As vibrações forçadas, por sua vez, são aquelas que resultam da ação
de forças externas e que geralmente são forças repetitivas. Esse efeito
externo persiste durante todo o tempo em que a movimentação
vibratória existir. A exemplo de vibração forçada, têm-se as oscilações

34
34
que ocorrem em maquinários que vibram devido a sua movimentação
inerente ao processo de funcionamento dessas máquinas. Essas
vibrações geradas por forças externas são também as responsáveis pela
ocorrência de ressonância nas estruturas, que pode levar uma estrutura
a ter graves problemas. Algumas falhas estruturais de edifícios, pontes,
turbinas e asas de aviões foram atribuídas à existência de ressonância.
Esse também é o motivo da baixa durabilidade em estruturas que
sofrem com esse efeito, como, por exemplo, arquibancadas de estádios
de futebol, onde, com o passar do tempo, a estrutura pode sofrer de
fadiga do material e/ou suas ligações, gerando enfraquecimento nas
junções dos elementos e seus componentes.

PARA SABER MAIS

A ressonância ocorre quando um objeto vibra devido a uma


força externa em uma frequência igual a da frequência
natural do sistema (ou do elemento). Nessa situação ocorre
o aumento da amplitude de vibrações (oscilações), ou seja,
haverá deslocamentos amplificados, que são perigosamente
grandes. Por exemplo, quando um(a) cantor(a) atinge um
tom de vibração na voz igual ao de uma taça de vidro e esta
se quebra, pois a frequência da voz se igualou à do vidro.

Além das vibrações livres e forçadas já citadas, há a classificação das


vibrações em amortecidas e não amortecidas. Quando a energia for
perdida ou dissipada ao longo da oscilação, seja por existência de
atrito ou outra resistência qualquer, essa vibração é tida como vibração
amortecida. Quando não há perda de energia no sistema, a vibração é
classificada como não amortecida.

 35
1.1.4 Demais conceitos

Outros conceitos importantes ao estudo das vibrações são amplitude,


período e frequência. Na Figura 11, é possível visualizar os três
conceitos. A amplitude de uma vibração pode ser explicada como o
máximo valor atingido pela onda vibratória, ou seja, a altura da crista
(ponto mais alto da onda) ou a profundidade do vale (ponto mais baixo
da onda) que é formado pela onda vibratória. A amplitude é definida
como constante quando a vibração é não amortecida (caso da Figura 11),
porque não há perda de energia ao longo dos ciclos. Quando há uma
vibração amortecida, parte da energia vai se perdendo a cada ciclo e a
amplitude deixa de ser constante.

O período é o tempo passado até que o movimento se repita e a


frequência é dada como o número de repetições que ocorrem em uma
certa unidade de tempo e que matematicamente podemos definir
como sendo o inverso do período. O comprimento de uma onda
(destaque em azul na Figura 11) é a distância percorrida pela onda
vibratória em um período, ou seja, é a distância percorrida entre dois
vales ou duas cristas consecutivas.

Figura 11 – Amplitude, período e frequência

Fonte: disponível em: https://es.wikipedia.org/wiki/Archivo:Frecuencia_de_la_onda_sonora.png.


Acesso em: 9 fev. 2019.

36
36
ASSIMILE

Quando um sistema de vibrações é do tipo amortecida,


dizemos que se trata de um sistema não conservativo, ou
seja, não há a conservação de energia e esta se perde a
cada ciclo que passa. Porém, quando o sistema de vibrações
é do tipo não amortecida, este é caracterizado como um
sistema conservativo, pois a energia é conservada ao longo
do movimento oscilatório.

2. Sistemas de um grau de liberdade

Na prática, quando vemos uma estrutura, temos a percepção de uma


massa robusta que possui infinitos graus de liberdade. Mas de maneira
conveniente a se facilitar o estudo e o entendimento, faz-se a seleção
dos graus de liberdade relevantes para o sistema, obtendo, assim, um
número finito e discreto de graus de liberdade. Em alguns casos, pode-
se chegar a um modelo coerente com apenas um grau de liberdade,
como é o caso do pêndulo, por exemplo.

2.1 Vibrações livres

2.1.1 Vibrações livres não amortecidas

Quando não há força externa e o sistema não possui amortecimento,


temos as vibrações livres não amortecidas, em que os movimentos
se devem unicamente às condições iniciais de deslocamento, e para
expressar esse sistema, podemos utilizar a expressão demonstrada na
Tabela 1, que é a equação do movimento para o sistema de um grau de
liberdade (Eq. 1):
,
Mü + Cu + Ku = f(t) Eq. 1

 37
Onde:
M = matriz de massa da estrutura;
C = matriz de amortecimento;
K = matriz de rigidez;
ü = vetor de aceleração;
,
u = vetor de velocidade;
u = vetor de deslocamento;
f = forças externas.

Porém, é necessário fazer algumas alterações devidas, ou seja, se não


há força externa, a componente f(t) não é factível e, portanto, anulada.
,
E por se tratar de vibração livre não amortecida, então a parcela Cu de
amortecimento deve ser desconsiderada, o que resulta na Eq. 2:
Mü + Ku = 0 Eq. 2

A frequência angular (ou frequência circular), que é uma propriedade


dinâmica do sistema expressa em rad/s (radianos por segundo)
apresentada por Lima e Santos (2009, p. 6), é descrita pela Eq. 3:

Eq. 3

Para se obter a frequência natural, que é expressa em Hz (Hertz), basta


dividir ωn por 2 π, resultando na Eq. 4:

Eq. 4

Em termos físicos, a frequência natural é a quantidade de ciclos por


segundo que o sistema apresenta em situação de vibração livre.

O período natural, que é o intervalo de tempo entre os picos dos


movimentos ondulatórios, é também o inverso da frequência, então,
nesse caso, representada pela Eq. 5:

38
38
Eq. 5

Conforme se pode observar na Figura 11, a amplitude do movimento


ondulatório é correspondente ao valor do deslocamento no ponto onde
a velocidade é zero (energia cinética nula) e representa os valores de
máximo ou de mínimo para o deslocamento. A amplitude apresentada
por Brasil e Silva (2015, p. 24) é expressa pela Eq. 6:

Eq. 6

É conveniente lembrar que, quando a vibração é não amortecida, a


amplitude é constante e a característica das ondas vibratórias possui
formato igual ao da Figura 11.

2.1.2 Vibrações livres amortecidas

Quando há a perda de energia, passamos a considerar a presença


de amortecimento do sistema, o que, no geral, é uma situação mais
próxima da realidade, pois, em se tratando de vibração nas estruturas,
sempre há a dissipação de energia. Soriano (2014, p. 93) cita que essa
dissipação ocorre devido ao atrito interno no material, nos apoios e
nas ligações entre os componentes estruturais. A dissipação de energia
ocorre nos sistemas mecânicos oscilatórios com a finalidade de atenuar
os picos vibratórios, de modo que o decaimento é desejável quando
a vibração precisa ser evitada, como em casos em que uma estrutura
pode oscilar próximo à ressonância.

Considerando então a existência de amortecimento, como é necessário


nas estruturas reais, a equação do movimento é dada na Eq. 7:
,
Mü + Cu + Ku = 0 Eq. 7

E neste caso, deve-se considerar a taxa (ou o fator) de amortecimento


(ξ) na dinâmica das estruturas, que, para Brasil e Silva (2015, p. 25),

 39
apresentam amortecimentos subcríticos (subamortecido), ou seja,
o amortecimento é menor que o amortecimento crítico (ξ < 1). Esse
fator é definido por Lima e Santos (2009, p. 12) como a relação entre o
coeficiente de amortecimento real, c, e o coeficiente de amortecimento
crítico ccr , e que pode ser expresso pela Eq. 8:

Eq. 8

E o coeficiente de amortecimento crítico ccr apresentado por Lima e


Santos (2009, p. 10) está disposto na Eq. 9:
Eq. 9

É possível perceber que o fator de amortecimento depende dos três


elementos básicos da equação do movimento, ou seja, de m, c e k.

A frequência angular amortecida apresentada por Lima e Santos (2009,


p. 13) é dada em rad/s por meio da Eq. 10:

Eq. 10

A frequência natural amortecida, em Hertz (Hz), é obtida dividindo


a frequência angular por 2π. Desse modo, a fórmula fica igual ao
demonstrado na Eq. 11:

Eq. 11

E o período apresentado por Lima e Santos (2009, p. 13) é obtido pelo


inverso da frequência e exposto pela Eq. 12:

Eq. 12

Por fim, a amplitude do sistema amortecido, diferentemente do que


acontece no movimento não amortecido, não é constante, conforme
Figura 12. A cada ciclo passado, a amplitude diminui e o período é
ligeiramente maior em relação ao ciclo anterior. A equação da amplitude
descrita por Brasil e Silva (2015, p. 25) é definida pela Eq. 13:

40
40
Eq. 13

Um item importante sobre a frequência das vibrações é o que Rao


(2008, p. 67) afirma: “[…] a frequência de vibração amortecida (ωd) é
sempre menor do que a frequência natural não amortecida (ωn)”. Esse
fato ocorre porque, nos casos de vibrações amortecidas, a amplitude vai
diminuindo a cada ciclo, diminuindo também a frequência do conjunto.

Figura 12 – Onda de amortecimento subcrítico (subamortecido)

Fonte: disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Damped_sinewave.svg.


Acesso em: 10 fev. 2019.

2.2 Vibrações forçadas

As vibrações forçadas ocorrem quando as forças externas estão sendo


aplicadas ao mesmo tempo que o movimento vibratório, ou seja,
quando a vibração do sistema depende da excitação dinâmica externa.
As forças externas que atuam nos sistemas podem se apresentar de

 41
diversas formas, sendo as forças harmônicas e as forças periódicas
as que representam a maioria dos casos dos sistemas físicos reais.
A resposta do conjunto se dá em função da força que é aplicada, ou
seja, uma força harmônica provoca vibrações harmônicas e uma força
periódica provoca vibrações periódicas.

Nesse caso, onde temos a atuação de forças externas, a componente


f(t) da equação 14 não pode ser considerada anulada, sendo, portanto,
diferente de zero. Para o caso de um sistema amortecido, sob uma
frequência (ω) forçada e carregamento aplicado (f0), a equação do
movimento é representada por:
,
Mü + Cu + Ku = f0 sen(ωt) Eq. 14

Já para o caso de um sistema de vibração forçada não amortecido, a


,
parcela Cu é desprezada, resultando em:
Mü + Ku = f0 sen(ωt) Eq. 15

Quando não há a consideração do amortecimento (amortecimento


nulo), a frequência que causa excitação na estrutura pode ser igual
à frequência natural dessa mesma estrutura, fazendo com que a
amplitude do movimento passe a tender para o infinito. Nessa situação,
afirma-se que o sistema se encontra em ressonância. Por essa razão,
há necessidade da presença do amortecimento nas estruturas reais,
pois esta impede que haja deslocamentos que tendem a aumentar
infinitamente, colocando o sistema em ressonância, inviabilizando sua
utilização e podendo levar a estrutura a uma situação de ruína.

3. Considerações importantes

Pode-se argumentar que as estruturas reais não são compostas por


modelos de um grau de liberdade, pois, na verdade, elas são compostas
por infinitos graus de liberdade. A simplificação imposta pela adoção
de modelos com um grau de liberdade visa o entendimento de alguns

42
42
sistemas menos requintados, simplistas, que podem ter, sem perda
de segurança, seu modelo considerado como de apenas um grau
de liberdade. Para modelos mais específicos e estruturas de massas
contínuas, a adoção de número de graus de liberdade maior que um
torna a análise mais dispendiosa, porém, mais completa.

Com relação às vibrações, a diferenciação entre os tipos existentes se


faz necessária para uma correta interpretação dos resultados em uma
análise dinâmica. Estruturas de pontes, arquibancadas de estádios
de futebol, pontes rolantes, estruturas sujeitas a sismos e edifícios
esbeltos sob ação do vento são alguns exemplos de sistemas altamente
suscetíveis à ocorrência de problemas oriundos das vibrações.

Estruturas com maior rigidez são menos suscetíveis aos problemas


gerados por vibrações e esse tipo de característica pode ser obtido
desde a concepção arquitetônica e/ou estrutural, que, nos casos
dos exemplos citados anteriormente, já podem oferecer resistências
maiores aos esforços dinâmicos desde a fase de projeto.

TEORIA EM PRÁTICA

Para uma estrutura de ponte sobre um rio, em terreno


aberto, que deverá passar por uma análise dinâmica
durante sua fase de projeto para que a mesma possua
satisfatório desempenho quanto aos esforços a ela
impostos, reflita sobre os carregamentos possíveis que
atuarão nessa ponte, procurando destacar os efeitos
dinâmicos que esses determinados carregamentos
causarão. De acordo com esta aula, realize a classificação da
estrutura dessa ponte perante os graus de liberdade, tipos
de vibrações, tipos de carregamentos, etc.

 43
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
1. Quando nos referimos a uma estrutura de um grau de
liberdade, estamos nos referindo a:

a. Um sistema em que apenas uma componente é


necessária para se descrever o movimento de um
corpo no espaço.

b. Um sistema em que todos os apoios estão livres.

c. Uma estrutura que possui travamento em todas as


direções e apenas uma delas é livre.

d. Um sistema em que apenas um ponto livre é


necessário para se descrever a localização de uma
coordenada.

e. Uma estrutura composta por apenas uma barra solta.

2. O período de uma vibração pode ser definido por:


a. É o tempo que uma onda vibratória dura para uma
volta completa no diagrama.

b. É o comprimento da onda entre duas cristas


consecutivas.

c. É o tempo passado até que o movimento de uma


onda vibratória se repita.

d. É a distância entre dois pontos opostos de uma onda


vibratória.

e. É o valor máximo atingido por uma onda vibratória no


menor espaço de tempo possível.

44
44
3. O estudo das vibrações é um importante campo da
engenharia de estruturas, que visa compreender
melhor o comportamento dos sistemas estruturais em
função de alguns fenômenos que as acometem. Qual a
definição de vibração?

a. É o efeito de movimentação da estrutura quando esta


recebe carregamento estático.

b. É qualquer movimento repetitivo em um determinado


intervalo de tempo.

c. É a oscilação única de um elemento em momento


específico.

d. É o movimento dos elementos ao longo das ações de


carga na estrutura.

e. É a repetição de efeitos toda vez que se carrega


estaticamente uma estrutura.

Referências bibliográficas

BRASIL, R. M. L. R. F.; SILVA, M. A. da. Introdução à dinâmicas das estruturas:


para engenharia civil. 2. ed. São Paulo: Blucher, 2015.

LIMA, S. S.; SANTOS, S. H. C. Análise dinâmica das estruturas. Rio de Janeiro:


Ciência Moderna, 2009.

RAO, S. S. Vibrações mecânicas. Tradução de: Arlete Simille Marques. 4. ed.


São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2008.

SORIANO, H. L. Introdução à dinâmicas das estruturas. Rio de Janeiro:


Elsevier, 2014.

 45
Gabarito

Questão 1 – Resposta A
Uma estrutura de um grau de liberdade é aquela em que apenas
uma componente é necessária para se definir a posição de uma
massa. Essa componente pode ser um ângulo ou uma coordenada
cartesiana. Exemplo de um sistema com um grau de liberdade é o
sistema de um pêndulo fixado por um fio. Nesse caso, é possível
definir a posição do pêndulo por meio do ângulo ou de suas
coordenadas cartesianas.
Questão 2 – Resposta C
Numa onda vibratória, o período é o tempo que se passa até
que determinado movimento se repita. É o tempo que passa
do momento em que a onda atingiu seu ponto máximo (ou
mínimo) de inflexão (crista ou vale) até a onda voltar a atingir
um próximo ponto máximo (ou mínimo) de inflexão (próxima
crista ou próximo vale).
Questão 3 – Resposta B
A vibração ou oscilação pode ser entendida por qualquer
movimento repetitivo em um determinado intervalo de tempo
e seu estudo visa compreender os movimentos oscilatórios dos
corpos e as respectivas forças a eles associadas.

46
46
Sistemas com vários graus de
liberdade
Autor: Thiago Drozdowski Priosta

Objetivos

• Introduzir o conceito de graus de liberdade no


âmbito das estruturas.

• Demonstrar a importância dos graus de liberdade


em uma estrutura.

• Conceituar as vibrações livres e forçadas.

• Fornecer aos estudantes os fundamentos teóricos


da análise dinâmica das estruturas.

 47
1. Introdução

Embora seja possível adotar modelos com apenas um grau de liberdade


para o estudo em estruturas, esse tipo de modelagem não representa
os casos mais frequentes e complexos, com vários graus de liberdade.
No estudo da engenharia de estruturas, você perceberá que a maior
parte das construções é definida por modelos em que é necessária uma
representação mais completa e, assim, o uso de sistemas com vários
graus de liberdade é a alternativa mais indicada.

1.1 Fundamentos conceituais

Na análise dinâmica de uma estrutura, o número de graus de liberdade


é relacionado ao número de componentes de deslocamento que
uma estrutura pode ter. Grau de liberdade é o número mínimo de
coordenadas independentes necessárias para se representar um sistema.
Quando um conjunto necessita de apenas uma coordenada para sua
representação, ele é definido como um sistema de um grau de liberdade.
Quando há necessidade de mais coordenadas (pontos ou nós), esse
conjunto passa a ser definido como um sistema com vários graus de
liberdade. Esse sistema com vários graus de liberdade é aquele que
necessita da adoção de mais de um ponto (ou nó) para sua representação.

Nas estruturas reais, a composição é feita por diversos elementos (seções)


ao longo das diversas peças estruturais, dessa maneira, a consideração de
sistemas com vários graus de liberdade se faz necessária.
Nas estruturas reais a massa é sempre continuamente distribuída e
o sistema é composto por infinitas massas ele- mentares. Portanto,
qualquer estrutura real deve ser considerada um Sistema de Infinitos
Graus de Liberdade. (ALVES FILHO, 2008, p. 26).

Na Figura 13, uma barra engastada e em balanço pode ser representada


pelos diversos pontos de massa que são localizados a partir de
uma coordenada no plano. Esses pontos de massa são os nós que

48
48
representam a barra e formam o que chamamos também de modelo
discreto, ou seja, uma configuração geométrica definida por um número
finito (conhecido) de parâmetros, facilitando a análise. Esse número
finito de parâmetros são os diversos graus de liberdade de um sistema.

Figura 13 – Barra engastada com vários nós de representação

Fonte: adaptado de Leet, Uang e Gilbert (2010, p. 358).

Para cada nó, é possível definir o valor do deslocamento em função


de um carregamento f aplicado. Entre esses nós, temos os diversos
elementos de barras que compõem a estrutura toda. Na análise
dinâmica de estruturas, é possível entender o comportamento
dinâmico do conjunto todo por meio do estudo do comportamento de
cada elemento que compõe uma peça da estrutura. E uma estrutura
é, portanto, formada por diversas peças estruturais que atuam em
conjunto e transferem esforços entre si.

Por atuarem em conjunto e transferirem esforços mutuamente,


costuma-se dizer que as estruturas reais possuem características de
modelos contínuos. Nas estruturas reais, caracterizadas como modelos
contínuos, não há como se definir um número exato de seções que
compõem as diversas peças estruturais do sistema. Uma vez que a
análise de efeitos dinâmicos nas estruturas contínuas é uma tarefa
complexa e requer a utilização de equações diferenciais parciais, é
usual lançar mão de modelos que visam simplificar o entendimento
do problema. Com relação a isso, Rao (2008, p. 207) afirma: “[...] para

 49
simplicidade da análise, sistemas contínuos são frequentemente
aproximados como sistemas com vários graus de liberdade”. Nesse
caso, o que se quer dizer é que sistemas contínuos são “simplificados”
por meio do conceito de modelos discretos, com vários (porém
discretos) graus de liberdade.

Os conceitos que são aplicados nos modelos de um grau de liberdade


podem ser impostos também nos modelos de vários graus de liberdade,
com a condição de que agora há uma equação de movimento para cada
grau de liberdade. Essas equações de movimento são as mesmas obtidas
por meio da Segunda Lei do Movimento de Newton, entretanto também
é comum encontrar deduções para equações de movimento em um
sistema de vários graus de liberdade por meio dos estudos de Lagrange.

2. Sistemas com vários graus de liberdade

Alguns métodos são usuais para simplificar um modelo contínuo em um


modelo discreto com vários graus de liberdade. Um dos métodos mais
adotados é aquele em que se substitui a massa ou a inércia do sistema
todo em alguns pontos (nós), transformando o sistema contínuo em
um modelo com um finito número de pontos (massas concentradas).
Essas massas concentradas (nós) são ligadas por elementos elásticos,
geralmente denominadas barras. Essa configuração é a mesma
demonstrada na Figura 13.

O menor número de coordenadas necessárias para descrever o


movimento das massas concentradas nos nós define o número de
graus de liberdade do conjunto. Quanto maior o número de nós e,
consequentemente, o número de graus de liberdade, mais completa
e precisa será a análise dinâmica. É factível afirmar também que
o aumento do número de graus de liberdade proporciona um
aumento considerável na complexidade para a solução das equações
características do sistema.

50
50
Para a consideração da substituição de um elemento de volume em
um elemento composto por barras e nós, é necessária a idealização
de barras posicionadas exatamente no eixo geométrico dos
elementos, que possuem momento de inércia de acordo com a seção
do elemento e o módulo de elasticidade em função do material da
estrutura. Dessa forma, um sistema de análise estrutural se dá por
meio da configuração da estrutura real em um modelo composto
por pontos nodais e elementos de barras (que ligam os nós) com
características iguais às da estrutura real.

Você visualizará na Figura 14 uma adaptação do modelo de um


pórtico de três andares (representação de um edifício de três andares)
composto por diversos elementos de barras, ligadas por nós. Em um
modelo desse tipo, considera-se que a inércia dos pavimentos seja
concentrada nos níveis dos pisos dos andares como massas pontuais.
Dessa forma, os pisos de cada andar são representativamente
substituídos por massas pontuais de pesos equivalentes ao da
estrutura real. Essas massas pontuais são os três graus de liberdade
que compõem a representação do sistema.

Figura 14 – Pórtico de três andares

Fonte: elaborado pelo autor.

 51
Outra forma de simplificar um modelo contínuo em um modelo com
vários graus de liberdade é a utilização do Método dos Elementos Finitos
(MEF), que visa substituir a geometria total da peça em uma grande
quantidade de pequenos elementos (elemento de malha) da seção, em
que é realizada dentro de cada elemento (malha) a solução do sistema
para se ter o equilíbrio local. Para cada elemento, são solucionadas as
equações de equilíbrio locais e se faz a interação dos elementos entre
si e o meio externo por meio dos nós que compõem a malha (pontos
de intersecções dos triângulos). Na Figura 15, a peça demonstrada
é discretizada com uma malha triangular (as malhas podem ocorrer
também em formato retangular). Essa malha pode ter seus nós
enumerados assim como os elementos de barras que ligam esses nós
com a finalidade de organizar e facilitar o entendimento do sistema.

Figura 15 – Elemento discretizado com malha triangular

Fonte: adaptado de Alves Filho (2013, p. 286).

Nesta representação, com a solução local em cada elemento de malha


(como se comporta cada nó da malha, ou, no caso, cada grau de
liberdade), por meio dos princípios de equilíbrio e compatibilidade, é
possível realizar a solução do sistema global do conjunto. Para Alves

52
52
Filho (2008, p. 143), é preciso entender o que ocorre em cada nó, ou,
mais apropriadamente, em cada grau de liberdade da estrutura, para
então entender o comportamento dinâmico do conjunto todo.

A análise de sistemas desse tipo por meio do Método dos Elementos


Finitos (MEF) é amplamente adotada na atualidade em função da grande
capacidade de processamento que os computadores podem oferecer, o
que otimiza e muito o cálculo de estruturas sob efeitos dinâmicos.

PARA SABER MAIS


O Método dos Elementos Finitos (MEF) ou Finite Element
Method – FEM, para Alves Filho (2008), é uma maneira
de se determinar soluções aproximadas por meio de um
procedimento numérico que visa diminuir um grande
sistema global em um conjunto de partes menores
(elementos finitos). Com ele é possível resolver equações
diferenciais de um corpo, discretizando-o em vários
elementos menores com dimensões finitas, mesmo que
possuam diferentes formas.

Como dito anteriormente, a solução desses sistemas pode ser


realizada a partir da equação de movimento baseada na teoria de
Newton, sendo que, para cada grau de liberdade do sistema, deve ser
aplicada a equação do movimento (Eq. 16). Desse modo, serão geradas
diversas equações diferenciais.
,
Mü + Cu + Ku = f(t) Eq. 16

Onde:
M = matriz de massa da estrutura;
C = matriz de amortecimento;

 53
K = matriz de rigidez;
ü = vetor de aceleração;
,
u = vetor de velocidade;
u = vetor de deslocamento;
f = forças externas. Eq. 16

A geração de uma equação diferencial para cada grau de liberdade


é realizada de maneira mais eficiente por meio do processamento
em matrizes, pois apenas assim a solução das equações diferenciais
se dará de maneira compacta, o que é realizado no Metódo dos
Elementos Finitos.

Para o pórtico da Figura 14, caracterizado por um sistema com três


graus de liberdade (cada pavimento é representado por um grau de
liberdade), podemos ver a utilização das equações do movimento na
estrutura quando esta recebe forças impostas, sendo elas f1(t), f2(t) e f3(t)
aplicadas no nível de cada andar, conforme a Figura 16.

Figura 16 – Pórtico de três andares com as forças aplicadas

Fonte: elaborado pelo autor.

54
54
Para o exemplo, consideremos as barras na vertical que representam
os pilares e as barras horizontais que representam as vigas dos
pavimentos como sem deformação axial e estas vigas com imensa
inércia à flexão (ou seja, as vigas não se flexionarão). As massas estão
aplicadas também no nível de cada pavimento e são representadas
por m1, m2 e m3. Em função das cargas aplicadas, variações dos
deslocamentos no tempo também ocorrem, sendo representado por
u1, u2 e u3, os coeficientes C1, C2 e C3 de amortecimento são gerados
pela resistência que a estrutura do pórtico proporciona e a rigidez dos
andares são representados por K1, K2 e K3.

A representação do pórtico, exemplo da Figura 16, em elementos de


barras, simplificando o problema e tornando a solução de entendimento
facilitada é realizada conforme a Figura 17.

Figura 17 – Representação do pórtico de três andares por barras e nós

Fonte: elaborado pelo autor.

Aplicando o conceito da equação do movimento (Eq. 16) para um dos


graus de liberdade do exemplo da Figura 16, Lima e Santos (2009, p. 56)
definem a Eq. 17 que representa a equação do movimento e equilíbrio
dinâmico apenas para a massa M1:

 55
, ,
[M1 ü1] + [(C1 + C2) u1 – C2 u2] + [(K1 + K2) u1 – K2 u2] = f1(t) Eq. 17

A primeira parte da Eq. 2 trata da combinação entre a matriz de massa


M1 com o vetor aceleração ü1, a segunda parte trata da matriz de
amortecimento com o vetor de velocidade, entretanto, perceba que
, ,
a matriz de amortecimento recebe influência de C1, C2, u1 e u2 pois
tanto a estrutura do primeiro lance como a estrutura do segundo lance
influenciam no amortecimento e velocidade, respectivamente, do
grau de liberdade referente à massa M1. O mesmo ocorre com relação
à terceira parte da Eq. 17, onde a matriz de rigidez (K) e os vetores
deslocamento (u) sofrem influência da rigidez do primeiro e segundo
lances da estrutura. Essa situação ocorre de maneira sucessiva, até
serem abordados todos os lances da estrutura, ou, no caso, todos os
graus de liberdade que compõem o conjunto.

Para o grau de liberdade seguinte, referente à massa M2, nova


composição da equação do movimento deve ser realizada e assim
sucessivamente para cada grau de liberdade existente no sistema. Ao se
escreverem as demais equações para os outros graus de liberdade do
exemplo das Figuras 16 e 17, chega-se ao seguinte sistema de equações,
apresentado por Lima e Santos (2009, p. 57) na forma de equação
matricial, de acordo com a Eq. 18, e que representa o “sistema de
vibrações forçadas amortecidas”.

Eq. 18

,
Quando não houver amortecimento no sistema, a parcela Cu não existe,
porém com a consideração de forças externas atuando, temos um
“sistema de vibrações forçadas não amortecidas”, tornando a resolução
possível por meio da Eq. 19:

56
56
Eq. 19

Para os sistemas livres (sem forças externas aplicadas) e não amortecidas,


,
além da parcela de amortecimento Cu não ocorrer, também não há a
força f(t), fazendo com que a equação para resolução de um “sistema de
vibrações livres não amortecidas” tome a forma da Eq. 20:

Eq. 20

O conjunto de equação matricial para um sistema com 3 graus de


liberdade e que represente um “sistema de vibrações livres amortecidas”
é o representado pela Eq. 21, onde não há a força f(t), porém com as
devidas parcelas de amortecimento.

Eq. 21

Em resumo, a Tabela 3 traz a numeração das seguintes equações que


definem os diversos casos para sistemas de vários graus de liberdade.

Tabela 3 – Resumo das equações para vários graus de liberdade

Caso Numeração da equação


Sistema de vibrações forçadas amortecidas Eq. 18

Sistema de vibrações forçadas não amortecidas Eq. 19

Sistema de vibrações livres não amortecidas Eq. 20

Sistema de vibrações livres amortecidas Eq. 21


Fonte: elaborado pelo autor.

 57
Perceba que as matrizes que representam a solução para o problema
são quadradas, com ordem n, onde n é o número de graus de liberdade
que o sistema possui. Se no caso do exemplo da Figura 16 houvesse um
número n maior de graus de liberdade, esse número n seria o fator de
ordem da matriz, o que tornaria a complexidade do problema um tanto
quanto maior também.

ASSIMILE
As vibrações livres são aquelas em que há o impulso inicial
que gera o movimento oscilatório do sistema, mas que
essa força (impulso) não permanece durante o movimento
oscilatório (ausência de força externa), por exemplo, o
impulso em um pêndulo. No caso das vibrações forçadas,
uma força externa é aplicada gerando o movimento
oscilatório, como, por exemplo, em maquinários que vibram
repetitivamente quando estão em funcionamento.

3. Aplicações

Como exemplo do uso da análise dinâmica em sistemas com vários


graus de liberdade, pode-se citar o caso de estruturas suscetíveis a
esforços advindos de movimentos sísmicos. Movimentos nas estruturas
também podem ser gerados por sismos induzidos, que ocorrem em
detonação de explosivos no caso de minerações.

Uma edificação, conforme citado anteriormente, é caracterizada por


uma estrutura com diversos graus de liberdade e que, ao sofrer esforços
dinâmicos de um terremoto, por exemplo, passa a atuar em um sistema
de vibrações forçadas amortecidas. São definidas como forçadas, pois,
durante o efeito de vibração gerado pelo sismo, este ainda permanece

58
58
durante algum período e amortecida, pois a estrutura da edificação tem a
função de resistir aos esforços e dissipar a vibração de modo a fazer com
que os efeitos sejam minimizados e danos estruturais sejam evitados.

As estruturas que sofrem de vibrações geradas por sismos são também


definidas como estruturas sob ação de excitação de suporte, pois o solo
que suporta a estrutura é que está sendo excitada, gerando vibrações na
edificação como um todo. Essa excitação é caracterizada por um histórico
de aceleração do solo, definida na NBR 15.421 (ABNT, 2006) por meio
do mapa de zoneamento sísmico do Brasil. A Figura 18 apresenta este
mapa de zoneamento sísmico do Brasil e que contém as acelerações
sísmicas horizontais a serem consideradas nos projetos de estruturas das
edificações dispostas nas regiões especificadas pelas zonas sísmicas.

Figura 18 – Mapeamento da aceleração sísmica horizontal


característica no Brasil

Fonte: NBR 15.421 (ABNT, 2006).

 59
A zona 0 apresenta o menor perigo sísmico, e a zona 4, o maior. Para a
zona 4 (extremo oeste da região norte do Brasil), por exemplo, a referida
norma propõe que seja adotada uma aceleração horizontal no cálculo
de estruturas da ordem de 15% da aceleração da gravidade.

Além da aplicação em situações de sismos conforme mencionado,


também é usual realizar a análise dinâmica de diversos graus de
liberdade para situações de vento em um prédio, conforme NBR 6.123
(ABNT, 1988), por exemplo, ou então em edificações que receberão
carregamentos dinâmicos que geram vibrações nas estruturas. Os
diversos nós dessas estruturas recebem os efeitos das vibrações e a
estrutura como um todo, por meio da sua rigidez, deve suportar os
efeitos das oscilações.

Outras estruturas representadas por diversos graus de liberdade que


podem sofrer de efeitos dinâmicos são as estruturas suscetíveis a ações
de ondas marítimas, como, por exemplo, em plataformas de petróleo
ou até mesmo em barragens que podem sofrer efeitos sísmicos e gerar
elevados esforços dinâmicos.

4. Considerações finais

• A análise dinâmica de um sistema com vários graus de liberdade,


conforme citado, requer em função da necessidade de
produtividade e precisão uma análise que geralmente se recorre
a meios computacionais. Destaca-se a esta situação o grandioso
número de ordem que uma equação matricial pode tomar em
função dos diversos graus de liberdade que são possíveis de se
adotarem em estruturas reais. Quanto maior o número de graus
de liberdade, maior será a matriz a se resolver, de modo que o uso
de meios computacionais se faz altamente necessário.

• A importância da análise dinâmica nas estruturas por meio do


modelo de vários graus de liberdade é justificada pela situação
de que a maioria das estruturas possui infinitas seções em

60
60
sua composição, sendo necessário a adoção de modelos mais
precisos do que os meramente simplistas com apenas um grau
de liberdade. A análise dinâmica também pode ser justificada
por meio da necessidade de análise sísmica, que é obrigatória
em algumas regiões do Brasil e em outros lugares do mundo,
conforme os códigos normativos de cada localidade.

TEORIA EM PRÁTICA

De acordo com esta aula, realize a classificação da


estrutura de uma arquibancada de estádio de futebol, na
configuração de carregamento máximo e durante a situação
de um gol, fazendo com que a torcida pule intensamente
sobre essa estrutura. Realize essa classificação perante
os graus de liberdade, tipos de vibrações, tipos de
carregamentos e demais fatores envolvidos no sistema.
Tente imaginar a configuração do sistema de arquibancada
quanto ao número mínimo de graus de liberdade para a
devida representação dessa estrutura.

VERIFICAÇÃO DE LEITURA

1. Uma estrutura de vários graus de liberdade é uma


estrutura:
a. Que possui um maior refinamento em sua análise do
que uma estrutura de um grau de liberdade.

b. Com uma definição extremamente simplista


de análise.

 61
c. Que possui travamento em todas as direções e apenas
uma delas é livre.

d. Representada por um sistema em que há vários nós


soltos sem apoios.

e. Composta por várias barras soltas, diferentemente de


uma estrutura de um grau de liberdade.

2. As estruturas reais são caracterizadas como modelos:


a. Sempre discretos, pois sempre sabemos o número
exato de seções que compõem uma peça.

b. Forçados, pois estão sempre sujeitos a


carregamento forçados.

c. Livres, pois mesmo possuindo rigidez nos apoios,


sempre há extremidades livres.

d. Contínuos, em função das infinitas seções existentes


em uma peça.

e. Continuamente discretizados, devido à necessidade


de se discretizar o modelo real em um modelo de um
grau de liberdade.

3. Em uma análise dinâmica, as vibrações forçadas em


modelos de vários graus de liberdade podem ser
exemplificadas por:
a. Aplicação de apenas um impulso inicial em
um pêndulo.

b. Aplicação da carga de revestimento em edificações


residenciais.

62
62
c. Ocorrência de sismos em uma edificação de múltiplos
pavimentos.

d. Movimento de empurrar uma criança em um balanço


por várias vezes consecutivas.

e. Aplicação de esforços estáticos em uma


estrutura de ponte.

Referências bibliográficas

ALVES FILHO, A. Elementos Finitos: a base da tecnologia / Análise Dinâmica. 2. ed.


São Paulo: Érica, 2008.
. Elementos Finitos: A base da tecnologia CAE. 6. ed. São Paulo: Érica, 2013.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR 6.123: forças
devidas ao vento em edificações. Rio de Janeiro, 1988.
. NBR 15.421: projeto de estruturas resistentes a sismos – Procedimento.
Rio de Janeiro, 2006.
BRASIL, R. M. L. R. F.; SILVA, M. A. da. Introdução à dinâmicas das estruturas:
para engenharia civil. 2. ed. São Paulo: Blucher, 2015.
LEET, K. M.; UANG, C.; GILBERT, A. M. Fundamentos da análise estrutural.
Tradução de João Eduardo Nóbrega Tortello. 3. ed. Porto Alegre: Amgh, 2010.
LIMA, S. S.; SANTOS, S. H. C. Análise dinâmica das estruturas. Rio de Janeiro:
Ciência Moderna, 2009.
MIRANDA, P. S. T. Avaliação da vulnerabilidade sísmica na realidade predial
Brasileira. Fortaleza: Expressão Gráfica Editora, 2013.
RAO, S. S. Vibrações mecânicas. Tradução de: Arlete Simille Marques. 4. ed.
São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2008.
SORIANO, H. L. Introdução à dinâmicas das estruturas. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2014.
UETA, V. M. N. Análise de um sistema de vibração com três graus de liberdade:
comparação entre três métodos de solução. 2015. 48 f. Trabalho de conclusão de
curso. (Graduação em Engenharia Naval) – Departamento de Engenharia Naval e
Oceânica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2015.

 63
Gabarito

Questão 1 – Resposta A
Uma estrutura de vários graus de liberdades são estruturas que
possuem um número maior de coordenadas necessárias para sua
representação. Esse número maior de coordenadas necessárias
faz com que a estrutura possua um maior refinamento na sua
discretização, gerando um resultado mais preciso. É importante
ressaltar que, quanto maior o número de graus de liberdade, mais
complexa é a análise e maior o tempo de processamento no caso
de uma análise computacional.
Questão 2 – Resposta D
As estruturas reais são caracterizadas por modelos contínuos em
virtude das infinitas seções que compõem um conjunto estrutural.
O que ocorre é que, por simplificação e viabilidade de cálculo,
“adaptamos” os modelos contínuos em modelos discretos com
vários graus de liberdade, mas as estruturas reais são compostas
de modelos contínuos.
Questão 3 – Resposta C
As vibrações forçadas em modelos de vários graus de liberdade
podem ser exemplificadas pelas forças de aceleração geradas na
ocorrência de sismos em edificações de múltiplos pavimentos,
caracterizada, respectivamente, pelas vibrações forçadas das
acelerações do sismo e no modelo de vários graus de liberdade
em que uma edificação comumente é representada.
A aplicação de quaisquer esforços estáticos, como, por
exemplo, as cargas de revestimentos, não fazem parte de uma
análise dinâmica e o exemplo de pêndulo e/ou balanço são
representados por modelos de um grau de liberdade, com isso,
a resposta correta de fato é a alternativa C.

64
64
Comportamentos estruturais
básicos
Autor: Thiago Drozdowski Priosta

Objetivos

• Introduzir o conceito de análise estrutural.

• Analisar de maneira assertiva os comportamentos


estruturais.

• Compreender o comportamento das estruturas.

• Demonstrar os diferentes elementos estruturais


existentes e seus comportamentos.

 65
1. Introdução

As estruturas estão em toda parte e são suscetíveis à ação de vários


fatores e fenômenos, sejam eles naturais ou não. São conjuntos de
elementos inter-relacionados com a função de suportar os diversos
carregamentos e esforços a ela submetidos. Esses carregamentos
podem ser representados pela gravidade, vento, sismos, temperatura,
empuxos de terra, empuxo hidrostático, entre outros.

A escolha da estrutura a ser adotada não ocorre de modo aleatório e


deve levar em consideração fatores técnicos, econômicos e estéticos
para cada projeto. Para cada obra, diversas alternativas são possíveis,
mas aquela que apresenta boa capacidade portante tecnicamente,
sem custo elevado que inviabilize sua implementação e que atenda aos
aspectos estéticos propostos, é considerada a opção ideal. Dessa forma,
conhecer os comportamentos estruturais auxilia diretamente na escolha
do sistema com melhor custo-benefício para cada ocasião.

1.1 Conceitos iniciais

A definição do tipo de estrutura é uma das principais escolhas que


o profissional responsável pelo seu cálculo deve realizar. O tipo da
estrutura pode ser definido em função dos esforços primários que se
desenvolvem em seus elementos devido às principais cargas do projeto.
Sendo assim, podem ser classificadas em: estruturas tracionadas,
comprimidas, treliças, de cisalhamento e de flexão.

Uma estrutura pode atuar sob a ação de mais de um esforço e, nesse


caso, combinações dos tipos de estruturas são usuais nos projetos
de edifícios, pontes e quaisquer outros projetos que possuam a ação
conjunta de vários esforços.

1.2 Sistemas estruturais básicos

Os sistemas estruturais são associações de elementos capazes de


absorver e transmitir esforços em geral. Os elementos estruturais são

66
66
corpos de materiais sólidos definidos de acordo com sua geometria
e maneira de transferência de esforços. Com relação aos sistemas
estruturais, temos os seguintes:

1.2.1 Estruturas tracionadas

As estruturas tracionadas são aquelas que sofrem alongamento


(aumento do tamanho) na direção do seu eixo. Nesse caso ocorre um
afastamento das fibras que compõem o material da estrutura. Quando
todas as fibras sofrem a mesma deformação de alongamento, ocorre a
tração uniforme. A força que gera essa tração recebe o nome de tração
simples ou tração axial. Em estruturas desse tipo, o equilíbrio ocorre
quando o material que compõe a estrutura é capaz de suportar as
tensões de tração que tendem a afastar as seções.

Na brincadeira infantil “cabo de guerra”, é possível enxergar com clareza


os esforços de tração ocorrendo na corda que é segurada e tracionada.
Uma pessoa puxa a corda para um lado e a outra pessoa puxa a corda
para o lado oposto, causando tração (afastamento das fibras) na corda. Na
Figura 19, a representação da tração na corda é visualizada. Ao passo que
a força de afastamento (tração) aumenta para além do limite do material,
este deixa de resistir aos esforços e começa a ter suas fibras partidas.

Figura 19 – Tração na corda durante a brincadeira “cabo de guerra”

Fonte: PeopleImages/iStock.com.

 67
Estruturas sujeitas a esforços de tração sofrem as deformações de
alongamento. O causador da deformação é o fenômeno da tensão, que
é representado pela distribuição de uma força sobre uma área. Quando
a força é aplicada de maneira perpendicular a um corpo com superfície
plana, há a tensão normal.

As estruturas de cabos (que trabalham como tirantes) são exemplos de


estruturas tracionadas. Os tirantes podem ser formados também por
outros elementos que não os cabos, como as barras ou os fios, mas
estes são menos usuais para esse tipo de elemento do que os cabos
propriamente ditos.

• Cabos

Os cabos são elementos compostos por um conjunto de fios,


normalmente entrelaçados e/ou torcidos, com comportamento bem
definido quanto ao esforço de tração. Seu comprimento é tão maior em
relação à sua seção transversal que ele não possui rigidez suficiente para
suportar esforços de flexão ou compressão, por esse motivo, apresenta
resistência apenas quando tracionado.

As estruturas que adotam cabos como sistema estrutural recebem o


nome também de estruturas suspensas ou pênseis, bastante usuais em
pontes ou coberturas de cúpulas com grandes vãos. No caso da Figura
20, os cabos principais (cabos em forma de u) passam por sobre os
pilares (par de apoios) que servem de sustentação. Esses cabos estão
tracionados e suportam os pendurais (tirantes na vertical) que, por sua
vez, sustentam o tabuleiro da ponte.

68
68
Figura 20 – Ponte Akashi-Kaikyo – Japão

Fonte: TAGSTOCK1/iStock.com.

Os cabos também são utilizados em torres de transmissão, pois os


elementos que ligam uma torre a outra são justamente cabos capazes
de vencer grandes vãos com leveza e esbeltez. Como estão tracionados,
os cabos devem ser compostos por materiais que possuam boa
resistência à tração e o material mais indicado para a situação é o aço.

Geralmente, esse tipo de sistema estrutural não possui boa rigidez


para suportar esforços laterais, por essa razão, necessitam de algum
sistema de enrijecimento (contraventamento) na direção transversal
ao plano da estrutura.

1.2.2 Estruturas comprimidas

Estruturas comprimidas estão sujeitas a esforços de encurtamento de


suas fibras na direção do seu eixo. Uma estrutura está comprimida
quando há a aproximação das fibras que compõem o elemento.
Quando todos os pontos da seção sofrem a mesma deformação de
encurtamento, há a compressão axial ou compressão simples.

 69
Um fenômeno particular que ocorre em estruturas comprimidas é
que, diferentemente do que ocorre na tração, a peça pode perder
estabilidade antes que haja a ruptura do material componente, ou
seja, antes de a peça romper por compressão, pode haver a perda de
estabilidade. Esse fenômeno recebe o nome de flambagem, que é a
flexão transversal devido à compressão axial. A exemplo de estruturas
comprimidas, temos os arcos e os pilares. O fenômeno da flambagem é
mais usual nos pilares do que nos arcos.

Estruturas sob esforços de compressão sofrem as deformações de


encurtamento e, assim como as estruturas tracionadas, estão sujeitas
às tensões normais.

• Arcos

Os arcos são estruturas curvas, sujeitas aos esforços de compressão.


Sua aparência física é formada de modo que todos os elementos
componentes da estrutura estejam sob ação de compressão (para que
todos os elementos trabalhem comprimidos). Na Figura 21, os arcos em
pedras do aqueduto de Segóvia são formados (posicionados) de modo
que todas as pedras do sistema estejam comprimidas, uma vez que são
materiais resistentes a esse tipo de esforço.

Figura 21 – Aqueduto de Segóvia – Espanha

Fonte: SeanPavonePhoto/iStock.com.

70
70
• Pilares
Os pilares são elementos lineares de eixo reto, dispostos na vertical,
sujeitos preponderantemente a esforços de compressão. No geral,
são elementos que transmitem as cargas das lajes e/ou vigas até os
elementos de fundação de uma estrutura. Eles recebem as cargas dos
pavimentos, acumulando essas cargas andar a andar, de modo que, ao
chegarem à fundação, estão altamente carregados. Também podem
estar submetidos a esforços de flexão.

O efeito de flambagem é uma situação perigosa para os pilares, por esse


motivo, devem ser realizadas verificações adicionais nesses elementos
considerando esses fenômenos. A Figura 22 demonstra a instabilidade
lateral que pode ocorrer em pilares submetidos a cargas de compressão.

Figura 22 – Instabilidade na compressão axial

Fonte: adaptado de Borges (1999, p. 26).

PARA SABER MAIS


O fenômeno da flambagem está associado à ocorrência
de instabilidade lateral que ocorre em peças comprimidas

 71
como os pilares. Esse fenômeno depende diretamente
da robustez da seção, do comprimento da peça, da força
de compressão e do módulo de elasticidade do material.
Quanto menor a robustez, ou maior o comprimento, ou
maior a carga ou menor módulo de elasticidade, maior será
a probabilidade de flambagem no elemento estrutural.

1.2.3 Treliças

As estruturas em treliças são aquelas formadas por elementos retos


(barras) conectados em suas extremidades em pontos que são
chamados de nós. Os elementos de barras das treliças atuam sob ação
de esforços de tração uniforme ou compressão uniforme. No geral,
trata-se de elementos leves que vencem grandes vãos, por esse motivo,
são usuais em pontes, arenas poliesportivas e telhados.

Na Figura 23 há uma treliça em madeira usada para estrutura de uma


cobertura de telhado. A barra horizontal inferior é denominada “banzo
inferior”, as barras superiores inclinadas são chamadas de “banzos
superiores”, as barras internas na vertical são chamadas de “montantes”
e as barras internas inclinadas são as “diagonais”.

Figura 23 – Treliça em madeira para telhado

Fonte: landbysea/iStock.com.

72
72
Nas estruturas de treliças, é usual a aplicação das cargas apenas nos
nós, para se evitar que apareçam esforços diferentes de compressão
e tração nas barras (como, por exemplo, esforços de flexão). É usual
também adotar para as treliças padrões triangulares, conforme
demonstrado na Figura 22, por serem geometricamente mais estáveis
que os padrões retangulares.

1.2.4 Estruturas de cisalhamento

As estruturas de cisalhamento são as utilizadas em prédios altos para


minimizar os esforços laterais provenientes de cargas de vento e/ou
sismos. O cisalhamento, também conhecido como força cortante, é o
esforço que tende a gerar um escorregamento das fibras do material
em direções opostas. São definidas como esforços tangenciais às fibras
das estruturas. Geralmente, as forças cortantes atuam em conjunto a
outros esforços, por esse motivo, as estruturas de cisalhamento são
combinadas com estruturas resistentes a outros tipos de esforços
também. Exemplos de estruturas de cisalhamento são as paredes de
cisalhamento, vigas e os pórticos rígidos.

Estruturas sujeitas aos esforços de cisalhamento apresentam as


chamadas tensões tangenciais. Nesses casos, as forças não estão
aplicadas de maneira perpendicular ao plano da estrutura, mas sim de
maneira tangencial, que é justamente a causa do efeito que tende a
cortar (cisalhar) o elemento.

1.2.5 Estruturas de flexão

As estruturas de flexão são as que estão sujeitas aos esforços de flexão,


ou seja, que flexionam as peças. Os esforços de flexão são também
chamados de momentos fletores ou momentos de flexão. Diferentemente
do que ocorre nas treliças, as cargas são aplicadas nas barras, fazendo
com que estas sofram de esforços de flexão e de cisalhamento. Nesse
caso, é certo afirmar que as estruturas de flexão atuam em conjunto com
as estruturas de cisalhamento, quando submetidas aos dois esforços
concomitantemente. São exemplos comuns de estruturas de flexão as
lajes, as vigas, os pórticos rígidos e as placas.

 73
• Lajes

São elementos de superfície que suportam as cargas aplicadas


perpendiculares a seu plano, onde a flexão é preponderante. Geralmente,
as cargas das estruturas estão apoiadas sobre as lajes e estas distribuem
seu carregamento sobre as vigas (lajes sobre vigas) ou, em alguns casos,
diretamente sobre os pilares (lajes cogumelos e lajes lisas).

• Vigas e pórticos

As vigas são um dos elementos mais encontrados nas estruturas


usuais. Recebem as cargas perpendiculares ao seu plano, sendo então
submetidas a esforços internos de cortante e momento (cisalhamento
e flexão) e responsáveis por levar essas cargas até os apoios, que
geralmente são os pilares. As vigas são consideradas elementos lineares,
em que a flexão é preponderante, embora esforços de compressão ou
tração axial e esforços de cisalhamento sejam comuns.

O conjunto formado normalmente por vigas e pilares, quando ligados de


maneira rígida (ligação perfeita), formam os pórticos contínuos, como,
por exemplo, em um prédio, constituído por diversos pilares e vigas. É
usual representar os pórticos reais por meio de pórticos planos, que são
modelos estruturais planos (bidimensional), correspondente a uma fatia
(uma seção) da estrutura, conforme representado na Figura 25.

Os pórticos são responsáveis pela garantia da estabilidade global da


estrutura, resistindo principalmente aos esforços de flexão nas vigas e
nos pilares (devido aos esforços laterais, por exemplo), mas também
resistem aos esforços normais e de cisalhamento atuantes.

Na Figura 24, é possível visualizar uma obra em estruturas de pilares e


vigas metálicas com lajes de concreto armado apoiadas sobre as vigas.
Este caso é um exemplo de pórtico múltiplo, com várias vigas e pilares.

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74
Figura 24 – Pórtico formado por pilares e vigas metálicas

Fonte: Andaleks3/iStock.com.

• Grelhas

As grelhas são formas compostas por várias barras (elementos lineares),


usualmente vigas, conectadas entre si por meio de ligações rígidas
nas intersecções. Possuem características de estruturas hiperestáticas
e recebem carregamentos majoritariamente de flexão, apesar de
esforços cortantes e normais também ocorrerem com frequência
nesses sistemas. Na maioria dos casos, recebem as cargas de maneira
perpendicular a seu plano. As lajes nervuradas são exemplos de
elementos em forma de grelha.

1.3 Tipos de elementos estruturais

Os elementos estruturais podem ser definidos de acordo com sua


geometria, podendo ser elementos lineares, elementos de superfície ou
elementos de volume.

 75
1.3.1 Elementos lineares

Os elementos lineares podem ser definidos como os elementos que se


assemelham às barras. Possuem uma das dimensões (seu comprimento)
muito maior que as outras duas (largura e altura), que são da mesma
ordem de grandeza. Exemplos de elementos lineares são as vigas, as
barras das treliças, os pilares, os pórticos e os tirantes.

1.3.2 Elementos de superfície

São os elementos que possuem duas dimensões (largura e


comprimento) grandes, com a mesma ordem de grandeza e uma
outra dimensão (espessura) bem menor que essas duas. Exemplos de
elementos de superfície são as lajes, as cúpulas, as placas e as cascas.

1.3.3 Elementos de volume

São os elementos que possuem as três dimensões (largura, altura


e comprimento) com a mesma ordem de grandeza. Exemplos de
elementos de volume são os blocos de fundação e as sapatas.

1.4 Diagrama de linha ou esquema unifilar

Para uma análise estrutural, seja ela bidimensional ou tridimensional,


é comum substituir os elementos estruturais por uma representação
em linha que coincida com os eixos do centro de gravidade da peça.
Na Figura 25, é demonstrada a simplificação de um modelo real em um
modelo unifilar bidimensional, ou seja, de uma seção (fatia) do prédio
real. Esse modelo unifilar pode ser tratado também como um modelo de
pórtico plano, conforme descrito no Item 1.2.5.

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76
Figura 25 – Modelo real x modelo unifilar

Fonte: adaptado de Botelho e Marchetti (2013, p. 17).

Um esquema unifilar tem por finalidade simplificar a visualização da


estrutura e facilitar a interpretação dos resultados. Sua utilização é
muito usual em programas específicos para análise estrutural.

O estudo dos pórticos, sejam eles plano (bidimensional) ou tridimensional,


é necessário para se compreender o comportamento da estrutura
perante os esforços verticais e laterais ao conjunto da edificação, onde
esta precisa ter estabilidade global para a segurança da estrutura.

2. Comportamento estrutural

Para entender perfeitamente o comportamento das estruturas, é preciso


separar os elementos estruturais de uma edificação dos elementos
que não são estruturais. As paredes que compõem o fechamento
dos ambientes em uma estrutura de concreto armado ou estrutura
metálica não fazem parte do sistema estrutural, ou seja, não contribuem

 77
diretamente para a estabilidade do conjunto. No geral, em uma
edificação, temos os elementos estruturais (lajes, vigas, pilares, entre
outros), os elementos de vedação (alvenarias, portas, janelas, etc) e os
elementos de proteção (pintura, revestimentos, acabamentos, etc).

Uma estrutura vai se comportar diferente da outra a depender


do material adotado na sua construção, pois diferentes materiais
possuem diferentes respostas com relação aos esforços a eles
submetidos. Uma viga de concreto armado sujeita à flexão pode vir a
fissurar, diferentemente do que ocorre com uma viga metálica, em que
a fissuração não ocorre.

O comportamento estrutural também é função do grau de estaticidade


das estruturas, podendo ser uma estrutura hipostática, isostática
ou hiperestática. As estruturas hipostáticas são caracterizadas por
estruturas que não possuem vínculos suficientes para garantir sua total
imobilidade ou estabilidade, ou seja, são estruturas pouco ou nada
estáveis. As estruturas isostáticas possuem vínculos em quantidade
mínima necessária para a manutenção da estabilidade do sistema.
Já uma estrutura hiperestática possui uma quantidade abundante
de vínculos para que sua estabilidade seja mantida. Nas estruturas
reais usuais, a utilização de estruturas isostáticas ou hiperstáticas
é prioridade, para que o sistema tenha estabilidade suficiente e se
comporte de maneira segura nas situações de utilização.

2.1 Efeitos nos elementos estruturais

Os efeitos ou fenômenos que ocorrem nos elementos estruturais


ajudam a interpretar o que ocorre com essas peças.

• Deformações
Um fenômeno pertinente para entender o que ocorre com os elementos
estruturais trata do regime de deformação a que uma estrutura está
sujeita. Deformação é a alteração da forma que o elemento possui

78
78
quando submetido a solicitações. Há uma tendência dos elementos (ou
dos corpos) de retornarem a seu estado original em função da força de
atração que ocorre entre as partículas de um corpo.

Dois tipos de deformações são observados, alterando o que se chama


de regime comportamental dos materiais e, consequentemente, das
estruturas, que são as deformações elásticas e as deformações plásticas.

Quando uma estrutura possui tensões e deformações pequenas, essa


deformação é representada pela variação do comprimento de um
corpo pelo comprimento inicial desse corpo. Essa relação pertence
ao que se chama regime elástico, que é quando, cessados os esforços
aplicados no elemento, ele retorna a sua forma original. Esse regime
possui propriedades específicas: as deformações são reversíveis e há
proporcionalidade entre a carga aplicada e a deformação resultante.

Ao passo que as cargas maiores são aplicadas, as tensões também


aumentam de magnitude e então a proporcionalidade entre tensão
aplicada e deformação resultante não mais ocorre. Nesses casos,
mesmo com a tendência de os materiais retornarem a seu estado
original, deformações residuais são observadas. Essa situação é
chamada de regime plástico, ou seja, o material plastificou e não retorna
mais a seu estado inicial em função da quebra das ligações atômicas
no material constituinte do elemento. Após esse regime, se as cargas
aumentarem de modo acentuado, ocorrerá a ruptura do elemento.

• Ductilidade
Nas estruturas usuais, há preferência pelo uso de sistema que
possua características dúcteis, ou seja, que possua capacidade de
se deformar. Essa situação é o que se deseja, por exemplo, em
uma estrura de concreto armado, que quanto mais dúctil for, mais
aviso gerará ao usuário em alguma situação de perigo. Elementos
estruturais que possuem modo de ruptura frágil são elementos
indesejáveis, pois impossibilitam a visualização dos diversos avisos
que a estrutura tende a dar caso seja dúctil.

 79
Quando uma peça estrutural apresenta ductilidade razoável, pode-se
afirmar que esse elemento possui boa resistência plástica, pois consegue
se deformar antes de chegar à ruptura. Essa boa resistência plástica
é aumentanda tanto quanto se aumenta o grau de hiperestaticidade
da estrutura, uma vez que é possível considerar, de maneira indireta,
a redistribuição dos esforços na estrutura, ou seja, quando parte da
estrutura se deforma, tendo ela uma quantidade grande de vínculos,
parte dos esforços não mais suportados pelos elementos migram para
outras partes da estrutura ou apoios.

• Deflexões (deslocamentos)
Quando há uma estrutura e esta é carregada, seus elementos que estão
tensionados acabam se deformando. Em uma treliça, por exemplo, as
barras comprimidas encurtam e as barras tracionadas se alongam. No caso
de vigas, estas sofrem flexão e, no caso de um cabo, este fica estirado.

Ao se deformarem, as peças mudam de formato e suas seções se


deslocam, gerando as deflexões. As deflexões (deslocamentos) são
fenômenos que também devem ser observados no projeto estrutural.
Esses deslocamentos, embora comuns nas estruturas, devem ser
avaliados se atendem aos limites normativos, a fim de proporcionar
à estrutura boa capacidade de conforto para o usuário. Imagine você
caminhando sobre uma laje onde é perceptível seu deslocamento. Essa
sensação causa estranheza e certo mal-estar ao usuário. A situação de
deflexão excessiva também pode gerar alguma manifestação patológica
severa em outros elementos construtivos como fissuras nas paredes e
revestimentos (com possível desplacamento posterior) ou em janelas e
portas que passam a não fechar corretamente.

Os deslocamentos das vigas e dos pórticos são função dos momentos


fletores que atuam na peça, sendo influenciadas também pela rigidez
do elemento, tal qual a seção e o módulo de elasticidade do material.
No geral, as deflexões oriundas dos esforços cortantes são mínimas e,
consequentemente, desprezadas.

80
80
ASSIMILE
O grau de estaticidade está ligado ao número de vínculos
que uma estrutura possui. Esses vínculos podem ser
de 1º, 2º ou 3º gênero, a depender do número de graus
restringidos. O apoio de 1º gênero restringe um grau de
liberdade e é conhecido como apoio móvel. O apoio de 2º
gênero restringe dois graus de liberdades e é conhecido
como apoio fixo. O apoio de 3º gênero restringe três graus
de liberdades e é conhecido como engaste.

2.2 Comportamento dos elementos estruturais

O sistema gravitacional de transmissão de cargas em estruturas usuais,


como em edifícios, por exemplo, se inicia nas lajes, que absorvem as
cargas e as repassam para as vigas ou pilares. As vigas recebem as
cargas das lajes e paredes e então as levam até os pilares, que vão
descendo a cada andar até descarregar nas fundações, que, por sua vez,
transmitem as cargas para os solos de apoios.

Como já visto anteriormente, alguns elementos possuem


comportamentos particulares em uma estrutura, em que se destacam
os seguintes elementos e seus referidos comportamentos e funções
em uma estrutura.

2.2.1 Lajes

São os elementos primeiros que recebem as cargas verticais e as


transmitem aos seus apoios, que usualmente são as vigas, mas que
também podem ser diretamente os pilares, no caso de lajes lisas ou lajes
cogumelos. É importante ressaltar que existe mais de um tipo de laje e que,
dependendo do tipo de laje, a transmissão de carga pode ser alterada.

 81
São elementos de superfície, que trabalham à flexão e caracterizadas
por possuírem pequena espessura em planta. Justamente pela pequena
espessura em relação ao vão, acabam sofrendo deslocamentos que
muitas vezes são excessivos e, por esse motivo, devem ser analisadas a
rigor quanto a este quesito.

2.2.2 Vigas

As vigas são elementos lineares que recebem as cargas das lajes,


mas que muitas vezes recebem também as cargas diretamente
das paredes que estão sobre elas apoiadas. Trabalham sob regime
de flexão e cisalhamento e no seu dimensionamento, as deflexões
também devem ser observadas.

As vigas são as responsáveis por levarem as cargas do andar para os


pilares e, juntamente com estes, formam os pórticos da estrutura,
capazes de resistir aos esforços laterais que ocorrem na estrutura,
como, por exemplo, do vento.

2.2.3 Pilares

Os pilares são elementos que dão sustentação aos demais elementos


neles apoiados. Trabalham preponderantemente à compressão quando
recebem as cargas verticais dos pavimentos superiores e, por vezes,
cargas de flexão também são consideráveis, como em edifícios altos
ou muros de arrimo. São elementos lineares, de eixo reto e dispostos
na vertical ou quase na vertical (com pouca inclinação), pois quando
a inclinação é acentuada, as cargas de compressão deixam de ser as
cargas principais nesses elementos.

No geral, recebem as cargas das vigas e lajes e as transmitem para


as fundações. Ajudam a resistir aos esforços laterais, quando em
conjunto com as vigas, formam os pórticos rígidos e contribuem
significativamente para a estabilidade global do conjunto.

82
82
2.3 Comportamento não linear

Na análise estrutural, pode-se imaginar que uma análise linear é


suficiente, em que se entende que a resposta dos deslocamentos
de uma estrutura seja proporcional à carga aplicada a ela, ou seja,
ao dobrarmos as cargas exercidas sobre uma estrutura, então os
deslocamentos ou as tensões nos elementos também dobram.

Entretanto, não é isso que ocorre na realidade, pois a resposta que


a estrutura gera não é proporcional aos carregamentos aplicados,
em virtude do que se chama como comportamento não linear das
estruturas. Esse comportamento não linear faz com que a resposta
estrutural em termos de deslocamentos, esforços ou tensões seja
desproporcional ao carregamento aplicado.

As causas relacionadas à estabilidade global da estrutura devem sempre


ser consideradas, pois, na maior parte dos casos, as estruturas estão
solicitadas ao mesmo tempo por ações verticais e horizontais. Devido a
essas ações horizontais, novos esforços surgem nas estruturas e podem
leva-las ao colapso. A análise realizada para considerar o equilíbrio da
estrutura na posição deslocada recebe o nome de análise não linear
geométrica (PINTO; RAMALHO, 2002).

Outra condição importante que deve ser considerada é a mudança das


propriedades e, portanto, do comportamento do material da estrutura.
A essa situação, o material se comporta de maneira não linear e essa
análise recebe o nome de análise não linear física.

Desse modo, Pinto e Ramalho (2002) afirmam que se deve lançar mão
de uma análise que considere a estrutura na sua configuração final
de equilíbrio determinada pela não linearidade física (NLF) e pela não
linearidade geométrica (NLG).

 83
2.3.1 Não linearidade física (NLF)

A não linearidade física (ou não linearidade física do material) ocorre


em função da mudança das propriedades dos materiais constituintes
da estrutura. A título de exemplo, um material estrutural que possui
comportamento não linear é o concreto, pois possui características de
trabalhar fissurado. Quando o concreto fissura, a estrutura do material
(elemento estrutural) é modificada.

Para efeitos de consideração de forma aproximada da não linearidade


física, uma maneira usualmente adotada é a modificação do valor
da rigidez dos elementos que compõem a estrutura, ou seja, há
necessidade de se determinar a rigidez de cada elemento que compõe
a estrutura a partir da relação tensão-deformação dos materiais
componentes e da quantidade de esforços nesse elemento, por
exemplo. No exemplo do concreto como material de comportamento
não linear, quando o concreto fissura, deve-se considerar o material
fissurado com rigidez menor que a inicial.

2.3.2 Não linearidade geométrica (NLG)

Da mesma forma que a não linearidade física gera respostas


não lineares na estrutura, a não linearidade geométrica também
proporciona o mesmo fenômeno. O que ocorre neste caso é que
esse comportamento não é gerado mais pelas alterações no material
da estrutura, mas sim nas mudanças geométricas dos próprios
elementos estruturais.

A não linearidade geométrica em uma estrutura é causada pela


mudança de posição dessa estrutura, como, por exemplo, sob condições
de carregamentos horizontais. Você pode imaginar um prédio que, ao
sofrer esforços de vento, terá um deslocamento no seu topo, tirando-o
da sua posição de equilíbrio original.

84
84
Nessa situação, com o prédio ainda deslocado, os carregamentos verticais
continuam a atuar, porém agora em condições diferentes das iniciais. O
carregamento vertical atuando na estrutura já deslocada fará com que
esforços adicionais sejam acrescidos ao conjunto. Se a estrutura não
estiver preparada para isso, ela poderá entrar em colapso. Esses esforços
adicionais serão maiores quão menor for a rigidez da estrutura.

3. Considerações finais

• A engenharia estrutural é o ramo da engenharia responsável


por planejar e projetar uma estrutura, e para isso, é
necessário conhecer o comportamento dos elementos
estruturais e dos materiais.

• Em edificações usuais, as uniões de vários elementos formam


os sistemas estruturais, que são os responsáveis por suportar
as diversas cargas e os esforços possíveis que atuam em
uma estrutura. É necessário conhecer os elementos, como se
comportam e as particularidades de cada sistema, para que
a escolha na fase de concepção estrutural seja a mais correta
possível, minimizando custos e prezando sempre pela segurança.

• Sabe-se que o avanço tecnológico dos computadores facilitou


imensamente o trabalho de análise estrutural, mas esse fator não
pode ser negligenciado por parte do profissional, pois a análise
e interpretação de resultados é tarefa estritamente atribuída a
quem está calculando a estrutura.

TEORIA EM PRÁTICA
Você foi contratado para realizar o laudo técnico de análise
de uma estrutura de dois andares que vai ter sua utilização
alterada, ou seja, uma edificação residencial passará a

 85
atuar de maneira comercial como uma loja de calçados,
com alta incidência de pessoas no pavimento inferior e
com o pavimento superior sendo utilizado para estoque
de materiais diversos e de produtos para comercialização.
Com base nos assuntos tratados nesta aula, você deve
avaliar o que esse acréscimo de carga pode gerar
nessa estrutura, pensando nos elementos que poderão
apresentar problemas e que, consequentemente, deverão
ser analisados com maior rigor.

VERIFICAÇÃO DE LEITURA
1. Quando definimos um sistema estrutural composto
por barras ligadas entre si sujeitas a solicitações
estritamente de tração e compressão, estamos tratando
de qual sistema?
a. Sistema estrutural tipo arco.

b. Sistema estrutural tipo barra.

c. Sistema estrutural tipo treliça.

d. Sistema estrutural tipo pórtico.

e. Sistema estrutural tipo grelha.

2. Quando nos referimos aos pórticos, estamos falando:


a. De sistemas compostos estritamente por arcos e que
resistem aos esforços de tração.

b. De sistemas estruturais simples, compostos apenas


por vigas comprimidas.

86
86
c. De sistemas estruturais compostos por barras e
cabos e que são responsáveis pela estabilidade
local da estrutura.

d. De sistemas estruturais compostos geralmente por


vigas e pilares e que é responsável pela estabilidade
global da estrutura.

e. De elementos de barras verticais que devem


resistir estritamente aos esforços laterais atuantes
nas estruturas.

3. Classifique os elementos de superfície:


a. São os elementos com duas dimensões pequenas e
uma muito maior que as outras duas.

b. São os elementos com duas dimensões grandes e


outra menor do que as outras duas.

c. São elementos compostos por várias barras ligadas


entre si perpendicularmente.

d. São elementos linerares, de eixo reto dispostos na


horizontal.

e. São elementos em que todas as dimensões possuem


a mesma ordem de grandeza.

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de portais planos de aço. 2005. 303 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) –
Escola de Minas, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2005.
BORGES, A. C. L. Análise de pilares esbeltos de concreto armado solicitados a
flexo-compressão oblíqua. 1999. 98 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil)
– Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 1999.

 87
BOTELHO, M. H. C.; MARCHETTI, O. Concreto armado eu te amo. 7. ed. São Paulo:
Blucher, 2013.

HIBBELER, R. C. Análise das estruturas. Tradução de: Jorge Ritter. 8. ed. São Paulo:
Pearson, 2013.

KASSIMALI, A. Análise Estrutural. Tradução de: Noveritis do Brasil. 5. ed. São Paulo:
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LEET, K. M.; UANG, C.; GILBERT, A. M. Fundamentos da análise estrutural.


Tradução de: João Eduardo Nóbrega Tortello. 3. ed. Porto Alegre: Amgh, 2010.

PINTO, R. S.; RAMALHO, M. A. Năo linearidade física e geométrica no projeto de


edifícios usuais de concreto armado. Cadernos de Engenharia de Estruturas,
São Carlos, n. 19, p. 171-206, jul. 2002.

SUSSEKIND, J. C. Curso de análise estrutural: Vol. 1 – Estruturas Isostáticas. 6. ed.


Porto Alegre/ Rio de Janeiro: Globo, 1981.

. Curso de Análise Estrutural: Vol. 2 – Deformações em estruturas. Método


das forças. 4. ed. Porto Alegre: Globo, 1980.

. Curso de análise estrutural: Vol. 3 – Método das deformações. Processo de


Cross. 7. ed. Rio de Janeiro: Globo, 1987.

Gabarito

Questão 1 – Resposta C

As treliças são os sistemas compostos por diversas barras,


geralmente denominadas em banzo inferior, superior, montantes
e diagonais. Seu formato estrutural ocorre de modo que
seus elementos atuem somente perante esforços de tração e
compressão. Suas intersecções são chamadas de nós da treliça.

Questão 2 – Resposta D

As estruturas formadas por pórticos são aquelas responsáveis por


resistir aos esforços globais das estruturas, principalmente à flexão
que ocorre nas vigas e nos pilares. São sistemas compostos, pois
possuem mais de um elemento em sua composição.

88
88
Questão 3 – Resposta B
Os elementos de superfície são os elementos que possuem duas
dimensões com a mesma ordem de grandeza entre si e que são
bem maiores que a outra dimensão (sua espessura). Exemplos de
elementos desse tipo são as lajes e as placas.

 89
Ações, solicitações e resistência
Autor: Thiago Drozdowski Priosta

Objetivos

• Introduzir o conceito de ações, solicitações e


resistência nas estruturas.

• Diferenciar os diversos tipos de ações atuantes


nas estruturas.

• Aplicar os conceitos de coeficientes de segurança.

• Conhecer as metodologias de cálculo das estruturas.

90
90
1. Introdução

As estruturas estão sempre carregadas por algum tipo de ação


atuante, e essas ações podem ser carregamentos impostos,
pesos dos próprios materiais constituintes da estrutura ou algum
fenômeno natural gerado pelo ambiente no qual a estrutura está
localizada. As ações que atuam nas estruturas podem ser de diversas
origens e, juntamente com o tipo de ação e o modo como ocorrem,
são os responsáveis pela classificação dessas ações, sendo elas
permanentes, variáveis ou excepcionais.

Outro fator importante é a segurança de uma estrutura. Ao longo dos


anos, o modelo de quantificação desse fator foi sendo alterado, de
modo que modelos contemporâneos são os responsáveis por mensurar
a segurança de uma forma mais racional e econômica.

1.1 Conceitos iniciais e históricos

Um dos conceitos mais importantes para o cálculo de estruturas


é o da resistência. Esse conceito está diretamente relacionado
também ao conceito de segurança, em que uma estrutura resistente
é uma estrutura segura. A segurança em uma estrutura tem caráter
qualitativo e traduz a capacidade da estrutura de resistir às diversas
ações solicitantes que vão atuar durante sua vida útil, não gerando
patologias e mantendo as condições mínimas de funcionamento para
a finalidade à qual foi projetada.

O conceito de segurança existe desde a Antiguidade, e nessas


construções, o construtor lançava mão de formulações empíricas que,
no geral, não levavam em consideração o comportamento exato dos
materiais, pois se baseavam apenas no histórico passado de sucessos e
fracassos. A evolução da segurança estrutural é apresentada na Figura
26, em que o nível de confiança é relacionado com o tempo.

 91
Figura 26 – Evolução da segurança ao longo do tempo

Fonte: adaptado de Henriques (1998, apud ATAÍDE; CORRÊA, 2006).

Quando uma estrutura era construída pela primeira vez, o nível de


segurança adotado era alto em função da falta de experiência e
confiança. Essa situação gerava estruturas robustas e antieconômicas.
Com experiências bem-sucedidas, o nível de segurança ia diminuindo
gradativamente, pois a confiança aumentava, o que resultava em
estruturas cada vez mais esbeltas.

Vale salientar que o nível de confiança possuía reflexos diretos nos


custos empregados nas construções. Quanto maior o nível de segurança,
maior o custo necessário para a construção. A tendência de diminuição
do nível de segurança continuava até ocorrer uma falha. Em resposta, as
exigências de segurança aumentavam, na maioria dos casos, para níveis
além do necessário. Esse processo ia se repetindo até chegar a um nível
considerado como sendo o dimensionamento ótimo.

Tal procedimento perdurou até o início do século XIX, quando as


estruturas de aço, mais esbeltas, foram sendo adotadas. A Revolução
Industrial e a evolução da indústria siderúrgica trouxeram a necessidade
do conhecimento mais detalhado dos materiais e das estruturas. O
emprego do aço e do concreto nas construções tornou necessária uma
quantificação mais exata da segurança, visando a economia de material
e de utilização de um modelo mais racional.

92
92
A essa necessidade, modelos de cálculos foram sendo criados, baseados
em diversas teorias que, ao longo do tempo, se provaram necessárias de
atualização ou maior fundamentação. Um método determinístico criado
na metade do século XIX e largamente empregado até a maioria do
século XX foi o método conhecido como cálculo das tensões admissíveis.

Após muitos anos de utilização desse método, seja nos códigos


normativos ou no cálculo prático das estruturas, percebeu-se que
outros métodos mais eficazes, que levam em conta outros conceitos
importantes ao dimensionamento estrutural, foram aprimorados e
passaram a ser adotados nas revisões normativas nas rotinas de cálculo
dos profissionais de engenharia. Esse método de cálculo chamado
métodos dos estados limites é o que está em prática atualmente e é
baseado em uma análise não mais determinística, mas sim em uma
análise semiprobabilística.

1.1.1 Método das tensões admissíveis

Este método foi o primeiro método técnico a ser adotado nas


normas de cálculo estrutural, sendo largamente utilizado até meados
do século XX. É baseado no conceito de que as máximas tensões
atuantes (oriundas das diversas ações que atuam na estrutura) não
ultrapassarão os valores referentes às tensões admissíveis do material
utilizado. A tensão admissível de um material é a tensão de ruptura ou
escoamento desse material dividido por um coeficiente de segurança
(ATAÍDE; CORRÊA, 2006).

Esse método é considerado como determinístico pelo fato de ser


apenas necessário determinar qual a tensão máxima que ocorre no
material componente da estrutura e determinar então qual a tensão
admissível desse material. A segurança na estrutura estaria garantida
se respeitada a condição de que a tensão atuante seja menor ou igual
à tensão admissível.

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Ao longo do tempo, a utilização desse método recebeu grande
quantidade de críticas por conta de a segurança da estrutura estar
relacionada às tensões e não diretamente aos carregamentos
aplicados em situações de uso. Percebeu-se que essa metodologia
fornecia pouca informação sobre a capacidade resistente da estrutura.
Diferentes estruturas, de diferentes materiais não se comportam
exatamente igual, pois não é possível admitir que ocorre linearidade no
comportamento dos elementos perante tensões, deformações, esforços
e ações (CARNEVALE, 2012).

Desse modo, a aplicação de um coeficiente de segurança não resulta


diretamente em uma grande segurança, pois outras variáveis devem ser
levadas em consideração, como as características do material adotado,
pois os materiais possuem dispersões diferentes nas suas resistências.

Outra consideração criticada no método das tensões admissíveis é o fato


de essa metodologia não considerar outros efeitos que possam invalidar
a utilização da estrutura, como fissuras, vibrações, deformações e/ou
deslocamentos excessivos. Há apenas a preocupação entre distanciar a
situação de uso da estrutura da sua situação de ruptura. Dessa forma,
outros modelos mais completos foram sendo propostos, como é o caso
do método dos estados limites.

1.1.2 Método dos estados limites

O estado limite está ligado à possibilidade de a estrutura perder


sua capacidade portante e chegar à ruína. Nessa metodologia, são
consideradas as variabilidades que podem ocorrer na construção de
uma edificação, seja a possibilidade do carregamento estimado ser
alterado em função de uma mudança de utilização da estrutura, ou
da possibilidade de um material ter sua resistência menor do que
deveria, ou das peças estruturais terem suas dimensões alteradas
erroneamente no período de construção. Por essa razão, é denominado
como método semiprobabilístico, pois fundamenta-se em análises
estatísticas com relação às ações e análises determinísticas com relação
ao comportamento estrutural da edificação (CARNEVALE, 2012).

94
94
Na análise das estruturas, os estados limites podem ser divididos em
estados limites de serviços e estados limites últimos. Essa diferenciação
proporciona uma análise mais abrangente das situações possíveis em
uma estrutura, ou seja, se a estrutura suporta os esforços em segurança
(estado limite último) e se responde satisfatoriamente às solicitações
impostas (estado limite de serviço).
O método dos estados limites permite um processo mais racional para
o dimensionamento, pois envolve a identificação de todos os modos de
colapso ou situações em que a estrutura deixaria de atender aos requisitos
para os quais foi projetada, e a determinação de níveis satisfatórios de
segurança para cada estado limite (ATAÍDE; CORRÊA, 2006, p. 112).

Portanto, para uma efetiva análise estrutural, é importante precisar as


ações e a variabilidade que ocorrerão na estrutura e quais seus efeitos
nos elementos estruturais, desde o ponto de vista de possibilidade
de ruína (estado limite último) ao nível de conforto que oferecerá ao
usuário (estado limite de serviço).

PARA SABER MAIS


Para Carnevale (2012), o cálculo das estruturas pelo método
das tensões admissíveis é um método de cálculo muito
atrativo, fácil de usar do ponto de vista computacional e
de fácil compreensão, pois basta verificar se a estrutura
é segura sob ações fixadas em valores altos usando
uma tensão admissível com valor abaixo de um valor
limitante. Em contrapartida, trata-se de um método com
desvantagens que inviabilizam sua utilização, como não
apresentar a real capacidade portante da estrutura e por
não levar em consideração as condições em serviço dos
materiais, que poderiam invalidar a utilização da estrutura,
como uma deformação excessiva por exemplo.

 95
2. Ações nas estruturas

As ações são as causas dos fenômenos que ocorrem nas estruturas,


como as deformações ou os esforços. As diversas ações que atuam nas
estruturas podem ser classificadas em função da sua variabilidade de
ocorrência nas edificações. Essa classificação tem a função de orientar
o profissional que irá calcular a estrutura no momento de combinar as
ações que atuarão na edificação.

A norma brasileira que trata das ações e sua classificação é a NBR 8.681:
ações e segurança nas estruturas – Procedimento, cuja versão de 2003 foi
corrigida em 2004 (ABNT, 2004). Essa norma serve de referência para
as demais normas nacionais que tratam do cálculo de estruturas de
madeira, metálica e de concreto armado, por exemplo.

Na norma brasileira NBR 6.118 (ABNT, 2014), que trata especificamente


das estruturas de concreto armado, o item 11.2.1 diz:

Na análise estrutural deve ser considerada a influência de todas as


ações que possam produzir efeitos significativos para a segurança da
estrutura em exame, levando-se em conta os possíveis estados limites
últimos e os de serviço.

Segundo a norma NBR 8.681 (ABNT, 2003, versão corrigida 2004),


temos as ações permanentes, variáveis e excepcionais.

2.2 Ações permanentes

São as ações que possuem nenhuma ou pouquíssima variabilidade


nos seus valores ao longo da vida da construção, ou seja, que atuarão
com valores constantes ou praticamente constantes durante a vida
útil da estrutura. As ações permanentes podem ser classificadas entre
diretas e indiretas.

96
96
2.1.1 Ações permanentes diretas

São ações diretas as ações que atuam diretamente na estrutura, como,


por exemplo, o peso próprio das estruturas, o peso de elementos
fixos (paredes e outras instalações permanentes), revestimento,
impermeabilização, solo (caso de muros de arrimo), etc. No geral,
elementos que não sofrerão mudança de posição e/ou intensidade
durante a vida da estrutura. Ações permanentes diretas geralmente são
os próprios elementos construtivos que fazem parte da edificação.

2.1.2 Ações permanentes indiretas

São as ações por deformações impostas pela retração dos materiais,


fluência, deslocamento da estrutura nos apoios e a protensão.

2.2 Ações variáveis

São as ações que possuem variabilidade significativa nos seus valores


(na sua ordem de grandeza) ao longo da vida da construção. As ações
variáveis podem ser classificadas entre diretas e indiretas.

2.2.1 Ações variáveis diretas

São as cargas acidentais previstas no uso da construção, ou de ação


do vento e as cargas de água. As cargas acidentais são descritas na
NBR 6.120: cargas para o cálculo de estruturas de edificações, cuja versão
de 1980 foi corrigida em 2000 (ABNT, 2000). As cargas acidentais são
ações variáveis que atuam na estrutura em função de seu uso (pessoas,
móveis, materiais, veículos, etc).

De acordo com a utilização, o carregamento muda de intensidade de


maneira significativa ao longo do tempo, por exemplo, em um edifício de
uso para uma escola, quando os alunos estão todos em aula, o prédio
tem determinado carregamento, quando a escola está fechada e vazia,
o carregamento é outro, com intensidade significativamente menor.
O mesmo acontece com as cargas de vento, que ocorrem de modo
aleatório, tanto em intensidade como em direção.

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Outro carregamento variável direto importante é o caso das cargas
de construção, que por vezes são maiores que as cargas de utilização
da estrutura quando esta estiver finalizada. Para exemplo de carga
de construção, podem-se citar os carregamentos gerados pelos
escoramentos de pavimentos superiores ou então os carregamentos
devido ao armazenamento de material que será utilizado na obra.

2.2.2 Ações variáveis indiretas

São ações que ocorrem em períodos não contínuos e influenciam


indiretamente na estrutura, como a variação de temperatura e ações
dinâmicas que geram vibrações e impactos e que devem ter seus
efeitos considerados nas análises, bem como a possibilidade de fadiga.
Perceba que não são cargas diretamente aplicadas nas estruturas, mas
ações que ocorrem indiretamente, como as deformações geradas pela
elevação da temperatura em determinado elemento, por exemplo.

2.3 Ações excepcionais

São as ações que possuem duração extremamente curta e muito


baixa probabilidade de ocorrência, mas que devem ser consideras nos
projetos de determinadas estruturas. Exemplos de ações excepcionais
são os casos de choques de veículos, explosões, enchentes, furacões
ou sismos muito fortes.

Nem todas as edificações precisam ter consideradas em seu cálculo


as ações excepcionais. Geralmente são consideradas nas estruturas
que precisam ter quantificadas esse tipo de ação, como é o caso, por
exemplo, de hospitais e bases do corpo de bombeiros, pois em uma
ocorrência de algum dano catastrófico, como um sismo muito forte ou
um furacão, as edificações de hospitais e bombeiros devem servir de
abrigo e atendimento às possíveis vítimas desses eventos.

98
98
3. Segurança nas estruturas

O conceito de segurança aplicado à engenharia estrutural é necessário


em virtude da grande responsabilidade que essa atividade requer, uma
vez que até mesmo vidas podem ser suprimidas em função de erros na
fase de projeto, na fase de execução ou em função de falha dos materiais.

Nos projetos estruturais, o dimensionamento atualmente é feito


no chamado estado limite último (o estado limite relacionado à
ruína), no qual os elementos estruturais são projetados como se
estivessem à beira da ruptura. Entretanto, para evitar que haja a
ruptura, as estruturas devem ser projetadas com uma margem de
segurança, ou seja, com uma folga de resistência em relação aos
carregamentos aplicados nela, de tal maneira que, para ocorrer a
ruína, a estrutura teria de ser submetida a cargas bem superiores
para as quais foi dimensionada.

Para que as estruturas se mantenham distantes da ruptura, são


introduzidos coeficientes chamados de coeficientes de ponderação,
que também são conhecidos como coeficientes de segurança. A
finalidade de se adotarem os coeficientes de segurança é para que
os valores numéricos das ações sejam majorados (aumentados) e as
resistências dos materiais sejam minoradas (diminuídas).

É considerada atendida a segurança nas estruturas quando as


resistências de cálculo são maiores que as solicitações de cálculo,
conforme condição descrita pela NBR 8.681 (ABNT, 2004) em seu item
5.1.2.1. A Eq. 22 descreve esta condição, sendo:
Rd ≥ Sd Eq. 22

Onde:
Rd = resistência de cálculo;
Sd = solicitação de cálculo.

 99
3.1 Valores das ações

Os valores que são utilizados no cálculo das estruturas são os valores


das ações aplicados nas estruturas em função de sua variabilidade. Para
o cálculo dos esforços e, consequentemente, o dimensionamento da
estrutura, as ações são divididas em valores característicos e valores de
cálculo. Os valores característicos representados por Fk são os valores
reais que atuam na estrutura e os valores de cálculo representados por
Fd são os valores adotados para o dimensionamento das estruturas.
Segundo a norma NBR 8.681 (ABNT, 2003 versão corrigida: 2004), os
valores de cálculo Fd das ações são encontrados a partir dos valores
característicos, quando são majorados por meio da sua multiplicação
pelos coeficientes de ponderação γ f.

3.2 Coeficiente de ponderação das ações

A adoção de coeficientes de ponderação é necessária para que a


estrutura trabalhe dentro da margem de segurança necessária e o
primeiro coeficiente que introduz a ideia de segurança nas estruturas
é o que majora o valor das ações e, consequentemente, os esforços
solicitantes. Esse coeficiente é representado por γf e expresso pela Eq. 23
conforme a NBR 8.681 (ABNT, 2004):

γf = γf1 x γf 2 x γf 3 Eq. 23

Onde:

γf1 = coeficiente que leva em conta a variabilidade das ações;


γf2 = coeficiente que leva em conta a simultaneidade das ações;
γf3 = coeficiente que considera os possíveis erros de avaliação dos efeitos
das ações, seja por problemas construtivos, seja por deficiência do
método de cálculo adotado.

100
100
A aplicação do coeficiente de segurança γf nas solicitações de acordo
com a (ABNT, 2004) para obtenção do esforço de cálculo para as ações
normais é demonstrado na Eq. 24:
Fd = Fk x γf Eq. 24

Onde:
Fd = esforço normal de cálculo para as ações normais;
Fk = esforço normal característico para as ações normais;
γf = coeficiente de majoração dos esforços.

Para os esforços de momentos fletores nas estruturas, os momentos de


cálculo são obtidos por meio da Eq. 25:
Md = Mk x γf Eq. 25

Onde:
Md = momento fletor de cálculo para as ações normais;
Mk = momento fletor característico para as ações normais;
γf = coeficiente de majoração dos esforços.

Do mesmo modo, ocorre para a obtenção do esforço cortante de


cálculo, conforme a Eq. 26:
Vd = Vk x γf Eq. 26

Onde:
Vd = esforço cortante de cálculo para as ações normais;
Vk = esforço cortante característico para as ações normais;
γf = coeficiente de majoração dos esforços.

É interessante afirmar que, de acordo com o processo construtivo, os


coeficientes podem sofrer alterações nos valores; quanto a este quesito,
a NBR 8.681 (ABNT, 2003 versão corrigida 2004) afirma que: “Processos

 101
mais controlados admitem coeficientes de ponderação menores e
processos menos controlados exigem coeficientes maiores”. Uma
estrutura que será executada em concreto pré-moldado ou estrutura
metálica tende a ter um controle mais rigoroso (controlado), dessa
forma, é possível adotar coeficientes menores.

A aplicação dos esforços de cálculo pode ser demonstrada na Figura


27, onde, para um pilar, o valor da compressão deve ser majorado
primeiramente para que, então, este seja dimensionado.

Figura 27 – Exemplo de aplicação do coeficiente de


majoração dos esforços

Fonte: elaborado pelo autor.

Se para este pilar há um esforço normal característico de compressão


de intensidade igual a 10 tf (Fk = 10 tf) e sendo o coeficiente de
ponderação igual a 1,4 (γf = 1,4), por meio da aplicação da Eq. 24, se
encontra o valor do esforço normal de cálculo de compressão igual a
14 tf (Fd = 14 tf).

102
102
3.3 Resistências características e de cálculo

Resistência de um material é a capacidade da matéria de suportar as


tensões impostas a ela. A resistência é comumente considerada como
sendo a própria carga que o material suporta. Para cada material,
as normas correspondentes especificam quais valores e fenômenos
determinam a resistência, uma vez que cada material, cada elemento,
trabalha de modo diferente em resposta às diversas solicitações possíveis.

Para o cálculo das estruturas, é usual adotar coeficientes ponderadores


que visam manter a estrutura a uma certa distância dos valores que
representam a ruptura ou a incapacidade do material de trabalhar em
regime satisfatório.

Desse modo, com o valor da resistência característica (o valor original da


resistência média do material), é possível calcular a resistência de cálculo
por meio dos coeficientes ponderadores que minoram essa resistência
original, ou seja, no cálculo das estruturas, os valores das resistências
serão menores do que de fato são na realidade. Essa atitude busca
justamente evitar que em alguma eventualidade de falha de produção
ou aplicação, o material venha a se romper. Nesse caso, o que se
pretende ainda é que esse material possa suportar algum carregamento
de forma segura mesmo que haja alguma situação de falha.

A resistência de cálculo para os diversos materiais que compõem a


estrutura é dada por fd, sendo indicada no item 5.2.3.1 da NBR 8.681
(ABNT, 2004) e é representado pela Eq. 27:

Eq. 27

Onde:
fd = resistência de cálculo;
fk = resistência característica;
γm = coeficiente de ponderação das resistências.

 103
O coeficiente que pondera (minora) a resistência dos materiais indicado
na NBR 8.681 (ABNT, 2004) é dado pela Eq. 28:
γm = γm1 x γm2 x γm3 Eq. 28

Onde:
γm1 = leva em conta a variabilidade da resistência efetiva;
γm2 = considera as diferenças entre a resistência efetiva do material da
estrutura e a resistência medida convencionalmente em corpos de prova
padronizados;
γm3 = considera as incertezas existentes na determinação das
solicitações resistentes, seja em decorrência dos métodos construtivos,
seja em virtude do método do cálculo empregado.

ASSIMILE
A NBR 8.681 (ABNT, 2003 versão corrigida 2004) indica os
requisitos necessários para a verificação da segurança
nas estruturas, por meio da introdução de coeficientes de
ponderação dos esforços e das resistências dos materiais.
Porém, é importante deixar claro que, para cada material,
outros coeficientes específicos podem ser adotados, de
acordo com sua norma específica.

4. Considerações finais
• A engenharia de estruturas busca prever todos os esforços que
podem acometer as edificações, porém, diversos fatores não
podem ser controlados de modo absoluto, em virtude da grande
variabilidade de incertezas que ocorrem. Dessa forma, admitir
que o cálculo estrutural deve ser baseado em fatores puramente
determinísticos não gera a solução mais confiável ou econômica.

104
104
• Com isso, outros métodos mais racionais foram elaborados,
de modo que o fator probabilidade pudesse ser levado em
consideração. Aliado a essa questão, o fator conforto em serviço
da estrutura perante o usuário também deve ser avaliado e, com
isso, o surgimento do método dos estados limites foi ganhando
espaço, e hoje é a metodologia que rege o cálculo das estruturas.

• Alem de conhecer a metodologia de cálculo adotada, também


é importante diferenciar as diversas ações que atuam nas
estruturas, possibilitando, assim, realizar as combinações
necessárias para cada ocasião que se está analisando, seja uma
situação de ruptura (estado limite último) ou então uma situação
de serviço/conforto do usuário (estado limite de serviço).

TEORIA EM PRÁTICA
Ao ser contratado para trabalhar em um escritório de
cálculo de estruturas, seu superior solicitou que você fizesse
a separação de todas as cargas atuantes em uma estrutura
de concreto armado que será utilizada em um prédio
de uso estritamente comercial. Nesse caso, você deve
realizar a separação das cargas em permanentes, variáveis
e excepcionais que atuam sobre a mesma. É importante
saber que nessa edificação será adotado piso elevado, para
que todas as instalações elétricas possam passar por baixo,
e também será adotado o uso de forro, para esconder as
instalações hidráulicas.

VERIFICAÇÃO DE LEITURA

1. As ações atuantes nas estruturas são classificas de


acordo com sua variabilidade, sendo elas:

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a. Ações permanentes, flexíveis e diretas.

b. Ações completas, flexíveis e indiretas.

c. Ações diretas, inflexíveis e excepcionais.

d. Ações permanentes, variáveis e excepcionais.

e. Ações incompletas, variáveis e diretas.

2. As metodologias de cálculo para as estruturas utilizadas


em ordem cronológica ao longo do tempo foram,
respectivamente:
a. Método dos elementos finitos e método dos
estados atuantes.

b. Método dos elementos limites e método dos


estados admissíveis.

c. Método das tensões admissíveis e método dos


estados limites.

d. Método dos elementos finitos e método dos


estados limites.

e. Método das tensões admissíveis e método dos


estados atuantes.

3. Classifique o tipo de carregamento que é a carga de


peso próprio de uma estrutura:
a. São cargas permanentes diretas.

b. São cargas permanentes indiretas.

c. São cargas variáveis diretas.

d. São cargas variáveis indiretas.

e. São cargas excpecionais.

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Referências bibliográficas

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR 6.118: projeto de


estruturas de concreto – Procedimento. Rio de Janeiro, 2014.
. NBR 6120: cargas para o cálculo de estruturas de edificações. Rio de Janeiro,
1980, versão corrigida 2000.
. NBR 8.681: ações e segurança nas estruturas – Procedimento. Rio de Janeiro,
2003, versão corrigida 2004.
. NBR 8.800: projeto de estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e
concreto de edifícios. Rio de Janeiro, 2008.
ATAÍDE, C. A. V.; CORRÊA, M. R. S. Estudo comparativo entre o método das tensões
admissíveis e o método dos estados limites para a alvenaria estrutural. Cadernos
de Engenharia de Estruturas. São Carlos, v. 8, n. 34, p. 105-134, out. 2006.
CARNEVALE, P. B. Comparação entre o dimensionamento de uma estrutura
offshore pelo método das tensões admissíveis e pelo método dos estados
limites. 2012. 81 f. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Engenharia Civil)
– Departamento de Mecânica Aplicada e Estruturas, Universidade Federal do Rio de
Janeiro, Rio de Janeiro, 2012.
SÁLES, J. J. de; MUNAIAR NETO, J.; MALITE, M. Segurança nas estruturas. 2. ed.
Rio de Janeiro: Elsevier Editora, 2015.
VASCONCELOS, G. M. A. de. Verificação simultânea dos estados limites últimos e
de serviço em análises não lineares de peças de concreto armado submetidas
à flexão pura. 2005. 119 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – Escola de
Engenharia de São Carlos, Escola de Engenharia de São Carlos – USP, São Carlos, 2005.

Gabarito

Questão 1 – Resposta D
As cargas são definidas de acordo com sua variabilidade ao longo
do tempo, sendo assim, podem ser permanentes (que pouco
ou nada variam ao longo do tempo na estrutura), variáveis (que
ocorrem com variações significativas ao longo do tempo na
estrutura) e as excepcionais (que podem ocorrer com duração
extremamente curta e muito baixa probabilidade de ocorrência).

 107
Questão 2 – Resposta C
Primeiramente, o modelo das tensões admissíveis foi o que norteou
os cálculos estruturais, fazendo com que fosse calculado o valor
direto da resistência do material e comparado com o valor da
solicitação. Por não levar em consideração outros fatores, como a
probabilidade de ocorrência, diversidade do material e situações de
serviço (fissuras, deformações, deslocamentos, entre outros), outro
modelo foi idealizado, sendo chamado de método dos estados
limites, que visava suprir e levar em consideração o que não era
considerado no método das tensões admissíveis.
Questão 3 – Resposta A
O carregamento de peso próprio possui características de não se
alterar significativamente ao longo do tempo em uma estrutura
(inclusive, na maioria dos materiais, se mantém constante), desse
modo, é considerado uma carga permanente, e por se tratar de
uma carga que é aplicada diretamente na estrutura e que também
gera esforços diretamente na estrutura, é considerada uma carga
direta, ou seja, uma carga permanente direta.

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108
Combinações de ações de
serviço nas estruturas
Autor: Thiago Drozdowski Priosta

Objetivos

• Introduzir o conceito de combinações no cálculo


das estruturas.

• Diferenciar os tipos de estados limites das


estruturas.

• Aplicar os conceitos de estados limites de serviço.

• Exemplificar as combinações de serviço no cálculo


das estruturas.

 109
1. Introdução a estados limites

No dimensionamento estrutural, diversas hipóteses de cálculo são


possíveis e devem ser abordadas com a finalidade de que a edificação
atenda principalmente a três aspectos fundamentais, sendo eles: que
possua boa capacidade portante/resistente (segurança); desempenho
satisfatório de funcionamento (funcionalidade/desempenho); bom
desempenho ao longo do tempo (durabilidade). A separação do
dimensionamento em etapas de cálculos e verificações como as
realizadas para a estabilidade da estrutura (segurança) e as de conforto
do usuário (utilização) são importantes para que a edificação garanta o
atendimento aos três aspectos fundamentais citados.

Para auxiliar nesse processo, a metodologia de cálculo baseada nos


estados limites se divide em dois importantes tópicos, que são os
estados limites de serviço (denominado por vezes apenas como ELS) e
os estados limites últimos (denominado por vezes apenas como ELU),
conforme indicado por Sáles, Munaiar Neto e Malite (2015). A norma que
trata dos estados limites é a NBR 8.681: ações e segurança nas estruturas
– Procedimento, cuja versão de 2003 foi corrigida em 2004 (ABNT, 2004).
Essa norma traz as definições de estados limites, ações, combinações
e dos coeficientes adotados nos cálculos de estruturas. Entretanto, é
importante frisar que, para cada material construtivo (concreto armado,
estrutura metálica, madeira, entre outros), é necessário consultar as
referidas normas, para atendimento aos estados limites, tanto último
como de serviço de cada ocasião.

Nesse contexto, a NBR 8.681 (ABNT, 2004) diz que os estados limites
considerados nos projetos de estruturas dependem dos tipos de
materiais de construção adotados e devem ser especificados pelas
normas referentes ao projeto de estruturas de acordo com cada material.
A consideração de um estado limite ou outro e os limites que devem
ser atendidos devem, portanto, respeitar as normas específicas de cada
material, por exemplo, um projeto de estrutura de concreto deve atender

110
110
às limitações pertinentes na norma referente a esse material. Na Tabela
4, são apresentadas algumas das normas pertinentes a cada material
adotado como material estrutural de construção.

Tabela 4 – Normas para cálculo de estruturas de diferentes materiais

Norma (material) Referência


NBR 6.118 – Projeto de estruturas
(ABNT, 2014)
de concreto – Procedimento
NBR 8.800 – Projeto de estruturas de aço e de
(ABNT, 2008)
estruturas mistas de aço e concreto de edifícios
NBR 15.812-1 – Alvenaria estrutural
(ABNT, 2010)
– Blocos cerâmicos
NBR 15.961-1 – Alvenaria estrutural
(ABNT, 2011)
– Blocos de concreto
NBR 7.190 – Projeto de estruturas de madeira (ABNT, 1997)
Fonte: elaborado pelo autor.

1.1 Estado Limite de Serviço (ELS)

O estado limite de serviço (ou estado limite de utilização) é aquele


relacionado à utilização da edificação, ao desempenho da estrutura,
durabilidade, aspecto visual, entre outros. É o critério de segurança que
define os limites mínimos do ponto de vista funcional da edificação,
tanto para usuários como para maquinários ou equipamentos
sobre ela dispostos. Situações que exemplificam o não atendimento
ao estado limite de serviço são danos ligeiros ou localizados que
comprometem a estética ou durabilidade da estrutura, fissuras,
vibrações, deslocamentos e deformações em excesso. Nessa situação,
diz-se que a estrutura alcançou seu ELS.

Quando a estrutura chega ao seu ELS, sua utilização fica prejudicada


(apesar de não esgotar sua capacidade portante), pois a estrutura não
está mais oferecendo condições satisfatórias de conforto e durabilidade.
Todavia, algumas situações de ELS, se não reparadas quando da sua
ocorrência, ao longo do tempo, podem levar a uma situação última, ou
seja, ao caso de ruptura ou paralisação do uso da estrutura.

 111
Os estados limites de serviço ocorrem devido a ações que são estudadas
por meio de combinações com três diferentes ordens de grandeza de
permanência nas estruturas e são chamdas de combinações quase
permanentes, combinações frequentes e combinações raras (ABNT, 2004).

1.2 Estado Limite Último (ELU)

Este é o estado limite relacionado à segurança da edificação e seus


usuários. Este é o limite último de uso para a estrutura, pois a simples
ocorrência desse estado já determina a paralisação do uso, seja no todo
ou em parte dela. O estado limite de ordem estrutural é o responsável
pela segurança da estrutura e/ou dos seus elementos e jamais deve ser
negligenciado. É quando ocorre o esgotamento da capacidade portante
da estrutura, que pode vir a acontecer por ruptura de alguma seção,
pelo colapso global da estrutura ou por deterioração por fadiga de
algum elemento ou ligação.

2. Combinações de ações

As ações que atuam nas estruturas são as causas que provocam


esforços ou deformações nas estruturas conforme a NBR 8.681
(ABNT, 2004). Quando do cálculo das estruturas, essas ações devem
ser computadas de modo que se busque simular a situação mais
desfavorável para a estrutura, para que assim o dimensionamento
seja feito levando em consideração os casos críticos e, então, a
resposta estrutural seja satisfatória, atendendo com segurança a
todas as normas vigentes.

As combinações de ações possuem a finalidade de compor os


diversos carregamentos que vão gerar os esforços nas estruturas.
As combinações são, portanto, o conjunto de ações que possuem
probabilidade não desprezível de atuarem simultaneamente na
estrutura em um determinado período. Como exemplo, você pode

112
112
imaginar uma edificação com diversos carregamentos, onde alguns
são mais importantes que os outros, seja em função da intensidade
(possuem maior magnitude) ou de ocorrência (ocorrem com maior
frequência que os outros).

Ao realizar o dimensionamento de uma estrutura, você precisará


verificar qual a combinação que fornecerá o caso mais desfavorável, ou
seja, aquele que vai gerar o pior esforço para a estrutura. E é justamente
essa a tarefa com maior necessidade de interpretação do profissional,
pois muitas vezes é provável que, no cálculo, sejam considerados todos
os carregamentos atuando na estrutura ao mesmo tempo e com sua
intensidade máxima. Porém, a probabilidade de que a estrutura esteja
sob ação de todos os carregamentos máximos e ao mesmo tempo é
pouco viável, pois o custo desse dimensionamento seria exagerado e
muito provavelmente não iria condizer com a realidade da edificação.

Para solucionar essa situação, as combinações de ações procuram


levar em consideração a probabilidade de ocorrência dessas ações (se
ocorrem na maior parte do tempo da vida da estrutura, se ocorrem pouco
tempo sobre ela ou se atuam por apenas poucos instantes) e também
da probabilidade de intensidade, ou melhor, se todos os carregamentos
deverão ser considerados como máximos ao mesmo tempo.

Imagine o caso de um prédio residencial de múltiplos andares, com


todos os apartamentos acabados (revestimentos) e carregados
(mobiliados e ocupados), com sua intensidade máxima, isso é, com
todos os moradores ao mesmo tempo. Aliado a isso, nesse mesmo
momento, na região da edificação ocorre o vento máximo que foi
calculado. Esse prédio provavelmente estará passando pela pior
condição prevista em projeto nessa situação.

O que ocorre é que uma situação dessa não parece plausível do


ponto de vista prático e sabe-se que a ocupação máxima de todos os
apartamentos ao mesmo tempo é pouco provável e que, mesmo que
essa situação ocorresse, os esforços de vento máximo ao mesmo tempo
da ocupação máxima se trataria de uma situação extremamente atípica.

 113
Dessa forma, a metodologia de cálculo dos estados limites lança mão
do fator probabilidade, que é o que as combinações visam abordar. A
probabilidade de ocorrência de determinado carregamento leva em
consideração a sua magnitude e o tempo (duração, frequência, tempo
de retorno) em que ocorrem.

A NBR 8.681 (ABNT, 2004) afirma em seu item 4.3.3.1 o seguinte:


Para a verificação da segurança em relação aos possíveis estados limites,
para cada tipo de carregamento devem ser consideradas todas as
combinações de ações que possam acarretar os efeitos mais desfavoráveis
nas seções críticas da estrutura.

Portanto, em um projeto estrutural, a segurança da edificação está


garantida quando é realizado o dimensionamento da estrutura na
situação das combinações últimas e o desempenho é verificado na
situação das combinações de serviço.

2.1 Combinações últimas

Para a situação de dimensionamento da estrutura, deve-se atender


às combinações últimas, ou seja, aquelas ligadas ao estado limite
último. Quando se faz o dimensionamento de acordo com a
combinação última, o estado limite último ligado à segurança
estrutural está atendido. As combinações últimas são classificadas
em função do tipo de carregamento, sendo elas: combinações
últimas normais, combinações últimas especiais (ou de construção) e
combinações últimas excepcionais.

ASSIMILE
A NBR 8.681 (ABNT, 2004) define carregamentos especiais
como: “Os carregamentos especiais são transitórios,
com duração muito pequena em relação ao período de

114
114
referência da estrutura”. Desse modo, um carregamento
de construção é definido como especial, pois atua apenas
durante a construção da estrutura. Um exemplo disso
são os carregamentos de armazenagem de material
durante uma obra.

2.2 Combinações de serviço

As combinações de serviço (ou de utilização) são aquelas que visam


atuar no campo das verificações, isso é, quando se está avaliando o
atendimento a algum estado limite de serviço para a estrutura, por
exemplo, a verificação de deformações excessivas, verificação de
deslocamento de uma laje (flecha) ou na análise de fissuração.

Dessa forma, se a intenção é realizar alguma verificação na


estrutura, como em caso de atendimento aos limites máximos de
desempenho da estrutura, deve-se realizar o cálculo considerando
as combinações de serviço, que são classificadas conforme a
permanência da ação na estrutura e nomeadas como: combinações
quase permanentes de serviço, combinações frequentes de serviço e
combinações raras de serviço.

2.2.1 Combinações quase permanentes

São as combinações que atuam durante boa parte do período da vida da


estrutura, sendo da ordem de pelo menos metade da vida da construção.

2.2.2 Combinações frequentes

São as combinações que se repetem várias vezes durante o período da


vida da estrutura. A NBR 8.681 (ABNT, 2004) se refere a esse período
como sendo maior que 5% da vida da construção.

 115
2.2.3 Combinações raras

São as combinações que se repetem algumas poucas vezes durante


o período da vida da estrutura. Pela NBR 8.681 (ABNT, 2004), as
combinações raras são as que atuam no máximo algumas horas
durante o período de vida da estrutura.

PARA SABER MAIS


A NBR 8.681 (ABNT, 2004) informa todos os coeficientes
ponderadores, seja de redução ou majoração, a serem
adotados nos projetos estruturais. Mas é importante salientar
que somente essa norma não basta para um cálculo correto,
pois, para cada tipo de material adotado como estrutura, há
normas específicas que vão considerar as particularidades
desse material e impor coeficientes específicos para o
dimensionamento e a verificação da estrutura.

3. Cálculo das combinações de serviço nas estruturas

A verificação do desempenho da estrutura deve receber, assim como a


verificação da estabilidade estrutural, o mesmo rigor e atenção por parte
de quem as calcular. Por esse motivo, as normas procuram abordar o
termo da verificação em serviço (ou utilização) da estrutura de modo que
esta possa atender a todos os requisitos de funcionalidade necessários.
Então, juntamente com o atendimento aos requisitos estruturais, são
garantidos os três requisitos de qualidade da estrutura e do projeto, que
são formados pela capacidade resistente (segurança), desempenho em
serviço (funcionalidade) e durabilidade.

Nas combinações em serviço, são utilizadas todas as ações que atuam


na estrutura, com coeficientes ponderadores diferentes dos adotados
nas combinações últimas. No caso das verificações, por se tratar de

116
116
combinações de serviço, os valores dos coeficientes ponderadores
definidos pela NBR 8.681 (ABNT, 2004) são menores que os coeficientes
adotados nas combinações últimas, que visam o dimensionamento
estrutural, ou seja, consideram as ações últimas.

São, portanto, admitidas nas verificações, combinações que


resultam em valores de esforços menores que os utilizados no
dimensionamento. Em outras palavras, pode-se afirmar que, para
calcular a estrutura, o critério, que é o da segurança estrutural, é mais
rigoroso e procura levar em conta casos mais críticos de combinações,
enquanto que na verificação do desempenho admitem-se valores
reduzidos (em função da magnitude e da probabilidade de ocorrência)
para os coeficientes ponderadores.

Outra coisa destacável é que, nas combinações de serviços, o coeficiente


majorador dos esforços permanentes (γg) e o coeficiente majorador dos
esforços variáveis (γq) são tomados com o valor 1, portanto, não atuam
majorando os esforços nas combinações de serviços e geralmente não
são nem representados nas equações.

Para a composição das combinações de serviço nas estruturas, todas as


ações de caráter permanente são consideradas e as ações variáveis são
consideradas de acordo com cada tipo de combinação possível (quase
permanente, frequente ou rara). Para essas combinações possíveis em
serviço, há a classificação conforme a permanência da ação variável
nessa estrutura. Para cada caso, uma equação diferente é formulada de
acordo com os fatores de redução de cada combinação.

A Tabela 5 apresenta os dados adotados na norma NBR 8.681 (ABNT,


2004) e que trata dos fatores de redução (ψ1 e ψ2) referentes às
combinações de serviço para as ações variáveis. O coeficiente ψ2 FQk está
relacionado aos valores quase permanentes e o coeficiente ψ1 FQk está
relacionado aos valores frequentes de utilização.

 117
Tabela 5 – Valores dos fatores de combinação
e redução para ações variáveis

Ações Ψ0 Ψ1 Ψ23), 4)

Cargas acidentais de edifícios

Locais em que não há predominância de


pesos e de equipamentos que permanecem
0,5 0,4 0,3
fixos por longos períodos de tempo, nem
de elevadas concentrações de pessoas1)

Locais em que há predominância de pesos


de equipamentos que permanecem fixos
0,7 0,6 0,4
por longos períodos de tempo, ou de
elevadas concentrações de pessoas2)

Bibliotecas, arquivos, depósitos,


0,8 0,7 0,6
oficinas e garagens

Vento

Pressão dinâmica do vento


0,6 0,3 0
nas estruturas em geral

Temperatura

Variações uniformes de temperatura


0,6 0,5 0,3
em relação à média anual local

Cargas móveis e seus efeitos dinâmicos

Passarelas de pedestres 0,6 0,4 0,3

Pontes rodoviárias 0,7 0,5 0,3

Pontes ferroviárias não especializadas 0,8 0,7 0,5

Pontes ferroviárias especializadas 1,0 1,0 0,6

Vigas de rolamentos de pontes rolantes 1,0 0,8 0,5


1) Edificações residenciais, de acesso restrito.
2) Edificações comerciais, de escritórios e de acesso público.
3) Para combinações excepcionais em que a ação principal
for sismo, admite-se adotar para ψ2 o valor zero.
4) Para combinações excepcionais em que a ação principal for o fogo, o
fator de redução ψ2 pode ser reduzido, multiplicando-o por 0,7.
Fonte: adaptado da NBR 8.681 (ABNT, 2004).

118
118
3.1 Cálculo das combinações quase permanentes

Para as combinações em que as ações variáveis atuam durante a maior


parte do tempo da vida da estrutura, a equação que representa essa
combinação é a apresentada na Eq. 29:
Eq. 29

Onde:
Fd,uti = valor de cálculo das ações de serviço (ou utilização);
Fgk = valor característico das ações permanentes;
ψ 2 = fator de redução dos valores quase permanentes das ações variáveis;
Fqk = valor característico da ação variável.

O que se pretende nessa formulação é que todas as ações permanentes


sejam adotadas e que todas as ações variáveis sejam consideradas com
um fator redutor de valor quase permanente ψ2.

3.2 Cálculo das combinações frequentes

Para as combinações em que as ações variáveis se repetem várias vezes


durante o período de vida da estrutura, a equação que representa essa
combinação é a apresentada na Eq. 30:
Eq. 30

Onde:
Fd,uti = valor de cálculo das ações de serviço (ou utilização);
Fgk = valor característico das ações permanentes;
ψ 1 = fator de redução dos valores frequentes das ações variáveis;
Fq1k = valor característico da ação variável principal;
ψ 2 = fator de redução dos valores quase permanentes das ações variáveis;
Fqk = valor característico das demais ações variáveis.

 119
Já o que se pretende nessa formulação é que todas as ações permanentes
continuem sendo adotadas, mas agora as ações variáveis são separadas
entre a ação variável principal com fator redutor de valor frequente ψ1 e
as demais ações variáveis (secundárias) sejam adotadas com fator redutor
de valor quase permanente ψ2. Assim sendo, nessa combinação há a
necessidade de se definir uma ação variável como sendo a principal e as
demais ações variáveis são definidas como secundárias.

3.3 Cálculo das combinações raras

Para as combinações em que as ações variáveis atuam durante um


período de tempo extremamente curto nas estruturas, a equação que
representa essa combinação é a apresentada na Eq. 31:
Eq. 31

Onde:
Fd,uti = valor de cálculo das ações de serviço (ou utilização);
Fgk = valor característico das ações permanentes;
ψ 1 = fator de redução dos valores frequentes das ações variáveis;
Fq1k = valor característico da ação variável principal;
Fqk = valor característico das demais ações variáveis.

Nessa combinação, a ação variável principal é tomada com valor integral


(sem fator redutor) e as demais ações variáveis são reduzidas pelo fator
de valor frequente ψ1.

3.4 Conceitos gerais

Perceba que as combinações que possuem maior probabilidade de


ocorrência (quase permanentes) gerarão valores de cálculo das ações
menores do que os casos das combinações com menor probabilidade
de ocorrência (raras). Isso se dá pelo fato de que os códigos normativos

120
120
levam em consideração a questão de que uma ação mais forte possui
menos probabilidade de ocorrer e que as ações menos intensas (menor
magnitude) possuem maior probabilidade de ocorrer nas estruturas.

As combinações quase permanentes são as analisadas quando da


necessidade de verificação de estados limites de serviço de deformações
excessivas e/ou deslocamentos excessivos. Já as combinações
frequentes são as verificadas quando a análise pretende verificar
o atendimento dos estados limites de serviços ligados a vibrações
excessivas, abertura de fissuras, empoçamentos em coberturas, entre
outros. No caso das combinações raras, os itens verificados na análise
dos estados limites de serviço são as situações de formação de fissuras e
danos aos elementos de fechamento.

4. Exemplo de aplicação

Como exemplo de aplicação para uma análise em estado limite de serviço,


será adotada uma laje qualquer construída em concreto armado, para tal,
considere a Tabela 3 com os devidos carregamentos permanentes diretos
de peso próprio, revestimento e alvenaria apoiada sobre uma laje.

Tabela 6 – Cargas permanentes diretas sobre a laje

Carregamento Valor do carregamento (kN/m²)


Peso próprio 2,75
Revestimento 0,80
Alvenaria sobre a laje 2,15
Fonte: elaborado pelo autor.

Além das cargas permanentes, há também que se contabilizar as cargas


variáveis de utilização, que serão adotadas por meio da NBR 6.120 (ABNT,
1980). Considerando uma laje que será usada como laboratório, mais
um equipamento de uso esporádico nesse laboratório e, por fim, um
carregamento variável de acúmulo de resíduos sólidos sobre essa mesma
laje, a Tabela 7 apresenta a magnitude dessas cargas variáveis diretas.

 121
Tabela 7 – Cargas variáveis diretas sobre a laje
Carregamento Valor do carregamento (kN/m²)
Utilização: laboratório 3,00
Equipamento de uso esporádico 1,00
Acúmulo de resíduos 1,50
Fonte: elaborado pelo autor.

Então, para uma análise em serviço, será realizada a composição dos


carregamentos de acordo com as combinações para cada caso.

4.1 Carregamentos quase permanentes

Para esta combinação será adotada a equação apresentada na Eq. 29,


em que é realizada a separação dos carregamentos permanentes dos
carregamentos variáveis e esses carregamentos variáveis são dispostos
considerando todos atuando conjuntamente, sem separação alguma:
Fd,uti = (2,75 + 0,80 + 2,15) + [(0,4 · 3,00) + (0,4 · 1,00) + (0,4 . 1,50)]
Fd,uti = (5,70) + [2,20]
Fd,uti = 7,90kN / m2

Para essa situação, o carregamento máximo a ser considerado nas


verificações quase permanentes seria de 7,90 kN/m².

Perceba que foi adotado o coeficiente ψ2 = 0,4 em virtude das ações


analisadas serem de ordem aplicadas em ambientes com predominância
de pesos de equipamentos e também por se considerar o uso de
laboratório mais próximo a um uso de ambiente comercial do que
residencial. Esse valor foi extraído da Tabela 5.

4.2 Carregamentos frequentes

Para esta combinação será adotada a equação apresentada na Eq.


30, em que os carregamentos permanentes ainda são separados dos
carregamentos variáveis. Porém, agora esses carregamentos variáveis

122
122
são dispostos separadamente, sendo necessário eleger um deles como
carregamento principal da combinação. Nesse caso, o carregamento de
utilização tipo laboratório será admitido como o principal, pelo motivo
de este possuir o maior valor de carga e os demais carregamentos serão
tomados como valores de carregamentos variáveis secundários.
Fd,uti = (2,75 + 0,80 + 2,15) + [(0,6 · 3,00)] + [(0,4 · 1,00) + (0,4 . 1,50)]
Fd,uti = (5,70) + [2,80]
Fd,uti = 8,50kN / m2

Para a combinação frequente, o carregamento máximo a ser


considerado seria de 8,50 kN/m². O coeficiente ψ2 = 0,4 foi mantido para
as cargas variáveis secundárias e o coeficiente ψ1 = 0,6 foi adicionado
junto à carga variável principal, sendo esses valores extraídos da Tabela
5, assim como o item anterior.

4.3 Carregamentos raros

Para a combinação rara será adotada a equação apresentada na Eq. 31,


em que se mantêm os carregamentos permanentes separados dos
carregamentos variáveis. Nessa combinação, os carregamentos variáveis
são dispostos separadamente, sendo necessário definir um deles como
carregamento principal da combinação. Nesse caso, o carregamento de
utilização tipo laboratório será admitido como o principal, pelo motivo
de este possuir o maior valor de carga e os demais carregamentos serão
tomados como valores de carregamentos variáveis secundários.
Fd,uti = (2,75 + 0,80 + 2,15) + [(3,00)] + [(0,6 · 1,00) + (0,6 . 1,50)]
Fd,uti = (5,70) + [4,50]
Fd,uti = 10,20kN / m2

Para a combinação rara, o carregamento máximo a ser considerado seria


de 10,20 kN/m². O coeficiente ψ2 não ocorre e o coeficiente ψ1 = 0,6 foi
adicionado junto às cargas variáveis secundárias. O carregamento variável
principal atua com o valor integral, sem fator de redução algum.

 123
4.4 Comentários

É importante esclarecer que outras combinações seriam possíveis,


uma vez que se poderiam alterar as combinações de modo que o
carregamento considerado principal seria um secundário e o secundário
se tornaria o carregamento principal. Essa situação geraria um outro
valor para o carregamento sobre a laje, mas neste exemplo demonstrado,
foi realizada apenas a combinação que geraria o maior valor de
carregamento, o que, na prática, é o mais usual, uma vez que se busca o
pior caso (carga mais desfavorável para a estrutura) de cada combinação.

Pode-se notar que a combinação rara gerou um valor numérico


de carregamento maior que a combinação quase permanente de
aproximadamente 29% a mais. Apesar de ser considerada uma
combinação com menor probabilidade de ocorrência, no seu cálculo, os
valores dos carregamentos são maiores.

5. Considerações finais

• A definição dos carregamentos e suas combinações são de


destacada importância durante a realização do projeto estrutural.
Muito foco se dá, na maioria das vezes, ao dimensionamento do
elemento estrutural em si, mas a composição do carregamento
em função do que se quer analisar é, por diversas vezes,
negligenciada, sendo deixada a cargo de softwares e não
estudada a fundo por profissionais de cálculo.

• Na maioria dos casos, a vida de um profissional de cálculo


estrutural será auxiliada com o uso de softwares que auxiliam
na rapidez da análise e realização dos cálculos que podem
ser bastante onerosos se praticados manualmente. Com a
composição das cargas e das combinações não é diferente, pois os
códigos normativos indicam diversas “regras” para a composição
de cada combinação. Como dito, deve-se ter tempo considerável
dispensado em seu entendimento, utilização e cálculo.

124
124
• As combinações em serviço também, por vezes, são deixadas de
lado por muitos profissionais da área de cálculo estrutural. Não é
incomum encontrar edificações que não tiveram seu desempenho
avaliado durante a fase de projeto. Cuidado maior é dado ao
dimensionamento (em atendimento ao estado limite último) e as
verificações (atendimento ao estado limite de serviço) acabam
não sendo realizadas em muitas situações. Essa situação limita
o atendimento aos requisitos de qualidade das estruturas, pois
não basta ter segurança, a edificação deve oferecer satisfatório
desempenho e durabilidade.

TEORIA EM PRÁTICA
Umas das tarefas mais específicas do profissional
responsável pelo cálculo de uma estrutura é a definição
correta dos coeficientes majoradores e redutores em
função do tipo de análise que se está realizando. Se você
fosse contratado para realizar a composição da carga
de uma estrutura residencial e quisesse realizar uma
verificação quanto ao deslocamento que pode ocorrer
nessa estrutura e, na sequência, faria a verificação com
relação à formação de fissuras, quais as definições deveriam
ser adotadas, assim como os coeficientes e combinações
considerados? Detalhe cada uma das situações separando
os carregamentos possíveis.

VERIFICAÇÃO DE LEITURA

1. Com relação às verificações do estado limite de serviço,


quais combinações devem ser abordadas em um
projeto de estruturas?

 125
a. Normais, de construção e raras.

b. Diretas, normais e excepcionais.

c. Quase permanentes, frequentes e raras.

d. Normais, frequentes e especiais.

e. Quase permanentes, especiais e excepcionais.

2. Em se tratando de uma verificação do desempenho


necessária em uma estrutura, qual combinação levará
em consideração as combinações que se repetem
várias vezes ao longo da vida da construção ou que
permanecem por pelo menos 5% do tempo sobre ela?
a. Combinações variáveis.

b. Combinações quase permanentes.

c. Combinações excepcionais.

d. Combinações frequentes.

e. Combinações repetitivas.

3. Para que uma estrutura possua condições satisfatórias


de funcionamento e atenda a todas às suas
necessidades, deve-se respeitar os requisitos de
qualidade da estrutura e do projeto. Quais são esses
três requisitos de qualidade necessários?
a. Capacidade resistente, economia e velocidade de
construção.

b. Capacidade econômica, estrutural e custo-benefício.

126
126
c. Desempenho funcional, durabilidade e economia.

d. Capacidade resistente, desempenho em serviço e


durabilidade.

e. Desempenho qualitativo, velocidade de construção e


durabilidade.

Referências bibliográficas

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR 6.118: projeto de


estruturas de concreto - Procedimento. Rio de Janeiro, 2014. 238 p.
. NBR 6.120: cargas para o cálculo de estruturas de edificações. Rio de Janeiro,
1980. 6 p.
. NBR 7.190: projeto de estruturas de madeira. Rio de Janeiro, 1997.
. NBR 8.681: ações e segurança nas estruturas - Procedimento. Rio de Janeiro,
2003 versão corrigida: 2004. 18 p.
. NBR 8.800: projeto de estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e
concreto de edifícios. Rio de Janeiro, 2008. 237 p.
. NBR 15.812-1: alvenaria estrutural — Blocos cerâmicos. Rio de Janeiro, 2010.
. NBR 15.961-1: alvenaria estrutural — Blocos de concreto. Rio de
Janeiro, 2011.
SÁLES, J. J. de; MUNAIAR NETO, J.; MALITE, M. Segurança nas estruturas. 2. ed. Rio
de Janeiro: Elsevier Editora, 2015.
THOMAZ, E. Trincas em edifícios: causas, prevenção e recuperação. São Paulo: Pini
/ EPUSP / IPT, 1989.

Gabarito

Questão 1 – Resposta C
As combinações utilizadas na verificação do desempenho
das estruturas por meio dos estados limites de serviço são as
combinações quase permanentes, frequentes e raras.

 127
As combinações normais, especiais ou de construção e as
excepcionais são combinações referentes ao estado limite último e
são usadas quando do dimensionamento das estruturas.
Questão 2 – Resposta D
Para uma verificação do desempenho de uma estrutura, então
devem ser considerados os estados limites de serviços. Dentre
as combinações desses estados limites de serviço, temos
as combinações quase permanentes, frequentes e raras. As
combinações que tratam das ocasiões de permanência por um
tempo de pelo menos 5% da vida da construção ou que se repetem
muitas vezes durante o período de vida da construção são as
combinações frequentes.
Questão 3 – Resposta D
Para que uma estrutura possua boa capacidadede de atendimento
às suas necessidades construtivas, é necessário que ela atenda a
três requisitos de qualidade. Eswes requisitos visam o atendimento
aos estados limites últimos e de serviços e são descritos como:
capacidade resistente, desempenho em serviço e durabilidade.
O atendimento ao ELU é satisfeito quando a estrutura possui boa
capacidade resistente, isso é, segurança à ruptura. O atendimento
ao ELS é feito ao se proporcionar bom desempenho em serviço
da estrutura, que é se manter em condições plenas de utilização.
Já a durabilidade é a capacidade da estrutura de se manter
resistente quanto às influencias ambientais, como as intempéries
e outros agentes degradantes aos materiais componentes e à
estrutura como um todo.

128
128
Combinações de ações
últimas nas estruturas
Autor: Thiago Drozdowski Priosta

Objetivos

• Introduzir o conceito de combinações no


cálculo das estruturas.

• Diferenciar os tipos de estados limites das


estruturas.

• Aplicar os conceitos de estados limites últimos.

• Exemplificar as combinações últimas no


cálculo das estruturas.

 129
1. Estados limites

O dimensionamento de elementos estruturais requer sempre a


aplicação de um conceito que envolva o atendimento aos requisitos aos
quais ela se destina, oferecendo o máximo de economia e eficiência.

Nesse contexto, a eficiência tem ligação direta com o quesito


segurança, no qual a estrutura deve se apresentar em condições
de oferecer resistência, estabilidade e durabilidade. O conceito
segurança possui ainda dois aspectos muito próximos, que em
algumas situações se confundem entre si, mas que são de origens
diferentes: o aspecto qualitativo e o aspecto quantitativo. O aspecto
qualitativo tem por finalidade definir se a estrutura possui segurança
ou não, e o aspecto quantitativo objetiva mensurar a segurança que
a estrutura possui. Com relação a isso, Castro (1997) afirma que
projetos sempre foram realizados em condições de incerteza quanto
às ações e resistência, e as estruturas sempre foram projetadas para
resistir a ações maiores que as esperadas.

A essa situação, diversas metodologias para qualificar e quantificar


a segurança em uma estrutura foram adotadas ao longo do tempo,
sendo que a que mais está incorporada nos códigos normativos da
atualidade é a metodologia dos estados limites. Esse método, que
surgiu na Rússia em torno de 1950, busca considerar todos os aspectos
que são envolvidos em um projeto estrutural, como o detalhamento
das ações que agem sobre as estruturas e a análise de segurança.
Nesse conceito, Sáles, Munaiar Neto e Malite (2015, p. 70) afirmam que
o método dos estados limites:
Consiste em estabelecer limites acima dos quais a estrutura (ou parte dela)
não respeita as condições especificadas para o uso normal da construção
ou que implique comprometimento da durabilidade, caracterizando limites
de serviço, ou acima dos quais a estrutura (ou parte dela) será considerada
insegura, caracterizando limites últimos.

130
130
Observa-se, portanto, a existência dos estados limites últimos e de
serviço, que são adotados separadamente nas normas, em função do
que se pretende analisar em uma estrutura.

Nos códigos normativos brasileiros, a norma que trata dos estados


limites é a NBR 8.681: ações e segurança nas estruturas – Procedimento,
cuja versão de 2003 foi corrigida em 2004 (ABNT, 2004). Essa norma traz
as definições de estados limites, ações, combinações e dos coeficientes
adotados nos cálculos de estruturas. Importante salientar que o termo
“estruturas” abordado na referida norma trata de estruturas com os
materiais diversos, isso é, essa norma se aplica ao projeto de estruturas
dos mais diversos materiais adotados como componente estrutural.

Quando se calcula uma estrutura metálica, por exemplo, além de se


observar os apontamentos na NBR 8.681 (ABNT, 2004), também devem
ser observados os conceitos de estados limites contidos na norma
referente ao projeto de estrutura desse tipo de material, que no caso
é a NBR 8.800: projeto de estruturas de aço e de estruturas mistas de aço
e concreto de edifícios (ABNT, 2008). Esse processo é análogo ao cálculo
para estruturas de concreto, de madeira, alvenaria estrutural, entre
outros. A observação das normas pertinentes a cada material se deve
ao fato de que cada material possui um comportamento diferente do
outro, então os diversos estados limites existentes são diferentes para
cada um deles.

1.1 Estado limite de Serviço (ELS)

O estado limite de serviço (ou estado limite de utilização) é aquele


relacionado à utilização da edificação, ao desempenho da estrutura,
durabilidade, aspecto visual, entre outros. É o critério de segurança que
define os limites mínimos do ponto de vista funcional da edificação,
tanto para usuários como para maquinários ou equipamentos sobre
ela dispostos.

 131
1.2 Estado limite último (ELU)

O estado limite último é o que está relacionado ao esgotamento


da capacidade portante que a estrutura possui. Nesse caso, afeta a
segurança da edificação e de seus usuários. Esse é o limite último de uso
para a estrutura, pois a simples ocorrência desse estado já determina a
paralisação do uso, seja no todo ou em parte dela.

O estado limite último, por estar ligado ao colapso da estrutura ou de


parte dela, deve apresentar probabilidade muito pequena de ocorrência,
pois gerará a perda de vidas humanas ou de patrimônio.

Durante a vida útil de uma estrutura, alguns tipos de carregamentos


ocorrem e a NBR 8.681 (ABNT, 2004) define para o caso do estado
limite último os seguintes carregamentos: carregamento normal,
carregamento especial e carregamento excepcional. Podem também ser
considerados os carregamentos de construção.

2. Combinações últimas das ações

O carregamento que é utilizado para o cálculo de uma estrutura é


especificado por meio do conjunto de ações que têm probabilidade
não desprezível de atuarem ao mesmo tempo sobre a estrutura. A
atividade de composição dessas ações que atuam em conjunto nas
estruturas recebe o nome de combinação de ações, isso é, combinam-
se as ações que atuarão conjuntamente em uma estrutura, levando em
consideração a probabilidade dessa situação.

O dimensionamento da estrutura no estado limite último se dará por


meio da verificação das diversas combinações possíveis. A combinação
mais crítica será a responsável pelo dimensionamento efetivo daquela
estrutura ou elemento estrutural. Nesse quesito, o cálculo da estrutura
de forma segura é garantido quando os esforços solicitantes de cálculo
não ultrapassem os valores de cálculo da resistência da estrutura.

132
132
ASSIMILE
Os valores de cálculo adotados nos projetos de estruturas
são aqueles em que já estão considerados os coeficientes
ponderadores, sejam eles os de ação ou de resistência.
Os coeficientes de ponderação das ações majoram os
esforços atuantes nas estruturas e os coeficientes de
ponderação das resistências minoram os valores das
resistências dos materiais. Quando os valores não estão
com os coeficientes de ponderação aplicados, estes
recebem o nome de valores característicos.

Para o dimensionamento da estrutura dentro do estado limite último,


três são as combinações que devem ser observadas, sendo elas:
combinações últimas normais, combinações última especiais ou de
construção e, por fim, as combinações excepcionais.

2.1 Combinações últimas normais

As combinações últimas normais são as que consideram os


carregamentos normais. Esses carregamentos são os próprios
carregamentos usuais previstos na utilização das construções. Sua
duração é considerada igual ao período de duração da construção e
sempre deve ser considerada no dimensionamento.

Para o cálculo das combinações últimas normais, a NBR 8.681 (ABNT,


2004) propõe a seguinte expressão apresentada na Eq. 31:
Eq. 31

Onde:
Fd = valor de cálculo das ações últimas normais;

 133
γg = coeficiente de ponderação das ações permanentes;
Fgk = valor característico das ações permanentes;
γq = coeficiente de ponderação das ações variáveis;
Fq1k = valor característico da ação variável considerada como ação
principal para a combinação;
ψ 0 = fator redutor de combinação que leva em consideração que é baixa
a probabilidade de ocorrência simultânea de duas ou mais ações
variáveis de naturezas diferentes;
Fqk = valor característico das demais ações variáveis.

2.2 Combinações últimas especiais ou de construção

As combinações últimas especiais são referentes aos carregamentos


especiais, decorrentes das ações variáveis de natureza ou intensidade
especiais, com intensidade superior aos carregamentos normais. No
geral, são ações transitórias, de duração muito menor que o período
de vida útil da estrutura. Cada carregamento especial deve gerar uma
combinação especial diferente. Exemplo de carregamento especial são
os esforços de sismos.

Também devem ser consideradas as combinações de construção, devido


aos carregamentos de construção. Essa situação deve ser considerada
quando há risco de ocorrência de estado limite já na fase de construção
da edificação. É um carregamento transitório e de duração a ser
verificada em cada caso. Um exemplo de carregamento de construção
é a situação de armazenamento de materiais de construções sobre a
estrutura durante a fase de obra. Por vezes, esse carregamento sobre
a estrutura pode ser maior que a própria carga que a estrutura deverá
suportar quando estiver pronta e em situação normal de utilização. O
cálculo das combinações últimas especiais ou de construção é definido
na NBR 8.681 (ABNT, 2004) e apresentada na Eq. 32:

134
134
Eq. 32

Onde:
Fd = valor de cálculo das ações últimas especiais ou de construção;
γg = coeficiente de ponderação das ações permanentes;
Fgk = valor característico das ações permanentes;
γq = coeficiente de ponderação das ações variáveis;
Fq1k = valor característico da ação variável admitida como principal para a
situação transitória considerada;
ψ 0 = fator redutor de combinação efetivo de cada uma das demais
variáveis que podem agir concomitantemente com a ação principal
durante a situação transitória;
Fqk = valor característico das demais ações variáveis.

Na combinação especial ou de construção, você pode perceber que a Eq.


32 é muito parecido com a Eq. 31, porém, neste caso, as ações variáveis
consideradas são as ações especiais ou de construção e não mais as cargas
variáveis normais de utilização das construções. Outro ponto importante
é que o coeficiente ψ0 pode ser tomado como sendo ψ2 quando a ação
variável principal tiver um tempo de atuação muito pequeno.

2.3 Combinações últimas excepcionais

As combinações últimas excepcionais são as que podem, em função de


uma ação excepcional, causar efeitos catastróficos e são considerados
em apenas alguns tipos de estruturas, em que a possibilidade de uma
ação excepcional não pode ser desprezada, como, por exemplo, em um
hospital, que deve permanecer íntegro mesmo na ocorrência de alguma
situação dessa natureza, como, por exemplo, explosões, enchentes e/
ou choque de veículos. As ações excepcionais são caracterizadas por
efeitos de duração extremamente curta em relação à vida da estrutura,
transitórias, com muito baixa probabilidade de ocorrência, porém, com
intensidades consideráveis.

 135
No cálculo das combinações últimas excepcionais, a ação variável
excepcional deve ser considerada com seu valor integral (sem coeficiente
majorador dos esforços e sem coeficiente redutor de combinação) e as
demais ações variáveis são consideradas com seu valor combinado com
o fator redutor de combinação ψ0. A combinação adotada é definida na
NBR 8.681 (ABNT, 2004) e está representada pela Eq. 33:
Eq. 33

Onde:
Fd = valor de cálculo das ações últimas excepcionais;
γg = coeficiente de ponderação das ações permanentes;
Fgk = valor característico das ações permanentes;
Fq,excep = valor característico da ação variável excepcional para a situação
transitória considerada;
γq = coeficiente de ponderação das ações variáveis;
ψ 0 = fator redutor de combinação efetivo de cada uma das demais
variáveis que podem agir concomitantemente com a ação principal,
durante a situação transitória;
Fqk = valor característico das demais ações variáveis.

3. Coeficientes de ponderação das ações

As diferentes combinações últimas existentes são realizadas com as


adoções de coeficientes ponderadores, que atuam tanto nas ações
permanentes como nas ações variáveis. Esses coeficientes ponderadores
possuem a função de permitir que a estrutura trabalhe dentro da
margem de segurança necessária, majorando os valores das ações que
causam efeitos desfavoráveis às estruturas e minorando os valores das
ações que causam efeitos favoráveis às estruturas. Em condições gerais,
o coeficiente de ponderação das ações é representando por γ f, porém,
a NBR 8.681 (ABNT, 2004), em seu item 4.2.3.1, em função das diversas
ações que atuam em uma estrutura, afirma que:

136
136
[…] o índice do coeficiente γ f pode ser alterado para identificar a ação
considerada, resultando os símbolos γ g, γ q, γ p e γ E, respectivamente para
as ações permanentes, para as ações diretas variáveis, para a protensão e
para os efeitos de deformações impostas (ações indiretas).

É por essa razão que, nas Eq. 31, 31 e 33, os coeficientes de ponderação
das ações permanentes e das ações variáveis são tomados,
respectivamente, por γg e γq.

Para o caso da verificação da estrutura, que ocorre por meio dos estados
limites de serviço, os coeficientes de ponderação são tomados como
igual a 1, conforme a NBR 8.681 (ABNT, 2004) define no item 4.2.3.2:
“Quando se consideram estados limites de utilização, os coeficientes de
ponderação das ações são tomados com valor γ f = 1,0 [...].”

Diferentemente do que ocorre com as situações de estados limites de


serviço, os coeficientes de ponderação para os estados limites últimos
adotados no dimensionamento das estruturas são separados de
acordo com a natureza da ação (γg e γq) e com o efeito que provocam
nas estruturas. A Tabela 8 apresenta os valores para os coeficientes de
ponderação das ações permanentes (γg), consideradas separadamente,
isso é, cada ação permanente possui seu coeficiente de ponderação.

Tabela 8 – Valores dos coeficientes de ponderação das ações


permanentes consideradas separadamente
Efeito
Combinação Tipo de ação
Desfavorável Favorável
Peso próprio de estruturas metálicas 1,25 1,0
Peso próprio de estruturas pré-moldadas 1,30 1,0
Peso próprio de estruturas
1,35 1,0
moldadas no local
Normal Elementos construtivos industrializados1) 1,35 1,0
Elementos construtivos industrializados
1,40 1,0
com adições in loco
Elementos construtivos em
1,50 1,0
geral e equipamentos2)

 137
Peso próprio de estruturas metálicas 1,15 1,0
Peso próprio de estruturas pré-moldadas 1,20 1,0
Peso próprio de estruturas
1,25 1,0
Especial ou moldadas no local
de Elementos construtivos industrializados1) 1,25 1,0
construção Elementos construtivos industrializados
1,30 1,0
com adições in loco
Elementos construtivos em
1,40 1,0
geral e equipamentos2)
Peso próprio de estruturas metálicas 1,10 1,0
Peso próprio de estruturas pré-moldadas 1,15 1,0
Peso próprio de estruturas
1,15 1,0
moldadas no local
Excepcional Elementos construtivos industrializados1) 1,15 1,0
Elementos construtivos industrializados
1,20 1,0
com adições in loco
Elementos construtivos em
1,30 1,0
geral e equipamentos2)
1) Por exemplo: paredes e fachadas pré-moldadas, gesso acartonado.
2) Por exemplo: paredes de alvenaria e seus revestimentos, contrapisos.
Fonte: adaptado da NBR 8.681 (ABNT, 2004).

Entretanto, apesar da Tabela 8 apresentar os valores dos coeficientes


de ponderação das ações permanentes consideradas separadamente,
a critério do projetista estrutural, a NBR 8.681 (ABNT, 2004) permite
que todas as ações permanentes sejam consideradas agrupadas numa
mesma combinação. Nessa situação, a consideração desses coeficientes
deve ser feita de acordo com os valores apresentados na Tabela 9.

Tabela 9 – Valores dos coeficientes de ponderação das ações


permanentes consideradas agrupadas
Efeito
Combinação Tipo de estrutura
Desfavorável Favorável
Grandes pontes 1) 1,30 1,0
Normal Edificações tipo 1 e pontes em geral 2) 1,35 1,0
Edificações tipo 2 3) 1,40 1,0

138
138
Grandes pontes 1) 1,20 1,0
Especial ou
Edificações tipo 1 e pontes em geral 2) 1,25 1,0
de construção
Edificações tipo 2 3) 1,30 1,0

Grandes pontes 1) 1,10 1,0

Excepcional Edificações tipo 1 e pontes em geral 2) 1,15 1,0

Edificações tipo 2 3) 1,20 1,0


1) Grandes pontes são aquelas em que o peso próprio da estrutura
supera 75% da totalidade das ações permanentes.
2) Edificações tipo 1 são aquelas em que as cargas acidentais superam 5 kN/m2.
3) Edificações tipo 2 são aquelas em que as cargas acidentais não superam 5 kN/m2.

Fonte: adaptado da NBR 8.681 (ABNT, 2004).

Você pode perceber que, em função da combinação realizada, os


coeficientes são alterados. Para o caso das combinações excepcionais,
os valores são ligeiramente menores, pois são situações com menores
probabilidades de ocorrência. Também perceba que os valores dos
coeficientes que causam efeitos desfavoráveis nas estruturas são
maiores que 1,0. Já os efeitos que podem aliviar a carga da estrutura
(causar efeito favorável) não são majorados, a favor da segurança, e
dessa forma recebem coeficientes iguais a 1,0.

De maneira análoga aos coeficientes das ações permanentes, os


coeficientes adotados nas ações variáveis também podem ser utilizados
de maneira separada ou agrupada. Se separadas, cada ação variável
de natureza diferente possuirá um valor específico para coeficientes de
ponderação. De acordo com a NBR 8.681 (ABNT, 2004), esses valores são
os apresentados nas tabelas 10 e 11, para os casos de ações variáveis
consideradas separadamente e agrupadas, respectivamente.

 139
Tabela 10 – Valores dos coeficientes de ponderação das
ações variáveis consideradas separadamente
Coeficiente de
Combinação Tipo de ação
ponderação
Ações truncadas 1) 1,2

Efeitos de temperatura 1,2


Normal
Ações do vento 1,4

Ações variáveis em geral 1,5

Ações truncadas 1) 1,1

Efeitos de temperatura 1,0


Especial ou de construção
Ações do vento 1,2

Ações variáveis em geral 1,3

Excepcional Ações variáveis em geral 1,0


1)Ações truncadas são consideradas ações variáveis cuja distribuição
de máximos é truncada por um dispositivo físico, de modo que o valor
dessa ação não pode superar o limite correspondente. O coeficiente de
ponderação mostrado na Tabela 10 se aplica a esse valor limite.

Fonte: adaptado da NBR 8.681 (ABNT, 2004).

Tabela 11 – Valores dos coeficientes de ponderação das


ações variáveis consideradas agrupadas
Coeficiente de
Combinação Tipo de estrutura
ponderação
Pontes e edificações tipo 1 1,5
Normal
Edificações tipo 2 1,4

Pontes e edificações tipo 1 1,3


Especial ou de construção
Edificações tipo 2 1,2
Excepcional Estruturas em geral 1,0
1)Quando a ações variáveis forem consideradas conjuntamente, o coeficiente de
ponderação mostrado na Tabela 11 se aplica a todas as ações, devendo-se considerar
também conjuntamente as ações permanentes diretas.

Fonte: adaptado da NBR 8.681 (ABNT, 2004).

140
140
Durante o dimensionamento das estruturas no estado limite último,
as ações devem ser definidas e, a critério do projetista, serem
consideradas agrupadas ou separadas. No geral, para a maioria dos
casos de estruturas usuais, é comum no meio técnico a utilização dos
carregamentos permanentes e variáveis de maneira agrupada, atitude
esta que simplifica o cálculo, pois há a necessidade apenas de se separar
o que é carregamento permanente de carregamento variável e definir
qual das cargas variáveis será a considerada principal, especial ou
excepcional, de acordo com a combinação a ser realizada.

Também há o coeficiente de ponderação para as ações excepcionais,


adotados nas combinações últimas excepcionais. Nesse caso, o valor
desse coeficiente é igual a 1,0 e, por esse motivo, na combinação última
excepcional, apresentada na Eq. 33, o valor da ação excpecional é dado
com o valor integral, isso é, sem coeficiente agindo na formulação.

4. Valores dos fatores de combinação e de redução

Com a finalidade de se considerar a combinação das demais ações


variáveis que podem atuar concomitantemente com a ação variável
principal, nas formulações, é aplicado o coeficiente de combinação ψ0.
Além desse coeficiente, existem também os coeficientes de redução das
ações variáveis ψ1 e ψ2, que são aplicáveis quando da verificação das
estruturas no estado limite de serviço. A utilização desses dois últimos
coeficientes no estado limite último não é usual.

PARA SABER MAIS


Uma estrutura deve ser calculada no estado limite último,
de acordo com as combinações especificadas em norma, e,
então, verificadas pelo estado limite de serviço, objetivando
os atendimentos de especificações funcionais para a
estrutura, como deformação excessiva, vibração excessiva,
abertura de fissuras, deslocamentos, entre outros.

 141
Os coeficientes que tratam dos valores de combinação e de redução das
ações variáveis para o cálculo e verificação das estruturas são descritos
pela NBR 8.681 (ABNT, 2004) e estão apresentados na Tabela 12.

Tabela 12 – Valores dos fatores de combinação


e redução para ações variáveis

Ações Ψ0 Ψ1 Ψ2 3), 4)

Cargas acidentais de edifícios

Locais em que não há predominância de pesos e de


equipamentos que permanecem fixos por longos períodos 0,5 0,4 0,3
de tempo, nem de elevadas concentrações de pessoas1)
Locais em que há predominância de pesos de
equipamentos que permanecem fixos por longos períodos 0,7 0,6 0,4
de tempo, ou de elevadas concentrações de pessoas2)
Bibliotecas, arquivos, depósitos, oficinas e garagens 0,8 0,7 0,6

Vento
Pressão dinâmica do vento nas estruturas em geral 0,6 0,3 0

Temperatura
Variações uniformes de temperatura
0,6 0,5 0,3
em relação à média anual local

Cargas móveis e seus efeitos dinâmicos


Passarelas de pedestres 0,6 0,4 0,3
Pontes rodoviárias 0,7 0,5 0,3
Pontes ferroviárias não especializadas 0,8 0,7 0,5
Pontes ferroviárias especializadas 1,0 1,0 0,6
Vigas de rolamentos de pontes rolantes 1,0 0,8 0,5
1) Edificações residenciais, de acesso restrito.
2) Edificações comerciais, de escritórios e de acesso público.
3) Para combinações excepcionais em que a ação principal
for sismo, admite-se adotar para ψ2 o valor zero.
4) Para combinações excepcionais em que a ação principal for o fogo, o
fator de redução ψ2 pode ser reduzido, multiplicando-o por 0,7.

Fonte: adaptado da NBR 8.681 (ABNT, 2004).

142
142
Pela Tabela 12, você pode perceber que há uma diferenciação entre
edificações residenciais e comerciais, que são a maioria dos casos no
cálculo de estruturas usuais. Para cada caso de utilização da edificação
(residencial, comercial, arquivo, biblioteca, etc), um fator de combinação
diferente é adotado.

5. Exemplo de aplicação

Como exemplo de aplicação para o cálculo em estado limite último, será


adotada uma laje de edificação para bilbioteca (sala para leitura), com
os carregamentos descritos na Tabela 13. Nessa tabela estão definidos
os carregamentos permanentes diretos de peso próprio, acabamento e
alvenaria apoiada sobre uma laje.

Tabela 13 – Cargas permanentes diretas sobre a laje


Carregamento Valor do carregamento (kN/m²)
Peso próprio 3,25
Revestimento 1,20
Alvenaria sobre a laje 2,45
Fonte: elaborado pelo autor.

Além das cargas permanentes da Tabela 13, também serão consideradas


as cargas variáveis de utilização, que serão adotadas por meio da NBR
6.120 (ABNT, 1980). Considerando uma laje para bilbioteca (sala para
leitura), com um carregamento esporádico de arquivo nessa biblioteca e,
por fim, um carregamento variável de depósito de materiais diversos, a
Tabela 14 apresenta a intensidade dessas cargas variáveis diretas.

Tabela 14 – Cargas variáveis diretas sobre a laje


Carregamento Valor do carregamento (kN/m²)
Utilização: biblioteca (sala de leitura) 2,50
Arquivo esporádico 5,00
Depósito de materiais 4,00
Fonte: elaborado pelo autor.

 143
Para o cálculo dos esforços nessa estrutura, será realizada a
composição dos carregamentos de acordo com a combinação normal
de utilização, alterando-se as diferentes cargas variáveis possíveis
como sendo a principal.

5.1 Carregamentos pela combinação última normal

Para esta combinação, em que são consideradas as situações normais


de utilização da estrutura, será adotada a Eq. 31, em que é realizada
a separação dos carregamentos permanentes dos carregamentos
variáveis, cada um com seu coeficiente de ponderação. Serão
considerados os carregamentos permanentes e variáveis de maneira
agrupada (valores retirados das tabelas 9 e 11), por ser a maneira mais
usual adotada no meio profissional. Também são adotados os valores
referentes ao de edificação tipo 2 por conta de as ações variáveis não
superarem o valor de 5,00 kN/m².

5.1.1 Ação variável principal: utilização da biblioteca como sala de leitura

Para o caso de a ação variável principal ser a de utilização da biblioteca


como sala de leitura, o coeficiente de combinação ψ0 é igual a 0,8 e um
valor de 1,4 é usado para ambos coeficientes, sendo eles de ponderação
das ações permanentes agrupadas (γ g) e ações variáveis agrupadas (γ q).
O resultado para a ação final é dado por:
Fd = 1,4 · [3,25 + 1,20 + 2,45] + 1,4 · [2,50 + (0,8 · (5,00 + 4,00))]
Fd = 9,66 + 13,58
Fd = 23,24kN / m2

Para esta situação, o carregamento máximo a ser considerado no


dimensionamento seria de 23,24 kN/m².

Foram considerados os carregamentos permanentes e variáveis de


maneira agrupada (valores retirados das Tabelas 9 e 11), por ser
a maneira mais usual adotada no meio profissional. Também são
adotados os valores referentes ao de edificação tipo 2 por conta de as
ações variáveis não superarem o valor de 5,00 kN/m².

144
144
5.1.2 Ação variável principal: arquivo esporádico

Ainda dentro das combinações normais, faz-se a combinação agora com


a ação variável principal como sendo o arquivo esporádico. Nesse caso,
apenas se substituem os valores da ação de uso de sala de leitura pelo valor
da carga de arquivo esporádico. Os coeficientes se mantêm os mesmos, em
função de todas as cargas estarem no mesmo grupo de carregamento nas
Tabelas 9, 11 e 12. O resultado para a ação final é dado por:
Fd = 1,4 · [3,25 + 1,20 + 2,45] + 1,4 · [5,00 + (0,8 · (2,50 + 4,00))]
Fd = 9,66 + 14,28
Fd = 23,94kN / m2

Para esta combinação, o carregamento máximo a ser considerado no


dimensionamento seria de 23,94 kN/m².

5.1.3 Ação variável principal: depósito de materiais

Para a combinação com a ação variável principal ser considerada a do


depósito de materiais, temos, de maneira análoga aos casos anteriores,
o seguinte:
Fd = 1,4 · [3,25 + 1,20 + 2,45] + 1,4 · [4,00 + (0,8 · (2,50 + 5,00))]
Fd = 9,66 + 14,00
Fd = 23,66kN / m2

Para esta combinação, o carregamento máximo a ser considerado no


dimensionamento seria de 23,66 kN/m².

5.2 Comentários

Perceba que, dependendo do tipo de combinação, valores diferentes


a serem adotados no dimensionamento serão utilizados. Para o caso
do exemplo especificamente, o valor considerado para se dimensionar
a estrutura teria que ser o encontrado na combinação em que a ação
variável principal seria a de arquivo esporádico, pois essa combinação
gerou o maior valor.

 145
Na ocorrência de situações especiais ou excepcionais de carregamento,
outras combinações deveriam ser verificadas. Para este exemplo, foi
adotada apenas a combinação normal de utilização, mas que mesmo
dentro apenas da combinação normal, outras duas foram verificadas,
devido à troca da ação variável considerada em cada caso.

6. Considerações finais

• As combinações últimas utilizadas no cálculo das estruturas


são as utilizadas no seu dimensionamento, ou seja, são as
responsáveis diretas pela segurança que a estrutura vai ter.
Errar nessa etapa do dimensionamento estrutural, de fato, seria
extremamente perigoso. Mesmo com os diversos coeficientes
ponderadores adotados, ainda assim, erros de projeto por conta
do não conhecimento das combinações ou de consideração
equivocada dos carregamentos poderiam gerar situações de
grande perigo às estruturas.

• Numa situação de edificação real, inúmeras combinações


devem ser realizadas e, nesse contexto, o uso de softwares
técnicos facilita e muito a vida do profissional de cálculo
estrutural, porém, a interpretação dos resultados e a inserção
correta dos carregamentos só pode ser realizada por quem é o
responsável pela atividade de cálculo.

• Os conhecimentos das metodologias de cálculo adotadas ao


longo do tempo fazem com que haja o aperfeiçoamento dos
métodos atuais, mas de qualquer forma se pode pensar que o
modelo utilizado é o melhor. Por enquanto, o modelo adotado
de estados limites supre bem a realidade estrutural, embora
é preciso saber que, com o passar do tempo e o aumento do
número de amostragem for enriquecido, talvez outros modelos
mais refinados sejam incorporados e utilizados. Por esste
motivo, o profissional de cálculo deve sempre estar atualizado.

146
146
TEORIA EM PRÁTICA
O cálculo estrutural é realizado a partir das premissas de
que os carregamentos possuem probabilidades maiores
ou menores de ocorrência, tanto em intensidade como
em combinação com outras ações que podem acometer
as estruturas. Nesse contexto, com o que foi visualizado
nesta aula e também baseado na interpretação pessoal,
o aluno deverá apontar quais os itens mais importantes
para o dimensionamento e a verificação de uma estrutura
real. Com relação às diversas combinações possíveis,
aponte os itens mais importantes de acordo com o
que se pretende avaliar na estrutura, por exemplo, em
um dimensionamento, o que se deve considerar como
combinação e, no caso de uma verificação, o que é
necessário avaliar?

VERIFICAÇÃO DE LEITURA

1. Com relação ao estado limite último, quais a


combinações que devem ser abordadas no
dimensionamento de estruturas?
a. Normais, especiais ou de construção e excepcionais.

b. Diretas, normais ou diretas e raras.

c. Quase permanentes, de construção e excepcionais.

d. Normais, frequentes e especiais.

e. Indiretas, especiais e de construção.

 147
2. O carregamento considerado como aquele que pode
gerar risco de ocorrência de estado limite já na fase de
construção da edificação é definido como?
a. Carregamento especial.

b. Carregamento pontual inicial.

c. Carregamento especial de obra.

d. Carregamento de construção.

e. Carregamento pré-uso.

3. Os coeficientes de ponderação utilizados nas


combinações últimas são separados em função da
natureza da ação. Esses coeficientes de ponderação são
em função das ações:
a. Diretas, indiretas e excepcionais.

b. Permanentes diretas, permanentes indiretas e


variáveis.

c. Permanentes, variáveis e excepcionais.

d. Diretas, indiretas e raras.

e. Quase permanentes, frequentes e raras.

Referências bibliográficas

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR 6118: projeto de


estruturas de concreto – Procedimento. Rio de Janeiro, 2014.
. NBR 6120: cargas para o cálculo de estruturas de edificações. Rio de
Janeiro, 1980.

148
148
. NBR 8681: ações e segurança nas estruturas – Procedimento. Rio de Janeiro,
2003, versão corrigida 2004.
. NBR 8800: projeto de estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e
concreto de edifícios. Rio de Janeiro, 2008.
CASTRO, L. A. de. Análise da segurança no projeto de estruturas: método dos
estados limites. 1997. 119 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – Escola
de Engenharia de São Carlos, Escola de Engenharia de São Carlos – USP, São
Carlos, 1997.
SÁLES, J. J. de; MUNAIAR NETO, J.; MALITE, M. Segurança nas estruturas. 2. ed. Rio
de Janeiro: Elsevier Editora, 2015.

Gabarito

Questão 1 – Resposta A
As combinações utilizadas no dimensionamento das estruturas
por meio dos estados limites últimos são as combinações normais,
especiais ou de construção e raras.
As combinações quase permanentes, frequentes e raras são
combinações referentes ao estado limite de serviço e são usadas
para a verificação das estruturas e não seu dimensionamento.
Questão 2 – Resposta D
O carregamento de construção é aquele que pode gerar risco
de ocorrência de algum estado limite já na fase de obra da
edificação e deve ser considerado quando houver chance de
existir alguma situação do tipo, como, por exemplo, no caso de
armazenamento de material muito pesado ou em quantidade
excessiva sobre a estrutura.
Os demais itens não são pertinentes ao carregamento de construção.
Questão 3 – Resposta C
Esses coeficientes de ponderação são em função das ações
permanentes, variáveis e excepcionais.

 149
Diretas e indiretas são os tipos de ações atuantes e não fazem
parte do escopo dos coeficientes de ponderação e, portanto, não
fazem parte desta questão.
Quase permanentes, frequentes e raras são as combinações
dos estados limites de serviço e, portanto, não fazem parte do
escopo desta questão.

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150
 151

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