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A SEGUNDA OPERAÇÃO DO ESPÍRITO/INTELECTO

#1. Introdução e Definição:

Chama-se de segunda operação lógica o ato mesmo de JULGAR (ou ASSENTIR). Podemos assim definir o juízo ou
proposição como: o ato de afirmar ou negar , mediante a cópula, a conveniência de um determinado predicado a
um determinado sujeito.
No entanto, diferentemente da primeira operação Intelecto [isto é, o ato de conceber ou Simples Apreensão],
JULGAR significa COMPROMETER-SE, ao afirmar ou negar, com a verdade ou falsidade do juízo.

#2. Divisão ou Classificação das Proposições:

Os juízos ou proposições podem ser classificados atentando-se aos três ou quatro passos a seguir:

1º Passo: Quanto à quantidade do sujeito:


 Universais - quando forem precedidas pelo quantificador universal (todo, Nenhum).
 Particulares - quando forem precedidas pelo quantificador existencial (Algum, estes)
 Singulares - quando fizerem referência a um único sujeito. (João, este, o, a)
 Indefinidas (ou Indeterminadas) -quando não é precedida por nenhum quantificador, não possuindo
nenhuma evidência de sua quantidade

2º Passo: Quanto à qualidade da cópula:


 Afirmativas - quando não são afetadas pela partícula negativa ou negador.
 Negativas - aquelas que declara a inconveniência do predicado ao sujeito, ou melhor, quando o verbo é
afetado pelo negador.

3º Passo: Quanto à relação


 Categóricas (Atributivas ou Simples)- São as que contém a expressão de um só juízo de forma direta.,
possuindo como partes, dois termos unidos pela cópula.

 Hipotéticas (ou Compostas)- Compostas por duas proposições simples ligadas por um conectivo. Podem
ser:
o Copulativas (e)
o Disjuntivas (ou)
o Condicionais (se, então)
o Exclusivas (Só, somente, apenas...)
o Exceptivas (Exceto, salvo, fora, a menos que, a não ser...)
o Reduplicativas (enquanto)
4º Passo: Quanto ao valor de atribuição:
 Inesse (ou Simplesmente atributivas) - aquelas que carecem de modalizador, ou o que quer dizer o
mesmo, quando não há modo que afete a cópula. KANT chama as proposições de Inesse de juízos
assertóricos, pois, são acompanhados da “consciência da realidade efetiva.”
 Modais - aquelas que enunciam o modo ou maneira pela qual a cópula liga o predicado ao sujeito. Uma
proposição modal pode ser:
o Necessária - expressa o conhecimento que deve ocorrer. [tem que ]
o Possível - aquela que exprime uma mera possibilidade. [pode ser ]
o Contingente - quando expressa uma possibilidade de assim não ser ou um modo contingente de
ser . [pode ser ou não]
o Impossível - aquela que exprime uma impossibilidade de assim ser [ não pode ser]
A TERCEIRA OPERAÇÃO DO ESPÍRITO/INTELECTO
#1. Introdução e Definição:
Segundo ARISTÓTELES, o raciocínio, enquanto terceira operação do intelecto, pode ser assim definido:
“É um argumento em que estabelecidas certas coisas, outras coisas diferentes se deduzem necessariamente das
primeiras”.
Ora, concluir a partir de premissas(ou antecedentes) nada mais é do que inferir. Por conseguinte, entende-se
por INFERÊNCIA: a derivação de um juízo a partir de outro.

#2. Elementos de um Raciocínio:

São elementos de um raciocínio:


 Premissas ou antecedente - é a parte motora ou movente do raciocínio e que por isso o precede. Dessa
forma:
 Conclusão ou conseqüente - é a parte movida ou causada [isto é, aquela que provém do antecedente].
Trata-se, com efeito, do desfecho e objetivo de todo raciocínio.
#3. Os três tipos de Raciocínio:

Costumamos, em lógica, classificar os raciocínios ou argumentos em três tipos ou formas:

 Dedução - Um raciocínio dedutivo é aquele cujo conseqüente é inferido em função da conexão existente
entre os conceitos que o compõe; movendo-se sempre no sentido do GERAL para o PARTICULAR.

 Indução - É aquele que parte do PARTICULAR para o GERAL. É o tipo de raciocínio de que se utiliza
mais a ciência. Apresenta-se sempre como uma generalização a partir de dados ou fatos da experiência
(em número suficiente). Está, sobretudo, fundada na relação de causa e efeito. Assim nos diz
ARISTÓTELES: “Ora, a indução é o ponto de partida que o próprio conhecimento universal pressupõe
enquanto o silogismo procede dos universais".

 Analogia - Forma imperfeita de indução baseada na expectativa da repetição de determinadas


circunstâncias anteriores. Assim, uma argumentação analógica move-se do PARTICULAR para o
PARTICULAR ou mesmo do PARTICULAR para o GERAL, segundo critérios de “semelhança”, e, como tal,
tem poucas possibilidades de acerto.

DICA:A diferença fundamental entre o raciocínio analógico e o indutivo reside na presença (indução) ou ausência
(analogia) de casos suficientes para que a conclusão seja validada.

SILOGÍSTICA OU DO ESTUDO DO SILOGISMO


#1. Introdução e Definição:

Segundo ARISTÓTELES:
“O Silogismo é um razoamento em que, dadas certas premissas, se extrai uma conclusão conseqüente e
necessária, através das premissas dadas".
Trata-se, pois, de uma forma perfeita do raciocínio dedutivo, donde só se é possível concluir em virtude de um
termo comum (ou médio) às premissas.

#2. Elementos de um Silogismo:

 2.1. TERMOS - Segundo a primeira regra [ver] o silogismo contém somente três termos, a saber:

o Termo Menor [t] - isto é, o termo de menor extensão. É o sujeito da conclusão.


o Termo Médio [M] - isto é, o termo responsável pela união dos extremos na conclusão lógica,
tornando assim possível o silogismo.
o Termo Maior [T] - isto é, o termo de maior extensão. Constitui o predicado (ou o atributo) da
conclusão.
 2.2. PROPOSIÇÕES - Também são em número de três, nomeadas segundo os termos que contém:

o Premissa Maior [PM] - aquela que contém o termo médio e o maior.


o Premissa Menor [Pm] - aquela que contém o termo médio e o menor.
o Conclusão [C] - aquela que contém os dois extremos [isto é, os termos maior e menor]

#3. Princípios Supremos do Silogismo:

 Princípio da Identidade Recíproca (ou da Tríplice Identidade) - afirma que: Dois termos idênticos a um
terceiro termo são idênticos entre si, na medida e no aspecto em que são idênticos ao terceiro.
 Princípio da Mútua Não-Identidade (ou da Tríplice Discrepância) - Dois termos dos quais um é idêntico e
o outro não idêntico a um terceiro não são idênticos entre si.
 Dictum de Omni [ou da Afirmação Universal] - O que é afirmado de um certo termo é afirmado a todos
os termos que estejam sob ele.
 Dictum de Nullo [ou da Negação Universal] - O que é negado universalmente de um certo termo é
negado a todos os termos que estejam sob ele.

#4. Leis ou Regras do Silogismo:

Segundo os lógicos , existem oito leis ou regras do silogismo que nada mais são do que deduções dos princípios
acima, visando sua maior operacionalização. Os escolásticos medievais , de modo a facilitar a sua memorização,
expressaram essas oito regras sob a forma de versos em latim:
 1ª REGRA Três são os termos do silogismo: médio, (o extremo) maior e o (extremo) menor. <Terminus
esto triplex, mediusque, majorque, minorque>.
 2ª REGRA Na conclusão, os termos não devem ter maior extensão que nas premissas. <Latius hos
quam praemissae conclusio non vult>
 3ª REGRA A conclusão nunca deve conter o (termo) médio. <Nequaquam medium capiat conclusio
oportet>
 4ª REGRA O termo médio deve ser universal ou geral [isto é, deve ser tomado em toda a sua extensão]
ao menos uma vez .<Aut semel aut iterum medius generaliter>
 5ª REGRA De duas premissas negativas nada se conclui.<Utraque si praemissa neget, nihil inde
sequetur>
 6ª REGRA Duas (premissas) afirmativas não podem gerar uma (conclusão) negativa <Ambae
affirmantes nequeunt generare negatem>
 7ª REGRA A conclusão segue sempre a parte (ou premissa) mais “fraca”.<Pejorem semper sequitur
conclusio partem>. Em conseqüência disso:
o Se um dos antecedentes for uma proposição negativa, a conclusão deverá ser negativa; e,
o Se um dos antecedentes for uma proposição particular, então a conclusão deverá ser particular.
 8ª REGRA -De duas (premissas) particulares nada se conclui. <Nil sequitur
geminis ex particularibus unquam>.
FALÁCIAS
#1. Introdução e Definição:

O que são falácias? Essa pergunta é, na verdade, bastante simples de se responder: são argumentos que,
apesar de falsos segundo a forma, têm a seu favor a "aparência" de um raciocínio legítimo.
Usamos muitas falácias em nosso dia-a-dia, mas algumas pessoas são verdadeiras especialistas em enganar os
outros com seus discursos. Se estivéssemos na Grécia de Platão, provavelmente, as chamaríamos de Sofistas,
mas hoje em dia, sabemos que advogados, políticos e até mesmo professores também cometem erros do ponto
de vista lógico. O que as diferencia é a intenção ou o desejo deliberado de enganar.

#2. Sofismas e Paralogismos

As falácias, portanto, podem ser divididas, segundo a intenção do argumentador em:

 Sofismas ou falácias intencionais - argumentos tendenciosos que visam deliberadamente induzir-nos ao


erro. É o caso de um advogado que, diante da inevitável condenação de seu cliente e réu, dirige-se ao
júri para convencê-lo de sua inocência através de um "desvio" de assunto. [VER Ignorância da questão]

 Paralogismos ou falácias involuntárias - argumentos elaborados sem a intenção de nos enganar. É muito
comum a utilização em nosso cotidiano de palavras com múltiplos sentidos ou mesmo empregadas de
modo ambíguo. Mas, devemos, todavia, tomar muito cuidado com os paralogismos, pois mesmo sem a
intenção consciente, podemos levar outras pessoas a uma interpretação equivocada do que dissemos.

#3. Principais Falácias:

(1)Ignorância da questão ou Conclusão Irrelevante (Ignoratio elenchi)- Caracteriza-se por um "desvio temático"
na intenção de substituir o assunto em pauta por outro.

(2)Petição de Princípio (Petitio principii) e Círculo vicioso (Circulus in demonstrando)- Apesar de serem duas
falácias distintas encontramo-las quase sempre juntas em uma argumentação. Na petição de princípio tomamos
por evidente aquilo que deveria aparecer na conclusão. O efeito círculo é provocado quando tentamos provar
uma coisa pela outra - igualmente carente de demonstração, gerando o efeito "Tostines" (é fresquinho porque
vende mais e vende mais porque é fresquinho...).

(3)Apelo à ignorância (Argumentum ad ignorantiam)- Baseia-se na impossibilidade momentânea de se


demonstrar a sua contrária. Essa falácia é muito empregada sobretudo em questões polêmicas onde, até o
momento, não ficou suficientemente demonstrada nem sua verdade ou mesmo sua falsidade.

(4)Apelo à Piedade (Argumentum ad misericordiam)- Consiste no recurso à piedade ou compaixão dos


envolvidos com o único intuito de justificar a inferência desejada.

(5)Apelo à autoridade (Argumentum ad verecundiam)- Ocorre quando nos referimos à opinião (ou mesmo à
figura) de indivíduos de prestígio para promover uma maior aceitação de argumentos que, na verdade,
encontram-se além dos limites de sua especialização ou conhecimento.

(6)Apelo popular ou populismo (Argumentum ad populum)- Falácia muito utilizada pela mídia em geral e em
campanhas eleitorais quando utilizam-se da opinião popular como fator relevante de convencimento.

(7)Contra o homem (Ad hominem) - Quando ao invés de utilizar-se de meios legítimos, o argumentador ataca a
pessoa em questão com a intenção de refutar a sua posição.

(8)Recurso à Força (Argumentum ad baculum)- Falácia cometida quando o argumentador, visando legitimar a
sua conclusão, se utiliza da "força" como forma de intimidação e convencimento.

(9)Redução ao Absurdo (Reductio ad Absurdum) – Consiste em levar um determinado raciocínio, de modo


indevido, ao extremo.

(10)Paradoxo ou Oxímoro - Construto intelectual onde parte-se de uma premissa que leva os contra-
argumentadores a duas conclusões que se excluem mutuamente.

(11)Falsa Causa - Argumento falacioso que conclui a partir de uma relação de causa e efeito fundamentada
numa mera antecedência de fatos.

(12)Causa Comum - Trata-se de uma "confusão entre causas e efeitos". Isso se dá quando dois acontecimentos
são tomados como causa um do outro, esquecendo-se, porém, que ambos são causados por um terceiro.

(13)Anfibologia ou Anfibolia - Falácia freqüentemente utilizada pelas chamadas "ciências esotéricas" e que
consiste no emprego de frases ou proposições ambíguas e vagas de modo a gerar múltiplas interpretações.

(14)Equívoco e Ambigüidade - Apesar de serem duas falácias distintas, ambas induzem-nos ao erro através dos
múltiplos sentidos das palavras. Se no equívoco o argumentador utiliza-se de uma mesma palavra com sentidos
diferentes para coisas igualmente distintas; na ambigüidade vê-se o emprego de palavras que nos levam a uma
interpretação duvidosa do assunto em questão.

(15)Pergunta Complexa - Consiste em elaborar uma pergunta cuja resposta implicará necessariamente na
aceitação de outras premissas logicamente independentes.

(16)[Falácia da] Composição - Ocorre quando atribuímos as características das partes ou dos indivíduos,
considerados isoladamente, ao grupo.

(17)[Falácia da] Divisão - Inverso da falácia anterior, a divisão ocorre quando atribuímos as características do
todo ou do grupo às partes.

(18)[Falácia da] Enumeração - Trata-se, na verdade, de uma indução pautada em casos insuficientes. Alguns
autores a identificam com a falácia da generalização apressada.

(19) Ênfase – Ocorre quando algumas palavras são destacadas com o intuito de induzir o receptor ao erro devido
a aparente mudança de significado.

(20)Falsa Analogia – Falácia que conclui, a partir de uma semelhança acidental ou superficial outras de maior
importância. Trata-se, portanto de uma comparação inválida.

(21)Falso Dilema – Quando o argumentador oferece um número limitado de


alternativas quando, na verdade, há mais.

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