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Tópicos de Contabilidade

Material Teórico
Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes (CPC 25)

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Me. João Paulo Lima

Revisão Técnica:
Prof. Me. Wellington Rodrigues Silva Souza

Revisão Textual:
Prof.ª Me. Luciene Oliveira da Costa Santos
Provisões, Passivos Contingentes
e Ativos Contingentes (CPC 25)

• Provisões, Passivos Contingentes e


Ativos Contingentes – CPC 25 – IAS 37;
• Mudanças nas provisões;
• Aplicação das regras de reconhecimento e mensuração;
• Divulgação.

OBJETIVO DE APRENDIZADO
· O objetivo principal desta unidade consiste em compreender como
as provisões, passivos contingentes e ativos contingentes devem ser
mensurados, reconhecidos e contabilizados com base no CPC 25.

ORIENTAÇÕES
Caro(a) aluno(a),

Para que você tenha um melhor aproveitamento nesta última unidade da


disciplina Tópicos de Contabilidade, seguem algumas orientações de estudo.

Inicialmente, é fundamental que você compreenda quais são os objetivos do


CPC 25 – Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes. Dessa
forma, recomendamos que, além de ler o conteúdo teórico da unidade, você
também, leia a norma em questão na íntegra. A referida norma está indicada
no item Materiais Complementares.

Ao longo da leitura do conteúdo teórico, você deve atentar para as


importantes discussões acerca de como provisões, passivos contingentes e
ativos contingentes devem ser reconhecidos, mensurados e contabilizados.

Após os estudos de todos esses itens, você está preparado(a) para fazer
as atividades desta unidade. Lembre-se de não deixar para estudar e
fazer as atividades na última hora do vencimento dos prazos. Crie uma
rotina de estudos e seja disciplinado(a). Isso é fundamental para o seu
desenvolvimento profissional.
UNIDADE Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes (CPC 25)

Contextualização
Para iniciarmos esta unidade, convidamos você para emergir no Relatório
Financeiro da Natura Cosméticos S.A. de 2015
Explor

Disponível em: http://goo.gl/EUBKKv

Explore o referido relatório à procura de informações sobre o CPC 25 –


Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes – e, ao mesmo tempo,
reflita sobre o conteúdo teórico desta unidade.

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Provisões, Passivos Contingentes e
Ativos Contingentes – CPC 25 – IAS 37
As definições abaixo foram extraídas na íntegra do Pronunciamento Técnico
CPC 25 e serão utilizadas neste material com os seguintes significados:

Provisão é um passivo de prazo ou de valor incertos. Passivo é uma obrigação


presente da entidade, derivada de eventos já ocorridos, cuja liquidação se espera
que resulte saída de recursos da entidade capazes de gerar benefícios econômicos.

Evento que cria obrigação é um evento que cria uma obrigação legal ou não
formalizada, que faça com que a entidade não tenha nenhuma alternativa realista
senão liquidar essa obrigação.

Obrigação legal é uma obrigação que deriva de:


a) contrato (por meio de termos explícitos ou implícitos);
b) legislação; ou
c) outra ação da lei.

Obrigação não formalizada é uma obrigação que decorre das ações da entidade
em que:
a) por via de padrão estabelecido de práticas passadas, de políticas publicadas
ou de declaração atual, suficientemente específicas, a entidade tenha indicado
a outras partes que aceitará certas responsabilidades; e
b) em consequência, a entidade cria uma expectativa válida nessas outras
partes de que cumprirá com essas responsabilidades.

Passivo contingente é:
a) uma obrigação possível que resulta de eventos passados e cuja existência
será confirmada apenas pela ocorrência ou não de um ou mais eventos
futuros incertos não totalmente sob controle da entidade; ou
b) uma obrigação presente que resulta de eventos passados, mas que não é
reconhecida porque:
I. não é provável que uma saída de recursos que incorporam benefícios
econômicos seja exigida para liquidar a obrigação; ou
II. o valor da obrigação não pode ser mensurado com suficiente
confiabilidade.

Ativo contingente é um ativo possível que resulta de eventos passados e cuja


existência será confirmada apenas pela ocorrência ou não de um ou mais eventos
futuros incertos não totalmente sob controle da entidade. (CPC_25 6).

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UNIDADE Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes (CPC 25)

Contrato oneroso é um contrato em que os custos inevitáveis de satisfazer as


obrigações do contrato excedem os benefícios econômicos que se esperam que
sejam recebidos ao longo do mesmo contrato. Reestruturação é um programa
planejado e controlado pela administração e que altera materialmente:
a) o âmbito de um negócio empreendido por entidade; ou
b) a maneira como o negócio é conduzido.

Provisão e outros passivos


As provisões podem ser distintas de outros passivos tais como contas a pagar e
passivos derivados de apropriações por competência (accruals) porque há incerteza
sobre o prazo ou o valor do desembolso futuro necessário para a sua liquidação.
Por contraste:
a) as contas a pagar são passivos a pagar por conta de bens ou serviços
fornecidos ou recebidos e que tenham sido faturados ou formalmente
acordados com o fornecedor; e
b) os passivos derivados de apropriações por competência (accruals) são
passivos a pagar por bens ou serviços fornecidos ou recebidos, mas que não
tenham sido pagos, faturados ou formalmente acordados com o fornecedor,
incluindo valores devidos a empregados (por exemplo, valores relacionados
com pagamento de férias). Embora algumas vezes seja necessário estimar o
valor ou prazo desses passivos, a incerteza é geralmente muito menor do que
nas provisões.

Os passivos derivados de apropriação por competência (accruals) são


frequentemente divulgados como parte das contas a pagar, enquanto as provisões
são divulgadas separadamente.

Relação entre provisão e passivo contingente


Em sentido geral, todas as provisões são contingentes porque são incertas
quanto ao seu prazo ou valor. Porém, neste Pronunciamento Técnico o termo
“contingente” é usado para passivos e ativos que não sejam reconhecidos porque
a sua existência somente será confirmada pela ocorrência ou não de um ou mais
eventos futuros incertos não totalmente sob o controle da entidade. Adicionalmente,
o termo passivo contingente é usado para passivos que não satisfaçam os critérios
de reconhecimento. (CPC_25 7).

Este Pronunciamento Técnico distingue entre:


a) provisões – que são reconhecidas como passivo (presumindo-se que possa
ser feita uma estimativa confiável) porque são obrigações presentes e é
provável que uma saída de recursos que incorpora benefícios econômicos
seja necessária para liquidar a obrigação; e

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b) passivos contingentes – que não são reconhecidos como passivo porque são:
I. obrigações possíveis, visto que ainda há de ser confirmado se a entidade
tem ou não uma obrigação presente que possa conduzir a uma saída
de recursos que incorporam benefícios econômicos, ou
II. obrigações presentes que não satisfazem os critérios de reconhecimento
deste Pronunciamento Técnico (porque não é provável que seja
necessária uma saída de recursos que incorporem benefícios
econômicos para liquidar a obrigação, ou não pode ser feita uma
estimativa suficientemente confiável do valor da obrigação).

Introdução ao IAS 37
O objetivo da IAS 37, e do CPC 25, é definir critérios de reconhecimento e
bases de mensuração para provisões, contingências passivas e contingências ativas
e regras para divulgação de informações suficientes nas notas explicativas, com o
objetivo de permitir que os usuários das demonstrações entendam sua natureza,
época e valor.

Reconhecimento
Provisões
Para reconhecer uma provisão, é necessário que:
a) A entidade tenha uma obrigação presente (legal ou não formalizada) como
resultado de um evento passado;
b) Seja provável que será necessário uma saída de recursos que incorporem
benefícios econômicos para liquidar a obrigação; e
c) Possa ser feita uma estimativa confiável do valor da obrigação.

Você Sabia? Importante!

O termo provisão foi amplamente utilizado no Brasil como referência a qualquer obrigação
ou redução ao valor de um ativo, no qual sua mensuração decorra de alguma estimativa.
Entretanto, este termo refere-se apenas aos passivos com prazo ou valor incertos.

Obrigação presente
Para reconhecer uma obrigação presente é necessário que seja mais
provável que vá existir a obrigação do que não. Na maioria dos casos, fica
claro se há essa obrigação, caso contrário, é necessário que toda evidência
seja considerada para verificar se é mais provável que a obrigação vai existir ou
não. Uma obrigação envolve sempre outra parte a quem se deve a obrigação,
mesmo que não seja identificável.

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UNIDADE Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes (CPC 25)

Evento passado
Denominado fato gerador, é aquele que tem condições de criar uma obrigação.
As obrigações são criadas quando a entidade não tem alternativa, senão liquidar a
obrigação gerada. Isto ocorre:
d) Quando a liquidação da obrigação puder ser executada por lei; ou
e) No caso de uma obrigação presumida, quando o evento (que pode ser uma
ação da entidade) criar expectativas válidas para outras partes da entidade
que liquidará a obrigação.

Não são reconhecidas provisões que derivem de custos que precisam ser
incorridos para operar no futuro. Apenas obrigações provenientes de eventos
passados que aconteçam independentemente de ações futuras de uma entidade
serão reconhecidas como provisões.

Saída provável de recursos


Além da obrigação presente, a probabilidade de desembolso de recursos que
incorporem benefícios econômicos para liquidar essa obrigação é necessária
para que um passivo se qualifique para reconhecimento. Um fluxo de saída de
recursos ou outro evento só é considerado como provável se o evento tiver maior
probabilidade de ocorrer (mais que sim do que não). Caso uma obrigação existente
não seja provável, a entidade deve divulgar um passivo contingente.

Estimativa confiável de obrigação


Quase sempre, a entidade é capaz de determinar um grande conjunto de
desfechos possíveis e pode, portanto, fazer uma estimativa que seja suficientemente
confiável para usar no reconhecimento de uma provisão.

Quando não é possível fazer uma estimativa confiável, o passivo deve ser
divulgado como um passivo contingente.

Por exemplo: a assinatura de um contrato de compra de mercadoria não gera


sozinha obrigação reconhecível contabilmente. A obrigação acontecerá apenas
após o recebimento da mercadoria.

Passivos contingentes
A entidade não deve reconhecer um passivo contingente, deve apenas divulgá-lo
em nota explicativa.

Passivos contingentes caracterizam-se por uma saída de recursos possível, mas


não provável.

No caso de uma responsabilidade conjunta e solidária, a parte da obrigação que


se espera ser cumprida pelas outras partes é tratada como um passivo contingente.

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Passivos contingentes devem ser avaliados continuamente para verificar se esse
fluxo de saída de recursos que gera benefícios econômicos se tornou provável. Em
caso positivo, uma provisão deve ser reconhecida nas demonstrações financeiras
do período subsequente à mudança.

Ativos contingentes
A entidade não deve reconhecer um ativo contingente até que a realização de
ganho seja praticamente certa. Deve-se divulgar em notas explicativas quando for
provável a entrada de benefícios econômicos futuros.

Ativos contingentes devem ser avaliados continuamente, sendo reconhecidos


como um ativo quando sua realização se tornar provável.

Mensuração
Melhor estimativa
Uma provisão terá seu valor reconhecido como a melhor estimativa do gasto
necessário para liquidar a obrigação na data do balanço ou para transferir para uma
terceira parte. Frequentemente, é impossível ou incompensável liquidar ou transferir
a obrigação no final do período. Estimativas do resultado e efeito financeiro ficam a
julgamento da administração da entidade. A evidência considerada inclui qualquer
evidência adicional fornecida por eventos subsequentes ao período de relatório.

Quando a provisão envolver uma grande quantidade de itens, a obrigação


será estimada por meio da ponderação de todos os possíveis resultados por suas
probabilidades associadas (método do valor esperado).

A provisão deve ser mensurada antes dos impostos.

Riscos e incertezas
Riscos e incertezas são inevitáveis e importantes para se chegar à melhor
estimativa de uma provisão. Porém, a entidade deve ter cautela para o julgamento
sob condições de incerteza para que os ativos ou receitas não sejam subavaliados e
os passivos ou despesas sobreavaliados, pois um ajuste de risco pode aumentar o
valor pelo qual um passivo é mensurado.

Entretanto, essa incerteza não deve implicar na criação de provisões em excesso


ou numa superavaliação deliberada de passivos.

Por exemplo: se os custos projetados de um resultado particularmente adverso


forem estimados de forma prudente, esse resultado então não é tratado de forma
deliberada como mais provável do que é realisticamente o caso.

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UNIDADE Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes (CPC 25)

Valor presente
Se o efeito do valor temporal do dinheiro for relevante, o valor de uma provisão
deverá ser o valor presente dos gastos esperados para liquidar a obrigação.

A taxa de desconto não refletirá os riscos para os quais as estimativas foram


ajustadas, ela será uma taxa antes de impostos que reflete as avaliações atuais de
mercado do valor temporal do dinheiro e os riscos específicos para o passivo.

Eventos futuros
Os eventos futuros que possam afetar o valor necessário para liquidar uma
obrigação devem ser refletidos no valor de uma provisão quando houver evidência
objetiva suficiente de que eles ocorrerão. Eventos futuros esperados podem ser
importantes na mensuração de provisões.

Alienação esperada de ativos


Ganhos na baixa esperada de um ativo não deverão ser levados em consideração
na mensuração de uma provisão, mesmo que estejam intimamente ligados ao
evento que origina a provisão.

Reembolsos
Quando a entidade espera que parte ou todo o desembolso necessário para
liquidar uma provisão será reembolsado, este só será reconhecido quando seu
recebimento for praticamente certo. A entidade deve tratar o reembolso como um
ativo separado e seu valor reconhecido não excederá o valor da provisão.

Vez ou outra pode ser esperado que outra entidade pague parte ou integralmente
os gastos para liquidar uma provisão. Esta parte pode reembolsar os valores pagos
pela entidade ou pagá-los diretamente.

Mudanças nas provisões


A entidade deve revisar as provisões no fim de cada período de relatório e devem
refletir a melhor estimativa atual. A provisão deve ser revertida quando não há mais
probabilidade de que um fluxo de saída que incorpora benefícios econômicos seja
exigido para liquidar a obrigação.

Uso de provisões
A entidade deve usar uma provisão apenas para os gastos a que ela foi
originalmente designada. A definição de gastos contra esta provisão para os quais
ela não tenha sido reconhecida ocultaria o impacto de dois eventos diferentes.

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Aplicação das regras de reconhecimento
e mensuração
Perdas operacionais futuras
A entidade não deve reconhecer provisões para essas perdas. Elas indicam que
determinados ativos da operação podem ter problemas de recuperação.

Esses ativos são testados quanto à redução no seu valor recuperável.

Note-se que neste caso (perdas operacionais futuras) o fato gerador ainda não
ocorreu; por essa razão não existe reconhecimento de uma provisão. Entretanto,
é recomendável que a empresa proceda ao teste de redução ao valor recuperável
deste ativo, conforme preconizado pela IAS 36.

Contratos onerosos
A obrigação presente prevista num contrato oneroso deverá ser mensurada
como uma provisão.

Contrato oneroso é um contrato em que custos inevitáveis de cumprir obrigações


previstas excedem os benefícios econômicos esperados a receber do contrato.
Custos inevitáveis no contrato refletem o menor custo líquido de sair do contrato
(menor valor entre o custo de cumpri-lo e qualquer remuneração ou penalidade
pelo não cumprimento).

Reestruturação
Eventos que podem ser definidos como reestruturação:
a) Venda ou encerramento de uma linha de negócios;
b) Fechamento de locais de negócios em um país ou região ou a realocação de
atividades comerciais de um país ou região para outro;
c) Mudanças na estrutura administrativa, por exemplo, a eliminação de um
nível de administração; e
d) Reorganizações fundamentais que possam ter um efeito relevante na
natureza e no foco de operação da entidade.

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UNIDADE Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes (CPC 25)

Surge uma obrigação presumida para reestruturar quando a entidade:


a) Ter um plano formal detalhado para a reestruturação, identificando pelo menos:
i) O negócio ou parte de um negócio em questão;
ii) Os principais locais afetados;
iii) O novo local, a função e o número aproximado de funcionários que
serão remunerados pelo encerramento de seus serviços;
iv) Os gastos que serão incorridos; e
v) Quando o plano for implementado.
b) Ter criado uma expectativa válida nas partes afetadas de que irá realizar a
reestruturação, começando a implementar esse plano ou anunciando suas
principais características àqueles afetados por ela.

O anúncio público de um plano de reestruturação constitui uma obrigação


presumida somente se for feita de um modo e com as principais características
do plano que crie expectativas válidas às outras partes (clientes fornecedores,
empregados etc.) de que a entidade irá realizá-la. Para o plano, originar uma
obrigação presumida quando comunicado aos afetados, a entidade deve planejar
sua implementação para iniciar assim que possível e ser concluída dentro de um
cronograma que tornem improváveis alterações significativas no plano.

Se a administração ou o conselho da entidade decidir realizar a reestruturação


antes do final do período, ela não origina uma obrigação presumida no final do
período, a menos que, antes do final do período:
a) A entidade tenha começado a implementar o plano de reestruturação; ou
b) A entidade tenha anunciado as principais características do plano de
reestruturação àqueles afetados por ela de uma forma suficientemente
específica para criar uma expectativa validade de que a entidade irá realizar
a reestruturação.

A autoridade final é exercida por um conselho em alguns países, cujos membros


são representantes de interesse que não sejam os da administração ou a notificação
a eles pode ser necessária antes que o conselho tome uma decisão, podendo resultar
numa obrigação presumida de reestruturar.

Obrigações não decorrem da venda de uma operação até que a entidade esteja
comprometida com a venda (caso haja um contrato).

A provisão para reestruturação deve incluir apenas os gastos diretos resultantes


da reestruturação, ou seja, gastos que:
a) Estiveram necessariamente vinculados à reestruturação; e
b) Os que não estiverem associados às atividades em andamento da entidade.

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Custos que não são incluídos:
a) Retreinamento ou realocação de equipe contínua;
b) Marketing; ou
c) Investimento em novos sistemas através das redes de distribuição.

Divulgação
Para cada classe de provisão, a entidade divulgará:
a) O valor contábil no início e no final do período;
b) Provisões adicionais feitas no período, incluindo aumentos nas provisões existentes;
c) Valores utilizados (ou seja, incorridos e lançados contra a provisão) durante
o período;
d) Valores não atualizados revertidos durante o período; e
e) O aumento durante o período no valor descontado resultante da passagem
de tempo e o efeito de qualquer mudança na taxa de desconto.

Informações comparativas não são exigidas.

Para cada classe de provisão, deve ser divulgado o seguinte:


a) Uma breve descrição da natureza da obrigação e a época prevista de
quaisquer fluxos de saída de benefícios econômicos resultantes;
b) Uma indicação das incertezas sobre o valor ou a época desses fluxos de saída.
Quando necessário para fornecer informações adequadas, uma entidade
divulgará as principais pressuposições feitas em relação a eventos futuros; e
c) O valor de qualquer reembolso previsto, demonstrando o valor de qualquer
ativo que tiver sido reconhecido para esse reembolso previsto.

A não ser que a possibilidade de qualquer fluxo de saída seja remota, a entidade
deverá divulgar para cada classe de passivo contingente no final do período uma
descrição da natureza deste e, quando possível:
a) Uma estimativa de seu efeito financeiro;
b) Uma indicação das incertezas relacionadas ao valor ou época de qualquer
fluxo de saída; e
c) A possibilidade de qualquer reembolso.

Tratar como uma única classe de provisão os valores relacionados às garantias


de diferentes produtos pode ser apropriado. Mas tratar dessa forma valores
relacionados às garantias normais e aos valores que estejam sujeitos a processos
judiciais não seria apropriado.

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UNIDADE Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes (CPC 25)

Quando for provável um fluxo de entrada de benefícios econômicos, a entidade


deve divulgar uma breve descrição da natureza dos ativos contingente no final do
período e uma estimativa de seus efeitos financeiros (quando praticável).

As divulgações para ativos devem evitar dar indicações enganosas da probabilidade


do surgimento de uma receita.

Exemplo de Provisões e Passivos Contingentes


Os advogados da Cia. Beta S/A avaliaram os processos dos quais a empresa
é ré (reclamações de terceiros) e forneceram o seguinte relatório para o contador
(data base- 31/12/x3):

Nº processo Processo Valor Classificação Estimativa


1 Cível 72.000 Provável Confiável
2 Trabalhista 85.000 Possível Confiável
3 Tributário 101.000 Provável Não confiável
4 Cível 65.000 Remota Confiável
5 Trabalhista 53.000 Provável Não confiável
6 Tributário 71.000 Provável Confiável
7 Cível 103.000 Remota Não confiável
8 Trabalhista 93.000 Provável Confiável
9 Tributário 98.000 Possível Confiável

De posse dessas informações, qual o valor a ser contabilizado como provisão ou


divulgado em notas explicativas como passivos contingente?

Conforme estudamos, para que uma provisão seja contabilizada, é preciso que
seja provável a saída de caixa e o valor associado deve ser estimado confiavel-
mente. Os processos que atendem a estes requisitos são 1, 6 e 8, e juntos montam
R$ 236.000. A empresa deverá contabilizar:

31/12/x3

D – Despesas com processos

C – Provisões – 236.000

Já os passivos contingentes podem ser:


• Passivos com saída de recursos provável, mas cuja estimativa não é confiável;
ou
• Passivos com saída de recursos possível.

Assim, os processos que atendem a estes requisitos são 2, 3, 5 e 9, e juntos


totalizam R$ 337.000. Ao contrário da provisão, os passivos contingentes são
apenas divulgados em notas explicativas (não são contabilizados) uma vez que não
há razoabilidade na definição do valor ou é menos provável que aconteça uma
saída de caixa.

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Exemplo de Provisões pelo Método do Valor Esperado
Como visto no tópico “Melhor estimativa”, “quando a provisão envolver uma
grande quantidade de itens, a obrigação será estimada por meio da ponderação
de todos os possíveis resultados por suas probabilidades associadas (método do
valor esperado).

Isso significa que, neste caso, não deve ser provisionado o valor total a ser de-
sembolsado caso o evento que dê origem a este desembolso se concretize, mas
apenas o valor esperado de desembolso, sabendo-se que há chances reais do even-
to, ou parte dele, não se concretizar.

Para tornar mais claro este conceito, consideremos o seguinte cenário: a em-
presa Delta S/A dá aos seus clientes uma cobertura de garantia contra defei-
tos de fabricação pelo prazo de um ano após a compra dos produtos que co-
mercializa. O gasto total para reparar os produtos com defeitos de grau 1 é de
R$ 4.000.000,00. O gasto total para reparar os produtos com defeitos de grau 2
é de R$ 6.000.000,00. O gasto total para reparar produtos com defeitos de grau
3 é de R$ 8.000.000,00. A empresa tem expectativa de que 8% dos produtos
apresentem defeitos do grau 1; 5% dos produtos apresentem defeitos do grau 2 e
2% dos produtos apresentem defeitos do grau 3. A empresa adota o método do
valor esperado para constituir a sua provisão.

Considerando-se as informações apresentadas, notamos que quanto maior o


grau de defeito dos produtos, maior é o gasto para repará-los. Também verificamos
que nem todos os produtos apresentarão defeitos, conforme avaliação da empresa.
Dessa forma, a empresa opta por mensurar sua provisão pelo método do valor
esperado, contemplando apenas a proporção dos produtos para os quais são
previstos defeitos. Portanto, a apuração da provisão é feita da seguinte forma:

Gastos estimados Probabilidade de


Grau de defeito Provisão
de reparação ocorrência
Grau 1 4.000.000,00 8% 4.000.000,00 x 8% = 320.000,00
Grau 2 6.000.000,00 5% 6.000.000,00 x 5% = 300.000,00
Grau 3 8.000.000,00 2% 8.000.000,00 x 2% = 160.000,00
Sem defeitos 0,00 85% 0,00 x 85% = 0,00
Total 18.000.000,00 100% 780.000,00

Podemos notar que, caso seja adotado o método do valor esperado, a provisão
não contempla o valor dos gastos totais de reparação e, sim, os gastos previstos
mediante a ponderação dos gastos totais pela probabilidade dos gastos ocorre-
rem. Ou seja, a provisão a ser efetuada considerando-se o método do valor espe-
rado é de R$ 780.000,00.

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UNIDADE Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes (CPC 25)

Exemplo de Ativos Contingentes


Os advogados da Cia. Gama S/A avaliaram os processos dos quais a empresa é
requerente (reclamações junto a terceiros), todos eles de natureza cível, e fornece-
ram o seguinte relatório para o contador (data base- 31/12/x3):

Processo Status Valor


I Provável 300.000
II Não é provável 250.000
III Causa ganha 190.000
IV Provável 59.000
V Provável 140.000
VI Não é provável 210.000
VII Causa ganha 260.000

Qual tratamento contábil deve ser adotado pela empresa para cada status, e o
seu respectivo valor?

Um ativo contingente jamais deve ser contabilizado. No entanto, se for prová-


vel a entrada de recursos para a entidade, o ativo contingente deve ser divulgado
em notas explicativas. Para situações em que a causa do processo está ganha,
sem direito a recursos pela contraparte no processo, o ingresso do recurso para
a entidade requerente é praticamente certa (a empresa só não receberá caso a
contraparte não cumpra a decisão judicial, mas mesmo assim, a contraparte con-
tinua com a obrigação, sujeitando-se, inclusive, a penas pelo não cumprimento da
decisão). Neste caso, o ativo não é mais contingente (de fato, o direito sobre o
recebimento do valor foi adquirido) e, portanto, a contabilização é apropriada.

Em síntese:
• Ativos contingentes divulgados em notas explicativas (provável) – processos I,
IV e V, que totalizam R$ 499.000;
• Ativos contingentes para os quais não há contabilização, tampouco divulgação
em notas explicativas – processo II e VI, que totalizam R$ 460.000;
• Ativos que deixaram de ser contingentes e, portanto, devem ser contabilizados
– processos III e VII, que totalizam R$ 450.000.

Agora, convidamos você a pesquisar diretamente no CPC 25 – Provisões, Passivos Contin-


Explor

gentes e Ativos Contingentes – os requisitos de Divulgação exigidos na norma.


Disponível em: http://goo.gl/hlfYqq

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Sites
CPC 25 – Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes
Para que você tenha a oportunidade de aprofundar os seus estudos na disciplina
Tópicos de Contabilidade, acesse:
http://goo.gl/hlfYqq

Livros
Curso de contabilidade avançada em IFRS e CPC
ALMEIDA, M. C. São Paulo: Atlas, 2014. (e-book)
Contabilidade avançada e internacional
MULLER, A. N.; SCHERER, L. M. 3 ed. São Paulo : Saraiva, 2013. (e-book)

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Referências
CARVALHO, L. N.; LEMES, S.; COSTA, F. M. da (Colab.). Contabilidade
internacional: aplicação das IFRS 2005. São Paulo: Atlas, 2011.

COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Pronunciamento Técnico:


CPC 01 – Redução ao Valor Recuperável de Ativos. Disponível em: http://www.
cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos

COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Pronunciamento Técnico:


CPC 25 – Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes. Disponível em:
http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos

FUNDAÇÃO INSTITUTO DE PESQUISAS CONTÁBEIS, ATUARIAIS E


FINANCEIRAS; IUDÍCIBUS, S. de; MARTINS, E.; GELBCKE, E. R. Manual de
contabilidade das sociedades por ações: (aplicável para as demais sociedades).
7. ed., rev. e atual. São Paulo: Atlas, 2010.

GLAUTIER, M. W. E.; UNDERDOWN, B. Accounting: theory and practice. 7th


ed. Harlow: Prentice-Hall, 2001.

HENDRIKSEN, E. S.; BREDA, M. F. Van. Teoria da contabilidade. São Paulo:


Atlas, 1999.

SCHMIDT, P.; SANTOS, J. L.; FERNANDES, L. A. Contabilidade internacional


avançada. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

NIYAMA, J. K. Contabilidade internacional: causas das diferenças internacionais,


convergência contábil internacional, estudo comparativo entre países, divergências
nos critérios de reconhecimento e mensuração, evidenciação segundo FASB e
IASB. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

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