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ESCOLA SUPERIOR DE ENFERMAGEM DE COIMBRA

ANA SOFIA FERREIRA DA COSTA | 2901210

ANA SOFIA GOMES DA CUNHA | 2901363

CARINA BRITES ALMEIRÃO OLIVEIRA | 2901248

AVALIAÇÃO DO ESTADO
NUTRICIONAL DO IDOSO NÃO
INSTITUCIONALIZADO

Coimbra
julho, 2013
ESCOLA SUPERIOR DE ENFERMAGEM DE COIMBRA

CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

ANA SOFIA FERREIRA DA COSTA | 2901210

ANA SOFIA GOMES DA CUNHA | 2901363

CARINA BRITES ALMEIRÃO OLIVEIRA | 2901248

AVALIAÇÃO DO ESTADO
NUTRICIONAL DO IDOSO NÃO
INSTITUCIONALIZADO

Monografia realizada no âmbito do Ensino


Clínico na Área Opcional em Enfermagem de
Saúde Comunitária: Intervenção de
Enfermagem Comunitária em Grupos
Vulneráveis, do 4º ano/8º semestre, do Curso de
Licenciatura em Enfermagem sob orientação
pedagógica da professora Helena Loureiro.

Coimbra
julho, 2013
“A partir dos finais do século XX, a nutrição é reconhecida como uma preocupação de
saúde pública, para todos em geral e para os idosos em particular.”

Ferreira, 2012, p.15


AGRADECIMENTOS

Aos nossos pais, irmãos e amigos próximos por todo o apoio que nos disponibilizaram
nesta fase da nossa vida e ao longo de todo o nosso percurso académico.

Agradecemos também à professora Helena Loureiro pela disponibilidade incondicional,


pois a sua orientação e reforço positivo foram fundamentais para a realização do
presente trabalho.
SIGLAS

AIVD – Atividades instrumentais de vida diária

ANSG – Avaliação Nutricional Subjectiva Global

AVD – Atividades de Vida Diária

BAPEN – British Association for Parenteral and Enteral Nutrition

DETERMINE – Disease, Eating, Tooth, Economic, Reduced, Multiple, Involuntary,


Needs, Elder

DGS – Direção Geral de Saúde

ESPEN – European Society for Clinical Nutrition and Metabolism

GDS – Geriatric Depression Scale

IHS – Instituto de Hidratação e Saúde

IMC – Índice de Massa Corporal

INE – Instituto Nacional de Estatística

MESH – Medical Subjects Headings

MNA – Mini Nutritional Assessment

MNA-SF – Mini Nutritional Assessment - Short Form

MUST – Malnutrition Universal Screening Toll

NNI – Nestlé Nutrition Institute

NRS – Nutritional Risk Screening

OMS – Organização Mundial de Saúde


SCL-10 – Symptoms Check List 10
ABREVIATURAS

g – gramas

kg – quilogramas

kg/ m2 – quilogramas por metro quadrado

l – litro

mg – miligramas
RESUMO

O aumento do número de idosos em Portugal tornou-o um país envelhecido. Os idosos


são considerados uma população vulnerável pelas diversas características decorrentes
do processo de envelhecimento, as quais os tornam mais dependentes.
Os problemas de desnutrição são frequentes nesta faixa etária e são uma problemática
que necessita de intervenção precoce. O enfermeiro deve intervir de forma a elaborar
um plano de ação que permita diminuir o risco de desnutrição e melhorar o estado
nutricional do idoso. Avaliar o estado nutricional é fundamental para efetuar um
diagnóstico inicial e para proceder à sua monitorização, sendo que para o efeito existem
diversas metodologias e instrumentos.
Os objetivos da realização desta monografia são perceber quais as metodologias que
têm sido utilizadas e quais as evidências resultantes da avaliação do estado nutricional
nos idosos, não institucionalizados, nos últimos 5 anos.

Como metodologia utilizada, realizaram-se pesquisas bibliográficas no motor de busca


EBSCO, nomeadamente, nas bases de dados MEDLINE with Full Text e CINAHL PLus
with Full Text, e na base de dados Scielo, através das quais se obtiveram 54 artigos e,
mediante critérios de seleção, 10 foram alvo de estudo.

Após a análise e discussão de dados, concluiu-se que o MNA é um instrumento simples,


específico e o mais utilizado para a população idosa. É dividido em 2 partes, em que a
primeira, MNA-SF, é uma forma simples de rastreio e, conforme a pontuação obtida,
pode ser necessário realizar a segunda parte do instrumento, forma completa do MNA.

As evidências revelaram que a desnutrição é mais prevalente nos países


subdesenvolvidos, seja por questões sociais, culturais ou económicas. Concluiu-se,
igualmente, que fatores fisiológicos e psicológicos têm influência sobre o estado
nutricional dos idosos.

Palavras-chave: estado nutricional; idosos; não institucionalizados.


ABSTRACT

The raising number of elder people in Portugal has made it an aged country. Elder
people are considered vulnerable populations due to the aged process’ characteristics,
which make them even more dependent.
Problems of malnutrition are frequent in this age group and they are a question in need
of primary intervention. The nurse must act in a way to elaborate an action plan which
allows him to diminish the risk of malnutrition and betters the elder nutrition state.
Evaluate the nutrition’s state is fundamental to accomplish an initial diagnosis and
proceed to its monitoring, knowing that for the effect there are numerous of
methodologies and instruments.
The goal of this monograph is to realize which of the methodologies are being used and
which evidences are results of the nutrition state in the elders, non-institutionalized,
over this past five years.

As methodology used, there were made several bibliographies’ search in EBSCO,


specially in the data base MEDLINE with Full Text and CINAHL Plus with Full Text.
Also in the data base Scielo, in which there were obtained 54 articles, and chosen 10, as
a study target, after careful selection.

After the discussion and analysis of the data, we concluded that MNA is a simple,
specific instrument and more used in the elder population. Is divided into two sections,
being the first MNA-SF, the simple way of screening, and according to the points
obtained, might be necessary to perform the second complete part of the MNA.

Evidences showed that malnutrition is more predominant in under developed countries,


due to its social, cultural or economic’ issues. Also physical and psychological factors
have influence in the nutritional state of the elders.

Key words: nutritional state; elders; non-institutionalized.


ÍNDICE DE FIGURAS

Pág.

Figura 1 – Resultados da pesquisa em base de dados. 34


SUMÁRIO

Pág.
INTRODUÇÃO 11
1. NUTRIÇÃO NA PESSOA IDOSA 15
1.1. PADRÃO DE ALIMENTAÇÃO ADEQUADO NO IDOSO 16
1.2. DESNUTRIÇÃO GERIÁTRICA 19
1.3. AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DOS IDOSOS 24
2. METODOLOGIA 30
3. RESULTADOS 35
4. DISCUSSÃO 45
CONCLUSÃO 56
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 58

APÊNDICES
APÊNDICE I – Análise dos artigos selecionados para o estudo.
INTRODUÇÃO

A vulnerabilidade é sinónimo de fragilidade e perda de reserva funcional que


corresponde a um nível de dependência, incapacidade e risco elevado de morte
(Mesquita, 2009). É determinada por condições cognitivas, comportamentais e sociais, e
designa a suscetibilidade das pessoas a problemas e danos de saúde. Consideram-se as
pessoas idosas como um grupo vulnerável devido às características decorrentes do
processo do envelhecimento (Bertolozzi et al., 2009).

Para o desenvolvimento da vulnerabilidade do idoso contribuem fatores como a


senescência saudável (idade muito avançada), hábitos prejudiciais (sedentarismo, má
nutrição, abuso do álcool e tabaco, ambiente agressivo, entre outros) e doenças e lesões
crónicas, os quais levam a uma diminuição da reserva fisiológica tornando o indivíduo
vulnerável e frágil. Durante este processo podem surgir intercorrências nomeadamente
infeção, hospitalização, reações à terapêutica que poderão aumentar o grau de
incapacidade e dependência (Mesquita, 2009).

Os marcadores de vulnerabilidade sugeridos são a presença de síndromes geriátricos


específicos, nomeadamente, as quedas e a desnutrição, que estão relacionados com a
perda de habilidades assim como com a dependência nas atividades de vida diária
(AVD) (Gallo apud Mesquita, 2009).

O processo de envelhecimento é considerado como natural e acompanhado de várias


alterações fisiológicas que se dividem em estruturais e funcionais. As primeiras,
ocorrem sobretudo a nível metabólico e celular bem como dos diversos componentes
corporais. Já as alterações funcionais integram as alterações relativas aos vários
sistemas do organismo, dos quais se destaca o sistema gastrointestinal. Neste sistema do
organismo, a digestão e a mastigação podem ser prejudicadas em virtude das alterações
dentárias e maxilares, cáries e doenças periodontais (Berger e Mailloux-Poirier, 1995).
O paladar sofre alterações devido à diminuição do número de papilas gustativas pelo
que a comida perde sabor. Tal facto conduz à perda de apetite devido ao aumento da
11
sensibilidade para o amargo, o ácido e o azedo e à diminuição para o doce o que leva à
adição de mais temperos e açúcar à comida e bebidas (Berger e Mailloux-Poirier, 1995;
Heber apud Matos, 2005). Também a elevada prevalência de doenças cardiovasculares,
metabólicas e oncológicas nos idosos pode conduzir a alterações no estado nutricional e
na ingestão de nutrientes (Rivlin apud Matos, 2005).

Associados aos fatores fisiológicos referidos anteriormente, existem outros que podem
conduzir o idoso a um estado de desnutrição difícil de reverter. Os reduzidos recursos
económicos muitas vezes advindos da reforma e os fatores psicológicos como a solidão
motivados pela viuvez e a ausência da família e, ainda, o isolamento social devido à
reforma, podem condicionar a motivação para a confeção e a ingestão de refeições
adequadas, o que leva o idoso a desenvolver um estado de má nutrição (Ferry e Alix,
2004; Oliveira e Tavares, 2010).

Contrariamente às alterações mencionadas, uma alimentação saudável pode contribuir


positivamente para o envelhecimento natural e para a redução de patologias associadas à
idade da reforma e à melhoria da qualidade de vida dos idosos (Ferry e Alix, 2004).

O aumento da população idosa nas últimas décadas prevalecerá nos próximos anos
(Soares, 2009). Por este motivo e, no sentido de prevenir ou atenuar os efeitos do
envelhecimento, as entidades de saúde têm procurado desenvolver conhecimentos nesta
área, de forma a melhorar os cuidados de saúde.

Assim, a Direção Geral de Saúde (DGS) elaborou o Programa Nacional para a Saúde
das Pessoas Idosas com o objetivo de investir, com especial atenção, nas situações de
maior vulnerabilidade e baseia-se em três áreas: promoção de um envelhecimento ativo,
adequação dos cuidados às necessidades das pessoas idosas e promoção do
desenvolvimento de ambientes capacitadores (DGS apud Almeida, 2009).

Neste programa, na área da promoção do envelhecimento ativo, um dos pontos


abordados diz respeito à nutrição, hidratação e alimentação, onde é recomendada a
intervenção por parte da Enfermagem, no sentido de informar a população idosa e
intervir na mesma (DGS, 2004).

12
Os enfermeiros que intervêm na comunidade são responsáveis por realizar a avaliação
geriátrica no sentido de detetar problemas que possam advir da alimentação, uma vez
que a má nutrição nesta faixa etária é de grande prevalência, o que pode aumentar a
morbilidade e mortalidade da população (Mion, McDowell e Heanet apud Stanhope e
Lancaster, 1999).

O processo de enfermagem permite adequar os cuidados e dar resposta às necessidades


do utente, promover os cuidados individualizados de forma atempada e consistente para
manter ou melhorar o nível de saúde do(s) utente(s), sejam eles um indivíduo, uma
família ou uma comunidade (Associação dos Enfermeiros Americanos apud Phaneuf,
2001; Potter e Perry, 2006).

São os enfermeiros os profissionais de saúde que passam mais tempo com as pessoas
idosas no seu dia-a-dia e, tal facto, leva a que tenham um maior conhecimento prático
acerca desta população. Estes compreendem melhor todo o conjunto de modificações
que ocorrem na pessoa idosa nos diferentes níveis: biológico, psicológico,
socioeconómico, ambiental e cultural (Tavares, 2002).

Desta forma, é imprescindível que os enfermeiros atuem precocemente e intervenham


de forma adequada na nutrição do idoso, com vista a diminuir o risco de desnutrição ou
melhorar o estado nutricional (Oliveira e Tavares, 2010).

“A avaliação nutricional do paciente idoso é essencial, de modo que a desnutrição seja


precocemente diagnosticada e que sejam adotadas medidas eficazes para reversão desse
quadro” (Guedes, Gama e Tiussi, 2008, p.377). Existem vários métodos de avaliação do
estado nutricional que apresentam quatro parâmetros, nomeadamente, antropométricos,
bioquímicos, clínicos e dietéticos (Loureiro, 2008). Estes instrumentos de avaliação do
estado nutricional deverão ser específicos mas simples, sensíveis e pouco dispendiosos
(Ferry e Alix, 2004).

Bauer et al. apud Guedes, Gama e Tiussi (2008) sugerem que o MNA seja o primeiro
método escolhido para a avaliação nutricional dos idosos, já que foi construído
especialmente para essa população.

13
O envelhecimento pode ser encarado como um problema, no entanto, é uma parte
natural do ciclo de vida, pelo que é desejável que constitua uma oportunidade para viver
de forma saudável e autónoma o mais tempo possível (Soares, 2009).

Com a elaboração desta monografia pretende-se analisar criticamente aquela que tem
sido a prática da investigação nos últimos 5 anos, na avaliação do estado nutricional dos
idosos não institucionalizados. Assim, quer-se verificar qual o estado nutricional dos
idosos nas várias populações estudadas, quais os instrumentos mais utilizados e os
fatores que mais influência têm sobre o estado nutricional dos idosos.

Relativamente à metodologia, recorreu-se a fontes eletrónicas, tais como a base de


dados Scielo e o motor de busca EBSCO no qual se pesquisou nas bases de dados
MEDLINE with Full Text e CINAHL PLus with Full Text, de forma a realizar pesquisas
bibliográficas na temática pretendida.

Este documento foi elaborado com base no guia de trabalhos escritos da Escola Superior
de Enfermagem de Coimbra (2007) e encontra-se dividido em 4 capítulos: o primeiro,
referente à nutrição na pessoa idosa, onde se aborda o padrão de alimentação adequado
no idoso, a desnutrição geriátrica e a avaliação do estado nutricional dos idosos; o
segundo capítulo, descreve a metodologia utilizada; o terceiro engloba a apresentação
dos resultados; o último, diz respeito à discussão dos mesmos.

14
1. NUTRIÇÃO NA PESSOA IDOSA

Segundo o INE (2012), em Portugal, a população residente é de 10 562 178 habitantes,


tendo por base os resultados apresentados nos Censos 2011.

O aumento crescente do número de idosos constitui-se como uma realidade universal


pelo que Portugal está a tornar-se um país envelhecido (Loureiro, 2008). Verificou-se
que o envelhecimento já não se restringe ao interior do país, mas sim a todo o território
português. Este é um dos fenómenos demográficos que acarreta maior preocupação para
a sociedade atual (INE, 2012). O crescimento da população idosa, sobretudo nos países
industrializados, é devido essencialmente ao aumento da esperança média de vida e à
redução da taxa de natalidade (Loureiro, 2008).

De acordo com o Eurostat (2013a), a esperança de vida à nascença em Portugal, no ano


de 2011, foi de 80,9 anos. Foi de 84 anos para as mulheres e de 77,6 anos para os
homens. Já a esperança de vida após os 65 anos, foi de 20,1 anos no global, de 21,8
anos para as mulheres e 18,1 anos para os homens (Eurostat, 2013b).

Tal facto é confirmado pelo índice de envelhecimento, que em Portugal, em 2011,


comparativamente com 2001, aumentou de 102 para 128, isto é, existem 128 idosos por
cada 100 jovens (INE, 2012).

A pirâmide da estrutura etária tem vindo a sofrer alterações ao longo dos anos, pelo que
a base da pirâmide, correspondente à população jovem, tem diminuído e pelo contrário,
o topo da mesma, que representa a população idosa, tem aumentado. Esta ocorrência é
demonstrada pelo facto de no grupo dos jovens se ter verificado uma diminuição de
16% para 15%, de 2001 para 2011 e em contrapartida, um aumento de 3% no grupo dos
idosos (19% em 2011) (Idem).

O processo de envelhecimento tem vindo a sofrer alterações tanto na forma como é


percebido como na forma como é sentido ao longo dos anos (Loureiro, 2008; Costa
apud Fernandes, 2012). Este é um processo biológico e natural, de degradação
15
progressiva e diferencial, caracterizado pelo declínio da regeneração contínua de todos
os componentes do organismo e pela diminuição do processo funcional (Idem), que
varia de indivíduo para indivíduo sendo geneticamente determinado mas também
influenciado pelo estilo de vida, pelas características do meio ambiente e pelo estado
nutricional (Loureiro, 2008).

Intervir de forma a permitir a manutenção de um estado nutricional que seja adequado


para o idoso constitui um desafio, já que muitas vezes estão presentes no processo de
envelhecimento doenças crónicas, polimedicação, modificações fisiológicas que
influenciam a ingestão alimentar, o consumo e a absorção de nutrientes, problemas
sociais e financeiros, os quais condicionam uma alimentação saudável (Bassler e Lei,
2008; Moreira, 2009).

De acordo com Silva, Santos e Barão apud Rebelo (2007), OMS apud Alencar, Júnior e
Carvalho (2008), Veríssimo, et al. apud Gomes (2008) e Aliabadi et al. (2008), intervir
no estado nutricional é fundamental para a pessoa idosa, pois os problemas nutricionais
estão associados ao aumento da morbilidade e da mortalidade e estão correlacionados
com a qualidade de vida e a longevidade do ser humano.

1.1. PADRÃO DE ALIMENTAÇÃO ADEQUADO NO IDOSO

A abordagem desta temática, a alimentação na pessoa idosa, é fundamental na medida


em que permite a redução do risco do surgimento de problemas de saúde. O grande
objetivo da intervenção nesta área visa os ganhos em saúde, que se traduzem em mais
anos de vida e, consequentemente, na redução dos custos, associados à maior
independência (DGS, 2008).

“Fazer uma dieta adequada ajuda a reduzir o risco de doenças (como diabetes,
obesidade, desnutrição, doenças cardíacas, tensão alta, osteoporose e alguns tipos
de cancro) e pode melhorar a qualidade de vida nas pessoas que sofrem de
doenças crónicas” (DGS, 2008, p.2).

Mesmo na ausência de doença, ocorre sempre um processo de envelhecimento natural


que acarreta diversas alterações orgânicas, tais como:

16
 Constituição corporal – peso, massa celular corporal, atrofia muscular, alteração
da coordenação muscular e aumento da probabilidade de fraturas;
 Regulação energética e metabolismo dos micronutrientes, como sais minerais e
vitaminas;
 Diminuição das defesas do organismo – leva ao aumento da probabilidade de
sofrer de doenças infeciosas (Idem);

Torna-se assim importante que o Ministério da Saúde tome medidas para que seja
implementada em Portugal uma política alimentar direcionada para a prevenção e
tratamento da desnutrição associada à doença (Loureiro, 2008).

Segundo a DGS (2008), uma dieta adequada, na população idosa, deve incluir o
consumo diário de alimentos dos 7 grupos da roda dos alimentos, bem como a água, que
se encontra no centro:

 Cereais e derivados, tubérculos – 28%;


 Hortícolas – 23%;
 Fruta – 20%
 Laticínios – 18%;
 Carnes, pescado e ovos – 5%
 Leguminosas – 4%;
 Gorduras e óleos – 2%

Com base nos 7 grupos da roda dos alimentos, no grupo da fruta, os idosos deveriam
ingerir 2 a 3 peças por dia, de acordo com a disponibilidade de recursos de que dispõem,
como por exemplo, a fruta da época e o que têm nos seus quintais e, adotar estratégias
no caso de não conseguirem comer a fruta crua. No que diz respeito ao consumo de
carne, devem optar por carnes brancas, como frango, peru e coelho e dar preferência, se
possível, ao peixe, em que o recomendado é, pelo menos, 3 vezes por semana. É
fundamental que a pessoa idosa evite jejuns prolongados, ou seja, o intervalo entre as
refeições não deve ser superior a 3 horas (DGS, 2008).

17
Com o avanço da idade, as pessoas idosas necessitam de menos calorias, apesar de
necessitarem dos mesmos nutrientes em igual quantidade, à exceção do cálcio e
vitamina D em que é necessário maior aporte pois a carência aumenta com o
envelhecimento (Idem).

A este respeito, a OMS (2013) recomenda que os indivíduos mantenham um equilíbrio


calórico e um peso saudável, de acordo com os valores de referência; reduzam a
ingestão calórica de gorduras, que substituam as saturadas pelas insaturadas e que
eliminem os ácidos gordos trans (prejudiciais); que haja um maior consumo de frutas,
verduras, legumes, cereais integrais e frutos secos; reduzam a ingestão de açúcares
refinados e reduzam o consumo de sal proveniente de qualquer origem. A DGS (2008)
recomenda as ervas aromáticas, especiarias, alho, louro e limão, e contraindica os caldos
instantâneos de forma a reduzir o consumo de sal.

É também de realçar que uma excelente forma de ingerir produtos hortícolas, como
hortaliças e legumes, é a sopa, a qual poderá colmatar muitas das dificuldades dos
idosos relacionadas com os problemas de dentição e mastigação dos alimentos (Idem).

O estado nutricional adequado também contempla uma ingestão hídrica no mínimo de


1,5litro (l) de água por dia, recorrendo a infusões ou sumos naturais sem adição de
açúcar no caso de não conseguirem ingerir simplesmente água (Ibidem).

O Instituto de Hidratação e Saúde (IHS) refere que, contrariamente ao que era


espectável, os idosos têm a mesma necessidade de ingestão de líquidos que os adultos
jovens. Na sequência do processo de envelhecimento surge mudanças fisiológicas que
irão afetar o equilíbrio hídrico neste grupo etário, o que os torna mais suscetíveis à
desidratação. Com a idade, os idosos sentem uma menor necessidade de ingerir água,
assim como a quantidade total de líquidos no organismo também é menor devido à
perda de massa muscular, o que leva à degradação do funcionamento renal (Conselho
Científico do IHS, 2010).

Segundo Campos apud Campos, Monteiro e Ornelas (2000), a população idosa de


vários países tem apresentado uma elevada prevalência de desequilíbrios nutricionais, o
que também tem sido referenciado por vários autores. É comum que os idosos sofram
18
de desnutrição, sobrepeso ou obesidade em resultado do ambiente em que estes estão
inseridos, pois muitos dos idosos vivem sozinhos, em lares ou com familiares e não
possuem suficientes condições económicas. Por outro lado, o estado nutricional também
é condicionado pelas modificações fisiológicas que decorrem do envelhecimento, bem
como pela diminuição da independência na realização das atividades de vida diária
(AVD).

1.2. DESNUTRIÇÃO GERIÁTRICA

Segundo a OMS apud Loureiro (2008), os idosos são um grupo vulnerável com elevado
risco de desenvolver um processo de má nutrição.

O estado nutricional dos idosos é visto como o fator chave do envelhecimento saudável
(Idem). Este pode ser afetado por alterações na ingestão, na absorção, transporte,
utilização, excreção e reserva dos nutrientes, o que pode resultar em desequilíbrio
nutricional (Soares, 2009).

A desnutrição é definida como um desvio preocupante e frequente, o qual é observado


na população geriátrica nos nossos dias e se associa a diversos problemas que
influenciam a saúde dos idosos (Rebelo, 2007). É raramente reconhecida e
diagnosticada, o que leva ao insucesso e incapacidade para fazer face às necessidades
nutricionais dos idosos (Morley apud Rebelo, 2007).

A desnutrição é muito comum no idoso, afetando:

 1 a 15% no ambulatório;
 25 a 60% nos institucionalizados;
 35 a 65% nos hospitalizados (Raynau apud Loureiro, 2008).

Existe uma série de problemas que interferem na alimentação dos idosos,


nomeadamente a diminuição dos recursos económicos, dificuldade na aquisição dos
alimentos, défice de conhecimentos nutricionais, padrão alimentar inadequado,
dificuldade na confeção e ingestão dos alimentos, falta de refeições, isolamento social,
19
solidão e viuvez, deficiências fisiológicas, alcoolismo, depressão, iatrogenia
medicamentosa (Loureiro, 2008; Veríssimo apud Gomes, 2008; Moreira, 2009).

Segundo Rebelo (2007), a nutrição é afetada pelas modificações fisiológicas decorrentes


do processo de envelhecimento. Os autores Zanuy e Sanz apud Rebelo (2007) e Zanuy e
Sanz apud Loureiro (2008), referem que as causas da má nutrição no idoso são
divididas em quatro grupos: alterações que provocam a perda do apetite (anorexia,
polimedicação, depressão, alterações psiquiátricas, doença de Alzheimer, doença de
Parkinson, entre outras), dificuldades em comer e em preparar os alimentos (disfagia,
alterações na mobilidade, deformações articulares, entre outras), perda de peso com
apetite conservado (hipertiroidismo, doença celíaca) e fatores sociais (isolamento,
viuvez, pobreza, padrões de alimentação alterados devido à mudança de residência,
entre outros).

Assim, as mudanças fisiológicas podem afetar a ingestão e o prazer dos idosos se


alimentarem, das quais:

 O sentido do paladar diminui devido a uma restrição da sensibilidade para os


gostos primários (doce, amargo, ácido e salgado), a qual é provocada pela
diminuição do número de papilas gustativas;
 O olfacto tende a diminuir e a combinação da perda deste e do paladar podem
levar a um menor interesse pelos alimentos;
 A diminuição da produção de saliva, as alterações na dentição e a redução na
força de mastigação limitam a quantidade e a variedade de alimentos
consumidos;
 A digestão tende a ser mais lenta devido à atrofia da mucosa gástrica e uma
menor produção do ácido clorídrico, a modificações intestinais que conduzem a
deficiente absorção de nutrientes, à redução da motilidade intestinal que
potencia o aparecimento da obstipação, e esta é agravada por um baixo consumo
de líquidos e fibras (Campos et al. apud Loureiro, 2008).

Relativamente aos fatores socioeconómicos, de entre os mais importantes na origem da


má nutrição dos idosos, estão os fatores psicossociais, como viuvez, depressão,

20
isolamento social, pobreza, capacidade de deslocamento, capacidade cognitiva e outros
associados à própria doença (Soares, 2009). Aranceta apud Soares (2009), indica a
integração social como um fator relevante na alteração do consumo alimentar do idoso.

A solidão familiar e social leva o idoso a não perspetivar e a não se preocupar consigo
mesmo, alimentando-se de forma inadequada tanto na quantidade como na qualidade.
Nestas situações é frequente não se adquirir nem preparar alimentos variados e
nutritivos (Arhontaki e Moriguti et al. apud Soares, 2009). Esta atitude por parte do
idoso leva ao aumento do consumo de produtos industrializados, como doces e massas,
ou mesmo de fácil preparação, tais como chás e torradas (Idem).

De acordo com Morales et al. apud Soares (2009) a má nutrição do idoso pode derivar
da crescente incapacidade para realizar sozinho as AVD. Para além do referido, a
tendência de grande parte da população idosa consumir alimentos de menor custo, em
consequência dos insuficientes recursos económicos leva ao aumento desta
problemática (Nogués apud Soares, 2009).

A diminuição do número de dentes, as doenças das gengivas decorrentes do processo de


envelhecimento e as próteses dentárias que nem sempre estão adequadas, bem como a
associação dos dois, levam a que os idosos limitem o consumo de determinados
alimentos e, consequentemente, possam desenvolver estados de carência (Ferry e Alix
apud Loureiro, 2008).

O problema da desnutrição aumenta consideravelmente o risco de doenças infeciosas, o


que leva à redução da capacidade funcional, à anemia, às úlceras de pressão, bem como
a quedas e fraturas, pelo que estas são algumas das consequências da desnutrição que
pode levar ao aumento da morbilidade e da mortalidade (Loureiro, 2008).

Segundo Rebelo (2007) e Ferry e Alix (2004), existem 12 sinais de alerta que devem ser
tidos em conta e que devem ser conhecidos para prevenir a desnutrição:

 Rendimentos insuficientes;
 Perda de autonomia física ou psíquica;
 Viuvez, solidão e estado depressivo;
21
 Problemas da boca e dos dentes;
 Dietas;
 Problemas com a deglutição;
 Duas refeições por dia;
 Obstipação;
 Mais de três medicamentos por dia;
 Perda de 2 quilogramas (kg) no último mês ou de 4kg nos últimos 6 meses;
 Albuminemia diminuída;
 Qualquer doença.

Segundo Loureiro (2008), as consequências clínicas da desnutrição no idoso são:

 Alteração do estado geral, como anorexia – manifesta-se por deficiente ingestão


crónica, por exemplo a carência de zinco a qual pode provocar astenia geral,
apatia e emagrecimento;
 Alterações cardiovasculares – o risco cardiovascular é crescente devido à
redução de folatos (ácido fólico e sais), vitamina B6 e B12, bem como pelo
aumento da homocisteína que causa insuficiência cardíaca, conduzindo ao
aumento da mortalidade;
 Alterações intelectuais e psíquicas – a desnutrição nos idosos causa défice
intelectual e quadros depressivos, pela diminuição de folatos e vitamina B12,
mas também devido ao aumento da homocisteína;
 Alterações músculo-esqueléticas – o declínio da massa muscular e da força
muscular conduz a perturbações do equilíbrio e a quedas frequentes; a redução
da massa óssea leva à osteoporose;
 Alteração da função gastrointestinal – o retardamento do peristaltismo intestinal
provoca estase gástrica, podendo levar à formação de fecalomas, o que agrava o
risco de infeção por multiplicação bacteriana; a diarreia é comum no idoso, e
pode alternar com fecalomas, de acordo com o estado nutricional que este
apresenta; estes problemas digestivos podem originar um ciclo vicioso causados
por distúrbios hidroeletrolíticos, hidratação desadequada, carências vitamínicas e
de oligoelementos; problemas de dentição, xerostomia, alterações próprias do

22
envelhecimento, tais como o paladar e o olfato, a redução da atividade secretória
e da absorção intestinal;
 Perturbações da regulação da glicose – a desnutrição provoca um atraso na
secreção de insulina, um aumento da resistência periférica à mesma, o que
origina hiperglicemia, redução das reservas de glicogénio, o que leva a
hipoglicémias de jejum, alterações a nível da hidratação e da cicatrização, que
tem como consequência a desidratação e as úlceras;
 Depressão dos mecanismos imunitários – a desnutrição proteica-calórica causa
um agravamento da deficiência fisiológica provocada pelo envelhecimento, o
que propicia um verdadeiro défice imunitário adquirido pelo idoso desnutrido, o
que pode diminuir os mecanismos de defesa e aumentar o risco infecioso; a
infeção influencia a nutrição do idoso e pode levar a anorexia devido ao
hipercatabolismo proteico; no idoso desnutrido em situação de infeção, o estado
nutricional tende a agravar, uma vez que há um aumento das necessidades
proteicas para responder ao processo infecioso pelo que com a infeção, a pessoa
idosa apresenta-se mais desnutrida e mais suscetível a uma nova infeção.

A desnutrição no idoso é um problema bastante complexo pois apresenta uma elevada


prevalência e provoca incapacidade física crescente, com diminuição da qualidade de
vida e aumento da morbilidade e mortalidade. A desnutrição é frequentemente
diagnosticada, pelo que o reconhecimento precoce é fundamental, o que permite uma
adequada intervenção, a qual deve ser o mais imediata possível (Idem).

A incidência de carências vitamínicas apresenta-se diminuída nos países


industrializados, mas o facto é que os idosos detêm um risco elevado de deficiências
vitamínicas. Desta forma o défice em oligoelementos e minerais compromete o bom
funcionamento dos sistemas enzimáticos, dos metabolismos e da construção celular. Os
micronutrientes têm um papel muito importante, na medida em que contribuem na
prevenção de doenças crónicas e deficitárias (Biesalski, Ferry, Ledikwe e Santos apud
Marques, 2004).

Como referido anteriormente, o processo de envelhecimento acarreta alterações


fisiológicas que modificam as necessidades do idoso em vários nutrientes essenciais. A

23
desnutrição da pessoa idosa pode ter a sua origem em carências simples, tais como,
défices isolados de micronutrientes, e em carências major, onde carências de macro e
micronutrientes levam à desnutrição proteica-calórica (Loureiro, 2008).

Os micronutrientes (vitaminas e alguns minerais) são imprescindíveis para a saúde, os


quais se consomem em pequenas quantidades, não superiores a 1grama (g) por dia. Os
oligoelementos essenciais, dos quais se destacam o arsénio, o manganésio, o boro, o
molibdénio e o lítio, existem no organismo em pequeníssimas quantidades (inferior a 1
miligramas (mg) por dia), são indispensáveis à vida e são apenas fornecidos pelos
alimentos. Do grupo dos macronutrientes fazem parte as proteínas, os lípidos e os
hidratos de carbono (Ledikwe, Nielsen e Santos apud Marques, 2004).

1.3. AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DOS IDOSOS

A avaliação nutricional permite avaliar o estado nutricional dos idosos e é fundamental


para a manutenção adequada e para um processo de envelhecimento sem
intercorrências. Neste sentido, surgiu a necessidade de elaborar instrumentos simples,
objetivos e eficientes que não tornem o processo moroso para o utente (Gomes, 2008).

A avaliação do estado nutricional integra o exame clínico do idoso e é um parâmetro


fundamental na avaliação geriátrica, a qual não estará completa se não integrar também
a avaliação nutricional que é imprescindível para se elaborar uma estratégia terapêutica
(Loureiro, 2008).

Para além destas características, Ferry e Alix apud Loureiro (2008) defendem a
necessidade destes instrumentos serem pouco dispendiosos para que possa ser realizada
a toda a população. Assim, do ponto de vista nutricional, quanto maior o número de
indivíduos que forem avaliados e mais seriadas forem as avaliações, mais precoce será a
implementação das intervenções de forma a proporcionar uma melhor qualidade de vida
desses indivíduos ou da população (Ferry e Alix e Mello apud Loureiro, 2008).

24
Como referido anteriormente, é extremamente importante detetar e intervir
precocemente na má nutrição, pois esta é mais dificilmente corrigida quando o estado
nutricional da pessoa idosa já se encontra modificado (Loureiro, 2008; Ferreira, 2012).

A escolha do método adequado para esta avaliação deve considerar a população a que se
destina, o contexto onde se inserem – institucionalizados, não institucionalizados ou
hospitalizados – e os recursos necessários e disponíveis (Moreira, 2009). Ferry e Alix
apud Loureiro (2008) e Webb apud Marques (2004) consideram estes aspetos
fundamentais, no entanto, acrescentam que também se deve atender às respetivas
capacidades cognitivas, à disponibilidade do investigador/clínico e ao nível de precisão
pretendido no sentido de adequar intervenções e melhorar o estado nutricional dos
idosos.

Os parâmetros nutricionais para avaliação do estado nutricional são quantitativos e


classificam-se em antropométricos, bioquímicos, clínicos e dietéticos (Loureiro, 2008).

A antropometria é a medição das dimensões físicas e da composição total do corpo


humano nas diferentes faixas etárias e nível de nutrição (Jelliffe apud Rego e Morais,
2003; Gibson apud Marques, 2004). Segundo Soares (2009), a avaliação antropométrica
é um método não invasivo, de fácil aplicação, baixo custo e bastante sensível para a
avaliação de pessoas isoladamente. Durante esta avaliação é pertinente considerar os
fatores como a idade, já que as medidas recomendadas como padrões de referência são
considerados em função desta, bem como do género, pois existem diferenças entre as
dimensões de homens e mulheres (Idem).

Como medidas antropométricas utilizadas na avaliação do estado nutricional destacam-


se o peso, a altura, a circunferência do braço e da cintura, o comprimento do braço e as
pregas cutâneas (por exemplo, tríceps e subescapular). Este instrumento tem como
objetivo determinar e controlar o peso e composição corporal e a distribuição da
gordura, identificando assim o risco de aparecimento de doenças (Soares, 2009;
Ferreira, 2012).

Um dos obstáculos da avaliação antropométrica diz respeito às possíveis limitações


decorrentes do envelhecimento e/ou doença apresentadas pelos idosos (OMS, Vellas e
25
Webb apud Marques, 2004; Sampaio, 2004). A altura do joelho ou a comprimento do
braço são medidas utilizadas para estimar a altura quando não é possível determiná-la,
assim como o peso, através do resultado de equações extraídas das medidas do
perímetro do braço e da perna, altura do joelho e prega cutânea subescapular. (Coelho et
al. e OMS apud Marques, 2004; Sampaio, 2004).

Os testes laboratoriais são bastante relevantes na avaliação do estado nutricional, uma


vez que antes do aparecimento de sinais ou sintomas e da modificação das medidas
antropométricas, estes permitem identificar défices nutricionais e, muitas vezes, são os
indicadores mais sensíveis. Contudo, estes parâmetros bioquímicos apresentam como
desvantagens a exigência de equipamentos adequados e o facto de serem bastante
dispendiosos (Vellas apud Marques, 2004; Loureiro, 2008).

Segundo Vellas apud Marques (2004), o parâmetro dietético é o indicador indireto mais
utilizado na avaliação do estado nutricional e consiste na elaboração da história
alimentar do idoso, onde se registam os alimentos e as porções ingeridas.

O parâmetro clínico faz referência à história clínica e exame físico realizados pelo
profissional de saúde, no entanto a deteção tardia dos sinais clínicos constitui-se como
uma desvantagem (Idem).

Como referido anteriormente, existem diversos métodos para avaliar o estado


nutricional, dos quais se destacam: inquérito alimentar relativo às vinte e quatro horas,
questionário da frequência alimentar, história alimentar, DETERMINE (Disease,
Eating, Tooth, Economic, Reduced, Multiple, Involuntary, Needs, Elder), Nutritional
Risk Score, Avaliação Nutricional Subjectiva Global (ANSG), Nutrition Assessment
and Care Plan, questionário de auto-preenchimento alimentar (Self-Administred Dietary
Questionnaire), Nutritional Risk Screening (NRS – 2002), Malnutrition Universal
Screening Toll, Malnutrition Universal Secreening Tool (MUST) e o Mini Nutritional
Assessment (MNA) (British Association for Parenteral and Enteral Nutrition, Cordeiro
e Moreira, European Society for Clinical Nutrition and Metabolism (ESPEN), Ferry e
Alix, Kondrup et al., Martini, McCabe e Dorey, Neto, Reilly et al. e Vellas e Garry
apud Loureiro, 2008).

26
O processo de avaliação nutricional tem duas fases que são a seleção, dos idosos em
risco de desnutrição, e a avaliação, de forma a direcionar um plano de ação específico
(Loureiro, 2008). Segundo Sampaio (2004) e Daniel e Ferry e Alix apud Loureiro
(2008), a avaliação do estado nutricional deve ser realizada com recurso a mais do que
um instrumento, pois nenhum apresenta suficiente sensibilidade nem especificidade que
permitam fazer o diagnóstico relativo ao tipo e à gravidade da má nutrição, isto é,
isolado nenhum pode ser considerado ótimo. Ferry e Alix apud Loureiro (2008)
defendem ainda que é necessário realizar a avaliação nutricional com base na utilização
de variados parâmetros simples, antropométricos e bioquímicos, os quais permitiram
assim uma correta avaliação.

No presente documento irá ser apresentado de forma mais detalhada o instrumento de


avaliação MNA já que, dos vários instrumentos existentes, foi aquele que foi criado e
validado especificamente para os idosos e é o mais utilizado para esta população
(Gomes, 2008; Moreira, 2009).

O MNA foi desenvolvido pela Nestlé Nutrition Institute (NNI) e por geriatras e foi
validada em estudos internacionais, independentemente da situação clínica do utente,
isto é, quer este estivesse hospitalizado, institucionalizado, vivesse independente ou em
regime de ambulatório (Vellas et al. apud Gomes, 2008; Guigoz apud NNI, 2009).

É um instrumento seguro para detetar o risco individual de desenvolver desnutrição


antes que as manifestações clínicas surjam (Daniel apud Loureiro, 2008; Vellas et al.
apud Gomes, 2008 e NNI, 2009). Para além disso, é uma ferramenta simples, rápida,
económica e que permite monitorizar facilmente alterações que ocorram no estado
nutricional do indivíduo. Desta forma, os profissionais de saúde podem intervir
precocemente na adesão a uma ingestão nutricional adequada, prevenindo o processo de
deterioração que este problema pode acarretar (Moreira, 2009; Vellas et al. apud NNI,
2009).

O MNA merece especial relevância por ter sido construído especificamente para a
população idosa e por, aparentemente, ter grande sensibilidade e especificidade, motivo
este porque foi já validado em muitos países, inclusivamente Portugal (Rebelo, 2007;

27
Loureiro, 2008; Moreira, 2009). Estas características levaram a que este instrumento
seja recomendado por diversas entidades, nomeadamente, pela ESPEN (Moreira, 2009).

Como referido anteriormente, pode ser utilizado em diferentes contextos, contudo, a sua
principal relevância é nos idosos em regime de ambulatório, já que não são necessárias
colheitas de sangue e existe maior facilidade na recolha de dados (Veríssimo apud
Loureiro, 2008).

O MNA contempla dimensões físicas e mentais, que interferem com o estado


nutricional do idoso, bem como um inquérito alimentar (Loureiro, 2008) e estabelece
uma correlação entre morbilidade e mortalidade (NNI, 2009).

Esta escala integra 4 itens (Gomes, 2008; Loureiro, 2008):

 Avaliação antropométrica (peso, altura e perímetro do braço e perna);


 Avaliação global (estilo de vida, medicação e mobilidade);
 Avaliação dietética (oito questões sobre o número de refeições, alimentos
ingeridos e autonomia para se alimentar);
 Avaliação subjetiva (auto perceção da saúde e do estado nutricional).

Relativamente à classificação nutricional, esta é determinada pela soma das pontuações


de cada item e o máximo é trinta pontos. Pontuação inferior a dezassete pontos indica
desnutrição; quando se encontra entre dezassete e vinte e três pontos e meio significa
que o idoso se encontram em risco de desnutrição e, sempre que a pontuação for
superior ou igual a vinte e quatro pontos, designa bom estado nutricional (Marques,
2004; Gomes, 2008; Loureiro, 2008; Moreira, 2009).

O tempo de aplicação da versão completa do MNA é cerca de dez a quinze minutos


(Marques, 2004; Gomes, 2008; Loureiro, 2008), como tal, houve necessidade de se
desenvolver uma versão de preenchimento mais rápido, a Mini Nutritional Assessment -
Short Form (MNA-SF) de forma a aumentar a aplicabilidade da escala, já que o
preenchimento dura cerca de cinco minutos. No entanto, este formato mantém alta
concordância com a versão original e não compromete os resultados da avaliação

28
(Marques, 2004; Gomes, 2008; Loureiro, 2008; Bauer, DiMaria-Ghalili e Guenter e
Rubenstein et al. apud Moreira, 2009).

O MNA-SF está dividido em duas partes, em que a primeira é uma avaliação inicial
para rastreio, constituída por seis questões da versão completa do MNA. Estas avaliam a
ingestão alimentar, o apetite e as alterações deste nos últimos meses, o Índice de Massa
Corporal (IMC), doenças agudas e/ou problemas neurológicos e a mobilidade
(Marcelino, 2007). Quando o somatório da pontuação for superior ou igual a doze, a
pessoa não apresenta risco nutricional, pelo que não é necessário continuar a avaliação.
No caso de a pontuação ser igual ou inferior a onze, o idoso pode apresentar risco de
desnutrição e é necessário completar as restantes doze questões da versão completa
(Marcelino, 2007; NNI, 2009).

Aquando da validação do MNA por Loureiro (2008), verificou-se que os resultados


item por item não são tão significativos como aqueles obtidos após a aplicação do
formato completo deste instrumento.

Relativamente à prestação dos profissionais de saúde, existe um grande desafio que se


prende com a identificação dos idosos que necessitam de intervenção nutricional, pois
nem todos precisam de ser alvo de testes antropométricos, nutricionais e laboratoriais
para ser feita a avaliação do respetivo estado nutricional (Vellas e Garry apud Loureiro,
2008).

29
2. METODOLOGIA

A investigação científica consiste num processo sistemático que permite estudar


situações, com o intuito de obter respostas para questões específicas que requerem uma
investigação (Fortin, 2003). Esta é feita através da colheita e análise de dados empíricos,
que visam a resolução de um problema de investigação particular. Este método assenta
num processo racional, apresenta-se como o mais rigoroso e aceitável e, no decorrer do
processo da investigação, apresenta-se como vantagem o facto de poder ser corrigido e
recolocar em questão tudo o que ele sugere (Idem).

A investigação científica que se pretende levar a cabo tem por base a revisão integrativa
da literatura que inclui a análise de pesquisas pertinentes que contribuem para uma
tomada de decisão mais assertiva e a melhoria da intervenção clínica (Benefield apud
Mendes, Silveira e Galvão, 2008), o que possibilita a síntese do estado do conhecimento
de um determinado assunto, além de apontar lacunas do conhecimento em que há
necessidade de as completar através da realização de novos estudos (Polit e Beck apud
Mendes, Silveira e Galvão, 2008).

Este método de pesquisa permite a elaboração de um resumo de múltiplos estudos


publicados e possibilita a aquisição de conclusões gerais, as quais dizem respeito a uma
área particular de estudo (Mendes, Silveira e Galvão, 2008).

Este método apresenta como vantagem o facto de poder incluir em simultâneo pesquisa
experimental e quase-experimental, o que favorece a compreensão. A finalidade pode
ser direcionada para a definição de conceitos, revisão de teorias ou análise metodológica
dos estudos (Idem).

Esta revisão é composta por seis fases:

 A primeira fase refere-se à identificação do tema e seleção da questão de


pesquisa para a elaboração da revisão integrativa. Nesta fase identificam-se os
30
descritores para a execução da pesquisa bibliográfica, em função de uma questão
previamente formulada (Ibidem);
 A segunda fase estabelece os critérios de inclusão e exclusão para o estudo/
amostragem ou pesquisa na literatura. Esta fase é contínua à anterior, uma vez
que o tema que será estudado determina o procedimento da amostragem, isto é,
quanto mais amplo for o objetivo da revisão, mais seletivo deverão ser os
critérios de inclusão da literatura (Broome apud Mendes, Silveira e Galvão,
2008);
 Na terceira fase são definidas as informações a serem extraídas dos estudos
selecionados. Deve-se utilizar um quadro de dados simples como instrumento
para reunir e sintetizar as informações pertinentes (Beyea e Nicoll apud Mendes,
Silveira e Galvão, 2008);
 A quarta fase é relativa à avaliação dos estudos incluídos e estes são analisados
detalhadamente, no sentido de permitir a sua validação (Mendes, Silveira e
Galvão, 2008);
 Na quinta fase é feita a interpretação dos resultados, ou seja, a discussão dos
principais resultados da pesquisa. Recorre-se ao conhecimento teórico para
comparar com os resultados, de forma a obter conclusões e limitações. Para a
melhoria da prestação de cuidados, podemos identificar as lacunas existentes,
apontando sugestões para futuras pesquisas (Idem);
 Na sexta fase apresenta-se a uma síntese dos conhecimentos existentes na área
estudada (Ibidem).

O objetivo específico é o foco principal que se pretende investigar de acordo com o


propósito do estudo, formulado com precisão, sem ambiguidades e em termos
mensuráveis (Pallás e Villa, 1991). Fortin (2003) refere ainda que este é um enunciado
declarativo, que remete para precisar a orientação da investigação atendendo ao nível
em que a questão se inclui. Para além do objetivo precisar a orientação, este precisa
também as variáveis chave e a população alvo.

“As questões de investigação são as premissas sobre as quais se apoiam os resultados de


investigação” (Talbot apud Fortin, 2003, p.101). As questões de investigação são
enunciados interrogativos concretos com origem no objetivo, escrevem-se no presente e
31
habitualmente incluem a população estudada e uma ou duas variáveis. Desta forma é
extremamente importante elaborar questões de investigação pois estas precisam as
variáveis em estudo e as relações que possam ser detetadas (Fortin, 2003).

Estas questões são usadas nos estudos descritivos-exploratórios e em certos estudos


correlacionais (Idem). As questões mais pertinentes surgem, por norma, das
problemáticas e das ocorrências que o investigador observou, seja nos estudos que o
próprio realizou anteriormente, seja nos estudos de outros investigadores da mesma área
(Hulley et al., 2008).

Uma boa questão de pesquisa na temática pretendida deve ser exequível, interessante,
inovadora, pertinente e deve cumprir os procedimentos éticos (Idem).

Inicialmente, definiram-se o objetivo geral e os específicos e formularam-se as


questões, às quais se pretende dar resposta. Posteriormente, realizou-se a pesquisa
bibliográfica, com recurso aos descritores Medical Subject Headings (MESH), de forma
a obter o máximo de fontes primárias relevantes, de acordo com os critérios de inclusão
e exclusão previamente estabelecidos.

O objetivo geral do trabalho foi:

 Conhecer aquela que tem sido a prática de investigação na avaliação do estado


nutricional dos idosos, não institucionalizados, nos últimos 5 anos.

De acordo com o objetivo geral, definiram-se os seguintes objetivos específicos:

 Identificar as metodologias utilizadas nos estudos de investigação no âmbito da


avaliação do estado nutricional dos idosos, não institucionalizados;

 Analisar criticamente as evidências empíricas dos estudos de investigação


realizados no âmbito da avaliação do estado nutricional dos idosos, não
institucionalizados.

Após a elaboração dos objetivos apresentados, consideraram-se como questões de


investigação:

32
 Que metodologias têm sido utilizadas na avaliação do estado nutricional nos
idosos, não institucionalizados, nos últimos 5 anos?

 Quais as evidências da avaliação do estado nutricional nos idosos, não


institucionalizados, nos últimos 5 anos?

Os critérios de inclusão para a pesquisa foram a população em análise ser composta por
idosos residentes na comunidade, em ambulatório, e que remetesse para a avaliação do
estado nutricional dos idosos. O critério de exclusão foi a institucionalização dos idosos.

A pesquisa bibliográfica na temática pretendida foi efetuada na base de dados Scielo e


no motor de busca EBSCO, nas bases de dados MEDLINE with Full Text e CINAHL
PLus with Full Text.

Na base de dados Scielo, a pesquisa foi realizada com recurso a todos os idiomas, com o
horizonte temporal de maio de 2008 a maio de 2013 e com a seguinte combinação de
palavras: nutrition OR desnutrition OR malnutrition (Resumo) AND elderly OR aged
(Resumo) AND community OR free-living (Resumo). Da pesquisa efetuada obtiveram-
se dez resultados, dos quais se excluiu um artigo por não estar acessível por restrição do
autor e oito pela leitura do resumo. Assim, como resultado final obteve-se um artigo que
foi lido na íntegra e que, posteriormente, foi excluído.

No motor de busca EBSCOhost, nas bases de dados Medline with Full Text e Cinahl
PLus with Full Text, a pesquisa foi realizada nos idiomas português, espanhol e inglês,
com data de publicação de maio de 2008 a maio de 2013 e com seleção de duas
categorias de idade: 65 ou mais anos e 80 ou mais anos. Nestas duas bases de dados a
pesquisa foi realizada com as palavras-chave: nutri* OR desnutri* OR malnutrition (TI
Title) AND elder* OR age* (TI Title) AND community OR free-living NOT instituti*
(TI Title). Desta pesquisa obtiveram-se quarenta e quatro resultados, destes treze artigos
apareciam repetidos, pelo que se excluíram. Dos restantes trinta e um artigos, foram
excluídos seis por não ser possível o acesso aos mesmos devido à restrição do autor e
excluíram-se sete artigos após a leitura do resumo. Como resultado final, obtiveram-se
dezoito artigos que foram lidos na íntegra, dos quais, foram excluídos oito (Figura 1).

33
Assim, dos dezanove artigos que foram lidos na íntegra, apenas foram selecionados dez,
de acordo com o objetivo e a questão de investigação definidos.

Figura 1 – Resultados da pesquisa em base de dados.

Paralelamente aos artigos encontrados nas bases de dados, e dado que foi realizado um
estudo primário nesta área por Costa, Cunha e Oliveira (2013), este também foi incluído
na apresentação e discussão dos resultados.

34
3. RESULTADOS

Dos estudos que serão abordados seguidamente, apresenta-se uma análise dos artigos
selecionados (APÊNDICE I). Os resultados encontrados serão apresentados por uma
ordem lógica, em que inicialmente se indica o país, o instrumento utilizado para avaliar
o estado nutricional dos idosos dessa população, bem como os resultados encontrados
pelos autores. Seguidamente, serão referenciados os principais fatores que influenciam o
estado nutricional, de acordo com os diferentes estudos.

Os estudos foram realizados em vários países, nomeadamente, China, Espanha, Índia,


Irão, Japão, Noruega, Polónia, Portugal e República Democrática do Congo e verificou-
se que a maioria recorreu ao MNA como instrumento de avaliação do estado
nutricional.

Segundo Cuervo et al. (2008), os instrumentos de avaliação mais utilizados para detetar
a desnutrição em idosos são o MUST, a ANSG, o NRS – 2002 e o MNA. Depois de
analisar os diferentes estudos, o MNA revelou ser o melhor instrumento para avaliar os
idosos (Sieber apud Cuervo et al., 2008) e pode ser usado em vários contextos.

Dos estudos em análise, seis avaliaram o estado nutricional dos idosos pelo MNA
completo, três utilizaram as duas formas deste instrumento, um utilizou apenas o MNA-
SF e outro utilizou o MUST.

No estudo realizado por Cuervo et al. (2008), na Espanha, de acordo com a pontuação
total do MNA completo, 4,3% da amostra estava desnutrida, 25,4% estava em risco de
desnutrição e 70,3% estava bem nutrida. Já segundo o MNA-SF, 7282 idosos
apresentaram uma situação de possível desnutrição, pelo que houve necessidade de
preencher o MNA completo. Desses 7282 idosos, 13,06% (951) foram classificados
como desnutridos, 63,36% (4614) estavam em risco de desnutrição e os restantes
23,58% (1717) estavam bem nutridos.

35
Segundo o mesmo autor, a pontuação média obtida no MNA-SF e MNA completo para
os homens foi 12,4 e 25,4 pontos, respetivamente e para as mulheres foi 11,9 e 24,6
pontos, respetivamente. Estes dados mostraram diferenças estatisticamente
significativas entre os géneros (p<0,001), com uma média de 12,1 pontos na forma
abreviada e 24,9 pontos na versão completa quando a amostra total foi considerada. A
pontuação total média do MNA foi maior nos homens do que nas mulheres, em todas as
faixas etárias (p<0,05) (Idem).

O estudo realizado por Vedantam et al. (2009), na Índia, mostrou que o MNA completo
classificou 14% da amostra como desnutrida e 49% em risco de desnutrição. A
pontuação média do MNA foi idêntica quer para homens quer para mulheres. Um pobre
estado nutricional, ou seja, MNA<23,5 foi encontrado quase igualmente entre homens
(22,18 ± 3.98) e mulheres (22,17 ± 3,57). Kaburagi et al. (2011) realizaram um estudo
no Japão, onde constataram que a média da pontuação do MNA foi de 25,8 (±3,3).
Conforme a pontuação deste instrumento, 18,5% estavam em risco de desnutrição, 2,3%
estavam desnutridos e 79,2% foram classificados como bem nutridos.

De acordo com o estudo realizado por Andre et al. (2013), na República Democrática
do Congo, a média da pontuação do MNA foi de 19,7 (±4,1), o que significa que os
idosos do estudo estavam em risco de desnutrição. 13,8% dos idosos tinham um estado
nutricional adequado, 57,8% estavam em risco de desnutrição e 28,4% estavam
desnutridos. Havia mulheres mais desnutridas do que os homens (p<0,001).

Aliabadi et al. (2008), realizaram um estudo no Irão, onde verificaram que 42,7%
estavam bem nutridos, 12,0% estavam desnutridos e 45,3% em risco de desnutrição e
concluiram que havia mais mulheres desnutridas em comparação com os homens (13%
e 10,8%, respetivamente, p<0,001).

No estudo realizado por Tsai et al. (2010), em Taiwan, na China, a forma completa do
MNA classificou 16,6% dos idosos em risco de desnutrição e 82,7% como bem
nutridos.

Segundo o estudo realizado, na Espanha, por Montana e Miguez (2011), de acordo com
a pontuação do MNA completo, 70% da população não tinha um estado nutricional
36
adequado, já que 12,5% estavam desnutridos e 57,5% estavam em risco de desnutrição,
e 30% da população estudada estava bem nutrida. A situação é pior no caso das
mulheres, pois apenas 18% apresentavam um bom estado nutricional em comparação
com 51% dos homens. De acordo com Montana e Miguez (2011) da avaliação com o
MNA-SF, 59,20% (431 dos 728) idosos, apresentavam um estado nutricional
inadequado, isto é, 12,36% (90) desnutridos e 45,84% (341) em risco nutricional e
40,8% (297) apresentavam um estado nutricional normal, no entanto, destes, de acordo
com o MNA completo, 8,81% (95) estavam em risco de desnutrição.

Segundo o estudo realizado, na Polónia, por Wyka et al. (2012), nenhum idoso se
encontrava em estado de desnutrição, 16% apresentava risco de malnutrição e 84%
apresentavam-se bem nutridos.

Em Portugal, Costa, Cunha e Oliveira (2013), constataram pela aplicação do MNA que
4,08% dos idosos estavam em estado de subnutrição, 42,86% apresentavam risco de
malnutrição e 53,06% encontravam-se bem nutridos.

O estudo realizado pela Universidade de Kyoto, no Japão, por Yoshimura et al. (2013),
conclui que da aplicação do MNA-SF, 27,7% estavam em risco de desnutrição, 0,4%
encontravam-se desnutridos e 71,9% estavam bem nutridos. Os idosos com idade
superior a 75 anos apresentaram maior risco de desnutrição do que os restantes.

O estudo levado a cabo por Cuervo et al. (2008) mostrou que a sensibilidade do MNA-
SF em comparação com o MNA completo foi de 85,2% e a especificidade da forma
curta do MNA foi 88,9%. O valor preditivo positivo foi 76,4% e o valor preditivo
negativo foi 93,4%.

Montana e Miguez (2011) detetaram que a sensibilidade do MNA-SF em relação ao


MNA completo, perante indivíduos com um estado nutricional inadequado (desnutridos
ou em risco) foi de 81,4% e a especificidade em relação a pessoas com um estado
adequado foi de 92,7%. O valor preditivo positivo foi de 96,3% e o valor preditivo
negativo foi de 68%. Nenhum dos participantes classificados como desnutridos através
do MNA completo foi diagnosticado como bem nutrido através do MNA-SF e vice-
versa. Dos 728 idosos, 21,7% foram incorretamente classificados numa das três
37
categorias do MNA e, destes, 75,3% foram classificados pelo MNA-SF numa categoria
superior à que correspondem de acordo com o MNA completo e 24,7% foram
classificados numa categoria inferior à diagnosticada pelo MNA completo.

No estudo de Cuervo et al. (2008), o teste de correlação de Spearman deu um valor alto
de associação entre o MNA-SF e o MNA completo (r=0,85, p<0,001). Também no
estudo realizado por Montana e Miguez (2011), a correlação de Spearman entre o MNA
completo e MNA-SF foi significativamente mais elevada (r=0,916, p<0,000).

Os resultados encontrados por Aliabadi et al. (2008) mostraram que a perda de peso
durante os últimos meses e o IMC do MNA foram os fatores nutricionais mais efetivos
e significativos que afetaram a pontuação do MNA.

A amostra de idosos estudados por Cuervo et al. (2008) apresentava um IMC médio de
28,0 quilogramas por metro quadrado (kg/m2), em que este foi 27,7 kg/m2 nos homens e
28,1 kg/m2 nas mulheres. Perante estes dados não houve diferenças significativas (p
<0,001) entre homens e mulheres nas medidas antropométricas. Não existiram
diferenças significativas em todas as categorias de idade para o IMC. A distribuição de
obesidade, em ambos os géneros, mostrou que 25,5% dos homens e 33,0% das mulheres
apresentaram IMC≥30,0 kg/m2.

No estudo realizado por Tsai et al. (2010), o MNA demonstrou que o IMC em 36% dos
homens e 32% de mulheres era inferior a 23 kg/m².

No estudo realizado, na Noruega, por Kvamme et al. (2011a), a maior proporção com
sintomas significativos de depressão e ansiedade (15,2%) foi encontrado nos idosos
com IMC<20,0 kg/m2. Em idosos obesos, com IMC≥30,0 kg/m2, a proporção
correspondente não aumentou significativamente.

No estudo de Montana e Miguez (2011), o IMC médio da amostra em estudo foi de 27,4
± 7,6 kg/m2, o que corresponde ao peso normal. No entanto, depois de analisar por
diferenças de género, a média do IMC em homens foi de 30,6 ± 8,3 kg/m 2, o que
corresponde a obesidade, e nas mulheres foi de 25,1 ± 6,1 kg/m2, o que corresponde a
excesso de peso. Problemas de peso (sobrepeso, mas especialmente obesidade) foram

38
encontrados em 81,2% dos idosos e destes, 45,4% eram mulheres, onde foi encontrada
maior prevalência de excesso de peso em oposição à obesidade. Kvamme et al. (2011a)
acrescenta que a média do IMC foi de 27,0 kg/m2 em ambos os géneros.

O estudo realizado por Wyka et al. (2012) demonstrou que o IMC das mulheres
examinadas foi em média de 28,8 kg/m². Comparando as mulheres em risco de
desnutrição e as bem nutridas, o IMC foi menos 1 kg/m2 que nas primeiras. A média do
IMC nos homens examinados foi de 28,3 kg/m². Comparando os homens em risco de
desnutrição e os bem nutridos, o IMC foi menos 2,7 kg/m2 que nos primeiros.

Já no estudo realizado por Andre et al. (2013), o IMC médio foi de 19,8 ± 1,3 e 34,3%
dos idosos estavam abaixo do peso.

No estudo realizado por Costa, Cunha e Oliveira (2013), no item do intervalo do IMC
do MNA, constatou-se que 2,04% dos idosos tinham um IMC<19 Kg/m2, 6,12% tinham
entre 19≤IMC<21 Kg/m2, 4,08% tinham 21≤IMC<23 Kg/m2 e 87,76% tinham IMC ≥23
Kg/m2.

O estudo realizado por Tsai et al. (2010) também referiu que 61% dos homens e 54%
das mulheres tomavam 1 a 3 medicamentos prescritos e 20% dos homens e mulheres
tomavam 4 ou mais tipos. 9% dos idosos apresentaram declínio moderado na ingestão
de alimentos, 10% apresentou perda de peso na ordem de 1 a 3 kg ou mais, 7% tinham
imobilidade parcial ou total, 8% apresentaram stresse psicológico ou problemas
neuropsicológicos. Cerca de 19% dos idosos tinham ingestão inadequada de proteínas,
12% consumiam menos de duas porções de frutas e vegetais por dia, 18% ingeriam 3 a
5 copos de água por dia, 7% mencionaram estar desnutridos e 37% não tinham a certeza
do seu estado nutricional. 15% dos idosos consideraram que o seu estado de saúde não
era tão bom como as pessoas da mesma idade e 22% não tinham a certeza do seu estado
de saúde.

No estudo realizado por Vedantam et al. (2009), o diagnóstico prévio de diabetes ou


hipertensão foi observado em 6% e 9% dos idosos, respetivamente.

39
O estudo realizado por Tsai et al. (2010) demonstrou que 7% dos homens e 10% das
mulheres relataram que tiveram três ou mais tipos de diagnóstico médico de doenças
crónicas, as quais incluem doença cardíaca, diabetes, hipertensão, dislipidémia, doença
respiratória crónica, doença renal crónica, acidente vascular cerebral, demência e
cancro. Já 23% dos homens e 18% das mulheres tinham dois destes tipos e 49% dos
homens e 47% das mulheres tiveram um.

O estudo realizado por Kaburagi et al. (2011) demonstrou que 83,8% sofriam de uma
ou mais doenças crónicas. Os idosos com três ou mais doenças crónicas tiveram uma
representação significativa nos em risco de desnutrição (51,9%) em comparação com os
bem nutridos (22,3%). Já Wyka et al. (2012), a doença arterial coronária, insuficiência
cardíaca congestiva e diabetes foram mais frequentemente identificadas no grupo de
pessoas com risco nutricional (43,5%, 56,4% e 38,4%, respetivamente).

Segundo Andre et al. (2013), 2,7% dos idosos não apresentavam doenças crónicas e
todos os idosos desnutridos sofriam de pelo menos uma doença crónica. Hipertensão,
artrite, osteoporose, anemia, úlcera gástrica, diabetes, ataque cardíaco, deficiência
auditiva e diminuição da visão foram os problemas mais relatados.

Vedantam et al. (2009) demonstraram que a maioria dos idosos viviam com os seus
filhos (66%), enquanto 21% viviam com outro membro da família, muitas vezes o
cônjuge ou irmão. O estudo realizado por Kaburagi et al. (2011) demonstrou que 27,7%
viviam sozinhos e 44,6% viviam com o cônjuge. Andre et al. (2013) encontraram que
um total de 65% dos idosos eram casados e 25% eram viúvos, enquanto 15% dos
homens tinham casado novamente após perder as esposas.

No estudo realizado por Aliabadi et al. (2008), as pontuações totais do MNA foram
positivamente correlacionadas com o nível de escolaridade (r=0,43 e 0,27,
respetivamente, p<0,01) e negativamente com a idade (r=0,14, p<0,01). A fonte de
rendimento, educação e ocupação foram os fatores socioeconómicos mais significativos
na determinação de pontuação nutricional mais eficaz (p<0,001). Ainda segundo o
estudo realizado por Vedantam et al. (2009), a idade, os anos de escolaridade, o número
de refeições por dia, a diminuição da ingestão de alimentos, a fonte de rendimentos e o

40
facto de viver sozinho são possíveis fatores associados às pontuações do MNA (p<
0,15), identificadas por uma regressão linear univariada. Já a análise de regressão
multivariada, ajustada para idade e género, mostrou que os fatores independentes
associados à menor pontuação do MNA foram o aumento da idade (β= -0,312, p<
0,001), a diminuição da ingestão de alimentos (β =0, 380, P< 0,001) e menor número de
refeições (β =0,302, p<0,001). Não foram encontrados dados para que os fatores viver
sozinho, ausência de rendimentos e anos de escolaridade fossem significativamente
relacionados com a menor pontuação do MNA.

Vedantam et al. (2009) verificaram que as refeições eram preparadas pelos próprios
idosos (51%) ou pelos seus filhos (46%) e 3% obtinham a comida através dos vizinhos.
49% dos idosos não tinham rendimento/salário, 29% recebiam uma pensão e 22%
tinham vencimento diário ou mensal.

Segundo Andre et al. (2013), nenhum dos idosos realizava três refeições completas por
dia, enquanto 11,4% referiram fazer uma refeição por dia. Destes, 62% dos idosos
foram vítimas de quedas pelo menos uma vez por ano. A prevalência de quedas foi de
55,1% e destes casos, 24,6% dos idosos referiram ter tido dois episódios de quedas
durante o último ano, pelo que estas foram negativamente correlacionadas com o MNA
(r=-0,22, p=0,009). A pontuação do MNA foi significativamente menor (teste t de
Student, p=0,03) para aqueles que caíram (pontuação do MNA 18,3 ± 4,0) em
comparação com aqueles que não apresentaram nenhuma queda (pontuação do MNA
21,0 ± 2,7).

No que diz respeito à relação entre a pontuação do MNA e a capacidade funcional,


tendo em conta a realização das AVD, a percentagem de idosos com dependência foi
significativamente maior nos desnutridos (87,6%) do que nos bem nutridos (50,9%). Os
resultados foram semelhantes em relação à capacidade funcional, quando quantificados
pelas Atividades Instrumentais de Vida Diária (AIVD), já que 94,3% dos idosos
desnutridos apresentavam limitações para a realização das mesmas, em comparação
com 11,8% dos idosos bem nutridos (Andre et al., 2013).

41
O estudo realizado por Kaburagi et al. (2011) mostrou que a Geriatric Depression Scale
(GDS) está negativamente correlacionada com a pontuação do MNA (r=-0,297 e
p=0,001) e não se verificou que a pontuação desta escala fosse maior no grupo com
risco de desnutrição do que no grupo bem nutrido.

No estudo realizado por Kvamme et al. (2011a), no Symptoms Check List 10 (SCL-10),
a pontuação foi significativamente associada com um risco aumentado de desnutrição
tanto nos homens como nas mulheres. Os resultados sugerem uma relação relativamente
forte entre o risco de desnutrição e a mediana da pontuação do SCL-10 e, segundo esta
pontuação, 11,4% dos homens e 16,4% das mulheres que estavam em risco de
desnutrição, tiveram sintomas significativos de depressão e ansiedade. A depressão e
ansiedade foram fortemente associadas com o risco de desnutrição em ambos os
géneros. O odds ratio foi de 3,9 (IC 95% 1,7-8,6) em homens e 2,5 (IC 95% 1,3-4,9) em
mulheres.

O estudo realizado por Yoshimura et al. (2013) demonstrou que 21,5% dos idosos
estavam deprimidos e não foram encontradas diferenças significativas para a depressão
entre os grupos etários dos 65 aos 74 anos e 75 ou mais anos. Entre os de 65 a 74 anos,
houve tendência para os idosos deprimidos serem mais propensos a uma perda de
apetite nos últimos três meses do que os não-deprimidos, mas essa diferença não foi
estatisticamente significativa (p=0,075).

No estudo realizado por Costa, Cunha e Oliveira (2013), com base no MNA, verificou-
se que 6,12% perderam peso superior a 3 kg nos últimos 3 meses, 8,16% não sabiam se
perderam peso e 85,71% afirmaram não ter perda ponderal de peso nos últimos 3 meses.
81,63% dos idosos responderam que tomam mais de três tipos de medicamentos por dia
e 18,37% responderam que não. 30,61% afirmaram ter vivido algum stresse psicológico
ou doença aguda nos últimos três meses e os restantes 69,39% referiram não ter sofrido.
36,53% conseguiam sair da cama ou cadeira mas não saiam à rua e 65,31% saiam à rua.
4,08% apresentavam demência severa ou depressão, 12,24% demência ligeira e 83,67%
não apresentavam problemas psicológicos. Constatou-se que 4,08% dos idosos
afirmaram ter úlceras de pressão ou escaras e 95,92% afirmaram não ter. 2,04%

42
realizavam apenas uma refeição completa por dia, 6,16% realizavam duas refeições
completas e 89,80% realizavam três refeições completas.

Na variável consumo de laticínios, feijão/grão, ovos, carne e peixe, constituída por 3


questões de sim ou não, em que a primeira avaliava se a pessoa consome pelo menos
uma porção de laticínios por dia, a segunda se consome duas ou mais porções de
feijão/grão, ovos por semana e a terceira se consome diariamente carne, peixe ou aves,
verificou-se que 6,12% responderam nenhuma ou uma vez que sim, 38,78%
responderam 2 vezes que sim e 55,10% responderam às 3 questões que sim. 22,45% não
consumiam mais de 2 porções de fruta ou vegetais diariamente e 77,55% consumiam
Verificou-se que nenhum idoso apresentava anorexia severa, 10,20% apresentavam
anorexia moderada e 89,80% não apresentavam anorexia (Idem).

16,33% consumiam menos de 3 copos ou chávenas de bebidas, como água, sumo, café,
chá, leite, cerveja, vinho, entre outros, por dia, 51,02% consumiam entre 3 e 5
copos/chávenas de líquidos e 32,65% consumiam mais de 5 copos /chávenas de líquidos
por dia. 8,16% só se conseguiam alimentar com ajuda, 28,57% conseguiam-se alimentar
sozinhos, mas com dificuldade, e 63,27% alimentavam-se sozinhos sem qualquer
problema. Verificou-se que nenhum idoso considerava ter um estado de malnutrição
major, 4,08% não sabiam ou apresentavam malnutrição moderada e 95,92%
consideravam não ter nenhum problema nutricional. 30,61% consideravam que o seu
estado se saúde era melhor em comparação com outras pessoas da mesma idade,
30,61% consideravam que era tão bom, 20,41% não sabiam comparar o seu estado de
saúde e 18,37% consideravam que não era tão bom (Ibidem).

Segundo Kaburagi et al. (2011), a avaliação do estado nutricional com medidas


antropométricas como a prega cutânea do tríceps, a prega cutânea da subescapular e o
perímetro médio braquial, foram significativamente correlacionadas com a pontuação
do MNA. Os valores médios antropométricos foram significativamente menores nos
idosos em risco de desnutrição em comparação com os bem nutridos.

Segundo os dados encontrados por Montana e Miguez (2011), os itens que mais
contribuíram para o resultado final do MNA foram a perda de peso, seguido pelo IMC e

43
doenças agudas ou stresse psicológico. Ao analisar os valores médios dos quatro
subgrupos do MNA completo (antropométrico, global, dietético e subjetivo), foram
encontradas diferenças significativas entre os idosos desnutridos, em risco e os que
estavam em bom estado nutricional.

44
4. DISCUSSÃO

Segundo Kaburagi et al. (2011) a desnutrição é um problema comum entre os idosos,


que leva a um declínio da funcionalidade, aumento da fragilidade, diminuição da
qualidade de vida e, consequentemente, a uma maior mortalidade. Pode ser causada por
ingestão e absorção intestinal inadequada, gasto energético excessivo ou alterações do
metabolismo dos nutrientes (Fauci, 2011). A desnutrição é caracterizada por défices
nutricionais onde ocorrem desvios qualitativos e quantitativos ao estado nutricional
adequado e, quando alterado, compromete a autonomia e o estado de saúde do idoso
(Berger e Mailloux-Poirier, 1995). Kaburagi et al. (2011), referem ainda que a avaliação
do estado nutricional neste grupo etário é importante para uma prevenção e intervenção
precoce.

Segundo o estudo de Vedantam et al. (2009) houve uma maior prevalência de risco de
desnutrição, assim como no estudo realizado por Aliabadi et al. (2008), Montana e
Miguez (2011) e Andre et al. (2013). Dos estudos referidos anteriormente, verificou-se
que no de Vedantam et al. (2009) e Montana e Miguez (2011) os idosos em estado de
desnutrição encontravam-se em menor número, contrariamente ao que se constatou nos
restantes.

Assim, verificou-se que as zonas que foram estudadas na Índia, Irão, Espanha e
República Democrática do Congo, apresentaram uma maior prevalência de risco de
desnutrição. Destes, foi no Irão e na República Democrática do Congo que se verificou
um maior número de idosos em estado de desnutrição.

Tsai et al. (2010), Kaburagi et al. (2011) e Wyka et al. (2012) verificaram que havia
uma maior prevalência de idosos bem nutridos nas comunidades estudadas, isto é, na
China, no Japão e na Polónia, e que os idosos em estado de desnutrição representavam
um número mínimo em todas elas.

45
Cuervo et al. (2008) verificaram que havia diferenças estatisticamente significativas
entre os géneros, relativamente à pontuação total do MNA, pois a pontuação média foi
maior nos homens do que nas mulheres. Já no estudo de Vedantam et al. (2009) a
pontuação média do MNA foi idêntica quer para homens quer para mulheres. Aliabadi
et al. (2008), Montana e Miguez (2011) e Andre et al. (2013), encontraram evidências
de que havia mais mulheres desnutridas do que homens. Segundo Orfila apud Kvamme
(2010b), este facto deve-se à maior prevalência de doenças crónicas, às expectativas de
saúde no género feminino e às piores condições socioeconómicas relativamente aos
homens.

Segundo Kaiser et al. apud Montana e Miguez (2011), o MNA-SF não distingue
claramente os idosos em risco e os desnutridos, mas o erro de classificação que pode
decorrer da aplicação do MNA-SF é menos problemático do que se tivesse um
diagnóstico incorreto do MNA completo, pois os idosos com estado nutricional
comprometido seriam classificados como bem nutridos e não haveria uma intervenção
nutricional adequada para melhorar o seu estado nutricional.

Segundo Cuervo et al. (2008) e Montana e Miguez (2011), o MNA-SF foi fortemente
correlacionado com a pontuação total do MNA completo (r=0,85 e r=0,916,
respetivamente), contudo ambos os valores foram ligeiramente inferiores ao obtido
aquando da validação do MNA-SF (r=0,94). O valor de sensibilidade encontrado por
Cuervo et al. (2008), isto é, a proporção de idosos classificados como possível
desnutrição pelo MNA-SF e que foram corretamente identificados pelo MNA completo
como desnutridos ou em risco de desnutrição, em toda a população, foi maior do que o
encontrado por Montana e Miguez (2011). Contrariamente à sensibilidade, a
especificidade, que representa a proporção de idosos bem nutridos classificados pela
MNA-SF, e que foram corretamente identificados pelo MNA completo, em toda a
população, foi menor no estudo realizado por Cuervo et al. (2008) do que no estudo
realizado por Montana e Miguez (2011).

O valor preditivo positivo encontrado por Montana e Miguez (2011), que representa a
proporção de idosos classificados como possível desnutrição pelo MNA-SF e que,
dentro desse grupo, foram corretamente identificados pelo MNA completo, foi maior

46
em comparação com o encontrado por Cuervo et al. (2008). Relativamente ao valor
preditivo negativo verificou-se o contrário. Este pode ser definido como a proporção de
idosos classificados como bem nutridos pelo MNA-SF e que, dentro desse grupo, foram
corretamente identificados pelo MNA completo (Cuervo et al., 2008).

Tendo em consideração os elevados valores encontrados por Cuervo et al. (2008), estes
sugerem que MNA-SF é uma boa opção para analisar populações idosas numerosas, de
forma a avaliar mais detalhadamente apenas aqueles com possível estado nutricional
comprometido. Também Montana e Miguez (2011) referem que a elevada sensibilidade
observada no MNA-SF, quando comparado com o MNA completo, indica que a versão
curta poderia ser um instrumento útil para detetar problemas no estado nutricional dos
idosos porque apresenta uma série de vantagens em relação à versão completa,
nomeadamente, a facilidade do preenchimento e a rapidez pois demora cerca de quatro
minutos a completar. O alto valor da especificidade obtido também confirma a sua
utilidade para a identificação de pessoas com um estado nutricional adequado, de forma
a dirigir a intervenção apenas para os idosos que apresentam um estado nutricional
comprometido.

Vedantam et al. (2009) afirmaram que o MNA utiliza um IMC de maior corte (19
kg/m2) do que o recomendado pela OMS (18,5 kg/m2). A análise dos dados do MNA
com o corte do IMC mais baixo mostrou uma diminuição na prevalência de desnutrição
e risco de desnutrição, em comparação com o corte do IMC no MNA completo. Embora
tenham optado por utilizar o MNA sem quaisquer modificações, os valores de corte para
o IMC e a desnutrição eram diferentes entre populações, pelo que os resultados devem
ser interpretados em conformidade.

Outros estudos têm utilizado o MNA com alterações para aplicação nas respetivas
populações (Kabir et al. e Kuzuya et al. apud Vedantam et al., 2009), no entanto, sem a
validação do mesmo. Vedantam et al. (2009) creem que o uso de um determinado MNA
adaptado para a população estudada daria resultados mais precisos.

Guigoz, Lauque e Vellas apud Vedantam et al. (2009) consideram que o MNA é melhor
para identificar as pessoas em risco de desnutrição entre idosos saudáveis na

47
comunidade, uma vez que há alta prevalência de deficiência de ingestão proteico-
calórica, sem que haja uma efetiva desnutrição.

Montana e Miguez (2011) verificaram que o IMC médio da população estudada está na
categoria de peso normal, mas Gomez, González e Sánchez apud Montana e Miguez
(2011) assumiram que o IMC médio no idoso não era um parâmetro representativo da
realidade, uma vez que, ao avaliar a mesma população através do MNA, esta
encontrava-se desnutrida ou em alto risco de desnutrição. O IMC varia consoante a
altura e o peso e, no decorrer do envelhecimento, estas variáveis sofrem alterações,
nomeadamente, diminuição da altura, redução da massa muscular, diminuição da
reserva de proteínas e redistribuição da gordura corporal, pelo que os idosos podem ter
um IMC adequado e não apresentarem um bom estado nutricional.

Cuervo et al. (2008) constataram que, relativamente à estimativa do IMC (kg/m2), 43%
da amostra estudada apresentava excesso de peso e 30,2% eram obesos, o que sugere
que não só a desnutrição é preocupante na população idosa. Os baixos níveis de
atividade física são os principais responsáveis pelo sobrepeso e obesidade, o que foi
confirmado pelo estudo de Wyka e Biernat apud Wyka et al. (2012). Cuervo et al.
(2008) também confirmaram que as mulheres apresentaram valores de IMC mais
elevados do que os homens e que apresentavam as situações nutricionais mais extremas.
Também no estudo realizado por Montana e Miguez (2011), a análise de regressão
mostrou algumas diferenças entre os géneros e, portanto, o IMC teve uma maior
contribuição para o MNA em mulheres do que em homens.

No estudo de Aliabadi et al. (2008), relacionou-se o estado nutricional com o género, a


solidão, a medicação, o estilo de vida, a relutância em alimentar-se, o local de
residência, o nível de escolaridade, a ocupação, os rendimentos e o sistema de apoio.
Natarajan et al. apud Vedantam et al. (2009) referiram que, na população estudada, os
rendimentos insuficientes e o inadequado conhecimento das necessidades nutricionais
foram possíveis fatores associados à baixa ingestão nutricional.

São poucos os programas relativos à nutrição dos idosos, contudo, teriam grande
importância quer para os idosos quer para os seus cuidadores, já que através de

48
pequenas modificações no padrão alimentar, seria possível os idosos melhorarem a sua
alimentação e, no caso de serem os seus cuidadores a preparar as refeições, também
poderia haver uma melhoria da mesma (Ferreira, 2012).

Aliabadi et al. (2008) acrescentaram que as condições sociais e económicas, os


problemas psicológicos, como a depressão, o stresse e a solidão podem conduzir à
redução do apetite e afetar negativamente as escolhas e os padrões alimentares. Segundo
o estudo de Vedantam et al. (2009), observou-se que as condições económicas
influenciaram os padrões alimentares em grande medida, contudo, não se avaliaram os
conhecimentos ou as atitudes dos idosos perante a nutrição.

Aliabadi et al. (2008) afirmaram que um maior nível de escolaridade estava


possivelmente associado a maiores rendimentos e a melhor qualidade de vida, que
resultou num melhor estado nutricional nestes idosos. O estado nutricional também foi
associado à educação. Os mesmos autores verificaram que a percentagem de
desnutrição e risco de desnutrição em idosos que viviam sozinhos foi superior àqueles
que viviam com as suas famílias (Idem).

Montana e Miguez (2011) afirmaram que as grandes diferenças entre os idosos


desnutridos, em risco de desnutrição e bem nutridos, resultaram da alteração das quatro
áreas da avaliação do MNA: antropométrica, global, dietética e subjetiva.

Cuervo et al. (2008) concluíram que as questões relativas à diminuição da ingestão de


alimentos, perda de peso, estado nutricional e auto perceção da saúde foram
identificados como os fatores mais importantes, seguidos dos problemas
neuropsicológicos, stresse psicológico, capacidade de se alimentar, mobilidade,
perímetro médio braquial e IMC. Já os problemas de pele, consumo de líquidos,
ingestão de proteínas e frutas ou ingestão de legumes mostraram correlação mais fraca
com a pontuação total do MNA.

Tal como os factos encontrados pelos autores supracitados, também Aliabadi et al.
(2008) verificaram que a perda de peso durante os últimos meses e o IMC, do MNA,
tiveram um impacto mais significativo sobre a pontuação do estado nutricional. Já no
estudo realizado por Costa, Cunha e Oliveira (2013), do item perda ponderal nos
49
últimos 3 meses, do MNA, constatou-se que um melhor estado nutricional foi
encontrado nos idosos sem perda ponderal. Cuervo et al. e Soini, Routasalo e Lagstrom
apud Montana e Miguez (2011) referem que este item apresentou uma maior
contribuição para a pontuação total do MNA. Neste estudo, a perda de peso moderada
foi maior nas mulheres, enquanto mais homens sofreram uma grave perda (Montana e
Migue, 2011).

Na população estudada por Vedantam et al. (2009), a idade avançada foi associada com
pontuações do MNA inferiores porque os idosos com idade mais avançada eram menos
ativos e foi frequentemente relatada uma redução do apetite e diminuição da ingestão de
alimentos. Além disso, a desnutrição é mais comum em adultos mais velhos do que nos
mais jovens porque as doenças e os problemas psicológicos são prevalentes nesta
população (Aliabadi et al., 2008). Tal facto tem sido comprovado em estudos anteriores
(Cuervo et al. e Kabir et al. apud Vedantam et al., 2009), mas outros têm mostrado que
a idade não tem qualquer efeito sobre o estado nutricional (Iizaka, Tadaka e Sanada e
Soini, Routasalo e Lagström apud Vedantam et al., 2009).

Os estudos de Natarajan et al. apud Vedantam et al. (2009), realizados no sul da Índia,
mostraram uma alta prevalência de desnutrição entre os idosos. O único estudo que
recorreu ao MNA na Índia foi feito em Rajasthan ocidental, e mostrou uma maior
prevalência de desnutrição e risco de desnutrição entre os idosos de zona rural em
comparação com os idosos de zona urbana (Baweja et al. apud Vedantam et al., 2009;
Baweja et al. apud Andre et al., 2013).

Já Aliabadi et al. (2008) afirmaram que existem diferenças entre os padrões de consumo
alimentar entre os idosos residentes em zonas rurais ou urbanas e que estes se devem a
padrões alimentares regionais. Segundo Marshall et al. e Wyka et al. apud Wyka et al.
(2012), o local de residência, isto é, aldeia, vila ou cidade pode afetar significativamente
a nutrição e a saúde dos idosos. Os que vivem nas zonas rurais tendem a cometer mais
erros quanto à nutrição e ao estilo de vida, devido ao difícil acesso a cuidados de saúde
e à falta de programas de prevenção adequados à população. Tal facto corrobora Berger
e Mailloux-Poirier (1995), quando referem que a localização geográfica influencia o
estado nutricional dos idosos pois condiciona a disponibilidade de alimentos.

50
No estudo realizado por Andre et al. (2013) foram encontradas mais mulheres com
desnutrição do que homens. Além da doença, velhice e pobreza, que têm sido relatados
como contributos para a desnutrição em idosos, McCormack apud Andre et al., 2013
referem que a maior prevalência de desnutrição em mulheres poderia dever-se aos
hábitos tradicionais das refeições, pois em muitas famílias, os homens costumam comer
antes das mulheres e estas comem posteriormente, no chão, os restos alimentares deles,
com as crianças. Assim, à medida que as porções alimentares diminuem, aumenta o
risco de má nutrição (Andre et al., 2013).

Os autores supracitados constataram que no seu estudo, nenhum idoso afirmou realizar
três refeições completas por dia. Tal facto é preocupante, uma vez que a desnutrição
leva ao declínio funcional e à dependência, e aumenta a morbilidade e mortalidade nos
idosos. Portanto, tal evidência reforça a importância da deteção precoce da desnutrição
ou risco de desnutrição nos idosos para que uma adequada intervenção nutricional possa
ser realizada (Idem).

Também da análise do estudo realizado por Vedantam et al. (2009) verificou-se que
pontuações mais baixas do MNA estavam associadas aos idosos que não realizavam três
refeições por dia. Kabir et al. apud Vedantam et al. (2009) verificaram, no estudo por
eles realizado, no Bangladesh, que a maioria dos idosos que estavam desnutridos ou em
risco de desnutrição consumiam apenas duas refeições diárias. Baweja et al., Iizaka,
Tadaka e Sanada e Soini, Routasalo e Lagström apud Vedantam et al. (2009) também
demonstraram que os problemas de mastigação e dificuldade de preparar refeições
completas ou de se alimentarem contribuíram para o estado nutricional.

No estudo de Cuervo et al. (2008), as análises de regressão realizadas separadamente


para homens e mulheres mostraram que itens como perímetro médio braquial, IMC,
independência, número de refeições e ingestão de proteínas, mostraram algumas
pequenas diferenças entre si relativamente à contribuição estatística, no entanto, estes
itens influenciaram mais a pontuação total do MNA para as mulheres do que para os
homens. Por outro lado, a mobilidade e a toma de medicamentos mostraram mais
influência na pontuação do MNA para os homens do que para as mulheres. Assim, estas

51
evidências permitem explicar algumas das diferenças no estado nutricional entre os
géneros.

Os idosos que no estudo de Vedantam et al. (2009) relataram perda de apetite, referiram
que esta foi a causa para a baixa ingestão de alimentos. Donini, Savina e Cannella e
Morley apud Vedantam et al. (2009) afirmaram que a diminuição do apetite podia ser
devida às alterações fisiológicas decorrentes do envelhecimento e às patologias
associadas.

As doenças crónicas afetam, geralmente, as pessoas idosas. Contudo, não se valorizam


as deficiências visuais e auditivas nem os problemas de saúde oral que têm efeitos
negativos, principalmente, no isolamento, estado nutricional e equilíbrio bio-psico-
social (OMS apud DGS, 2004).

Segundo Alexopoulos apud Kvamme et al. (2011a), as doenças somáticas


especialmente, o acidente vascular cerebral, o enfarte do miocárdio e o cancro,
representam fatores de risco para sintomas depressivos em idosos. Para além do
referido, também as doenças somáticas podem aumentar o risco de desnutrição
(Stratton, Green e Elia apud Kvamme et al., 2011a).

As razões para a fraca ingestão de alimentos nos idosos estão relacionadas com os
fatores fisiológicos e patológicos. A desnutrição pode progredir muito rapidamente
durante as doenças agudas graves. Frequentemente, os idosos têm uma maior
prevalência de doenças que levam à menor ingestão de alimentos devido à dor, náuseas,
confusão mental, imobilidade e efeitos adversos dos medicamentos (Aliabadi et al.,
2008).

Montana e Miguez (2011) referem que o aumento da incidência de problemas


nutricionais pode estar relacionado com o estado de saúde mais debilitado, devido a
doença, demência fraca, isolamento social ou múltiplas patologias, nessa faixa etária, o
que pode levar à necessidade de atendimento domiciliar.

Os idosos portugueses sofrem, em média, de 5,6 doenças crónicas diferentes e


consomem cerca de 7 medicamentos por dia (Dai apud Ferreira, 2012). Peres, Vellas e

52
Garry, Webb e Copemen, Vellas e Guigoz, Ausman e Schlenker apud Marques (2004),
acrescentaram ainda que as alterações na absorção e metabolismo de nutrientes em
doentes crónicos, podem ocorrer devido ao maior consumo de medicamentos e às
interações medicamentosas. Assim, é imprescindível ter em consideração as possíveis
interações entre fármacos e nutrientes para prevenir desequilíbrios ou outros efeitos
secundários (Ferreira, 2012).

Ruiz-Lopez et al. apud Wyka et al. (2012) referem que o estado nutricional pode ser
alterado em resultado do consumo inadequado de produtos que contenham proteínas,
frutas, verduras, líquidos e perda de apetite devido à ingestão de vários medicamentos.

Os resultados encontrados por Aliabadi et al. (2008), relativos ao MNA, evidenciaram


que os idosos que tomavam mais de três medicamentos por dia estavam mais
desnutridos do que aqueles que não tinham medicamentos prescritos. Estes resultados
podem dever-se ao facto dos idosos terem um estado nutricional inadequado, o que leva
ao aumento de problemas de saúde e, consequentemente, ao aumento do consumo de
medicamentos (Idem). No estudo de Costa, Cunha e Oliveira (2013), da amostra de
idosos, a maior percentagem tomava mais de 3 medicamentos por dia, o que corrobora
os dados atuais de que a polimedicação nos idosos é crescente.

Sentimentos como inutilidade, dificuldade em aceitar a redução das capacidades físicas


e intelectuais, isolamento e viuvez, entre outros, podem afetar o consumo de alimentos e
os hábitos alimentares (Berger e Mailloux-Poirier, 1995; Ferry e Alix, 2004). A solidão
pode torná-los deprimidos e faz com que optem por alimentos de fácil preparação e com
baixo valor nutricional (Berger e Mailloux-Poirier, 1995). Estes sentimentos conduzem
a que a rotina das refeições seja quebrada por não terem companhia nesses momentos e
por perderem o interesse na preparação e ingestão das refeições (Ferreira, 2012). A
anorexia pode dever-se a dificuldades de mastigação/deglutição, deficiente salivação,
problemas de saúde oral, perda de paladar, solidão e depressão (Idem). Só após o
tratamento da depressão é que é possível normalizar o padrão alimentar dos idosos
(Ferry e Alix, 2004).

53
Kvamme et al. (2011a) referem que os sintomas de saúde mental foram fortemente
associados com o risco de desnutrição em idosos e ambos os fatores foram mais
prevalentes em mulheres do que em homens. Um estudo recente que avaliou o impacto
da variação do peso nos idosos descobriu que a perda de peso prevê um aumento dos
sintomas depressivos (Koster et al. apud Kvamme et al., 2011a). Assim, uma relação
entre o risco de desnutrição e os sintomas de saúde mental pode estar presente e resultar
num ciclo vicioso ao longo do tempo em pessoas afetadas. A GDS e o MNA têm sido
utilizados em alguns estudos para avaliar a relação entre a depressão e a desnutrição. Os
idosos com IMC <20,0 kg/m2 tiveram duas a três vezes maior prevalência de sintomas
de saúde mental. Já a obesidade, isto é, IMC> 30,0 kg/m2, não foi associada a sintomas
de saúde mental (Kvamme et al., 2011a). Estudos anteriores relataram a diminuição
(Palinkas et al. apud Kvamme et al., 2011a) e o aumento do risco (Sachs-Ericsson et al.
apud Kvamme et al., 2011a) de depressão em idosos obesos. O estudo Kvamme et al.
(2011a) também demonstrou uma associação significativa entre sintomas de saúde
mental, que não são tão evidentes, e o risco de desnutrição, em que a depressão exerce
influência sobre o apetite e a ingestão de alimentos, o que pode levar à perda de peso e
ao aumento do risco de desnutrição. Assim, segundo a American Psychiatric
Association apud Kvamme et al. (2011a), no Manual Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais, tanto o ganho como a perda de peso são critérios diagnósticos da
depressão. Kvamme et al. (2011a) referem ainda que outro fator de desnutrição poderá
ser as deficiências de micronutrientes, as quais têm influência negativa sobre a saúde
mental.

Também estudos realizados por Akbaraly et al. e Davison e Kaplan apud Yoshimura et
al. (2013), corroboram e relacionaram de forma positiva o referido anteriormente, ou
seja, muitas vezes a depressão está associada com a perda de apetite ou de peso.
Segundo Yoshimura et al. (2013), a depressão e a perda de apetite nos idosos mais
jovens, entre os 65 e os 74 anos, evidenciaram uma relação significativa. Cabrera et al.,
Iizaka, Tadaka e Sanada e Rajkumar et al. apud Vedantam et al. (2009) corroboraram
os dados anteriores e Vedantam et al. (2009) acrescentaram que o almoço foi a principal
refeição do dia enquanto o jantar, muitas vezes, não foi realizado. Também Ferreira

54
(2012) refere que, por norma, o almoço é a refeição mais rica em termos nutricionais e,
pelo contrário, o jantar tende a ser mais leve, pelo que optam por sopa, pão e fruta.

Cabrera et al., Callen e Wells e Mehta et al. apud Yoshimura et al. (2013), concluíram
que a depressão e a desnutrição estão relacionadas, mas que se manifestam de formas
diferentes com a idade. No estudo realizado por Costa, Cunha e Oliveira (2013), da
relação entre o estado nutricional e a existência de algum stresse psicológico ou doença
aguda nos últimos 3 meses, verificou-se que a maior percentagem da amostra de idosos
encontrava-se bem nutrida e não sofreu nenhum stresse psicológico ou doença aguda
nos últimos três meses, enquanto todos os idosos subnutridos sofreram deste
acontecimento.

55
CONCLUSÃO

Os alimentos são a melhor fonte de nutrientes mas são diversos os fatores que
dificultam a ingestão da quantidade adequada por parte do idoso. Da relação entre o
envelhecimento e a nutrição conclui-se que o idoso deve adotar hábitos alimentares que
satisfaçam as suas necessidades nutricionais pois estas são muito importantes em todas
as fases do ciclo vital e, em particular, para a pessoa idosa que se confronta com
diversas patologias.

A desnutrição é uma problemática preocupante na atualidade devido às consequências


que dela podem advir para os idosos. Assim, o aprofundamento dos conhecimentos
acerca do estado nutricional tem-se revelado de extrema importância, já que é
imprescindível para que o processo de envelhecimento ocorra de forma saudável e
permita uma melhor qualidade de vida e bem-estar a esta população.

Esta temática constitui-se como um grande desafio para os profissionais de saúde,


nomeadamente, os enfermeiros pois apesar de alguns países apresentarem uma baixa
prevalência de desnutrição, outros menos desenvolvidos apresentam uma elevada
prevalência. Tal facto, leva à necessidade de intervir precocemente, delinear
intervenções personalizadas e adequadas ao contexto social e familiar de cada idoso e,
sempre que necessário, encaminhar para profissionais especializados.

O objetivo deste trabalho colocava em análise as evidências acerca da avaliação do


estado nutricional dos idosos não institucionalizados nos últimos cinco anos. Através
das pesquisas bibliográficas efetuadas, conseguiu-se concretizar o objetivo delineado e
concluiu-se que o estado nutricional pode ser influenciado por diversos fatores, dos
quais se destacam o número de refeições diárias, a ingestão de medicamentos, a perda
de apetite, as questões culturais e os problemas psicológicos e socioeconómicos.

Para além de existirem vários instrumentos de avaliação do estado nutricional, o MNA


foi já validado em muitos países, para a população idosa, e como se verificou nos
56
estudos apresentados, este é o instrumento mais utilizado por ser rápido, prático,
económico e fidedigno.

Durante a realização do presente trabalho surgiram algumas dúvidas, nomeadamente, na


elaboração da metodologia, definição das palavras-chave, devido aos critérios de
seleção para a realização da pesquisa bibliográfica, definição dos objetivos e das
questões de investigação bem como outras questões pontuais que surgiram no decorrer
deste trabalho.

Neste sentido, a exploração desta temática foi bastante pertinente tendo em conta que a
população idosa carece de recursos sociais, económicos e materiais o que interfere na
aquisição de determinados bens, imprescindíveis para uma alimentação e
envelhecimento saudáveis.

É de salientar que a desnutrição acarreta graves consequências para os diversos sistemas


do organismo e que a sua prevenção reduz o risco de desenvolvimento de problemas
mais graves.

57
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APÊNDICES
APÊNDICE I – Análise dos artigos selecionados para o estudo.

Artigo Aliabadi et al. (2008)


Tipo de Estudo Descritivo-exploratório.
Constituída por 1962 idosos, 917 homens e 1045 mulheres com
Amostra
idade> 60 anos.
Determinar a prevalência de desnutrição em idosos não
institucionalizados e a sua relação com o estado nutricional, local de
Objetivos
residência (rural ou urbano), educação, sexo, estado civil, ocupação
e fonte de rendimentos.
Dos 463.329 idosos da província de Khorasan Razavi, no Irão,
Metodologia foram selecionados 2000 idosos através do método de amostragem
por conglomerados aos quais se aplicou o MNA completo.
Desnutrição; estado nutricional; educação; género; estado civil;
Variáveis
ocupação; fonte de rendimentos.
Os resultados mostraram que 12,0% dos idosos estavam
desnutridos. A desnutrição foi mais prevalente em mulheres,
residentes nas áreas rurais, com baixos níveis de educação.
Variáveis como a educação e emprego próprio mostraram efeitos
positivos na redução da prevalência de malnutrição, em comparação
com o analfabetismo, o desemprego e a reforma.
Do número total de indivíduos estudados, 42,7% estavam bem
nutridos e 45,3% estavam em risco de desnutrição.
Resultados/ Um maior nível de escolaridade foi associado com maiores
Conclusões rendimentos e melhor qualidade de vida e, consequentemente, com
um melhor estado nutricional nestes idosos.
Verificou-se que a percentagem de desnutrição e risco de
desnutrição em idosos que viviam sozinhos foi maior do que
naqueles que viviam com as suas famílias. Pobreza, solidão e
isolamento social foram os fatores sociais que mais contribuíram na
diminuição da ingestão alimentar nos idosos.
Os idosos que tomavam mais de três medicamentos por dia (com
base no MNA), estavam mais desnutridos do que aqueles que não
tinham qualquer medicamento prescrito.
Os idosos têm maior prevalência de doenças que levam à menor
ingestão de alimentos motivada pela dor, náusea, confusão,
imobilidade e efeitos secundários dos medicamentos.
As razões para a fraca ingestão de alimentos nos idosos podem estar
relacionadas com fatores fisiológicos e patológicos. Além disso, a
desnutrição é mais comum em idosos mais velhos do que nos mais
jovens porque as doenças e problemas psicológicos são prevalentes
nos mais velhos.
O suporte nutricional adequado pode resolver o problema da
desnutrição em idosos que vivem na comunidade e pode contribuir
para a redução de custos de cuidados de saúde.

Artigo Cuervo et al. (2008)


Tipo de Estudo Descritivo-exploratório
22 007 idosos de todas as regiões de Espanha, com 65 anos ou
Amostra
mais.
Avaliar a prevalência de desnutrição na população idosa em
Espanha através do MNA, numa grande amostra populacional,
Objetivos
analisar o impacto da idade, género e região de habitação e avaliar a
adequação da forma abreviada do MNA para esses fins.
Os voluntários foram recrutados pelos farmacêuticos comunitários
que tiveram contacto com pessoas idosas residentes na comunidade.
Todos os idosos incluídos no estudo deram o seu consentimento
informado. 3251 farmacêuticos da comunidade receberam uma
sessão de treino e um extenso documento com as informações
Metodologia necessárias sobre a pesquisa, a maneira correta de formular cada
pergunta e informações acerca da interpretação dos resultados
obtidos.
Além de questões específicas do MNA, em que foi usada tanto
MNA-SF como o MNA completo, solicitaram-se outras
informações como o código postal (para identificar a região), a
idade, o género, o peso e a altura, e o local onde foi realizada a
entrevista.
Variáveis Estado nutricional, MNA, idade, género e região de habitação.
Dos 22 007 idosos, 13 993 são mulheres (63,6%) e 8014 são
homens (36,4%), com idade média de 75,2 anos. A média de peso
foi de 70,7 kg (76,4 kg em homens e 67,4 kg nas mulheres) e a
altura média foi de 159 cm (166 cm nos homens e 155 cm nas
mulheres), o que resultou num IMC de 28,0 kg/m2 (27,7 kg/m2 nos
homens e 28,1 kg/m2 nas mulheres).
De acordo com a pontuação total do MNA cerca de 4,3% da
população estudada estava desnutrida, 25,4% estava em risco de
desnutrição e 70,3% não tiveram nenhum risco de desnutrição.
Resultados/ Estes valores foram maiores nas mulheres (4,8% desnutridas e
Conclusões 28,0% em situação de risco) do que nos homens (3,4% desnutridos
e 20,8% em risco).
A pontuação total média do MNA foi maior nos homens do que nas
mulheres em todas as faixas etárias (p <0,05). Atendendo aos
critérios do IMC, a distribuição de obesidade em ambos os sexos
foi analisada e mostrou que 25,5% dos homens e 33,0% das
mulheres apresentaram IMC ≥30,0 kg/m2.
Depois de muitos estudos comparativos, em todos eles o MNA
continua a ser o padrão de ouro para os idosos que vivem em
ambulatório e é usado em diferentes contextos.

Artigo Vedantam et al. (2009)


Tipo de Estudo Descritivo-exploratório.
227 idosos residentes na comunidade, com 60 anos ou mais, do
Amostra
bloco Kaniyambadi, no estado de Tamil Nadu, no sul da Índia.
Estimar a prevalência de desnutrição em idosos de vida livre num
Objetivos ambiente rural do sul da Índia, através do uso do MNA, bem como
procurar fatores de risco associados.
O questionário foi aplicado aos idosos, após consentimento verbal,
e este incluiu detalhes sociodemográficas, o MNA completo e
perguntas acerca do diagnóstico prévio de diabetes e hipertensão,
Metodologia tabagismo, consumo de álcool, fonte de rendimento e modo como
obtêm os alimentos. As respostas às questões foram obtidas através
de familiares próximos, caso os idosos não pudessem responder
com precisão por apresentarem comprometimento cognitivo.
Variáveis Estado nutricional e MNA.
O MNA classificou 14% dos idosos como desnutridos e 49% em
risco de desnutrição. Do uso do IMC como único indicador para
avaliação do estado nutricional, 59% dos idosos estavam com peso
normal e 32% estavam abaixo do peso. A pontuação média do
MNA foi idêntica para homens e mulheres. Um pobre estado
nutricional (pontuação do MNA <23,5) foi encontrado quase
Resultados/ igualmente entre homens e mulheres. 64% dos idosos consumiam
Conclusões três refeições diárias, 35% faziam duas refeições por dia e o padrão
de consumo variou de acordo com o estado nutricional.
Pontuações baixas do MNA foram associadas à idade avançada,
diminuição da ingestão de alimentos e consumo de menos
refeições. Considerando a alta prevalência de estados nutricionais
pobres em idosos, é necessário mais atenção na dieta dos mesmos e
possíveis intervenções nutricionais.

Artigo Tsai et al. (2010)


Tipo de Estudo Descritivo-exploratório.
301 idosos, 138 do género masculino e 163 do género feminino,
Amostra com idade superior a 65 anos, que realizavam exame de saúde, em
ambulatório, num hospital no centro de Taiwan, na China.
Determinar se a modificação do MNA, adotada para a população-
específica, utilizando outros itens antropométricos, mas sem o IMC,
Objetivos
poderia manter a sua capacidade de identificar o estado nutricional
dos idosos residentes na comunidade, em Taiwan.
Metodologia Foi utilizado o MNA e um questionário estruturado de modo a
obter os dados pessoais e informações do estilo de vida. Os
resultados laboratoriais de checkup que foram realizados,
forneceram os dados bioquímicos necessários. O estado nutricional
de cada pessoa foi avaliado com o MNA em três versões: o original,
o MNA-TI (com pontos de corte específicos para a população), e o
MNA-TII (que ainda eliminou o IMC e foi redistribuída a sua
pontuação nas restantes questões).
Em todas as três versões foi identificado o mesmo número de
idosos desnutridos, 0,7%. A proporção de idosos em risco de
desnutrição foi 16,6%, 12,0% e 10%, de acordo com o original,
MNA-TI e MNA-TII, respetivamente. O padrão previsto pelo MNA
original é diferente do previsto pelas duas versões modificadas, já
Resultados/ os padrões previstos pelas duas versões modificadas não eram
Conclusões diferentes entre si. A adoção de pontos de corte específicos para
esta população, relativamente aos itens antropométricos melhorou a
capacidade de previsão do MNA em Taiwan, e a funcionalidade
melhorada é mantida numa versão sem IMC. O MNA sem IMC tem
maior aplicabilidade e pode aumentar a eficiência do trabalho
realizado pelos profissionais de saúde.

Artigo Kaburagi et al. (2011)


Tipo de Estudo Descritivo-exploratório.
Amostra 130 idosos com idades superior a 65 anos.
Avaliar a utilidade do MNA, relativamente ao estado nutricional e
Objetivos às modificações físicas e psicossociais em idosos residentes numa
comunidade japonesa.
O estado nutricional foi avaliado utilizando marcadores biológicos,
medidas antropométricas e o MNA. A capacidade física foi
Metodologia avaliada pela força de preensão e pela velocidade das caminhadas
habituais e velocidade máxima atingida. A GDS foi utilizada para
avaliar o estado depressivo dos idosos.
Resultados/ Através da avaliação do MNA, foram classificados vinte e sete
Conclusões idosos em risco de desnutrição e estes incluíram uma alta proporção
de idosos com idade igual ou superior a 75 anos. O MNA, quando
correlacionado com os biomarcadores (proteínas totais, albumina,
colinesterase, Hb) e medidas antropométricas (prega cutânea do
tríceps, subescapular e perímetro médio braquial), apresentaram
uma forte correlação com a força de preensão e a pontuação da
GDS. A análise multivariada revelou que a força de preensão, a
pontuação da GDS, o estado civil e a velocidade máxima são
aspetos fortes que permitiram prever a pontuação do MNA.
O MNA foi bastante útil na abrangente da avaliação do estado
nutricional em idosos da comunidade japonesa. No entanto, estudos
epidemiológicos de grande escala são necessários para determinar a
utilidade e ponto de corte apropriados do MNA, de forma a avaliar
corretamente o risco de desnutrição.

Artigo Kvamme et al. (2011)


Tipo de Estudo Descritivo-exploratório
1558 homens e 1553 mulheres com idades entre os 65 e os 87 anos
Amostra
residentes em Tromsø, na Noruega.
Avaliar as relações entre a saúde mental, nomeadamente, ansiedade
Objetivos
e depressão, e o risco de má nutrição através do IMC.
Os 6098 idosos entre os 65 e os 87 anos residentes na comunidade
em Tromsø foram convidados a participar no estudo. A altura e o
peso não foram medidos em 21 idosos, 413 não tinham informação
Metodologia sobre a perda de peso e 472 omitiram dados sobre o consumo de
tabaco e sintomas de saúde mental.
Da amostra inicial, 51,0% (1558 homens e 1553 mulheres)
concluíram o estudo.
IMC; saúde mental; idade; estado civil; escolaridade; tabagismo;
Variáveis
consumo de álcool.
A média de idades dos homens foi de 71,2 anos e das mulheres foi
Resultados/
de 72,0 anos. As mulheres, relativamente aos homens, eram mais
Conclusões
propícias a viverem sozinhas e terem um nível baixo de educação,
ao contrário do consumo de tabaco que era superior nos homens em
relação às mulheres.
A média do IMC foi de 27,0 kg/m2 em ambos os géneros. 7,1% dos
idosos (5,6% dos homens e 8,6% das mulheres) encontravam-se em
risco de desnutrição.
A pontuação da SCL-10 foi superior nas mulheres do que nos
homens e foi maior em pessoas com idade ≥ 75 anos do que em
pessoas com idades entre 65 e 74 anos de idade, o que indica mais
sintomas de ansiedade e depressão em mulheres (9,1% das mulheres
e 3,9% dos homens) e nos idosos com idade ≥ 75 anos.
A maior proporção de sintomas de ansiedade e depressão (15,2%)
foi encontrada nos idosos com IMC <20,0 kg/m2. Em idosos obesos
(IMC ≥ 30,0 kg/m2), a proporção correspondente não aumentou
significativamente.
Verificou-se que os sintomas de saúde mental estão fortemente
associados com o risco de desnutrição em idosos. Tanto o risco de
desnutrição como os sintomas de saúde mental foram mais
prevalentes em mulheres do que em homens.
Os sintomas de saúde mental foram fortemente associados com o
risco de desnutrição na comunidade.

Artigo Montana e Miguez (2011)


Tipo de Estudo Descritivo-exploratório.
728 idosos com mais de 65 anos, residentes nas suas casas e
capazes de comunicar verbalmente, em Ourense, no noroeste da
Amostra
Espanha, com exclusão dos idosos com comprometimento
cognitivo grave ou com um diagnóstico psiquiátrico grave.
Determinar a adequação do MNA-SF em comparação com o MNA
Objetivos completo, para a avaliação do estado nutricional na população de
idosos que vivem em ambulatório no noroeste da Espanha.
Cada participante foi submetido a uma entrevista na qual foram
Metodologia colhidos dados sobre as variáveis demográficas (género, idade e
local de residência) e sobre parâmetros antropométricos necessários
para completar o MNA, tais como peso, circunferência da perna,
perímetro médio braquial e altura do joelho. A altura foi estimada
utilizando a média da altura do joelho das equações da estatura para
pacientes caucasianos de Chumlea et al.. O IMC (kg/m2) foi
calculado a partir do peso (kg) dividido pela altura (em metros) ao
quadrado. O estado nutricional da população foi avaliado através do
MNA em duas etapas, na primeira, apenas foram feitas as seis
perguntas do MNA-SF e o estado nutricional da população foi
classificada em três categorias: estado nutricional adequada (12-14
pontos), em risco nutricional (8-11 pontos) e desnutridos (0-7
pontos); na segunda etapa foram avaliadas as 18 questões do MNA
completo, agrupadas em quatro subgrupos: antropométrica, global,
dietética e subjetiva. Com base na pontuação total do MNA, os
idosos foram classificados em três categorias: desnutridos (<17),
em risco nutricional (17 ≤ pontuação <24) e estado nutricional
adequado (≥ 24).
Variáveis MNA-SF, MNA completo e estado nutricional.
Foram encontradas correlações significativas entre o MNA-SF e o
MNA completo (r = 0,916, p <0,000). A sensibilidade e
especificidade do MNA-SF e do MNA completo foram 81,4% e
92,7%, respetivamente.
Os itens que mais contribuíram para o resultado final do
questionário foram a perda de peso, seguido do IMC e da doença
aguda ou stresse psicológico. A mobilidade, o estado de saúde
Resultados/ autopercebido e os problemas neuropsicológicos contribuíram
Conclusões menos, seguidos da perda de apetite e da capacidade para alimentar-
se. Seis destas questões estão incluídas no MNA-SF (perda de peso,
IMC, doenças agudas ou stresse psicológico, mobilidade,
problemas neuropsicológicos e perda de apetite).
De acordo com a pontuação toral do MNA, 70% da população não
tinha um estado nutricional adequado, quer por estarem em situação
de desnutrição (12,5%) ou em risco de desnutrição (57,5%), e esta
situação foi pior no caso das mulheres, pois apenas 18% estavam
em bom estado nutricional em comparação com 51% dos homens.
Ao analisar os valores médios dos quatro subgrupos do MNA
completo (antropométrica, global, dietética e subjetiva), foram
encontradas diferenças significativas entre os pacientes desnutridos,
em risco e aqueles com um bom estado nutricional.

Artigo Wyka et al. (2012)


Tipo de Estudo Descritivo-exploratório.
O estudo foi realizado num grupo de mulheres e homens idosos,
com mais de 60 anos, que vivem em 28 aldeias do distrito de
Amostra
Olésnica, na Polónia, em que 174 eram mulheres e 64 eram
homens.
O objetivo deste estudo foi avaliar a nutrição e o estado nutricional
Objetivos em idosos acima de 60 anos de idade, que viviam nas suas casas
com família, nas áreas rurais.
Foi usado o registro nacional para selecionar 1010 mulheres e 762
homens acima de 60 anos de idade. Cada idoso recebeu um convite
por escrito para participar no programa de prevenção “Saúde dos
séniores” e informações sobre o objetivo do estudo. A presença real
foi de 17% das mulheres e 8% dos homens. Na parte da manhã, as
Metodologia
pessoas convidadas encontravam-se em jejum e foram realizadas
colheitas de sangue. Foram avaliados o consumo de energia, o
consumo de nutrientes e indicadores antropométricos, através do
MNA, no qual as pessoas foram classificadas de acordo com seu
estado nutricional.
Estado nutricional, exames bioquímicos e antropométricos, índice
Variáveis
de comorbilidade de Charlson (ICC).
A maioria das mulheres que participaram no estudo tinham um
IMC muito elevado, pois em média foi de 28,8 kg/m2. As mulheres
Resultados/ em risco de desnutrição tinham parâmetros lipídicos mais baixos do
Conclusões que aquelas com a nutrição adequada. Os homens com risco de
desnutrição tinham um IMC menor em relação aos homens com
uma nutrição adequada (p <0,04). De acordo com o índice de
comorbilidade de Charlson (ICC), 8,2% das pessoas com nutrição
adequada tinham um indicador fraco para o prognóstico de
sobrevida global. Todas as pessoas avaliadas mostraram muitas
deficiências nutricionais significativas, sendo que o grupo com
risco nutricional apresentou em maior número. Apesar de um valor
muito baixo de energia de alimentos entre as pessoas com correta
nutrição, os parâmetros antropométricos paradoxalmente mostraram
a presença de excesso de tecido adiposo. As doenças mais
frequentes existentes no grupo examinado foram a doença arterial
coronária e a insuficiência congestiva cardíaca.

Artigo Andre et al. (2013)


Tipo de Estudo Descritivo-exploratório.
370 voluntários do género feminino e masculino, residentes na
Amostra
comunidade de idosos, com idades entre os 65 e os 88 anos.
Avaliar o estado nutricional e a independência na realização das
Objetivos
AVD e das AIVD.
Dos 13723 habitantes da cidade de Luozi, na República
Democrática do Congo, foram selecionados 370 idosos de ambos os
Metodologia
géneros, aos quais foram aplicados o MNA-SF, o MNA completo, o
Índice de Katz e a escala de Lawton e Brody.
Variáveis AVD; AIVD; Estado Nutricional.
No estudo participaram mais homens do que mulheres e a média de
idade dos idosos foi de 69,9 ± 5,6 anos. O IMC médio foi de 19,8 ±
1,3 e 34,3% dos idosos estavam abaixo do peso adequado.
Aproximadamente 16% dos idosos eram fumadores, 27,5%
consumiam bebidas alcoólicas diariamente e 15% afirmaram
Resultados/
consumir álcool ocasionalmente. 65% dos idosos eram casados,
Conclusões
25% eram viúvos dos quais, 15% dos homens se casaram
novamente após perder as suas esposas.
Da totalidade dos idosos em estudo, 2,7% não sofriam de doenças
crónicas. Todos os desnutridos sofriam de, pelo menos, uma doença
crónica, das quais se destacam a hipertensão, artrite, osteoporose,
anemia, úlcera gástrica, diabetes e ataque cardíaco.
A média da pontuação do MNA foi de 19,7 ± 4,1, o que significa
que os idosos se encontravam em risco de desnutrição. Cerca de
13,8% tinha estado nutricional normal (MNA= 25,4 ± 1,0), 57,8%
estavam em risco de desnutrição (MNA= 20,5 ± 1,8) e 28,4%
encontravam-se desnutridos (MNA= 13,8 ± 2.2).
Na amostra de idosos, havia mais mulheres desnutridas do que os
homens (p <0,001). A prevalência de desnutrição foi de 12,2% nos
homens e 16,2% nas mulheres.
Nenhum dos idosos realizava as três refeições completas, 11,4%
relataram fazer uma refeição uma vez por dia. 62% dos que
afirmaram realizar uma refeição completa por dia, foram vítimas de,
pelo menos, uma queda por ano.
A pontuação do MNA mostrou que, aproximadamente, 57,8%
estavam em risco de desnutrição e 28,4% estavam desnutridos.
Os resultados do presente estudo mostraram ainda que 76,5% dos
idosos foram classificados como dependentes no desempenho das
AVD, enquanto72,7% necessitaram de ajuda na realização das
AIVD.

Artigo Yoshimura et al. (2013)


Tipo de Estudo Descritivo-exploratório.
Os idosos do estudo foram selecionados através de anúncios na
imprensa local e em eventos de saúde locais entre abril de 2011 e
junho de 2012. Um total de 274 idosos, residentes na comunidade,
voluntariaram-se para o estudo. Os critérios de inclusão foram a
idade, 65 anos ou mais, com residência na comunidade e ser capaz
Amostra de caminhar de forma independente, com ou sem bengala. Os
critérios de exclusão asseguram que nenhum dos idosos apresentem
qualquer prognóstico dos seguintes problemas de saúde: doença
cardiovascular sintomática, problemas neurológicos e desordens
ortopédicas, neuropatia periférica das extremidades inferiores e
artrite grave.
Este estudo realizado pela Universidade de Kyoto, no Japão, tem
como objetivo analisar a associação entre o estado nutricional e a
Objetivos
depressão, em idosos com idade entre 65 e 74 e idosos com mais de
75 anos, saudáveis e residentes na comunidade.
Um total de 274 residentes na comunidade, em que 142 idosos têm
entre 65 a 74 anos e 132 idosos tinham idade superior 75 anos,
foram avaliados através da GDS e do MNA-SF. A análise foi
Metodologia
realizada para determinar se a depressão se encontra independente
ou se está associada ao risco de desnutrição, de acordo as faixas
etárias definidas.
Variáveis Depressão e estado nutricional.
No modelo de regressão logística para idosos com 65 a 74 anos, que
estavam em risco de desnutrição (MNA-SF ≤11) foi fortemente
associada à depressão (GDS ≥5). Em contraste, no grupo de idosos
com mais de 75 anos, o modelo não foi estatisticamente
significativo.
Do grupo de idosos com idades entre os 65 e 74 anos, nos que
Resultados/ estavam em risco de desnutrição, havia uma forte associação entre o
Conclusões risco de desnutrição e a depressão. Em contraste, no grupo de
idosos com mais de 75 anos, o modelo não foi estatisticamente
significativo. A depressão e o estado nutricional foram fortemente
correlacionados nos idosos mais novos, (65 a 74 anos), mas não nos
idosos com mais de 75 anos. Este estudo revela que não apenas os
fatores de correlação mas também os sintomas de depressão podem
variar entre as diferentes faixas etárias dos idosos.

Costa, Cunha e Oliveira (2013)


Tipo de estudo Descritivo-exploratório.
A amostra foi constituída por 49 idosos, com idade igual ou
superior a 85 anos (completados até dezembro de 2013), utentes da
Amostra USF RSI (Unidade de Saúde Familiar Rainha Santa Isabel) e
residentes na freguesia de Santa Clara, no concelho de Coimbra, em
Portugal, os quais estavam integrados em meio urbano e
semiurbano.
Caracterizar os idosos inscritos na USF RSI em função das suas
condições sociodemográficas, grau de dependência e estado
nutricional; caracterizar os cuidadores informais familiares dos
Objetivos idosos inscritos na USF RSI em função dos seus atributos
sociodemográficos e do nível de sobrecarga e estabelecer uma
relação entre o nível de dependência e o nível de sobrecarga dos
cuidadores informais familiares.
Elaborou-se um instrumento de avaliação constituído por três
escalas que foi aplicado nas visitas domiciliárias realizadas e não
houve ninguém que se tenha recusado a preenchê-lo integralmente.
Metodologia
Os dados colhidos foram introduzidos no programa estatístico
SPSS, versão 21, de forma a organizá-los e a facilitar a sua análise e
tratamento.
Ao analisar os dados recolhidos, verificou-se que a maioria dos
idosos selecionados era do género feminino.
Da aplicação do MNA, verificou-se que 4,08% (dois idosos) estão
em estado de subnutrição, 42,86% (vinte e um idosos) apresentam
risco de malnutrição e 53,06% (vinte e seis idosos) encontram-se
bem nutridos.
Através da aplicação do Índice de Barthel na amostra de idosos,
verificou-se que o género masculino apresentava maior grau de
dependência em comparação com o género feminino.
Resultados/
Na amostra de idosos estudada, os cuidadores informais familiares,
Conclusões
na sua grande maioria, eram mulheres pois 90,32% eram do género
feminino (vinte e sete mulheres), enquanto que apenas 9,68% eram
do género masculino (três homens). Verificou-se que níveis de
sobrecarga mais elevados eram encontrados em cuidadores
informais familiares idosos e, em contrapartida, os cuidadores sem
sobrecarga eram, sobretudo, cuidadores informais familiares não
idosos.
Da análise do estudo realizado, constatou-se que na amostra de
idosos ninguém apresentava anorexia severa e a grande maioria não
apresentava nenhum grau de anorexia. Dos idosos subnutridos, um
apresentava anorexia moderada e outro não apresentava nenhum
grau de anorexia. Relativamente à ingestão hídrica, a maioria dos
idosos referiu ingerir 3 a 5 copos/chávenas de líquidos por dia. No
que diz respeito à realização de refeições completas, a grande
maioria realizava as três refeições completas.
Em suma, dos dados analisados, os que mais se evidenciam
correspondem ao estado nutricional da amostra de idosos em função
da presença de cuidador informal familiar que, contrariamente ao
expectável, apresentavam pior estado nutricional relativamente aos
que não tinham cuidador informal familiar.

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