Você está na página 1de 11

Bear - Capítulos 5 e 6

SINAPSE E NEUROTRANSMISSORES

Introdução

 Sinapse é uma junção especializada onde uma parte do neurônio faz contato e
se comunica com outro neurônio ou tipo celular (como uma célula muscular).
 O sentido normal do fluxo de informação é do neurônio para a célula-alvo;
assim, o primeiro neurônio é dito pré-sináptico, e a célula-alvo é dita pós-
sináptica.

Sinapse Elétrica

 São simples e permitem a transferência direta de corrente iônica de uma célula


para outra.
 Ocorrem em sítios especializados, chamados de junções comunicantes.
 Nessas junções, as membranas dos neurônios estão muito próximas e entre
elas há proteínas, as conexinas.
 6 subunidades de conexina juntam-se para formar um canal, denominado
conéxon, e 2 conéxons (um de cada membrana) combinam-se para formar o

canal da junção comunicante.

 As junções comunicantes entre neurônios permite que a corrente iônica passe


em ambos os sentidos, portanto, são sinapses bidirecionais.

Juan Carlos Pacheco - 83


Bear - Capítulos 5 e 6

Sinapse Química

 As membranas pré e pós-sinápticas nas sinapses químicas são separadas pela


fenda sináptica.

 A membrana pré-sináptica é o terminal axonal, o qual contém dúzias de


vesículas sinápticas, que armazenam neurotransmissores.

Tipos de sinapse químicas do SNC

 Se a

membrana pós-sináptica está localizada em um dendrito, a sinapse é dita


axodendrítica.
 Se a membrana pós-sináptica se localiza no corpo celular, a sinapse é dita
axossomática.
 Em alguns casos, a membrana pós-sináptica está em outro axônio, e essas
sinapses são chamadas axoaxônicas.
 Em determinados neurônios especializados, os dendritos fazem contato com
outros dendritos, e a sinapse é chamada de dendrodendrítica.

Axodendrítica Axossomática
Axoaxônica

Juan Carlos Pacheco - 83


Bear - Capítulos 5 e 6

As sinapses do SNC podem, ainda, ser classificadas em duas categorias gerais, com
base na aparência das diferenciações de membrana pré e pós-sinápticas:

a) Sinapse assimétrica (tipo I de Gray): a membrana no lado pós-sináptico


é mais espessa que no lado pré-sináptico. São sinapses excitatórias.
b) Sinapse simétricas (tipo II de Gray): a membrana no lado pós-sináptico
e no lado pré-sináptico são semelhantes. São sinapses inibitórias.

Junção neuromuscular

 Sinapses químicas também ocorrem entre axônios de neurônios motores da


medula espinhal e o músculo esquelético.
 Esta sinapse é chamada de junção neuromuscular e o a membrana pós-
sináptica é chamada de placa motora terminal.

Princípios da transmissão sináptica química


 Alguns mecanismos devem ocorrer para que ocorra a sinapse química:
o Síntese de neurotransmissores e seu consequente empacotamento
dentro das
vesículas
sinápticas.

Juan Carlos Pacheco - 83


Bear - Capítulos 5 e 6

4
o Liberação desse neurotransmissor na fenda sináptica.
o Reconhecimento do neurotransmissor pelo neurônio pós-sináptico e
consequente resposta.
o Remoção dos neurotransmissores da fenda sináptica.

Neurotransmissores

 Os principais neurotransmissores estão dentro de uma das três categorias


químicas: (1) aminoácidos; (2) aminas e (3) peptídeos.
 Os neurotransmissores aminoácidos e aminas são pequenas moléculas
orgânicas contendo pelo menos um átomo de nitrogênio, os quais são
armazenados em vesículas sinápticas e delas liberados.
 Os neurotransmissores peptídicos são moléculas grandes – cadeias de
aminoácidos – armazenadas e liberadas de grânulos secretores.

Síntese e armazenamento de neurotransmissores

Enzimas são transportadas até o terminal axonal, e lá promovem a síntese de


neurotransmissores aminoácidos e aminas. Após a produção, eles são
armazenados nas vesículas sinápticas.
 A produção dos neurotransmissores peptídeos ocorre quando aminoácidos são
polimerizados nos ribossomos do RE. No aparelho de Golgi eles são
processados e depois armazenados nos grânulos secretores, que se dirigem
para o terminal axonal.
Liberação dos neurotransmissores

Juan Carlos Pacheco - 83


Bear - Capítulos 5 e 6

 A liberação dos aminoácidos é desencadeada quando um potencial de ação


chega no terminal axonal.
 A despolarização da membrana causa a abertura de canais de cálcio
dependentes de voltagem.
 O Ca2+ entra e sinaliza a liberação dos neurotransmissores por exocitose.
 A membrana da vesícula sináptica se funde com a membrana pré-sináptica,
permitindo que o neurotransmissor seja liberado na fenda sináptica.

Receptores para neurotransmissores

 Os neurotransmissores liberados na fenda sináptica se ligam nos receptores de


membrana dos neurônios pós-sinápticos.
 A ligação causa uma mudança de conformação no receptor, o que desencadeia
uma resposta diferente para cada tipo de neurotransmissor e de receptor.
 Há mais de 100 tipos de receptores, mas eles podem ser divididos em 2 tipos:
1) Canais iônicos;
2) Receptores acoplados a proteínas G.

1) Canais iônicos: proteínas transmembranas que formam um canal. Esse canal é


aberto em resposta à ligação do neurotransmissor. A consequência funcional vai
depender de quais íons podem atravessar o poro.

 Se o poro for permeável ao Na+, ocorrerá despolarização da célula pós-


sináptica. Se um potencial de ação for gerado, o efeito é chamado excitatório.
 A despolarização da membrana pós-sináptica causada por neurotransmissor é
denominada potencial excitatório pós-sináptico (PEPS).
 A ativação sináptica de canais iônicos abertos por acetilcolina e por glutamato
causa PEPSs.

Juan Carlos Pacheco - 83


Bear - Capítulos 5 e 6

 Se o poro for permeável ao Cl-, ocorrerá hiperpolarização da célula pós-


sináptica. Esse efeito é chamado de inibitório.
 A hiperpolarização da membrana pós-sináptica causada por neurotransmissor é
denominada potencial inibitório pós-sináptico (PIPS).
 A ativação de canais iônicos abertos por glicina ou GABA causa um PIPS

2) Receptores acoplados a proteínas G: esse tipo de ação do neurotransmissor


envolve três passos:

I. O neurotransmissor liga-se ao receptor na membrana pós-sináptica.


II. O receptor ativa proteínas G, as quais se movem livremente ao longo da
face intracelular da membrana pós-sináptica.
III. As proteínas G ativadas, por sua vez, ativam proteínas efetoras.

As proteínas efetoras podem ser canais iônicos (ativados por proteínas G) da


membrana, ou podem ser enzimas que sintetizam moléculas, denominadas segundos

mensageiros.

*Autorreceptores: receptores que se encontram na membrana do terminal axonal pré-


sináptico. Servem para inibir a síntese de mais neurotransmissores, permitindo que o
terminal pré-sináptico regule a si próprio.

Reciclagem e degradação de neurotransmissores

 Após a interação dos neurotransmissores com os receptores, eles devem ser


removidos da fenda sináptica:

 Os neurotransmissores podem se difundir para os vasos ao redor.


 O neurotransmissor pode ser degradado dentro da própria fenda sináptica.
Um exemplo é a degradação da acetilcolina pela enzima acetilcolinesterase
(AChE).
 Pode ocorrer recaptação dos neurotransmissores para dentro do terminal
axonal, por ação de transportadores específicos. Dentro do axônio, o
neurotransmissor pode ser reutilizado ou pode ser degradado.

Juan Carlos Pacheco - 83


Bear - Capítulos 5 e 6

 Astrócitos também auxiliam na remoção dos neurotransmissores da fenda. Eles


tem papel fundamental principalmente na remoção de glutamato e GABA.

Integração Sináptica

 É o processo pelo qual múltiplos potenciais sinápticos se combinam em um


neurônio pós-sináptico.

A integração de PEPSs

 A membrana pós-sináptica de uma sinapse pode ter de algumas dezenas até


diversos milhares de canais ativados por transmissores.
 A quantidade ativada depende principalmente da quantidade de
neurotransmissor que é liberada.
 A somação de PEPSs representa a mais simples forma de integração sináptica
no SNC. Existem dois tipos de somação:

1) Somação espacial: consiste em adicionar PEPSs gerados


simultaneamente em muitas sinapses em um dendrito.

2) Somação temporal: consiste em adicionar PEPSs gerados na mesma


sinapse e que ocorrem em uma rápida sucessão, dentro de curtos
intervalos de tempo.

Juan Carlos Pacheco - 83


Bear - Capítulos 5 e 6

Modulação

 Sinapses com receptores acoplados a proteínas G que


não estão diretamente associadas a canais iônicos não
geram PEPSs ou PIPSs.
 Em vez disso, essas sinapses modificam a eficiência dos
PEPSs geradas pelos outros tipos de sinapse.
 Esse tipo de efeito sobre a transmissão sináptica é
denominado modulação:
1. Neurotransmissor noradrenalina se liga ao seu
receptor β.
2. Proteína G ativa uma proteína efetora, a adenilato
ciclase.
3. Adenilato ciclase produz AMPc, que se difunde pelo citosol.
4. AMPc ativa proteínas-cinase, que catalisam reações de fosforilação.
 A importância da fosforilação é que ela pode mudar a conformação da proteína
e, portanto, mudar a sua atividade. Por isso esse processo é modulatório.
Classificação dos Neurônios

Neurônios colinérgicos

 Produzem acetilcolina (ACh), presente na junção neuromuscular e sintetizada


por todos os neurônios motores do tronco encefálico e da medula espinhal.
 Ela é produzida a partir da enzima colina-acetiltransferase (ChAT), que agrupa
a colina com um acetil-CoA.
 A enzima acetilcolinesterase (AChE) é responsável por degradar a acetilcolina
na fenda sináptica.

Neurônios catecolaminérgicos

 A tirosina é um precursor para 3 neurotransmissores do tipo amina.


 Esses neurotransmissores são coletivamente denominados de catecolaminas:
o Dopamina (DA)
o Noradrenalina (NA) ou noraepinefrina
o Adrenalina ou epinefrina
 Os neurônios catecolaminérgicos possuem a enzima tirosina hidroxilase (TH), a
qual converte a tirosina em dopa.
 A dopa é convertida em dopamina pela enzima dopa-descarboxilase.
 A dopamina é convertida em noradrenalina pela enzima dopamina β-
hidroxilase.
 A fentolamina N-metiltransferase (PNMT) converte noradrenalina em
adrenalina.

TH

Juan Carlos Pacheco - 83


dopa-descarboxilase.
H T
Bear - Capítulos 5 e 6

Neurônios serotoninérgicos

 Produzem serotonina (5-HT), um neurotransmissor do tipo amina.


 O aminoácido triptofano dá origem à serotonina.
 O triptofano regula humor, emoções, sono, entre outros.
 Após ser liberada do terminal axonal, a serotonina
é removida da fenda sináptica pela ação de um
transportador específico.

Neurônios aminoacidérgicos

 Utilizam os aminoácidos glutamato (Glu), glicina


(Gli) e ácido gama-aminobutírico (GABA) como
neurotransmissores.
 O glutamato e a glicina são sintetizados a partir
da glicose.
 O glutamato é o precursor para o GABA, e a enzima-chave de síntese é a
glutamato descarboxilase.
Receptores de neurotransmissores

 Como vimos antes, os receptores podem ser divididos em dois tipos:


o Canais iônicos.
o Receptores acoplados a proteína G.

Receptores de acetilcolina

 A acetilcolina (ACh) pode se ligar em dois tipos de receptores:

Receptor muscarínico: são receptores acoplados a proteína G. São encontrados em


todas as células efetoras estimuladas pelos neurônios colinérgicos pós-ganglionares,
tanto no sistema nervoso simpático quanto no parassimpático.

Receptor nicotínico: são canais iônicos. Presentes nos gânglios autônomos, entre os
neurônios pré e pós-ganglionares, e nas placas motoras.

[Esses conceitos de pré e pós-ganglionares são estudados na aula de SN autônomo]

Receptores adrenérgicos

 Existem dois tipos principais: o α (alfa) e o β (beta).

Juan Carlos Pacheco - 83


Bear - Capítulos 5 e 6

10

 Ambos são receptores acoplados a proteína G e possuem subtipos:

Divergência e convergência em sistemas de neurotransmissores

Divergência: capacidade de um transmissor de ativar mais de um subtipo de


receptor e causar mais de um tipo de resposta pós-sináptica.


Convergência: múltiplos transmissores, cada qual ativando o seu próprio tipo de

receptor, podem convergir para afetar os mesmos sistemas efetores.

Juan Carlos Pacheco - 83


Bear - Capítulos 5 e 6

11

Juan Carlos Pacheco - 83

Você também pode gostar