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MURILO CARNEIRO
ANDRE LIMA
autor
MURILO CARNEIRO
1ª edição
SESES
rio de janeiro 2015
Conselho editorial solange moura; roberto paes; gladis linhares; karen bortoloti;
marcelo elias dos santos
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2015.
ISBN 978-85-60923-72-4
CDD 658.154
Prefácio 7
1. A Abordagem Sistêmica e o
Orçamento Empresarial 9
Objetivos 10
1.1 Princípios gerais da abordagem sistêmica e sistemas abertos 11
1.2 Conceito e características do orçamento 15
1.3 Planejamento estratégico e sua relação com
o processo orçamentário 16
1.4 Evolução dos processos orçamentários 18
1.5 Peculiaridades do orçamento base zero 19
1.6 Princípios para a implantação do orçamento empresarial 23
1.7 Vantagens e limitações 25
1.8 Método de elaboração 27
1.8.1 Exemplo fictício da elaboração de um orçamento 29
Atividades 30
Reflexão 31
Referências bibliográficas 32
Objetivos 34
2.1 Conceito de orçamento de vendas 35
2.2 Condicionantes do orçamento de vendas 36
2.3 Relações entre políticas de marketing e orçamento de vendas 39
2.4 Impactos dos tributos no orçamento de vendas 42
2.5 Elaboração do orçamento de vendas 45
2.5.1 Relatório gerencial de um orçamento de vendas 47
2.6 Conceito e condicionantes do orçamento de produção 53
2.6.1 Condicionantes do plano de produção 55
2.7 Vantagens e desvantagens dos tipos de planos de produção 56
2.7.1 Vantagens e desvantagens dos tipos de planos de produção 58
2.8 Fatores que influem no volume dos estoques 61
2.9 O papel do departamento de compras 65
2.10 Elaboração do plano de produção 68
2.10.1 Relatório gerencial de um plano de produção 70
Atividades 74
Reflexão 83
Referências bibliográficas 84
Objetivos 86
3.1 Classificação dos gastos de uma organização 87
3.2 Orçamento dos custos diretos 88
3.2.1 Orçamento das matérias-primas 88
3.2.2 Orçamento da mão de obra direta (MOD) 90
3.3 Orçamento dos custos indiretos 91
3.4 Elaboração do orçamento de matérias-primas 92
3.5 Elaboração do orçamento da mão-de-obra direta (MOD) 95
3.6 Elaboração do orçamento dos custos indiretos 97
3.7 Métodos de custeio 102
3.7.1 Custeio variável ou direto 104
3.7.2 Custeio por absorção ou tradicional (full cost) 105
3.7.3 Custeio ABC 106
Atividade 108
Reflexão 115
Referências bibliográficas 116
Objetivos 118
4.1 Orçamento das despesas comerciais 119
4.2 Orçamento das despesas administrativas 121
4.3 Elaboração do orçamento das despesas comerciais 123
4.4 Elaboração do orçamento das despesas administrativas 126
4.5 Orçamento de outros itens 127
4.6 Elaboração do orçamento de outros itens 129
4.7 Orçamento dos investimentos 131
4.8 Elaboração do fluxo de caixa incremental 133
4.9 Métodos de análise de investimentos 135
4.9.1 Pay Back 136
4.9.2 Taxa Interna de Retorno (TIR) 137
4.9.3 Valor Presente Líquido (VPL) 139
Atividade 142
Reflexão 149
Referências bibliográficas 150
5. Controle Orçamentário e
Relatórios Financeiros Projetados 151
Objetivos 152
5.1 Etapas do processo de controle 153
5.2 O orçamento como instrumento de controle 154
5.3 Centros de responsabilidades 156
5.4 Orçamento flexível 157
5.5 Conceitos e características do orçamento de caixa 160
5.6 Projeção de entradas no caixa 163
5.7 Projeção de saídas no caixa 166
5.8 Projeção de superávits e déficits no caixa 168
5.9 Projeção da demonstração do resultado do exercício (DRE) 170
5.10 Projeção do balanço patrimonial 174
Atividade 177
Reflexão 184
Referências bibliográficas 184
Gabarito 185
Prefácio
Prezados(as) alunos(as),
7
orçamentário: o orçamento de caixa e as projeções da demonstração do resultado
do exercício (DRE) e do balanço patrimonial.
Para que os conceitos teóricos possam ser compreendidos melhor, você poderá
acompanhar a elaboração do orçamento de uma empresa fictícia do segmento in-
dustrial. Durante a apresentação de cada etapa do processo, descritas nos capítulos
2 a 5, verá exemplos práticos envolvendo tal empresa. Ao terminar de ler o livro,
você terá visto todo o processo orçamentário na prática, por meio da apresentação
de quadros e tabelas.
Não fique apreensivo em começar a estudar a disciplina orçamento empresa-
rial, pois os conceitos matemáticos que utilizaremos são muito fáceis de entender.
Ao terminar o estudo, esperamos que compreenda a importância do orçamento
empresarial para as organizações, assim como sua importância para sua própria
vida, pois as pessoas físicas também devem elaborar seu próprio orçamento, ou
seja, projetar suas receitas e gastos para o futuro.
Bons estudos!
1
A Abordagem
Sistêmica e
o Orçamento
Empresarial
No capítulo 1 você descobrirá que as organizações podem ser consideradas sis-
temas abertos, pois seu funcionamento sofre influência do ambiente externo.
Na sequência, aprenderá o conceito e as principais características do orçamen-
to empresarial, assim como sua utilização como um instrumento de planeja-
mento. Também verá que, com o passar dos anos, houve evoluções nos proces-
sos utilizados pelas organizações para elaborar seus orçamentos e conhecerá
algumas peculiaridades do orçamento base zero. Além disso, conhecerá os
princípios, as vantagens e as limitações da utilização do orçamento nas organi-
zações. Ao final do capítulo 1, terá contato com um método para se elaborar o
orçamento empresarial.
OBJETIVOS
Ter ciência que o ambiente externo afeta o funcionamento das organizações. Conhecer o
conceito e as características do orçamento elaborado por uma organização, assim como os
motivos pelos quais o orçamento empresarial é considerado um instrumento de planejamen-
to. Visualizar as técnicas que surgiram nos últimos tempos visando aperfeiçoar a elaboração
do orçamento pelas organizações, conhecendo com mais detalhes uma delas, o orçamento
base zero. Ter contato com as orientações, atividades e abordagens administrativas dese-
jáveis para a devida utilização do orçamento empresarial, assim como suas vantagens e li-
mitações. Ao final do capítulo, aprenderá um método para implantação de um programa de
orçamento.
10 • capítulo 1
1.1 Princípios gerais da abordagem
sistêmica e sistemas abertos
capítulo 1 • 11
são o resultado final da operação, ou seja, são as entradas
SAÍDAS já processadas e convertidas em um “produto final”, que é
(OUTPUTS) exportado para o ambiente externo. As saídas represen-
tam o objetivo pelo qual o sistema foi criado;
Retroação (Feedback)
12 • capítulo 1
Agora que aprendeu o que é um sistema, também é importante que saiba
que os sistemas, de acordo com Moraes (2000), podem ser classificados em
duas categorias:
capítulo 1 • 13
Dessa forma, um departamento específico também pode ser considerado um
subsistema, e seu ambiente consiste nos demais departamentos e no meio ex-
terno que cerca a organização total.
Para que as organizações sejam eficazes, ou seja, consigam efetivamente
atingir seus objetivos, é imprescindível que os fatores do ambiente externo
que influenciam sua operação sejam conhecidos e bem analisados. Segundo
Wright et al. (2000), didaticamente, o ambiente externo pode ser dividido em
dois níveis (vide figura 1.2):
Macroambiente
Figura 1.2 – Níveis de análise do ambiente. Fonte: Wright et al. (2000, p. 48).
A partir do próximo item, você passará a ter contato com o orçamento em-
presarial, que é considerado por alguns autores o instrumento mais antigo e
tradicional de gestão financeira. É importante que tenha ciência que o proces-
so orçamentário em uma organização deve ser elaborado levando-se em conta
o conceito de sistemas abertos, ou seja, os gestores que o elaborarão devem ter
consciência que os fatores ambientais deverão ser muito bem analisados (gover-
no, concorrentes, clientes, fornecedores etc.), pois, com certeza, influenciarão
nos resultados que poderão ser obtidos por meio da utilização do orçamento.
14 • capítulo 1
1.2 Conceito e características do orçamento
Segundo o dicionário Aurélio, a palavra orçamento tem dois significados: 1. Ato
ou efeito de orçar; avaliação; 2. cálculo da receita e dos gastos. No dia a dia, a
grande maioria das pessoas conhece e utiliza a palavra orçamento com o sen-
tido de cotação de preços. Por exemplo, a esposa e o marido estão fazendo um
orçamento para compra de um novo aparelho de DVD, ou seja, estão cotando
preços para adquirir um novo eletroeletrônico.
capítulo 1 • 15
ser chamada de opening the budget, ou abertura da bolsa. Naquela época, na
língua inglesa, a palavra budget significava somente “bolsa grande”. A partir de
1800, a palavra budget foi incorporada ao dicionário inglês com o significado
de orçamento.
De acordo com Zdanowicz (1983) apud Lunkes (2009), em organizações pri-
vadas, o primeiro registro de utilização do orçamento foi em 1919, pela empresa
Du Pont, nos Estados Unidos. No Brasil, apesar de o orçamento passar a ser foco
de estudos a partir de 1940, somente atingiu seu apogeu a partir de 1970, quando
empresas passaram a adotá-lo com mais frequência em suas atividades.
Atualmente, a grande maioria das empresas de grande porte utiliza o or-
çamento como instrumento de planejamento e controle de suas atividades.
Infelizmente, por outro lado, as empresas de micro e pequeno porte, principal-
mente por falta de conhecimento, não o utiliza.
16 • capítulo 1
Como o orçamento é projetado para o período de um ano, trata-se de um
instrumento de planejamento de curto prazo. Devido ao aumento da concor-
rência, que se acentuou nas últimas décadas, ocasionado, entre outros moti-
vos, pelo processo de globalização, as organizações não devem fazer somente
um planejamento de curto prazo. Torna-se necessário também fazer um plane-
jamento de longo prazo, mais conhecido como planejamento estratégico.
Lunkes (2009) comenta que o planejamento estratégico é definido para um
período longo de tempo, normalmente de cinco ou mais anos, e deve abranger
três principais pontos: 1º) decidir para onde a organização vai; 2º) avaliar o am-
biente dentro do qual ela operará; 3º) desenvolver estratégias para alcançar os
objetivos definidos.
Diante dessas considerações, Sanvicente e Santos (1983) nos lembram de
que é o planejamento de longo prazo (estratégico) que deve fornecer as pre-
missas (orientações básicas) para se dar início ao planejamento de curto pra-
zo (orçamento). Para que essa ideia fique mais clara, coloque-se no lugar de
um gerente de produção de uma montadora de bicicletas e veja a dúvida que
poderá lhe surgir no momento da elaboração do orçamento do departamento
gerenciado por ele (vide tabela 1.1).
capítulo 1 • 17
1.4 Evolução dos processos orçamentários
Na ciência da Administração, a área de finanças estuda os recursos financeiros,
um dos recursos necessários para que as organizações exerçam suas atividades.
Na área de finanças, um dos temas de estudo é o orçamento, cuja origem, con-
forme apresentado no subitem 1.2, é antiga e está no setor público (século XVII,
na Inglaterra). Em organizações privadas, o primeiro registro de utilização do
orçamento foi em 1919, pela empresa Du Pont, nos Estados Unidos.
Desde sua origem no setor privado, o processo de elaboração e implantação do
orçamento empresarial tem recebido críticas e elogios de diversas organizações e
pesquisadores. Padoveze e Taranto (2009) afirmam que exatamente pelo fato de
questionar as vantagens e as desvantagens do orçamento empresarial acabaram
surgindo novos tipos e modelos de orçamento, bem como novos conceitos.
Lunkes (2009) comenta que, com o passar do tempo, o orçamento foi adap-
tando-se e acompanhando as tendências das modernas teorias de gestão.
Didaticamente, tal autor classifica seis métodos diferentes para se elaborar um
orçamento, ou seja, seis formas diferentes de se elaborar um processo orça-
mentário (vide figura 1.3).
Beyond
Budgeting
Orçamento Projeção
por Atividades dos recursos
Orçamento Projeção dos de forma
Flexível recursos nas descentralizada
Projeção dos atividades e flexível,
Orçamento por meio de
recursos guiado
de Base Zero direcionadores
para vários por um
Orçamento Projeção dos de custos.
níveis de conjunto de
Contínuo recursos
atividade. princípios.
Renovação do baseada em
Orçamento pacotes de
Empresarial período
concluído decisão da
Projeção dos estaca zero e
recursos baseada e acréscimo
do mesmo com justificativa
na estrutura para todos os
organizacional e período no
futuro. novos.
acompanhamento
pelos
departamentos.
Figura 1.3 – Do orçamento empresarial ao beyond budgeting. Fonte: Lunkes (2009, p. 39).
18 • capítulo 1
É importante ressaltar que, com exceção do método conhecido por Beyond
Budgeting, as evoluções que ocorreram no processo orçamentário não signi-
ficaram que o método original, chamado de orçamento empresarial, foi con-
siderado defasado e seus conceitos deixaram de ser totalmente utilizados. Na
verdade, segundo Lunkes (2009), a definição, os objetivos e as características
básicas são os mesmos para todos os processos orçamentários, a não ser no
caso do Beyond Budgeting. No entanto, alguns procedimentos e aspectos são
únicos e específicos para cada um dos cinco novos processos que surgiram.
Em relação à importância do orçamento empresarial, Padoveze e Taranto
(2009) afirmam que tal processo é o mais comum e o mais utilizado pelas or-
ganizações. Tais autores nos lembram de que nele as peças orçamentárias são
elaboradas a partir da fixação de volumes de vendas e, por meio deles, são de-
terminados os volumes de atividades e setores da empresa.
Dentre as características fundamentais do orçamento empresarial está a
não permissão de alterações nos orçamentos departamentais (de receitas e de
gastos). Padoveze e Taranto (2009) comentam que a ideia por detrás do “orça-
mento estático” é ter um conjunto de dados fixado para o próximo exercício
que não possa ser alterado. Tais autores afirmam que foi justamente esta carac-
terística que gerou polêmica e que ocasionou o surgimento de novos conceitos
e novas técnicas, que deram origem aos outros métodos.
capítulo 1 • 19
O grande problema de se adotar tal procedimento é o fato de se perpetuar
ineficiências do passado nas projeções para o futuro. Para que esta ideia fique
mais clara para você, suponha que o gestor do departamento de RH de uma
determinada empresa esteja elaborando seu orçamento anual e tenha que pro-
jetar os gastos com material de escritório. Neste caso, o gestor do departamen-
to de RH levantaria quanto foi gasto no ano passado, para depois, após “cons-
truir” o cenário para o futuro, projetar se haverá um aumento ou redução nos
gastos. O problema desse tipo de procedimento é: quem garante que o valor
gasto no passado não está muito além do que deveria ter sido gasto?
Quando uma organização adota o OBZ, seus gestores devem projetar as vendas, os
custos e as despesas como se tais atividades estivessem começando da “estaca zero”.
É por este motivo que Padoveze e Taranto (2009) dizem que o OBZ é a aplicação dos
conceitos da reengenharia nos processos orçamentários.
20 • capítulo 1
Para a elaboração do OBZ, Lunkes (2009) sugere que a organização adote três
conceitos, cujas relações podem ser observadas por intermédio da figura 1.4.
Núcleo Pacote
Variável Base Zero (VBZ) Base Base
Zero (NBZ) Zero (PBZ)
Figura 1.4 – Relações entre variável, núcleo e pacote base zero. Fonte: Lunkes (2009, p. 89).
Para que estes conceitos fiquem mais claros, voltemos ao exemplo do gestor
do departamento de RH de uma determinada empresa, que está elaborando seu
orçamento base zero. Para cada tipo de gasto, o gestor define uma Variável Base
Zero (VBZ), que deve constar no plano de contas contábil da empresa (exemplo:
o gestor define várias VBZs, tais como: “cartuchos para impressora”, “canetas”,
“papel A4” etc). Posteriormente, o gestor agrupa as VBZs por “semelhança”,
formando os Núcleos Base Zero (NBZs). Continuando o exemplo, as três VBZs
apresentadas podem ser agrupadas em um NBZ chamado de “materiais de
capítulo 1 • 21
escritório”. Ao terminar o processo de definição das VBZs e dos NBZs, o gestor
formaliza os dados obtidos por intermédio de um relatório gerencial, chamado
de Pacote Base Zero (PBZ). Na verdade, o PBZ desse gestor, no processo de ela-
boração do orçamentário original (orçamento empresarial), é o que chamamos
de orçamento do departamento de RH.
Quando todo o processo termina, a organização passa a possuir uma série
de Pacotes Base Zero (PBZs) e vários gestores (um para cada um deles). Vale
ressaltar que, em organizações de grande porte, também podem ser definidos
gestores para os NBZs e não somente para os PBZs. No caso da empresa citada,
o gestor do PBZ do RH pode designar um funcionário para ser o responsável
pela definição e acompanhamento do NBZ chamado de “materiais de escritó-
rio”. Dessa forma, os funcionários ficam mais envolvidos com o processo de
controle das projeções.
O processo de elaboração do OBZ é finalizado por intermédio de uma reu-
nião entre os gestores, a área de Controladoria e a Alta Administração, obje-
tivando aprovar os PBZs. É importante lembrar a você que este procedimento
também é adotado no processo de elaboração do orçamento original (confor-
me será apresentado, com maior profundidade, no item 1.8). A grande diferen-
ça é que tal procedimento é mais lento e burocrático no OBZ, pois os gestores
devem justificar, detalhadamente, as projeções que elaboraram.
Por intermédio desse exemplo, você pode concluir que não há grandes di-
ferenças entre o processo de elaboração do orçamento original e o OBZ, que
também é elaborado para o período de um ano. Conforme já comentado, a
única diferença é o fato dos gastos e receitas não serem projetados com base
no passado. Padoveze e Taranto (2009) alertam para a dificuldade natural em
aplicar esse conceito, pois trará uma adição significativa de novas tarefas e ne-
cessidades de gestão para a organização, tornando a elaboração do OBZ muito
mais trabalhosa e burocrática que a do orçamento original, pois as projeções
devem ser muito bem justificadas. Portanto, tais autores sugerem que, antes de
adotá-lo, a relação custo/benefício desse tipo de processo orçamentário deve
ser muito bem analisada.
Em relação às vantagens e desvantagens desse tipo de processo orçamentá-
rio, Lunkes (2009) comenta que, como cada quantia a ser gasta precisa ser justi-
ficada, o OBZ leva mais tempo para ser elaborado, mas, por outro lado, conduz
a um resultado melhor. Dentre as vantagens que tal autor apresenta para justi-
ficar tal afirmação, podemos destacar:
22 • capítulo 1
• forçar os gestores a refletir sobre as operações e a procurar oportunidades
de melhoria;
• chamar a atenção para os excessos e para a duplicidade entre as ativida-
des ou departamentos;
• concentrar-se nas reais necessidades e não nas variações do ano anterior;
• aumentar o envolvimento das pessoas e melhorar sensivelmente a moti-
vação e o interesse no trabalho.
capítulo 1 • 23
o processo de comunicação na organização deve
ser ágil e eficiente (em relação aos equipamen-
COMUNICAÇÃO INTEGRAL tos de informática) e participativo e sem barreiras
(em relação às pessoas: chefes versus subordi-
nados).
24 • capítulo 1
1.7 Vantagens e limitações
Caso os princípios destacados sejam seguidos, a utilização do orçamento pode
trazer inúmeros benefícios e vantagens para uma organização. Entre os mais
significativos, Sanvicente e Santos (1983) destacam os seguintes:
capítulo 1 • 25
a preparação de um orçamento para toda a orga-
nização tende a melhorar a utilização dos recur-
RACIONALIZAÇÃO DOS sos a ela disponíveis, bem como ajustá-los às ati-
RECURSOS vidades consideradas prioritárias, para que sejam
alcançados os seus objetivos.
Apesar de benefícios e vantagens que podem ser gerados, Welsch (1996) res-
salta que durante o processo de preparação e utilização do orçamento empresa-
rial quatro limitações devem ser levadas em conta:
26 • capítulo 1
e exercerem seus esforços continuados e agressivos no sentido da execução
desse plano. Os chefes de departamento devem sentir-se responsáveis pela
consecução ou pela superação dos objetivos departamentais estabelecidos no
plano de resultados. Uma conscientização constante em relação ao orçamento
é necessária em toda a organização. Todos os níveis hierárquicos devem enten-
der muito bem o programa, estar convencidos de sua relevância para as suas
respectivas funções e participar de maneira significativa em sua execução.
• O plano de resultados não deve tomar o lugar da administração: o manual
de orçamentos de uma importante organização diz o seguinte a respeito: “o plano
de resultados não deve ser visto como senhor, mas como escravo. É um dos me-
lhores instrumentos até hoje concebidos para facilitar o funcionamento de uma
organização e a atuação dos indivíduos nas suas diversas esferas da administração.
Não acreditamos que o plano de resultados seja perfeito, O mais importante é fazer
com que todos os benefícios dele sejam obtidos ao usá-lo inteligentemente”.
capítulo 1 • 27
Como o departamento financeiro lida com os recursos financeiros, logica-
mente, será o responsável pela implantação e pelo controle do orçamento. É im-
portante lembrar-se de que, em organizações de grande porte, o departamento
financeiro é subdividido em duas áreas, conforme se pode observar na figura 1.5.
Departamento
Financeiro
Controladoria Tesouraria
Auditoria Caixa
28 • capítulo 1
deverá fazer seus orçamentos de gastos, lembrando-se de que o departamento
comercial, além de orçar seus gastos, deverá elaborar a projeção de receitas, ou
seja, o orçamento de vendas.
Sugere-se, ainda, que o processo de elaboração de um orçamento empresa-
rial comece dois ou três meses antes do início de um novo exercício contábil.
Sua condução e sua operacionalização, que é realizada pela área de orçamento,
devem seguir as seguintes etapas:
1. A área de orçamento solicita ao departamento comercial a projeção
anual de vendas (quantidades e preços de cada um dos produtos).
2. A projeção de vendas é repassada aos outros departamentos, para que
eles a utilizem como base para projetar seus gastos anuais. Exemplo: o departa-
mento de produção só poderá projetar os gastos com compra de matérias-primas
após saber o quanto será vendido, ou seja, tendo em mãos a projeção de vendas.
3. Utilizando-se as projeções de receitas e de gastos, o departamento de
orçamento elabora a projeção da Demonstração do Resultado do Exercício
(DRE) para o ano seguinte.
4. A DRE projetada é levada à alta administração para aprovação.
Mudanças podem ser sugeridas e negociadas com os departamentos.
5. Depois deste processo de “lapidação”, a projeção da DRE é aprovada pela
alta administração, e os orçamentos são distribuídos aos departamentos, ou seja, o
departamento comercial passa a saber quanto deverá vender durante o ano que irá
iniciar-se, assim como os outros departamentos saberão quanto poderão gastar.
6. A execução dos orçamentos pelos departamentos é acompanhada pela
área de orçamento durante todo o exercício contábil.
capítulo 1 • 29
Na sequência, serão apresentados alguns dados e algumas características
da indústria que será utilizada no exemplo fictício a seguir.
ATIVIDADES
Para que você possa revisar os conceitos teóricos apresentados, responda às seguintes
questões:
01. O que são sistemas? As organizações podem ser consideradas sistemas abertos? Por
quê?
30 • capítulo 1
02. No estudo da administração, as palavras orçamento e cotação de preços tem o mesmo
significado? Comente.
04. As organizações devem adotar alguns princípios antes de iniciar a elaboração de seu
processo orçamentário? Por quê?
05. Caso fosse diretor executivo de uma organização, você implantaria um processo orça-
mentário para gerenciá-la? Comente sua resposta abordando as vantagens e limitações
que tal instrumento financeiro apresenta.
REFLEXÃO
É importante que tenha ciência que o processo orçamentário em uma organização deve ser
elaborado levando-se em conta o conceito de sistemas abertos, ou seja, os gestores que o
elaborarão devem ter consciência que os fatores ambientais deverão ser muito bem analisa-
dos (governo, concorrentes, clientes, fornecedores etc.), pois, com certeza, influenciarão nos
resultados que poderão ser obtidos por meio da utilização do orçamento.
Orçamento empresarial é a projeção de receitas e gastos que uma organização elabora
para um determinado período de tempo. Atualmente, a grande maioria das organizações
de grande porte utiliza o orçamento como um instrumento de planejamento e controle de
suas atividades. As vantagens que uma organização pode obter, ao implantar um programa
orçamentário, só serão efetivamente obtidas caso sejam seguidos alguns princípios. Tal ins-
trumento possui limitações; portanto, deve-se ficar muito atento a elas. Em grandes organiza-
ções, existe uma área chamada Orçamento, ligada à Controladoria, que fica responsável pela
condução do processo orçamentário, que é composto por seis etapas.
Ao terminar de ler este capítulo do livro, esperamos que você tenha compreendido a im-
portância do orçamento empresarial para as organizações, assim como sua importância para
sua própria vida, pois as pessoas físicas também devem elaborar seu próprio orçamento, ou
seja, projetar suas receitas e gastos para o futuro.
capítulo 1 • 31
LEITURA
Sugere-se a leitura de dois artigos, cujos dados estão discriminados na sequência:
Título do artigo: Como Elaborar o Orçamento Empresarial
Autor: João Paulo S. Schaeppi
Fonte:
<http://www.catho.com.br/cursos/index.php?p=artigo&id_artigo=711&acao=exibir>
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARNEIRO, Murilo. Administração de Organizações: teoria e lições práticas. São Paulo: Atlas, 2012.
CHIAVENATO, Idalberto. Administração: teoria, processo e prática. 3. ed. São Paulo: Makron Books,
2000.
FREZATTI, Fábio. Orçamento Empresarial: planejamento e controle gerencial. 4. ed. São Paulo: Atlas,
2007.
GITMAN, Lawrence J. Princípios de administração financeira – essencial. 2. ed. Porto Alegre:
Bookman, 2001.
LUNKES, João Rogério. Manual de Orçamento. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
MAXIMIANO, Antonio César Amaru. Introdução à administração. 8. ed. São Paulo, Atlas, 2011.
MORAES, Anna Maris Pereira de. Iniciação ao estudo da administração. São Paulo: Makron Books,
2000.
PADOVEZE, Clóvis L., TARANTO, Fernando C. Orçamento Empresarial: novos conceitos e técnicas.
São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009.
SANVICENTE, Antônio Zoratto; SANTOS, Celso da Costa. Orçamento na Administração de
Empresas: planejamento e controle. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1983.
WELSCH, Glenn Albert. Orçamento Empresarial. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1996.
WRIGHT, Peter L.; KROLL, Mark J.; PARNELL, John. Administração estratégica: conceitos. São
Paulo: Atlas, 2000.
32 • capítulo 1
2
Orçamento de
Vendas e de
Produção
No capítulo 2 você aprenderá o conceito e as principais características do orça-
mento de vendas, assim como as restrições internas e externas que devem ser
levadas em conta durante sua elaboração. Além disso, conhecerá a importância
de uma organização conhecer suas políticas de marketing (4Ps) para a elabo-
ração de tal orçamento. Você também verá que os tributos exercem impactos
nas vendas e, por meio de um exemplo fictício, terá contato com os relatórios
gerenciais de um orçamento de vendas.
Na sequência, aprenderá o conceito e as principais características do orça-
mento de produção, assim como os condicionantes que devem ser levados em
conta durante sua elaboração, ou seja, as condições ideais que outros departa-
mentos gostariam que nele existissem. Além disso, conhecerá os três métodos
que as organizações podem utilizar para programar a produção dos produtos
que o departamento comercial projetou vender. Os fatores que influem no vo-
lume dos estoques e o papel do departamento de compras também serão temas
apresentados nesse capítulo. No final, por meio de um exemplo fictício, conhe-
cerá com mais detalhes o plano de produção constante, que é um dos três tipos
de plano de produção existentes.
OBJETIVOS
Conhecer o conceito e as condições necessárias para que uma organização elabore seu or-
çamento de vendas, assim como uma sugestão de método para que ele possa ser elaborado.
Aprender os métodos que podem ser utilizados para a elaboração do orçamento de produ-
ção, assim como suas vantagens e desvantagens. Dessa forma, você estará apto a identificar
o tipo de plano de produção que mais se adéqua as características de uma determinada
organização. Acompanhar a elaboração e a formalização dos orçamentos de vendas e de
produção de uma empresa fictícia do segmento industrial.
34 • capítulo 2
2.1 Conceito de orçamento de vendas
Conforme explicado no capítulo 1, o orçamento de vendas deve ser a primei-
ra etapa no processo de elaboração de um orçamento empresarial. Os outros
departamentos só poderão orçar seus gastos após o departamento comercial
elaborar o orçamento de vendas. Essa exigência pode ser entendida mais fa-
cilmente quando imaginamos uma situação prática: como o departamento de
produção irá orçar os gastos com compra de matérias-primas antes de saber
quantas unidades serão vendidas durante o ano?
Diante dessa explicação, visualiza-se a importância do orçamento de vendas
no processo orçamentário de uma organização. Para que você possa entender
tal importância, podemos fazer a seguinte comparação: se o orçamento empre-
sarial fosse um “trem”, o orçamento de vendas seria a “locomotiva”, ou seja, to-
dos os outros “vagões” dependem dele. Não se esqueça de que os vagões seriam
os orçamentos de gastos dos outros departamentos.
capítulo 2 • 35
O orçamento de vendas é formado pelas previsões de vendas de um período deter-
minado. Ele estima as quantidades de cada produto e serviço que a empresa planeja
vender ou prestar, define o preço a ser praticado, impostos incidentes e a receita a ser
gerada, como também pode tratar da quantidade de clientes a serem atendidos, as
condições básicas dessa venda, à vista ou a prazo, entre outras informações. Geral-
mente, ele serve de base para as outras peças orçamentárias, por isso, se suas esti-
mativas não forem precisas poderão inviabilizar o controle orçamentário como um todo.
(LUNKES, 2009, p. 42)
36 • capítulo 2
vendas. Caso tais condições não sejam observadas, as projeções terão uma pos-
sibilidade muito maior de não se tornarem realidade.
Existem diversos condicionantes que podem afetar negativamente a proje-
ção de vendas de uma organização; portanto, devem ser minuciosamente ana-
lisados. Sanvicente e Santos (1983) chamam tais condicionantes de restrições e
as classificam como internas e externas.
Entre as restrições internas, podemos destacar:
capítulo 2 • 37
A adequação dos recursos financeiros para investimentos em imobilizados e capital de
giro também possui grande significado para o planejamento administrativo. Este aspec-
to envolve o tesoureiro da empresa no planejamento das vendas, pois reflete o proble-
ma do financiamento da produção, dos investimentos em imobilizado e dos esforços
comerciais implícitos no plano de vendas. Além da adequação do capital disponível, há
também o problema de liquidez. Saldos de caixa são necessários para pagar salários,
adquirir equipamentos, matérias-primas, estoques, efetuar despesas, liquidar dívidas e
pagar dividendos, e,apesar disso, as vendas poderão não proporcionar o volume de
recursos líquidos apropriado se as vendas a prazo forem excessivas e o processo de
cobrança for muito lento. (WELSCH, 1996, p. 124)
38 • capítulo 2
Evidentemente, não há condições para quantificar a repercussão das restrições inter-
nas e externas a um elevado nível de detalhe e precisão, mas por intermédio de uma
coordenação eficaz dos esforços dos executivos experientes torna-se possível a iden-
tificação das grandes restrições às vendas da empresa. (SANVICENTE E SANTOS,
1983, p. 45)
capítulo 2 • 39
A política de preços é de fundamental importância para qualquer empresa, em especial
para empresas varejistas. Os supermercados têm, na política de preços, um de seus
mais importantes instrumentos; como exemplo, costuma-se citar a política de preços
chamariz, por meio da qual mantêm-se alguns produtos de grande aceitação com pre-
ços reduzidos, que são anunciados em jornais, atraindo, assim, um número maior de
consumidores, que terminarão por levar outros produtos com preços majorados. Com
esta política, a rentabilidade final é maior, compensando, assim, os prejuízos parciais
nos produtos em oferta. (SANVICENTE E SANTOS, 1983, p. 47)
© GREG SALIBIAN / FOLHAPRESS
Para indicar a importância das decisões em relação à linha de produtos, basta dizer que
vários estudos recentes sobre as causas da falência de empresas têm demonstrado
que uma das causas mais importantes é a incapacidade da administração de acompa-
nhar os concorrentes da empresa em termos de desenvolvimento, aperfeiçoamento e
concepção de produtos. (WELSCH, 1996, p. 107)
40 • capítulo 2
© SAID TAYAR SEGUNDO
capítulo 2 • 41
2.4 Impactos dos tributos no orçamento de
vendas
Será apresentado, no próximo item do livro, um exemplo prático para que você
visualize como deve ser a configuração de um relatório gerencial de projeção
das vendas, que é o “produto final” do processo de desenvolvimento do orça-
mento de vendas. Porém, para efeito de simplificação, utilizaremos os preços
de venda líquidos dos produtos, que são obtidos deduzindo-se os tributos que
incidem diretamente no preço de venda bruto: ICMS, IPI, PIS, COFINS e ISS.
Os autores que abordam o tema orçamento empresarial, didaticamente,
costumam utilizar o conceito de preço de venda líquido. Acreditamos que isso
se deve ao fato de as empresas, na prática, só poderem contar, efetivamente,
com o valor do faturamento líquido (preço de venda líquido do produto ou ser-
viço x quantidade vendida), pois, posteriormente, os valores destinados ao pa-
gamento dos tributos deverão ser repassados ao fisco.
Para que tal conceito fique mais claro, basta imaginar sua realidade como
pessoa física: para pagar suas despesas, você leva em conta o valor do seu salá-
rio bruto ou líquido? Com certeza, deve ser levado em conta o valor do salário
líquido! Nas empresas, este conceito também deve ser levado em conta, porém,
no caso delas, os tributos não são descontados diretamente na fonte, como
ocorre com as pessoas físicas. Esse fato, inclusive, é preocupante, porque as
empresas podem acabar gastando o montante que deveria ser destinado ao pa-
gamento dos tributos, visto que tal valor entra em seu caixa, pois os clientes, ao
adquirem os produtos ou serviços que são oferecidos, pagam o preço de venda
bruto (preço de venda líquido + impostos sobre o preço).
Apesar de utilizarmos neste livro o conceito de preço líquido, na prática,
para formarem os preços de venda de seus produtos ou serviços, as empresas
devem levar em conta os tributos, pois seus clientes, na realidade, deverão de-
sembolsar o preço de venda bruto. Segundo Assef (2005), nossa estrutura tribu-
tária é extremamente complexa, portanto, é de fundamental importância que a
conheçamos, pois vários tributos são correlacionados diretamente aos preços
de venda praticados. Diante disso, serão apresentadas algumas considerações
sobre os principais tributos que devem ser levados em conta no processo de
formação de preços.
42 • capítulo 2
Os tributos associados ao processo de formação dos preços de venda po-
dem ser classificados como gerais, incidentes em quase todas as empresas, e
específicos, incidentes em algumas operações, apenas. Como tributos gerais,
associados à maioria das operações, temos, basicamente, a COFINS e o PIS.
Como tributos específicos, os quais incidem apenas na formação de preços de
algumas empresas, em função da natureza de sua atividade (prestação de ser-
viços, comércio ou indústria), temos, basicamente, o IPI, o ICMS e o ISS. Vale
ressaltar que a COFINS, o PIS e o IPI são tributos federais, o ICMS é estadual e
o ISS é municipal.
capítulo 2 • 43
o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas
FATO GERADOR auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua
denominação ou classificação contábil.
44 • capítulo 2
montante da operação, incluindo o frete e despesas acessó-
rias cobradas do adquirente/consumidor. A base de cálculo
varia de acordo com o fato tributável. Caso se trate de circu-
FATO GERADOR lação de mercadorias, a base de cálculo será o valor da mer-
cadoria objeto de comercialização. Considerando-se os outros
fatos geradores, a base de cálculo poderá ainda ser o preço
do serviço, em se tratando de transporte e comunicação.
capítulo 2 • 45
O relatório gerencial deve ser elaborado com riqueza de dados, para que o di-
retor-comercial e a alta administração possam visualizar detalhes do orçamento
de vendas. Porém, também deve ser elaborado de uma forma didática e clara,
para que, posteriormente, facilite o processo de controle das metas estipuladas.
Frezatti (2007) ressalta que os relatórios gerenciais orçamentários devem
possuir atributos.Elencaremos alguns a seguir.
46 • capítulo 2
Apesar de existirem sistemas de informações gerenciais mais modernos, os
Enterprise Resource Planning (ERPs) que contêm um módulo de ajuda para o
cálculo e para a elaboração de relatórios gerenciais de orçamento, Padoveze e
Taranto (2009) afirmam que evidências apontam que a grande maioria das em-
presas ainda utiliza o software Excel, da Microsoft.
Visando aliar teoria e prática, você pode visualizar, por intermédio da tabela 2.3,
o relatório gerencial analítico do orçamento de vendas da Pápien Ferramentas,
empresa fictícia apresentada no capítulo 1. Repare que o relatório permite que
sejam visualizados diversos dados sobre as projeções de vendas da empresa:
quantidades, valores, produtos, intervalos de tempo e áreas geográficas. Para a
elaboração da tabela 2.2, foram atribuídos diferentes preços líquidos* para os
três produtos fabricados pela empresa e, para os meses do segundo semestre,
foi considerado um reajuste de 9% para todos eles (vide tabela 2.1).
*A tabela 2.2 apresenta os preços de venda líquidos dos produtos, que são
obtidos deduzindo-se os impostos que incidem diretamente no faturamento
bruto: ICMS, IPI, PIS, COFINS e ISS. Portanto, no orçamento da empresa Pápien,
para efeito de simplificação, não constarão os gastos com tais impostos.
VARIAÇÃO %
PREÇOS DE VENDA PREÇOS DE VENDA
PARA O 2º
1º SEMESTRE 2º SEMESTRE
SEMESTRE
Pá R$ 17,00 Pá 9% Pá R$ 18,53
capítulo 2 • 47
Utilizando o relatório gerencial do orçamento de vendas (vide tabela 2.3),
que foi estruturado de forma mais analítica (dados mais detalhados), podemos
elaborar um relatório mais sintético, onde os dados são consolidados em pro-
dutos e valores, utilizando somente a unidade de tempo ano. Por intermédio
desse novo relatório (vide tabela 2.4), visualizamos que a empresa projeta um
faturamento anual líquido de $ 774.910,99. Este dado será utilizado no capí-
tulo 5, quando será elaborada a projeção da Demonstração do Resultado do
Exercício (DRE) da empresa Pápien.
48 • capítulo 2
FILIAL SÃO PAULO
Meses Janeiro Fevereiro Março
capítulo 2 • 49
FILIAL PORTO ALEGRE
Meses Abril Maio Junho
FILIAL RECIFE
Meses Janeiro Fevereiro Março
FILIAL RECIFE
Meses Abril Maio Junho
50 • capítulo 2
FILIAL SÃO PAULO
Meses Janeiro Fevereiro Março
capítulo 2 • 51
FILIAL PORTO ALEGRE
Meses Abril Maio Junho
FILIAL RECIFE
Meses Janeiro Fevereiro Março
FILIAL RECIFE
Meses Abril Maio Junho
52 • capítulo 2
FATURAMENTO ANUAL PROJETADO (R$)
capítulo 2 • 53
O orçamento de produção é o primeiro passo do planejamento de operações de fabri-
cação. Além do orçamento de produção, há três outros orçamentos importantes rela-
cionados ao processo de fabricação: (1) o orçamento de matérias-primas, que envolve
as estimativas das exigências de matérias-primas; (2) o orçamento de mão de obra,
que indica a quantidade e o custo da mão de obra direta; (3) o orçamento dos custos
indiretos de produção, que inclui as estimativas de todos os custos de produção além
da matéria-prima e da mão de obra direta. (WELSCH, 1996, p. 129)
54 • capítulo 2
2.6.1 Condicionantes do plano de produção
capítulo 2 • 55
A elaboração do orçamento de produção tende a minimizar o clássico conflito en-
tre as áreas de produção e vendas, pois cria a possibilidade de um diálogo maior
entre essas áreas, e a sua conclusão permite que as argumentações dos dois la-
dos sejam avaliadas quantitativamente. Ou seja, os executivos de produção pode-
rão demonstrar, por exemplo, a conveniência de reformular o orçamento de vendas,
dando maior ênfase a produtos mais rentáveis sob o ponto de vista da produção.
(SANVICENTE E SANTOS, 1983, p. 59)
56 • capítulo 2
© AFP / MANDEL NGAN
Exemplo: as indústrias do setor farmacêuti-
co normalmente utilizam o tipo de produção
constante, pois seus produtos podem ficar es-
tocados por grande período de tempo, devido
ao fato de não serem altamente perecíveis.
Figura 2.2 – Produção ao nível das vendas. Fonte: Adaptado de Sanvicente e Santos (1983).
capítulo 2 • 57
9. Produção por ciclos: consiste na fabricação contínua da quantidade to-
tal anual de determinado produto, durante certo período de tempo (vide figura
2.3). Na indústria de vidros, segundo Sanvicente e Santos (1983), este método é
utilizado porque mudar a coloração dos vidros fabricados implica atrasos con-
sideráveis no processo produtivo. Exemplo: o vidro plano de cor verde é produ-
zido ininterruptamente durante dois ou três meses e, posteriormente, ao longo
do ano, a produção estocada será gradativamente consumida.
Para que o diretor do departamento de produção possa definir qual das três
opções irá utilizar para fabricar os produtos, deve, além de avaliar os condicio-
nantes sugeridos pelos outros departamentos (vide tabela 2.5), analisar as van-
tagens e desvantagens que as três opções apresentam (vide tabela 2.6). Dentre
os critérios que devem ser levados em conta para a definição do tipo de plano de
produção, deve-se dar atenção especial à política de estocagem.
58 • capítulo 2
O planejamento e o controle dos estoques são dois dos problemas mais ignora-
dos em todo o processo de administração. Essa omissão frequentemente resul-
ta numa falta crítica de produtos e na impossibilidade de cumprir datas de entrega
ou, no caso oposto, numa acumulação excessiva de estoques de certos produtos.
(WELSCH, 1996, p. 137)
capítulo 2 • 59
OPÇÕES DE VANTAGENS DESVANTAGENS
FABRICAÇÃO
Tabela 2.6 – Vantagens e desvantagens das três opções para fabricação dos produtos.
60 • capítulo 2
© ERNESTO KÜHN / ARQUIVO PÚBLICO E HISTÓRICO DE RIBEIRÃO PRETO
capítulo 2 • 61
c) Estoque de produtos acabados: refere-se ao estoque de produtos pron-
tos à disposição para vendas;
d) Estoque em trânsito: refere-se ao estoque em caminhões, navios e avi-
ões em trânsito para a produção ou para comercialização;
e) Estoque em consignação: refere-se, normalmente, ao estoque de pro-
priedade da indústria no comércio;
f) Estoque de mercadorias: refere-se ao estoque de propriedade do
comércio;
g) Estoque de materiais de consumo e almoxarifado: inclui, entre outros,
todos os itens destinados ao consumo industrial, tais como: materiais de con-
sumo de escritório, material de limpeza etc.
62 • capítulo 2
MERCADORIAS E PRODUTOS ACABADOS
capítulo 2 • 63
MATÉRIAS-PRIMAS, COMPONENTES E EMBALAGENS
64 • capítulo 2
Pontos de vista que diferem sobre os níveis apropriados de estoque existem comumente
entre os administradores financeiros, de vendas, de produção (ou operações) e de com-
pras de uma empresa. Cada um deles vê os níveis de estoque sob a luz de seus próprios
objetivos. O gerente financeiro quer mantê-los baixos, para assegurar que o caixa da em-
presa não esteja sendo investido de forma pouco inteligente. O gerente de vendas quer
manter os estoques de produtos acabados alto, para assegurar que todos os pedidos
sejam atendidos rapidamente, eliminando a necessidade de pedidos em aberto devido
à falta de estoque. O gerente de produção (ou de operações) quer seguir o cronograma
que foi definido previamente no plano de produção (orçamento), fabricando os produtos
com qualidade e baixo custo. O gerente de compras está preocupado somente com o es-
toque de matérias-primas, buscando adquiri-las em maior quantidade, visando obter des-
contos e prazos maiores de pagamento com os fornecedores.(GITMAN, 2003, pág. 534)
capítulo 2 • 65
• Suprir a organização com um fluxo seguro de materiais e serviços neces-
sários para atender às atividades da organização;
• Adquirir materiais e serviços de maneira eficaz, obtendo, de maneira éti-
ca, a melhor relação custo-benefício;
• Assegurar continuidade de suprimento para manter relacionamentos efe-
tivos com fornecedores existentes e buscar outras fontes de suprimento para
atender a necessidades planejadas ou emergenciais;
• Manter relacionamentos cooperativos com outros departamentos, forne-
cendo e recebendo informações e aconselhamentos necessários para assegurar
a operação eficaz de toda a organização;
• Negociar eficazmente com fornecedores que buscam benefícios mútuos
por meio de desempenho economicamente superior;
• Selecionar os melhores fornecedores do mercado;
• Manter o equilíbrio correto entre qualidade e valor;
• Monitorar as tendências do mercado de suprimentos.
A área de compras não deve apenas adquirir determinado material para ser utilizado no
processo produtivo, mas também, por exemplo, adquirir um produto de qualidade, que inclua
serviços, materiais ou componentes que sejam econômicos. Isso, por sua vez, pressupõe
que esse produto seja atraente para o fornecedor vender, a empresa processar e o cliente
consumir. Uma área de compras fraca, que, por exemplo, simplesmente adquire o que a
produção solicita, perde a oportunidade de contribuir para a adição de valor ao processo
produtivo. Isso não significa que a área de compras deve, por exemplo, usurpar a função de
projeto do produto, mas deve informar às outras áreas da empresa as restrições e oportuni-
dades relacionadas às especificações do produto. (MATIAS, 2007, p. 112)
66 • capítulo 2
ou serviço, incluindo estocagem, inspeção, conserto, retificação, defeitos, manu-
tenção, impostos alfandegários etc. Por meio do tabela 2.7, você pode observar
algumas informações que o departamento financeiro deve levantar e organizar
para auxiliar o departamento de compras em sua tomada de decisão.
FORNECEDORES A B C
Preço a prazo por unidade (sem IPI) 120,00 110,00 120,00
capítulo 2 • 67
2º PASSO: DESCONTAR O VALOR DO CRÉDITO DE ICMS DO CUSTO
TOTAL DE AQUISIÇÃO
Preço a prazo por unidade (sem IPI) 120,00 110,00 120,00
MELHOR OPÇÃO X
*OBS: o valor dos encargos financeiros representa a taxa de juros que o fornecedor está
cobrando nas vendas cujo pagamento será efetuado a prazo.
68 • capítulo 2
cial, como se deve formalizar um plano de produção para os produtos fabrica-
dos por uma indústria.
Visando aliar teoria e prática, você pode visualizar, por intermédio das tabe-
las 2.8, 2.12 e 2.14, os planos de produção para o três produtos fabricados pela
Pápien Ferramentas, empresa fictícia apresentada no capítulo 1. Após analisar
as vantagens e desvantagens oferecidas pelas três opções para fabricar seus
produtos, o diretor do departamento de produção da Pápien Ferramentas op-
tou pela produção constante.
O preenchimento de um relatório gerencial para formalizar um plano de
produção constante deve seguir as seguintes etapas:
1º) O relatório deve conter doze “colunas”, representando os doze meses do
ano, e quatro “linhas”, contendo os seguintes dados: “vendas”, “estoque final”,
“estoque inicial” e “produção”. Deve-se montar um relatório para cada produto.
2ª) Preencher a “linha vendas” com as previsões de vendas de cada produto,
obtidas no relatório gerencial do orçamento de vendas.
3ª) Preencher a “linha produção” com a quantidade mensal média de pro-
dutos a serem fabricados para atender à demanda anual. Para se identificar a
quantidade mensal média, deve-se somar as demandas mensais projetadas e di-
vidir o resultado por 12 (vide tabela 2.8). Exemplo: como a Pápien Ferramentas
adotou um plano de produção constante, então ela deverá produzir mensal-
mente 946 unidades de pás, pois 11.353 / 12 = 946.
Meses Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Total
Vendas 667 477 558 505 752 1.411 1.034 1.821 869 905 1.099 1.255 11.353
capítulo 2 • 69
6ª) Caso surjam valores negativos, deve-se refazer o plano de produção, co-
locando o maior valor negativo encontrado como estoque inicial de janeiro.
Dessa forma, em nenhum mês do ano, haverá falta de produto para atender à
demanda.
Para que fique mais fácil de você entender as etapas 4, 5 e 6 do processo de for-
malização de um plano de produção, em cada produto fabricado pela Pápien
(pá, enxada e picareta), serão apresentadas duas tabelas. A primeira será cha-
mada de “simulação do plano de produção”, pois nela poderão surgir valores
negativos. A segunda tabela será chamada de “plano de produção final”, pois
nela haverá, caso necessário, uma quantidade de estoque inicial, em janeiro,
diferente de zero (0).
70 • capítulo 2
Depois de se colocar “0” no “campo” estoque inicial de janeiro, como se encontra o
estoque inicial de fevereiro? Simples! Basta elaborar o seguinte cálculo:
estoque final de janeiro = estoque inicial de janeiro + produção – vendas;
estoque final de janeiro = 0 + 946 – 667 ;
estoque final de janeiro = 279.
Obs. – Lembre-se de que o estoque final de janeiro será o mesmo que o estoque inicial
de fevereiro.
Como o maior valor negativo encontrado na simulação foi “1”, coloca-se tal valor no
estoque inicial de janeiro da tabela 2.5.
capítulo 2 • 71
MESES JAN FEV MAR ABR MAI JUN
Vendas 1.545 2.089 1.453 943 3.267 1.872
72 • capítulo 2
MESES JAN FEV MAR ABR MAI JUN
Vendas 253 272 318 319 332 425
capítulo 2 • 73
ATIVIDADES
01. Refaça os relatórios gerenciais analítico e sintético do orçamento de vendas da Pápien
(tabelas 2.16 e 2.17), utilizando as novas projeções de quantidades (tabela 2.16) e os novos
preços de venda (tabela 2.15) fornecidos para os três produtos que tal indústria fabrica.
Tabela 2.15 – Novos preços dos produtos para elaboração do orçamento de vendas.
Total
74 • capítulo 2
MESES DO PRIMEIRO SEMESTRE
(SOMATÓRIO DAS PROJEÇÕES DAS TRÊS UNIDADES)
Meses Abril Maio Junho
Total
Total
Total
capítulo 2 • 75
FILIAL PORTO ALEGRE
Meses Janeiro Fevereiro Março
Total
Total
FILIAL RECIFE
Meses Janeiro Fevereiro Março
Total
76 • capítulo 2
FILIAL RECIFE
Meses Abril Maio Junho
Total
Total
Total
capítulo 2 • 77
FILIAL SÃO PAULO
Meses JULHO AGOSTO SETEMBRO
Total
Total
Total
78 • capítulo 2
FILIAL PORTO ALEGRE
Meses OUTUBRO NOVEMBRO DEZEMBRO
Total
FILIAL RECIFE
Meses JULHO AGOSTO SETEMBRO
Total
FILIAL RECIFE
Meses OUTUBRO NOVEMBRO DEZEMBRO
Total
Tabela 2.16 – Novo relatório gerencial analítico do orçamento de vendas da empresa Pápien.
capítulo 2 • 79
FATURAMENTO ANUAL PROJETADO ($)
Total da Filial Filial
Produtos Filial Recife
Empresa São Paulo Porto Alegre
Pá
Enxada
Picareta
Total
Tabela 2.17 – Novo relatório gerencial sintético do orçamento de vendas da empresa Pápien.
02. Refaça as simulações e os planos de produção dos três produtos fabricados pela Pá-
pien, utilizando as previsões mensais de vendas que foram apresentadas na tabela 2.16 da
atividade anterior. Lembre-se que o diretor do departamento de produção da empresa optou
pelo tipo de produção constante
Est. Final
Est. Inicial
Produção
Est. Final
Est. Inicial
Produção
80 • capítulo 2
MESES JAN FEV MAR ABR MAI JUN
Vendas 727 537 618 565 812 1.471
Est. Final
Est. Inicial
Produção
Est. Final
Est. Inicial
Produção
Est. Final
Est. Inicial
Produção
Est. Final
Est. Inicial
Produção
capítulo 2 • 81
MESES JAN FEV MAR ABR MAI JUN
Vendas 1.485 2.029 1.393 883 3.207 1.812
Est. Final
Est. Inicial
Produção
Est. Final
Est. Inicial
Produção
Est. Final
Est. Inicial
Produção
Est. Final
Est. Inicial
Produção
82 • capítulo 2
MESES JAN FEV MAR ABR MAI JUN
Vendas 553 572 618 619 632 725
Est. Final
Est. Inicial
Produção
Est. Final
Est. Inicial
Produção
REFLEXÃO
O orçamento de vendas deve ser a primeira etapa no processo de elaboração de um orça-
mento empresarial. Os outros departamentos só poderão orçar seus gastos após o departa-
mento comercial elaborar o orçamento de vendas. Em organizações do segmento industrial,
quando o departamento comercial finaliza a projeção das quantidades a serem vendidas de
cada produto, o departamento de produção deve se programar para fabricá-las, ou seja, deve
elaborar os planos de produção. Existem, basicamente, três opções para se elaborar os pla-
nos de produção. Para que o gestor do departamento de produção possa definir qual delas
irá utilizar, deve, além de avaliar os condicionantes sugeridos pelos outros departamentos,
analisar as vantagens e desvantagens que as três opções apresentam.
capítulo 2 • 83
LEITURA
Sugere-se a leitura de dois artigos, cujos dados estão discriminados na sequência:
Título: Como realizar a Previsão de Vendas
Autor: Treasy – Planejamento e Controladoria
Fonte:
<http://www.treasy.com.br/blog/como-realizar-a-previsao-de-vendas-e-projecao-de-
faturamento-de-sua-empresa>
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSAF NETO, Alexandre. Finanças corporativas e valor. São Paulo: Atlas, 2003.
ASSEF, R. Guia prático de formação de preços. Rio de Janeiro: Campus, 2005.
FREZATTI, Fábio. Orçamento Empresarial: planejamento e controle gerencial. 4. ed. São Paulo: Atlas,
2007.
GITMAN, Lawrence J. Princípios de administração financeira – essencial. 2. ed. Porto Alegre:
Bookman, 2001.
LUNKES, João Rogério. Manual de Orçamento. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
MATIAS, Alberto Borges (coordenador). Finanças corporativas de curto prazo: a gestão do valor do
capital de giro. São Paulo: Atlas, 2007.
MEGLIORINI, Evandir, DA SILVA, Marco Aurélio Vallim Reis. Administração Financeira: uma
abordagem prática. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009.
PADOVEZE, Clóvis L., TARANTO, Fernando C. Orçamento Empresarial: novos conceitos e técnicas.
São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009.
SANVICENTE, Antônio Zoratto; SANTOS, Celso da Costa. Orçamento na Administração de
Empresas: planejamento e controle. 2º. ed. São Paulo: Atlas, 1983.
SOBANSKI, Jaert J. Prática de Orçamento Empresarial. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1994.
WELSCH, Glenn Albert. Orçamento Empresarial. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1996.
84 • capítulo 2
3
Orçamento dos
Custos de Produção
No capítulo 3 você descobrirá que os gastos de uma organização são classifi-
cados em várias categorias e os custos são uma dessas categorias. Aprenderá
o conceito e as principais características dos custos diretos (matérias-primas
e mão-de-obra direta) e dos custos indiretos (energia elétrica, manutenção das
máquinas da linha de produção etc.). Por meio de um exemplo fictício, conhe-
cerá com mais detalhes o orçamento dos custos de produção.
OBJETIVOS
Conhecer a classificação dos tipos de gastos e os conceitos e características dos gastos
ligados à geração do produto ou do serviço, chamados de custos. Ao final do capítulo, você
estará apto a identificar e orçar os três tipos de custos de uma organização: matérias-primas,
mão-de-obra direta e custos indiretos. Por meio de um exemplo prático, você acompanhará
o processo de elaboração e de formalização dos três tipos de orçamentos de custos de uma
empresa fictícia do segmento industrial.
86 • capítulo 3
3.1 Classificação dos gastos de uma
organização
No item 2.6 você aprendeu que, didaticamente, a segunda etapa do processo de ela-
boração de um orçamento empresarial pode ser dividida em três passos: 1º) defini-
ção do plano de produção; 2º) projeção dos custos (matérias-primas; mão-de-obra
direta e custos indiretos) e 3º) projeção das despesas (comerciais e administrativas).
Os conceitos teóricos e alguns exemplos práticos sobre a definição dos
planos de produção dos produtos de uma indústria já foram apresentados.
Portanto, este item do livro será destinado à apresentação do segundo passo da
segunda etapa do processo de elaboração do orçamento empresarial, ou seja,
as projeções dos custos. Porém, antes de iniciarmos o tema, é importante que
você saiba a diferença entre gastos, custos e despesas.
Em uma organização, podemos conceituar gastos como saídas de caixa, que
tiveram o objetivo de gerar receitas. De acordo com Frezatti (2007), os gastos
podem ser classificados em quatro categorias (vide figura 3.1):
capítulo 3 • 87
Despesa
Gasto Investimento
Custo
Perda
Figura 3.1 – Projeção de gastos – investimentos, despesas, custos e perdas. Orçamento dos
custos diretos. Fonte: Frezatti (2007, p. 74).
88 • capítulo 3
3.2.1 Orçamento das matérias-primas
capítulo 3 • 89
Entre as três etapas apresentadas, na prática, a terceira é a mais difícil de ser
elaborada. A dificuldade está no fato de o departamento de produção ter de orçar
quanto pagará pelas matérias-primas, sendo que o preço será definido pelos forne-
cedores e não por ele mesmo. Portanto, para que possa elaborar tal orçamento, a
empresa deverá conhecer as políticas de reajuste de preços de seus fornecedores.
Sobanski (2000) afirma que, em certos casos, o custo de um controle sofisticado e ri-
goroso da MOD pode não ser compensado pelos benefícios obtidos. Em consequência,
várias empresas contentam-se com registros apenas razoavelmente exatos.
Segundo Sanvicente e Santos (1983), para que se possa elaborar esse orçamento,
são necessários dois dados para cada um dos produtos fabricados pela empresa:
90 • capítulo 3
Se na fabricação do produto estiverem envolvidos operários (ou setores) com salários
significativamente diferenciados, Sobanski (2000) comenta que o processo de fabrica-
ção deverá ser desdobrado em suas múltiplas operações industriais (ou nos setores)
que o compõem; para cada operação (ou setor), será obtido o tempo médio, o salário/
hora médio e a remuneração líquida da MOD.
capítulo 3 • 91
3º) O responsável pelo departamento, após conhecer a quantidade de ser-
viços, deve projetar os gastos totais mensais para que o serviço possa ser pres-
tado. Exemplo: o responsável pelo departamento de manutenção deve projetar
os gastos necessários para fazer a manutenção das máquinas, que são utiliza-
das para fabricar os produtos que a empresa comercializa. Como exemplos de
gastos, podemos citar: salário e encargos dos funcionários, peças de reposição,
material de escritório etc.
4º) Ratear os gastos do departamento pelos produtos que são fabricados
pelo departamento de produção. Normalmente, este rateio é elaborado com
o auxílio das áreas de orçamento e contabilidade de custos, subordinadas à
controladoria. Ao se fazer o rateio, pode-se identificar os valores dos custos in-
diretos para ser fabricar cada um dos produtos. Segundo Sanvicente e Santos
(1983), o rateio deve ser elaborado de acordo com os critérios definidos pelo
sistema de contabilidade de custos da empresa.
Agora que você já teve contato com a parte teórica que envolve a elaboração
do orçamento dos custos dos produtos vendidos, é importante que o visualize
na prática. Portanto, o objetivo dos próximos três subitens é mostrar, por meio
de modelos de relatórios gerenciais, como devem ser formalizadas as proje-
ções dos custos para se fabricar os três produtos comercializados pela Pápien
Ferramentas, empresa fictícia apresentada no no Capítulo 1.
92 • capítulo 3
Na fabricação dos produtos da Pápien, são utilizados somente dois tipos
de matérias-primas: madeira e aço. Esses materiais são comprados de forne-
cedores utilizando-se a unidade quilograma (Kg). Posteriormente, os operários
transformam a madeira em cabos e o aço em peças, para que as ferramentas
sejam montadas. Por intermédio do quadro 3.1, você pode observar a quanti-
dade de matérias-primas necessárias para se fabricar uma unidade de cada um
dos produtos fabricados pela Pápien. Estas quantidades foram definidas pelo
departamento de produção, responsável pela fabricação das ferramentas.
Como a Pápien adotou o plano de produção constante, então, mensalmen-
te, ela deve adquirir matérias-primas necessárias para se fabricar as quantida-
des de produtos estabelecidas no plano de produção: 946 pás, 1.427 enxadas e
366 picaretas (vide item 2.10.1). Portanto, também por intermédio do quadro
3.1, você pode observar a quantidade total de matérias-primas que devem ser
adquiridas mensalmente.
capítulo 3 • 93
R$ 0,11 o quilo para os meses do primeiro semestre e R$ 0,13 o
AÇO quilo para os meses do segundo semestre.
Madeira
Madeira
94 • capítulo 3
3.5 Elaboração do orçamento da mão-de-
obra direta (MOD)
CUSTOS DA CUSTOS DA
HORA-PADRÃO HORA-PADRÃO
NÚMEROS DE (R$) (R$)
HORAS-PADRÃO MESES DO MESES DO
1º SEMESTRE 2º SEMESTRE
Pá 0,08 2,75 3,25
capítulo 3 • 95
Para se obter o custo mensal projetado com mão de obra direta, deve-se fa-
zer o seguinte cálculo: quantidade a ser produzida x número de horas-padrão x
custo da hora-padrão. Exemplo: no mês de janeiro, o custo projetado com mão
de obra direta para se fabricar o produto “pá” é de R$ 208,12 (946 x 0,08 x 2,75).
Custo
208,12 208,12 208,12 208,12 208,12 208,12
MOD
Enxada
Custo
826,95 826,95 826,95 826,95 826,95 826,95
MOD
Picare-ta
Custo
392,06 392,06 392,06 392,06 392,06 392,06
MOD
96 • capítulo 3
PRODUTO JUL AGO SET OUT NOV DEZ TOTAL
Pá
Custo
245,96 245,96 245,96 245,96 245,96 245,96 2.724,48
MOD
Enxada
Custo
948,96 948,96 948,96 948,96 948,96 948,96 10.655,41
MOD
Picare-ta
Custo
438,69 438,69 438,69 438,69 438,69 438,69 4.984,48
MOD
Tabela 3.4 – Orçamento dos custos com mão de obra direta (MOD).
capítulo 3 • 97
ao departamento de produção. No caso da Pápien Ferramentas, foram identifi-
cados dois departamentos: Manutenção e Energia Elétrica.
Os responsáveis por tais departamentos, antes de iniciar a elaboração de
seus orçamentos, devem escolher a “medida de atividade” que utilizarão para
medir o serviço prestado ao departamento de produção.
DEPARTAMENTOS
Pá 0,11 h 0,04 Kw
98 • capítulo 3
Para finalizar o segundo passo, os departamentos devem calcular a quan-
tidade de serviços que deverão prestar ao departamento de produção, mensal-
mente, para que sejam produzidas as quantidades de produtos estipuladas nos
planos de produção: 946 pás, 1.427 enxadas e 366 picaretas (vide item 2.10.1).
Por intermédio dos quadros 3.4 e 3.5, você pode observar as quantidades de
serviços que deverão ser prestadas, respectivamente, pelos departamentos de
manutenção e energia elétrica, assim como os porcentuais de rateio, que serão
utilizados na última etapa da elaboração do orçamento dos custos indiretos.
capítulo 3 • 99
Após conhecerem a quantidade de serviços que devem ser prestados, os de-
partamentos devem projetar seus custos totais mensais para poder executá-los.
A projeção de tais custos consiste no terceiro passo do processo de orçamento
dos custos indiretos.
O departamento de manutenção deverá prestar, mensalmente, 416,56 ho-
ras de serviços ao departamento de produção (vide quadro 3.4). Para executar
tal quantidade de serviço, seu gestor projeta que terá um gasto mensal de R$
4.500,00 nos meses do primeiro semestre e R$ 5.700,00 nos meses do segundo
semestre.
O departamento de energia elétrica deverá fornecer, mensalmente, 195,92
Kilowatts de energia elétrica ao departamento de produção (vide quadro 3.5).
Para fornecer tal quantidade de energia, seu gestor projeta que terá um gasto
mensal de R$ 7.300,00 nos meses do primeiro semestre e R$ 8.200,00 nos me-
ses do segundo semestre.
O último passo do processo de elaboração do orçamento dos custos indi-
retos consiste em ratear os gastos dos departamentos de manutenção e ener-
gia elétrica pelos produtos que são fabricados pelo departamento de produção
(vide tabelas 3.3 e 3.4). Para se elaborar tal rateio, são utilizados os porcentuais
calculados nos quadros 3.4 e 3.5. Exemplo: de todo o tempo de serviço prestado
pelo departamento de manutenção ao departamento de produção (416,56 ho-
ras), 104,06 horas foram destinadas à manutenção das máquinas que fabricam
as “pás”, ou seja, 24,98% do tempo total.
Enxada
Picareta
100 • capítulo 3
PRODUTOS JUL AGO SET OUT NOV DEZ TOTAL
Pá
Enxada
Picareta
Enxada
Picareta
capítulo 3 • 101
PRODUTOS JUL AGO SET OUT NOV DEZ TOTAL
Pá
Enxada
Picareta
Tabela 3.9 – Orçamento e rateio dos custos indiretos do departamento de energia elétrica.
102 • capítulo 3
até as formas como ele será registrado para posterior análise e realização de
relatórios com o fim de apurar os resultados.
Santos (2009) diz que, em toda e qualquer organização, há operações que
se sucedem, instantaneamente, havendo a necessidade de um processo de re-
gistro de dados que permita a apresentação instantânea de seus respectivos
resultados, por isso a ideia de apuração do lucro está diretamente ligada aos
métodos de custeio, que têm como objetivo auxiliar a organização no processo
de acompanhar o avanço e desenvolvimento do negócio.
Para Megliorini (2007), os custos de uma organização resultam da combina-
ção de diversos fatores, tais como: a capacitação tecnológica e produtiva relati-
va aos processos, produtos e gestão; o nível de atualização da estrutura opera-
cional e gerencial; e a qualificação da mão-de-obra. O que interliga diretamente
a uma série de variáveis, tanto internas quanto externas, que refletem tanto o
modo de operar como também comportamentos e atitudes.
Tal autor ainda ressalta que os métodos de custeio determinam as formas
de valoração dos objetos de custeio, ou seja, determina como uma operação,
departamento, um conjunto de atividades, um produto etc., podem ser men-
surados, financeiramente falando. Existem diferentes métodos de custeio, os
quais deverão ser adotados de acordo com os objetivos estabelecidos pela orga-
nização, cabendo-se destacar:
capítulo 3 • 103
3.7.1 Custeio variável ou direto
Por outro lado, podem ser encontradas desvantagens nesse método, relacionadas ao
crescimento da proporção dos custos fixos na estrutura de custos das organizações,
em decorrência de repetitivos investimentos em capacitação tecnológica e produtiva; e
também à correta identificação dos custos variáveis.
Nesse sistema, o custo final do produto ou serviço será a soma do custo va-
riável divido pela produção correspondente, sendo os custos fixos considera-
dos diretamente no resultado do exercício, mostrando a riqueza nas vendas e
não produção. Mesmo não sendo aceito pela legislação fiscal, de acordo com
o Portal da Contabilidade, o custeio variável apresenta as seguintes vantagens:
Uma das premissas que o custeio variável levanta é a de que os custos fixos
são repetitivos a cada período, portanto, não há a necessidade de apropriá-los
aos produtos, tratando-os então como se fossem encargos do período. Então só
são alocados aos produtos os custos variáveis.
104 • capítulo 3
Martins (2001) ainda diz que nas demonstrações à base do custeio vari-
ável obtém-se um lucro que acompanha sempre a direção das vendas, o que
não ocorre com o método de custeio por absorção. Justamente por contrariar
a competência e confrontação, o “variável” não é válido para balanços de uso
externo, deixando de ser aceito pelas Auditorias Independentes e pelo Fisco. É
fácil, entretanto, trabalhar-se com ele durante o ano e fazer uma adaptação de
fim de exercício para voltar a ser “absorção”.
capítulo 3 • 105
• É critério legal exigido no Brasil. Porém, nem sempre é útil como ferra-
menta de análise de custos, por possibilitar distorções ao distribuir custos en-
tre diversos produtos e serviços, possibilitando mascarar desperdícios e outras
ineficiências produtivas.
Santos (2009) afirma que o método de custeio por absorção pode ser falho
como ferramenta gerencial de tomada de decisão, pois possui a errada premis-
sa de que o rateio dos custos fixos que aparenta ser lógico, leva a alocações arbi-
trárias e até enganosas. Entretanto, é aceito comumente para fins de avaliação
de estoques, seja para apuração do resultado e/ou para o próprio balanço.
106 • capítulo 3
Martins (2001) informa que é um método de custeio que procura reduzir as
distorções provocadas pelo rateio arbitrário de custos indiretos. De forma cla-
ra, esse sistema procura rastrear o agente causador do custo para imputar-lhe
um valor.
Tal método leva em conta que os recursos são atribuídos a cada atividade,
no contexto de cada departamento, e, posteriormente, as atividades são atribu-
ídas aos objetos de custo com base em sua utilização, facilitando a mensuração
dos lucros. O custeio ABC reconhece os relacionamentos responsáveis pelos
custos das atividades e ameniza possíveis distorções provocadas pelo uso do
rateio no método tradicional de absorção dos custos. Dentre as vantagens de
tal método, pode-se citar:
capítulo 3 • 107
ATIVIDADE
01. Refaça os orçamentos de custos da empresa Pápien, utilizando os novos dados apre-
sentados.
1°) Orçamento dos custos com matérias-primas:
Depois de se estabelecer a quantidade mensal que deverá ser comprada de cada maté-
ria-prima ( ________Kg de aço e ________Kg de madeira), a próxima etapa consiste em se
obter uma projeção dos preços que serão cobrados pelos fornecedores. Após contatar tais
fornecedores, o diretor de produção obteve as seguintes projeções de preços:
108 • capítulo 3
MESES JAN FEV MAR ABR MAI JUN
Aço
Quantidade
Preço ($)
Gasto ($)
Madeira
Quantidade
Preço ($)
Gasto ($)
Total
Quantidade #
Preço ($)
Gasto ($)
Madeira
Quantidade
Preço ($) #
Gasto ($)
Total
capítulo 3 • 109
PRODUTO JAN FEV MAR ABR MAI JUN
Pá
Produção
(x) nº horas
(x) custo h.
Custo MOD
Enxada
Produção
(x) nº horas
(x) custo h.
Custo MOD
Picareta
Produção
(x) nº horas
(x) custo h.
Custo MOD
Total
Produção
(x) nº horas
(x) custo h.
Custo MOD
Enxada
Produção
(x) nº horas
110 • capítulo 3
PRODUTO JUL AGO SET OUT NOV DEZ TOTAL
(x) custo h.
Custo MOD
Picareta
Produção
(x) nº horas
(x) custo h.
Custo MOD
Total
Tabela 3.13 – Novo orçamento dos custos com mão-de-obra direta (MOD).
DEPARTAMENTOS
Tabela 3.14 – Novas quantidades de serviços indiretos para a fabricação dos produtos.
capítulo 3 • 111
PRODUÇÃO HM POR QUANTIDADE RATEIO
PRODUTOS MENSAL UNIDADE MENSAL (%)
Pá
Enxada
Picareta
Total
Pá
Enxada
Picareta
Total
Tabela 3.16 – Novas quantidades e rateios dos serviços do departamento de Energia Elétrica.
112 • capítulo 3
DEPARTAMENTO DE MANUTENÇÃO
PRODUTOS JAN FEV MAR ABR MAI JUN
Pá
Enxada
Picareta
TOTAL MANUT
DEPARTAMENTO DE MANUTENÇÃO
PRODUTOS JUL AGO SET OUT NOV DEZ TOTAL
Pá
Enxada
Picareta
TOTAL MANUT
capítulo 3 • 113
DEPARTAMENTO DE MANUTENÇÃO
PRODUTOS JAN FEV MAR ABR MAI JUN
Pá
Enxada
Picareta
Meses
Total Geral
DEPARTAMENTO DE MANUTENÇÃO
PRODUTOS JUL AGO SET OUT NOV DEZ TOTAL
Pá
Enxada
Picareta
Meses
Total Geral
114 • capítulo 3
REFLEXÃO
Os gastos de uma organização podem ser classificados em duas categorias principais: cus-
tos e despesas. Os custos são gastos ligados à geração do produto ou do serviço, enquanto
as despesas são gastos ligados à estrutura comercial e administrativa que a organização
dispõe para desenvolver suas atividades. Os custos podem ser classificados como diretos
e indiretos. São considerados custos diretos: a matéria-prima e a mão-de-obra direta. São
considerados custos indiretos todos os demais materiais e serviços utilizados na fabricação
de determinado produto, desde que a ele não sejam agregados fisicamente. Existem três
principais métodos de custeio: variável ou direto, absorção ou tradicional (full cost) e ABC,
os quais deverão ser adotados de acordo com os objetivos estabelecidos pela organização.
LEITURA
Sugere-se a leitura de dois artigos, cujos dados estão discriminados na sequência:
Título: Análise crítica do custeio por absorção, custeio direto ou variável e custeio ABC
para as organizações
Autor: Lívio da Paz
Fonte:
<http://www.administradores.com.br/producao-academica/analise-critica-do-custeio-
por-absorcao-custeio-direto-ou-variavel-e-custeio-abc-para-as-organizacoes/5369/>
capítulo 3 • 115
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FREZATTI, Fábio. Orçamento Empresarial: planejamento e controle gerencial. 4. ed. São Paulo: Atlas,
2007.
LUNKES, João Rogério. Manual de Orçamento. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2001.
MEGLIORINI, Evandir. Custos: análise e gestão. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.
NAKAGAWA, Masayuki. Custeio Baseado em Atividades. São Paulo: Atlas, 1994.
PADOVEZE, Luís Clovis. Contabilidade Gerencial: um enfoque em sistema de informação contábil. 3
ed. São Paulo, Atlas 2000.
PADOVEZE, Clóvis L., TARANTO, Fernando C. Orçamento Empresarial: novos conceitos e técnicas.
São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009.
SANTOS, Joel Jose. Contabilidade e Análise de Custos. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
SANVICENTE, Antônio Zoratto; SANTOS, Celso da Costa. Orçamento na Administração de
Empresas: planejamento e controle. 2º ed. São Paulo: Atlas, 1983.
SOBANSKI, Jaert J. Prática de Orçamento Empresarial. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1994.
WELSCH, Glenn Albert. Orçamento Empresarial. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1996.
WIKIPEDIA. Custeio Baseado em Atividades. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Custeio_
baseado_em_atividades>. Acesso em: 03/11/2014.
116 • capítulo 3
4
Orçamento das
Despesas e dos
Investimentos
No capítulo 4 você descobrirá que, didaticamente, as despesas podem ser divi-
didas em duas categorias: comerciais e administrativas. Esta divisão se deve ao
fato das despesas comerciais serem predominantemente variáveis, enquanto
as despesas administrativas, em sua maioria, serem fixas. Além disso, para que
o processo orçamentário seja concluído, verá que a organização deve elaborar
alguns outros orçamentos, que são conhecidos como orçamentos de outros
itens. Por meio de um exemplo fictício, conhecerá com mais detalhes o orça-
mento das despesas e dos outros itens.
No final do capítulo será apresentado um tema extremamente importan-
te para as organizações, a elaboração do orçamento dos investimentos, tam-
bém conhecido como orçamento de capital. Na sequência, serão mostrados
os métodos de análise de investimentos utilizados para se verificar se os proje-
tos elaborados são viáveis financeiramente, a saber: Pay Back, Taxa Interna de
Retorno (TIR) e Valor Presente Líquido (VPL).
OBJETIVOS
Conhecer a classificação e as características dos tipos de despesas e, posteriormente, como
orçá-las. Aprender que as despesas comerciais podem ser subdividas em despesas com ven-
das e despesas com distribuição, e as administrativas em despesas com folha de pagamento
e outras despesas. Descobrir que há outras despesas operacionais e itens que precisam ser
controlados com mais rigor e exatidão e que são chamadas de outros itens relevantes. Uti-
lizando-se exemplos práticos, elaborados para uma empresa fictícia do segmento industrial,
será possível acompanhar o processo de elaboração e de formalização dos orçamentos de
despesas comerciais, administrativas e de outros itens. Aprender a analisar projetos de inves-
timento por meio do Pay Back, Taxa Interna de Retorno (TIR) e Valor Presente Líquido (VPL)
118 • capítulo 4
4.1 Orçamento das despesas comerciais
Conforme aprendemos no início do capítulo 3, despesas são gastos que não
estão ligados à geração do produto ou do serviço, mas à estrutura comercial e
administrativa que a organização dispõe para desenvolver suas atividades.
Alguns gastos podem ser classificados como semivariáveis, pois possuem um compo-
nente fixo e outro variável. Como exemplo, podemos citar o salário dos vendedores que
possuem um valor fixo mais um percentual de comissão sobre o montante das vendas
efetuadas em um determinado período.
capítulo 4 • 119
são aqueles que o responsável por determinado departa-
mento da organização não tem autonomia e poder para ten-
GASTOS NÃO tar reduzir. Exemplo: o gerente do departamento comercial
CONTROLÁVEIS não pode reduzir o salário fixo dos vendedores, pois o valor
foi definido por intermédio de um acordo coletivo com o sin-
dicato da categoria.
120 • capítulo 4
item 2.1), que também fica sob a responsabilidade do diretor do departamento
comercial. Neste livro, o orçamento das despesas comerciais está sendo apre-
sentado neste item meramente por uma questão didática.
capítulo 4 • 121
Departamento administrativo: também
conhecido pelo nome de diretoria-geral,
é responsável por definir o planejamento
© GETTY IMAGES
122 • capítulo 4
4.3 Elaboração do orçamento das despesas
comerciais
A Pápien Ferramentas vende seus produtos em três regiões do Brasil: Sul, Sudeste
e Nordeste. Portanto, para que as despesas comerciais possam ser controladas
com mais exatidão, o relatório gerencial do orçamento das despesas comerciais
será elaborado com tais subdivisões. Partindo do princípio que as despesas co-
merciais são predominantemente variáveis, os gerentes de cada região utilizaram
percentuais para projetarem as despesas de vendas e de distribuição. Como os
percentuais incidem sobre as projeções de vendas (vide item 2.5), quanto maior
o faturamento projetado, maiores serão as despesas de vendas e de distribuição.
Os percentuais utilizados, assim como os valores projetados para as despesas co-
merciais podem ser visualizados por intermédio da Tabela 4.1
(%)
REGIÕES JAN FEV MAR ABR MAI JUN
FAT.
Sudeste
Sul
Nordeste
Total
capítulo 4 • 123
REGIÕES JUL AGO SET OUT NOV DEZ TOTAL
Sudeste 39.654,20 33.025,91 17.903,25 16.382,70 20.496,36 22.999,00 334.874,42
Desp. Com.
Desp. Com.
Desp. Com.
124 • capítulo 4
DEPARTAM JAN FEV MAR ABR MAI JUN
Administrativo
Rec. Hum.
Tesouraria
Controladoria
Despesas ad-
ministrativas
capítulo 4 • 125
DEPARTAM JUL AGO SET OUT NOV DEZ TOTAL
Administrativo
Rec. Hum.
Tesouraria
Controladoria
Despesas admi-
nistrativas
126 • capítulo 4
de produção e comercial, existem quatro departamentos que fornecem estru-
tura administrativa para que ela possa desenvolver suas atividades: Financeiro
(subdividido em Tesouraria e Controladoria), Recursos Humanos e Adminis-
trativo (alta Administração). As despesas orçadas por estes departamentos, que
são predominantemente fixas e estão subdivididas em folha de pagamento e
outras despesas, podem ser visualizadas por intermédio da tabela 4.2.
capítulo 4 • 127
Tesouraria possui a área de “relações bancárias”, que pode ficar responsável
pela cotação dos seguros que a empresa possui. Quanto às receitas e despesas
não-operacionais, basta que os outros departamentos enviem suas projeções à
Tesouraria, que fica responsável pela formalização e consolidação dos dados.
Na sequência, são apresentadas algumas considerações sobre os cinco itens
que compõem o orçamento de outros itens:
128 • capítulo 4
são previsões de saídas no caixa que não têm relação direta
DESPESAS NÃO com as atividades ou as operações que a empresa executa.
OPERACIONAIS Exemplos: doações a instituições filantrópicas e perdas ex-
traordinárias (incêndio, roubo etc.).
capítulo 4 • 129
OUTROS
JAN FEV MAR ABR MAI JUN
ITENS
Seguros. 339,09 401,69 327,20 248,55 610,90
Desp.
1.243,33 1.472,88 1.199,75 911,35 2.239,95
Emp. Lgo.
Desp.
791,21 937,29 763,48 579,95 1.425,42
Emp. Cto
Vendas
45.212,00 53.559,20 43.627,20 33.140,00 81.452,80
a prazo
Rec.
1.695,45 2.008,47 1.636,02 1.242,75 3.054,48
não oper.
Desp.
452,12 535,59 436,27 331,40 814,53
não oper.
130 • capítulo 4
OUTROS
JUL AGO SET OUT NOV DEZ TOTAL
ITENS
Seguros. 506,58 464,58 301,71 300,22 285,11 368,74 4.649,47
Desp.
1.857,44 1.703,47 1.106,27 1.100,80 1.045,41 1.352,06 17.048,04
Emp. Lgo.
Desp.
1.182,01 1.084,02 703,99 700,51 665,26 860,40 10.848,75
Emp. Cto
Vendas
67.543,38 61.944,26 40.227,98 40.029,16 38.014,84 49.165,98 619.928,79
a prazo
Rec.
2.532,88 2.322,91 1.508,55 1.501,09 1.425,56 1.843,72 23.247,33
não oper.
Desp.
675,43 619,44 402,28 400,29 380,15 491,66 6.199,29
não oper.
capítulo 4 • 131
os investimentos que pretende implantar. Vale ressaltar que o orçamento dos
investimentos também é chamado de orçamento de capital.
Posteriormente, a alta administração, que é responsável pela aprovação fi-
nal do orçamento, definirá quais são os projetos de investimento que se en-
quadram no Planejamento Estratégico e no montante de recursos financeiros
que a organização dispõe, anualmente, para investir. Matias (2007) sugere que
deve ser dada autonomia aos departamentos para decidir sobre pequenos in-
vestimentos, dessa forma, a alta administração não ficará sobrecarregada. Em
relação a esse tema, Gitman (2001) comenta que os gastos com investimentos
inexpressivos, como, por exemplo, a compra de um martelo, devem ser trata-
dos como gastos operacionais que não exigem uma análise formal. Tal autor
ressalta que a alta administração deve somente se preocupar com projetos de
investimento que gerem desembolsos financeiros acima de certo montante.
Dificilmente haverá recursos para se implantar todos os projetos de inves-
timento preliminares, portanto, pode-se concluir que o primeiro critério a ser
analisado em um projeto de investimento é o quanto deverá ser desembolsado
de recursos financeiros para que ele possa ser implantado. Esta ideia é ratifi-
cada por Groppelli e Nikbakht (1998), pois eles afirmam que o primeiro passo
importante para decidir se um projeto deve ser aceito é o cálculo de seu custo
inicial.
A obtenção do custo para implantação de um projeto de investimento não
é uma tarefa muito complexa. Caso o projeto fosse a compra de um bem, a ser
contabilizado como ativo imobilizado, bastaria que se providenciasse uma co-
tação de preços no mercado. Outras opções de investimento, como treinamen-
to de funcionários ou veiculação de campanhas publicitárias, também não tra-
riam dificuldades para serem orçadas.
Vale ressaltar que, no caso de substituição de equipamentos ou veículos
desgastados pelo uso ou obsoletos, pode-se tentar vendê-los ou entregá-los
como entrada na compra do novo bem. Nesse caso, o valor a ser considerado
como custo do projeto de investimento, seria o valor do bem a ser adquirido
menos o valor do bem depreciado que será negociado.
Após o levantamento do custo do projeto de investimento, surge a parte
mais complexa do processo, que é o dimensionamento dos fluxos de caixa que
serão gerados, caso tal projeto seja implementado. Weston e Brigham (2000)
ressaltam que o passo mais importante, mas também mais difícil, na análise de
um projeto de capital, está na estimativa de seus fluxos de caixa.
132 • capítulo 4
4.8 Elaboração do fluxo de caixa incremental
A elaboração do fluxo de caixa de um projeto de investimento envolve projeções
de curto, médio e longo prazos. Atualmente, segundo Matias (2007), devido as
constantes transformações que ocorrem no mercado, a elaboração de tais pro-
jeções tornou-se uma tarefa altamente complexa e sujeita a oscilações. Quanto
mais turbulento é o mercado onde a organização atua e quanto maior é o hori-
zonte de tempo das projeções, maior é chance de ocorrerem erros.
Mesmo diante dessas dificuldades, acredita-se que a elaboração desses flu-
xos seja imprescindível, pois, uma vez projetados, passam a servir como uma
meta quantitativa a ser atingida pela organização. Caso ocorram imprevistos,
no decorrer do projeto de investimento, providências poderão ser tomadas e es-
tratégias poderão ser revistas, para que as metas projetadas sejam efetivamente
cumpridas.
Os fluxos de caixa de um projeto de investimento devem ser elaborados de
forma incremental, ou seja, devem ser projetadas as alterações que ocorrerão
no caixa decorrentes da implantação do projeto de investimento. Diante de
tal consideração, podemos definir fluxo de caixa incremental como o fluxo de
caixa adicional que a organização passará a ter acima do fluxo de caixa opera-
cional projetado. Um projeto de investimento, uma vez implantado, passará a
gerar novas receitas (entradas no caixa) e novos gastos (saídas de caixa). Ao se
deduzir tais gastos das receitas, obtêm-se o fluxo de caixa incremental líquido.
Com o objetivo de tornar mais claro o processo de elaboração do fluxo de caixa
incremental de um projeto de investimento, será apresentado, na sequência,
um exemplo fictício, extraído da obra de Matias (2007).
Suponha que uma indústria de médio porte tenha adotado uma postura es-
tratégica de crescimento e definido, em seu Planejamento Estratégico, atuar
em uma nova região do país. Diante dessa premissa, o responsável pelo depar-
tamento de produção propõe a compra de uma nova máquina, com o objetivo
de aumentar a capacidade produtiva da organização. Foi adotado um horizonte
de cinco anos para análise desse projeto de investimento.
O primeiro passo a ser adotado é o levantamento dos fabricantes que ofe-
recem tais máquinas. Posteriormente, deve-se analisar as máquinas que se en-
quadram dentro das necessidades da organização e fazer uma cotação de pre-
ços, identificando a que oferece o melhor custo versus benefício. No final dessa
primeira fase, o gerente do departamento de produção concluiu que deve ser
capítulo 4 • 133
comprada uma máquina que custa $ 120.000,00. Tal máquina, para efeito de
depreciação, tem uma vida útil de cinco anos.
O próximo passo é a elaboração do fluxo de caixa incremental que, caso ela
seja adquirida, será gerado. Para tanto, é necessário que o departamento de
produção recorra ao departamento comercial, que deverá elaborar a projeção
da quantidade de unidades que serão vendidas e o preço de venda unitário do
produto, pois, com essas informações, pode-se obter o valor das receitas ope-
racionais, que representarão as entradas que ocorrerão no caixa. Além disso,
tal departamento deve projetar também as despesas de vendas (exemplo: co-
missão dos vendedores). Além dessa despesa operacional, há outras, como, por
exemplo, as despesas com distribuição, que deverão ser projetadas pela área de
logística.
O departamento de produção, tendo a projeção de vendas em mãos, pode-
rá elaborar a projeção do Custo do Produto Vendido (CPV). Na composição do
CPV, estão incluídos diversos custos, tais como: gastos com matérias-primas,
embalagens, salários e encargos dos operários da linha de produção, assim
como os custos indiretos (energia consumida na produção, manutenção, etc.).
No caso da compra de uma máquina, não se pode esquecer da despesa de
depreciação. Apesar de tal despesa não afetar diretamente o caixa, pois não
será efetivamente desembolsada, contabilmente, fará com que o lucro opera-
cional seja reduzido, consequentemente, fazendo com que o valor do Imposto
de Renda (IR) a ser pago seja menor. Neste exemplo, considera-se uma depre-
ciação linear de 20% ao ano. Como a máquina será adquirida por $ 120.000,00,
a despesa anual com depreciação será de $ 24.000,00.
Obviamente, na prática, todas as projeções devem ser feitas mensalmente,
acompanhando as possíveis sazonalidades que possam existir durante o ano.
Somente para efeito de simplificação, os itens que compõem o fluxo de caixa in-
cremental do projeto de investimento, que está sendo utilizado como exemplo,
será apresentado utilizando-se o ano como unidade de tempo.
Com o fluxo de caixa incremental líquido concluído (vide Tabela 4.4), o ge-
rente de produção pode incluir o projeto de investimento no orçamento de ca-
pital do seu departamento. Ao receber tal projeto, a alta administração utilizará
ferramentas financeiras de análise de investimento para avaliar sua viabilida-
de, para incorporá-lo ou não no orçamento de capital oficial da organização.
134 • capítulo 4
HORIZONTE DE ANÁLISE DO
PROJETO DE INVESTIMENTO
Previsões de Entradas
Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5
e Saídas ($)
Custo do Produto
(118.900) (124.900) (131.100) (138.600) (144.700)
Vendido
*Despesas de
(24.000) (24.000) (24.000) (24.000) (24.000)
Depreciação
*Despesas de
24.000 24.000 24.000 24.000 24.000
Depreciação
Fluxo Incremental
64.425 72.375 81.225 90.150 101.400
Líquido
* Apesar de serem despesas não desembolsáveis, as despesas de depreciação devem ser deduzidas, pois,
contabilmente, farão com que o resultado operacional fique menor, gerando, consequentemente, um valor de IR
também menor. Posteriormente, devem ser novamente incorporadas ao fluxo de caixa incremental, pois não gerarão
uma saída efetiva de recursos do caixa.
capítulo 4 • 135
definição dos projetos que comporão o orçamento de capital da organização
não pode ser elaborada de forma aleatória. Para executar tal tarefa, sugere-se
que sejam utilizados métodos de análise de investimentos. Dentre tais méto-
dos, na prática, os mais utilizados são: o Pay Back, a Taxa Interna de Retorno
(TIR) e o Valor Presente Líquido (VPL).
Dentre os métodos existentes, o mais conhecido é o Pay Back, que visa identi-
ficar o tempo necessário para a organização recuperar o valor desembolsado
para implantar o projeto de investimento, levando-se em conta os fluxos incre-
mentais líquidos que ele gerará. O Pay Back, também conhecido como tempo
de retorno do investimento, foi, de acordo com Weston e Brigham (2000), o pri-
meiro método formal usado para avaliação de projetos. Acredita-se que tal mé-
todo, pelo fato de ser de fácil entendimento e não exigir a utilização de cálculos
complexos, é um dos mais conhecidos e utilizados pelas organizações.
Para se calcular o Pay Back de um projeto de investimento, devemos somar
os fluxos de caixa incrementais líquidos que ele gerará, até que se complete o
valor desembolsado para implantá-lo. Dessa forma, obtêm-se o tempo necessá-
rio para que o valor investido seja recuperado. Na sequência, será apresentado
o cálculo do Pay Back do projeto apresentado no item 4.8.
• Valor do Projeto de Investimento e seus respectivos fluxos incrementais
líquidos:
0 Tempo (anos)
1 2 3 4 5
120.000
136 • capítulo 4
• Cálculo do Pay Back do Projeto de Investimento
HORIZONTE DE ANÁLISE DO
PROJETO DE INVESTIMENTO
Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5
capítulo 4 • 137
Cf1 Cf2 Cfn
( Cf 0 ) + 1
+ 2
+ ... + =0
(1 + TIR ) (1 + TIR ) (1 + TIR )n
• Cálculo da TIR na calculadora HP-12C
64425 G CFJ
72375 G CFJ
81225 G CFJ
90150 G CFJ
101400 G CFJ
F IRR
138 • capítulo 4
Para se utilizar a TIR como um critério de aceitação ou não de um proje-
to de investimento, deve-se comparar o resultado encontrado com outra taxa.
Weston e Brigham (2000) sugerem que se utilize o custo de capital da organi-
zação ou uma taxa exigida de retorno. A sugestão de Assaf Neto (2003) é que se
compare a TIR com a rentabilidade mínima requerida pela organização para
seus investimentos. No exemplo elaborado, caso a taxa mínima de retorno es-
tipulada pela organização fosse menor que 55% ao ano, o projeto deveria ser
implantado, em caso contrário, não.
capítulo 4 • 139
a que melhor expressa o verdadeiro objetivo da taxa de desconto utilizada no
cálculo do VPL. A TMA demonstra qual é a rentabilidade mínima que uma or-
ganização pretende obter com um investimento.
Na sequência, será apresentado o cálculo do VPL do projeto apresentado no
item 4.8, onde foi utilizada uma TMA de 35% ao ano.
• Cálculos dos Fluxos Descontados na calculadora HP-12C
0 Tempo (anos)
1 2 3 4 5
120.000
47.722,22
39.711,93
33.013,26
27.141,30
22.613,57
140 • capítulo 4
• Cálculo do VPL na calculadora HP-12C
64425 G CFJ
72375 G CFJ
81225 G CFJ
90150 G CFJ
101400 G CFJ
35 i
F NPV
capítulo 4 • 141
positivo. Os fluxos incrementais líquidos descontados gerarão um ganho extra de
$50.202,28, além da TMA, que foi estipulada em 35% ao ano. Suponha que a
organização, ao analisar tal projeto, tivesse adotado uma TMA de 60 % ao ano.
Nesse caso, seria obtido um VPL negativo de $ 8.206,51, portanto, ele não deve-
ria ser implantado. Este valor, segundo Matias (2007), não representaria o pre-
juízo que o projeto geraria e sim quanto faltaria, em unidades monetárias, para
que ele atingisse a TMA de 60% ao ano.
ATIVIDADE
01. Refaça os orçamentos de despesas e de outros itens relevantes da empresa Pápien,
utilizando os novos dados apresentados.
1º) Orçamento das despesas comerciais
(%)
REGIÕES JAN FEV MAR ABR MAI JUN
FAT.
Sudeste
Faturamento
Desp. Vendas 6%
Desp. Distrib. 5%
Desp. Com.
Sul
Faturamento
Desp. Vendas 5%
Desp. Distrib. 8%
Desp. Com.
Nordeste
Faturamento
Desp. Vendas 5%
Desp. Distrib. 8%
Desp. Com.
Total
Desp. Com.
142 • capítulo 4
REGIÕES JUL AGO SET OUT NOV DEZ TOTAL
Sudeste
Faturamento
Desp. Vendas
Desp. Distrib.
Desp. Com.
Sul
Faturamento
Desp. Vendas
Desp. Distrib.
Desp. Com.
Nordeste
Faturamento
Desp. Vendas
Desp. Distrib.
Desp. Com.
Total
Desp. Com.
capítulo 4 • 143
2º) Orçamento das despesas administrativas: para elaborar a tabela 4.5, considere
os dados apresentados no quadro 4.1 a seguir.
PORCENTUAL DO PORCENTUAL
VALOR MENSAL TOTAL COM FOLHA DO TOTAL COM
DEPARTAMENTOS TOTAL DAS DE PAGAMENTO OUTRAS DESPESAS
DESPESAS (R$) (%) (%)
Folha de pag..
Outras desp.
Despesas
do dept. Adm.
Rec. Hum.
Folha de pag.
Outras desp.
Despesas do
dept. de RH
Tesouraria
Folha de pag.
Outras desp.
144 • capítulo 4
DEPARTAM JAN FEV MAR ABR MAI JUN
Despesas
da tesouraria
Controladoria
Folha de pag..
Outras desp.
Despesas
da controlaria
Total
Despesas ad-
ministrativas
Folha de pag..
Outras desp.
Despesas
do dept. Adm.
Rec. Hum.
Folha de pag.
Outras desp.
Despesas do
dept. de RH
Tesouraria
Folha de pag.
capítulo 4 • 145
DEPARTAM JUL AGO SET OUT NOV DEZ TOTAL
Outras desp.
Despesas
da tesouraria
Controladoria
Folha de pag..
Outras desp.
Despesas
da controlaria
Total
Despesas admi-
nistrativas
3º) Orçamento de outros itens: para elaborar a tabela 4.6, considere os dados apre-
sentados no quadro 4.8 a seguir.
PORCENTUAL DO FATURAMENTO
OUTROS ITENS MENSAL PROJETADO (%)
Despesas com seguros 0,8%
Tabela 4.8 – Relação entre os valores dos outros itens e o faturamento mensal projetado.
146 • capítulo 4
Na prática, somente o item perda com clientes insolventes tem uma relação direta com
o total de faturamento projetado. Porém, para que você possa preencher os outros
itens da tabela apresentada na sequência, consideraremos, neste exercício, que todos
os valores projetados para os outros itens também equivalem a um percentual do total
de faturamento projetado.
Para calcular as despesas com clientes insolventes, considere uma perda de 3%, pois
este é o porcentual projetado para clientes que deixarão de pagar suas dívidas. O porcentual
de 3% incide sobre o total das vendas a prazo, que, na Pápien, representa 70% do fatura-
mento, pois, historicamente, 30% dos clientes efetuam o pagamento de suas compras à vista.
OUTROS
JAN FEV MAR ABR MAI JUN
ITENS
Faturamento.
Despesas com
seguros (0,8%)
Empréstimos
de longo
prazo (2,5%)
Empréstimos
de curto
prazo (1,7%)
Total de
despesas
bancárias
Vendas
a prazo (70%)
Perdas
com clientes
Insolvent.
capítulo 4 • 147
OUTROS
JAN FEV MAR ABR MAI JUN
ITENS
Receitas não
oper. (0,5%)
Despesas não
oper. (1,2%)
OUTROS
JUL AGO SET OUT NOV DEZ TOTAL
ITENS
Faturamento.
Despesas com
seguros (0,8%)
Empréstimos
de longo
prazo (2,5%)
Empréstimos
de curto
prazo (1,7%)
Total de
despesas
bancárias
Vendas
a prazo (70%)
Perdas
com clientes
Insolvent.
Receitas não
oper. (0,5%)
Despesas não
oper. (1,2%)
148 • capítulo 4
As linhas referentes ao faturamento projetado das três regiões devem ser preenchidas
utilizando-se os valores obtidos na Tabela “Novo relatório gerencial analítico do orçamen-
to de vendas da empresa Pápien” (vide exercício proposto como atividade no Capítulo 2).
REFLEXÃO
Didaticamente, as despesas podem ser classificadas em comerciais e administrativas. En-
quanto os custos são projetados pelo departamento de produção e pelos departamentos que
lhe prestam serviços para garantir a fabricação dos produtos, as despesas são projetadas por
todos os outros departamentos da organização, que fornecem estrutura comercial e adminis-
trativa para que ela possa desenvolver suas atividades.
O orçamento de outros itens relevantes consiste na projeção das receitas não-operacio-
nais, despesas não-operacionais, perdas com clientes insolventes, despesas com seguros e
despesas com empréstimos. Sugere-se que a elaboração do orçamento desses itens fique
sob a responsabilidade da Tesouraria.
Os departamentos, além de fazerem o orçamento dos seus gastos, também devem fazer
seu orçamento de capital, ou seja, o orçamento dos seus investimentos. Posteriormente, para
que a alta administração da organização possa verificar a viabilidade desses investimentos,
deve utilizar alguns métodos de análise, tais como: Pay Back, Taxa Interna de Retorno (TIR)
e Valor Presente Líquido (VPL).
LEITURA
Sugere-se a leitura de dois artigos, cujos dados estão discriminados na sequência:
Título: Marketing social: investimento ou despesa?
Autor: Francisco Lourenço da Silva, Keliane de Marcantonio e Kelly Cristina Portilho Boen
Fonte:
<http://www.administradores.com.br/artigos/economia-e-financas/marketing-social-
investimento-ou-despesa/37049/>
capítulo 4 • 149
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSAF NETO, Alexandre. Finanças Corporativas e Valor. São Paulo: Atlas, 2003.
BREALEY, Richard A., MYERS, Stewart C., MARCUS, Alan J. Fundamentos da Administração
Financeira. 3. ed. Rio de Janeiro: McGraw-Hill Irwin, 2002.
FREZATTI, Fábio. Orçamento Empresarial: planejamento e controle gerencial. 4. ed. São Paulo: Atlas,
2007.
GITMAN, Lawrence J. Princípios de Administração Financeira – essencial. 2. ed. Porto Alegre:
Bookman, 2001.
GROPPELLI, A. A., NIKBAKHT Ehsan. Administração Financeira. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 1998.
LUNKES, João Rogério. Manual de Orçamento. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
MATIAS, Alberto Borges (coordenador). Finanças Corporativas de Longo Prazo: criação de valor
com sustentabilidade financeira. São Paulo: Atlas, 2007.
PADOVEZE, Clóvis L., TARANTO, Fernando C. Orçamento Empresarial: novos conceitos e técnicas.
São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009.
SANVICENTE, Antônio Zoratto; SANTOS, Celso da Costa. Orçamento na Administração de
Empresas: planejamento e controle. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1983.
SOBANSKI, Jaert J. Prática de Orçamento Empresarial. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1994.
WELSCH, Glenn Albert. Orçamento Empresarial. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1996.
WESTON, J. Fred, BRIGHAM, Eugene F. Fundamentos da Administração Financeira. São Paulo,
Makron Books, 2000.
150 • capítulo 4
5
Controle
Orçamentário
e Relatórios
Financeiros
Projetados
No capítulo 5, o orçamento empresarial será abordado como uma ferramenta
de controle, destacando-se as etapas que compõe tal processo. Para que o con-
trole seja exercido de forma eficaz, será mostrada a importância de se definir
centros de responsabilidade, que serão responsáveis por controlar as metas de-
finidas durante o processo orçamentário. Além disso, será apresentado o orça-
mento flexível, uma técnica que visa fazer com que as metas sejam controladas
de forma mais racional.
Na sequência, será inserido o conceito de orçamento de caixa, que visa
transformar todas as projeções que foram elaboradas pelos departamentos em
saídas ou entradas efetivas de recursos financeiros, fazendo com que sejam ob-
servados déficits ou superávits que ocorrerão no caixa da organização.
No final, utilizando-se todos os dados que foram desenvolvidos durante o pro-
cesso orçamentário, será explicado como devem ser elaboradas as projeções da
demonstração do resultado do exercício (DRE) e do balanço patrimonial.
OBJETIVOS
Aprender que o orçamento deve ser utilizado como uma ferramenta de controle. Descobrir
que tal controle somente será exercido de forma eficaz caso a organização defina centros
de responsabilidade. Conhecer o orçamento flexível, uma técnica que visa fazer com que as
metas sejam controladas de forma mais eficaz. Aprender a importância e o processo de ela-
boração do orçamento de caixa, da projeção da DRE e do balanço patrimonial.
152 • capítulo 5
5.1 Etapas do processo de controle
Segundo Carneiro (2012), atualmente, a grande maioria dos estudiosos do pro-
cesso administrativo o dividem em quatro etapas: planejamento, organização,
direção e controle (vide figura figura 5.1).
Planejamento Organização
Feedback
Controle Direção
capítulo 5 • 153
Parâmetros de Determinação
desempenho Medição do
desempenho Comparação dos possíveis
planejados desvios
Continuar o trabalho
154 • capítulo 5
ORÇADO REALIZADO VARIAÇÃO
Norte Sul Total Norte Sul Total Norte Sul Total
Preço
20,00 25,00 22,73 17,00 27,45 22,27 – 3,00 2,45 – 0,46
(R$)
Quant.
50 60 110 56 57 113 6 –3 3
(unid.)
Total
receita 1.000 1.500 2.500 952 1.565 2.517 – 48,00 65,00 17,00
(R$)
Tabela 5.1 – Comparação entre o orçado e o realizado do total da receita. Fonte: Frezatti
(2007, p. 92).
capítulo 5 • 155
Retomando a ideia de que o orçamento é um instrumento de controle das
atividades de uma organização, Padoveze e Taranto (2009) comentam que ele
também pode ser utilizado como um sistema de autorização de gastos, ou seja,
existindo verbas aprovadas no orçamento, os gestores de cada departamento
não precisam pedir autorização à alta administração para utilizá-las.
Um gerente que possua uma verba de R$ 10.000,00 para adquirir uma máquina for-
malizada no orçamento de seu departamento não precisará pedir autorização a seu
superior hierárquico para efetuar a compra.
Em um determinado mês, por exemplo, caso o gerente verifique que os gastos com
manutenção corretiva irão ultrapassar o valor orçado, deverá reduzir os gastos com
outras contas (energia elétrica, treinamento etc.), remanejando o valor economizado
para a conta “manutenção corretiva”.
156 • capítulo 5
ao gestor de um departamento ou área, que gerencia os colaboradores a ele su-
bordinados. Partindo desse conceito, tradicionalmente, o orçamento empresa-
rial é elaborado por cada departamento, individualmente, e a responsabilidade
pelos resultados efetivos a serem obtidos é delegada aos gestores de cada um
dos departamentos que compõem a organização.
Entretanto, segundo Lunkes (2009), o orçamento também pode ser coorde-
nado por meio de unidades menores denominadas de variável base zero, onde
um colaborador é responsável pelo monitoramento e controle de uma conta
contábil. Essa forma de organização de responsabilidades é comum no orça-
mento de base zero (vide item 1.5). Ademais, tal autor comenta que o respon-
sável pelo centro pode ser um gestor da atividade, que controla e monitora os
direcionadores de custos e os recursos correspondentes.
Diante de tal consideração, pode-se concluir que não há uma forma única
ou ideal de efetuar o processo de controle das metas definidas durante a elabo-
ração do orçamento. Lunkes (2009) comenta que o centro de responsabilida-
de é simplesmente uma unidade (departamento, variável base zero, processo,
atividade etc.), que fica sob a responsabilidade de um gestor, o qual ser torna
responsável pelas metas orçamentárias.
Em nosso estudo, os centros de responsabilidade são os diversos departa-
mentos e seus respectivos gestores que, individualmente, elaboraram seus or-
çamentos. O departamento comercial fica responsável pelo orçamento de ven-
das e das despesas comerciais. O departamento de produção fica responsável
pelo orçamento dos custos de produção. Assim como os departamentos admi-
nistrativo, financeiro e de RH são os responsáveis por controlar os orçamento
que elaboraram. Portanto, no processo orçamentário que estamos apresentan-
do, há, basicamente, cinco centros de responsabilidade.
capítulo 5 • 157
tem como ponto central a perfeita distinção entre todos os gastos fixos e variá-
veis, sendo que, enquanto os gastos fixos recebem o tratamento orçamentário
tradicional, os gastos variáveis devem seguir o volume de vendas.
As bases desse novo tipo de processo orçamentário, segundo Lunkes (2009),
foram lançadas no início de 1970 na Alemanha por Kielger e Plaut, conhecidas
como GrenzPlankostenrechnung ou GPK. O novo processo incorporou dois
princípios básicos: os centros de responsabilidade com o controle e o cálculo
de custo por produto, além da nítida separação entre gastos fixos e variáveis
por centro. Tal autor afirma que esses princípios formaram a base do Flexible
Plankostenrechnung ou orçamento flexível.
Como o orçamento é um instrumento de controle para as organizações,
uma de suas principais funções é comparar o que foi orçado com o que foi pro-
jetado. Dessa forma, podem-se identificar distorções e adotar estratégias e pla-
nos de ação para corrigi-las. Uma das limitações do orçamento, apresentadas
no item 1.7, é que as projeções nem sempre “dão certo”, pois diversos fatores,
principalmente os não controláveis pelas organizações, podem fazer com que
o faturamento realizado fique aquém do faturamento orçado. Neste caso, seria
incoerente manter inalteradas as projeções dos gastos variáveis; portanto, os
orçamentos dos gastos variáveis devem ser flexíveis, acompanhando a queda
ou o aumento nas vendas.
Em relação a este problema, é importante ressaltar que as variações nas
projeções de vendas dificultam muito a análise da eficácia real dos diversos
departamentos que compõem a organização, principalmente aqueles que pos-
suem gastos variáveis, como, por exemplo, os departamentos de produção e
comercial.
Para que o conceito do orçamento flexível fique mais claro para você, obser-
ve o tabela 5.2, que foi elaborado considerando-se uma organização que vende
um único produto, cujo preço de venda unitário líquido é de R$ 31,00 e o gas-
to variável unitário é de R$ 21,80 (para se encontrar o gasto variável unitário,
levou-se em conta os gastos com matérias-primas, mão de obra direta, custos
indiretos, despesas comerciais e de logística, desembolsados para fabricar,
vender e entregar uma única unidade de produto).
158 • capítulo 5
QUANTIDADE VENDIDA 7.000 8.000 9.000
(UNIDADES)
Faturamento líquido ($) 217.000,00 248.000,00 279.000,00
Tabela 5.2 – Orçamento flexível para três faixas de níveis de atividade. Fonte: Adaptado de
Padoveze e Taranto (2009, p. 36).
capítulo 5 • 159
orçamentário é seu desalinhamento parcial com um dos principais fundamen-
tos do orçamento empresarial, que é prever o que acontecerá. Segundo tais au-
tores, isso se deve ao fato de que a adoção desse conceito dificulta considera-
velmente a elaboração da projeção da Demonstração do Resultado do Exercício
(DRE), que é uma das etapas mais importantes do processo orçamentário.
Concluído o orçamento de outros itens (vide item 4.5), podemos considerar fi-
nalizada a segunda etapa do processo de elaboração do orçamento, ou seja, a
projeção de todas as receitas e gastos da organização para um período, normal-
mente o ano. Antes de se passar para as próximas etapas, que serão apresenta-
das no item 5.9, o departamento financeiro deve elaborar o orçamento de caixa,
que também é conhecido pelas denominações de “planejamento financeiro” e
“fluxo de caixa” (cash flow, em inglês).
Sobanski (2000) explica que, em sentido restrito, a palavra “caixa” refere-se
apenas ao numerário existente nas dependências da organização (dinheiro e
cheques liberados para depósito imediato). Porém, na elaboração do orçamen-
to de caixa, a palavra “caixa” é empregada de forma mais ampla, abrangendo
também os saldos bancários de livre movimentação, incluído os valores em
trânsito entre diversas instituições financeiras nas quais a organização possui
conta-corrente.
Segundo Sanvicente e Santos (1983), o orçamento de caixa consiste em esti-
mar as entradas no caixa, decorrentes das vendas dos produtos e de outras re-
ceitas, e as saídas no caixa, resultantes dos custos, das despesas operacionais e
de outros gastos. Gitman (2001) comenta que, geralmente, o orçamento de cai-
xa é projetado para cobrir um período de 1 ano, dividido em intervalos menores
de tempo. O número e o tipo dos intervalos dependem da natureza do negócio.
Quanto mais sazonais e incertos forem os fluxos de caixa de uma organização,
tanto maior será o número de intervalos.
160 • capítulo 5
Pelo regime de competência, uma venda é contabilizada quando ocorre o embarque
da mercadoria ao cliente, enquanto pelo regime de caixa a venda só será contabilizada
quando o pagamento for efetivado e o dinheiro entrar no caixa da empresa.
capítulo 5 • 161
Quando uma organização elabora seu orçamento de caixa, consegue iden-
tificar excessos (superávits) ou insuficiências (déficits) de recursos financeiros
em seu caixa. A avaliação da posição financeira (projeções dos saldos de caixa
em determinado período), segundo Welsch (1996), pode indicar a necessidade
de alguma forma de empréstimo para cobrir os déficits ou a necessidade de
planejamento para transferir os superávits para algum tipo de investimento em
instituições financeiras.
É importante lembrar de que não é conveniente manter recursos parados
no caixa, pois eles serão corroídos pela inflação. Sobanski (2000) comenta que
as perdas inflacionárias, geradas pela manutenção de recursos parados no cai-
xa, poderão ser parcial ou totalmente compensadas por intermédio de aplica-
ções financeiras.
Para se identificar tais superávits e déficits, é necessário que a organização
elabore seu orçamento de caixa. Sanvicente e Santos (1983) sugerem que tal
orçamento seja elaborado por intermédio do método dos recebimentos e dos
pagamentos, pois o consideram mais detalhado. Além disso, também é o mais
indicado pelo fato de se basear nos orçamentos parciais que já foram elabora-
dos (orçamentos de vendas, dos custos dos produtos vendidos, das despesas
comerciais e administrativas e de outros itens). O método consiste em ajustar
tais orçamentos para as datas nas quais as transações efetivamente se conver-
terão em termos de caixa (entradas e saídas).
Agora que você já teve contato com a parte teórica que envolve a elaboração
do orçamento de caixa, é importante que o visualize na prática. Portanto, o ob-
jetivo dos próximos três itens do livro é mostrar, por intermédio de modelos de
relatórios gerenciais, como devem ser formalizadas as projeções das entradas,
das saídas e dos saldos finais no caixa. Visando aliar teoria e prática, você po-
derá visualizar nos próximos subitens, por intermédio das tabelas 5.2, 5.3, e
5.4, os dados do orçamento de caixa da Pápien Ferramentas, empresa fictícia
apresentada no item 1.8.
Na Pápien, o orçamento de caixa é elaborado por intermédio do método dos
recebimentos e dos pagamentos e fica sob a responsabilidade do gestor da área
de tesouraria (departamento financeiro). Didaticamente, o processo foi dividi-
do em três etapas: projeção de entradas no caixa, projeção de saídas no caixa e
projeção de superávits e déficits no caixa.
162 • capítulo 5
5.6 Projeção de entradas no caixa
Na Pápien Ferramentas, as entradas no caixa são geradas pelas vendas dos três
produtos que ela fabrica (receitas operacionais) e também pela venda de equi-
pamentos usados (receitas não operacionais).
A venda dos equipamentos usados é feita à vista; portanto, os recebimentos
ocorrem nos mesmos meses nos quais foram vendidos. Neste caso, quando a
venda é feita à vista, não há diferença entre o regime de competência e o re-
gime de caixa. Basta que os valores das receitas não-operacionais, que podem
ser obtidos no item 4.6, sejam “copiados” e “colados” no relatório gerencial de
entradas no caixa (vide Tabela 5.2).
Para se projetar as receitas operacionais, ou seja, as entradas no caixa pro-
venientes das vendas dos produtos, é necessário que se conheça a política de
prazos de pagamento oferecida aos clientes. Em relação a este tema, Sanvicente
e Santos (1983) comentam que, quanto mais liberal for a política da organiza-
ção (porcentual alto de vendas a prazo e prazos bem estendidos), maiores po-
derão ser as quantidades vendidas. Por outro lado, a política liberal pode gerar
um porcentual maior de perdas com clientes insolventes. Cabe a organização
chegar a um equilíbrio apropriado, levando em conta as características de seu
negócio e as políticas adotadas por seus concorrentes.
A Pápien Ferramentas adota a seguinte política de prazos para seus clientes:
20% das vendas são feitas a vista e 80% a prazo. Nas vendas a prazo, concede-se
30 dias para os clientes efetuarem o pagamento. Também é importante lem-
brar que a empresa, para elaborar seu orçamento de outros itens, adotou uma
projeção de perdas de 4% sobre as vendas a prazo (vide item 4.6).
Ao se elaborar o orçamento de caixa, é importante lembrar que, com cer-
teza, a empresa não iniciará o ano com o “caixa zerado”, ou seja, na virada do
ano (31/12 para 1/1) haverá algum valor no caixa. Além disso, haverá vendas que
foram realizadas no ano anterior, cujos recebimentos só ocorrerão no mês de
janeiro. Portanto, na elaboração de seu orçamento de caixa, a Pápien projeta
que terá, no mês janeiro, recebimentos no valor de R$ 38.000,00, provenientes
de vendas efetuadas no ano anterior (neste valor já está computado o saldo po-
sitivo de caixa que ela projeta para o dia 1/1). No relatório gerencial de entradas
no caixa, tal valor é chamado de saldo inicial (vide tabela 5.2).
capítulo 5 • 163
ENTRADAS JAN FEV MAR ABR MAI JUN
Faturamento 56.515,00 66.949,00 54.534,00 41.425,00 101.816,00 82.515,00
Entradas
Jun 16.503,00
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
164 • capítulo 5
ENTRADAS JUL AGO SET OUT NOV DEZ
Faturamento 84.429,22 77.430,33 50.284,97 50.036,45 47.518,55 61.457,47
Entradas
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun 63.371,52
Dez 12.291,49
Saldo inicial
capítulo 5 • 165
Caso não tenha entendido como as receitas operacionais foram calculadas,
acompanhe o exemplo do mês de janeiro.
A Pápien projetou faturar R$ 56.515,00 no mês de janeiro. Porém, como so-
mente 20% dos recebimentos foram à vista, no mês janeiro houve entrada no
caixa de somente R$ 11.303,00 (20 % de R$ 56.515,00).
O restante dos recebimentos só ocorrerá no mês de fevereiro, pois 80% das
vendas são feitas a prazo, com vencimento após 30 dias. Então, no mês de fe-
vereiro, deveria haver entrada no caixa de R$ 45.212,00, referente às vendas a
prazo que foram realizadas em janeiro. Porém, não se pode esquecer de que a
empresa projetou perda de 4% sobre os recebimentos a prazo, que representam
o valor de R$ 1.808,48 (4% sobre R$ 45.212,00). Portanto, no mês de fevereiro,
haverá entrada efetiva de R$ 43.403,52 (R$ 45.212,00 – R$ 1.808,48).
166 • capítulo 5
SAÍDAS JAN FEV MAR ABR MAI JUN
Custos
Despesas
Não operacio-
452,12 535,59 436,27 331,40 814,53 660,12
nais
Dívida inicial
Despesas
capítulo 5 • 167
SAÍDAS JUL AGO SET OUT NOV DEZ
Seguros 506,58 464,58 301,71 300,22 285,11 368,74
Não
675,43 619,44 402,28 400,29 380,15 491,66
operacionais
O grande objetivo do gestor da Tesouraria é fazer com que o saldo final no caixa seja
sempre igual a zero, pois dinheiro parado no caixa não gera rentabilidade e, além disso,
será corroído pela inflação. Logicamente, no dia-a-dia, não será fácil atingir tal objetivo,
porém, deverá ser um ideal constantemente perseguido.
168 • capítulo 5
gestor deve verificar se há empréstimos bancários de curto prazo a ser quitados
e quitá-los, pois os juros que os bancos pagam para as aplicações financeiras
são muito menores que os juros que cobram nos empréstimos de curto prazo
(vide os meses de fevereiro e março da tabela 5.4).
Resultado
-28.802,74 1.788,07 9.041,48 -1.300,91 -7.541,54 37.497,54
(+ ou -)
2ª Fase
Saldo
28.802,74 27.014,66 17.973,19 19.274,10 26.815,63 0,00
(Empréstimos)
Saldo
0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 10.681,91
(Aplicações)
Saldo final
0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
no caixa
Resultado
20.523,89 21.041,06 14.006,19 -6.884,28 -7.118,76 -8.305,51
(+ ou -)
capítulo 5 • 169
MESES JUL AGO SET OUT NOV DEZ
2ª Fase
Saldo
0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
(Empréstimos)
Saldo
31.205,80 52.246,86 66.253,06 59.368,78 52.250,01 43.944,50
(Aplicações)
Saldo final
0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
no caixa
170 • capítulo 5
5º) Após este processo de “lapidação”, a projeção da DRE é aprovada pela
alta administração e os orçamentos são distribuídos aos departamentos.
6º) A execução dos orçamentos pelos departamentos é acompanhada pela
área de orçamento durante todo o exercício contábil.
capítulo 5 • 171
ORÇAMENTOS TOTAL ORÇADO (R$ ANO)
Faturamento líquido (Vendas) 774.910,99
172 • capítulo 5
que analisem se o lucro projetado está de acordo com o que eles esperam.
Durante a reunião, possíveis alterações são debatidas e acordadas com os ou-
tros gestores, até que todos os orçamentos departamentais sejam aprovados.
Em nosso exemplo fictício, a alta administração da Pápien considerou que o
lucro anual projetado de R$ 57.933,62 está de acordo com as expectativas; por-
tanto, não foram propostas alterações nos diversos orçamentos que compõem
a DRE.
No dia seguinte à reunião, os orçamentos são divulgados formalmente aos
departamentos pela área de orçamento (controladoria), que ficará responsável
por elaborar o processo de controle. Na Pápien, a área de orçamento adota o
seguinte cronograma para elaborar o processo de controle:
• no primeiro dia útil de cada mês, são apurados os gastos efetivos reali-
zados por cada um dos departamentos, assim como o faturamento efetivo do
departamento comercial;
• no segundo dia, são elaborados e enviados, para cada um dos departa-
mentos, um relatório de controle, contendo os seguintes dados para cada um
dos itens de receitas ou de gastos: valor orçado, valor realizado e variação
• no terceiro e no quarto dias úteis, os gestores dos departamentos devem
analisar e entender as causas das variações que ocorreram (quando o realizado
não atingiu o orçado) e formalizar planos de ação para corrigir as distorções;
• no quinto dia útil, é realizada uma reunião entre a área de orçamento,
os gestores de todos os departamentos e a alta administração. Na reunião, a
área de orçamento apresenta os relatórios de controle à alta administração.
Posteriormente, os gestores dos departamentos devem justificar as variações
que ocorreram e apresentar os planos de ação que elaboraram para corrigir as
distorções.
capítulo 5 • 173
5.10 Projeção do balanço patrimonial
O balanço patrimonial é um demonstrativo contábil que indica a situação fi-
nanceira de uma organização em um determinado momento no tempo. Para
isso, deve ser expresso em moeda corrente, em nosso caso, o Real. Tal demons-
trativo possui uma série de contas divididas em três principais grupos:
174 • capítulo 5
Assaf Neto (2010), todas as companhias obrigadas a seguirem a Lei das S/A (ba-
sicamente as sociedades anônimas e empresas limitadas) devem seguir a Lei nº
11.638/07 e complementos, cuja vigência se iniciou a partir do exercício de 2008.
Debêntures Provisões
capítulo 5 • 175
ATIVO TOTAL PASSIVO TOTAL
Despesas apropriáveis
Créditos diversos
Investimentos
Participações acionárias
Outros investimentos
Imobilizado
Prédios e terrenos
Máquinas e equipamentos
Intangível
Marcas e patentes
Fundo de comércio
Tabela 5.7 – Estrutura do Balanço Patrimonial. Fonte: Assaf Neto (2010, p. 49 e 50).
176 • capítulo 5
pois, ao apresentar as receitas e gastos projetados, resume o orçamento da or-
ganização para o novo exercício que será iniciado. Apesar dessa extrema rele-
vância, Frezzati (2007), apresenta algumas razões para que as organizações não
se limitem a elaborar somente a projeção da DRE:
ATIVIDADE
01. Refaça o orçamento de caixa e a projeção da demonstração do resultado do exercício
(DRE) da empresa Pápien, utilizando os novos dados que já foram calculados nas atividades
elaboradas nos outros capítulos do livro.
1º) Orçamento de caixa: para a elaboração da tabela 5, considere os dados a seguir.
• Faturamento, perdas e receitas não operacionais: utilizar os dados obtidos nas ativida-
des que foram elaboradas nos outros capítulos do livro.
• Saldo inicial: R$ 23.000,00
A Pápien Ferramentas adota a seguinte política de prazos para seus clientes: 30% das
vendas são feitas a vista e 70% a prazo. Nas vendas a prazo, concede-se 30 dias para
os clientes efetuarem o pagamento. Também é importante lembrar que a empresa, para
elaborar seu orçamento de outros itens, adotou uma projeção de perdas de 3% sobre
as vendas a prazo.
capítulo 5 • 177
ENTRADAS JAN FEV MAR ABR MAI JUN
Faturamento
(–) Perdas
Entradas
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
Rec. Oper.
Saldo inicial
Total
(–) Perdas
178 • capítulo 5
ENTRADAS JUL AGO SET OUT NOV DEZ
Entradas
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
Rec. Oper.
Saldo inicial
Total
capítulo 5 • 179
• Despesas com seguros, com empréstimos e não operacionais: utilizar os dados
obtidos nas atividades que foram elaboradas nos outros capítulos do livro.
Em praticamente todos estes orçamentos, os valores dos gastos sairão do caixa nos
próprios meses nos quais ocorrerão. A única exceção é o orçamento dos custos com
matérias-primas, pois, como os fornecedores da Pápien oferecem um prazo de 30 dias
para pagamento, 100% das compras são feitas a prazo. Neste caso, as compras efetu-
adas em janeiro somente serão pagas em fevereiro e assim sucessivamente.
Matéria-Prima
Mão de obra
Indiretos
Dívida inicial
Despesas
Comerciais
Administrativas
Seguros
Empréstimos
Não operacionais
Total
Matéria-Prima
Mão de obra
180 • capítulo 5
SAÍDAS JUL AGO SET OUT NOV DEZ
Indiretos
Dívida inicial
Despesas
Comerciais
Administrativas
Seguros
Empréstimos
Não
operacionais
Total
Para a elaboração da 1ª fase da tabela 5.10, utilize os dados que acabou de obter nas
tabelas 5.8 e 5.9 (totais). Para a elaboração da 2ª fase, considere as instruções apre-
sentadas no item 5.8.
Entradas
Saídas
Resultado
(+ ou -)
2ª Fase
Empréstimos
capítulo 5 • 181
MESES JAN FEV MAR ABR MAI JUN
Saldo
(Empréstimos)
Aplicações
Saldo
(Aplicações)
Saldo final
no caixa
Entradas
Saídas
Resultado
(+ ou -)
2ª Fase
Empréstimos
Saldo
(Empréstimos)
Aplicações
Saldo
(Aplicações)
Saldo final
no caixa
182 • capítulo 5
2º) Projeção da demonstração do resultado do exercício (DRE)
Para o preenchimento da tabela 5.11 você deverá buscar os valores consolidados (total
ano) de todos os “novos orçamentos” que calculou para a empresa Pápien, ao longo dos
diversos exercícios propostos nos itens Atividades do livro. Ao final, considere uma alíquota
de 25% para o imposto de renda.
(–) Matérias-primas
capítulo 5 • 183
REFLEXÃO
O orçamento empresarial deve ser utilizado como uma ferramenta de controle. Para que o
processo de controle seja exercido de forma eficaz, deve ser estruturado por meio de etapas.
Além disso, é imprescindível que sejam definidos centros de responsabilidade, que serão res-
ponsáveis por controlar as metas definidas durante a elaboração do orçamento. O orçamento
flexível, uma evolução do processo orçamentário original, é uma técnica que visa fazer com
que as metas sejam controladas de forma mais racional.
O orçamento de caixa, também conhecido por fluxo de caixa e planejamento financeiro,
visa transformar todas as projeções que foram elaboradas pelos departamentos em saídas
ou entradas efetivas de recursos financeiros, fazendo com que sejam observados déficits ou
superávits que ocorrerão no caixa da organização. Utilizando-se todos os dados que foram
desenvolvidos durante o processo orçamentário, devem ser elaboradas as projeções da de-
monstração do resultado do exercício (DRE) e do balanço patrimonial.
LEITURA
Sugere-se a leitura de dois artigos, cujos dados estão discriminados na sequência:
Título: Como elaborar um orçamento flexível
Autor: Afonso Celso B. Tobias
Fonte:
<http://www.cavalcanteassociados.com.br/utd/UpToDate274.pdf>
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSAF NETO, Alexandre. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômico-financeiro. 9. ed.
São Paulo: Atlas, 2010.
CARNEIRO, Murilo. Administração de Organizações: teoria e lições práticas. São Paulo: Atlas, 2012.
184 • capítulo 5
FREZATTI, Fábio. Orçamento Empresarial: planejamento e controle gerencial. 4. ed. São Paulo: Atlas,
2007.
GITMAN, Lawrence J. Princípios de administração financeira – essencial. 2. ed. Porto Alegre: Bookman,
2001.
LUNKES, João Rogério. Manual de Orçamento. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças de. Sistemas, organização e métodos: uma abordagem
gerencial. 18. ed. São Paulo, Atlas, 2009.
PADOVEZE, Clóvis L., TARANTO, Fernando C. Orçamento Empresarial: novos conceitos e técnicas.
São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009.
SANVICENTE, Antônio Zoratto; SANTOS, Celso da Costa. Orçamento na Administração de Empresas:
planejamento e controle. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1983.
SOBANSKI, Jaert J. Prática de Orçamento Empresarial. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1994.
WELSCH, Glenn Albert. Orçamento Empresarial. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1996.
GABARITO
Capítulo 1
capítulo 5 • 185
seguirão implantar o orçamento empresarial de forma eficaz, usufruindo, dessa forma, das
vantagens que tal técnica proporciona. Segundo Welsch (1996), tais princípios representam
orientações, atividades e abordagens administrativas desejáveis e necessárias em uma or-
ganização, para a aplicação apropriada, por meio de um programa orçamentário, do conceito
de planejamento e controle de resultados. Os principais princípios que devem ser adotados
são: Envolvimento da Alta Administração, Sistema de Custeio bem definido, Comunicação
Integral, Expectativas Realistas, Destacar Diferenças Significativas e Participação nos lucros
05. Caso fosse diretor executivo de uma organização, você implantaria um processo orça-
mentário para gerenciá-la? Comente sua resposta abordando as vantagens e limitações que
tal instrumento financeiro apresenta.
Apesar de ser uma resposta pessoal, acredita-se que o processo orçamentário deve ser
implantado nas organizações, pois as vantagens são muito expressivas, enquanto as limita-
ções podem ser amenizadas. Resumindo, o custo versus benefício é positivo.
Capítulo 2
01.
186 • capítulo 5
MESES DO PRIMEIRO SEMESTRE
(SOMATÓRIO DAS PROJEÇÕES DAS TRÊS UNIDADES)
Meses Abril Maio Junho
capítulo 5 • 187
FILIAL PORTO ALEGRE
Meses Janeiro Fevereiro Março
FILIAL RECIFE
Meses Janeiro Fevereiro Março
188 • capítulo 5
FILIAL RECIFE
Meses Abril Maio Junho
capítulo 5 • 189
FILIAL SÃO PAULO
Meses JULHO AGOSTO SETEMBRO
190 • capítulo 5
FILIAL PORTO ALEGRE
Meses OUTUBRO NOVEMBRO DEZEMBRO
FILIAL RECIFE
Meses JULHO AGOSTO SETEMBRO
FILIAL RECIFE
Meses OUTUBRO NOVEMBRO DEZEMBRO
capítulo 5 • 191
FATURAMENTO ANUAL PROJETADO ($)
Total da Filial Filial
Produtos Filial Recife
Empresa São Paulo Porto Alegre
02.
192 • capítulo 5
MESES JAN FEV MAR ABR MAI JUN
Vendas 727 537 618 565 812 1.471
capítulo 5 • 193
MESES JAN FEV MAR ABR MAI JUN
Vendas 1.485 2.029 1.393 883 3.207 1.812
194 • capítulo 5
MESES JAN FEV MAR ABR MAI JUN
Vendas 553 572 618 619 632 725
Capítulo 3
01.
1°) Orçamento dos custos com matérias-primas:
capítulo 5 • 195
MESES JAN FEV MAR ABR MAI JUN
Aço 8.750 8.750 8.750 8.750 8.750 8.750
Gasto ($)
Total
Gasto ($)
Total
Custo
MOD
196 • capítulo 5
PRODUTO JAN FEV MAR ABR MAI JUN
Enxada 1.358 1.358 1.358 1.358 1.358 1.358
Custo
MOD
Custo
3.199,06 3.199,06 3.199,06 3.199,06 3.199,06 3.199,06
MOD
Total
Custo
MOD
Custo MOD
capítulo 5 • 197
PRODUTO JUL AGO SET OUT NOV DEZ TOTAL
Picareta 666 666 666 666 666 666
Total
198 • capítulo 5
DEPARTAMENTO DE MANUTENÇÃO
PRODUTOS JAN FEV MAR ABR MAI JUN
Pá 1.602,93 1.602,93 1.602,93 1.602,93 1.602,93 1.602,93
25,44%
45,08%
29,48%
DEPARTAMENTO DE MANUTENÇÃO
PRODUTOS JUL AGO SET OUT NOV DEZ TOTAL
Pá 1.933,70 1.933,70 1.933,70 1.933,70 1.933,70 1.933,70 21.219,79
25,44%
45,08%
29,48%
capítulo 5 • 199
DEPARTAMENTO DE MANUTENÇÃO
PRODUTOS JAN FEV MAR ABR MAI JUN
Pá 1.865,85 1.865,85 1.865,85 1.865,85 1.865,85 1.865,85
24,23%
47,25%
28,52%
DEPARTAMENTO DE MANUTENÇÃO
PRODUTOS JUL AGO SET OUT NOV DEZ TOTAL
Pá 2.083,94 2.083,94 2.083,94 2.083,94 2.083,94 2.083,94 23.698,78
24,23%
47,25%
28,52%
TOTAL EN. EL. 8.600,00 8.600,00 8.600,00 8.600,00 8.600,00 8.600,00 97.800,00
200 • capítulo 5
Capítulo 4
01.
1º) Orçamento das despesas comerciais
(%)
REGIÕES JAN FEV MAR ABR MAI JUN
FAT.
Sudeste
Sul
Nordeste
Total
Sul
capítulo 5 • 201
REGIÕES JUL AGO SET OUT NOV DEZ TOTAL
Faturamento 28.956,11 29.796,32 23.127,26 24.870,96 22.058,74 28.846,80
Nordeste
Total
Despesas
11.600,00 11.600,00 11.600,00 11.600,00 11.600,00 11.600,00
do dept. Adm.
Rec. Hum.
202 • capítulo 5
DEPARTAM JAN FEV MAR ABR MAI JUN
Despesas do
8.800,00 8.800,00 8.800,00 8.800,00 8.800,00 8.800,00
dept. de RH
Tesouraria
Despesas
6.300,00 6.300,00 6.300,00 6.300,00 6.300,00 6.300,00
da tesouraria
Controladoria
Despesas
7.100,00 7.100,00 7.100,00 7.100,00 7.100,00 7.100,00
da controlaria
Total
Despesas
33.800,00 33.800,00 33.800,00 33.800,00 33.800,00 33.800,00
administrativas
Despesas
11.600,00 11.600,00 11.600,00 11.600,00 11.600,00 11.600,00 139.200,00
do dept. Adm.
Rec. Hum.
capítulo 5 • 203
DEPARTAM JUL AGO SET OUT NOV DEZ TOTAL
Outras desp. 1.760,00 1.760,00 1.760,00 1.760,00 1.760,00 1.760,00
Despesas do
8.800,00 8.800,00 8.800,00 8.800,00 8.800,00 8.800,00 105.600,00
dept. de RH
Tesouraria
Despesas
6.300,00 6.300,00 6.300,00 6.300,00 6.300,00 6.300,00 75.600,00
da tesouraria
Controladoria
Despesas
7.100,00 7.100,00 7.100,00 7.100,00 7.100,00 7.100,00 85.200,00
da controlaria
Total
Despesas admi-
33.800,00 33.800,00 33.800,00 33.800,00 33.800,00 33.800,00 405.600,00
nistrativas
Despesas com
636,16 734,55 614,87 487,52 1.074,01 893,88
seguros (0,8%)
204 • capítulo 5
OUTROS JAN FEV MAR ABR MAI JUN
ITENS
Empréstimos
prazo (2,5%)
Empréstimos
prazo (1,7%)
Total de
bancárias
Vendas
55.664, 00 64.273, 30 53.801, 30 42.658, 00 93.975, 70 78.214, 50
a prazo (70%)
Perdas
Insolvent.
Receitas não
397,60 459,10 384,30 304,70 671,26 558,68
oper. (0,5%)
Despesas não
954,24 1.101,83 922,31 731,28 1.611,01 1.340,82
oper. (1,2%)
Despesas com
932,70 873,07 594,61 593,53 571,61 685,05 8.691,57
seguros (0,8%)
Empréstimos
prazo (2,5%)
capítulo 5 • 205
OUTROS JUL AGO SET OUT NOV DEZ TOTAL
ITENS
Empréstimos
prazo (1,7%)
Total de
bancárias
Vendas
81.611, 55 76.394, 01 52.028, 34 51.933, 44 50.015, 71 59.942, 21 760.512,07
a prazo (70%)
Perdas
Insolvent.
Receitas não
582,94 545,67 371,63 370,95 357,26 428,16 5.432,23
oper. (0,5%)
Despesas não
1.399,06 1.309,61 891,91 890,29 857,41 1.027,58 13.037,35
oper. (1,2%)
Tabela – Relação entre os valores dos outros itens e o faturamento mensal projetado.
Capítulo 5
01.
1°) Orçamento de caixa
206 • capítulo 5
ENTRADAS JAN FEV MAR ABR MAI JUN
Mar 18.282,00 41.378,26
Mai 33.520,50
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Saldo inicial
Entradas
Jan
Fev
Mar
Abr
capítulo 5 • 207
ENTRADAS JUL AGO SET OUT NOV DEZ
Mai 75.868,07
Nov 25.689,52
Rec. Oper.
Saldo inicial
Despesas
208 • capítulo 5
SAÍDAS JAN FEV MAR ABR MAI JUN
Empréstimos 3.339,84 3.856,40 3.228,08 2.559,48 5.638,54 4.692,87
Despesas
Resultado
-37.335,36 10.467,37 16.959,75 4.822,04 3.273,33 50.058,63
(+ ou -)
capítulo 5 • 209
MESES JAN FEV MAR ABR MAI JUN
2ª Fase
Saldo
37.335,36 26.867,99 9.908,23 5.086,19 1.812,86 0,00
(Empréstimos)
Saldo
0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 48.245,77
(Aplicações)
Saldo final
0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
no caixa
Resultado
32.902,54 34.684,54 25.302,91 1.618,06 1.319,65 1.124,20
(+ ou -)
2ª Fase
Saldo
0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
(Empréstimos)
Saldo
81.148,31 115.832,85 141.135,76 142.753,82 144.073,47 145.197,67
(Aplicações)
Saldo final
0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
no caixa
210 • capítulo 5
2º) Projeção da demonstração do resultado do exercício (DRE)
capítulo 5 • 211
ANOTAÇÕES
212 • capítulo 5
ANOTAÇÕES
capítulo 5 • 213
ANOTAÇÕES
214 • capítulo 5
ANOTAÇÕES
capítulo 5 • 215
ANOTAÇÕES
216 • capítulo 5