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SEMANA 8 e 9
5 Organização do Estado.
5.1 Organização político-administrativa.
5.2 Estado federal brasileiro.
5.3 A União.
5.4 Estados federados.
5.5 Municípios.
5.6 O Distrito Federal.
5.7 Territórios
5.8 Intervenção federal.
5.9 Intervenção dos Estados nos Municípios.
Organização Político-administrativa
A CF estabelece que a organização Político-administrativa da República compreende a
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos.
Atenção para algumas classificações.
I. Formas de Estado:
Quanto às formas de Estado, relacionamos o exercício do poder político em função do
território de um Estado:
Estado unitário: é aquele em que há um centro de poder político que tem esta divisão:
o Unitário puro: há uma centralização do poder;
o Unitário descentralizado administrativamente: as decisões políticas são
centralizadas, mas as execuções dessas decisões políticas são delegadas;
o Unitário descentralizado administrativamente e politicamente: aqui há uma
descentralização administrativa dessas decisões políticas tomadas, mas essas entidades
são dotadas de uma autonomia para execução das decisões tomadas pelo governo
Federação na CF/88
A federação na Constituição de 1988 não é uma típica federação, pois o estado brasileiro
não é um típico estado federado. Isso porque, em verdade, somos compostos de 4
(quatro) espécies distintas de entes federados, dotados de autonomia: União, Estados,
Distrito Federal e Municípios.
Federalismo cooperativo: não há uma separação rígida de competências, pois a ideia é
de que os entes federativos atuem em conjunto de forma comum ou concorrente. O
federalismo brasileiro é cooperativo, pois a CF prevê vários artigos de competência
comum ou concorrente.
Federalismo por integração: há uma relação de subordinação dos Estados em relação à
União (repartição vertical de competências), desvirtuando a natureza do federalismo, o
que o aproxima do Estado Unitário descentralizado.
Inclusive o STF já entendeu que a fixação, pelas Constituições dos Estados, de data para
o pagamento dos vencimentos dos servidores estaduais e a previsão de correção
monetária em caso de atraso não afrontam a CF. No entanto, a Constituição do Estado
que estende a obrigação aos servidores municipais e aos empregados celetistas de
empresas públicas e sociedades de economia mista viola a autonomia desses entes.
Em suma, o poder derivado decorrente não pode estender tal obrigação aos regidos
pela CLT e aos servidores municipais.
V. Federação de equilíbrio
Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo dizem que a CF/88 se enquadra na federação de
equilíbrio, pois está fundada no equilíbrio entre as competências e a autonomia
conferidas aos entes federados.
Para manter o equilíbrio entre os entes federados para que houvesse sequer a posição
de um com relação ao outro, a CF consagra uma imunidade recíproca de impostos, além
da própria repartição das receitas tributárias.
Entes federados
I. União
A União é pessoa jurídica de direito público interno. A pessoa jurídica de direito público
externo é a República Federativa do Brasil. Todavia, a União representa a República
Federativa do Brasil. Portanto, cabe à União exercer as prerrogativas da República nas
relações internacionais. E estas prerrogativas são de atribuições exclusivas da União.
Veja, a União somente representa a República Federativa do Brasil, ou seja, não é ela
quem age, e sim o Estado Federal, o qual pratica os respectivos atos.
A CF/88 traz os bens da União. O art. 20 da CF estabelece que são bens da União:
• os que lhe pertencem e os que vierem a lhe pertencer;
• as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e
construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental,
definidas em lei;
• os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio (águas em
seu estado), ou que banhem mais de um Estado (águas interestaduais), sirvam de limites
com outros países (águas limítrofes), ou se estendam a território estrangeiro ou dele
provenham (águas internacionais), bem como os terrenos marginais e as praias fluviais.
• as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas;
as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a sede de
Municípios (Florianópolis), exceto aquelas áreas afetadas ao serviço público e a unidade
ambiental federal, e as referidas no art. 26, II;
• os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica exclusiva;
• o mar territorial;
• os terrenos de marinha e seus acrescidos;
• os potenciais de energia hidráulica;
• os recursos minerais, inclusive os do subsolo;
• as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré- históricos;
• as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.
II. Estados-membros
a) Auto-organização
b) Autogoverno
Mas não basta auto-legislação, pois os Estados são dotados de autogoverno. Isso
significa que o estado é organizado em Poder Executivo, Poder Legislativo e Poder
Judiciário.
A CF autoriza que os Estados fixem como limite único para o teto remuneratório do
Estado o subsídio mensal dos desembargadores do respectivo Tribunal de Justiça, o qual
tem como limite o quantum de 90,25% do subsídio do ministro do STF. Este teto de
subsídio não se aplica aos deputados estaduais, distritais e nem aos vereadores, eis que
a própria CF assim já estabelece.
A CF admite que a Constituição Estadual crie uma Justiça Militar Estadual, sendo
composta em 1o Grau pelo juízes de direito e pelos conselhos de justiça, e em 2o grau
pelo próprio Tribunal de Justiça. É possível que em 2o Grau exista um Tribunal de Justiça
Militar nos estados em que o efetivo militar seja superior a 20.000 integrantes, caso
contrário será do Tribunal de Justiça a competência.
c) Autoadministração
A CF estabelece que a competência dos Estados é residual. São reservadas aos Estados
as competências que não estejam vedadas pela própria CF. Os Estados terão sua
autoadministração dentro das competências administrativas e legislativas definidas
constitucionalmente. A CF vai estabelecer quais são essas competências.
A competência para criá-los é exclusiva dos Estados, sempre por meio de lei
complementar.
III. Municípios
Os municípios têm autonomia municipal. Esta expressão foi arrolada como princípio
constitucional sensível.
O município é organizado por uma lei orgânica, votada em dois turnos, com interstício
mínimo de 10 dias entre os dois turnos, e aprovada por 2/3 dos membros da Câmara
Municipal (art. 29), devendo observar alguns preceitos constitucionais.
Segundo a CF, quem julga prefeito por crime comum é o Tribunal de Justiça.
A CF não prevê foro por prerrogativa de função para vereadores. No entanto, é possível
que a Constituição Estadual estabeleça o foro por prerrogativa de função dos
vereadores no Tribunal de Justiça.
Embora, conforme a CF, a lei orgânica municipal esteja subordinada aos termos da
Constituição estadual correspondente, a CE não pode estabelecer condicionamentos ao
poder de auto-organização dos municípios.
Em relação ao distrito federal, este não pode ser dividido em municípios. Por essa razão,
em regra, foram atribuídas ao DF as competências legislativas e tributárias reservadas
tanto aos estados membros quanto aos municípios.
O Distrito Federal não dispõe de competência para organizar e manter no seu âmbito:
• Poder Judiciário;
• Ministério Público;
• Polícia Civil;
• Polícia Militar;
• Corpo de bombeiros militar.
Por este motivo, Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo dizem que cabe à lei federal
dispor sobre a utilização pelo governo do Distrito Federal das polícias civis, militar e do
corpo de bombeiros militar. Isso explica a súmula vinculante 39 que diz que compete
privativamente à União legislar sobre vencimentos dos membros das polícias civil e
militar e do corpo de bombeiros militar do Distrito Federal.
A Constituição Federal diz, em seu art. 18, que Brasília é a capital federal, enquanto a CF
de 1969 dizia que o Distrito Federal seria a capital.
V. Territórios Federais
Territórios Federais não são entes federados, pois não dispõem de autonomia política e
não integram o estado federado. Trata-se de descentralizações administrativas,
pertencentes à União. É denominada de autarquia territorial federal.
Não há na CF a previsão de alteração territorial do Distrito Federal, mas apenas dos
Estados, podendo incorporar-se entre si, subdividir-se, desmembrar-se, seja para se
anexar em outro ou para formar um novo Estado, ou ainda para formar um território
federal. Para tanto, é indispensável que haja aprovação da população diretamente
interessada, por plebiscito, e além disso, é preciso que o Congresso Nacional edite lei
complementar a respeito do assunto.
Cabe atentar que esse dispositivo constitucional deve ser lido em conjunto com o art.
48 da CF, que faz referência à obrigatoriedade de prévia manifestação das assembleias
legislativas envolvidas.
Com relação à população diretamente interessada, o STF já entendeu que é a população
de todo o Estado-membro, e não apenas da área que será desmembrada.
Se o plebiscito, que é uma consulta prévia, for pela reprovação da alteração territorial,
o processo legislativo fica impedido de prosseguir, não podendo ser aprovada a lei
complementar. Todavia, caso o plebiscito aprove a alteração territorial, o Congresso
Nacional não está vinculado a aprovar a lei complementar. Isto é, a decisão positiva não
obriga o Congresso a legislar.
A Constituição da República cria uma vedação à União neste caso, estabelecendo que
em decorrência da criação de um Estado novo a União não poderá direta ou
indiretamente assumir encargos, com relação a despesas com pessoal inativo ou outros
encargos, como amortização de dívidas, da administração pública, inclusive a indireta.
Esta vedação está prevista no art. 234 da CF.
Essas alterações se dão através de lei municipal, mas esta lei deve ser promulgada
dentro de um período estabelecido por lei complementar federal, e depende de uma
prévia consulta, por meio de plebiscito, à população dos municípios envolvidos, após a
divulgação de um estudo de viabilidade municipal, apresentado e publicado na forma
da lei.
O procedimento é o seguinte:
Ocorre que não há lei complementar federal sobre o tema. Enquanto não editada esta
lei complementar, não poderá haver criação de municípios no Brasil.
Todavia, até a EC 15/96, mais de 50 municípios já haviam sido criados em desrespeito
ao art. 18, §4o, da CF. Esta questão chegou ao STF. A Suprema Corte entendeu que este
procedimento de criação de municípios foi inconstitucional, mas também reconheceu
que havia uma inconstitucionalidade por omissão do Congresso Nacional.
Por conta disso, o STF modulou os efeitos da decisão que julgou inconstitucional os
procedimentos de criação dos municípios, fixando um prazo de 18 meses para que o
Congresso Nacional suprisse esta omissão, editando esta lei complementar federal para
estabelecer o momento de criação dos municípios.
O Congresso Nacional não criou a lei complementar, porém, para resolver o problema,
promulgou a EC 57/98, acrescentando o art. 96 ao ADCT, convalidando os atos de
criação, fusão, incorporação e desmembramento de municípios cuja lei tenha sido
O art. 19 diz que, por exemplo, que é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e
aos Municípios estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes
o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência
ou aliança, ressalvada uma aliança para fim de interesse público, como é o caso de uma
creche ou hospital.
Isto significa dizer que o Estado brasileiro é laico, não podendo ter religião oficial. Isso
explica a razão de que a Escola Pública possa ter a disciplina de religião, mas esta não
poderá ter caráter obrigatório, ou seja, cursa quem quiser.
Da mesma forma, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios
recusar fé aos documentos públicos. Então, sendo o documento público, a União ou
qualquer outro ente não pode recusar fé.
Intervenção federal
O Estado federal fundamenta-se no princípio da autonomia das entidades que
compõem o Estado federal. Então, o afastamento desta autonomia tem caráter
excepcional que se dá através de uma entidade política sobre a outra. Isso só é possível
quando houver um interesse maior em jogo e este interesse é justamente a manutenção
da federação.
Somente pode ser sujeito ativo de uma intervenção a União e os Estados- membros.
Não há intervenção pelo município.
A intervenção da União se dá sobre o Estado. Não existe intervenção da União sobre
município localizado em Estado-membro, mas tão somente localizado em Território
Federal, caso passe a existir algum.
A decretação da intervenção se dá por decreto do chefe do poder executivo, eis que se
trata de um ato político, ainda que se origine de uma requisição, que tenha caráter de
ordem.
A CF diz que para garantir o livre exercício de quaisquer dos Poderes nas unidades da
Federação, ou seja, estes poderes locais solicitarão ao presidente da república a
decretação da intervenção federal (art. 34, IV).
Também é admissível que o Supremo Tribunal Federal, quando o Poder Judiciário estiver
sendo coagido. Neste caso, sendo o Tribunal de Justiça o órgão coagido, deverá solicitar
ao STF para que requisite a intervenção. Se o Supremo entender cabível, requisitará a
intervenção federal ao presidente da República. O que temos aqui é uma ordem ao
Presidente para que decrete a intervenção federal.
Será ação de executoriedade de lei federal nos casos em que se busca a execução da lei
federal. No caso de ofensa a princípio constitucional sensível, o nome será
representação interventiva ou ação direta de inconstitucionalidade interventiva.
A intervenção tem caráter temporário, razão pela qual, cessados os seus motivos, as
autoridades afastadas retornam aos seus cargos ou não retornarão por impedimento
legal de retornar (Ex.: cassação do mandato).
Atente-se que nem todo o decreto de intervenção federal será apreciado pelo Poder
Legislativo, ou seja, somente haverá apreciação do Congresso quando houver uma
discricionariedade do presidente da República.
Nos casos em que a intervenção federal foi decidida pelo Poder Judiciário, e o presidente
da república está vinculado àquela decisão, não haverá a submissão do decreto de
intervenção ao Congresso Nacional.
Ressalta-se, então, que não será submetida à apreciação do Congresso Nacional os casos
em que a intervenção federal servir para:
• Prover a execução de lei federal;
• Negação de cumprimento à ordem ou decisão judicial;
• Ofensa aos princípios constitucionais sensíveis.
Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo ainda afirmam que é inclusive desnecessário que
o decreto interventivo seja submetido ao Congresso Nacional na hipótese do art. 34, IV,
que serve para garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da
Federação. Isso porque, quando é o Poder Judiciário que requisita ao presidente da
República o decreto de intervenção federal, em razão de ele não estar no livre exercício
de seu poder, isto será uma ordem, sendo uma ordem, não há outro caminho ao
Todavia, pela letra da CF, somente os casos em que não se está executando lei federal
ou não se está obedecendo a ordem ou decisão judicial, ou ainda que houve ofensa aos
princípios constitucionais sensíveis.
Isto inclusive está na Súmula 637 do STF: “Não cabe recurso extraordinário contra
acórdão do Tribunal de Justiça que defere pedido de intervenção estadual em
município”.
Por tudo isso, não se pode dizer em absoluto que o Brasil adotou o modelo clássico ou
moderno, visto que cada modelo dependerá do dispositivo que será analisado.
a) Competências da União
As principais competências da União estão nos arts. 21 e 22 da CF.
As competências exclusivas da União são indelegáveis, diferentemente da competência
privativa. Na privativa, só a União trata do assunto, mas é possível delegar ao Estado,
por lei complementar, para legislar sobre determinada matéria.
Ou seja, ainda que a União seja inerte, não poderá o Estado legislar sobre competência
legislativa privativa, pois o caso não se trata de competência concorrente.
O STF ainda afirma que compete à União tratar sobre direito penal, razão pela qual
somente ela poderá tratar sobre crime de responsabilidade. Houve até mesmo a edição
da súmula vinculante 46, estabelecendo que a definição das condutas típicas
configuradoras do crime de responsabilidade e o estabelecimento de regras que
disciplinem o processo e julgamento dos agentes políticos federais, estaduais ou
municipais envolvidos são da competência legislativa privativa da União e devem ser
tratados em lei nacional especial (art. 85 da Constituição da República).
Por ser da competência da União legislar sobre energia, é inconstitucional lei estadual
que preveja que os postes de sustentação da rede elétrica, que estejam causando
transtornos, sejam removidos sem ônus aos proprietários, pela concessionária de
energia elétrica.
Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo dizem que a União acaba tratando sobre interesses
difusos, pois interesse a todas as pessoas.
Quando há competência concorrente, a União legislará sobre normas gerais e os Estados
e o DF legislarão sobre normas específicas.
Vale lembrar que o que define se uma lei é de abrangência nacional ou federal não é a
previsão em seu texto neste ou naquele sentido, mas sim o conteúdo da referida lei. Ex:
Lei editada pela União que disponha sobre direitos e deveres dos servidores públicos
será aplicada apenas aos servidores da União, mesmo que em seu texto haja previsão
de aplicação para os servidores dos estados e dos municípios, isto porque, o conteúdo
desta lei é de atribuição de cada ente federativo, noutras palavras, cabe a União legislar
apenas sobre seus servidores, assim como aos estados e municípios sobre os seus.
O art. 24 da CF vai estabelecer que compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal
legislar concorrentemente sobre:
• direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;
• orçamento;
• juntas comerciais; lembrando que a competência para tratar sobre direito
comercial é privativa da União.
• custas dos serviços forenses;
• produção e consumo;
• florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos
recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição;
lembrando que a competência comum é para proteger o meio ambiente, porém
a competência para legislar sobre meio ambiente é de competência concorrente.
• proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico;
• responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e
direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;
• educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tecnologia, pesquisa,
desenvolvimento e inovação;
• criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas causas;
• procedimentos em matéria processual;
• previdência social, proteção e defesa da saúde;
• assistência jurídica e Defensoria pública;
• proteção e integração social das pessoas portadoras de deficiência;
• proteção à infância e à juventude;
• organização, garantias, direitos e deveres das polícias civis.
Portanto, há uma relação de subordinação, de maneira que a norma específica não
poderá contrariar a norma geral.
Veja, a União não poderá sequer legislar sobre questões específicas dos Estados, pois a
sua competência se restringe à atuação por meio de normas gerais. Caso a União legisle
sobre questões específicas, a atuação será considerada inconstitucional, conforme
dispõe o art. 24, §1o, CF: “No âmbito da legislação concorrente, a competência da União
limitar-se-á a estabelecer normas gerais”.
No entanto, isto não impede que haja a superveniência de lei federal sobre normas
gerais, a qual suspenderá a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.
Os municípios possuem competência suplementar para tratar das normas que foram
tratadas como normas gerais pela União e normas específicas pelos Estados, conforme
art. 30. Ademais, o art. 30 vai além dizendo que os municípios podem legislar sobre
assuntos de interesses locais.
Segundo a CF, uma vez estabelecidas em lei federal as normas gerais do SNCTI, os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios legislarão concorrentemente sobre suas
peculiaridades.
Nem todas as competências dos Estados foram outorgadas ao Distrito Federal, como é
o caso em que compete à União organizar e manter o Poder Judiciário, Defensoria
Pública, Ministério Público, Polícia Civil, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Militar do
Distrito Federal.
Não há uma taxatividade sobre o que seja assunto de interesse local, depende de caso
a caso:
• município vai dizer como vai se dar a exploração de estabelecimento comercial,
no sentido de emissão de alvará e licença de funcionamento;
• município fixa horário de funcionamento de ônibus, loja, drogaria, farmácia, etc.;
• município pode impor ao estabelecimento bancário a obrigação de instalação de
portas elétricas, detector de metais, espera na fila do banco, etc., mas não pode
tratar sobre o horário bancário;
• município pode fixar limite máximo de tempo máximo na espera do banco: deve-
se observar o princípio da proporcionalidade, eis que se trata de um princípio
constitucional.
• municípios podem instituir guardas municipais, as quais inclusive poderão lavrar
auto de infração e fiscalizar o trânsito: esta atuação decorre da estruturação da
sua segurança viária.
• municípios têm competência comum;
• competência para arrecadar tributos.
• súmula Vinculante 38: É competente o Município para fixar o horário de
funcionamento de estabelecimento comercial.
Atente-se que ofende o princípio da livre concorrência lei municipal que impede a
instalação de estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em determinada área
(Súmula vinculante 49 do STF).
XVI - organização, garantias, direitos e Art. 26. Incluem-se entre os bens dos
deveres das polícias civis. Estados:
II - não enviar o repasse até o dia vinte VIII - promover, no que couber,
de cada mês; ou (Incluído pela Emenda adequado ordenamento territorial,
Constitucional nº 25, de 2000) mediante planejamento e controle do uso,
do parcelamento e da ocupação do solo
III - enviá-lo a menor em relação à urbano;
proporção fixada na Lei
Lei estadual não pode estabelecer punições para quem exige teste de
gravidez nas contratações
É inconstitucional lei estadual que preveja punições a empresas privadas e a
agentes públicos que exijam a realização de teste de gravidez e a apresentação
de atestado de laqueadura para admissão de mulheres ao trabalho. STF.
Plenário. ADI 3165/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 11/11/2015 (Info 807).
CE pode prever que a Lei Orgânica da Polícia Civil tenha status de lei
complementar
Constituição estadual poderá prever que a Lei Orgânica da Polícia Civil daquele
estado tenha status de lei complementar. Não há nada na CF/88 que impeça o
constituinte estadual de exigir quórum maior (lei complementar) para tratar sobre
essa questão. Seria uma demasia (um exagero) negar à Constituição estadual a
possibilidade de escolher determinados temas como mais sensíveis, exigindo,
para eles, uma aprovação legislativa mais qualificada por meio de lei
complementar. STF. Plenário. ADI 2314/RJ, rel. orig. Min. Joaquim Barbosa, red.
p/ o acórdão Min. Marco Aurélio, julgado em 17/6/2015 (Info 790).
15. (CESPE – 2018 - TCE-PB - Auditor de Contas Públicas - Demais Áreas) Tendo em vista
que a organização político-administrativa da República brasileira compreende, de forma
autônoma, a União, os estados, o DF e os municípios, assinale a opção correta.
a) A fiscalização pelo sistema de controle interno do município será exercida pelo Poder
Legislativo municipal.
b) No tocante à autonomia, a legislação acerca de regras gerais de licitação é
estabelecida pelos estados-membros e deverá ser observada em processos de auditoria
interna nos órgãos municipais.
c) A auditoria de controle da câmara municipal, mediante controle externo, é exercida
com o auxílio dos TCs do estado ou do município.
d) A autonomia administrativa constitucionalmente estabelecida permite que os
estados ou os municípios criem órgãos de contas municipais.
e) O município deve prestar contas acerca da arrecadação dos tributos, exceto, em
razão da autonomia administrativa, no que se refere à aplicação de tais rendas nas
questões de interesse local.
19. (CESPE – 2017 - TRF - 1ª REGIÃO - Técnico Judiciário - Área Administrativa) A respeito
da organização político-administrativa dos entes federados, julgue o item que se segue.
(. ) É competência comum da União, dos estados, dos municípios e do Distrito Federal
legislar sobre normas gerais de licitação para a administração pública direta.
20. (CESPE – 2017 - TRF - 1ª REGIÃO - Técnico Judiciário - Área Administrativa) A respeito
da organização político-administrativa dos entes federados, julgue o item que se segue.
(. ) Compete privativamente à União legislar sobre desapropriação.
21. (CESPE – 2017 - TRF - 1ª REGIÃO - Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador
Federal) Acerca da organização do Estado e da competência legislativa, julgue o item
subsecutivo.
(. ) As peculiaridades de cada cidade determinam a competência dos municípios para
fixar horários de funcionamento de estabelecimentos comerciais e bancários.
22. (CESPE – 2017 - TRF - 1ª REGIÃO - Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador
Federal) Acerca da organização do Estado e da competência legislativa, julgue o item
subsecutivo.
23. (CESPE – 2017 - TRF - 1ª REGIÃO - Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador
Federal) Acerca da organização do Estado e da competência legislativa, julgue o item
subsecutivo.
(. ) Compete concorrentemente à União, aos estados, ao Distrito Federal e aos
municípios legislar sobre direito tributário, financeiro, urbanístico e eleitoral.
1. LETRA D
Competências administrativas (artigos ímpares):
EXCLUSIVA = União (art. 21)
COMUM = União, Estados, Distrito Federal e Municípios (art. 23)
2. LETRA D
Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos Municípios
localizados em Território Federal, exceto quando:
I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos consecutivos, a dívida
fundada;
II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei;
III - não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e
desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde;
IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar a
observância de princípios indicados na Constituição Estadual, ou para prover a
execução de lei, de ordem ou de decisão judicial.
3. LETRA B
a) Art. 18, § 2º. Os Territórios Federais integram a União, e sua criação,
transformação em Estado ou reintegração ao Estado de origem serão reguladas em lei
complementar;
c) Art. 27, § 4º. A lei disporá sobre a iniciativa popular no processo legislativo
estadual.
d) Art. 24, § 2º. A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a
competência suplementar dos Estados.
4. LETRA B
ERRADA a) organização do sistema nacional de emprego e condições para o exercício
de profissões. (competência privativa da União)
5. LETRA B
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico,
espacial e do trabalho.
IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão;
XI - trânsito e transporte.
XX - sistemas de consórcios e sorteios;
6. LETRA A
Art. 30.
Compete aos Municípios:
(...)
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;
7. LETRA D
a) direito financeiro. (COMPETE À UNIÃO, ESTADOS E DF LEGISLAR
CONCORRENTEMENTE SOBRE DIREITO FINANCEIRO - VIDE ART. 24. I CF)
b) produção. (COMPETE À UNIÃO, ESTADOS E DF LEGISLAR CONCORRENTEMENTE
SOBRE PRODUÇÃO E CONSUMO - VIDE ART. 24. V CF)
c) consumo. (COMPETE À UNIÃO, ESTADOS E DF LEGISLAR CONCORRENTEMENTE
SOBRE PRODUÇÃO E CONSUMO - VIDE ART. 24. V CF)
d) comércio interestadual. (GABARITO - VIDE ART. 22, VIII CF)
e) proteção à infância e à juventude. (COMPETE À UNIÃO, ESTADOS E DF LEGISLAR
CONCORRENTEMENTE SOBRE PROTEÇÃO DA INFÂNCIA E A JUVENTUDE - VIDE ART.
24. XV CF)
III - ERRADO: Art.19 DA CF/88: É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e
aos Municípios: III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.
9. CERTO
Art. 20. São bens da União:
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que
banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a
território estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias
fluviais;
10. LETRA A
a) concorrente entre União e Estados, cabendo à União estabelecer normas gerais e
aos Estados o exercício da competência suplementar. GABARITO
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito
Federal legislar concorrentemente sobre
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos
de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico
§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a
estabelecer normas gerais
§ 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a
competência suplementar dos Estados
11. CERTO
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente
sobre:
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico.
12. ERRADO
CF/88, Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo Poder Legislativo
Municipal, mediante controle externo, e pelos sistemas de controle interno do Poder
Executivo Municipal, na forma da lei.
§ 1º O controle externo da Câmara Municipal será exercido com o auxílio dos
Tribunais de Contas dos Estados ou do Município ou dos Conselhos ou Tribunais de
Contas dos Municípios, onde houver.
§ 4º É vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou órgãos de Contas Municipais.
13. ERRADO
De acordo com a CF/88, Art 18: A organização político-administrativa da República
Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios, todos autônomos, no termo desta Constituição.
14. ERRADO
A afirmação acima está errada, pois o Distrito Federal e os Municípios não possuem
Poder Judiciário próprios. No caso do Distrito Federal, cabe destacar que é a União
quem organiza e mantém o Poder Judiciário deste (CF, Art. 21, XIII).
15. LETRA C
a) ERRADO. A fiscalização do município será exercida pelo:
Poder LEGISLATIVO Municipal: controle EXTERNO. Poder EXECUTIVO Municipal:
controle INTERNO. Art. 31 da CF/88.
16. LETRA C
Caso a União não edite as normas gerais, Estados e Distrito
Federal exercerão competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.
Entretanto, caso a União posteriormente ao exercício da competência legislativa
plena pelos Estados e Distrito Federal edite a regra geral, ela suspenderá a eficácia da
lei estadual (veja que não se fala em revogação, mas em suspensão!) apenas no que
for contrária àquela. Ocorre, então, um bloqueio de competência, não podendo mais
o Estado legislar sobre normas gerais, como vinha fazendo. (Professora Nádia
Carolina-Estratégia)
17. LETRA E
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico,
espacial e do trabalho;
18. LETRA A
"A doutrina tradicional considera que os elementos constitutivos do Estado são o
território, o povo e o governo soberano. O território é a dimensão física sobre a qual
o Estado exerce seus poderes; é o domínio espacial (material) onde vigora uma
determinada ordem jurídica estatal. O povo é a dimensão pessoal do Estado, são os
seus nacionais. O governo, por sua vez, é a dimensão política; ele deve ser soberano,
20. CERTO
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
II - desapropriação.
21. ERRADO
Súmula Vinculante 38 do STF: É competente o Município para fixar o horário de
funcionamento de estabelecimento comercial.
Súmula 19 do STJ: A fixação do horário bancário, para atendimento ao público, é da
competência da União.
22. ERRADO
Súmula Vinculante n° 46: A definição dos crimes de responsabilidade e o
estabelecimento das respectivas normas de processo e julgamento são da
competência legislativa privativa da União.
23. ERRADO
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar
concorrentemente sobre:
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;
Município não tem competência concorrente, ele apenas legisla sobre assuntos de
interesse local e suplementa a legislação federal e estadual no que couber.
24. LETRA C
a) é competência privativa dos Estados fomentar a produção agropecuária e
organizar o abastecimento alimentar.
Art. 23, CF/88 - É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios:
VIII - fomentar a produção agroapecuária e organizar o abastecimento alimentar.
III. O aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas organizações
sindicais.
Aos trabalhadores compete decidir sobre os interesses que devam defender por
meio do exercício do direito de greve.
Certo
Errado
Para que o filho de casal brasileiro nascido em país estrangeiro seja considerado
brasileiro nato, ambos os pais devem estar, nesse país, a serviço da República
Federativa do Brasil.
Certo
Errado
Servidor público na ativa, com trinta e quatro anos de idade à época da eleição
para deputado distrital, não poderá concorrer ao cargo eletivo, ainda que se
afaste de seu cargo público antes da eleição, dada a sua idade.
Certo
Errado
Uma lei que altere o processo eleitoral e que seja editada no mesmo ano das
eleições municipais poderá ser aplicada, desde que sua edição se dê, no mínimo,
cento e oitenta dias antes do pleito eletivo.
Certo
Errado
I. Direito do Trabalho.
II. Seguridade social.
III. Custas dos serviços forenses.
IV. Previdência social, proteção e defesa da saúde.
Embora, conforme a CF, a lei orgânica municipal esteja subordinada aos termos
da Constituição estadual correspondente, esta última Carta não pode estabelecer
condicionamentos ao poder de auto-organização dos municípios.
Certo
Errado