Você está na página 1de 7

CURSO PEDAGOGIA

DISCIPLINA: DIDÁTICA DA LÍNGUA PORTUGUESA


TEMA: PROJETOS E PLANOS DE AULA – PARTE 1

TEXTO PARA APOIO AO ESTUDO

ANTES DE APRESENTAR ROTEIROS DE PLANO DE AULA OU PROJETO, CABE REFLETIR SOBRE OS ASPECTOS
DE ENSINO QUE DEVEM SER ENCONTRADOS NELE, INDEPENDENTE DE SEU FORMATO:

O QUE ENSINAR AO ALUNO DE LÍNGUA MATERNA?

 Expressar-se em diferentes situações comunicativas


No meio familiar, com amigos ou em público, na apresentação de um trabalho em classe ou em
uma solenidade escolar.

 Saber expressar-se de diferentes maneiras, ou seja, modalizar o discurso


Saber usar a linguagem adequada a cada ambiente: a COLOQUIAL, em situações de informalidade;
ou a FORMAL, que utiliza a norma culta (valorizada socialmente), em situações cerimoniosas. Em
uma entrevista para obter emprego as expressões usadas são diferentes das de um “papo de bar”
(adequação X inadequação linguísticas / preconceito linguístico).

 Conhecer e respeitar as variedades linguísticas do português


O aluno deve entender que em um país grande e de culturas variadas como o Brasil, existem
sotaques, expressões regionais e maneiras diferentes de falar. Ex.: o linguajar paulista, o
carioca, o baiano e o gaúcho. Nenhum está certo ou errado, eles são apenas diferentes. Deve-
se respeitar e valorizar a diferença inerente às variações linguísticas.
 Saber distinguir e compreender o que dizem diferentes gêneros textuais
Uma bula de remédio, um bilhete da namorada ou um anúncio de carro têm intenções, estilos e
vocabulários muito diferentes entre si.

 Entender que a leitura pode ser uma fonte de informação, de prazer e de conhecimento
A leitura dá acesso às informações necessárias para o dia a dia e aos mundos criados pela literatura
e pelas ciências. O aluno deverá saber, ainda, como recorrer a diferentes materiais impressos para
atender a diferentes necessidades. Por exemplo: para obter informações sobre um filme, pode-se
usar o jornal, a internet. Para achar o significado de uma palavra desconhecida, o indicado é o
dicionário. Para uma pesquisa de história, consultam-se enciclopédias ou a internet.

 Ser capaz de identificar os pontos mais relevantes de um texto, organizar notas sobre esse texto,
fazer roteiros, resumos, índices e esquemas
A partir de trechos extraídos de fontes diferentes, o aluno deve saber compor um novo texto coeso
e coerente. Em resumo, transformar a linguagem em um instrumento de aprendizagem, que lhe dê
acesso e meios de usar as informações contidas nos textos que lê ou ouve.

 Expressar seus sentimentos, experiências, ideias e opções individuais.


O aluno precisa ser levado, também, a ser capaz de ouvir, interpretar e refletir sobre as ideias de
outros, sabendo defender suas próprias ideias. Quando descreve, em classe, um fato ocorrido na rua,
o aluno está treinando tal habilidade.

 Ser capaz de identificar e analisar criticamente os usos da língua enquanto instrumento de


divulgação de valores e preconceitos de raça, etnia, gênero, credo ou classe social.
É o que ocorre, por exemplo, nas piadas consideradas “inocentes” sobre portugueses, judeus,
baianos ou negros. No entanto, refletir sobre o real significado preconceituoso delas pode gerar
uma interessante atividade em classe.

Os objetivos do ensino da Língua Portuguesa salientam também a necessidade de os cidadãos


desenvolverem sua capacidade de compreender textos orais e escritos, de assumir a palavra e
produzir textos, em situações de participação social. Ao propor que se ensine aos alunos o uso das
diferentes formas de linguagem verbal (oral e escrita), busca-se o desenvolvimento da capacidade de
atuação construtiva e transformadora.

COMO DESENVOLVER A COMPETÊNCIA ORAL PLENA?

Os projetos e planos de aula devem levar em consideração o desenvolvimento da competência oral


plena, tanto quanto a escrita e leitura fluentes. A produção oral pode acontecer nas mais diversas
circunstâncias, dentro dos mais diversos projetos e planos de aula, os quais podem propor:

 atividades em grupo que envolvam o planejamento e realização de pesquisas e requeiram a definição


de temas, a tomada de decisões sobre encaminhamentos, a divisão de tarefas, a apresentação de
resultados;

 atividades de resolução de problemas que exijam estimativa de resultados possíveis, verbalização,


comparação e confronto de procedimentos empregados;

 atividades de produção oral de planejamento de um texto, de elaboração propriamente e de análise de


sua qualidade;

 atividades dos mais variados tipos, mas que tenham sempre sentido de comunicação de fato:
exposição oral, sobre temas estudados apenas por quem expõe; descrição do funcionamento de
aparelhos e equipamentos em situações em que isso se faça necessário; narração de acontecimentos e
fatos conhecidos apenas por quem narra, etc. Esse tipo de tarefa requer preparação prévia,
considerando o nível de conhecimento do interlocutor e, se feita em grupo, a coordenação da fala
própria com a dos colegas — dois procedimentos complexos que raramente se aprendem sem ajuda.

Não é possível dizer algo a alguém sem ter o que dizer. E ter o que dizer, por sua vez, só é possível a
partir das representações construídas sobre o mundo. Também a comunicação com as pessoas
permite a construção de novos modos de compreender o mundo, de novas representações sobre ele.
A linguagem, por realizar-se na interação verbal dos interlocutores, não pode ser compreendida sem
que se considere o seu vínculo com a situação concreta de produção. É no interior do funcionamento
da linguagem que é possível compreender o modo desse funcionamento. Produzindo linguagem,
aprende-se linguagem.

Esclarecidos estes pontos, ressaltamos que a elaboração de um plano de aula ou projeto deve
abarcar o fomento das competências de leitura, escrita e oralidade a partir de gêneros e tipologias
textuais variadas, a fim de cumprir o propósito de formação do educando apto a se expressar em
distintas situações comunicativas.

PCN E A BNCC

Grande parte dos professores que estão hoje em sala têm os Parâmetros Curriculares Nacionais
(PCNs) como referência para seu planejamento. Com a aprovação da Base Nacional Comum
Curricular (BNCC), mudanças e novidades serão implementadas em todos os componentes
curriculares. Na Língua Portuguesa...

EIXO: LEITURA
Como era nos PCNs:
- Havia uma recomendação de que os textos fossem considerados em um contexto. Os gêneros
textuais se baseavam sobretudo na linguagem escrita e nos suportes analógicos, como cartazes,
jornais, livros etc.
Como ficou na BNCC:
- Há uma atenção especial à questão da escuta ativa, como um comportamento necessário à
interpretação do texto oral, especialmente nos anos iniciais do Ensino Fundamental.
- As habilidades de leitura constantemente aparecem integradas aos campos de atuação, uma vez que
a língua é estudada sempre em relação ao seu uso social. O contexto de produção continua
fundamental para o trabalho com a leitura.
- A cultura digital entra em cena com os textos multimodais, em que as produções escrita e a
audiovisual interagem. Ao fim do Ensino Fundamental, os alunos precisam estar capacitados a ler,
compreender e criticar essas produções.
EIXO: ESCRITA
Como era nos PCNs
- A escrita já era abordada em sua dimensão discursiva, ou seja, enquanto produto da interação social,
mas a produção de textos aparecia como um conteúdo essencialmente procedimental, demandando
uma metodologia adequada à aprendizagem desse “saber fazer”.
Como ficou na BNCC
- A BNCC inclui, de forma objetiva, alguns determinantes sociais da escrita, no momento da produção
textual: os próprios campos, o gênero, a situação de comunicação, o interlocutor, a variação
linguística etc.
- Frequentemente, a habilidade de produção aparece articulada com outras práticas linguísticas,
especialmente as de leitura e as de análise linguística/semiótica.
- O novo documento traz ao processo de ensino-aprendizado da Língua Portuguesa as especificidades
da leitura e da escrita em ambientes digitais.
EIXO: GRAMÁTICA, ANÁLISE LINGUÍSTICA E SEMIÓTICA
Como era nos PCNs
- A partir da perspectiva de que a língua deveria ser considerada em situações de uso, os PCNs
minimizaram as questões gramaticais, que não foram tratadas de forma objetiva.
Como ficou na BNCC
- Questões gramaticais estão mais explicitadas, a cada ciclo do Ensino Fundamental.
- A BNCC propõe que a análise da língua seja feita de maneira contextualizada às práticas sociais. A
memorização de regras deve ser substituída pela compreensão das formas de uso, de acordo com a
situação.
- A análise linguística, em classe, deve abranger textos multimodais e multissemióticos.
EIXO: ORALIDADE
Como era nos PCNs:
- O documento já compreendia a ideia de que a aprendizagem da linguagem ocorre por meio do uso
que fazemos dela, na interação com o outro. A análise da língua oral e/ou escrita é feita considerando
que se trata de um instrumento de interação social.
- Havia apenas a indicação genérica de se abordar a linguagem oral nesse âmbito, porém, em relação
ao “como fazer”, o documento era mais genérico.
Como ficou na BNCC:
- A capacidade de se produzir discursos — orais ou escritos — adequados às situações é tomado na
BNCC como um fundamento pedagógico, tendo em vista a necessidade de formar usuários
competentes da língua.
- A Base prescreve os conhecimentos essenciais, as competências e as habilidades linguísticas
relacionadas às práticas de oralidade, em relação ao que se espera que as crianças e os jovens
desenvolvam em cada etapa da Educação Básica em todo país.
Plano de aula – Exemplo 1

PLANO DE AULA

INSTITUIÇÃO:
DOCENTE:    
ANO DA TURMA:      
TEMA:
       
OBJETIVOS CONTEÚDOS HABILIDADES TEMPO RECURSOS AVALIAÇÃO

 
 
 
 
 
 
 
   
  
   
 

Plano de aula – Exemplo 2

INSTITUIÇÃO:
DISCIPLINA: Português/redação
DOCENTE:
CARGA HORÁRIA: 90 minutos (dois tempos)
TEMA DA AULA: O uso da vírgula
JUSTIFICATIVA: No dia a dia, estamos em contato com vários gêneros textuais e, muitas das vezes, temos
que produzi-los, tais como: e-mail, bilhetes, redações, mensagens em redes sociais. Para tanto, é
importante que os educandos percebam a relevância da vírgula para a leitura e produção de tais gêneros,
isto é, que reflitam o papel organizador desse elemento sintático.
OBJETIVO GERAL:
 Compreender que a vírgula é um elemento sintático, e não prosódico
 Perceber que tal elemento sintático aparece em diversos gêneros textuais
 Observar que a vírgula é uma das grandes organizadoras de um texto
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
 Conhecer/Recordar os usos e não usos da vírgula
 Aplicar adequadamente o emprego da vírgula
CONTEÚDOS:
 Vírgula para evitar a ambiguidade
 Vírgula para isolar termos – vocativo, aposto, expressões explicativas, resumitivas, retificativas e
de situação, topônimos.
Mostrar a diferença entre aposto e vocativo, diferença entre aposto especificador e adjunto adnominal e
diferença entre vocativo e sujeito
 Vírgula para deslocar termos – adjunto adverbial, orações adverbiais.
 Vírgula para enumerar ou separar termos – separar elementos de uma mesma função sintática,
orações coordenadas assindéticas, conjunções adversativas, palavras ou termos repetidos e para
marcar zeugma ou elipse de um termo.
 Não uso da vírgula – separar sujeito de predicado, no aposto especificador ou especificativo,
separar o verbo de seu complemento, antes do etc.(não usar etc. em redações).
METODOLOGIA:
 Depois da apresentação, introduzir a aula com o vídeo sobre a vírgula da ABI(Associação Brasileira
de Imprensa).
 Logo depois, escutar dos alunos a importância da vírgula segundo o vídeo e mostrar um quadrinho
que aponta para essa importância.
 Explicar a etimologia da palavra vírgula e explicar sua relevância como uma grande organizadora
sintática. Fazer uma analogia entre um organizador de uma festa e a vírgula, organizadora do
texto.
 Explicar as regras do jogo: mostrar o jogo físico e comunicar que foi adaptado em slides. Separar a
turma em três ou quatro grupos para que possam consultar um ao outro(se tiverem maiores
dificuldades, cada grupo receberá alguns cartões orientadores do uso e não uso desse elemento
sintático – apenas se tiverem muita dificuldade). Instruir que cada grupo deve levantar a placa de
sim ou não pra dizer se na determinada frase que será exposta na tela tem vírgula ou não. Visto a
aula ser recapitulativa, o objetivo principal é observar se eles sabem o porquê do uso ou não uso
da vírgula na lacuna da frase, pois é turma de preparatório. Não haverá vencedor, mas haverá
prêmios por participação.
 Como não se ensina os conteúdos de língua portuguesa apenas com frases isoladas, em cada
oração ou orações expostas na tela, será apresentado algum gênero textual em que tenha vírgula
para aquela determinada regra. Gêneros textuais exibidos em geral: vídeos, músicas, comerciais
de TV, abertura de um programa de TV, quadrinhos, capa de revista, imagem humorística da
internet, trechos de livros literários, capa e notícia de jornais, um texto bíblico e um endereço de
uma distribuidora.
 Para cada regra sintática, dependendo da compreensão ou dúvida da turma, será explicado tal uso
da vírgula por meio dos gêneros textuais escolhidos e da etimologia de termos como vírgula,
sujeito, predicado, vocativo, aposto, etcétera.
RECURSOS: Data show (vídeos, músicas, quadrinhos, comerciais de TV, abertura de um programa de TV,
capa de revista, imagem humorística da internet, trechos de livros literários, capa e notícia de jornais, um
texto bíblico e endereço de uma distribuidora), quadro branco, pilot, placas de sim e não(para dizer se há
ou não vírgula)
AVALIAÇÃO: A participação dos alunos no jogo, no desenvolvimento do raciocínio, capacidade
interpretativa e crítica, adequação da expressão oral e, sobretudo, no uso adequado ou não da vírgula.
BIBLIOGRAFIA:

Você também pode gostar