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GESTÃO DE PROJETOS DE MINERAÇÃO

In The Mine junho 30, 2014 0 comment

*Por Jorge Raggi, engenheiro-geólogo e consultor

INTRODUÇÃO

Os Projetos de Produção Mineral podem ser melhor entendidos se trabalhados


com método de avanço, como o FEL – Front End Loading, com portões
definindo estágios bem identificados na área industrial. A Pesquisa Mineral é
ainda pouco conhecida para receber investimentos comuns a outros setores.
Visando destacá-la estamos propondo separar a Pesquisa Mineral do Projeto
de Produção. Este existe a partir do depósito mineral descoberto. São dois
FEL’s que se completam, mas podem ser individualizados.

Podemos comparar na indústria a


Pesquisa Tecnológica e a Fábrica de Produtos. São também dois FEL’s.
Primeiro é preciso descobrir a tecnologia, depois montar a linha de produção. A
Mina, equivale à fábrica, com os produtos minerais na forma de barras de ouro,
cobre, zinco, chumbo, alumínio, e tudo que vemos na nossa civilização. Mas
para montar a Mina é preciso primeiro descobrir, estudar os riscos, qualificar e
quantificar o minério no depósito existente “in situ”. Água; óleo, gás, carvão; e
minerais; não vão faltar na natureza, mas ficará cada vez mais onerosa a
produção.

A pesquisa mineral é o início de um grande fluxo de produção. A descoberta de


um depósito mineral viabiliza a implantação de uma produção gerando
produtos para a indústria de transformação, de insumos que sustentam nossa
civilização. A partir de 2.001 com a implementação das normas internacionais
passou a ser regulamentada a apresentação de projetos de mineração para os
investidores e o público, com diretrizes de forma, de precisão dos dados, os
tipos de métodos aceitos para os estudos, as qualificações e certidões
necessárias para pessoas e empresas responsáveis.

O CSA – Canadian Securities Administrators, como exemplo, reúne entidades


ligadas a regulamentações sobre fundos de investimentos, bolsas de valores,
títulos públicos. Possui um órgão responsável pela guarda de documentos de
empresas com ações na Bolsa de Valores do Canadá: “The System for
Eletronic Document Analysis and Retrieval” – SEDAR (Sistema Eletrônico de
Recuperação e Análise de Documentos), que pode ser acessado no
site www.sedar.com. Existem vários projetos de mineração disponíveis, desde
alvos poucos trabalhados, mas com potencial, a grandes projetos de
implantação.

O método FEL da Pesquisa Mineral com as normas que sustentam


transparência, materialidade e competência na gestão pode dar condições aos
investidores para sentir mais segurança. No desenvolvimento do FEL
consideramos os modelos Aversão a Riscos e Alavancagem de Riscos. No
primeiro a pesquisa mineral avança e após a identificação de um depósito
mineral inicia o projeto da produção. No segundo, grande parte dos trabalhos
são realizados em paralelo aumentando os riscos do investimento, mas
buscando agilidade da produção.

Para melhor visualização da pesquisa mineral podemos comparar com


derivativos do mercado financeiro, em relação ao lastro referencial. A pesquisa
mineral na sua fase inicial de alvos a trabalhar tem risco muito alto, e à medida
que avança aproxima-se do lastro que é um depósito mineral. Enquanto o
derivativo pode distanciar do lastro à medida que vai derivando em outros.

A probabilidade da descoberta de depósitos minerais possui estatísticas que


podem balizar os riscos de investimentos. O Departamento Nacional da
Produção Mineral, no período de 26 anos, 1988 – 2.013, para 516 mil
requerimentos de pesquisa (100%),  49 % tiveram autorizações para pesquisa,
e resultaram em 4 % de aprovação das pesquisas realizadas e só 1%
obtiveram concessões para lavra. São apresentados em separados os dados
de 2.010, 2.011, 2.012 e 2.013 para comparação. A De Beers confirma estes
dados com seu histórico de produção de diamantes no mundo. Este é o risco
geológico para encontrar um depósito. Acrescentamos a estatística da Rio
Tinto para encontrar uma grande descoberta em condições de impactar a
produção global.

Ao risco geológico deve ser acrescentado os riscos tecnológicos, econômicos,


ambientais e políticos. A administração destes riscos permite a valoração da
pesquisa mineral em suas diversas fases e dos depósitos minerais. É uma
possibilidade real com as normas internacionais e um método como o FEL,
criando mais confiança e controle ao investidor, aos órgãos governamentais.

O método FEL – Front End Loading tem os passos necessários para


implantação de projeto. As etapas evoluem à medida que os dados são mais
conhecidos, mais precisos, de forma a garantir o planejamento de qualidade,
orçamento e prazo, reduzindo de um modo concreto e monitorado as
incertezas e consequentemente os riscos. FEL , “funnel”, funil, é utilizado em
empreendimentos que requerem grandes fluxos de capital, com o objetivo de
minimizar os riscos de investimentos em projetos. É possível uma definição
detalhada do escopo dos projetos alinhando-os aos objetivos da empresa.
Dessa forma desenvolvem-se informações estratégicas com as quais os
investidores podem enfrentar riscos e tomar decisões para alocar recursos
maximizando o potencial de resultados. O FEL é principalmente uma elevação
do nível de conhecimento e precisão na análise dos riscos técnicos e
econômicos de um projeto e pode ser aplicado em empreendimentos de
qualquer ordem de valores de investimento.

O ciclo de vida de um projeto mineral pode ser dividido em: Concepção,


Desenvolvimento, Execução, Operação e Reabilitação da Área. E cada uma
dessas fases pode também apresentar subdivisões. As transições de um
estágio para o outro são denominadas gates ou “portões de passagem”. Estes
gates representam pontos de tomada de decisão quanto à aprovação do
projeto para a próxima fase, retorno para melhor definição, ou cancelamento.
Este modelo de fases apresentado pode ser adaptado para cada tipo de
atividade e empresa. A valorização no negócio de exploração e
desenvolvimento mineral está na diferença de percepção de valor,
independentemente do estágio de desenvolvimento e da localização
geográfica. Caracteriza-se assim como um negócio de oportunidades.

MÉTODO

FEL – Gestão de Pesquisa Mineral

A partir de 2.001 a Bolsa de Toronto exigiu das empresas de mineração que os


quantitativos de minérios “in situ” em seus depósitos minerais estivesse em
conformidade com a National Instrument : NI 43 – 101. A Austrália criou o
JORC Code (Joint Ore Reserves Committee). Estas duas normas tornaram-se
as mais conhecidas, apoiando as “Diretrizes para a Divulgação de Recursos e
Reservas e dos Resultados da Exploração Mineral”, adotado nos Estados
Unidos da América em 1998 e da “Estrutura para a Classificação de Recursos
e Reservas de Combustíveis Sólidos e Bens Minerais” da ONU, divulgado em
1996.

A forma de apresentação dos resultados de pesquisa mineral como definem as


normas, permitem auditagem nas pesquisas para comprovar os conteúdos
minerais em condições de economicidade, de segurança ambiental, permitindo
lastrear, garantir financiamentos, lançamento de ações em bolsas e outras
aplicações financeiras.
O Departamento Nacional da Produção Mineral (DNPM) trabalhou para
padronizar no Brasil as normas internacionais e publicou uma minuta em
novembro de 2.002 : “Norma Brasileira para Classificação de Recursos e
Reservas Minerais”. Mas não foi implantada, deixando o Brasil há mais dez
anos sem estas certificações.

Os objetivos destas normas são:


– Padronizar a forma de reportar resultados das pesquisas geológicas;
– Definir os critérios necessários para classificação dos depósitos e
– Definir as condições externas para a classificação dos volumes do depósito
entre recursos e reservas.

A definição das condições externas, por exemplo, podem variar de acordo com:
– Questões técnicas relativas à lavra, explotação e beneficiamento do minério,
– Custos operacionais, volumes de investimento inicial e infraestrutura local,
– Preços das commodities e taxas de câmbio,
– Questões legais, regionais, governamentais e ambientais.

As normas propõem duas classes de


apresentação dos trabalhos de avaliação de depósitos minerais dentro das
quais existem subclasses que se relacionam de acordo com as condições
externas acima, conforme figura ao lado.

As normas buscam evidenciar diferentes níveis de conhecimento de depósitos


minerais e valorizar os profissionais envolvidos. Ela determina o que é “recurso
e reserva mineral” através do volume de trabalho de pesquisa realizado no
depósito mineral, sob a responsabilidade de pessoas com competências
reconhecidas.

Manual de Procedimentos

Com a finalidade de atingir os princípios estabelecidos, é necessária uma


padronização de procedimentos, isso significa que as atividades deverão ser
conduzidas sempre da mesma maneira, assim, é necessário que se
estabeleçam métodos para a condução ou execução de cada uma das
atividades.

Uma das maneiras de padronizar os procedimentos ou atividades conduzidas


durante o processo de descoberta, avaliação, cálculo de recursos e reservas é
criar um manual de procedimentos onde estão descritas as diversas atividades
e como cada uma deve ser feita.

O Manual de Procedimentos é o conjunto de métodos necessários ao


andamento do projeto, cada método desse conjunto descreve detalhadamente
como proceder na execução de cada uma das tarefas ou atividades de um
projeto.

É necessário esclarecer que um manual de procedimentos não é uma figura


estática, ele evolui com o tempo, mas sua evolução deve ser bem discutida,
analisada e adotada sempre que for necessário. Um fator importante é que se
um método é modificado, essa modificação deve ser informada a todos os
usuários de modo que a padronização de procedimentos seja sempre
alcançada.

A importância dessa padronização de procedimentos é essencial para a


aplicação das Normas, qual sejam seus princípios de Transparência,
Materialidade e Competência. O estabelecimento de um Manual de
Procedimentos significa dizer que as atividades que foram feitas por pessoas
diferentes, em locais diferentes e para metais ou minérios diferentes foram
conduzidas exatamente da mesma maneira, e podem ser assim objeto de
comparação e auditoria.

Banco de dados de resultados

A correta utilização do Manual de Procedimentos resulta em uma padronização


na condução das diversas atividades que é um fator de suma importância no
controle e na qualidade dos dados armazenados.

Essa padronização implica na formatação de um Banco de Dados de


Resultados, onde serão arquivadas as informações das diversas atividades que
foram executadas em uma dada área, tornando prática acessível e objetiva a
localização de um dado ou de um conjunto de dados para posteriores estudos
e aplicações. Ele é um banco de informações digital.

Esse banco de dados é a fonte de informações para as etapas futuras do


projeto sempre permitindo verificar a sua integridade e a consulta de seu
conteúdo a qualquer época por quem tiver competência e for autorizado para
tal. Existem no mercado diversos softwares com diferentes tipos de banco de
dados voltados para informações de pesquisa mineral e mineração.

Nos processos de financiamento para implantação de projetos, os técnicos das


organizações verificam a viabilidade do financiamento, checando as etapas do
projeto a ser financiado, através da consulta e posteriores simulações
econômicas, utilizando as informações armazenadas no banco de dados do
projeto.
Na Gestão de Pesquisa Mineral os diversos portões do FEL (1, 2, 3, 4 e 5) são
entendidos como análises que visam verificar se a ocorrência mineral que está
se trabalhando pode ser promovida ao passar por cada portão do FEL. Se
cumpridas todas as fases desse FEL (Figura 02), tem-se um melhor
conhecimento geológico e econômico possível dentro das condições do
momento possibilitando obter um corpo de minério com as características já
definidas.

Como na maioria das vezes os alvos


e/ou projetos estão em diferentes estágios de conhecimento, seria necessário
estabelecer um banco de dados para posicionar, dentro do processo pesquisa
mineral onde situariam cada um dos alvos.

Isso é feito  criando-se etapas dentro do processo de pesquisa mineral


definindo o que é cada uma das etapas e o produto que cada uma delas deve
gerar.

Considerando que o processo Pesquisa Mineral é o conjunto dos trabalhos


conduzidos para geração de um depósito mineral, ou seja, um corpo de minério
passível de ser lavrado economicamente nos dias atuais.  Ele vai desde os
primeiros levantamentos bibliográficos até a conclusão dos estudos, conjunto
de informações que a seguir seguem para a área da engenharia definir e
elaborar o projeto de produção mineral.

A Pesquisa Mineral é dividida em cinco etapas assim denominadas:


– FEL 1 – Reconhecimento
– FEL 2 – Pesquisa Mineral
– FEL 3 – Avaliação
– FEL 4 – Recursos / Reservas
– FEL 5 – Plano de Aproveitamento Econômico

FEL 1 – Reconhecimento

Os primeiros estudos definem as substâncias que serão exploradas. Essas


informações básicas muitas vezes são obtidas de decisões da alta cúpula da
empresa ou em condicionantes do mercado. Com base nessas informações
são feitas pesquisas bibliográficas para  verificar os modelos de mineralização
e quais deles se encaixam dentro do arcabouço geológico que o território
dispõe.

Selecionados os modelos de uma forma ampla, realizam os primeiros


reconhecimentos de campo visando definir, dentro das sequências
possivelmente férteis para uma dada substância, quais as áreas no terreno
apresentam as características do modelo definido.

Nesse ponto iniciam os trabalhos mais regionais de levantamentos geológicos,


geoquímicos ou geofísicos, procurando definir alvos para  maior detalhe. Para
cada um dos alvos regionais é feita uma planilha com o histórico de sua
localização, as suas características e outra com os trabalhos necessários e
planejados, quantificados e localizados no tempo. Deverá ser elaborado um
relatório sucinto justificando a seleção do alvo regional bem como mostrando
os trabalhos que foram feitos para sua definição.

Novamente, para cada um desses alvos é feita uma planilha com as


características do alvo, tais como localização, tipo de anomalia, documentada
por mapas geoquímicos, geofísicos e geológicos. Esses mapas devem seguir
um formato padrão definido a priori, em termos de escala, tamanho, e outros
elementos que deverão ser objeto de uma norma que deverá ser anexada a um
Manual de Procedimentos. É bom observar que o manual de procedimentos é
um documento evolutivo que vai sendo acrescido de novas normas e
atualizado em virtude da experiência que vai sendo acumulada com a evolução
dos trabalhos.

FEL 2 – Pesquisa Mineral

Os alvos priorizados, produtos da “Etapa 1 – Reconhecimento” serão


trabalhados nesta Etapa 2. Os alvos não selecionados vão compor um banco
de alvos.

Nessa etapa para cada um dos alvos priorizados deverá ser feita uma
programação de trabalhos de forma a permitir a localização de uma
mineralização do tipo pesquisado. O produto final dessa etapa são alvos
priorizados com mineralização definida dentro do modelo procurado.

Pode ocorrer que a cada novo serviço alguns alvos venham a mostrar
resultados negativos indicando a ausência de mineralização. Esses alvos são
suspensos, e, ou, abandonados depois de devidamente documentados e
colocados em espera em um banco de alvos. O volume de serviços planejado
para eles pode ser utilizado em outro alvo retirado do banco de alvos.

FEL 3 – Avaliação

Os alvos gerados na Etapa 2 e priorizados, são o objeto de trabalho da Etapa


3. É importante salientar que na maioria das vezes a priorização final dos alvos
de uma dada etapa é feita em função de uma perspectiva orçamentária.
Quando se elabora um orçamento anual ele é feito em bases definidas e os
valores a ser investido nos trabalhos de pesquisa mineral resulta que nem
todos os alvos podem ser trabalhados naquele ano. São priorizados sempre os
melhores e os demais são colocados em um banco de alvos e poderão ser
aproveitados em outra época.

Os alvos da Etapa 2 selecionados e priorizados são detalhados nesta Etapa 3,


onde os trabalhos tem um maior detalhe e visam definir se a fonte da anomalia
que gerou o alvo contém mineralização extensa o suficiente para conter um
depósito com perspectiva econômica. Analisando toda a informação existente é
feita uma programação de trabalho para cada alvo, da mesma forma que se fez
nas etapas anteriores.

Os trabalhos obtém maior detalhe, e são planejados os primeiros furos


exploratórios visando maiores definições da mineralização e definir a sua
extensão. O produto da Etapa 3 são alvos com mineralização e com extensão
compatível com um corpo de minério econômico dentro do modelo pré-
estabelecido.

FEL 4 – Recursos e Reservas

Os alvos selecionados e priorizados, produtos da Etapa 3 são objeto dos


estudos da Etapa 4. Novamente os resultados dos alvos são analisados de
uma maneira profunda, selecionados e priorizados e elaborada uma
programação de trabalho para cada um deles. A programação de trabalhos
visa agora definir reservas, assim o produto desta “Etapa 4 – Avaliação” são
reservas minerais cubadas com todos os parâmetros geológicos, geométricos e
geometalúrgicos definidos – elementos necessários aos estudos de engenharia
e planejamento do empreendimento mineiro.

Nessa etapa são programadas malhas de sondagem orientadas por estudos


geoestatísticos preliminares e condicionada pelo volume mínimo necessário
para se implantar um empreendimento mineiro. O produto da Etapa 4 são
corpos de minério cubados com características definidas que permitam a
elaboração de um projeto mineiro em todos os seus aspectos.

FEL 5 – Plano de Aproveitamento Econômico

Um plano de lavra tem os itens necessários bem conhecidos, mas o que se


busca é a confiabilidade. O FEL 5 de Pesquisa Mineral se equivale ao FEL 1 de
Implantação Mineral mas as equipes de trabalho são diferentes.

FEL – Gestão de Produção Mineral


As atividades que são conduzidas no sistema de portões FEL (1, 2, 3, 4 e 5)
são similares aos empreendimentos industriais. Ao passar por todos os portões
desse FEL, tem-se o detalhamento da operação com extração mineral, usina e
logística, contendo os elementos necessários a produção e principalmente a
acurácia da previsão dos investimentos. Por exemplo, ao avançar os portões a
previsão de orçamentos em relação à realidade vai se aproximando mais.
FEL 1 – 50 %
FEL 2 – 30 %
FEL 3 – 20 %
FEL 4 – 10 %

À medida que vai se buscando a precisão dos investimentos segue também a


discussão detalhada dos processos, mercados, infraestrutura, logística, criando
em cada portão maior segurança para o empreendimento.

É importante salientar que em ambas as gestões quando o objeto de trabalho é


submetido aos testes em cada FEL, se o resultado é positivo o processo
continua, se o resultado é negativo o processo se encerra, ou paralisa
aguardando.

O reconhecimento da região com


reserva mineral deve seguir um roteiro de atividades para viabilizar o
empreendimento. Os trabalhos que deverão ser realizados permitem identificar
características suficientes para complementar os recursos lavráveis e justificar
os prosseguimentos dos estudos geológicos no local, que vão continuar
durante toda a vida do empreendimento.

Trabalhos de pesquisa realizados

O FEL Produção Mineral precisa validar os dados obtidos no FEL Pesquisa


Mineral. Estes deverão seguir o mesmo desenvolvimento no projeto que o
estudo geológico. Deverá ser padronizado e de acordo com o modelo
apresentado neste documento. O conhecimento de vários itens a seguir, como
exemplos, é de extrema importância para a viabilidade da implantação:
– Amostragem
– Recursos / Reservas
– Composição mineral e limites de teor
– Topografia
– Determinação de peso especifico
– Definição de massa e teor
– Análise de variográfica
– Modelamento de blocos
– Geometalurgia
– Vida útil

Alguns itens de estudo para a produção mineral estão listados a seguir:

– Localização e vias de acesso: conhecimento do local onde será implantada a


mina e as principais vias de acesso (aérea, terrestre e marítima) a propriedade.

– Verificação de dados: conduzir uma auditoria externa no banco de dados do


depósito e nas interpretações geológicas incluindo validação dos dados
contidos no resultado da pesquisa mineral.

– Análise de mercado: são abordagens voltadas aos mercados da substância


explorada, tanto do ponto de vista doméstico quanto do mercado externo. Cabe
análise de ordem econômica em geral.

– Lavra: escolha do método para a extração do depósito mineral. A céu aberto,


e, ou subterrânea.

– Planta de beneficiamento: definir o tipo de planta de beneficiamento, rota de


processo e regime de operação

– Infraestrutura: verificar principalmente disponibilidade de energia e água local


para projetar instalações de apoio operacional que servirão de suporte nas
atividades administrativas, de produção e de manutenção.

– Licenciamento, meio ambiente e sócio economia: estabelecer políticas de


desenvolvimento sustentável para orientar o projeto com o objetivo de atender
às orientações internacionais e normas locais aplicáveis, preconizando
minimizar eventuais impactos ambientais durante o projeto de construção e
operação.

– Avaliação econômica do projeto: os custos de capital (CAPEX) e custos


operacionais (OPEX) para o projeto. No CAPEX prevê-se construção e
comissionamento das instalações na mina englobando custos diretos e
indiretos. No OPEX: mina (detonação, carregamento e transporte, materiais e
peças de reposição dos equipamentos), planta (custos de energia,
consumíveis, manutenção e outros custos relativos a todas as operações
unitárias previstas) e geral & administrativo (peças de desgaste dos
equipamentos, mão de obra).

– Recursos e reservas minerais: a partir da pesquisa mineral com reserva


provável e comprovada. Projetação do seqüenciamento de lavra e definição da
vida útil da mina.

– Porte do Empreendimento: classificar o porte do empreendimento de acordo


com a capacidade produtiva que a mina oferece.
– Cronograma de produção mineral e operação: programar início da produção
e a longo prazo (vida útil da mina).

– Conformidade com programas governamentais: tem objetivo de atrair novos


investimentos através de programas junto à governos com incentivos
financeiros.

– Objetivos e justificativas do empreendimento: analisar ganhos ambientais,


sociais, técnicos e econômicos.

– Áreas de servidão: analisar sua necessidade para futuras instalações de


apoio e ou expansões.

– Estéril: definir local para o Depósito Controlado de Estéril (DCE).

– Avaliação geotécnica: a partir desta avaliação geotécnica é possível definir


parâmetros de resistência para diferentes materiais e modos de ruptura.
Identificação das estruturas geológicas que poderão representar papel
importante na estabilidade dos taludes.

– Caracterização geomecânica: objetiva conhecer os materiais presentes e


determinar suas ocorrências e espessuras.

– Análise de estabilidade de taludes: determina fatores de segurança mínimos


para os taludes da cava final da mina, considerando os diferentes tipos de
materiais, tipos de rupturas possíveis de ocorrência, condições geométricas e
hidrogeológicas.

– Dimensionamento das vias internas de acesso: é importante projetar a rampa


interna da mina com operação segura e eficiente do equipamento a ser
utilizado. A rampa é desenvolvida à medida que a mina se aprofunda,
interligando os diversos níveis.

– Frota de equipamento: conjunto de equipamentos de mina que serão


necessários para atender ao plano de produção projetado para a mina. Os
equipamentos deverão ser adquiridos concomitantemente com as
necessidades operacionais, ou estrategicamente com maiores riscos.

– Mão de obra para a mina: refere-se ao quantitativo de pessoal para os


regimes administrativos e de turno, e treinamento necessário.

– Plano de controle de impactos ambientais: tende a minimizar e controlar os


impactos do empreendimento, a partir da avaliação de impactos dos meios
físicos, biótico e antrópico. Faz parte deste plano “programa de gestão de
riscos e plano de atendimento a emergências.”
– Saúde e segurança ocupacional: estabelece a base para avaliação, controle
e monitoramento dos riscos das atividades da empresa, servindo de base a
seus programas e metas de gestão da segurança do trabalho e saúde
ocupacional, e se aplica especialmente à fase de produção mineral.

– Plano de fechamento de mina: prevê o fechamento da mina quando de sua


exaustão. Apresenta plano executivo com diretrizes e orientações para a fase
de desativação da cava da mina, instalações industriais, pilhas de estéril e
demais infraestruturas.

– Reabilitação de áreas degradadas: os trabalhos de reabilitação das áreas


degradadas deverão ser planejados e implantados na conformidade do uso
futuro que se pretende para as mesmas e considerando as suas características
geológicas e pedológicas para definição de procedimentos operacionais que
serão suportados por avaliação prévia da adequabilidade das espécies
vegetais a serem utilizadas. Consultas às comunidades próximas são
necessárias para apoio ao projeto.

DESENVOLVIMENTO DO MÉTODO FEL


Podemos avançar com as estratégias de ação sequencial e em paralelo e as
atuações com foco aversão e alavancagem de riscos. O FEL potencializa o
nivelamento e o agrupamento dos serviços, de acordo com o seu estágio de
maturidade, proporcionando segurança à direção executiva da organização e
os investidores para a tomada de decisão referente à autorização do
investimento.  Em mineração pode-se trabalhar com os FEL’s
sequencialmente, e em paralelo.
Modelo FEL Sequencial
Neste há transição entre as fases do FEL (Figura 04) que deverão ser
validadas no contexto da gestão do portfolio de empreendimentos da empresa.
Para isso, entre as fases são identificados os já mencionados portões de
passagens, que permitem definir se os estudos do empreendimento avançam
ou não para as etapas seguintes. Exige-se uma aprovação se o projeto
continua ou é interrompido, ou mesmo para se solicitar maiores informações
para a tomada de decisões.

Do ponto de vista conceitual, este modelo seqüencial da FEL adiciona valor ao


projeto, com o objetivo de manter-se este valor durante a fase de
desenvolvimento da engenharia detalhada e construção, para que durante a
fase de operação e manutenção o projeto selecionado e aprovado pelos
portões de passagens produza o valor planejado (esperado) atendendo as
expectativas da empresa.
Modelo FEL Paralelo

O Modelo FEL Paralelo requer do gerenciamento a decisão de assumir maiores


riscos para atingir a produção em menor prazo. Com uma boa gestão, pode
permitir a coordenação e desenvolvimento em paralelo das diferentes
especialidades de projeto e desenvolvimento de produto de forma a extrapolar
as limitações das mediações contratuais e criar uma nova disposição de
cooperação técnica entre os projetistas.

A escolha desse modelo paralelo (Figura 5) pode ser tanto melhor se houver
um processo independente de avaliação que aponte se o esforço que está
sendo feito até o momento de cada fase em paralelo atende ao que foi
estabelecido pela gestão da empresa.

RISCOS
Aversão a Riscos: Modelo Sequencial
Um exemplo de investidor de aversão a riscos é a Rio Tinto – Exploração. É
uma empresa líder internacional envolvida em cada estágio da produção de
metais e minerais. Seu grupo é formado pela Rio Tinto plc que possui ações
negociadas na Bolsa de Valores de Londres e pela Rio Tinto Limited, com
ações negociadas na Bolsa de Valores da Austrália.

 
O grupo Exploração, dentro da Rio Tinto tem a função de aumentar o valor da
companhia descobrindo ou adquirindo novos recursos minerais. Envolve a
identificação, priorização e verificação de alvos geológicos, geoquímicos e
geofísicos.

A operação de exploração da Rio Tinto é organizada em três equipes regionais:


Américas, Austrália e África-Eurásia. No final de 2009, o grupo explorava
ativamente em 17 países e avaliava oportunidades em outros 19 países para
uma gama de produtos : bauxita, cobre, carvão de coque, diamantes, minério
de ferro, níquel e urânio.

A pesquisa mineral da Rio Tinto possui 5 portões:

– Seleção da área: Decisão sobre onde explorar – avaliações de dados


geológicos, geoquímicos e geofísicos para encontrar áreas com potencial de
depósitos. São avaliadas as questões de segurança, saúde, meio ambiente,
riscos técnicos e políticos, com estudos de campo.
– Identificação do alvo: Determinação da existência de um depósito – Busca de
acesso ao terreno, avaliação da mão de obra local, realização de mapeamento
geológico.
– Verificação do alvo: Avaliação da natureza da mineralização – com
escavações e sondagens, e detalhamento de dados ambientais e sociais.
– Delineamento do recurso: Determinação do tamanho do depósito, grau e
metalurgia – Detalhamento das sondagens, análises, recursos.
– Avaliação de recurso a nível de viabilidade: Avanço das sondagens, análises,
testes, rota de processo, engenharia. Julgamento sobre se o depósito será
economicamente viável.

Finalizando a pesquisa mineral com definições do depósito mineral o projeto é


encaminhado para a área de produção mineral.

O tamanho do investimento da Rio Tinto em exploração mineral é de acordo


com a qualidade da oportunidade e risco de projeto somado a avaliações das
perspectivas em longo prazo para o produto.

No período de 1990 – 2009, a Rio Tinto anunciou as descobertas de depósitos


minerais. (Figura 6), conforme quadro a seguir. Neste início de ano de 2013 foi
anunciado uma perda financeira de US$ 14 bilhões com a redução do valor da
divisão de alumínio e os ativos de carvão em Moçambique. Mas todas grandes
empresas de mineração no mundo vem enfrentando grandes dificuldades,
principalmente a partir da crise iniciada em 2007 – 2008.
Warren Buffett
Para reforçar o conceito de aversão a riscos e obter uma visão do investidor
podemos utilizar os ensinamentos de um dos maiores empresários do mundo.
Em julho de 1999 Buffett proferiu uma palestra em Sun Valley na cidade de
Hayley, um resort em um antigo centro de mineração, Idaho, EUA, sobre
Mercado de Ações. Havia muita pressão para que o fundo que administrava
adquirisse ações de empresas de novas tecnologias. Mas ele mostrou que
novas tecnologias não tornaram os investidores mais ricos com os exemplos:
– Havia 200 companhias de aviação, entre 1919 – 1939, e o conjunto de todas
as ações investidas rendeu zero dólares.
– Existiam duas mil companhias automobilísticas nos EUA no início do século
XX, apenas três sobreviveram.

A história dos negócios estava cheia de novas tecnologias como as estradas


de ferro, o telégrafo, o telefone, a energia elétrica, no entanto, quantas delas
haviam tornado os investidores mais ricos?

Em 10/03/2000 o índice da Nasdaq, Bolsa Eletrônica de Nova York, onde são


negociadas as empresas “ponto com” superara os 5.000 pontos mais do que
dobrando em um ano, mas a partir daí perdeu 75 % do valor. Foi o estouro da
bolha ponto com. E Buffett acertou mais vez.

Em 2002 na carta aos acionistas do Berkshire Hathaway Buffett chamou


atenção para os produtores de casas pré-fabricadas nos Estados Unidos que
começaram a vender seus empréstimos por meio de uma “obrigação lastreada
em outra dívida” alavancando em 100 dólares para cada dólar de capital.
Chamou esses derivativos de “tóxicos” e disse que eram “bombas – relógio”
que estavam se alastrando sem controle e que podiam causar uma reação em
cadeia de desastres financeiros – o que veio acontecer e estamos vivendo esta
crise nos dias atuais.

O método FEL sequencial trabalhado neste artigo pode dar mais visibilidade
para investidores que tem aversão a riscos como Warren Buffett.
Alavancagem de Riscos: Modelo Paralelo
A proposta deste modelo é reduzir os prazos de produção mineral de um
projeto de mineração, mas nesta redução aumenta-se os riscos. Enquanto que
o modelo sequencial exige de 10 a 20 anos para uma produção, se for
conduzido os FEL’s em paralelo objetiva-se a produção em 3 a 5 anos. Para
atingir esta meta ao iniciar o FEL Pesquisa Mineral já considera-se que o
sucesso será atingido e inicia-se o FEL Produção Mineral. Se o depósito
mineral for pequeno, insignificante, o empreendedor arca com o prejuízo, ou
vende para um empreendedor em que a escala de negócios permita a
continuidade do projeto.

Recentemente um grupo empresarial iniciando a pesquisa de minério de ferro


de baixo teor, já pressupondo a necessidade de transporte por mineroduto
contratou a aquisição de bombas e tubulações – ítens que poderia estrangular
as metas de implantação de produção mineral no prazo de 3 a 5 anos. Estas
estratégias sempre existiram no mundo e podem ser alavancas quando bem
sucedidas, ou prejuízos quando não se viabilizam.

O nível de conhecimento de um depósito mineral, FEL Pesquisa Mineral,


avança de OCORRÊNCIA – RECURSO INFERIDO – RECURSO INDICADO –
RECURSO MEDIDO – RESERVA PROVÁVEL – RESERVA COMPROVADA.
Este conhecimento significa investimento de risco. Os ativos minerais tem
condições de ser valorizados “in situ”, na natureza onde foram gerados, antes
da produção. É uma realidade que cria grandes riquezas, mas que deve ser
reduzidas as incertezas.

Se considerarmos um depósito de minério de ouro desde o conhecimento a


nível de ocorrência caminhando até reservas (FEL Pesquisa Mineral) e depois
FEL Produção Mineral onde o ouro é produzido em barras, tem-se um caminho
até o lastro. O ouro físico é a “moeda” mais aceita no mundo. Este depósito
pode ser valorizado em cada etapa do avanço do projeto que avança para a
produção física. E um empreendimento deste pode ser realizado no FEL
Sequencial ou em Paralelo.

Talvez uma abordagem dos derivativos no mercado financeiro possa ser mais
explicativo do que teorizar o conceito de alavancagem em mineração,
mostrando seus riscos. Os derivativos constituem o melhor exemplo de
alavancagem. São marcos recentes os anos de 1973, 1994 – 1995, e 2007 –
2008 onde eventos fizeram história. Adiantando as conclusões, a alavancagem
sempre existiu e existirá, pois faz parte do comportamento humano.

Um derivativo, como conhecido atualmente no mercado financeiro, vai se


desdobrando em outros, distanciando do lastro – base e aumentando o risco do
investimento. A pesquisa mineral, pode ser visualizada ao contrário: parte do
maior risco e ao avançar vai agregando valor aproximando do lastro – base. Se
um investidor puder acompanhar os resultados da pesquisa mineral com um
método como o FEL e apoiado nas normas internacionais, ao investir no FEL
Pesquisa Mineral o risco é grande, mas à medida que avança o risco vai
diminuindo aproximando do lastro – base, conforme figuras 7 e 8, a seguir.
Figura: Desdobramento de um derivativo que ao distanciar do lastro (base),
aumenta o risco do investimento.

Figura: Desdobramento de uma Pesquisa Mineral que tem maior risco no FEL
1 e ao avançar mais próximo do lastro vai agregando valor reduzindo o risco.

Ao seguir o método FEL o investimento em FEL 1 tem maior risco e maior


ganho se houver confirmação final de um depósito mineral.

O conceito de derivativo pode ser útil para aprofundar o conhecimento da


alavancagem de riscos, que existe desde os primeiros tempos da nossa
história, e principalmente na pesquisa mineral. Quando um egípcio comprava
uma safra futura com valor prefixado no presente, estava trabalhando com
derivativo. Aristóteles contou que o filósofo grego Thalus, sem muitos recursos,
prevendo uma grande safra de olivas, adquiriu a valor presente a utilização das
prensas de olivas para produção de azeite no próximo ano, e cobrando o que o
mercado aceitou obteve grandes lucros.

Um dos melhores exemplos do perigo dos derivativos foi a super – valorização


(bolha) das tulipas que quebrou a Holanda no início do século XVII.

Existem derivativos que são muito utilizados como a compra de um imóvel,


opcionando pagamentos antecipados e dando condições de venda do contrato.
Contratos para entregas futuras a preços especificados são também
derivativos.

Derivativos são contratos com opções. Quanto vale uma opção ? Depende do
tempo, preços, taxa de juros e volatilidade (riscos). Para Peter L. Bernstein “o
produto das transações com derivativos é a própria incerteza”.

Os derivativos alavancaram as bases para administração dos riscos a partir do


ano de 1.973 com a edição de maio – junho do “Journal of Political Economy”
onde Black e Sholes publicaram um modelo, com matemática avançada, que
quantificavam as opções no tempo. Seis meses após esta publicação a Texas
Instruments publicou um anuncio de meia – página no “Wall Street Journal” :
“Agora você pode encontrar o valor de Black – Sholes usando nossa …
calculadora”.

Somando a estes eventos estruturantes a Chicago Board of Trade, já


tradicional centro de negociações de commodities iniciou, no seu salão de
fumar, em abril de 1.973, a Chicago Board Opcions Exchange, fornecendo pela
primeira vez aos negociantes de opções de ações contratos padronizados e
liquidez para a compra e venda de opções, prometendo rápida regulamentação
e rapidez na informação pública de todas as transações.
E neste ano de 1973 o Fundo Monetário Internacional em reunião na Jamaica
ratificou as taxas flutuantes do cambio, uma vez que os Estados Unidos
acabaram com o lastro do ouro dois anos antes . E, mais uma vez, em 1973
houve a volatilidade dos preços do petróleo inaugurando as incertezas
generalizados nos preços das commodities. Os dirigentes das empresas, como
os agricultores que trabalham com os eventos voláteis da natureza,
adicionaram os derivativos.

Em novembro de 1994, Alan Greenspan, presidente do Federal Reserve Board,


USA, declarou : “Existem pessoas que acham que o papel do supervisor do
banco é minimizar, ou mesmo eliminar, seus fracassos; mas essa visão é
equivocada, em minha opinião. A disposição em assumir riscos é essencial ao
crescimento de uma economia de livre mercado … Se todos os poupadores e
seus intermediários financeiros investissem somente em ativos livres de riscos,
o potencial de crescimento das empresas jamais se realizaria.”

Wall Street, como um viveiro de inovações criou novas unidades em derivativos


e surgiram engenheiros financeiros desenvolvendo produtos de administração
de riscos relacionados a taxas de juros, moedas, commodities, índices de
bolsas de valores. Em 1995 já havia duzentas empresas com valores
“nocionais” de US$ 18 trilhões sendo que US$ 14 trilhões concentrados em
seis grandes bancos. Valor nocional é o valor total de cada contrato de
derivativo.

O BIS – Bank for Internacional Settlements, em 1.995, calculou em US$ 41


trilhões o valor nocional dos derivativos no mundo, expandindo os existentes
nos Estados Unidos, mas excluindo os negociados em Bolsas organizadas. E
concluiu que se cada parte obrigasse o resgate imediato o prejuízo dos
credores poderia chegar a US$ 1,7 trilhões ou 4,3 % do valor nocional. Até esta
data poderia haver controle dos derivativos. Porém James Morgan do Financial
Times já avisava : “Um derivativo é como uma lâmina. Você pode usá-la para
se barbear … Ou pode se suicidar com ela.”

Peter Bernstein concluiu seu livro “Desafio aos Deuses”, original de 1.996,
otimista com a criação da administração de riscos. Mas o desenvolvimento do
computador e da internet turbinaram os derivativos com as transações virtuais
deixando-os cada vez mais distante do lastro e mais perigoso, pois quanto
maior a possibilidade de lucros, maiores os riscos.

A partir de agosto de 2.007 foram detectados grandes problemas no mercado


financeiro americano, eclodindo em 2.008 com a falência do banco de
investimentos Lehman Brothers, uma tradicional instituição. Foi denominada a
crise do subprimes – hipotecas de alto risco concedidas a clientes de baixa
renda para a compra de um imóvel. O grande desequilíbrio com ofertas de
créditos imobiliários criou um efeito em cascata, provocando danos que
vivenciamos até hoje.
Mesmo com esta crise atual os derivativos vão continuar a existir e seus
valores no mundo é bem superior ao da produção física de bens.

O escândalo da Bre-X em 1997 e probabilidade da descoberta em mineração


são destacados na alavancagem dos riscos para mostrar a necessidade das
normas e evitar danos ao setor de mineração, similar ao que ocorreu com
derivativos nos Estados Unidos. A pesquisa mineral sempre foi uma atividade
de riscos. A partir de 2.005 com o boom mineral aumentou o número de
investidores e a busca por resultados rápidos, o que pode levar a aumento dos
insucessos no setor.

Bre-X -1997

Em 1993, um grupo de empresas canadenses (Bre-X, 2010) adquiriu uma


propriedade em área de floresta junto ao rio Busang, em Borneo, na Indonésia.
A primeira estimativa de recursos foi da ordem de dois milhões de onça troy de
ouro (uma onça equivale a 31,1 gramas). Em 1995 já atingia 30 milhões de
onças, em 1996 eram 60 milhões e em 1997, segundo estimativas de uma
conhecida consultoria independente do Canadá, 70 milhões (2.177 t de ouro
contido). Neste mesmo ano, relatórios elevavam para 200 milhões de onças
troy (mais de 6.000 toneladas de ouro). A ação da Bre-X atingiu a cotação de
CA$ 280, o que representava um valor da empresa de US$ 4.4 bilhões (bem
acima dos US$ 3,3 bilhões obtidos no leilão do controle da Vale em 1997).

Grandes empresas, como a Placer Dome, tentaram adquirir a Bre-X, mas o


governo indonésio do presidente Suharto se envolveu no caso e exigiu que o
controle ficasse com a grande mineradora canadense Barrick Gold, em
associação com sua filha, Siti Hardiyanti Rukmana. A Bre-X buscou apoio em
outros dois filhos do presidente e vendeu seus direitos (45%) à Freeport-
McMoRan em 17/02/1997. Em um mês a fraude foi descoberta por esta
empresa americana: testes em amostras-chave revelaram que havia quantias
insignificantes de ouro na área, e mais, o ouro nas amostras não era do local.

O escândalo provocou uma reação das bolsas de valores internacionais, que


editaram normas e auditorias para creditar conteúdos minerais e diferenciar
recursos de reservas.

A PROBABILIDADE DA DESCOBERTA EM MINERAÇÃO


Descobrir um depósito mineral é uma atividade de risco.

O quadro mostra números percentuais de um período de 26 anos (1988 –


2013) e compara com 2010, 2011, 2012 e 2013. A probabilidade de uma área
requerida chegar a uma concessão de lavra é em média de 1,1%.

Em número, minas são muito inferior às concessões de lavra. A De Beers


confirma esta probabilidade com divulgação das suas descobertas.
A partir de 2001 com a
implementação das normas internacionais passou a ser regulamentada a
apresentação de projetos de mineração para os investidores e o público, com
diretrizes de forma, de precisão dos dados, os tipos de métodos aceitos para
os estudos, as qualificações e certidões necessárias para pessoas e empresas
responsáveis.

O CSA – Canadian Securities Administrators, como exemplo, reúne entidades


ligadas a regulamentações sobre fundos de investimentos, bolsas de valores,
títulos públicos. Possui um órgão responsável pela guarda de documentos de
empresas com ações na Bolsa de Valores do Canadá: “The System for
Eletronic Document Analysis and Retrieval” – SEDAR (Sistema Eletrônico de
Recuperação e Análise de Documentos), que pode ser acessado no site
www.sedar.com . Existem vários projetos de mineração disponíveis, desde
alvos poucos trabalhados, mas com potencial, a grandes projetos de
implantação.

Estas normas que conseguiram dar mais segurança aos profissionais do setor
de mineração na gestão dos projetos, agora podem ser acrescidas de um
método como o FEL para criar confiabilidade aos investidores.

As empresas de mineração e investidores, por sua vez, estão em condições de


avaliar melhor seus ativos, desde alvos com potencias a depósitos minerais e
criar valores.
CONCLUSÕES
A competição acirrada, margens de lucros estreitas, avanços tecnológicas
constantes, mudanças políticas e regulatórias conduz a um cenário que induz o
setor de mineração a trabalhar com prazos menores, recursos financeiros cada
vez mais difícil, maiores riscos. Nesse contexto a gestão de projetos de
mineração torna-se um diferencial nas empresas.

A pesquisa mineral sempre foi uma atividade de riscos. A partir de 2.005 com o
boom mineral aumentou o número de investidores e a busca por resultados
rápidos, o que pode levar a aumento dos insucessos no setor.

A implantação de um projeto mineral exige planejamento, e quanto mais bem


trabalhado, com equipe experiente e envolvida, pode atingir a produção com
melhor relação custos / benefícios. Estudos de gestão de projetos
desenvolvidos e aprimorados no IPA – Independent Project Analysis, Inc. –
USA denominado de FEL – Front End Loading é um método que difundiu no
mundo obtendo maior entendimento principalmente entre gestores e
investidores.

O modelo a ser explicado no desenvolvimento e gestão de projetos em


mineração aqui proposto baseia na aplicação do FEL em dois momentos: para
descobrir um depósito mineral; e para produção mineral. O primeiro FEL exige
maior risco, e o segundo pode ser sequencial, ou, em atividades paralelas com
o primeiro. São dois modelos de atuações em pesquisa mineral com suas
características especiais.

As normas para projetos de pesquisa mineral se consolidaram a partir de 2001,


sendo exigência em financiamentos internacionais. Destaque foi dado à NI 43 –
101 do Canadá e à JORC – Joint Ore Reserves Committee, da Austrália. As
normas e o método FEL buscam transparência, materialidade e competência
na gestão dos projetos de mineração, o que pode favorecer e dar melhores
condições de financiamentos ao setor propiciando mais segurança aos
investidores.

A pesquisa mineral pode ser visualizada como um derivativo de mercado


financeiro, mas com fluxo inverso em relação ao lastro. A tendência dos
derivativos é afastar do lastro de referência. A pesquisa mineral avança para o
lastro. Ao seguir o método FEL o investimento em FEL 1 tem maior risco e
maior ganho se houver confirmação final de um depósito mineral.

A possibilidade de utilizar o método FEL, principalmente na pesquisa mineral,


permitiria uma comunicação factual com investidores mostrando em que
estágio se encontra um projeto que trabalha com as incertezas que existem na
natureza.

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