Você está na página 1de 1

A Vingança

Prefácio

Prepare-se! Depois de ler a primeira página, você não conseguirá mais parar.
Primeiro livro de Antônio Melo, A Vingança é daqueles livros que te deixam ansioso(a)
para chegar em casa e conhecer os desdobramentos da trama. Para este efeito, pouco
comum em escritores estreantes, colabora o texto seco e preciso de Melo e seus olhos
treinados no jornalismo. Olhar de bom observador de cenários e personagens, mas
também da palavra não dita, da linguagem dos gestos, das dicas reveladoras que o
silêncio traz.
A Vingança, pois, não é apenas uma história de política, paixão e pistolagem no
sertão nordestino – e se somente fosse, já teria cumprido seu papel com louvor -, mas
uma instigante fonte de informação sobre a cultura, as ligações e convivência de
políticos e pistoleiros no Nordeste. Uma prática antiga, mas, infelizmente, não arcaica
e nem exclusiva daquela região, neste Brasil do século XXI.
A principal virtude do romance tem tudo a ver com o perfil de Antônio Melo.
Jornalista experiente, participou das principais coberturas políticas do país, como
repórter da sucursal brasiliense do saudoso Jornal do Brasil, na década de 1980. Depois
disso, se destacou como profissional de marketing político, desde a campanha
presidencial do senador paulista Mário Covas, em 1989.
Aliados à experiência e ao olhar cirúrgico para os acontecimentos e seus
bastidores, chega o coração de Antônio Melo. Quase uma criação de Vladimir
Maiakovski, em Melo também a anatomia parece ter enlouquecido porque tudo nele é
coração. Disso resulta não uma visão romântica, mas um olhar afetuoso dobre as
pessoas e, portanto, revelador de suas essências. Seus personagens, pelo mesmo viés,
ganham vida, vida real.
Ninguém é completamente bandido nem somente mocinho nestas páginas. São
criaturas como de carne e osso, não compartimentadas nem passáveis de organização
em gavetas do bem e do mal, do certo e do errado. O olhar de Melo não permitiria tal
simplificação ilusória. Não teria tanto apreço pelo ser humano se o reduzisse a
simplificações. Antônio Melo gosta de gente porque olha para elas e as aceita como
são, não exigem aperfeiçoamentos para caberem no seu afeto, no seu olhar.
Por tudo isso, A Vingança é uma ótima novidade literária. Deleite-se.

Chico Mendonça – escritor e jornalista

Você também pode gostar