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A escolarização de Jovens e Adultos analfabetos ou com baixa

escolarização

1. A história da Educação de Jovens e Adultos (EJA) é


marcada por precariedades e descasos;
2. Compreendida como direito social;
3. Refletir sobre práticas pedagógicas que vislumbrem a
concretização de uma escolarização de qualidade e a
apropriação do conhecimento científico a este público é
fundamental para que esse direito se concretize;
4. Publicado em 2014 pelo Programa das Nações Unidas para
o Desenvolvimento (PNUD), destaca que o Chile possuía
uma média de 7,3 anos de estudo já em 1985, o qual foi
atingido pelo Brasil somente em 2011, estando assim com
um atraso de 25 anos, em relação à escolaridade do Chile.

Perguntas norteadoras para elaboração do texto.


Introdução: Estudar sobre a Educação de Jovens e Adultos,
pressupõe, ter em consideração que ao fazê-lo estará adentrando o
espaço social, político e histórico, que revela portanto,
complexidade do tema e seu alargamento para além das questões
emolduradas na ambiência e nas dimensões educacionais ...
1. Quais são os fatores históricos, políticos e sociais que
perpassam a Educação de Jovens e Adultos na educação
brasileira?
Históricos:
De início salientamos que não obstante a educação para jovens e
adultos ser uma política de estado e portanto, necessária, revela
antes de mais nada, a falência do estado brasileiro no que toca à
educação, pois ainda tem que se valer de políticas de inclusão
como EJA. Desejável seria não termos mais a necessidade de
políticas dessa natureza e que as pessoas tivessem seus direitos
constitucionais à educação garantidos no período adequado.
Questões políticas, econômicas, sociais, ambientais, climáticas
globais e regionais estão na base da construção de uma educação
emancipadora, altruísta e inclusiva. Enquanto tivermos políticas
inclusivas ou mesmo elitistas, significa que não conseguimos
aprender e compreender os episódios que a História vem nos
revelando.
De todo modo, na tentativa de entender a formação da educação
brasileira, é necessário revisitar, minimamente, a História
brasileira para darmos conta de como ela surgiu, quem a definiu e
por que e quais os interesses que estão por trás, para então
olharmos para a contemporaneidade e verificarmos qual nossa
responsabilidade individual e coletiva na transformação social.
No período da colonização do Brasil pelos europeus, até 1759, a
educação foi iniciada pela Companhia Missionária de Jesus a
partir da perspectiva da catequese através da iniciação da fé e da
alfabetização da língua portuguesa aos indígenas que viviam na
colônia, incluindo crianças e adultos.
A partir de 1759, quando a Companhia Missionária de Jesus se
retira, a educação no Brasil passa a ser orientada pelo Império.
Neste período, a educação passa a ser disponibilizada apenas para
as classes ricas, em especial aos filhos do colonizador branco e
europeu, que aprendiam o latim, grego, a filosofia e a retórica,
sendo as populações indígenas e negras, excluídas desse processo
educacional. E é a partir desse contexto que a educação para a ser
privilégio de uma elite, que detinha o conhecimento formal,
iniciando-se, portanto, a marca histórica da educação brasileira,
marcada pela exclusão da população negra, pobre, de homens e
mulheres livres e libertos, indígena face ao predomínio da
educação elitista.
Embora a Constituição do Império garantisse a educação primária
a todos os cidadãos, ela vigia apenas de maneira formal,
entretanto, havia o desafio da inclusão de toda a população e a
partir do Ato Constitucional de 1834, a educação para a ser
responsabilidade das províncias, em especial dos jovens e adultos,
muito embora tivesse um cunho meramente assistencialista,
missionária e caridosa. Portanto, se percebe uma certa incoerência
entre o aparato normativo e a práxis, nomeadamente porque
existia como um direito formal, mas não se realizava na prática
como uma política emancipadora, posto que era vista como uma
caridade, o sujeito era tratado como um ser dependente 2fruto
talvez dos resquícios da educação do período colonial.
Iniciando o período preparatório para a República, diversas
reformas ocorreram, sempre alçando a população analfabeta à
condição de analfabeta, incompetente, incapaz; no aspecto
político o voto foi restrito às pessoas alfabetizadas. No período
propriamente republicano, o voto além de ser restringido às
pessoas alfabetizadas, agora era restrito a pessoas com posses,
portanto, o período republicano foi de validação legal e material
do preconceito e a discriminação e a exclusão da pessoa
analfabeta.
Chegando ao século XX, o discurso político e econômico era de
que o analfabetismo deveria ser eliminado de uma vez por todas,
porque as pessoas analfabetas eram as responsáveis pela condição
de subdesenvolvimento do país. Sendo assim as pessoas
analfabetas deferiam ser alfabetizadas para se tornarem pessoas
produtivas de maneira a contribuírem para o crescimento do país.
Chamamos a atenção pelo processo evolutivo através do qual a
educação foi cooptada, em seu nascedouro, pela elite, excluindo
de todo o processo de alfabetização e letramento a grande maioria
da população que compunha o Brasil, para chegar ao século XX e
já com um aumento populacional significativo, para ser desta feita
ser essa população responsável pelo subdesenvolvimento do país.
Ora, alguém deveria alavancar o país economicamente e quem
poderia fazê-lo senão uma mão de obra barata, desqualificada, de
analfabetos funcionais INTERROGAÇÃO
Essa condição ocorre porque economicamente, o país deixa de ser
exportador de matéria prima para o norte global, principalmente a
Europa, associado ao declínio do setor agrário, especialmente da
cultura cafeeira, obrigando a tomar um novo rumo desta feita em
direção à industrialização com maciço investimento neste setor,
alinhado à agropecuária.
Geograficamente, no país se fortalece o desenho econômico
pujante, ou seja, o eixo sul-sudeste se consagrando como o
território da burguesia agroindustrial, tendo como São Paulo a
grande referência hegemônica do setor.
Mas é em 1934 que é criado o Plano Nacional de Educação que
foi o primeiro plano que previa especialmente educação para
jovens e adultos, com o ensino primário, integral, obrigatório e
gratuito. Portanto, é a partir desse salto que a educação de jovens
e adultos passa a ser pauta nas demandas do país.

É nesta conjuntura que se apresenta o início da década de 40,


tendo a educação novos ares, especialmente com o surgimento da
Escola Nova posteriormente a ações da Pedagogia de Paulo
Freire. Muitas iniciativas e normativas surgem a partir desse
período para atender especificamente as pessoas jovens e adultas,
no entanto, é em 1942 é criado o Fundo Nacional do Ensino
Primário cujo objetivo era ampliar o acesso ao supletivo para
adolescentes e adultos, tendo sido regulamentado em 1945 com
repasse de 25% dos recursos para o ensino de adolescentes e
adultos.
Apesar de surgirem iniciativas relevantes, destacamos a Primeira
Campanha Nacional de Educação de Adultos, que fora criada em
razão da pressão dos organismos internacionais para a erradicação
do analfabetismo, em especial da ONU e da UNESCO. É
imperioso observar que a elite brasileira assimila para o interior
do país, as orientações dos organismos internacionais situados no
norte global, no que diz respeito ao combate ao analfabetismo,
pois este enfrentamento, trás em seu bojo a orientação de que a
educação é o caminho para o desenvolvimento das “nações
atrasadas”, no caso o Brasil, já colonizado por uma política
educacional de solidariedade e caridade jesuítica, conforme
mencionado acima.
Tem-se nessa campanha outros aspectos relevantes, tais como fato
de se tratar de uma orientação para a educação de massa, sem
levar em conta a qualidade do ensino, além de que quanto maior o
número de pessoas alfabetizadas, mais o processo democrático
seria consolidado através do voto. Há também o fato de que para a
alfabetização dos jovens e adultos, a lógica educacional seria a
mesma destina para a educação de crianças, pois, o jovem e o
adulto continuavam a serem vistos como incapazes e seriam
inaptos para o aprendizado. E na contramão admitiam a ideia de
que o fato da pessoa ser adulta seria mais fácil a alfabetização, de
maneira que qualquer pessoa alfabetizada e voluntariamente,
poderia fazê-lo, sem necessitar de formação especializada.
O método pedagógico utilizado foi criticado porque não
considerava o contexto dos alunos e alunas, nivelando todos por
uma régua homogênea, inclusive com disponibilidade de
materiais com forte apelo ao comportamento moral.
Neste cenário, a partir de 1952 com a Campanha Nacional de
Educação Rural e com a realização do Congresso Nacional de
Educação de Adultos, ganha espaço a pedagogia freireana. Ela
preconizava que na educação de jovens e adultos devem ser
levados em conta os aspectos contextuais das experiências dos
alunos e alunas, rompendo os preconceitos que circundavam as
pessoas analfabetas, ou seja, as pessoas nessas condições não
deveriam ser vistas como imaturas e ignorantes. E ao nosso juízo,
o principal aspecto que Paulo Freire levantou, foi a percepção de
que as condições de miséria em que viviam os analfabetos e não a
condição deles é que deveriam ser problematizadas.
Neste sentido, entendemos que a pedagogia freireana foi um
marco histórico na educação brasileira que rompeu com os
discursos importados do norte global e passou a ter olhares para a
realidade da educação brasileira. Perceba que a educação
brasileira chegou a essa condição a partir do processo de
colonização das crianças e adultos indígenas, e a partir de então a
elitização da educação, que apesar das evidências, ainda está em
curso esse processo de inclusão das pessoas que vivem em
situação desfavorável, à exemplo da política de cotas nas
universidades. Os vários movimentos sociais também deram a
tônica em torno da educação para de adultos, tendo Paulo Freire
sido destacado para elabora o plano nacional de alfabetização
junto ao Ministério da Educação, mas que fora interrompido com
o golpe de 1964.
No período entre 1930 e 1964, no aspecto econômico, o setor
industrial passa por grandes transformações, deixando de ser o
país de economia de exportação agrária (apesar de nunca deixar
por completo) para intensificar as importações ao mesmo passo
no ambiente político, despontam lideranças políticas com
discursos populistas, que se apropriam das pautas populares
contemporâneas da época assim como se empenham na
manutenção do status quo, realidade bem próxima da condição
brasileira atual. Entretanto, é relevante dizer que nessa
efervescência política, econômica e cultural, surge a educação de
base voltada para os adultos, como tática de atuação política.
A história da educação brasileira, em especial de jovens e adultos,
é construída e marcada pelos marcadores sociais da diferença,
sobretudo, raça, classe e gênero, fazendo parte da estrutura de
formação do povo brasileiro.
Tal marcação é tão perversa que romper com ela requer ousadia,
entendimento, políticas públicas, economia inclusiva e porque não
uma certa de dose de radicalismo.
O racismo estrutural se revela, em textos acadêmicos, que tratam
inclusive sobre o processo histórico da educação de jovens e
adultos
Políticos:

Sociais:

2. Qual a função social da escola, diante do processo de


escolarização da população analfabeta e com baixa escolarização?
3. Quais são os desafios e as possibilidades para a efetivação do
direito à educação de Jovens e Adultos?
4. Como o professor deve conduzir o processo avaliativo, tendo
em vista saber como está a aprendizagem dos estudantes que
frequentam a EJA?
2º) Elaborar a Introdução da produção textual. Neste tópico a
equipe deverá fazer, com até uma página, uma apresentação sobre
o que será abordado no trabalho, expor os objetivos e a
importância de sua realização.

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