Você está na página 1de 6

AO JUÍZO DA 1ª VARA DA JUSTIÇA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO RIO

GRANDE DO NORTE,

Processo de n°: 0801737-14.2021.4.05.8400

ANA DALVA ARAÚJO MARINHO BARRETO, devidamente qualificada


nos autos do processo em epígrafe vem, por intermédio de seus procuradores que
abaixo subscrevem, perante esse Juízo, apresentar

RÉPLICA À CONTESTAÇÃO

Que o faz com fundamento nos arts. 350 e 351 do Código de Processo Civil, pelas
razões de fato que se segue.

Rua Raimundo Chaves, 1943, Candelária, Natal/RN – CEP 59.064-390 – Fone: (84) 3222-2245.
www.aaan.com.br - aaan@aaan.com.br
2/6

Trata-se de impugnação ao leilão que permanece envolto em uma bolha

nulidade, primeiramente, ante a ausência de notificação legal para purgação da

mora, tampouco da data e do local da realização dos leilões, e, segundamente, ante

a afronta na decretação de preço vil fixado, necessitando de urgente reavaliação do

imóvel penhorado, por fiel medida de justiça.

Trata-se, ainda, de evidente violação ao direito de propriedade aqui

suplicado por tutela aos auspícios do Judiciário, ante as condutas ilegítimas e

reiteradas protagonizada por àqueles que compõe o polo adverso da ação. Isso

porque, os fatos narrados acima são de pleno conhecimento de ambos, apesar da

permanência do erro.

TJ-PR - Apelação APL 10273668 PR 1027366-8 (Acórdão) (TJ-PR)


PROCESSUAL CIVIL E CIVIL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE NEGÓCIO
JURÍDICO NULO C/C DECLARATÓRIA DE CLÁUSULAS
CONTRATUAIS NULAS C/C RESTITUIÇÃO DE VALORES.
SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. PRELIMINAR. PRAZO
DECADENCIAL. INAPLICABILIDADE. AÇÃO DE NULIDADE. ATO
NULO QUE NÃO SE SUJEITA À PRESCRIÇÃO OU DECADÊNCIA.
INTELIGÊNCIA DO ART. 169 DO CÓDIGO CIVIL. MÉRITO. CÓDIGO
DE DEFESA DO CONSUMIDOR. INAPLICABILIDADE.AQUISIÇÃO
DE INSUMOS AGRÍCOLAS. FOMENTO DE ATIVIDADE.
INEXISTÊNCIA DE HIPOSSUFICIÊNCIA. PRECEDENTES DO
STJ.NULIDADE DE CLÁUSULA. NÃO OCORRÊNCIA.ACORDO
EXPRESSO E CLARO HOMOLOGADO EM JUÍZO. JUROS
EXPRESSAMENTE PACTUADOS EM PATAMAR NÃO ABUSIVO.
AUSÊNCIA DE NULIDADE A AMPARAR A PRETENSÃO DEDUZIDA
NA EXORDIAL. RECURSO NÃO PROVIDO. 1. Nos termos do art. 169,
do Còdigo Civil de 2002, "O negócio jurídico nulo não é suscetível de
confirmação, nem convalesce pelo decurso do tempo", portanto não
sujeita-se a prazo prescricional ou decadencial. (TJPR - 12ª C.Cível - AC
- 1027366-8 - Tibagi - Rel.: Desembargadora Ivanise Maria Tratz Martins -
Unânime - J. 11.09.2013)

TJ-GO - Apelação (CPC) 00530822320158090024 (TJ-GO) EMENTA:


APELAÇÃO CÍVEL. ação de obrigação de fazer c/c adjudicação
compulsória e indenização por danos morais e materiais. Preliminares.
Decadência e prescrição. Inocorrência. Os atos nulos não decaem e nem
prescrevem, podendo a sua nulidade ser declarada a qualquer tempo. A
presença de vício absoluto no negócio jurídico celebrado, qual seja
simulação, torna o ato nulo, à luz dos artigos 167 e 169 do Código Civil.
Prescrição Do direito da ação. inocorrência. O direito real adquirido pela
3/6

autora não se subordina à regra de prescrição do art. 177 do Código Civil


Segundo precedentes do STJ o direito real só desapareceria por força de
prescrição decorrente de usucapião. Vale dizer, só se perde o domínio
quando o bem é adquirido por outrem, por motivo de usucapião.

Ademais, não se busca, por meio desta via, algum tipo de reparação cível,

tão-pouco, na inicial, fala-se em dano moral ou material, como atestado pela Caixa

em sua refutação totalmente genérica, evidenciada no debate acerca de questões

sequer pleiteadas pelo autor.

Busca-se, em verdade, a devida anulação dos atos arbitrários

protagonizados pela CEF, para se valer a dignidade mínima do hipossuficiente

que teve seu direito de propriedade totalmente atropelado pelas violações

acometidas pela Caixa no trâmite do leilão de que se trata. Requerendo, tão

somente, um percurso legitimo, que o possibilite a purgação da mora que não o

fora oportunizado, haja vista ausência de notificação pessoal exaltada pela

exordial, ou que o assegure de uma venda justa em que não tenha o valor de seu

imóvel atrelado à preço de xepa em pleno cenário econômico colapsado

determinado tiranicamente por um ato faccioso e nulo de quem o representou.

Não se presume a consolidação da propriedade em favor da CEF, é por tal

que existem tramites a serem seguidos por este. Não pode a instituição bancária se

valer da argumentação hipotética de não pagamento do Autor, sem conteúdo

probatório que o ateste, para justificar a ausência de intimação legal imposta como

de validação e legitimidade decorrente de lei.

Regras e procedimentos legais existem para serem cumpridos, não

existindo nada, nem ninguém fora da lei que o justifique a sua não observação ou

a exceção própria dos ditames da lei.


4/6

Diferente da discussão exaltada pela Caixa, não há nenhum óbice quanto a

natureza do contrato firmado entre o autor e ela, nem tampouco do bem dado em

garantia. A discussão gira em torno dos atos nulos e ilegais encarnados pela

instituição, que distorce a questão-problema com o fito de nortear o Juízo à erro,

na tentativa de ludibriar e contornar sua responsabilidade frente às consequências

de seus atos.

Assegura-se, portanto, que a controvérsia está vinculada a ausência de

notificação pessoal para purgação da mora e sobre a informação do local e data do

leilão, o que não foi feito, sendo a gênese do ato nulo, atrelado a todos os demais

atos decorrentes desta nulidade preambular, agravado à venda de preço vil,

ínfimo, determinado à 10% do valor do imóvel avaliado.

A purgação da mora não fora feita à época justamente pela falta de

notificação de responsabilidade da CEF. A carta instruída no processo é de pessoa

diversa do Autor, sendo totalmente descabida a alegação de notificação digna.

Quanto a tal entendimento, define os tribunais em harmonia ao esclarecido acima:

TRF-3 - APELAÇÃO CÍVEL Ap 00024120620144036106 SP (TRF-3)


APELAÇÃO. MEDIDA CAUTELAR. SISTEMA FINANCEIRO DA
HABITAÇÃO. AUSÊNCIA DE ILEGALIDADE. LEILÃO. FALTA DE
NOTIFICAÇÃO PESSOAL DO LEILÃO. ANULAÇÃO. 1. O processo
cautelar se caracteriza pelo seu caráter instrumental, servindo de garantia
processual, de forma a preservar o bem da vida até a solução definitiva
do litígio, vindo o instrumental utilizado pela parte autora de encontro à
vontade legal. 2. No contrato de financiamento com garantia por
alienação fiduciária, o devedor/fiduciante transfere a propriedade do
imóvel à Caixa Econômica Federal (credora/fiduciária) até que se
implemente a condição resolutiva, que é o pagamento total da dívida. 3.
Liquidado o financiamento, o devedor retoma a propriedade plena do
imóvel, ao passo que, havendo inadimplemento dos termos contratuais, a
Caixa Econômica Federal, desde que obedecidos os procedimentos
previstos na lei, tem o direito de requerer ao Cartório a consolidação da
propriedade do imóvel em seu nome, passando a exercer a propriedade
plena do bem. 4. O procedimento previsto pela Lei nº 9.514 /97 não se
reveste de qualquer nódoa de ilegalidade ou de inconstitucionalidade. 5.
Para que a consolidação da propriedade em nome da instituição
financeira ocorra de maneira válida, é imperioso que esta observe um
5/6

procedimento cuidadosamente especificado pela normativa aplicável.


Com efeito, conforme se depreende do art. 26 , §§ 1º e 3º , da Lei nº 9.514
/97, os mutuários devem ser notificados pessoalmente para purgarem a
mora no prazo de quinze dias. 6. Ademais, no tocante ao leilão do imóvel
promovido após a consolidação da propriedade, a Lei nº 9.514 /97, do
mesmo modo, é clara ao dispor acerca da necessidade de comunicação ao
devedor mediante correspondência dirigida aos endereços constantes do
contrato, inclusive ao endereço eletrônico. 7. É certo que a inclusão do §
2º-A, que determina a notificação do devedor acerca das datas, horários e
locais dos leilões, no art. 27 da Lei nº 9.514 /97, somente se deu por
ocasião da edição da Lei nº 13.465 , de 11 de julho de 2017. 8. Contudo, o
entendimento firmado pelo Superior Tribunal de Justiça é no sentido de
que "nos contratos de alienação fiduciária regidos pela Lei nº 9.514 /97,
ainda que realizada a regular notificação do devedor para a purgação da
mora, é indispensável a sua renovação por ocasião da alienação em hasta
extrajudicial" (in AREsp nº 1.032.835-SP , Rel. Min. Moura Ribeiro,
publicado no DJ 22.03.17).

TJ-DF - 07114453820198070001 DF 0711445-38.2019.8.07.0001 (TJ-DF)


PROCESSUAL CIVIL. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. REINTEGRAÇÃO
DE POSSE. CONSOLIDAÇÃO DA PROPRIEDADE FIDUCIÁRIA. LEI N.
9.514 /1997. CONSTITUIÇÃO EM MORA. NOTIFICAÇÃO PESSOAL.
AUSÊNCIA. LEILÃO EXTRAJUDICIAL. INTIMAÇÃO DO DEVEDOR.
NÃO REALIZADA. NULIDADE CONFIGURADA. 1. De acordo com a
Lei nº 9.514 /1997, a intimação do fiduciante para purgar a mora é uma
das exigências para consolidação da propriedade do imóvel em nome do
fiduciário/credor. 2. Assentou-se na jurisprudência desta Corte de Justiça
o entendimento de que, para a constituição do devedor em mora, nos
contratos de alienação fiduciária de bem imóvel, é imprescindível a
comprovação de encaminhamento de notificação ao endereço constante
no contrato. 3. A intimação pessoal do devedor acerca da data de
realização do leilão extrajudicial, nos casos de alienação fiduciária de
bem imóvel, é indispensável para a validade do procedimento. 4.
Inexistindo comprovação da notificação do devedor para a configuração
da mora, bem como a ausência de intimação da data da realização do
leilão extrajudicial, deve ser mantida nulidade declarada em sentença. 5.
Recurso conhecido e desprovido.

Como observado acima, os requisitos suscitados, além de tornar o ato nulo,

são indispensáveis para a consolidação da propriedade. Caindo por terra o

argumento de que a consolidação desta ocorreu no ano de 2008, haja vista a não

observância das exigências legais.

Corrompida a consolidação da propriedade, todos os demais atos

decorrentes desta estão prejudicados, inclusive a venda por preço vil que está sob
6/6

julgamento. Devendo o ato, por inteiro, ser descaracterizado, reintegrando ao

status quo do cenário prévio de toda a nulidade evidenciada.

Posto isto, devidamente impugnada todas as alegações levantadas pela

parte adversa, requerendo, para tanto, a manutenção dos pedidos nos termos da

inicial para descaracterizar o leilão, bem como todos seus atos posteriores,

inclusive a venda, frente a toda ilegalidade e nulidade suscitada, inexistindo

consolidação da propriedade em favor da CEF, muito menos praz prescricional ou

decadencial para atos nulos.

PEDIDOS

Por todo o exposto, requer que este Juízo se digne a receber a presente

impugnação, a fim de dar pela procedência da ação, com a assertiva anulação do

leilão, bem como em todos os pedidos contidos na exordial.

Nesses termos, pede-se deferimento.

Natal/RN, 08 de junho de 2021 (terça-feira).

ARMINDO AUGUSTO ALBUQUERQUE NETO


OAB/RN 1927

ANA CECÍLIA LOPES D MEDEIROS ALBUQUERQUE


OAB/RN 10.986

Você também pode gostar