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RESENHA

Por
Kátia Gally Calabrez
Queiroz, Gregório J. Pereira; A Música compõe o homem – O homem compõe a
música. São Paulo/SP: Cultrix, 2007. ISBN: 000-000-000.
O autor QUEIROZ, é astrólogo, pesquisador, formado em arquitetura com
especialização em Educação Musical com área de concentração em Musicoterapia.
O propósito deste livro é levar o leitor a pensar na sua ligação com a música e com
os sons originais do universo. Voltando as origens da música, evocamos o ponto de vista
de religiões e culturas milenares segundo as quais a música compôs com ela, percorrer o
caminho de volta às origens. Esta vibração sonora, ao criar um padrão energético, coloca-
nos em sintonia com a dimensão mais sutil do homem: a do plano criativo.
A música muitas vezes é captada pelos compositores e passam a estar presentes
na música que criam. A música composta pelo homem reflete os valores ordenadores da
própria criação. Aos muitos ouvintes, desejosos de contato com o manancial contido na
música, capaz de compor um ser humano melhor, resta procurar um caminho, em meio
às pistas disponíveis e nem sempre claras, que os aproxime da causa maior que
perpassa a música.
Não se sabe de onde vem a música, nem se compreende por inteiro a música. Mas
ela está presente em todas as culturas, como parte da raiz do ser humano. Talvez as
notas, escalas, melodias e obras musicais vem de uma profundidade e extensão
desconhecidas. Pode-se conhecer as características da música e seus efeitos, inspirar-se
para compor e produzir música, sem nunca a mente humana ser suficiente para
compreende-la por completo.
A música, enquanto arte, tem a capacidade de, por meio da satisfação sensorial,
impressionar uma pessoa e fazer com que sua sensibilidade relaxe e se abra. A
satisfação sensorial é um poder que a música tem. A música tem como qualidade
intrínseca relaxar a sensorialidade humana, por satisfaze-la, e com isso conduz as
pessoas a um estado receptivo e sensível, em especial quanto as emoções. A satisfação
sensorial, que a música inegavelmente gera por meio da vibração rítmica das ondas
sonoras, permite, por criar um estado receptivo, que a pessoa receba e assimile o
conteúdo transmitido pela música ou por qualquer outro elemento próxima a ela quando
do momento da audição musical. A música predispõe à comunicação verbal ou não-
verbal, de nós para com o exterior e as outras pessoas, ou à comunicação entre as
diversas partes de nós mesmos. A música, como arte que envolve ambiente e pessoa por
inteiro, envolve a sensibilidade humana e a predispõe para que nos envolvamos com ela.
O tipo de sensibilização que se dá depende da forma e da linguagem da música. Certas
formas atuam sobre o ser humano de um jeito, outras de outro. A forma musical define
como esta irá relaxar e sensibilizar, isto é, como atua sobre a sensibilidade humana. O
conteúdo musical trata da mensagem, de caráter emocional, presente na música; o
conteúdo musical é aquilo que a música transmite. O conteúdo musical, quando
verdadeiramente artístico, dá testemunho da verdade e da harmonia possível à vida. A
música não fala a respeito de sentimentos ou harmonias; ela é o próprio sentimento ou
harmonia. Forma e conteúdo mesclam-se num todo indiviso, e apresenta-las separadas é,
naturalmente, uma divisão artificial e didática. Assim, o modo como uma música nos
sensibiliza com relação a uma emoção está presente nas características da própria
emoção que a música transmite.
Trabalha-se na música os componentes essenciais (ritmo, melodia, harmonia,
timbre); e cada passagem reflete a inteligência contida na própria linguagem musical, que
se particulariza com um modo próprio de compreende-la e recriá-la; obtendo além da
satisfação presente em toda a música, um teor elevado de arte, na medida da qualidade
do trabalho com os elementos musicais. A arte verdadeira não tem por finalidade agradar
as pessoas, mas utiliza-se da relação sensorial, no mais das vezes agradável, para
transmitir algo, e quanto mais verdadeiro e significativo o que transmitir, e quanto mais
simpaticamente afetar a sensorialidade humana, maior será a arte. Explorar a sensação
agradável da música em si é a marca de diversos tipos de música. Atrás do impacto
relaxante de toda música, vem um conteúdo se abrigar em nosso interior. A partir do
reconhecimento deste fato, podemos começar a escolher a música a ser ouvida, seja a
sua qualidade, sejam as condições em que recebemos seu impacto relaxante.
O som musical tem a ordem interna que permite que músicos habilidosos a faz
coexistir harmoniosamente, formando uma imensidão de ordem e beleza que é a soma
dos timbres, melodias, ritmos e harmonias que compõem. Não é a música que não causa,
nada de específico ou definido; são as pessoas que não se apercebem de certos
comportamentos ou sensações que virão a ter depois, e que foram estimulados pela
audição musical.
A música, enquanto arte, corporifica a passagem contínua do tempo. A música
transcorre o tempo, é a arte do tempo; mais do que qualquer outra linguagem artística, a
música se apoia na dimensão do tempo para existir. A música é uma sucessão de
vibrações ou sons organizados que ocorrem num determinado trecho do tempo. A música
começa e termina em um momento determinado, como também acontece com as
pessoas. A música dá contornos definidos ao tempo, com relevos e valores dados pelo
ritmo, pela melodia ou harmonia, com uma sucessão organizada que conduz nossa
percepção através do tempo. A música é um excelente elemento de contraste, que
corporifica a linha passado-presente-futuro, e diante dessa corporificação torna-se
possível notar que o presente sempre permanece e perceber o que é a dimensão (o
plano) da eternidade. A vivencia do tempo por meio da música é uma das experiencias
fundamentais dessa arte. A música como arte do tempo não apenas se expressa
artisticamente no tempo, mas é capaz de ser utilizada para deslocar nossa percepção a
respeito do tempo.
A música pode curar, educar ou deleitar; ou ainda executar duas dessas ações ou
as três ao mesmo tempo. Na verdade, mais absoluta, ela executa sempre as três, pois
são indissociáveis mesmo quando se procura acentuar uma das ações. A musicoterapia
cuida de o quesito curar e tem a música como elemento que ajuda as pessoas a se
recuperar de alguma enfermidade ou deficiência física ou psíquica. As pessoas que
procuram a musica como terapia podem ter a ilusão de nela encontrar apenas uma
terapia. A educação musical, cuida do ensino da música, seja do compositor, do
executante, crianças, adultos leigos, é um meio para se chegar à música. O deleite
musical cuida da música como lazer. Somente quando consideramos a relação com a
música a partir dos três enfoques conjuntamente, é que se pode dizer que estabelecemos
relação plena com a arte musical.
A terapia por meio da música é tão antiga quanto a necessidade do homem de
aliviar ou curar suas dores, da alma e do corpo, e com certeza é mais antiga do que a
música enquanto arte.
Os ritmos e alturas sonoras da poesia retratam os estados interiores humanos.
Emoções de todo o tipo são produzidas pela melodia e pelo ritmo; por esta razão, e
através da música que uma pessoa se torna habituada a sentir emoções certas; a música
tem o poder de formar o caráter. Sentir as emoções certas pode se antepor a sentir as
emoções erradas ou incertas (indesejáveis, desagradáveis, contrarias aos padrões de
valores que elegemos seguir). Emoções de qualquer tipo são produzidas pela melodia e
pelo ritmo.
Os estados internos do ser humano, assim como o conteúdo da música, tem teores
que podem ser definidos numa certa medida, mas seus contornos são imprecisos. A
musica pode estimular, por meio do seu conteúdo, diversos estados internos,
considerados certos (que estejam de acordo com um valor especifico e sejam nítidos em
seu teor). Não há uma nova ordem válida para restabelecer a expressão de conteúdos
definidos por meio da música, apesar de haver intenções a respeito.
O trabalho criativo de um compositor envolve duas linhas de atividades distintas e
interligadas: o domínio e a elaboração da forma musical o qual se tem maior controle
voluntario e o conteúdo musical que é subjetivo que é comandado por disposições nem
sempre claras para si próprio e depois para o público e critica musical. A música possui
conteúdo. A inspiração é o critério artístico individual; comparar as circunstâncias de vida
do compositor, seu meio social, sua época, os estados de animo e fatos significantes de
sua vida, com a obra musical. O padrão psicológico do compositor impregna suas
criações e é o fator de conteúdo mais passível de boa definição, sem se recorrer a
conhecimentos extraordinários das condições de vida do artista, de sua relação com as
musas ou ainda de suas passiveis concepções objetivas.
O efeito físico do timbre está relacionado com a percepção física. A melodia tem
intima relação com a fantasia imaginativa e sentimentos humanos. A harmonia tem
correlação com a capacidade da percepção da mente humana. O ritmo é o próprio
princípio vital que move o ser humano. As diversas notas que compõe a melodia e a
harmonia, os diversos timbres criam um conjunto de sons que chamam a atenção,
ocorrendo a relação entre as partes.
As obras musicais remetem ao padrão psicológico de seus criadores.

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