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DIREITO PENAL I
“Normalmente a primeira frequência corre mal”, por causa, sobretudo, dos mecanismos
de imputação, alertou o regente na primeira aula.
CASO PRÁTICO I
“António subtraiu sem autorização uma trotineta de um vizinho seu apenas para dar
umas voltas tendo-a devolvido algumas horas depois. Poderá aplicar-se a A o tipo
previsto no art.208º do CP?”
Duas hipóteses:
- Se for uma trotineta com motor é um “veiculo motorizado”, enquadrado pelo art. 208º.
Trata-se de um crime contra a propriedade.
- Se for uma trotineta sem motor não há a prática do crime previsto no art.208º porque o
artigo não fala na trotineta e em direito penal não pode recorrer-se à analogia.
Só pode ser responsabilizado quem pratica um facto (ninguém pode ser punido por
antecipação).
CASO PRÁTICO II
“António possui 5 mil pesetas em moedas de uma peseta em casa. De acordo com o CP
de 82 quem guardar moeda estrangeira em valor superior a mil escudos é punido com
pena de multa de 120 dias.
Com a entrada em vigor do euro saiu uma lei que alterou CP em 2002 e que veio
revogar aquele tipo penal.
Poderá António ser responsabilizado penalmente por ter tido moeda estrangeira em casa
desde 1983 até hoje”.
R – Não porque a aplicação da lei penal no tempo determina que o facto punível
segundo a lei vigente no momento da sua prática deixa de o ser se uma nova lei o
eliminar do número das infracções (art. 2.º n.2 do CP). É o que acontece neste caso;
guardar moeda estrangeira deixou de ser um tipo penal e António não poderá ser
responsabilizado penalmente.
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DIREITO PENAL I
alcoólicas em Junho desse ano, para o estádio da luz, poderá ser responsabilizado
penalmente?”
CASO PRÁTICO IV
“Em 15 de Março de 2002, António e Belarmino, praticaram crimes de furto qualificado
tendo em conta que os valor dos objectos furtados era superior a 3.500 euros. Em 16 de
Maio ambos foram julgados e condenados em pena de prisão de 4 anos.
António recorreu da decisão mas Belarmino não.
Em 12 de Setembro quando ainda não havia decisão de recurso pelo tribunal superior,
saiu uma lei que veio considerar que o furto só será qualificado caso o objecto furtado
tenha um valor superior a 5.000 euros.
A pena de furto simples manteve-se inalterada sendo em ambas as leis de 3 anos de
prisão.”
ELEMENTOS DO CRIME:
- CULPA - Determinar se o agente poderia ou não ter actuado de outra forma. Se não
pudesse o comportamento não é culposo.
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CRIME –
NORMAS PENAIS – São normas que exprimem o mundo do dever ser. São compostas
por previsão e estatuição.
CRITÉRIO DA SUBSIDIARIEDADE
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DIREITO PENAL I
PRINCÍPIOS:
DIREITO PENAL COMUM – É o que faz parte do CP. É o núcleo do direito penal.
DIREITO PENAL ESPECIAL – O que trata de área especificas: Crimes Ficais, Crimes
Militares, Crimes Informáticos, Crimes de Imprensa, Etc.
Direito penal e direito público – O direito penal integra-se no direito civil. Não há
nenhum facto criminalmente ilícito donde não nasça também responsabilidade civil.
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Direito penal e direito civil – A maior diferença é uma diferença de grau. O ilícito
criminal é mais graduado do que o ilícito civil. Os objectivos do direito civil e do direito
penal são completamente diferentes.
CASO PRÁTICO V
Em 15 de Novembro de 2004 saiu uma nova lei penal que veio indicar que a
imputabilidade passaria a ser considerada para quem tivesse 16 anos e a escolaridade
mínima obrigatória.
Para um agente que pratique um facto criminal em 12 de Novembro de 2004 com 16
anos de idade e sem ter cumprido a escolaridade mínima que lei se aplicaria?
R – A lei anterior a esta nova. Nos termos do art.2º n.1 é a lei vigente à data da prática
dos factos e é a lei mais favorável (aplicando-se o art.2º n.4). Estamos perante o
fenómeno da SUCESSÃO DE LEIS NO TEMPO O menor de 16 anos é inimputável
(art.19º).
CASO PRÁTICO VI
Em 12 de Dezembro de 2003, António praticou um crime de abuso sexual contra
menores.
Em 12 de Janeiro de 2004 surge uma lei que indica ser atenuante o facto de alguém ter
sido vítima de abuso sexual.
António prova que foi alvo de abuso sexual quando tinha 15 anos.
O crime sexual na lei anterior era semi-publico e na nova público.
Quid Júris?
R – (Abuso sexual de crianças – art. 172º). Estão em causa duas leis diferentes e ambas
tem aspectos positivos (mais favoráveis) para o agente. O juiz terá de optar por aplicar
uma ou a outra. A diferença é que na lei mais antiga o crime é semi-publico. Na mais
nova há uma atenuante. Não podendo aproveitar o melhor de ambas as leis, o juiz terá
de seguir por um dos regimes.
Assim o mais favorável pode ser um ou outro, dependendo de várias hipóteses.
Se houver desistência do queixoso, o regime mais favorável é o da primeira lei.
No caso de não haver desistência, a atenuante aproveita mais ao agente.
O problema é que o juiz tem que optar antes de saber se há ou não desistência.
Este é um dos dilemas do direito penal. Em tese o ser um crime semi-publico, em
princípio, é sempre mais favorável. No entanto o problema existe.
Escolher em concreto qual é a lei mais favorável não é fácil.
Crime Publico – Desde que haja noticia que aconteceu o MP promove o processo
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CASO PRÁTICO IX
Fernanda, portuguesa, enviou por via postal ao seu marido, um bolo feito por suas
próprias mãos, condimentado com uma doze razoável de estricnina. Este encontrava-se
em França, onde recebeu o bolo e o comeu, tendo, em consequência, falecido.
R – Pode: Art. 5.º n.1 d) se não pudermos considerar que o facto se praticou em
Portugal ou Art. 7.º n.1 se considerar-mos que foi praticado em Portugal.
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CASO PRÁTICO X
Em 1 de Janeiro de 2003 entra em vigor a lei X/2003 com o seguinte conteúdo:
Considerando a existência de uma grave situação de epidemia, a confecção de ou
distribuição de géneros alimentares com compostos de aves será punida com pena
de 1 a 3 anos de prisão. Mantendo-se a presente tipificação enquanto vigorar o surto
epidémico.
Em 1 de Fevereiro de 2003 Almerinda, portuguesa, assistente de bordo em avião
português, confecciona e serve a alguns passageiros, quando o avião atravessava
espaço aéreo espanhol, uma receita de aves de caça que, com o seu conhecimento,
não se encontravam em boas condições de consumo.
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- Nullun crimen, nulla poena, sine lege previa (nenhum facto pode ser crime sem
uma lei anterior que o qualifique).
- Nullun crimen, nulla poena, sine lege certa (a norma tem que ser “suficientemente
densa” determinada com suficiente precisão, como diz o Prof. Gomes Canotilho).
- Nullun crimen, nulla poena, sine lege scripta (o costume é excluido como fonte de
directo, excepto o costume internacional).
- Nulla poena sine judicio (Não pode haver pena sem julgamento).
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I-------------------------------I----------------------------I
Momento Pratica Caso Julgado Fim do Cumprimento
do facto da Pena
Até que momento se deve aplicar o principio da lei mais favorável ao agente?
Há autores que consideram que deve ser até ao caso julgado.
Outros defendem que deve ser até ao fim do cumprimento da pena (Profs. Taipa de
Carvalho, Germano Marques da Silva, Cavaleiro Feirreira).
Isto é mais simples para os crimes instantâneos (aqueles cuja actuação se desenvolve
num único momento).
Nos crimes duradouros a acção protela-se no tempo por unidade natural (o crime de
sequestro, por exemplo).
Nos crimes continuados a acção (art. 30º) protela-se no tempo através da realização
sucessiva do mesmo tipo de crime ou de vários tipos de crimes.
Só há sucessão de leis no tempo quando o facto é criminalizado quer pela lei antiga
quer pela lei nova.
É a forma doutrinal para depois o interprete ser capaz de aplicar os diferentes tipos de
crime aos factos ilícitos.
São as regras para fazer a subsunção da parte especial do CP aos factos ilícitos puníveis.
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CLASSIFICAÇÃO DE CRIMES
TIPICIDADE
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Mas praticou também um crime de condução sobre efeito do álcool (art. 292º) na forma
simples (sem colocar em perigo a vida ou integridade física de outrem).
Há um concurso de crimes.
CASO PRÁTICO XV
Álvaro odiava o seu tio Belarmino. Sabendo que poderia vir a ser o seu único herdeiro
ofereceu-lhe um bilhete de avião na esperança de que Belarmino morresse.
Na viagem de regresso a Portugal o avião cai e Belarmino morre.
Quid Júris?
R – Há acção. Mas a oferta do bilhete é a causa apta a produzir o resultado? Não. Mas
há aqui um risco que tem de ser analisado.
Por isso há também a Teoria do Risco – Quem cria o risco também deve ser
responsabilizado. O risco terá de ser adequado em termos sociais. (Há riscos assumidos
pela ordem jurídica, como andar de carro ou de avião). Tem de ser um risco não
permitido pela ordem jurídica. Quando o agente cria, aumenta ou não diminui um risco
não permitido pela ordem jurídica. Para determinar se o risco é ou não permitido pela
ordem jurídica é necessário utilizar um critério de adequação social.
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Um exemplo de uma fonte material: Quando alguém recebe filhos de amigos em casa e
ao gerar-se uma situação em que é necessário actuar. O dono da casa tem uma situação
específica de garante.
CASO PRÁTICO
António e Bento foram escalar uma montanha. Bento caiu e partiu um pé. António viu
mas decidiu seguir caminho. Bento foi encontrado morto ao fim de 48 horas.
Quid Júris?
R – Há uma omissão de António, que tinha uma posição especifica de garante, ao nada
fazer para auxiliar Bento, sendo que só ele o poderia fazer.
Há jurisprudência que defende que há uma solidariedade em práticas de risco, que o
facto de queremos fazer a escalada em grupo em vez de irmos sozinhos implica uma
solidariedade entre os elementos participantes.
2 – Tipicidade – Previsto num tipo legal. Existem dois tipos de imputação; a objectiva
(adaptarmos o conceito de causalidade adequada para saber se o facto é imputável ao
agente do ponto de vista objectivo ao agente, despido da intenção do agente) e a
subjectiva (avaliar a intenção do agente no sentido de apurar se houve dolo ou apenas
negligencia).
3 – Ilicitude – Conduta condenável pela ordem jurídica como um todo, sem causas de
justificação. Mesmo que seja típica a acção pode ser lícita. Pode existir uma causa de
justificação. Como por exemplo a legitima defesa.
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DIREITO PENAL I
Há várias teorias:
TEORIA CLÁSSICA (Teoria de Liszt / Beling) Surgiu nos finais do sec. XVII e
vigorou até ao sec. XIX – Baseava-se nos quatro elementos. A acção era o movimento
corpóreo, um movimento corporal dentro do movimento mecanicista. (Não servia para a
omissão). A tipicidade era a discrição objectiva da própria conduta. (Não há elementos
subjectivos mas apenas objectivos). A ilicitude era vista do ponto de vista objectivo (a
intenção do agente não interessava). A culpabilidade era o único elemento que
concentrava todos os elementos subjectivos. Logo a culpa tinha duas modalidades: o
dolo e a negligência.
A teoria admitia os incapazes de culpa.
TEORIA NEOCLÁSSICA - (surgiu nos anos 1920). Também conhecida como filosofia
dos valores. Não rompe completamente com a teoria clássica. Antes adapta os seus
conceitos.
CASO PRÁTICO
Alberto decidiu atentar contra a vida de Belmiro enquanto este se encontrava em
viagem de comboio de Lisboa para Coimbra. Introduzindo-se na carruagem onde aquele
seguia, apontou uma arma e disparou dois tiros mortais, 30 segundos depois, em
consequência de um desvio da linha férrea, houve um descarrilamento no qual todos os
passageiros com excepto Alberto, perderam a vida.
R – Há aqui um crime de dano (e não apenas um crime de perigo), um crime de
resultado (evento que se destaca espacio-temporalmente da acção do agente), em que é
possível a imputação a Alberto. É preciso analisar a causa-efeito, uma vez que se trata
de um crime resultado. Logo terá de aplicar-se a teoria da causalidade adequada.
A questão está em saber, também, se é razoável acusar Alberto de homicídio quando
Belmiro teria morrido mesmo sem a sua acção. É que poderá haver uma interrupção ou
desvio do nexo-causal.
Não é este o caso.
Estamos perante a irrelevância das causas virtuais e hipotéticas.
Crimes de Perigo Abstrato – São os aqueles em que não é preciso provar a efectiva
colocação dos bens em perigo. (Exemplo; a condução sob o efeito do álcool).
Crimes de Perigo Abstrato / Concreto – Quando os meios são de tal forma perigosos
que é de esperar que alguém fique efectivamente em perigo. Há quem defenda que
existe este tipo de crimes de perigo. O exemplo mais apontado é o da propaganda ao
suicídio – art. 139º).
Crimes de Perigo Singular – Quando está em causa apenas um único bem jurídico.
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CASO PRÁTICO
Alberto, funcionário judicial, decidiu emprestar ao seu filho um veiculo automóvel,
propriedade do tribunal onde exerce funções, para que aquele tivesse carro no fim-de-
semana.
Quid Júris?
R – Há uma acção jurídico-penalmente relevante (comportamento humano dominável
pela vontade). É um crime tipificado – Peculato de Uso, art. 376º. É um crime de mera
actividade (crime formal). Não é necessário fazer imputação objectiva. Basta alguém ter
emprestado o carro para que se preencha o tipo.
Estamos perante um caso de crime especifico próprio.
No entanto, neste caso, é preciso ver a qualidade do agente. Há dois tipos de crimes
quanto à qualidade do agente:
Crimes Comuns - Aqueles que qualquer pessoa pode praticar. Exemplo, o homicídio
simples. Quase sempre quando a norma começa por “quem…” são crimes comuns.
Crimes Específicos – Aqueles em que se exige uma qualidade para que haja tipo.
Crimes Específicos Impróprios – Qualquer pessoa pode praticar mas se detiver uma
determinada qualidade a moldura penal será diferenciada.
CASO PRÁTICO
Anabela queria conhecer a casa de Barreiros, conhecida estrela. Para tal e usando o seu
cartão de funcionária das finanças, decidiu dirigir-se à residência de Barreiros,
indicando que estaria em funções de investigação e, mesmo contra a vontade do
proprietário, entrou.
Quid Júris?
Imagine que em vez de Anabela tinha sido o seu marido, que é pedreiro por conta
própria, a entrar.
R – Há uma acção. Um crime formal, especifico impróprio (art. 378º). È um crime
comum (pode ser praticado por qualquer pessoa – a violação de domicilio) art. 190º n.1.
O facto de ser praticado por um funcionário público em abuso de autoridade agrava a
responsabilidade / pena.
R 2 – No caso de ser o marido de Anabela, aplica-se o n.1 do art. 190. Nesse caso é um
crime comum.
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BEM JURÍDICO – Valor ideal da ordem social que está juridicamente protegido. (A
vida, por exemplo, a propriedade, a vida intra-uterina).
OBJECTO DA ACÇÃO – É aquilo a que se dirige a acção do tipo criminal. (No caso de
homicídio, o objecto da acção é uma pessoa em concreto). (No crime de furto o objecto
é a coisa móvel alheia).
Estes conceitos interessam para a definição material de crime por forma a agrupar os
tipos que visam tutelar os diversos crimes.
Na definição material de crime o conceito de bens jurídicos vai definir uma hierarquia.
O conceito de bem jurídico é muito importante também ao nível interpretativo e ao nível
dogmático. Neste último aspecto é importante para avaliar a causa de exclusão da
ilicitude ou a causa de exclusão da culpa.
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CASO PRÁTICO
Manuel Triste, republicano fervoroso, descobre que D. Isabel Herédia está grávida e,
furioso, resolve “acabar com o problema”. Para tal observa os hábitos da senhora perto
da sua residência e , sabendo que alguns dias é a própria que conduz, decide colocar
explosivos na viatura. A caminho da cafetaria onde ia habitualmente, o carro explode e
morre D. Isabel, grávida de 18 semanas, e o motorista.
R – Manuel Triste é autor da prática de vários crimes previstos e punidos pelo CP.
Comecemos por atender ao crime de homicídio de D. Isabel de Herédia, que
entendemos constituir um Crime de Homicídio Qualificado, nos termos da alínea E do
n.2 do art. 131 do CP e uma vez que, de acordo com a teoria da infracção penal se
verifica a existência de todos os elementos necessários a tal incriminação.
Nomeadamente:
- Há acção – um comportamento humano dominável pela vontade tendente a atingir
uma finalidade.
- Há um crime tipificado – Foi ofendido o bem jurídico vida, com o dano morte, o que
prefigura um crime de resultado,
(Sendo um crime de resultado é necessário fazer a imputação objectiva) – Atribuir
aquele resultado à acção ou omissão de alguém. Neste caso à acção de Manuel Triste. É
preciso estabelecer um nexo de causalidade. Assim, de acordo com a teoria da causa
apta a produzir aquele resultado – através da técnica da prognose póstuma (que consiste
em ser ou não “previsível para o homem médio que a colocação daquela bomba no
automóvel iria causar aquela morte”).
Além desta, há outras teoria, nomeadamente a de sine qua non (afastada pela doutrina),
e a teoria do risco.
Trata-se de um crime de agente comum, de forma livre.
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Em termos de imputação subjectiva, de acordo com o art. 14º n.1, trata-se de um crime
praticado por dolo directo uma vez que tanto o elemento cognitivo como o volutivo são
muito fortes.
É preciso ver ainda:
A ilicitude
E a culpa
Ainda não aprendemos ambas.
Além de tudo isto há aqui também um perigo de explosão. Crime de perigo comum (art.
272º).
CASO PRÁTICO
António, irritado com Bernardo, dá-lhe um murro no nariz provocando-lhe uma
escoriação. Contudo, e uma vez que Bernardo era hemofílico, ficou com uma
hemorragia que não estancou acabando por falecer.
Quid Juris
R – Há acção (comportamento humano dominável pela vontade), tipicidade (ofensas à
integridade física – art. 143º), é um crime de resultado, logo teremos de fazer a
imputação objectiva:
De acordo com a teoria da causalidade adequada, a acção é adequada a produzir o
resultado.
Em termos de imputação subjectiva, o elemento cognitivo (sabia que aquela agressão
produzia uma dano físico) e volitivo (queria produzi-la) são fortes, logo existe dolo
directo. Acontece que, com a morte, o crime é agravado pelo resultado (art. 18º). É um
crime que “vai para além da intenção” (Crimes Praeter Intecionais).
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Esta técnica tem o “defeito” de não puder aplicar-se nos casos em que estão em causa
conhecimentos específicos por parte do agente. Por exemplo, um médico conhecedor de
venenos raros, pode prever que determinada substancia provoca a morte apesar de o
homem médio não o poder saber.
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DIREITO PENAL I
7 – “Crimes agravados pelo resultado”. Tem dois resultados: o resultado mais grave e
o resultado menos grave. O primeiro resultado é a título de dolo (a agressão por
exemplo) e o segundo resultado a título de negligência (a morte resultante da agressão).
Exemplo: A dá uma bofetada a B e este morre. Para haver uma imputação objectiva da
morte a A é preciso provar um duplo nexo causal: entre a acção e o primeiro resultado e
entre o primeiro resultado (a bofetada) e o segundo resultado (a morte).
A teoria do risco diz-nos que a bofetada não é passível de morte da vitima. O perigo
representado pela bofetada não é passível de concretização em morte da vitima.
Para os casos de constituição anormal da vitima basta saber se o agente conhece ou não
essa condição da vitima. Não é preciso aplicar a teoria.
ERRO SUPOSIÇÃO – Chama-se também Tentativa Impossível. Art 23º n.3. (Um
caçador vê um movimento atrás do arbusto, quer matar o outro caçador, e dispara,
matando o cão de outro caçador). O caçador esta em erro. Um erro suposição. Ele supõe
que está lá uma pessoa, fica convencido que está a praticar um homicídio, mas está em
erro porque não está lá a vida humana. Este erro é uma tentativa impossível e não é
punível pelo direito penal.
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CASO PRÁTICO
António decidiu matar Bernardo. Ao ver na rua principal da cidade passar um homem
com a estatura de Bernardo e convencido de que seria ele, António disparou
mortalmente. Contudo o homem em quem acertara era Cardoso.
Quid Iuris?
R – Há uma acção jurídica e penalmente relevante, o bem jurídico é a vida, logo existe
um crime de homicídio. A conduta do agente foi adequada a produzir a morte da vitima.
Há aqui, no entanto, um erro ignorância, quanto ao objecto, mas não quanto ao bem
jurídico, logo o erro é irrelevante. Quando se trata de bens jurídicos idênticos o erro
ignorância é irrelevante. António seria punido por um crime de homicídio. E o dolo é
directo.
A figura do dolo teve origem no direito romano onde era a responsabilidade pela
provocação de um resultado (ora isto é mais culpa do que dolo).
O direito germânico era muito mais objectivista. O que interessava era a imputação
objectiva de um dano ao agente. Saber se tinha culpa ou não era menos importante.
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Os outros autores como a Dra. Teresa Beleza, Prof. Rui Pereira e Prof. Rui Palma, não
concordam. Consideram só existirem os dois primeiros elementos.
DOLO ANTECEDENTE existe uma intenção prévia do agente que não tem nada a ver
com a acção. Exemplo: A quer matar B e vai planear um acidente de caça para o matar.
Mas acaba por não executar o plano. No entanto, por uma circunstancia negliegente,
acaba por matar o outro. Neste caso o dolo não tem efeitos.
Hoje a doutrina (por exemplo o Prof. Figueiredo Dias) entende que as causas de
justificação integram também elementos subjectivos. O Prof. Figueiredo Dias entende
que a lógica do 38º n.4 pode ser aplicado analogicamente a todas as outras situações de
justificação.
O CP não responde directamente. Mas indirectamente o n.4 do art. 38º diz-nos que o
elemento subjectivo é importante para esta causa de justificação. Por exemplo; na
legitima defesa, A vai agredir B, porém B ignora que A o vai agredir e por sua vez
agride A. Estamos perante um pressuposto de legitima defesa, o problema é que A
ignora essa situação, logo A não pode invocar a legitima defesa. Falta o elemento
subjectivo.
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DIREITO PENAL I
Para o Prof. Cavaleiro Ferreira o não saber que ia ser agredido não era importante. O
que interessava era haver objectivamente uma situação de legitima defesa. Havia então
uma actuação justificada.
O Prof. Rui Pereira considera que não há causas de justificação sem elementos
subjectivos. Invoca razões sistemáticas, com base na teoria do ilicito pessoal (da teoria
do crime): a acção comporta um elemento finalista. Se a acção é tendencialmente
finalista como é que podemos agir para repelir uma agressão se não sabemos que o
outro nos vai agredir? Isto quer dizer que para actuar em legitima defesa o agente tem
que ter conhecimento da intenção do outro.
Todas as causas de justificação tem pelo menos o elemento intelectual presente (o
conhecimento). Nalgumas existe também o elemento volitivo.
Causas de Justificação:
- O consentimento (art. 38º) - obriga ao conhecimento – Elemento intelectual
- A legitima defesa - obriga ao conhecimento e ao animus defendendi – Elementos
intelectual e volitivo
Art. 38º n.4 – Porque é que agente neste caso não é punido pelo crime mas apenas pela
tentativa?
R – Porque existe uma semelhança com a tentativa (na tentativa existe uma intenção do
agente mas o resultado não se vem a verificar). A causa de justificação não vai interferir
na intenção do agente (que nem tem conhecimento), vai é retirar a consumação do
crime. É que se existe consentimento, a vitima já está à espera. Por exemplo, se a vitima
gosta de levar estalos, embora o agente não saiba disso, a vitima já está à espera de levar
o estalo e até aprecia. Logo não há consumação do crime. É por isso que nestes casos a
acção é punida como tentativa. (o consentimento, no entanto, só é admitido para certos
crimes. Não se admite quando estão em causa bens indisponíveis, como a vida, por
exemplo).
Em conclusão: o resultado é justificado (é consentido pela vitima) a intenção é que não
é justificada (porque não havia conhecimento do agente), logo é a intenção que é punida
como tentativa.
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DIREITO PENAL I
No caso da Legitima Defesa Objectiva (quando o agente não sabe que ia ser agredida),
há quem defenda a aplicação do 38º n.4 e quem defenda que o agente deve ser punido
por crime consumado. É o caso do Prof. Rui Pereira que defende que o 38º n.4 só se
aplica a causas de justificação que tenha apenas o elemento intelectual. Logo em todas
as outras, que contém também o elemento volitivo, o agente deve ser punido pela
consumação do crime.
SITUAÇÃO DE ERRO
Faltam os elementos objectivos.
Por exemplo, B aproxima-se de A, B pensa que A o vai agredir e agride-o. Há um erro.
B está em erro.
Outro exemplo: B agride A porque pensa que A consente. Consentimento Putativo. B
está em erro.
Aplica-se o art. 16º n.2 – porque falta um elemento objectivo.
O agente convence-se que há um incêndio em sua casa e para se salvar arromba a porta
de casa do vizinho. Há um Direito de Necessidade Putativo. O agente pensa que existe
Direito de Necessidade.
A doutrina:
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DIREITO PENAL I
- Teoria da Culpa Moderada (é a do nosso CP) – Sempre que houver erro sobre os
pressupostos de facto de uma causa de justificação o agente pode ser punível por crime
negligente.
É por isso que o
Art. 16º n.2 – Exclui o dolo. (Segue a mesma estatuição do n.1 do mesmo artigo).
Aplica-se sempre o n.3: “fica ressalvada a punição por negligência”.
No caso de exclusão da culpa é possível a legitima defesa (art. 33º). Mas, ao contrário
da ilicitude, é subjectiva, não é extensível a todos os comparticipantes. Teria de haver
uma causa de exclusão da culpa para cada um.
LEGAIS:
- Legitima Defesa (32º) – Tem dois grandes princípios de base: O direito não deve
ceder perante o ilícito (a necessidade de assegurar o direito no momento) e o Principio
da autonomia (cada um tem uma faculdade de autoprotecção).
PRESSUPOSTOS (elementos extrínsecos) da legítima defesa – São dois. A existência
de interesses juridicamente protegidos (quaisquer interesses protegidos pelo direito mas
individualizados e não difusos) e a existência de uma agressão actual e ilícita (acção
dominável pela vontade, ou omissão, mesmo negligente, desculpável ou inimputável,
que terá de ser actual ou iminente e ilícita).
REQUISITOS (elementos intrínsecos) da legítima defesa – São dois. Primeiro a
necessidade de defesa (que não seja possível recorrer à tutela publica e utilizar o meio
menos gravoso disponível em tempo útil) e o segundo o animus defendendi (tem dois
elementos, o intelectual e o volitivo).
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DIREITO PENAL I
- Acção Directa (C. Civil, art. 336º) – Pode operar quando estão em causa bens
patrimoniais. Tem aspectos da legítima defesa e do direito de necessidade. É praticável
em casos em que tenha havido uma agressão ilícita mas que já não é actual (se fosse
actual seria legitima defesa ou direito de necessidade). Existe quando alguém é roubado,
não percebe logo (pelo que não à legitima defesa) mas detecta a sua carteira na mão de
uma pessoa que se preparara para apanhar um avião. Pode agir em acção directa para
recuperar a sua carteira.
- Direito de Correcção (C. Civil, art. 1878º e 1875º) – O direito dos pais de educarem
os filhos (com limites porque senão pode chegar à fronteira dos maus tratos).
- Direito à Greve (Lei da Greve) – É uma causa de justificação relativamente ao art.
385º do Código Penal.
- Causas Especificas
- Causas Especificas para a Interrupção Voluntária da Gravidez (142º) – Causas de
justificação para a interrupção voluntária da gravidez. A alínea a) pode agrupar-se com
a alínea b) – é a indicação saúdo-terapeutica: a vida ou grave perigo para a saúde da
mãe – a alínea c) – é a chamada indicação eugénica (do grego “bem nascida”): tem um
prazo, excepto para fetos inviáveis - e a alínea d) – indicação ética, tem prazo.
SUPRA LEGAIS:
- Legitima Defesa Preventiva -
- Estado de Necessidade Defensivo –
O critério para aferir a culpa – Se uma outra pessoa (o homem médio) colocada no lugar
do agente agiria ou não de outra forma.
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DIREITO PENAL I
Caso Prático:
Alberto arromba a porta da casa de Bento, introduz-se lá dentro e encontra B inanimado
devido a uma fuga de gás. Graças à ventilação provocada pelo arrombamento da porta
Bento começa a recuperar.
Quid Júris?
R – O comportamento de Alberto é uma acção humana, controlável pela vontade,
penalmente relevante. Existe um concurso aparente de crimes. Um de introdução em
local vedado ao público qualificada (por existir arrombamento). É um crime de mera
actividade (não é preciso fazer imputação objectiva). Terá de fazer-se a imputação
subjectiva (em que há dolo directo, existindo os elementos cognitivo e volitivo). Quanto
à ilicitude, existe uma causa de exclusão da ilicitude (art. 34º - e por faltar o elemento
subjectivo intelectual, a intenção de protecção, - conjugado pelo art. 38º n.4 que é
aplicado analogicamente). Assim Alberto seria punido apenas pela tentativa do crime
que praticou.
Se o perigo não existisse e Alberto entrasse na casa de Bento pensando que precisava de
o salvar, tratava-se de um erro sobre as circunstâncias do facto (art. 16º n.2). Haveria
um erro de necessidade putativo. Neste caso seria excluído o dolo (art. 16º n.3) pelo
que o agente deveria ser responsabilizado por negligência. Como a negligência não está
ressalvada no tipo este agente não poderia ser responsabilizado (art. 13º).
Caso Prático:
Um grupo de turistas visita uma gruta sem saída onde se encontram já sete pessoas. Ao
entrar um gordo fica entalado à porta da gruta. Não há maneira de alimentar os
enclausurados. Perante o perigo de vida das pessoas encurraladas será licito colocar em
em causa a vida do gordo? Sete vidas valem mais do que uma? Não. Juridicamente essa
comparação não pode ser estabelecida.
R-
Caso Prático:
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DIREITO PENAL I
Ana segue numa caminhada pela serra e, com mais 2 pessoas, iniciam uma descida.
Ficaram em risco. Mas Ana só tinha um cabo para auxiliar um deles. Assim um salva-se
mas Bento cai do penhasco e perde a vida.
Quid Júris?
R – Há uma omissão imprópria - quando Ana tem uma posição de garante material, por
deter o monopólio dos meios de salvamento - que produz um crime de homicídio. Ana
sabe que vai produzir a morte, embora não queira. Há dolo necessário. Na ilicitude
existe uma causa de exclusão: há um conflito de deveres (deve salvaguardar dois bens
mas só consegue salvar um). Para isso terá de satisfazer-se o dever de valor igual ou
superior. Neste caso os bens (vidas humanas) são iguais.
Caso Prático:
António está prestes a desferir um tiro em Bernardo. Contudo Cardoso, rival politico de
António, arremessa-lhe um tijolo à perna para se livrar dos recentes resultados
eleitorais. Ao fazê-lo e com a dor provocada pelo embate, António desvia a trajectória
do tiro e não acerta em ninguém.
Quid Júris?
R–
Caso Prático:
Ana entra na sua sala e encontra Bertolino com uma faca apontada ao pescoço da sua
colega Carla. Sem pensar em mais nada agarra num agrafador que estava em cima da
escrivaninha e atira-o ao braço de Bertolino. Bertolino fica com o braço ensaguentado.
Bertolino e Carla, actores amadores, estavam a ensaiar a ultima cena da peça “mais vale
tarde do que sangue no alguidar”.
Quid Júris?
R – Estamos perante uma acção jurídico-penalmente relevante, fazendo-se a imputação
objectiva vê-se que a acção produziu aquele resultado (trata-se de um crime de resultado
– crime contra a integridade física). É preciso fazer também a imputação subjectiva.
Assim é preciso apreciar se existem os pressupostos da legitima defesa, de terceiro. Não
existem. Não há agressão actual e ilícita (primeiro pressuposto). O que há é uma má
percepção da realidade por parte do agente. Um erro (art. 16º n.2), uma legitima defesa
putativa.
Os requisitos: se a ameaça existisse o meio seria necessário, havia também animus
defendendi.
A consequência do erro do 16º n.2 é a exclusão do dolo. O agente só pode ser punido a
titulo de negligência (art. 148º - ofensas à integridade física por negligência).
Ana poderia ser responsabilizada por ofensa à integridade física por negliegência.
Caso Prático:
Anabela vê o seu amigo B ser mordido por uma cobra. Sem pensar duas vezes e vendo
o seu amigo a desmaiar decide agarrar num canivete e fazer-lhe um corte para extrair o
sangue impregnado. Quando B retoma a consciência fica indignado e diz-lhe que acha
inadmissível o corte que lhe fez afirmando-lhe que nunca lhe permitiria tal coisa se
estivesse consciente.
R – Há uma acção de Anabela (um comportamento humano controlável pela vontade).
É uma acção típica (trata-se de uma agressão à integridade física de B – art. 143º).
Quanto à ilicitude existe uma causa de exclusão da ilicitude: o Consentimento
Presumido (art. 39º).
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DIREITO PENAL I
Autor Material – É aquele que pratica os factos por si mesmo (art. 26º)
Instigador – Alguém que convence outra pessoa a praticar um facto, que lhe cria a
vontade de praticar o facto.
Cúmplice Material – O que presta ajuda de meio (fornece o meio para a prática do
facto).
Autor Mediato (autor moral) – É aquele que actua por intermédio de outro (o autor
material).
A diferença em relação ao Instigador é que no caso do Autor Mediato o autor material
não tem uma vontade relevante. Há portanto uma instrumentalização.
I convence A a matar B. A mata porque sabe que B sofre de uma doença terminal.
I é o instigador. A é o autor material.
Qual é a responsabilidade de cada um deles?
Começa-se sempre pelo autor material. Assim:
A praticou uma acção jurídico-penalmente relevante, típica (um homicídio), ilícita, não
há causas de exclusão da culpa nem da ilicitude. No entanto ele matou porque não
conseguia ver o sofrimento do B, ou seja, por compaixão (art. 133º). É um homicídio
privilegiado (tem a ilicitude do homicídio simples mas tem uma culpa diminuta, logo
uma pena bastante atenuada).
Como se apura a responsabilidade do Instigador?
O princípio da culpa é fundamental (porque é um elemento pessoal). A tipicidade e
ilicitude é igual à do autor. A culpa é que será diferente. No caso do autor há culpa
privilegiada. Mas o instigador não tem essa culpa. Logo será punido por homicídio
simples (terá uma pena mais pesada). Art. 26º (estende a tipicidade e a ilicitude ao
instigador) e 29º (limita a pena ao grau de culpa de cada participante – teoria da
acessoriedade limitada).
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DIREITO PENAL I
Caso Prático:
Alberto decidiu matar o seu vizinho Bento por saber que este tinha intenção de sair do
país sem lhe pagar o que devia. Para tal pediu ajuda a Cardoso o qual lhe forneceu uma
arma de dois canos para o efeito. Alberto entrou em casa de Bento e ao vê-lo disparou
acabando porém por acertar em Daniela, mulher daquele, que ficou gravemente ferida
num braço. Ao contar o sucedido a Cardoso, já depois de ter saído dali, este disse-lhe
que, se fosse a si, saia do país e que o melhor era subtrair o Mercedes do vizinho para
não dar nas vistas.
Alberto fugiu para Espanha com o carro de Bento.
Quid Júris?
R – Alberto é o autor material. Há um erro na execução do crime. Há actos de execução
(art. 22º n.2 alinea B) pelo que em relação a Bento há uma tentativa de homicídio.
Em relação à mulher, Daniela, há dolo (teve intenção) mas atingiu-a por negligência.
Pode ser punido por ofensa à integridade física por negligência (art. 148º).
Cardoso é cúmplice material (forneceu o meio para o crime) art. 27º. Estende-se a
ilicitude e a tipicidade do autor ao cúmplice, pela teoria da assessoriedade limitada. Em
relação à tentativa de homicídio o cúmplice seria também punido mas não em relação à
ofensa à integridade física porque foram praticadas por negligência e não há transmissão
dos elementos ilicitude e tipicidade sem dolo.
Quando ao crime de furto do automóvel, temos um autor material – Alberto que leva o
carro – e um instigador - Cardoso porque convenceu o outro. O instigador seria
responsabilizado através da teoria da assessoriedade limitada. A ilicitude do autor
estende-se-lhe. Só a culpa é que não se lhe transmite.
Caso Prático:
Alberto, patrão de Bruno, menor de 15 anos, pagou 500 euros a Carlos para praticar
actos homossexuais com o menor. Carlos assim o fez.
Quid Júris?
R – Art. 174º, 175º e 177º
Caso Prático:
António pagou 500 euros a Bento para ofender a integridade física do namorado da sua
filha, Gastão. Bento aceita o dinheiro e paga por sua vez 250 euros a Cândido para
efectuar o trabalho. Cândido deu vários murros em Gastão deixando-o com um
traumatismo craniano.
Quid Júris?
R – Trata-se de um crime de ofensas à integridade física (art. 143º), um crime de
resultado. Em relação a Cândido há imputação objectiva e imputação subjectiva. Não há
causas de exclusão da ilicitude nem da culpa.
Quanto a António é o instigador (art. 26º), foi ele que criou a vontade relevante para a
prática do crime, pagando. O Prof. João Raposo defende que se o instigador tinha como
vontade convencer alguém a praticar um crime mas não é esse segundo que o vai
praticar mas sim um terceiro existe uma “aberratio ictus” (um erro na execução).
O mesmo professor João Raposo tem outra teoria: Admite que há um desvio no nexo
causal mas é um desvio irrelevante pelo que o instigador continua a ser o primeiro. Ou
seja, a instigação determina-se pela criação da vontade relevante. O assistente da cadeira
prefere esta segunda teoria.
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CÚMULO JURÍDICO (art. 77º) – Não se faz o cúmulo aritmético. Quando alguém
pratica vários crimes aplica-se uma pena como se o conjunto fosse apenas um único
crime. Existem balizas, o limite máximo é a soma das penas de todos os crimes
praticados pelo agente e o limite mínimo é a pena do crime mais grave cometido pelo
agente. O juiz soma as penas que aplicaria ao agente por cada uma das penas, encontra
uma nova “moldura penal” e volta a fazer o cruzamento entre essa nova “moldura
penal” e a medida da culpa do agente.
Caso Prático:
António, Maria e José decidiram entrar num plano para assaltar o Banco Espírito
Comercial. Para tal arranjaram umas meias de vidro, enfiaram-nas na cabeça e
dirigiram-se à dependência de Vila Nova de Cima. António e José entraram no banco
tendo Maria ficado à porta para verificar se aparecia alguém. Maria, muito nervosa, e
começando a pensar nos seus filhos, decidiu ir à policia e denunciar todo o sucedido.
António e José foram surpreendidos quando se encontravam à porta do banco com
milhares de euros, prontos para fugirem.
Quid júris?
Caso Prático:
Artur, Bento e Carlos decidiram assaltar uma ourivesaria em Setúbal e gizaram um
plano nos termos do qual, durante a noite, o primeiro arrombaria a porta, o segundo,
armado com uma pistola, ficaria na rua para verificar se alguém se aproximava e o
terceiro entraria na loja para retirar as jóias mais valiosas.
De seguida pôr-se-iam em fuga num automóvel conduzido por Artur, o qual haviam
pedido emprestado a Duarte.
Ainda Artur não acabara de forçar a porta da ourivesaria quando surgiu o primeiro
contratempo: Ernesto, policia de serviço, passou ocasionalmente pelo local. Bento
disparou contra ele dois tiros. O primeiro acertou-lhe no tórax e o segundo passou ao
lado e acabou por acertar em Hermínio que escondido atrás de uns arbustos e não
percebendo até a presença dos assaltantes, se preparava também ele para disparar sobre
Ernesto uma vez que descobrira naquele dia ser aquele amante da sua mulher.
Carlos assustado com tudo o que estava a acontecer decidiu desistir do assalto
abandonando os seus colegas, no entanto estes perseguiram-no e Artur entrou na loja
retirando jóias no valor de 100 mil euros.
Atraído pelo ruído, Fernando, que vivia nas redondezas, foi averiguar o que se passava.
Viu Ernesto que se esvaia em sangue mas decidiu não pedir auxilio porque pensou que
ele já estava morto. Receoso de contactos com a policia resolveu mesmo afastar-se
rapidamente. Foi nessa altura que a policia, alertada por um vizinho que ouvira os tiros,
chegou ao local. Vendo Fernando que se retirava, Gil, agente da policia, pensando que
se trataria de um dos assaltantes, ordenou-lhe que parasse. Fernando pôs-se em fuga e
Gil disparou em direcção às pernas daquele mas acabou por lhe acertar num pé.
Em consequência dos factos descritos Hermínio teve morte imediata. Ernesto, que ainda
estava vivo quando a policia chegou ao local, morreu a caminho do hospital. Fernando
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DIREITO PENAL I
acabou também por morrer mas apenas porque por ser hemofílico não foi possível
estancar em tempo útil a perda de sangue motivada pelo tiro no pé.
Determine a responsabilidade jurídico-penal dos intervenientes.
R – Quanto à autoria, Artur, Bento e Carlos são co-autores. Ernesto será, à partida, um
cúmplice.
Bernardo disparou contra Ernesto. Existe uma acção jurídico-penalmente relevante, que
configura um crime de homicídio (131º), um crime de resultado, em que existe um
evento que se destaca espacio-temporalmente da acção, pelo que terá de ser estabelecido
o nexo causal e feita a imputação objectiva. Para isso existem várias teorias:
- Teoria da equivalência da condição – Saber se o agente produziu a causa sem a qual
aquele resultado não se produziria.
- Teoria da causa adequada – Saber se o agente deu a causa apta à produção daquele
resultado. Neste caso teremos de aplicar o mecanismo da prognose póstuma (verificar se
para um homem médio com os conhecimentos do agente era previsível que a sua acção
produziria aquele resultado).
- Teoria do risco – O agente é responsável quando cria, aumenta ou não diminui um
risco não permitido pela ordem jurídica.
E através da teoria da causa adequada está feita a imputação objectiva. A acção
produziu aquele resultado.
Depois terá de ser feita a imputação subjectiva: Podemos concluir que há dolo directo
ou dolo necessário. Há elemento cognitivo (ele sabe que disparando contra o tórax de
Ernesto o pode matar) e pode ou não haver elemento volitivo conforme ele tenha ou não
pretendido atingir realmente o tórax. Neste caso podemos argumentar por uma das duas
hipóteses.
Não há causas de exclusão da ilicitude, nem da culpa nem da pena.
Ao disparar o segundo tiro Bernardo em vez de acertar Ernesto atinge Hermínio. Há
aberratio Ictus, um erro na execução. Relativamente ao bem jurídico que o agente tentou
atingir há uma tentativa, neste caso de homicídio, em relação ao bem jurídico atingido
existe um crime de homicídio, não com dolo, apenas por negligência porque o agente
não actuou com o dever objectivo e subjectivo de cuidado a que estava obrigado de
forma a não provocar aquele resultado. Teremos então uma situação de negligência e
poderemos, face à hipótese em concreto, sustentar que é consciente ou inconsciente. É
preciso é fundamentar se o agente se conformou ou não com o resultado produzido. Há
por isso uma tentativa por negligência.
Acontece que ao atingir Hermínio, Bernardo impediu que este eventualmente disparasse
sobre Ernesto, logo poderá existir aqui uma legitima defesa de terceiro. Os requisitos e
os pressupostos estão reunidos: a acção foi necessária, a ameaça era actual e ilícita. Há
que verificar também se há animus defendendi (o agente saber e querer actuar em
legitima defesa). Sobre isto a doutrina divide-se. Há autores que dispensam a
obrigatoriedade de animus defendendi (Prof. Germano Marques da Silva e Prof.ª
Fernanda Palma) e outros que exigem esse elemento para se poder considerar legitima
defesa. Neste caso não faz no entanto qualquer sentido considerar que se trata de
legitima defesa porque o agente não está a actuar para tutelar o terceiro mas sim para ele
próprio atentar contra o bem jurídico vida.
Há um assalto. Mas Carlos decide desistir do crime. Aplica-se o art. 25º porque é um
caso de desistência em comparticipação. Carlos praticou apenas actos de execução
(art.22º) e uma vez que desistiu temos que ver se a sua desistência é ou não relevante
para a sua punibilidade. Não é relevante porque ele nada fez para impedir o crime, logo
os pressupostos do art. 25º não se verificam. No elemento subjectivo, ele tinha dolo.
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DIREITO PENAL I
Não há causas de exclusão da ilicitude nem da culpa. Se não fosse um caso de furto
qualificado haveria tentativa? Sim porque há uma condição objectiva de punibilidade –
ser um crime com uma moldura penal superior a três anos (art. 23º n.1).
Bento e Artur são co-autores de um crime de furto. Trata-se de um crime de resultado
(fazer a imputação objectiva e a imputação subjectiva).
No caso de Duarte (que emprestou o carro) é cúmplice material – porque ele tinha dolo
de cumplicidade, sabia que o carro se destinava à prática de um crime (art. 27º). O
cúmplice é responsabilizado aplicando-se a teoria da acessoriedade limitada –
estendendo-se as circunstancias da ilicitude e da tipicidade dos autores ao cúmplice,
exceptuando-se a culpa. Verifica-se depois a sua culpa. A pena a aplicar terá de ter em
conta o art. 27º n.2 e o art. 73º.
Fernando não auxiliou Ernesto que se esvaía em sangue porque pensou que este já
estava morto. Há uma omissão própria (art. 200º) porque ele nada fez para evitar a
produção do resultado morte. Isto se considerar-mos que Fernando não tinha uma
posição genérica de garante, de fonte material, uma vez que tinha o monopólio dos
meios de salvamento (porque foi o único que viu Ernesto ferido). Se considerar-mos
que tinha essa posição de garante Fernando poderá ser punido por um crime de
homicídio negligente (art. 137º).
No entanto existe um erro sobre as circunstancias de facto, sobre o objecto (Fernando
desconhecia que estava lá uma vida) porque Fernando não se apercebeu de que Ernesto
ainda estava vivo (art. 16º n.1). Neste caso o dolo seria excluído pelo que Fernando
poderia ainda ser punido por homicídio por negligência se concluirmos que tinha o
dever de verificar se Ernesto estava vivo. Trata-se de uma negligência inconsciente
porque se o agente pensou logo que a vitima estava morta foi porque nem sequer
admitiu a hipótese de ela estar ainda viva.
A partir do momento em que há está omissão de Fernando verifica-se um desvio do
nexo causal entre a acção de B e o resultado morte de E. Assim B passa a ser acusado de
tentativa e não de homicídio consumado. Isto porque o domínio do facto deixou de estar
no B para estar em Fernando.
Gil ordena a F que pare (esta ordem é uma coacção ilícita mas existe uma causa de
exclusão da ilicitude por tratar-se de um policia – art. 31º n.2 alínea C) e depois dispara
contra as pernas – é um crime de ofensa à integridade física – um crime de resultado
pelo que teremos de fazer a imputação objectiva e a imputação subjectiva – em que há
dolo directo ou necessário, conforme a fundamentação.
Em consequência deste ferimento Fernando morreu por ser hemofílico. É um crime
agravado pelo resultado. Há então dolo no primeiro resultado (ofensa à integridade
física) e haverá negligência no segundo (homicídio) se considerarmos que violou o
dever objectivo e subjectivo de cuidado mas como Gil não sabe que Fernando é
hemofílico por isso não lhe pode ser exigido esse cuidado, logo não há negligencia. Gil
será responsabilidade por ofensa à integridade física grave (art. 144º). Mas Gil estava
em erro (art. 16º n.2) porque pensava que Fernando tinha participado no crime, havia
então uma causa de exclusão da ilicitude, logo é afastado o dolo pelo que será acusado
apenas de ofensa à integridade física por negligência (art. 148º).
Depois é preciso ver se há concursos.
Há em relação a Bernardo (crimes de tentativa de homicídio doloso, um homicídio por
negligência e um furto). É um concurso verdadeiro (vários crimes), real (várias acções)
e heterogéneo (tem vários tipos).
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DIREITO PENAL I
“A instigação em cadeia”
TENTATIVA
É uma forma de crime embora não consumado. Em que todos os actos de execução
foram produzidos mas o resultado não se verificou.
Não há tentativas negligentes. Deriva sempre de uma intenção do agente. Tem de haver
dolo.
Para verificar a tentativa é essencial apurar o inter criminis (o percurso do agente):
Começa com a mera resolução criminosa (a decisão do agente de cometer o crime – que
não é punível porque ainda não tem relevância no mundo exterior), continua com os
actos preparatórios (art. 21º - já podem ser puníveis – são os actos que antecedem a
execução do crime), e termina com os actos de execução (que são puníveis – preenchem
a tentativa que é punível – art. 23º).
Todo o inter criminis é exactamente igual ao do crime doloso consumado com excepção
do resultado, que no caso da tentativa não se verifica.
Nos crimes de dano a consumação material e formal coincidem. Já não é assim nos
crimes de perigo. Quando se verifica o resultado, o perigo, não há obrigatoriamente
lesão do bem jurídico. Neste caso há uma consumação formal mas não há uma
consumação material.
Esta distinção dos tipos de consumação é importante para efeitos de desistência. É que
nos crimes de dano ainda é possível ao agente desistir de provocar a consumação
material mesmo depois de já ter consumado a formal.
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DIREITO PENAL I
Esta teoria é demasiado ampla porque se assim fosse os actos preparatória seriam em
regra puníveis (quando o são apenas excepcionalmente).
- Teoria da Impressão – Contem elementos das duas outras. Da teoria subjectiva, com
uma vontade contrária ao direito, mas – misturando a teoria objectiva – não é toda a
vontade contrária ao direitos, apenas a vontade que lese a confiança da ordem jurídica e
da paz jurídica.
A tentativa impossível é punida pelo alarme social (há ma lesão da confiança jurídica
entre a comunidade).
Ainda não é a teoria perfeita porque, por exemplo, alguém tenta matar com um veneno
que nem sequer se detecta através da autópsia; isto não causa alarme social nenhum,
porque as pessoas nem sabem que o veneno existe. Contudo a tentativa existiu e esta
teoria não a contempla.
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DIREITO PENAL I
A Desistência
CRIMES OMISSIVOS
Praticados por quem tem uma posição de garante
Não há acção logo não há causalidade mas tem que haver imputação objectiva que terá
de ser feita em relação não à acção mas à conduta que o agente deveria ter tido para
evitar o resultado. Essa conduta tem de ser dolosa, ou seja, o agente tendo de tomar uma
conduta não a adopta e provoca o resultado. É difícil saber o que é o dolo numa conduta
omissiva. É o grau de intenção do agente (com os elementos volitivo e intelectual) por
forma a não actuar de acordo com o que lhe era exigido. Assim dolo directo existe
quando o agente quer a realização do facto típico (sabe que ao não mandar a bóia o
agente vai morrer). O dolo necessário existe quando o resultado é uma consequência
necessária da sua conduta de não agir (o agente sabe nadar e o nadador não lhe atira
uma bóia sabendo que há o risco de o agente não conseguir salvar-se mas pensa “se
morrer morre”). Ou seja no dolo necessário existe uma hipótese de o resultado não se
produzir.
A omissão pode ter tentativa. Numa omissão própria (art. 200º) dificilmente pode haver
uma tentativa. O Dr. Rui Pereira defende que ainda assim é possível (quando o agente
para o carro para ligar para o 112 mas não o chega a fazer e depois aparece um terceiro
que acaba por agir). Nos crimes por omissão imprópria (art. 10º n.2 mais outro artigo)
pode haver tentativa (um banhista não socorre uma pessoa que está a afogar-se mas esta
acaba por salvar-se de outra forma).
Nos crimes por omissão há menos energia criminosa, menos desvalor da acção (menor
ilicitude) e menos culpa.
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DIREITO PENAL I
Em qualquer destes 3 situações não há um quantun do dever jurídico. Esse dever não é
quantificado em nenhuma das três fontes.
Para isso fala-se em dois níveis de deveres:
- Deveres de protecção de determinados bens jurídicos – Divide-se em 3 grupos:
1 – Vinculação natural – A relação pai-filho,
2 – Relações comunitárias
3 – A assunção voluntária da tutela de um determinado bem jurídico (por exemplo,
substituir-nos voluntariamente a um socorrista)
- Deveres em que a pessoa que tem a posição de garante está obrigado a controlar
certas fontes de perigo – Quando um carro não está em condições de circular e
provoca um acidente de que resulta um morto – temos nesse caso um crime de
homicídio doloso por omissão porque o condutor tinha a obrigação de controlar essa
fonte de perigo.
Outro exemplo, os pais que tem o dever de controle de fonte de perigo em relação a um
filho cuja conduta se aproxima da incapacidade.
Casos de interrupção do processo salvador – O agente pega na bóia mas depois não a
atira ao afogado.
Diferença entre omissão própria (pura) – é a lei que descreve qual é o comportamento
que o agente deve ter em certas omissões (por exemplo a omissão de auxilio em que os
pressupostos estão definidos na lei, há uma norma perceptiva) e omissão imprópria
(impura) – resulta de se ter a obrigação de se evitar um certo resultado e resulta do
artigo 10º justaposto a alguns artigos do CP (desde que o crime seja um crime de
resultado)
Crimes de omissão imprópria - São todos os crimes de resultado a que nós somamos um
dever de garante.
Teorias da Assessoriedade:
O que é que se comunica dos vários elementos do crime (acção, tipicidade, ilicitude,
culpa e punibilidade) entre o autor e os comparticipantes e vice-versa.
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DIREITO PENAL I
A teoria que o nosso código segue é a teoria da Acessoriedade Limitada (os elementos
que se comunicam são a acção, a tipicidade e a ilicitude).
Comparticipação na Tentativa:
Sendo uma forma de crime dolosa faz sentido existirem participantes na tentativa
CRIMES NEGLIGENTES
(Art. 13º - o crime é doloso sempre que a lei não diga que é negligente)
A negligência está no art. 15º.
O mesmo tipo de crime pode ser doloso (por exemplo no homicídio, art. 131º) ou
negligente (por exemplo no homicídio, art. 137º).
O crime negligente não admite tentativa (que por definição é dolosa). A instigação e
cumplicidade também não existem. Pode haver autorias paralelas, não pode é haver co-
autorias (porque não há intenção logo não pode haver combinação ou planos).
CONCURSOS
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alguém para assaltar uma causa rebenta com a porta. Além do crime de roubo pratica o
crime de dano da porta. Neste caso em principio é punido pelo último que é o crime
mais grave. Quando o ultima crime é o mais grave diz-se consupção pura. A impura é
ao contrário. Por exemplo quando para praticar um crime de burla o agente pratica
outro, mais grave, de falsificação de documentos) e ainda o facto exterior não punível
(Alguém furta uma pasta e depois para evitar ser descoberto queima a pasta. Há duas
normas que se lhe aplicam. A doutrina divide-se. Há autores que dizem que o agente
deve ser punido por dois crimes e outros que o agente deve ser punido apenas por um
crime).
O agente é punido por um único crime.
PENAS
Conceitos de Penas:
Atenuação especial – Art. 73º (para os casos de cumplicidade e de tentativa) e por via
do art. 72º n.1.
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Penas Acessórias (não são automáticas) – Art. 65º e SS. Não há penas acessórias sem
pena principal. Não há também penas acessórias que decorram directamente das penas
principais. Ou seja, para aplicar a pena acessória é necessária uma fundamentação
autónoma, não basta a fundamentação que sustenta a pena principal.
Medidas de Segurança – São em regra aplicadas aos inimputáveis mas também aos
imputáveis particularmente perigosos (por exemplo, na estrada, a condutores perigosos).
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