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MACEIÓ-AL
2021
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS LICENCIATURA
MACEIÓ - AL
2021
1. INTRODUÇÃO
Os meios de produção e consumo que vivemos e construímos vem a muitas décadas
findando os recursos naturais, desde o extrativismo até as diversas formas de poluição, que
comprometem as gerações futuras e a nossa própria nesse modelo insustentável. O “calote
intergeracional” que, segundo Figueiró (2011), se caracteriza por tomar emprestado de
gerações futuras os recursos que não teremos efetiva condição de devolver, é praticado dia
após dia, e nossos hábitos o sustenta. Porém não se trata apenas dos hábitos individuais de
escolhas de consumo consciente, mas da lógica capitalista onde grandes empresas geram
impactos muito mais significativos do que um indivíduo. Empresas essas que não apenas
desenvolvem suas produções para atender às necessidades da população que compra ou
usufrui dos serviços prestados por estas, mas para manter a lógica de lucro de mercado que é
baseada na transformação dos recursos naturais em mercadoria de massa.
Dessa realidade surge o Capitaloceno, termo que considera a ação humana e suas
relações políticas e econômicas de poder e desigualdades no capitalismo global, como papel
central nas alterações de desequilíbrio ambiental. O que confronta a ideia de Antropoceno,
considerando todos os seres humanos responsáveis na transformação do mundo biológico e na
origem dos problemas ambientais globais, ignorando o modelo socioeconômico que vivemos
e seus atores principais. “A mudança climática não decorre da mera existência de bilhões de
seres humanos que habitam o planeta, mas é causada pelos poucos que controlam os meios de
produção e tomam as principais decisões sobre o uso da energia” afirma Malm 2018.
Dessa maneira, por conta da concentração de riquezas causada pelo controle dos meios
de produção e serviços, inclusive de bem comum, gera uma desigualdade socioeconômica
sem medida. Tal desigualdade provoca uma dinâmica de acesso e restrição a diversos bens e
serviços, incluindo a qualidade destes. É possível visualizar tal problemática quando se olha a
própria distribuição geográfica de qualquer cidade, tendo os melhores bens e serviços
localizados nas regiões onde os que detém poder aquisitivo possuem acesso de maneira mais
eficaz e de maior qualidade, enquanto que quanto mais distante desta localidade menor é a
renda, menores são os serviços, menor a qualidade destes, ou até mesmo a existência destes.
Se adentrarmos a periferia das grandes cidades ou para comunidades em regiões rurais
(como o caso da comunidade Quilombola Cajá dos Negros na região rural de Batalha-AL) ou
comunidades indígenas (como a aldeia Wassu Cocal localizada no municípo de Joaquim
Gomes-AL e a aldeia Xucuru-Kariri localizada no município de Palmeira dos Índios-AL),
veremos que tais questões sanitárias e ambientais estão ligados diretamente aos impactos
causados pela deterioração do espaço e tomada de terras desses povos, o que
consequentemente gera uma redução de área e uma grande concetração de indivíduos em uma
pequena localidade, que se agrava ainda mais tendo em vista que tal população vem
aumentando ao longo das últimas décadas, o que restringe ainda mais a quantidade de
indígena por metro quadrado de cada comunidade, ampliando as problemáticas sanitárias e de
recursos ambientais que garantam o suporte e manutenção destas comunidades.
Ao avaliar tais necessidades, causadas em sua grande maioria, por influência externa
dentro de um contexto histórico de desapropriação, contaminação, desassistência por parte
dos serviços públicos e de iniciativa privada, vemos a importância de olharmos com carinho,
respeito e dedicação para com essas localidades e promover uma política de saúde sanitária,
de abastecimento de água e coleta de lixo que esteja de acordo com suas tradições e de suas
cosmovisões de seus corpos e de convívio.
Em termos sócio-cosmológicos pode-se dizer que o mundo capitalista apresenta uma
visão objetivada da natureza, geralmente vista como fonte de lucros e receitas monetárias. Os
efeitos dessa coisificação da natureza é a sua contínua destruição por meio do desmatamento e
da poluição, consequências de uma necessidade de produzir cada vez mais. Assim, se o modo
de vida ocidental capitalista está imbuído por uma sócio-cosmologia que objetifica a natureza,
tratando-a como coisa a ser explorada; já para o pensamento indígena, em toda a sua
diversidade, a terra é pensada como sujeito e, ao mesmo tempo, como povoada de sujeitos
animais, vegetais, espirituais, minerais, todos eles providos de ação própria na construção de
relações sociais e subjetivas (ALBERT, 2002).
2. OBJETIVOS
2.1. Geral:
● Promover a implantação de serviços sanitários; abastecimento e qualidade da
água a ser utilizada; e coleta de lixo associado à coleta seletiva de resíduos em
uma dada comunidade.
2.2. Específicos:
● Conhecer a comunidade que se pretende implementar o projeto e suas
necessidades;
● Desenvolver programas de controle de qualidade dos serviços fornecidos, para
que seja projetável a longo prazo
● Utilizar mão de obra qualificada da própria comunidade para realização do
projeto, gerando renda e emprego local.
● Utilizar os recursos da região de maneira sustentável, sem prejuízos ao meio
ambiente.
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
4. LEVANTAMENTO PRÉVIO
Anteriormente a se pensar na implantação de um projeto de saneamento básico em
uma comunidade devemos levar em conta a importância de se conhecer as reais necessidades
de seus integrantes, respeitando suas tradições e suas cosmovisões nas relações com o meio.
Para isso realizamos um levantamento simples com questionários abertos realizados com um
integrante da aldeia Wassu Cocal (Joaquim Gomes-AL), um integrante da comunidade
Quilombola Cajá dos Negros (Zona Rural de Batalha-AL) e o Pajé da aldeia Xucuru-Kariri
(Palmeira dos Índios-AL).
As questões levantadas aos entrevistados foram respondidas via Whatsapp:
Qual a principal “A questão da água “Com relação ao “Com relação à água, até
fonte de água da encanada é acesso a água, não tem pouco tempo (5 anos) a
basicamente 30% água encanada, aí já água que chegava na
comunidade? muda todo o processo comunidade era bruta…
Saberia dizer se ela também na maioria dos
de se imaginar como vinha sem nenhum
casos as pessoas funciona o sistema tratamento por parte da
é de qualidade ou se
utilizam poços básico de CASAL, nos deixando
há indícios de
artesianos mesmo.” abastecimento” altamente expostos e
contaminação? Já “as casas que não "A maioria das casas vulneráveis a doenças.
houve problemas de possuem poço tem a nem tem sistema de Tivemos inúmeros casos
saúde ligados ao água que vem direto encanação, a não ser de barriga-d’água,
consumo desta quando é colocado Schistosoma, diarreia,
do reservatório da
caixa.” verminose. Só após o
água? aldeia, onde a água é “Essa água é ou tratamento da água por
retirada do rio acumulada em intermédio da FUNASA
Camaragibe, é tratada cisternas,e é água da e CASAL que tivemos
e disponibilizada para chuva ou caminhão uma grande diminuição
a população” pipa que a prefeitura dos casos de doença que
“já ocorreu sim uma distribui ou as pessoas era ligado à água. Hoje,
compram, aqui quase todos os meses é
morte recentemente
acontece muito das feita uma coleta dessa
onde a pessoa pegou pessoas comprarem água por parte da
schistosoma e acabou mesmo e essa água vai vigilância sanitária,
falecendo!” servir para o consumo porém nunca tivemos a
da casa” devolutiva dessas
“Gastos (de água) com análises. Sempre levam
animais vai para açude para fazer análises, mas
ou pequenas barragens nunca retornam com os
da região” resultados.”
“parte da comunidade “Sobre o abastecimento,
tem uma cisterna a nossa água é encanada.
pública da prefeitura" Todas as casas possuem
“Com relação a encanação e antes da
qualidade, geralmente água ser tratada, ainda
se coloca aqueles tínhamos que pagar pela
frasquinhos de cloro água, mesmo sendo
ou algo assim, contaminada.”
distribuídos pela “Ainda muitas aldeias
própria prefeitura pra utilizam de poços
colocar dentro da artesianos, caçimbas,
cisterna pelo posto de caminhões pipa, rios
saúde, e é a água mais quando tem e a maioria
confiável pra gente ta não possui qualidade.
consumindo ” Precisam ainda passar
“todas as barragens por tratamento antes de
secaram, as pessoas ser consumida. Às vezes
utilizam de um açude os agentes de saúde de
público maior no final controle da dengue
do assentamento, para aparecem aqui, mas nada
todas necessidades que efetivo de fato. Tentamos
não são de consumo conscientizar o povo da
humano, beber, aldeia para não deixar
cozinhar, tomar banho, caixas d’água
lavar roupa” destampadas que
“Sempre acontece o geralmente ficam ou as
uso de agrotóxicos não caixas que ficam no
em larga escala” chão.”
“no período de grande
chuva pode ter decido
água de áreas de uso
de agrotóxicos"
“existe um poço
artesiano mas a água é
salobra e se utiliza
para consumo de
animais, misturando
com água de consumo
humano”
“Em casos extremos
que a seca é maior
buscam água na
cidade, porém o custo
é maior pela
distância.”
“Existem suspeitas de
contaminação, porém
não há provas já que
nunca foram feitos
testes com as águas
das barragens.”
Com relação ao “Sobre o lixo uma vez “Aqui em uma parte da “Com relação ao lixo,
lixo, como vocês por semana a comunidade passa um tentamos conscientizar a
prefeitura vem buscar, caminhão da prefeitura comunidade para separar
lidam com o lixo recolhendo o lixo que o lixo molhado do lixo
só que mesmo assim
que é produzido? eles só pegam o lixo as pessoas seco, mas nem sempre
Existe algum tipo que se encontra às acumulavam, quando conseguimos. A
margens da BR101, o eu digo lixo é plástico, prefeitura nem sempre
de coleta ou destino que não vai se vem buscar, o que resta é
a esse lixo? Existe resto do lixo que não é
degradar porque lixo levarmos o lixo para a
coletado é queimado orgânico, não tem essa encosta da pista a fim de
algum suporte da
pela própria visão, de que mato, buscarem. Muitas vezes
prefeitura ou do
população!” esse tipo de coisa é queimamos para não ver
estado para lixo” aquele monte de lixo
gerenciar tal “Quando não ocorre amontoado. O pior é
questão ou vocês essa coleta, o lixo é quando chove, pois fica
preferem lidar de acumulado por dois ou tudo melado e espalha
três meses e então é pela aldeia. A SESAI
outra maneira? incinerado, porque se quem realmente deveria
deixar vagando pelos prestar serviços quanto a
cantos, animais podem isso, mas infelizmente
comer e pode dar não cumpre como
problema, é prejuízo deveria.”
financeiro e
econômico pra região”
Com isso podemos observar a maneira que a água é tratada como bem de consumo, e
sendo assim, o poder aquisitivo vai definir seu acesso.
Quanto ao esgotamento sanitário o problema é generalizado em todas as realidades
apresentadas, desde realizar as necessidades fisiológicas “no mato”, a esgoto a céu aberto. E
como é de conhecimento da própria comunidade essas realidades trazem problemas de saúde
graves pela ampla exposição a vetores, e conforme o relato da aldeia Xucuru-Kariri as
demoras de atendimento do SUS nos processos de identificação da doença também dificultam
as ações da comunidade. E os órgãos competentes como a SESAI (Secretaria Especial de
Saúde Indígena) não foram citados com ações para modificação dessa realidade. Acreditamos
que a proposta deste trabalho quanto ao esgotamento sanitário, possa auxiliar muito na
modificação dessa realidade, por se tratar de uma aplicação viável com as parcerias certas.
Por fim, a respeito da coleta de lixo, as comunidades apresentam também problemas
similares. As prefeituras não realizam a coleta regular e o lixo se acumula na comunidade
sendo necessário levá-lo até uma via rodoviária para coleta, que também não é garantida.
Dessa forma contamos com a educação ambiental da comunidade para gerenciamento dos
seus resíduos, e conforme dito quando necessário o lixo é incinerado para evitar a dispersão,
ingestão animal e outras contaminações. Conforme Boletim Povos Indígenas e Meio
Ambiente Amapá e Norte do Pará (2019) a aldeia Tukay, na Terra Indígena Uaçá,
transformou um velho forno de farinha em local onde o lixo é armazenado e queimado,
ficando ao abrigo da chuva e da curiosidade das crianças e animais, o que nos mostra ser uma
atividade recorrente para solucionar o problema momentaneamente.
Entretanto essa prática, segundo matéria da ONU News (2019) a queima do plástico
libera gases tóxicos e o estudo Poluentes Tóxicos do Lixo Plástico - Uma revisão indica que a
incineração de plástico a céu aberto é uma das principais fontes de poluição do ar onde 40%
de todo o lixo do mundo é queimado. Dentre os gases liberados estão dioxinas, furanos,
mercúrio e bifenilos policlorados. As dioxinas são poluentes orgânicos persistentes e
potencialmente letais, que podem causar câncer e prejudicar a tiróide e o sistema respiratório,
elas se depositam em plantações e nos cursos de água, onde acabam entrando nos alimentos.
Já os ftalatos, são disruptores endócrinos e estão associados a diversas complicações de saúde,
desde problemas de fertilidade e problemas neonatais entre bebês até alergias e tipos de asma.
5. METODOLOGIA
Previamente a implantação do projeto devemos realizar um estudo de caso, para a
comunidade existente e compreender suas necessidades, e assim analisar a melhor forma de
agir. Como se trata de um projeto hipotético, realizamos então diferentes entrevistas com
integrantes de diferentes comunidades e assim pudemos conhecer um pouco de suas vivências
que divergem das nossas, não somente como indivíduos, mas também enquanto histórico
social. Dessa forma podemos, antes de tudo, conhecer os ambientes que estão próximos do
nosso convívio, porém distante da nossa realidade e mais ainda do conhecimento da
sociedade. Para que mesmo em uma situação de implantação hipotéticas, não sejamos
incoerentes com suas necessidades por levarmos em consideração apenas nosso olhar exterior.
As perguntas acerca de saneamento básico foram enviadas pelo whatsapp dando a
oportunidade de os entrevistados responderem por mensagens escritas ou de áudios. E
serviram de base, assim como a revisão bibliográfica, com base para a proposta a ser
desenvolvida.
5.1. Água potável:
Inicialmente será realizado um levantamento das fontes de água da comunidade, quais
os recursos utilizados, seus custos para a população que ali reside e onde são armazenadas.
Em seguida, um estudo da qualidade da água dessas fontes, com testes químicos e físicos da
qualidade da água e sua viabilidade para consumo humano.
Posteriormente será instalado um sistema de cisternas oriundos do O Programa
Nacional de Apoio à Captação de Água de Chuva e outras Tecnologias Sociais (Programa
Cisternas), que se baseia em um sistema onde as águas pluviais são coletadas do telhadão por
meio de calhas e armazenadas em cisternas de placas pré-moldadas de concreto, com
capacidade de 25 mil litros, que constitui um reservatório cilíndrico e coberto. O reservatório,
fechado, é protegido da evaporação, das contaminações causadas por animais e dejetos
trazidos pelas enxurradas.
No eixo que diz respeito ao tratamento desta água - que também pode ser oriundo de
carros pipa disponibilizados pela prefeitura ou SESAI. O processo de filtração pode ser
realizado no ponto de entrada da água na cisterna e/ou no ponto de saída ou uso da cisterna.
No primeiro caso, podem ser utilizados filtros simples de areia e cascalho; já no ponto de
saída, RUSKI (2002) recomenda filtros como o de sedimentos e os de carvão, que utilizam
camadas de cascalho, carvão pisado em pó, areia fina e areia grossa, adequadamente dispostos
em camadas.
A desinfecção é um processo físico de destruição de microrganismos presentes na
água, que, mesmo filtrada, ainda pode contê-los. O processo mais comumente utilizado é a
Cloração que usa o cloro como agente desinfetante, por ser um método simples, mais
econômico, de fácil disponibilidade, pela solubilidade do cloro na água, por períodos mais
prolongados de atuação e pela excelente eficiência no controle de doenças transmissíveis pela
água. A cloração da água da cisterna pode ser realizada com o uso de cloro líquido, como o
hipoclorito de sódio encontrado na água sanitária ou produtos de cloro sólido como o
hipoclorito de cálcio, em grânulos e em pastilhas ou tabletes. A eficácia da cloração depende
de fatores como: o tempo de contato do cloro com a água, que deve ser de, no mínimo, 30
minutos; o cloro residual livre, que em soluções alternativas de abastecimento é de 0,5 mg de
cloro por litro de água, após ter recebido uma dosagem de 2,0 mg/L durante a cloração; e a
turbidez da água, a qual deve ser de no máximo 1 UNT (unidades de turbidez).
É importante salientar que a utilização da cloração, embora seja de fácil aplicação e
eficácia na prevenção de doenças de transmissão hídrica, pode originar a contaminação da
água por trihalometanos (THMs), que são subprodutos cancerígenos, resultantes da reação
química do cloro com substâncias orgânicas em decomposição, como restos de folhas, restos
de animais mortos e matéria fecal. Assim, considerando também a eficiência do cloro em
função da turbidez, torna-se ainda mais importante a utilização de barreiras físicas na cisterna,
bem como a realização do tratamento por filtração, antes do tratamento da cloração, a fim de
evitar a presença de matéria orgânica na água e, consequentemente, os trihalometanos, após a
desinfeção.
No eixo produtivo, as famílias podem investir no cultivo de hortaliças e na criação de
suínos e aves. Esse eixo proporciona autonomia no consumo e geração de renda com a
comercialização do excedente em feiras locais ou nos programas de compras institucionais,
como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação
Escolar (PNAE).
Figura 02 - Tanque/Bacia de
Evapotranspiração como sistema
fechado e eficiente. Fonte: Bacia
de Evapotranspiração – Sítio Alto
Paraíso (ampproject.org)
FUNCIONAMENTO E
PRINCÍPIOS
Um pré-requisito para o uso da
BET é a separação da água servida
na casa, em cinza e negra. Apenas
a água negra, a que sai dos
sanitários, deve ir para a BET. A água cinza, aquela que sai da máquina de lavar, pias e
chuveiros, deve ir para outro sistema de tratamento como um círculo de bananeiras que
também está no projeto que disponibilizo no final deste artigo.
Fermentação
A água negra é decomposta pelo processo de fermentação (digestão anaeróbia) realizado pelas
bactérias na câmara bio-séptica de pneus e nos espaços criados entre as pedras e tijolos
colocados ao lado da câmara.
Segurança
Os patógenos são enclausurados no sistema, porque não há como garantir sua eliminação
completa. Isto é realizado graças ao fato da bacia ser fechada, sem saídas. A bacia necessita
ter espaços livres para o volume total de água e resíduos humanos recebidos durante um dia.
A bacia deve ser construída com uma técnica que evite infiltrações e vazamentos.
Percolação
Como a água está presa na bacia ela percorre de baixo para cima e com isso, depois de
separada dos resíduos humanos, vai passando pelas camadas de brita, areia e solo, chegando
até as raízes das plantas, 99% limpas.
Evapotranspiração
Na minha maneira de ver, este é o principal princípio da BET, pois graças a ele é possível o
tratamento final da água, que só sai do sistema em forma de vapor, sem nenhum
contaminante. A evapotranspiração é realizada pelas plantas, principalmente as de folhas
largas como as bananeiras, mamoeiros, caetés, taioba, etc. que, além disso, consomem os
nutrientes em seu processo de crescimento, permitindo que a bacia nunca encha.
Manejo
Primeiro (obrigatório), a cobertura vegetal morta deve ser sempre completada com as próprias
folhas que caem das plantas e os caules das bananeiras depois de colhidos os frutos. E se
necessário, deve ser complementada com as aparas de podas de gramas e outras plantas do
jardim, para que a chuva não entre na bacia.
Segundo (opcional), de tempos em tempos deve-se observar os dutos de inspeção e coletar
amostras de água para exames. E observar a caixa de extravase, para ver se o
dimensionamento foi correto. Essa caixa só deve existir se for exigido em áreas urbanas pela
prefeitura para a ligação do sistema com o canal pluvial ou de esgoto.
Fonte:
FOLDER_Fossa_evapotranspiracao__3_.pdf
(emater.df.gov.br)
Construção do Tanque de
Evapotranspiração
1. Cavar uma vala de 1,10 metros
(profundidade) x 2,10 metros (largura) x 5,20
metros (comprimento);
2. Chapiscar as paredes internas;
3. Sobre o chapisco, colocar a tela estuque (ou
tela de galinheiro, pinteiro ou viveiro) fixada
com grampo feito com o arame galvanizado
BWG 18;
4. Sobre a tela aplicar uma camada de 5
centímetros de reboco de cimento forte (2
partes de areia lavada média para 1 parte de
cimento);
5. Fazer o acabamento das paredes com uma fileira de tijolos em torno das quatro bordas;
6. Fazer o piso de concreto com espessura de 5 cm;
7. No encontro entre o piso/parede, fazer acabamento de forma arredondada, para não ficar
com quina;
8. Fazer a cura do concreto: molhar 2 vezes por dia, durante 3 dias.
9. Depois de rebocado e seco, o tanque estará pronto para receber o material de
preenchimento.
Preenchimento do interior
1. Posicionar os pneus unidos formando um tubo, a saída do cano do esgoto deverá cair dentro
desse tubo (fig. 2);
2. Colocar entulho grosso até a altura do tubo formado pelos pneus, por volta de 60 cm (fig.
3);
3. Colocar uma camada de brita de 10 cm;
4. Colocar uma camada de areia lavada de 10 cm (fig. 4);
5. Por último, colocar uma camada de terra de 60 cm de maneira abaulada para plantar as
espécies recomendadas;
6. Espécies recomendadas: bananeira, taioba, copo de leite, estrelícia, entre outras espécies de
folhas largas e que demandem muita água.
01 02
Imagem 1: Imagem 2:
https://www.conviteriaasascoloridas.c
https://www.ecologicbrindes.com.br/
om/product-page/convite-papel-linha-corporativa-papel-
semente-e-kraft semente/crachas-em-papel-semente--
p
03 06
05
04
Imagem 4:
Imagem 3: https://convitesdecasamentotops.com/como-
https://papelsemente.com.br/blog/papel-que- fazer-papel-semente-para-convite-de-
Imagem 5: https://mac.arq.br/papel-
vira-planta/ casamento/ Imagem 6:
semente-o-papel-ecologico-que-vira-
https://spazioconvites.com.br/papel-
planta/
semente/
6. CRONOGRAMA
AÇÃO \ MÊS 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12
Realizar um grande X X X
levantamento em todas as
áreas do saneamento básico
compreendendo todas as
potencialidades da
comunidade, seus recursos
materiais e humanos e sua
dinâmica pessoal para
também pontuar os
problemas que enfrentam.
Realização de testes de X X
qualidade da água utilizada
em barragens, cisternas, rios
e poços da região para iniciar
tratamento caso seja
necessário.
Instalação de cisternas X
conforme o estudo realizado
(identificando os melhores
pontos que possa atender um
número maior de pessoas)
Instalação de encanamento X X X
em grandes áreas de
convívio, e se necessário em
residências. (Atendendo as
demandas da população)
Aplicação de minicursos X
sobre separação correta de
resíduos secos e úmidos para
diversos materiais
Aplicação de minicursos X
sobre tratamento da
compostagem de matéria
orgânica (resíduos úmidos)
Estabelecimento de sistema X X X
de distribuição e venda de
adubo fruto da compostagem
de cada residência (conforme
necessidade da comunidade).
Profissionalização de X X X X
integrantes da comunidade
com a utilização da matéria
prima da reciclagem, como o
exemplo do papel semente.
7. ORÇAMENTO
7.1. Cisterna de Placa
● Capacidade: 16-25 mil litros;
● Material: Cimento, areia e cal;
● Valor: R$ 2.500,00 (aquisição + instalação) (Valor estimado com base na
capacidade);
● Quantidade: Quantas forem necessárias;
● Tempo previsto de instalação: cinco dias;
● Produtor: O Governo repassa recursos para as ONGs. O material é comprado
nos municípios beneficiados, assim como a mão de obra para a construção dos
reservatórios.
❖ Detalhamento dos materiais é possível encontrar aqui:
IO_SESAN_n8_15082017_ANEXO.pdf (mds.gov.br)
Fonte: Cisternas da Discórdia (uol.com.br) / Cisternas de cimento ou cisternas de plástico? |
Blog Cidadania & Cultura (wordpress.com)
ALBERT, B. O ouro canibal e a queda do céu: uma crítica xamânica da economia política da
natureza (Yanomami). In: RAMOS, A.; ALBERT, B. Pacificando o branco: cosmologias do contato
do norte amazônico. São Paulo: Unesp, 2002.
Boletim Povos Indígenas e Meio Ambiente Amapá e Norte do Pará 2019 O PROBLEMA DO LIXO
NAS TERRAS INDÍGENAS. Disponível em <https://institutoiepe.org.br/wp-
content/uploads/2020/07/Boletim_externo_numero_9-2009.pdf> Acessado em 17/03/2021
Bacia de Evapotranspiração (BET): uma forma segura e ecológica de tratar o esgoto de vaso sanitário.
Disponível em: <artigo_edicao_220_n_1822.pdf (revistadae.com.br)>. Acessado em: 16 de março de
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Disponível em <Direito fundamental de acesso a água potável e a dignidade da pessoa humana -
Âmbito Jurídico (ambitojuridico.com.br)/> Acessado em 16/03/2021
COIMBRA, C. E. et al. The First National Survey of Indigenous People’s Health and Nutrition in
Brazil: rationale, methodology, and overview of results. BMC Public Health, v. 13, p. 52, 2013.
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Título III, da organização do Estado, Capítulo
II da União Disponivel em
<https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/con1988_14.12.2017/art_20_.asp>
Acessado em 17/03/2021
Comunidade indígena recebe pela primeira vez Dia D Mais IDH. Disponível em: <Comunidade
indígena recebe pela primeira vez Dia D Mais IDH – Maranhão de Todos Nós ( www.ma.gov.br)>.
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IBGE. CENSO 2010. Disponível em: <IBGE | censo 2010 | resultados | notícias | Censo 2010:
população indígena é de 896,9 mil, tem 305 etnias e fala 274 idiomas>. Acessado em: 15 de março de
2021.
O lixo chegou às aldeias – e indígenas pedem ajuda para resolver o problema. Disponível em: O lixo
chegou às aldeias – e indígenas pedem ajuda para resolver o problema - ÉPOCA | Blog do Planeta
(globo.com)>. Acessado em: 15 de março de 2021.
ONU News, 2019 ONU alerta para poluição causada pela queima de lixo plástico. Dsiponível em
<https://news.un.org/pt/story/2019/05/1671451#:~:text=Doen%C3%A7as,e%20prejudica%20o
%20sistema%20nervoso%E2%80%9D.> Acessado em 17 de março de 2021
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Minas Gerais; Environmental sanitation and Indian health: an assessment on the Xakriabá population,
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População indígena volta a crescer na zona rural em 2010, diz IBGE. Disponível em: <Natureza -
População indígena volta a crescer na zona rural em 2010, diz IBGE (globo.com)>. Acessado em: 15
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Projeto quer implantar saneamento ecológico em Vitória. Disponível em: <Projeto quer implantar
saneamento ecológico em Vitória - Século Diário (seculodiario.com.br)>. Acessado em: 16 de março
de 2021.
TRATA BRASIL, 2019 Com 180 anos de existência maceió continua sem saneamento básico.
Disponível em <http://www.tratabrasil.org.br/blog/2019/12/05/com-180-anos-de-existencia-maceio-
continua-sem-saneamento-basico/> Acessado em 13 de março de 2021.