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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA VARA ÚNICA DA

COMARCA DE ANASTÁCIO – MS.

Processo de nº .....

.................

CONTESTAÇÃO à Ação de Dissolução de Sociedade de Fato,

proposta por .........., pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos.

PRELIMINARMENTE

DO INDEFERIMENTO DA PETIÇÃO INICIAL

Considera-se inepta a petição inicial, segundo o § único, inciso II, do art. 295 do CPC,
quando "da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão" ou ainda, segundo
o mesmo parágrafo, inciso IV, "contiver pedidos incompatíveis entre si"
No processo em questão, a petição inicial apresentou-se eivada de erros que, mesmo após
a determinação de emenda, não foram corrigidos.

Aponta a Autora um convívio de mais de dois anos e meio, (quando?), num apartamento
pertencente ao Requerido ( 1.º parágrafo dos FATOS), para logo em seguida confessar
que o apartamento era alugado (último parágrafo da 1.ª folha da inicial).

Cita a Requerente, a aquisição de diversos bens, sem comprovação documental alguma,


buscando apenas avaliá-los a seu alvitre.

Narrou exaustivamente os direitos da concubina que conviveu com o "de cujus" e pediu
exclusivamente o direito de meação dos bens deixados pelo falecido.

Processualmente, pediu a condenação do "de cujus" em custas e honorários e alegou


situação de miserabilidade, para fazer jus ao benefício da Assistência judiciária.

Intimada a proceder a emenda da inicial, limitou-se a citar que o pólo passivo é


constituído por pessoa viva, sem contudo alterar os pedidos formulados, confessando,
ainda, não ter qualquer prova de suas alegações, o que esperava talvez, fossem
confessadas pelo Requerido.

DA CONCLUSÃO ILÓGICA

Causa de inépcia da inicial é a falta de conclusão lógica entre a narração dos fatos e a
conclusão. Não se pode narrar direitos de meação em relação ao "de cujus" envolvendo
pessoa viva.

DA INCOMPATIBILIDADE DE PEDIDOS

Um dos requisitos para a admissibilidade de cumulação de pedidos é que sejam


compatíveis entre si, ou para sua alternância, é que não sejam incompatíveis na forma de
execução.

A Autora, ora afirma ter participado substanciosamente, (grifos nossos), com salários, na
formação de um patrimônio, exigindo sua meação, ora se diz portadora do direito de
indenização por serviços domésticos prestados ao Requerido. (Subentende-se, para fins
de direito a essa indenização, como bem apontado pela própria Autora, que quem presta
serviços domésticos, vive somente em casa e não aufere rendimento em trabalho
externo).

Da simples análise na formulação da inicial, vê-se claramente a sua inépcia, apontando


fatos aleatórios, que não levam à conclusão alguma, bem como exigindo direitos
incompatíveis entre si, pelas próprias confissões da Autora.

Pela exposição supra, requer-se o indeferimento da inicial, eis que possibilitado o direito
da correção, persistiu a Autora nos mesmos erros.

DO MÉRITO

DOS FATOS ALEGADOS

Alega da Autora que conviveu maritalmente com o Réu, por mais de dois anos e meio
(não cita que período foi) e que dessa relação não adveio filhos.

Afirma que sempre exerceu atividades que lhe permitiam auferir salários e contribuir para
a aquisição de bens móveis, formando o patrimônio do casal.

Apresenta uma relação de bens móveis, sem identificá-los corretamente, sem apresentar
datas ou documentos comprobatórios de sua aquisição, fato aliás inexplicável, já que
partindo de alguém que assevera ter participado ativamente para a compra.

DOS FATOS COMPROVADOS

Requerente e Requerido tiveram um convívio exíguo de um 1 ano e 6 meses,


compreendido entre ...

O Requerido separou-se de sua esposa em ........ de ........., mas voltou ao seu convívio
em ......... de ........, tendo deixado a Requerente residindo no apartamento alugado para
ela e a filha, em nome da empresa do Réu, ............

No período compreendido entre ........./.... e ......../.../, Autora e Réu residiram num


apartamento alugado informalmente de um amigo da Autora, de nome ...........

A partir de ......./...., conforme se comprova pelo contrato de locação anexo, ( Doc. ...),
junto à Administradora de Bens .........., ambos passaram a residir no apartamento de
n.º ....., do Conjunto .........., Bloco ".....", situado na Rua ................., n.º ....., ..........., nesta
capital, até ......... do mesmo ano, embora a rescisão só tenha ocorrido em ...... de ..........
de ........., em conformidade com o Ajuste de Desocupação, Devolução e Rescisão de
Contrato de Imóvel, (Doc. ....), anexo, celebrado entre a Empresa do Réu e a
administradora. Veja-se nos anexos,os comprovantes de pagamento dos aluguéres,
efetuados pelo Requerido.

O convívio se encerrou em ......... de ......., quando o Réu passou a residir novamente com
a ex-esposa, deixando a Autora permanecer no apartamento de n.º ......., do Conj. ..........,
locado, novamente em nome de sua empresa, para uso exclusivo da Autora e filha,
demonstrado pelo Contrato de Locação anexo, (Doc. ...).

Neste endereço a Autora permaneceu por sua conta e risco, tendo a rescisão do contrato
sido feita por causa da inadimplência e abondono do imóvel pela mesma, mais ou menos
no final do ano de ....... Eram fiadoras deste contrato, a mãe e tia da Autora, as quais
ficaram responsáveis pelos seus débitos junto à Administadora do imóvel.

Frisa-se então, que o convívo marital de mais de .... anos alegado pela Autora, não passou
de uma experiência de .... ano e ..... meses.

DOS RENDIMENTOS AUFERIDOS PELA AUTORA

Em sua inicial, a autora alega que auferia salários, mas não apresentou prova disso.

Ocorre que a mesma era administradora do condomínio comercial ..........., empresa de


seu grupo familiar (mãe e irmãos), não tendo qualquer comprovante de seus rendimentos
que, à época do convívio, não ultrapassavam a quantia de R$ 15.873,67

Portanto, a Autora exercia atividade extra casa, mas seus rendimentos não lhe
permitiriam contribuir, como pretende fazer crer, na constituição do patrimônio alegado.

DOS BENS DO REQUERIDO

Da relação apresentada pela Autora, passamos a declinar dados concretos sobre os


mesmos e datas de sua aquisição e constituição.

a) ............., placas .............., retirado em .../.../..., na .........., conforme N.F n.º ......... -
Valor R$ ............ Tal veículo foi adquirido através do Consórcio ........., em .... vezes,
com carta de Crédito adquirida do Sr. .........., em ......../...., com ....... parcelas pagas.
Anexos, os documentos comprobatórios: Certificado de Registro e Licenciamento de
Veículo, Contrato de Alienação Fiduciária em Garantia, Termo de Cessão e Transferêcia
de Quotas, Prestações pagas pelo Requerido.

b) ....

c) EMPRESA COMERCIAL - ...........

A empresa citada pela Autora como sendo também seu patrimônio, foi constituída
em .../.../..., tendo sido registrada na Junta Comercial em .../.../..., sob n.º ..............
Anteriormente, o Réu possuía a Empresa de nome ..............., constituída na vigência de
seu casamento com ............... e registrada na Junta Comercial sob n.º ..................... com
alteração contratual registrada em .../.../..., sob n.º ..........., quando retirou-se da empresa.

Portanto, o bem que a Autora pretende dividir não lhe comporta uma parcela sequer, eis
que constituído posteriormente à separação de ambos e com recursos oriundos de uma
sociedade anterior, constituída juntamente com os esforços da ex-esposa.

d) ............. - Sobre esse bem o Requerido não possui nenhum dado, eis que nunca fez
parte de seu patrimônio, tendo sido usada em comodato temporário de um conhecido,
para disputas de "trilhas" na Serra .....
DOS BENS NÃO CITADOS PELA AUTORA

1) Guarda roupa casal - adquirido em .........../.... na Loja ............., pelo preço de


R$ ............ pagos com cheques de n.º ........, de R$ ........., e n.º .......... de .............., da
empresa ................. , pelo Requerido. Esse bem ficou na posse e propriedade da Autora.

2) Cavalo de raça ........... - adquirido do Sr. ..........., em .........../...., pelo valor de


R$ .............., pagos pelo Requerido com entrada de R$ ............... em moeda e dois
cheques de sua c/c particular junto ao ............., de n.º ......... e ......... o valor de
R$ ............. cada. Após a separação, o cavalo ficou exclusivamente com a Autora.

3) PULSEIRA DE OURO - adquirida em ......../..., na Joalheria ........., conforme N.F


n.º. ............. (Doc. ....), no valor de R$ ................, pago pelo Requerido com os cheques
de n.º ............... e .............. conta da ............., junto ao ........... Esse bem também ficou
exclusivamente com a Autora.

Pelo exposto e pelos documentos acostados, claro está que as alegações da Autora são
totalmente infundadas, não lhe cabendo direito algum sobre os bens ou qualquer tipo de
indenização.

Com os bens que ficaram em sua propriedade e posse, a Autora obteve indenização muito
além do que pretendia fazer jus.

DO DIREITO ALEGADO

A Autora fundamentou seu pedido, inicialmente, num direito reconhecido às concubinas


de um "de cujus".

Sob esse aspecto, nenhum direito lhe ampara.

Reconheceu que o pólo passivo está vivo. Ainda assim, nada há de lhe amparar as vãs
alegações contra a vasta documentação acostada pelo Requerido.

A vasta Doutrina e jurisprudência bem como os textos legais reproduzidos na inicial,


apenas vêm confirmar que reconhece-se o direito de meação às concubinas que
amelharam, DURANTE A VIDA EM COMUM, pelo ESFORÇO COMUM, bens que
representassem o patrimônio da relação concubinária.

Efetivamente esse não é o caso em tela.

Esqueceu-se a Autora, que em Lei mais recente, regulamentando o art. 226 da


Constituição Federal, o lapso temporal exigido para o reconhecimento dos direitos da
concubina é de cinco anos de vida em comum ou um ano, se existirem filhos comuns.

Como não se afigura nem o lapso temporal, nem a presença de prole comum, nem
tampouco bens adquiridos na constância da união, POR ESFORÇO COMUM,
TOTALMENTE IMPROCEDENTE O PEDIDO DA AUTORA.

Ainda, como confessado expressamente pela Requerente, o exercício de atividade laboral


fora do lar, descabe completamente o pedido de INDENIZAÇÃO POR SERVIÇOS
DOMÉSTICOS, eis que esses jamais foram a sua atividade, dentro do curtíssimo lapso de
tempo em que dormiu sob o mesmo teto com o Réu.

Quanto à alegação de sua contribuição à formação do patrimônio do Réu, saliente-se que


em momento algum a Autora declinou qual sua atividade e quais seus rendimentos.
Porém, cabe frisar que a Autora tem um filha de seu casamento com terceira pessoa, e
que com ela gastava o que recebia, pouco ou nada contribuindo, mensalmente, para a
manutenção do lar comum.

DA LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ

A Autora, com seu pedido descabido e infundado, afrontou os disposto no art. 17, incisos
I, II, II e V, deduzindo pretensão contra o disposto em Lei regulamentadora do
Concubinato; alterou a verdade de todos os fatos, como fez prova documental o Réu;
tentou usar do processo para enriquecer ilicitamente, tentando partilhar o que não lhe é
direito e, finalmente, procedeu de modo temerário, a ponto de acionar o judiciário contra
um "de cujus" inexistente e posteriormente, sabendo do injusto, emendar a inicial
permanecendo em erro.

Por sua conduta, dolosa, ou no mínimo culposa, requer-se sua condenação nas penas do
art. 16 do CPC.

DOS REQUERIMENTOS

Pelo Joeirado, requer seja de chofre recebido o presente feito, determinando-se:

a) acatar a preliminar de inépcia da inicial, pelos fundamentos e provas trazidas à luz,


com a defesa, extinguindo o processo sem julgamento de mérito;

b) acatar integralmente a presente DEFESA, julgando-se totalmente improcedente a ação


proposta pela Autora;

c) condenar a Requerente em custas e honorários de advogado, bem como litigância de


má-fé, eis que inclui-se perfeitamente nos incisos I,II,III e V do art. 17 do CPC, como
fundamentado acima;

Requer-se ainda, a produção de provas, todas, em direito admitidas, em audiência a ser


determinada pelo MM.Juízo, especialmente depoimento pessoal da Autora, testemunhas e
juntada de documentos que não vieram com a defesa por não obtidos em tempo ou
porque novos à lide.

Por precaução, requer-se a oportunidade de apresentar em juízo, posteriormente, cópia


autenticada dos documentos juntados em cópias de fax.

Aguarda merecer deferimento.

VINÍCIUS MENDONÇA DE BRITTO


OAB/MS 11.249

FLÁVIO MENDONÇA DE BRITTO


OAB/MS 6.208_

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