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Pedro bye bye, onanista

De pouca fala, olhar recolhido. Magro como um caniço.


- Lá vai esse menino de novo para o banheiro! Não é possível!!!
Barulho de descarga, cesto de lixo vazio. Pedro vai dormir, enfim.
Cresceu assim, no seu vício solitário, sua quiromania. Um dia o viram no banheiro da
escola, daí o inferno começou de vez. Apelidos diversos: mãozinha, pipeiro, bate-bolo,
punheteiro. Com os apelidos, as falsas histórias: dizem que desmaia de fraco na rua!
Diz que passa gonorreia pela mão! De agora em diante, nada de apertos, só tchauzinho
a distância. Virou Pedro Bye Bye.
Fez voto para deixar a bronha. Os pais mandaram engessar sua destra. Pedro aprendeu
com a esquerda. Não tinha jeito. Por fim, o pai começou a achar que também não
tinha problema.
-Uma hora arranja mulher!
Teve seus amores, mas nunca dormiu uma noite inteira com ninguém.
Pesadelo recorrente: quase sempre sonhava que o pau quebrava bem no talo, no meio
da transa, como uma bica que recebesse uma bolada. Começava a gritaria da parceira,
e ele, vazando água, tentando, sem sucesso, conter com as mãos o esguicho furioso.
Acordava todo mijado.
Decidiu que não dava mais, e entrou no consultório do analista.
- Doutor, eu sou viciado em masturbação desde a infância. Sempre sonho que estou
sendo castrado durante o sexo. Minha mãe me reprimir na infância. Lembro dela
queimando minhas mãos com cigarro. Nunca deixei de tocar, e ainda aprendi a fumar.
Mas já parei. De fumar, quero dizer.
- Com que frequência você se toca?
-Todo dia. O senhor pode me ajudar?
- Como é?!
- Por favor, não me interprete mal. Sinto que estou afundando. Preciso que alguém me
estenda a mão!
Começou a rir, não se conteve.
- Desculpe, foi uma metáfora infeliz. Dar a mão! Cada coisa que passa pela cabeça,
não é?!
Pedro ria ainda mais, enquanto o analista, desconcertado, mantinha a seriedade
profissional.
- Acho que podemos continuar na próxima quinta.
Pedro deu tchau com as mãos.
Essa noite ele não sonhou.

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