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Outono, que foram fortes, sucedeu o temido. Houve numerosas infiltrações, com danos no
edifício de Guilherme. Quid juris?
António guiava sob o efeito do álcool, de modo que se despistou, entrando pela
montra de Luís adentro e destruindo-a. No dia seguinte, porém, um ataque terrorista fez ruir
todo o edifício em que se situava a loja de Luís. Quid juris?
PM – DO – 2006/07
Por falta grave da vigilância exigível, uma fábrica emite flúor durante vários meses
em quantidade muito superior ao máximo legalmente permitido. Num viveiro de árvores das
cercanias, o crescimento das plantas foi inferior ao esperável, com danos quantificados para
o seu proprietário. Sucessivas equipas de peritos, escolhidas por acordo dos interessados, não
chegaram a quaisquer conclusões sobre a relação, ou falta dela, entre a emissão de gás e o
menor desenvolvimento das árvores. Os donos do viveiro e da fábrica, discutindo uma
eventual indemnização, concordam que «a verdadeira causa» dos danos não pode ser
determinada sem margem para dúvidas. Quid juris?
A EDP instala postes de alta tensão numa zona de floresta de pinheiros. Os postes
têm 10 metros de altura. Um decreto-lei sobre esta matéria estatui que os postes devem ter,
em zona de floresta, 20 metros e, em zona sem árvores, 10 metros. Uma criança inimputável
sobe a um poste na zona de floresta e morre electrocutada. Prova-se que, se o poste tivesse
20 metros, como a lei manda, a criança não conseguiria subir a ponto de morrer
electrocutada. Quid juris?
PM – DO – 2006/07
Joaquim atropela por negligência Luísa, de oito anos de idade, que seguia pela rua
acompanhada da mãe. Luísa sofreu vários traumatismos, de modo que passou largo tempo
hospitalizada e em grande sofrimento. A mãe de Luísa ficou em estado de choque e, tendo
recuperado ao fim de alguns dias, passou a acompanhar todo o processo de cura da filha,
com grande prejuízo da sua vida profissional — a mãe de Luísa era advogada. O pai de Luísa
sofreu também imenso com o sucedido e pagou as intervenções dos melhores médicos com
vista a conseguir a recuperação da filha. Depois da saída do hospital, o pai custeou ainda
complicados processos de reabilitação psico-motora da filha, sempre perante as instituições
mais famosas (e caras). Além dos pais, também a empregada doméstica destes sofreu
significativamente com o acidente de Luísa, porque a acompanhava desde bebé e dela muito
gostava. A empregada chegou a ter de receber acompanhamento psiquiátrico. Quais os danos
indemnizáveis por Joaquim (e pela sua seguradora)?
Elisa manobrava uma retroescavadora quando, por falta de atenção ao mapa das
instalações da zona, cortou um importante cabo eléctrico. A energia só regressou passados
alguns dias, o que causou sérios danos à sociedade Indústrias Fulano & Beltrano, Lda.: uma
máquina avariou, tendo de ser reparada (€ 4.300) e causando perturbações na produção
(perda de encomendas com o valor líquido de € 9.000). Uma outra máquina não avariou, mas
o corte de energia impediu-a também de funcionar (perdas líquidas de € 10.000). Quid juris?
Uma empresa de consultoria, a CCC, fez uma avaliação errada do valor da sociedade
comercial JJJ, L.da, cujos sócios estavam a pensar vendê-la. A CCC agiu nos termos de um
contrato com a JJJ. António veio a comprar as quotas da JJJ, mas percebe agora que fez um
péssimo negócio. Poderá pedir responsabilidades à CCC?
Gilberto é veterinário e dono de algum gado. O seu vizinho Hélio, também criador,
teve os seus animais infectados com carbúnculo, mas não tomou as medidas necessárias para
impedir a propagação da doença, nem sequer avisou Gilberto, de modo que vários animais
do vizinho foram afectados. Gilberto administrou-lhes o tratamento adequado segundo os
cânones da medicina veterinária, mas, porque se tratava de uma estirpe rara e não
identificada da bactéria, esse tratamento veio a agravar a doença. Gilberto perdeu assim 50%
do gado infectado, quando as mortes não costumam exceder 30%, se for aplicado o
tratamento devido. Quid juris?
PM – DO – 2006/07
Ivone passeava pela obra de Joaquim, com o consentimento deste. Sem sua
autorização, porém, aventurou-se por uma zona onde viria a sofrer com a queda de um
andaime, que fora deficientemente armado por Joaquim. Quid juris?
A Padaria X contratou António para distribuir o seu pão, todos os dias de madrugada.
A distribuição era feita no carro de António, que não era empregado da Padaria. Certo dia,
António não podia fazer o serviço, tendo pedido a seu irmão, Bento, que o substituísse.
Assim aconteceu. Bento, porém, conduzindo com pouco cuidado, veio a ter um acidente.
Quid juris?
Isabel e Joana são vizinhas. Isabel é dona do Bobi, um cãozinho; Joana, do Cérbero,
um canzarrão. Os bichos costumavam brincar e lutar nas cercanias — enfim, o Bobi tentava
sobretudo fugir... — sem nunca terem feito mal a ninguém.
Ali perto passa a A-13. Nos termos da lei, as «auto-estradas devem ser vedadas, em
toda a sua extensão, de modo a impedir a entrada de animais ou pessoas», e as
concessionárias devem assegurar constantemente o bom estado de conservação das
vedações.
Kramer é dono de um terreno vizinho dos de Isabel e Joana e contíguo à A-13, ao
longo de 1 km. Kramer não costuma encontrar-se nesse terreno. Mesmo junto à vedação da
auto-estrada, havia um enorme e velho eucalipto que, desde o último temporal, ameaçava
claramente cair. Kramer ordenou a Manuel, seu empregado, que abatesse a árvore, mas este,
por preguiça, andava a adiar o trabalho, dizendo ao patrão que já o fizera. Pois o eucalipto
veio a cair por si, deitando abaixo a vedação naquele sítio. A Lisa, S.A., concessionária da
A-13, exigiu a Kramer que consertasse a rede. Perante a sua recusa, aquela propôs uma acção
em tribunal pedindo que Kramer fosse condenado à reparação. Entretanto, o buraco mantém-
se, com conhecimento de todos.
Em mais uma sessão de «morde e foge», o Cérbero perseguiu o Bobi através do
buraco aberto. O Cérbero não chegou à faixa de rodagem, mas o Bobi entrou por ali a correr.
Nélia conduzia a cerca de 135 km/h quando o Bobi se lhe atravessou à frente. Nélia
atropelou-o antes de o ver, perdeu o controlo do carro, bateu no carro de Patrícia, que ia a
uma velocidade semelhante, e capotou. O carro de Nélia saiu dali para o ferro-velho. O carro
de Patrícia ficou ligeiramente danificado. Patrícia seguia sem cinto de segurança, foi cuspida
do automóvel através do pára-brisas e morreu ao bater com a cabeça numa pedra. Não há
qualquer indício de que os danos fossem menores se Nélia ou Patrícia seguissem a 120 km/h.
Onofre, médico, parou o carro na berma para socorrer Nélia. Tirou-a do carro, que se
incendiou pouco depois, e telefonou para o 112. Nesse momento, porém, Onofre lembrou-se
de que estava quase na hora do SPORTEM / Real Madrid, pelo que continuou viagem em
busca de uma televisão, deixando Nélia sozinha à espera da ambulância.
Nélia sofreu lesões muito graves, cujos resultados finais ainda estão por determinar.
Patrícia não tinha parentes nem cônjuge, mas vivia com uma amiga, Quitéria, a quem
deixou todos os seus bens por testamento.
PM – DO – 2006/07