Você está na página 1de 2

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL

Faculdade de Matemática - Departamento de Matemática


Matemática Discreta

Tópico 9 – Indução Matemática


Consulta indicada: MENEZES, P. B.: Matemática discreta para computação e informática. Porto Alegre: Instituto de Informática da
UFRGS: Editora Sagra Luzzato, 2004. (Série Livros Didáticos – nº16).

PRINCÍPIO DA INDUÇÃO MATEMÁTICA OU PRINCÍPIO DA INDUÇÃO FINITA


O Princípio da Indução Matemática (ou da Indução Finita) parte do conceito lógico de recursão para,
com um esforço finito, verificar a validade de uma função proposicional para um conjunto infinito de números
naturais.
Assim, o Princípio da Indução Matemática parte dos seguintes elementos:

• uma função proposicional;

• um subconjunto S dos números naturais.

Definição

Seja p(n), n ∈ IN uma função proposicional. O Princípio da Indução Matemática é da seguinte


maneira:

1) Base de Indução (BI): existe um certo elemento n0 natural tal que a proposição p(n0) é verdadeira
(n ≥ n0).

2) Passo de Indução (PI): se a proposição p(k) é verdadeira para um certo k natural e desconhecido,
então é garantido que também a proposição p(k+1) seja verdadeira. Divide-se o PI em duas partes:
2.1) Hipótese de Indução: a proposição p(k) é verdadeira para um certo k natural e desconhecido.
2.2) Tese de Indução: a proposição p(k+1) é verdadeira.

3) Conclusão: a função proposicional p(n) será verdadeira para todos os valores de n ≥ n0.

Prova Indutiva ou Prova por Indução


A Prova Indutiva (ou Prova por Indução) é uma técnica de demonstração baseada no Princípio da
Indução Matemática. Assim, em uma demonstração por indução, devemos demonstrar a base de indução,
ou seja, que p(n0) é verdadeira; e, tendo fixado um k, supor a hipótese de indução p(k) e chegar na tese de
indução p(k + 1), demonstrando o passo de indução, ou seja, que p(k) →p(k+1) é uma implicação. Com
base nos resultados da Base e do Passo de Indução, fazemos a conclusão, que consiste em terminar o
raciocínio da prova.
A prova por indução é estruturada de forma semelhante à de um programa de computador descrito
na forma procedural. Tanto a BI como o PI possuem início e término bem claros.

Prova por Indução


Base de Indução
Conclusão da BI
Passo de Indução
Conclusão do PI
Conclusão da Prova
Exemplos

1) Mostra, por indução, que (∀n ∈IN) (n ≥ 0).


Solução
BI: Seja n ∈IN tal que n = 0.
0≥0⇔V
Então, vale a BI.

PI: Seja n ∈IN.


Hipótese de indução: n ≥ 0.
Queremos mostrar que n ≥ 0 → (n + 1) ≥ 0.
Já que n + 1 > n e, por hipótese, n ≥ 0, temos que (n + 1) ≥ 0.
Então, n ≥ 0 ⇒ (n + 1) ≥ 0.
Logo, vale o PI.

Assim, pela BI e pelo PI, (∀n ∈IN) (n ≥ 0) é verdadeira.

⎛n

( ⎞
2) Prova, por indução, que ∀n ∈ IN* ⎜ ∑ (2i − 1) = n 2 ⎟ .

)
⎝ i =1 ⎠
Solução
BI: Seja n ∈IN*, n = 1.
n 1
i) ∑ (2i − 1) = ∑ (2i − 1) = 2.1 − 1 = 2 − 1 = 1
i =1 i =1

ii) n 2 = 12 = 1
Então, de (i) e (ii), vale a BI.

PI: Seja n ∈IN*.


n
Hipótese de indução: ∑ (2i − 1) = n 2
i =1

n n +1
Queremos mostrar que ∑ (2i − 1) = n 2 → ∑ (2i − 1) = (n + 1)2 .
i =1 i =1

n +1 ⎡n ⎤
Como ∑ (2i − 1) = ⎢∑ (2i − 1)⎥ + 2(n + 1) − 1 = n 2 + 2(n + 1) − 1 = n 2 + 2n + 2 − 1 = n 2 + 2n + 1 = (n + 1)2
i =1 ⎢⎣i =1 ⎥⎦
n n +1
Então, ∑ (2i − 1) = n 2 ⇒ ∑ (2i − 1) = (n + 1)2 .
i =1 i =1

Logo, vale o PI.

⎛n

( ⎞
Assim, pela BI e pelo PI, ∀n ∈ IN* ⎜ ∑ (2i − 1) = n 2 ⎟ .

)
⎝ i =1 ⎠
2

Você também pode gostar