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M A NUA L DE PROTEÇ ÃO E DEFESA CI V IL:

A POLÍTICA NACIONAL DE
PROTEÇÃO
E DEFESA CIVIL
MANUAL DE PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL:
A POLÍTICA NACIONAL
DE PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL

Brasília, 2017
Ministro da Integração Nacional
FICHA TÉCNICA
Antônio de Pádua
Título:
Secretário Nacional de Proteção e Defesa Civil A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil
Renato Newton Ramlow
Autor:
Diretora do Departamento de Prevenção e Preparação (DPP) Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil – SEDEC
Adelaide Maria Pereira Nacif

Coordenação e Supervisão Técnica


Adelaide Maria Pereira Nacif
Lamartine Vieira Braga
Maria Cristina Dantas

Elaboração do Projeto
Maria Cristina Dantas

Equipe de Revisão Técnica


Adelaide Maria Pereira Nacif
Cristhian Andres Aguiar Reyes Moreira
Lamartine Vieira Braga
Maria Cristina Dantas

Projeto de Cooperação Técnica BRA/IICA/13/001 – Projeto de Desenvolvimento do


Setor de Água – lnteráguas
Banco Mundial
IICA/Brasil
Consórcio GITEC BRASIL, GITEC GmbH & CODEX REMOTE ENGENHARIA LTDA.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) © 2017. Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil – SEDEC/Ministério da Integração Na-
cional. Todos os direitos autorais de propriedade pertencerão a Secretaria Nacional de Proteção
e Defesa Civil (SEDEC/MI), definitivamente, por tempo indeterminado, em âmbito nacional e
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internacional, para a utilização plena em qualquer modalidade, incluindo edição, reprodução,
partamento de Prevenção e Preparação.
Entendendo a política nacional de proteção e defesa civil no Brasil / Ministério da Inte- divulgação, publicação, exportação, modificação, atualização, entre outros, nos termos dos art.
gração Nacional, Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil, Departamento de Prevenção e 49 a 52 da Lei n° 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. A responsabilidade pelo conteúdo e ima-
Preparação. - Brasília : Ministério da Integração Nacional, 2017. gens desta obra é do(s) respectivo(s) autor(es). A citação desta obra em trabalhos acadêmicos
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expressa ou com intuito de lucro constitui crime contra a propriedade intelectual, com sanções
ISBN (978-85-68813-04-1)
previstas no Código Penal, art. 184, Parágrafos 1º ao 3º, sem prejuízo das sanções cíveis cabí-
1. Proteção e Defesa Civil. 2. Política Nacional de Proteção e Defesa Civil. 3. Políticas veis à espécie.
públicas. 4. Legislação. 5. Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil. I. Título. II. Série.
CDU: CDU 351.862(81)
SUMÁRIO
Apresentação....................................................................................................................................... 17

1. A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil – PNPDEC................................................................ 23

1.1. Fundamentos e Natureza da Política Nacional de Proteção e Defesa Civil..................................................................... 23

1.2. Evolução da Política Nacional de Proteção e Defesa Civil............................................................................................... 27

1.3. As Conferências Nacionais e as Agendas Internacionais................................................................................................ 29

1.3.1. As Conferências Nacionais........................................................................................................................................................... 29

1.3.2. As Agendas Internacionais de Redução de Riscos de Desastres............................................................................................... 31

1.4. Princípios, Diretrizes, Objetivos e Instrumentos da Política Nacional de Proteção e Defesa Civil................................. 39

1.4.1. Princípios a serem considerados pela Política Nacional de Proteção e Defesa Civil............................................................... 39

1.4.2. Diretrizes da Política Nacional de Proteção e Defesa Civil........................................................................................................ 42

1.4.3. Objetivos da Política Nacional de Proteção e Defesa Civil........................................................................................................ 45

1.5. Competências da União, Estados e Municípios.............................................................................................................. 47

1.5.1. Competência da União.................................................................................................................................................................. 47

1.5.2. Competências Comuns................................................................................................................................................................. 48

1.6. Instrumentos da Política Nacional de Proteção e Defesa Civil....................................................................................... 49

1.6.1. Instrumentos de Planejamento e Gestão.................................................................................................................................... 51

1.6.2. Instrumentos de Implementação................................................................................................................................................ 58

1.6.3. Instrumentos Financeiros............................................................................................................................................................ 59

1.7. A Situação de Emergência e o Estado de Calamidade Pública......................................................................................... 63

1.7.1. Os Efeitos da Declaração de Situação de Emergência ou de Estado de Calamidade Pública................................................. 65

1.7.2. Medidas Decorrentes da Situação de Emergência ou do Estado de Calamidade Pública...................................................... 66


2. A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil e as Demais Políticas Públicas.................................. 71

2.1. Desenvolvimento Regional............................................................................................................................................ 71

2.2. Política Ambiental.......................................................................................................................................................... 72

2.3. Política Nacional de Mudanças do Clima............................................................................................................................................... 73

2.4. Política Nacional de Recursos Hídricos................................................................................................................................................... 74

2.5. Política Nacional de Segurança de Barragens......................................................................................................................................... 75

2.6. Ordenamento Territorial.......................................................................................................................................................................... 76

2.7. Política Urbana.......................................................................................................................................................................................... 77

2.8. Política de Habitação de Interesse Social................................................................................................................................................ 78

2.9. Política Nacional de Saneamento Básico................................................................................................................................................ 79

2.10. Política Nacional de Resíduos Sólidos.................................................................................................................................................. 80

2.11. Política Nacional de Saúde..................................................................................................................................................................... 80

2.12. Política Nacional de Educação............................................................................................................................................................... 82

2.13. Política Nacional de Assistência Social................................................................................................................................................. 82

2.14. Ciência e Tecnologia............................................................................................................................................................................... 83

2.15. Geologia................................................................................................................................................................................................... 83

3. A Política de Proteção e Defesa Civil nos Estados............................................................................. 89

3.1. Competências dos Estados............................................................................................................................................. 89

3.1.1. Plano Estadual de Proteção e Defesa Civil.................................................................................................................................. 92

3.1.2. Identificação e Monitoramento das Áreas de Risco................................................................................................................... 93

3.1.3. Apoio aos Municípios e à União................................................................................................................................................... 93

3.2. Regionalização da Política de Proteção e Defesa Civil.................................................................................................... 93


4. A Política de Proteção e Defesa Civil nos Municípios....................................................................... 99

4.1. Competência dos Municípios na Gestão de Riscos de Desastres.................................................................................... 99

4.1.1. Execução da Política no Âmbito Local.......................................................................................................................................101

4.1.2. Inserção das Questões de Redução de Riscos de Desastres no Planejamento Municipal....................................................102

4.1.3. Gerenciamento das Áreas de Risco............................................................................................................................................104

4.1.4. Adoção de Medidas de Preparação para os Desastres..............................................................................................................105

4.1.5. Atuação em Situações de Desastre............................................................................................................................................105

4.2. Gestão dos Riscos de Desastres em Municípios Incluídos no Cadastro Nacional............................................................................106

4.2.1. Exigências para os Municípios Integrantes do Cadastro Nacional.........................................................................................106

4.2.2. Conteúdo do Plano Diretor........................................................................................................................................................108

4.2.3. Articulação Intermunicipal para a Gestão de Riscos de Desastres.........................................................................................109

5. O Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil – SINPDEC............................................................ 113

5.1. Princípios e Objetivos do Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil...........................................................................................114

5.2. Os Integrantes do Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil........................................................................................................116

6. O SINPDEC nos Estados e nos Municípios..................................................................................... 127

6.1. SINPDEC nos Estados............................................................................................................................................................................127

6.2. O SINPDEC nos Municípios..................................................................................................................................................................129

7. Os Agentes de Proteção e Defesa Civil........................................................................................... 137

Legislação e Referências Bibliográficas.............................................................................................. 140

Legislação.......................................................................................................................................... 141

Referências Bibliográficas.................................................................................................................. 145


LISTA DE FIGURAS
Figura 1- Ciclo da gestão de riscos de desastres................................................................................... 43

Figura 2. Esferas de planejamento sobre o mesmo território municipal.............................................. 51

Figura 3. Organograma da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil - SEDEC.......................... 119


LISTA DE QUADROS
Quadro 1. Evolução da agenda internacional relativa á redução dos riscos de desastres................... 33
Quadro 2. Objetivos da Política Nacional de Proteção e Defesa Civil
Segundo os Componentes da Gestão de Risco de Desastres.............................................................. 46
Quadro 3. Instrumentos da Política Nacional de Proteção e Defesa Civil.......................................... 50
Quadro 4 Objetivos do Programa 2040 dos PPAs 2012-2015 e 2016-2019...................................... 55
Quadro 5. Relação Entre Instrumentos da PNMA (Lei nº 6.938/1981)
e a Gestão de Riscos de Desastres..................................................................................................... 72
LISTA DE SIGLAS
ANA – Agência Nacional de Águas
ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária
CEMADEN – Centro de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais
CNAS – Conselho Nacional de Assistência Social
CNRH – Conselho Nacional de Recursos Hídricos
CEPDEC – Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil
CIEVS – Centro de Informações Estratégicas em Vigilância de Saúde
CONPDEC – Conselho Nacional de Proteção e Defesa Civil
CORPDEC – Coordenadoria Regional de Proteção e Defesa Civil
CPDC – Cartão de Pagamento da Defesa Civil
CEPED – centro de Estudos e Pesquisas sobre Desastres
CPRM – Companhia de Pesquisas e Recursos Naturais
CEPRODEC – Conselho Estadual de Proteção e Defesa Civil
CPTEC – Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos
CBM – Corpo de Bombeiros Militar
DIRDN – Década Internacional para a Redução de Desastres Naturais
EIRD – Estratégia Internacional para a Redução de Desastres
ESP – Evento de Saúde Pública
FUNCAP – Fundo Especial para Calamidades Públicas
GEACAP – Grupo Especial para Assuntos de Calamidade Pública
GM/MI – Gabinete do Ministro / Ministério da Integração Nacional
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
IPCC – Painel Internacional de Mudanças de Clima (em inglês)
MME – Ministério de Minas e Energia
PAE – Plano de Ações de Emergência
PMRR – Plano Municipal de Redução de Riscos
PNDR – Política Nacional de Desenvolvimento Regional
PNMA – Política Nacional de Meio Ambiente
PNPDEC – Política Nacional de Proteção e Defesa Civil
PSB – Plano de Segurança de Barragens
RDC – Regime Diferenciado de Contratações
RRD – Redução dos Riscos de Desastres
SDR – Secretaria de Desenvolvimento Regional
SINDEC – Sistema Nacional de Defesa Civil
SINPDEC – Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil
SNISB – Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens
SUAS – Sistema Único de Assistência Social
SUDAM – Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia
SUS – Sistema Único de Saúde
ZEE – Zoneamento Ecológico Econômico
APRESENTAÇÃO
Os Manuais de Proteção e Defesa Civil, ora apresentados, são um referencial técnico, doutrinário-
-legal e de gestão para todo o Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil, englobando seus respec-
tivos conceitos, marco legal e atividades relacionadas ao tema, de forma a apoiar a implementação
da Política Nacional de Proteção e Defesa Civil, fornecendo subsídios para o estudo do campo, para
a gestão das atividades a ela relacionadas e para a formação e a capacitação continuada dos agentes
de proteção e defesa civil, além de prover informações para a sociedade como um todo.

Elaborados por iniciativa da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil – SEDEC, do Ministé-
rio da Integração Nacional, no cumprimento de seu papel institucional de órgão central do Siste-
ma Nacional de Proteção e Defesa Civil- SINPDEC, pretendem contribuir para o aperfeiçoamento
das ações interfederativas de proteção e defesa civil, apoiando os técnicos e os gestores em suas
tarefas diárias de promoção da segurança e do bem-estar da população.

O conjunto de Manuais dá sequência ao processo de aperfeiçoamento da política nacional e da


doutrina de proteção e defesa civil, iniciado em 1995, com a publicação, entre outros, dos Manuais
de Planejamento em Defesa Civil, do Manual de Desastres – Volume I, do Manual de Desastres
Naturais e dos Manuais de Desastres Humanos de Natureza Tecnológica, de Natureza Social e
de Natureza Biológica, e de Desastres Mistos, além da Apostila sobre Implantação e Operacio-
nalização de Coordenadorias Municipais de Defesa Civil- COMDECs, fruto da resposta brasileira
ao Decênio Internacional para Redução de Desastres Naturais, instituído pela Organização das
Nações Unidas.

Com a aprovação da Lei Federal nº 12.608, em 2012, que dispõe sobre a Política e o Sistema Na-
cional de Proteção e Defesa Civil, fez-se necessário editar novo conjunto de Manuais, abrangendo
tanto a perspectiva técnica e a doutrinário-legal, como da gestão da Política Nacional de Proteção e
Defesa Civil. Este conjunto de Manuais foi concebido à luz do mais recente paradigma em relação
aos conceitos e orientações consolidados no âmbito internacional, observadas as características
da realidade brasileira sobre o tema, com abordagem de caráter mais preventivo do que reativo,
ancorada na gestão dos riscos de desastres.
Os Manuais de Proteção e Defesa Civil compreendem cinco volumes, sendo três volumes de
referência, um Guia e um Glossário, a saber:

• A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil no Brasil

• Riscos de Desastres no Brasil

• Gestão de Riscos de Desastres no Brasil

• Guia para Atores Locais

• Glossário de Proteção e Defesa Civil no Brasil

Os Manuais tratam, de forma articulada, de distintos aspectos da Política Nacional de Prote-


ção e Defesa Civil, como os temas ligados ao arcabouço jurídico e doutrinário da proteção e
defesa civil e das respectivas instituições por ela responsáveis (A Política Nacional de Pro-
teção e Defesa Civil no Brasil); ao conhecimento das ameaças e das vulnerabilidades que
caracterizam os riscos de desastre (Riscos de Desastres no Brasil); e aos procedimentos de
gestão desses riscos, relativos aos vários componentes: conhecimento, prevenção, mitigação,
preparação, resposta e recuperação (Gestão de Riscos de Desastres no Brasil).

O Guia para Atores Locais aborda os temas essenciais, no âmbito municipal, numa abor-
dagem prática e simplificada, de forma a orientar os gestores sobre as medidas necessárias à
implantação dos órgãos municipais, sobretudo na fase inicial de consolidação das medidas de
proteção e defesa civil no município.

Por fim, o Glossário de Termos Afins de Proteção e Defesa Civil no Brasil reúne os concei-
tos utilizados na área de proteção e defesa civil, agrupando-os didaticamente, a fim de emba-
sar suas respectivas ações, bem como promover a equalização do entendimento das referidas
definições.

O Ministério de Integração Nacional, através da SEDEC, objetiva, com estas publicações, con-
tribuir para o aperfeiçoamento das ações de proteção e defesa civil, apoiando os gestores em
suas tarefas diárias de promover a segurança e o bem-estar da população brasileira.
MANUAIS DE PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL

RISCOS DE
DESASTRES
NO BRASIL
A POLÍTICA
NACIONAL DE
PROTEÇÃO E
DEFESA CIVIL
GUIA PARA
NO BRASIL
ATORES LOCAIS

GESTÃO DE
RISCO DE
DESASTRES
NO BRASIL

GLOSSÁRIO DE PROTEÇÃO
E DEFESA CIVIL

Fonte: SEDEC/MI

O Manual Entendendo a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil no Brasil apresenta o


marco normativo e institucional das atividades de proteção e defesa civil, com base na Lei
Federal nº 12.608, de 2012, e legislação correlata.

Boa leitura!
20

Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


PNPDEC
21

A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


1
A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil – PNPDEC

A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil 1.1 Fundamentos e Natureza Para efetivar os direitos assegurados pela
– PNPDEC compreende os objetivos e diretri- Constituição, cabe à União estabelecer a po-
da Política Nacional de
zes a serem adotados para a redução dos riscos lítica nacional de proteção e defesa civil, a ser
de desastres, de forma a garantir a segurança e Proteção e Defesa Civil observada por todas as instâncias governa-
o bem-estar da população e a promover o de- mentais, bem como exercer, privativamente,
A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil
senvolvimento sustentável do País. a competência de legislar sobre defesa civil
encontra seus fundamentos na Constituição
(artigo 22 da Constituição Federal).
A Política e o Sistema Nacional de Proteção Federal, que garante a todos a inviolabilidade
e Defesa Civil, bem como o sistema de infor- do direito à vida, à liberdade, à igualdade, Trata-se de uma política pública, ou seja, o
mações e monitoramento de desastres, foram à segurança e à propriedade, nos termos do conjunto de princípios, objetivos, diretrizes e
instituídos pela Lei Federal nº 12.608, de 10 artigo 5º. O direito à segurança inclui a pre- estratégias orientadores da atuação do Poder
de abril de 2012, à qual se soma a legislação Público e de suas relações com a sociedade,
servação da ordem pública e da incolumidade
relativa aos recursos destinados à proteção visando a garantir a proteção e segurança
das pessoas e do patrimônio.
e defesa civil e a temas correlatos, que serão da sociedade frente aos riscos de desastres.
abordados ao longo deste Manual. Ao tratar da segurança pública, a Constituição É implementada por meio de planos, progra-

Federal faz menção aos Corpos de Bombei- mas e projetos, com a necessária destinação

ros Militares, atribuindo-lhes a execução das de recursos orçamentários ou de outras fon-


tes de financiamento.
atividades de defesa civil (artigo 144 § 5º).
Assim sendo, os fundamentos dessa política É, por natureza, uma política complexa, mul-
podem ser encontrados no âmbito da segu- tidisciplinar, ou seja, demanda a atuação de
rança pública, do direito à vida, do bem-estar órgãos e entidades responsáveis por distintos
da população e do desenvolvimento nacional. temas. Envolve diversas facetas, no que diz

23

A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


respeito à natureza dos desastres, à sua impre- para reduzir ou evitar as consequências do de Proteção e Defesa Civil. Esse é o sentido da
visibilidade e diversidade, aos órgãos e entida- risco de desastre. instituição do Sistema Nacional de Proteção e
des envolvidos, aos meios necessários para sua Defesa Civil, do qual fazem parte a União, Es-
As ações de preparação são as medidas de- tados, Distrito Federal e Municípios, as insti-
efetiva gestão e à necessidade da conscientiza-
senvolvidas para otimizar as ações de respos- tuições que tratam de políticas setoriais, em
ção e envolvimento da sociedade.
ta e minimizar os danos e as perdas decorren- todas as instâncias governamentais, e demais
A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil tes do desastre. atores relevantes.
compreende as ações de prevenção, mitiga-
As ações de resposta dizem respeito às me- Em suma, a Política Nacional de Proteção e
ção, preparação, resposta e recuperação, de
didas emergenciais, realizadas durante ou Defesa Civil tem como principal caracterís-
forma articulada com as demais políticas pú-
após o desastre, que visam ao socorro e à as- tica ser de natureza sistêmica, demandando
blicas (artigo 3º da Lei nº 12.608/12).
sistência à população atingida e ao retorno a atuação integrada e articulada de todos
As definições de prevenção, mitigação, dos serviços essenciais. os atores responsáveis, para que se obtenha
preparação, resposta e recuperação, bem uma efetiva gestão dos riscos de desastres, já
As ações de recuperação são as medidas
como de proteção e defesa civil, constam que o principal objetivo da Política Nacional é
desenvolvidas após o desastre para retornar
da Instrução Normativa nº 021, do Minis- o de reduzir os referidos riscos e suas conse-
à situação de normalidade, que abrangem a
tério da Integração, editada em 20 de de- quências.
reconstrução de infraestrutura danificada ou
zembro de 2016, em seu Anexo VI.
destruída, e a reabilitação do meio ambiente
Proteção e defesa civil é o conjunto de ações e da economia, visando ao bem-estar social.

de prevenção, mitigação, preparação, respos-


Partindo do pressuposto de que são neces-
ta e recuperação destinadas a evitar desastres
sárias ações preventivas e mitigadoras (ava-
e minimizar seus impactos sobre a população
liação dos riscos de desastres, diminuição da
e a promover o retorno à normalidade social,
vulnerabilidade e aumento da resiliência),
econômica ou ambiental.
ações de preparação para emergências e de-

São ações de prevenção as medidas e ativi- sastres, de resposta (socorro, assistência às

dades prioritárias destinadas a evitar a insta- populações vitimadas e restabelecimento dos

lação de riscos de desastres. serviços essenciais), assim como de recupera-


ção, conclui-se que será necessária a partici-
As ações de mitigação compreendem as me- pação de uma pluralidade de órgãos e insti-
didas e atividades imediatamente adotadas tuições para a execução da Política Nacional
1
Texto integral da Instrução Normativa n° 02: http:// www. mi. gov. br/ web/ guest/ defesacivil/ legislacoes

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Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


• Consagra-se a abordagem da gestão dos
CONCEITOS BÁSICOS – Instrução Normativa do Ministério da Integração Nacional nº
02/16 – Anexo VI riscos de desastres que compreende
dois importantes aspectos:
Desastre: resultado de eventos adversos, naturais, tecnológicos ou de origem antrópica, sobre
um cenário vulnerável exposto a ameaça, causando danos humanos, materiais ou ambientais e
• Gestão dos riscos, que diz respeito às me-
consequentes prejuízos econômicos e sociais (item VII)
didas preventivas destinadas à redução
Evento adverso: desastre natural, tecnológico ou de origem antrópica ( item XXI)
dos riscos de desastres, suas consequên-
Vulnerabilidade: exposição socioeconômica ou ambiental de um cenário sujeito à ameaça do cias e à instalação de novos riscos (Anexo
impacto de um evento adverso natural, tecnológico ou de origem antrópica (item XI) VI da IN 02, item XIII);
Ameaça: evento em potencial, natural, tecnológico ou de origem antrópica, com elevada
possibilidade de causar danos humanos, materiais e ambientais e perdas socioeconômicas Gestão dos desastres, que compreende o pla-
públicas e privadas (item X) nejamento, a coordenação e a execução das

Dano: resultado das perdas humanas, materiais ou ambientais infligidas às pessoas, ações de resposta e de recuperação (Anexo VI
comunidades, instituições, instalações e aos ecossistemas, como consequência de um desastre da IN 02, item XIV).
(item XXV)
Esta orientação retrata a evolução do trata-
Prejuízo: medida de perda relacionada com o valor econômico, social e patrimonial de um
determinado bem, em circunstâncias de desastre (item XXVI) mento dos desastres, no plano internacional,
que avançou para a gestão integral do risco
Risco de desastre: potencial de ocorrência de evento adverso sob um cenário vulnerável (item XII)
de desastres. Os desastres resultam, em últi-
ma instância, da combinação de ameaças, de
condições de vulnerabilidade e da insuficien-
A Lei nº 12.608/12 estabelece que é dever da §1º. As medidas previstas no caput poderão
te capacidade de reduzir as possíveis conse-
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos ser adotadas com a colaboração de entidades
quências negativas dos riscos. O desastre,
Municípios adotar as medidas necessárias à públicas ou privadas e da sociedade em geral. portanto, é uma combinação de fatores ou
redução dos riscos de desastre, com a colabo-
condições, nem sempre controláveis, mas
ração de entidades públicas ou privadas e da Portanto, a redução dos riscos de desastres
que podem ser minimizados.
sociedade em geral. (RRD) é determinante para a Política Nacional
de Proteção e Defesa Civil, devendo orientar a As comunidades deparam-se com perigos
Art. 2º. É dever da União, dos Estados, do
atuação de todos os integrantes do Sistema Na- naturais, principalmente quando ocupam lu-
Distrito Federal e dos Municípios adotar
cional de Proteção e Defesa Civil – SINPDEC. gares mais vulneráveis. Ocupações em áreas
as medidas necessárias à redução dos ris-
cos de desastre. inadequadas ou a degradação ambiental aca-
bam por agravar a exposição das populações
aos riscos. Se ações de prevenção tivessem

25

A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


sido adotadas, certamente as comunidades determinações da legislação de proteção e de- Portanto, conclui-se que as medidas para a
estariam mais seguras. fesa civil, até as medidas que, no seu âmbito de redução de riscos de desastres deverão ser
atuação, se fizerem necessárias. adotadas, necessariamente, pelas autorida-
Os temas ligados ao risco e à gestão dos riscos des competentes, uma vez que são determi-
de desastres são tratados, respectivamente, no O dever de atuar na redução dos riscos im- nadas na legislação.
Manual de Proteção e Defesa Civil - Entenden- plica que os Estados e Municípios tratem da
do os Riscos de Desastres no Brasile no Manual proteção e defesa civil no âmbito de seus ter- Essas medidas têm de ser tomadas continu-
de Proteção e Defesa Civil - Entendendo a Ges- ritórios, estabeleçam estratégias e ações prio- amente, independentemente da situação de
tão de Riscos de Desastres no Brasil. ritárias, respeitados os princípios e as diretri- anormalidade quando da ocorrência dos de-
zes da política nacional, assim como criem sastres, conforme o inciso V do Art. 5o da Lei
Com base nesse entendimento, a legislação os órgãos de proteção e defesa civil para n° 12.608/12.
brasileira de proteção e defesa civil exige que compor o Sistema Nacional de Proteção e De-
os gestores públicos adotem as ações ne- fesa Civil, de forma articulada e integrada aos Art. 5º.  São objetivos da PNPDEC:
cessárias à redução dos riscos de desastres, demais órgãos e instituições.
devendo, para tanto, atuar em conjunto com V - Promover a continuidade das ações de pro-

a sociedade e com o setor privado. Ao estabe- Segundo a doutrina administrativa, os pode- teção e defesa civil.

lecer que se trata de dever da União, dos Es- res e deveres do administrador público são os
A Política de Proteção e Defesa Civil, em to-
tados, do Distrito Federal e dos Municípios, expressos em lei, os exigidos pelo interes-
das as instâncias governamentais, deve ser
indica que o administrador público não se da coletividade e os impostos pela mo-
consagrada como um dos componentes do
pode deixar de tomar as medidas voltadas ralidade administrativa. Portanto, cabe à lei
desenvolvimento sustentável, ou seja, enten-
a reduzir os riscos, que compreendem um rol determinar, para cada atividade pública, os
dida como a que, de forma perene, atua para
de ações e atividades, desde a observância das deveres e os poderes de quem os exerce.
que os riscos de desastres sejam eliminados
ou reduzidos.

“Se, no Direito Privado, o poder de agir é uma faculdade, no Direito Público é uma
imposição, um dever para o agente que o detém, pois não se admite a omissão
da autoridade diante de situações que exigem sua atuação”

(Meirelles, Hely Lopes, Direito Administrativo Brasileiro, 26ª. edição, página 97).

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Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


1.2 Evolução da Política governo federal, um Grupo de Trabalho para Ao longo dos anos, a estrutura administra-
elaborar o Plano de Defesa Permanente con- tiva e o marco legal da Defesa Civil foram
Nacional de Proteção
tra Calamidades Públicas (Decreto nº 64.568, alterados, de forma a responder, mais ade-
e Defesa Civil de 22 de maio). Dessa iniciativa resultou a quadamente, a grandes desastres naturais,
instituição do GEACAP - Grupo Especial para de repercussão nacional, tais como as inun-
A atividade de Defesa Civil, em diversos paí-
Assuntos de Calamidades Públicas, ligado dações de 1966, no Rio de Janeiro, os incên-
ses, entre eles o Brasil, teve início na década
ao Ministério do Interior, para promover a dios urbanos, na década de 70, em São Paulo,
de quarenta, como forma de encontrar res-
articulação interministerial no combate às as grandes inundações de 1982 e 1983, em
posta a ameaças bélicas, da Segunda Guerra
calamidades públicas (Decreto nº 67.347, de Santa Catarina, as inundações que atingiram
Mundial. Posteriormente, evoluiu para res-
5 de outubro de 1970). O GEACAP era inte- 20% dos municípios brasileiros, em 2004, as
posta a desastres naturais de grande inten-
grado por órgãos ministeriais que atuavam inundações em Pernambuco e Alagoas, em
sidade e extensão territorial, principalmente
em ações de defesa civil, não somente na res-
enchentes e secas. 2010, e os deslizamentos, em 2010 e 2011,
posta, mas também na previsão orçamentá-
na região serrana do Rio de Janeiro.
ria e no planejamento estratégico nacional.
Em 1960, o governo brasileiro reconheceu a
Propôs a criação dos órgãos de defesa civil em A instituição do Decênio Internacional para
necessidade de ressarcir os prejuízos causa-
todo o território nacional. Somente após a a Redução dos Desastres Naturais – 1990 a
dos por grave seca no Nordeste (Lei nº 3.742,
criação de todas as defesas civis estaduais, foi 2000, pela Assembléia Geral da ONU, foi um
de 4 de abril de 1960). Em 1966, foi estabe-
possível instituir o Sistema Nacional de Defe- importante marco de referência para a políti-
lecido o salário mínimo regional para atender
sa Civil- SINDEC. ca nacional de defesa civil, ao enfatizar, como
às frentes de trabalho voltadas à assistência
das populações vitimadas por uma grande principais eixos de atuação a identificação, a
O Fundo Especial para Calamidades Públicas
enchente no Sudeste (Decreto nº 59.124, de análise e o mapeamento de riscos; a adoção
(FUNCAP) foi instituído nessa mesma época,
25 de agosto). O Estado da Guanabara, parti- de medidas de prevenção; o planejamento
por meio do Decreto-Lei nº 950, de 13 de ou-
cularmente afetado, elaborou o Plano Diretor para situações emergenciais e a importância
tubro de 1969.
de Defesa Civil e instituiu a Comissão Central das informações públicas e do treinamen-

de Defesa Civil do Estado, a primeira defesa A organização sistêmica da Defesa Civil no to. Como o objetivo central era a redução de
Brasil deu-se pela criação do Sistema Nacio- perdas de vidas, de danos e transtornos só-
civil estadual do País (Decreto Estadual nº
nal de Defesa Civil (SINDEC), em 1988, con- cio-econômicos, especialmente provocados
1.373, de 19 de dezembro de 1966).
solidando a atuação da Defesa Civil em todo por desastres naturais, o Sistema Nacional
Em 1967, foi criado o Ministério do Interior o território nacional (Decreto nº 97.274, de de Defesa Civil (SINDEC) elaborou a Políti-
com a competência de assistir as populações 1988). O SINDEC foi reorganizado em 1993 ca Nacional de Defesa Civil. Para promover
atingidas por calamidades públicas em todo e atualizado em 2005 (Ver Decreto nº 5.376, sua implementação, foi editado um conjun-
território nacional. Em 1969, foi criado, no de 17.02.2005). to de publicações, os denominados Manuais

27

A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


Técnicos de Defesa Civil, que consolidaram as As principais inovações em relação à legisla- consagrando a existência de uma política na-
bases da doutrina nacional e apoiaram a exe- ção anterior, são as seguintes: cional de proteção e defesa civil. Apesar de
cução das medidas de defesa civil em todas as proteção e defesa terem significados muito
instâncias governamentais. • Integração com as diversas políticas públi-
próximos, há que se distinguir, mesmo que
cas, tendo em vista a promoção do desen-
de forma sutil, as peculiaridades dessa nova
A partir de 2010, na esteira de eventos adver- volvimento sustentável;
abordagem.
sos muito graves, como o da região serrana
do Rio de Janeiro, foram editados importan- • Instituição de Planos Nacional e Estaduais
Historicamente, a defesa civil teve, como
tes diplomas legais, para fortalecer a Política de Proteção e Defesa Civil e de Planos de
principal foco, o desastre e ações relacionadas
Nacional de Proteção e Defesa Civil, como a Contingência, em nível municipal;
com as situações emergenciais, contemplan-
Lei Federal nº 12.340, de 1º de dezembro de do o atendimento direto à população atingida,
• Criação do Sistema Nacional de Informa-
2010, com a redação dada pela Lei nº 12.608, provendo o necessário apoio para fazer face
ções e Monitoramento de Desastres;
de 10 de abril de 2012, ambas dispondo so- aos impactos dos eventos adversos. Por sua
bre as transferências de recursos da União • Profissionalização e qualificação permanen- vez, o termo proteção traz uma conotação
para os Estados e Municípios, e sobre o Fun- te dos agentes de proteção e defesa civil; mais voltada às pessoas afetadas por eventos
do Nacional de Proteção e Defesa Civil, com
adversos, com ênfase às ações de prevenção,
vistas às ações de prevenção e de resposta e • Estabelecimento de Cadastro Nacional de
à semelhança da política de proteção social,
recuperação. Municípios com áreas suscetíveis à ocor-
que são “ações para (a) ajudar pessoas, famílias
rência de deslizamentos de grande impac-
Em 10 de abril de 2012, foi editada a Lei nº e comunidades a gerir melhor o risco, e (b) pres-
to, inundações bruscas ou processos geo-
12.608/12, que institui a Política e o Sistema tar apoio aos extremamente pobres”2.
lógicos ou hidrológicos correlatos;
Nacional de Proteção e Defesa Civil e autoriza
A proteção social inclui um conjunto de polí-
a criação do sistema de informações e moni- • Inclusão dos princípios da proteção e de-
ticas, programas e normas destinadas a redu-
toramento de desastres, entre outras dispo- fesa civil e a educação ambiental nos cur-
zir a probabilidade da ocorrência de riscos
sições. Essa Lei representa um importante rículos do ensino fundamental e médio.
e de desastres (eventos que prejudiquem o
avanço, ao estabelecer diretrizes e objetivos
Reflexo da mudança de abordagem trazida bem-estar das famílias, como uma inundação
para a política nacional de proteção e defesa
pela legislação é o fato de ter sido alterada ou uma recessão). Inclui ações para “mitigar”
civil, dando ênfase à redução dos riscos de de-
a denominação da política nacional. À de- os riscos, ou seja, reduzir as consequências
sastres e às atividades de prevenção.
nominação anterior, defesa civil, a Lei nº negativas a eles associadas. A proteção social
12.608/12 acrescentou o termo proteção, avalia a existência de fontes de riscos e de

2
Proteção Social - A. Coudouel, K. Ezemenari, M. Grosh e L. Sherburne-Benz, Banco Mundial 2000; Disponível em: http://siteresources.worldbank.org/, acesso em: 09 de janeiro de 2017.

28

Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


vulnerabilidades, que podem ser vulnerabi- 1.3 As Conferências Nacionais Os debates e conclusões da 1a Conferência
lidades estruturais (alto nível de pobreza, giraram em torno de 3 eixos temáticos:
e as Agendas Internacionais
concentração de pobres em determinadas
áreas, falta de acesso a serviços básicos, de- 1.3.1 As Conferências Nacionais • Desafios para a efetivação da Defesa Civil

semprego etc.) ou vulnerabilidade transi- no século XXI: Estado, sociedade, clima,


Para a evolução da Política e do Sistema Na- desigualdade e desenvolvimento;
tória (condições naturais ou climáticas – ter-
cional de Proteção e Defesa Civil, consagra-
remotos, inundações, secas, furacões, pragas,
dos na Lei nº 12.608, em 2012, certamente • Políticas públicas de atenção integral ao
epidemias, entre outras).
contribuíram o aumento da conscientização cidadão: o paradigma da assistência hu-

O termo proteção civil leva em consideração a respeito da gravidade dos desastres, assim manitária;

a vulnerabilidade e as ameaças, o que traz como a disseminação do debate, no âmbito


• Mobilização e participação da sociedade na
para o centro da Política Nacional de Prote- nacional, estimulado pela realização de duas
prevenção e no controle social sobre a efe-
ção e Defesa Civil a ênfase na redução dos Conferências Nacionais, em 2010 e 2014,
tivação da política pública de Defesa Civil.
riscos. A denominação trazida pela Lei nº com expressiva participação de representan-
12.608/12, de política de proteção e defesa tes dos estados e municípios. Com o propósito de dar sequência à 1a Con-
civil, portanto, é indicativa de que o principal ferência Nacional de Defesa Civil e Assistên-
Para saber mais sobre os eventos nacionais,
foco dessa política, ao lado da gestão do de- cia Humanitária, realizou-se, em novembro
ver www.mi.gov.br/x-forum-nacional-de-de-
sastre, é a gestão dos riscos de desastres, de 2014, a 2a Conferência Nacional de Prote-
fesa-civil
com o objetivo de promover a sua redução. ção e Defesa Civil. Cerca de 1.400 delegados
Defesa e proteção não são excludentes; ao estaduais e municipais participaram nesta
A 1a Conferência Nacional de Defesa Civil e
contrário, complementam-se e passam a nova conferência, cujo tema foi “Proteção e
Assistência Humanitária foi realizada de 23
compor o campo de atuação da Política Na- Defesa Civil: novos paradigmas para o Siste-
a 25 de março de 2010, com a participação
cional de Proteção e Defesa Civil. ma Nacional”. Já pela definição do tema, que
de 1.495 delegados de estados e municípios,
para referendar proposições para reformular incorpora a palavra “proteção”, percebe-se a

a defesa civil brasileira. evolução do entendimento sobre os assuntos


envolvidos. Na 2a Conferência foram debati-
dos 4 eixos temáticos, que orientaram a defi-
nição e priorização dos diferentes princípios
e diretrizes aprovados:

29

A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


• Eixo 1 - Gestão integrada de riscos e res- • Criar mecanismos legais que garantam aos • A Proteção e Defesa Civil deve fazer parte
posta a desastres municípios a implementação das Defesas do currículo escolar em todos os níveis de
Civis municipais, estruturando, fortale- ensino
• Eixo 2 - Integração de políticas públicas re- cendo e incentivando o Sistema Munici-
lacionadas à Proteção e Defesa Civil pal de Proteção e Defesa Civil • Criar, estimular, implantar e garantir me-
canismos de convivência com o semiári-
• Eixo 3 - Gestão do conhecimento em Pro- • Garantir recursos financeiros nas três es- do, dirigindo ações da Política Nacional
teção e Defesa Civil feras de governo para as ações de Proteção de Proteção e Defesa Civil ao polígono
e Defesa Civil, com dotação orçamentária das secas.
• Eixo 4 - Mobilização e promoção de uma
própria garantida nos Planos Plurianuais
cultura de Proteção e Defesa Civil na bus- Segundo esses princípios e eixos temáticos,
(PPA) e Lei de Diretrizes Orçamentárias
ca de cidades resilientes. foram aprovadas, ainda, 30 diretrizes para a
(LDO), e Lei Orçamentária Anual (LOA)
implementação da política de proteção e de-
Foram aprovados os seguintes princípios:
• Garantir, por lei, o repasse de 1% do orça- fesa civil no País.
• Garantir a profissionalização, qualificação mento da União para ações de prevenção,
mitigação e preparação, por intermédio Ver: 2ª. Conferência Nacional de Proteção e
e valorização dos agentes de Proteção e
de fundos municipais de proteção e defe- Defesa Civil: “Proteção e Defesa civil: novos
Defesa Civil
sa civil, para municípios que estejam em paradigmas para o Sistema Nacional”. Re-
• Implantar o Sistema Único de Proteção e conformidade com a legislação, com o ob- latório final: princípios, diretrizes e moções.
Defesa Civil jetivo de torná-los resilientes Brasília, janeiro de 2015 - www.mi.gov.br;

• A Política Nacional de Proteção e Defesa • Criar Fundos de Proteção e Defesa Civil,


Civil deve ser integrada às demais políti- nas esferas municipal, estadual e federal,
cas públicas e setoriais, nos três níveis de em todo o País
governo

• Criar, institucionalizar e estruturar as or-


ganizações de Proteção e Defesa Civil (Fe-
deral, Estadual e Municipal)

30

Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


1.3.2 As Agendas Internacionais de A década de 90 teve como marco fundamen- e) Glossário de Defesa Civil, Estudos de Ris-
Redução de Riscos de Desastres tal o Decênio Internacional para a Redução cos e Medicina de Desastres;
dos Desastres Naturais – 1990 a 1999, cam-
No plano internacional, o Sistema das Na- panha instituída pela Assembleia Geral da f) Manuais de Desastres Naturais, Humanos
ções Unidas vem adotando, há décadas, uma ONU em 1989, cujas linhas de ação eram as de Natureza Tecnológica, de Natureza Social
série de iniciativas para apoiar os países no seguintes: e de Natureza Biológica, e Mistos;
aperfeiçoamento de suas políticas de redução
a) Identificação, análise e mapeamento de riscos; g) Manual de Medicina de Desastres;
de riscos de desastres.

b) Medidas de prevenção; h) Manual de Planejamento em Defesa Civil


Em função de grandes terremotos na década
– Volumes I, II, III e IV;
de 60, a Assembleia Geral da ONU instituiu
c) Planejamento para situações emergenciais; e
a Assistência em casos de desastres naturais.
i) Manual para Decretação de Situação de
Na década de 70, as Resoluções da ONU evo-
d) Informações públicas e treinamento. Emergência ou Estado de Calamidade Pública
luíram e as recomendações passaram a envol-
– Volumes I e II;
ver os planejamentos nacionais pré-desastre Como o objetivo central da Campanha era a
sob o tema “Importância Vital”, a fim de dimi- redução de perdas de vidas, danos e trans- j) Política Nacional de Defesa Civil;
nuir o impacto dos desastres; a dar assistên- tornos socioeconômicos, em especial aqueles
cia aos países mais propensos a catástrofes: provocados por desastres naturais, o Sistema k) Redução das Vulnerabilidades a Desastres

às medidas preventivas; ao planejamento de Nacional de Defesa Civil (SINDEC) buscou e Acidentes na Infância;

contingências ante desastres e à preparação. elaborar a Política Nacional de Defesa Civil e


l) Segurança Global da População;
É criado o Escritório das Nações Unidas para priorizar a edição das seguintes publicações:
Socorro em Caso de Desastre (UNDRO). m) Simbologia dos Desastres; e
a) Apostila sobre Implantação e Operaciona-
lização de COMDECs; n) Sistema Nacional de Defesa Civil - SINDEC.

b) Cartilha de Avaliação de Danos – Pergun- Em 2005, foi criado o Escritório das Nações
tas e Respostas; Unidas para a Redução do Risco de Desastres
(UNISDR), tendo sido aprovado o Marco de
c) Conferência Geral sobre Desastres;
Ação de Hyogo, com vistas à redução de ris-

d) FUNCAP – Fundo Nacional para Calami- cos, por um futuro mais seguro. Em 2015, foi

dades Públicas; adotado o Marco de Sendai para a Redução


do Risco de Desastres.

31

A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


Três importantes conferências mundiais fo-
ram realizadas, nos últimos vinte anos, que
muito contribuiram para o aperfeiçoamento
da política nacional de proteção e defesa civil:

• Primeira Conferência Mundial sobre De-


sastres Naturais, realizada em Yokohama
(Japão), de 23 a 27 de maio de 1994.

• Segunda Conferência Mundial sobre Re-


dução de Desastres, em Kobe (Japão), de
18 a 22 janeiro de 2005.

• Terceira Conferência Mundial para a Re-


dução de Riscos de Desastres, em Sen-
dai (Japão), de 14 a 18 março de 2015.
O Marco de Ação de Sendai foi aprovado,
para o período de 2015 a 2030, dando
continuidade aos avanços obtidos pelo
Marco de Ação de Hyogo.

Os objetivos, prioridades e metas definidas


por essas Agendas (Quadro 1) revelam a evo-
lução do entendimento sobre a gestão dos
riscos de desastres.

32

Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


Quadro 1. Evolução da agenda internacional relativa à redução dos riscos de desastres.

1990 / 1999 - Decênio Internacional para a Redução dos Desastres Naturais

Documentos
Período Conferência Diretrizes, Estratégias e Plano de Ação
aprovados
Objetivo
Salvar vidas humanas e proteger os bens materiais

Princípios
• A avaliação dos riscos é indispensável para a adoção de adequada política de redução de desastres;
• A prevenção e a preparação para o desastre são fundamentais para reduzir a necessidade de socorro, em
casos de desastres;
Primeira • A prevenção e a preparação para o desastre devem ser partes integrantes do planejamento do
Conferência desenvolvimento, nos planos nacional, regional e internacional;
Mundial sobre • A capacidade para prevenir e reduzir os desastres, e para mitigar seus efeitos, é prioridade para se criar
Desastres uma base sólida para as atividades posteriores;
Naturais Estratégia de • O alerta antecipado e a divulgação de informações, por distintos meios, são fundamentais para a
1990 /1999 Yokohama para um prevenção e para a preparação para os desastres;
Yokohama Mundo mais Seguro • As medidas preventivas são mais eficazes quando incorporadas a todos os planos, tanto os locais como
(Japão), os regionais, nacionais e internacionais;
• A vulnerabilidade pode ser reduzida mediante a adoção de métodos e projetos apropriados, bem como
23 a 27 de maio de modelos de desenvolvimento orientados a grupos beneficiários, da educação e da capacitação
de 1994 adequadas de toda a sociedade;
• A comunidade internacional reconhece a necessidade de compartilhar tecnologias para prevenir e
reduzir desastres e mitigar seus efeitos;
• A proteção do meio ambiente e o combate à pobreza, componentes do desenvolvimento sustentável,
são essenciais para prevenir os desastres naturais e mitigar seus efeitos;
• Cada país tem a responsabilidade de proteger sua população, infraestrutura e bens, dos efeitos dos
desastres naturais. A comunidade internacional deve mobilizar recursos adequados para a redução dos
desastres naturais, sobretudo para os países em desenvolvimento.

33

A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


Documentos
Período Conferência Diretrizes, Estratégias e Plano de Ação
aprovados

Estratégia de
Yokohama para um Orientação para os países quanto às ações a serem adotadas, no plano nacional, regional e internacional
Mundo mais Seguro

Medidas:
• Desenvolvimento de cultura de prevenção, componente essencial do planejamento integrado da redução
de desastres;
• Educação e formação em prevenção e preparação para desastres e mitigação de seus efeitos;
• Fortalecimento dos recursos humanos e da capacidade das instituições de pesquisa em matéria de
redução e mitigação dos desastres;
• Identificação de centros de excelência e formação de redes, para o desenvolvimento das ações de
Primeira prevenção, mitigação e redução dos desastres;
Conferência • Aumento da conscientização das comunidades vulneráveis, através do melhoria da informação sobre a
Mundial sobre redução de desastres;
Desastres • Participação ativa da população nas atividades de prevenção e preparação para os desastres;
1990 /1999 Naturais, • Adoção de planos e programas de base comunitária para reduzir as vulnerabilidades;
Yokohama • Melhoria na avaliação e no monitoramento dos riscos, e ampliação do alerta precoce;
(Japão), 23 a Plano de Ação de • Adoção de política integrada de prevenção, preparação e resposta em relação aos desastres naturais e
27 de maio de Yokohama aos tecnológicos e biológicos;
1994 • Coordenação e cooperação entre organismos nacionais e internacionais de pesquisa, universidades e
outras instituições científicas;
• Aperfeiçoamento da legislação e da atuação da administração pública; atribuição de prioridade às
decisões políticas;
• Prioridade para a obtenção e troca de informações sobre a redução de desastres naturais, fortalecendo
os mecanismos de comunicação;
• Fomento à cooperação regional entre países expostos aos mesmos riscos naturais;
• Utilização da tecnologia existente no campo da redução de desastres;
• Integração do setor privado às atividades de redução de desastres, mediante a promoção de oportunidade
de negócios;
• Fomento à participação de organizações não governamentais no manejo dos riscos naturais, em
particular os relacionados ao meio ambiente;
• Fortalecimento do Sistema das Nações Unidas para ajudar a reduzir as perdas de vidas em desastres.

34

Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


Documentos
Período Conferência Diretrizes, Estratégias e Plano de Ação
aprovados
Objetivo
Aumentar a resiliência dos países e das comunidades para se alcançar, até 2015, uma redução considerável
das perdas ocasionadas pelos desastres, em vidas humanas, bens sociais, econômicos e ambientais.

Objetivos Estratégicos:
• Integração dos riscos de desastres nas políticas, planos e programas de desenvolvimento sustentável,
em todos os níveis, com ênfase na prevenção, mitigação, preparação e redução da vulnerabilidade;
Segunda Marco de Ação de
• Fortalecimento de instituições e de atividades que aumentem a resiliência frente às ameaças, em todos
Conferência Hyogo - MAH
os níveis, sobretudo nas comunidades
Mundial sobre
• Incorporação sistemática de critérios de redução de riscos nos projetos e programas de preparação,
Redução de Construindo a
resposta, recuperação e reconstrução de comunidades afetadas.
2005/2014 Desastres, resiliência dos
Kobe (Japão), países e das Prioridades de Ação:
18 a 22 de comunidades frente • Fortalecer a capacidade institucional: Atribuir prioridade nacional e local à redução de riscos de
janeiro de 2005 aos desastres desastres, com base institucional adequada para sua implementação.
• Conhecer os riscos: Identificar, avaliar e monitorar os riscos de desastres e melhorar os alertas e alarmes.
• Promover o conhecimento e a sensibilização; utilizar o conhecimento, a inovação e a educação para criar
uma cultura de segurança e resiliência, em todos os níveis.
• Reduzir riscos: Reduzir os fatores subjacentes ao risco por meio do planejamento do uso e ocupação do
solo, e de medidas ambientais, sociais e econômicas;
• Estar preparado e pronto para agir: Fortalecer a preparação para desastres, para uma resposta efetiva
em todos os níveis.

35

A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


Documentos
Período Conferência Diretrizes, Estratégias e Plano de Ação
aprovados

Objetivo:
Prevenir novos riscos e reduzir os existentes, através de medidas econômicas, estruturais, sociais, de saúde,
culturais, educacionais, ambientais, tecnológicas, legais e politico-institucionais, integradas e inclusivas,
que previnam e reduzam a exposição a ameaças e a vulnerabilidade a desastres, assim como fortaleçam a
preparação, resposta e a recuperação, de forma a aumentar a resiliência.
Prioridades:
• Compreensão dos riscos de desastres;
• Fortalecimento da governança do risco de desastres;
Terceira
• Investimentos na redução do risco de desastres, de forma a aumentar a resiliência;
Conferência
• Melhoria na preparação, na resposta eficaz, na recuperação e reconstrução, objetivando a “reconstruir
Mundial das
melhor".
Nações Unidas
para Redução Marco de Ação de
2015/ 2030 Metas:
de Riscos de Sendai
• Reduzir a mortalidade global; reduzir a média de mortalidade, com base em 100.000 habitantes, entre
Desastres –
2020-2030, em comparação com 2005-2015;
Sendai (Japão),
• Reduzir o número de pessoas afetadas em todo o mundo; reduzir a média global, com base em 100.000
14 a 18 de
habitantes, entre 2020-2030, em comparação com 2005-2015;
março de 2015
• Reduzir as perdas econômicas devidas a desastres, em relação ao PIB global;
• Reduzir os danos causados à infraestrutura e à interrupção de serviços básicos, como unidades de saúde
e educação, inclusive por meio de apoio para aumentar sua resiliência;
• Aumentar o número de países com estratégias nacionais e locais de redução dos riscos de desastres, até
2020;
• Intensificar a cooperação internacional com os países em desenvolvimento;
• Aumentar a disponibilidade e o acesso da população a sistemas de alerta antecipado para vários perigos
e às informações e avaliações sobre o risco de desastres.

36

Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


O Marco de Ação de Hyogo, importante do-
Construindo cidades resilientes
cumento aprovado durante a Segunda Confe-
rência Mundial, orienta a adoção de políticas A campanha internacional "Construindo Cidades Resilientes" foi lançada em 2010 pelo Escritório
das Nações Unidas para a Redução do Risco de Desastres - UNISDR/ONU, embasando os 10
nacionais de gestão de risco de desastres.
passos essenciais para aumentar a resiliência a desastres, em nível local, a serem implantados em
cinco fases:
Devido à importância das ações em nível lo-
cal, foi lançada, em 2010, a Campanha “Cons- • Passo 1: Quadro Institucional e Administrativo
truindo Cidades Resilientes: Minha Cidade • Passo 2: Recursos e Financiamento
está se preparando”, para dar orientações prá-
• Passo 3: Avaliações de Risco e Ameaças Múltiplas – Conheça seu Risco
ticas visando a aumentar a resiliência urbana.
• Passo 4: Proteção, Melhoria e Resiliência de Infraestrutura
Um grande número de municípios brasileiros
aderiu a essa Campanha, tornando o Brasil o • Passo 5: Proteção de Serviços Essenciais: Educação e Saúde
país com maior número de adesões. • Passo 6: Elaboração de Normas e Planos de Uso e Ocupação do Solo

• Passo 7: Treinamento, Educação e Sensibilização Pública

• Passo 8: Proteção Ambiental e Fortalecimento dos Ecossistemas

• Passo 9: Preparação, Sistemas de Alerta e Alarme, e Respostas Efetivas

• Passo 10: Recuperação e Reconstrução de Comunidades

Saiba mais em: http://www.unisdr.org/files/26462_guiagestorespublicosweb.pdf

Observa-se que a redução do risco de desas- Além disso, a forte inter-relação entre mu-
tres está presente em todas as iniciativas in- danças do clima, desenvolvimento sustentá-
ternacionais promovidas pelas Nações Uni- vel, condições de moradia e os desastres faz
das, desde a Década Internacional de Redução com que outras agendas, como a Agenda Ha-
de Riscos de Desastres Naturais (DIRDN) até bitat, sobre o desenvolvimento sustentável
o Marco de Sendai, passando pela Estratégia dos assentamentos humanos, adotem dire-
de Yokohama, a Estratégia Internacional de trizes e estratégias convergentes com as pro-
Redução de Desastres (EIRD) e o Marco de postas para a redução dos riscos de desastres.
Ação de Hyogo.

37

A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


A Nova Agenda Urbana, aprovada na Confe- É importante dotar o país de infraestrutura sobre a complementaridade entre a política
rência das Nações Unidas sobre Habitação e resiliente e eficiente, capaz de reduzir o im- urbana nacional e a de proteção e defesa civil.
Desenvolvimento Urbano Sustentável (Habi- pacto dos desastres, assim como promover a
tat III), realizada em Quito, Equador, de 17 reabilitação, a reforma e a melhoria das habi- Links importantes:

a 20 de outubro de 2016, é uma importante tações, sobretudo nos assentamentos huma-


UNISDR global: http://www.unisdr.org/
referência internacional no tocante à políti- nos informais.
ca de proteção e defesa civil, uma vez que dá UNISDR nas Américas (Panamá):  http://
ênfase à questão da redução de riscos de de- Outro compromisso em relação à proteção
eird.org/americas/index.html
sastres na obtenção de cidades mais susten- e defesa civil é o de adotar uma abordagem

táveis e resilientes. mais proativa, baseada nos riscos de desas- Campanha Cidades Resilientes: http://www.
tres, envolvendo todos os atores sociais, o unisdr.org/campaign/resilientcities/
Entre os compromissos adotados pela Nova que implica aumentar a consciência da socie-
Agenda Urbana vale destacar o fortaleci- dade, fazer investimentos para prevenir os Guia para Gestores Locais: Minha Cidade
mento da resiliência das cidades e dos as- riscos e desenvolver a resiliência. está se preparando.: http://www.unisdr.org/
sentamentos humanos, através de: files/26462_guiagestorespublicosweb.pdf
O planejamento do espaço urbano, das cons-
• Melhor qualidade da infraestrutura e do truções, da infraestrutura e dos serviços deve
planejamento territorial, por meio de po- levar em conta as questões de resiliência e do
líticas e planos integrados com uma abor- clima. A cooperação e a articulação entre os
dagem ecossistêmica, de acordo com o vários setores, bem como a capacitação das
Protocolo de Sendai 2015-2030; autoridades locais, é essencial para a gestão
dos riscos de desastres. A formulação de pla-
• Desenvolvimento de sistemas de dados e nos adequados de contingência e procedi-
de gestão sobre redução de riscos de de- mentos de evacuação são essenciais.
sastres;
Como se observa, há a incorporação, na agen-
• Redução das vulnerabilidades e dos riscos, da urbana internacional, de importantes di-
especialmente em áreas de risco, em as- retrizes e mecanismos relativos à redução de
sentamentos formais ou informais; riscos de desastres, o que assinala a conver-
gência entre a política de proteção e defesa
• Capacitação de famílias, comunidades,
civil e a política urbana. Pode-se afirmar que,
instituições e serviços para se preparar,
no Brasil, há importantes avanços nesse sen-
responder, adaptar, e rapidamente se re-
tido, conforme se poderá observar no item
cuperar dos efeitos de desastres.

38

Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


1.4 Princípios, Diretrizes, A importância de se determinar princípios 1.4.1. Princípios a serem considera-
norteadores para a política de proteção e de- dos pela Política Nacional de Prote-
Objetivos e Instrumentos da
fesa civil vem sendo reiterada pela doutrina ção e Defesa Civil
Política Nacional de Proteção internacional, para que haja uma base dura-
A implementação da Política Nacional de Pro-
e Defesa Civil doura e sólida para a gestão de riscos de de-
sastres. Estes princípios, aqui apresentados, teção e Defesa Civil deve ser orientada pelos
Políticas públicas fundamentam-se em prin- princípios doutrinários a seguir mencionados.
de natureza doutrinária, estão explícita ou
cípios, estabelecem objetivos, diretrizes e
implicitamente contemplados na legislação
instrumentos, determinam as competências I - Princípio da precaução
sobre proteção e defesa civil (como os da pre-
dos órgãos e entidades responsáveis por sua
caução, da prevenção e da informação, igual- O princípio da precaução, consagrado inter-
elaboração e implementação.
mente contemplados pelo Direito Ambien- nacionalmente na “Declaração do Rio Ja-
Um princípio pode ser definido como uma tal), enquanto outros estão embasados em neiro”, aprovada na Conferência das Nações
verdade fundamental ou uma regra geral, princípios constitucionais ou do Direito Ad- Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvol-
utilizado para orientar ações práticas, para se ministrativo (participação social, coordena- vimento, em 1992, deve ser amplamente ob-
“realizar algo” ou para determinar a “forma ção). Por se tratar de disciplina em formulação servado pelos Estados, para preservar o meio
de agir”. Princípios, portanto, são normas ge- e que contempla uma pluralidade de temas e ambiente. De acordo com este princípio,
rais, abstratas, não necessariamente mencio- disciplinas, a gestão de riscos de desastres re- “quando houver ameaça de danos sérios ou irre-
nadas expressamente na legislação. ge-se por uma variedade de princípios, ainda versíveis, a ausência de absoluta certeza científi-
não consolidados, de forma unânime, tanto ca não deve ser utilizada como razão para adiar
no âmbito nacional como internacional. medidas eficazes e economicamente viáveis para
prevenir a degradação ambiental”.

39

A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


No âmbito da política de proteção e defesa O princípio da precaução está ligado à impre- II - Princípio da prevenção
civil, significa que, mesmo havendo pouca visibilidade dos desastres. Portanto, a incer-
probabilidade de ocorrer um desastre, mes- teza em relação aos riscos de ocorrência do O princípio da prevenção, igualmente pre-

mo não havendo plena certeza científica a desastre não justifica o não planejar, mas, ao visto na Declaração do Rio Janeiro- Rio - 92,

respeito da possibilidade de ocorrência fu- contrário, exige a atenção diuturna, para sua aprovada na Conferência das Nações Unidas

tura ou dos possíveis efeitos decorrentes de identificação, avaliação e controle, requeren- sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento,

sua concretização, ainda assim devem ser do, ainda, considerá-los desde a concepção de está ancorado na legislação nacional de pro-

consideradas e planejadas ações para evitá-lo demais políticas públicas, planos, programas teção e defesa civil, pois a Lei nº 12.608/12,

ou mitigá-lo, ou seja, de minimização desses e projetos. Todavia, na aplicação deste princí- expressamente, dispõe ser a prevenção uma

possíveis riscos. pio deve-se observar a proporcionalidade dos diretriz a ser observada, além de um dos com-

riscos, ou seja, o potencial lesivo deve ser le- ponentes da gestão de riscos de desastres, ao
Esse princípio está claramente consagrado na vado em conta - quanto mais graves os efeitos lado da mitigação, preparação, resposta e re-
Lei Nacional de Proteção e Defesa Civil, no esperados, maior a relevância de sua mitiga- cuperação, conforme será mencionado, a se-
artigo 2º, § 2º: ção. Quanto mais graves as espécies de danos guir, no item 1.4.2.

e resultados danosos em jogo (mesmo como


O princípio da prevenção significa que a me-
expectativa futura), tanto mais real ele deve
lhor forma de proteger as populações é tentar
ser considerado.
evitar o desastre, ou seja, adotar as medidas
necessárias a prevenir eventuais impactos
causados por desastres. Este princípio é apli-

“A incerteza quanto ao risco de desastre não constituirá óbice para a adoção das medidas cável quando os riscos são conhecidos e previ-
preventivas e mitigadoras da situação de risco”. síveis, sendo possível, com segurança, estabe-
lecer os nexos de causalidade para identificar
os impactos futuros mais prováveis.

Por serem riscos conhecidos, geram para a Ad-


ministração o dever de atuar, de exigir do res-
ponsável pela atividade a adoção de medidas
acautelatórias que eliminem ou minimizem
os danos.  O fato de não serem adotadas
as medidas necessárias para prevenir os
riscos pode trazer importantes consequ-
ências para os agentes públicos, já que po-

40

Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


derá ser configurada sua omissão, ou seja, de desastres. Trata-se de princípio essencial volver o Poder Público, o setor privado e a
sua responsabilidade em relação a eventuais para a implementação das ações de proteção sociedade.
danos ou prejuízos que venham a ocorrer. e defesa civil, com o apoio da população, em
todas as etapas da gestão de riscos de desas- O planejamento e a gestão devem ser feitos
III - Princípio da informação tres. Nesse sentido, a Lei nº 12.608/12 deu com a participação da população, a ser en-

grande ênfase ao sistema de informações e volvida em todas as etapas, uma vez que os
O princípio da informação, de que trata a De-
monitoramento, para integrar as informa- bons resultados só podem ser alcançados por
claração do Rio de Janeiro – Rio 92, aprovada
ções e divulgá-las a todos os integrantes do meio da ação integrada de todos os segmen-
na Conferência das Nações Unidas sobre o
Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil tos representativos da sociedade organizada.
Meio Ambiente e o Desenvolvimento, entre
e a possibilitar o adequado nível de conheci-
outras fontes, proclama o direito à informa- A participação social é relevante nos órgãos
mento dos riscos de desastres por parte da
ção de todos os cidadãos interessados como colegiados, como os Conselhos de Proteção
população.
sendo a melhor maneira de lidar com as ques- e Defesa Civil, em todas as instâncias gover-
tões ambientais, contribuindo para maior IV- Princípio da participação social namentais, pois são fóruns de decisão e fis-
conscientização social a respeito da proteção calização das atividades de proteção e defesa
dos recursos naturais. O princípio da participação social fundamen- civil. Igualmente relevante é a participação,
ta-se no disposto na Constituição Federal, no plano comunitário, nos Núcleos Comu-
A importância de uma eficiente informação ao estabelecer as bases da democracia parti- nitários de Defesa Civil. Não se trata apenas
sobre o risco a que está sujeita uma popula- cipativa, mediante a instituição de mecanis- de motivar a população a participar. É preciso
ção, assim como sobre todas as situações que mos de ampla participação da sociedade na que fique claramente entendida a importân-
envolvam a ocorrência de um desastre, é ine- formulação e implementação de políticas pú- cia da atitude proativa da população, pois
gável para a política de proteção e defesa civil. blicas, a exemplo dos órgãos colegiados, das a ela cabe papel importante nas ações preven-
Trata-se de assegurar que a população tenha conferências, audiências e consultas públicas, tivas, como forma de garantir a autodefesa e
acesso à informação, de forma a se conscien- entre outros. Encontra seus fundamentos, a proteção das comunidades.
tizar a respeito das ameaças e vulnerabilida- igualmente, na doutrina ambiental interna-
des, bem como a adotar medidas e atitudes cional (como na Declaração do Rio de Janeiro V - Princípio da coordenação
necessárias para se prevenir e se preparar – Rio 92) e no direito ambiental brasileiro, ao
A coordenação é princípio do Direito Admi-
para fazer face a um desastre. ser considerado elemento essencial da prote-
nistrativo, tal como estabelecido no Decreto-
ção e preservação ambiental.
O acesso à informação é relevante para pro- -Lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967, que
mover a mobilização da população, assim O princípio da participação social remete à dispõe sobre a organização da Administração
como para promover sua participação na to- noção de que a proteção e defesa civil é res- Federal, aplicável a todas as instâncias gover-
mada de decisões sobre a redução de riscos ponsabilidade de todos; portanto, deve en- namentais, determinando que as atividades

41

A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


da Administração Pública e a execução de pla- insuficiência de atuação de uma instância me- 1.4.2. Diretrizes da Política Nacional
nos e programas sejam objeto de permanente nor. Ou seja, as atividades e as decisões não de Proteção e Defesa Civil
coordenação. deverão ser exercidas por um poder de nível
superior, como a União, desde que possam ser A Lei nº 12.608/12, que institui a Política Na-
A coordenação das ações é essencial para que realizadas pelos Estados ou Municípios. cional de Proteção e Defesa Civil, estabelece
haja a integração das ações voltadas à prote- seis diretrizes para sua implementação, a se-
ção e defesa civil, de natureza multidiscipli- Em se tratando de competências comuns às vá- rem respeitadas pela União, Estados, Distrito
nar, de forma a articular a atuação dos vários rias instâncias governamentais, cabe à instân- Federal e Municípios, segundo suas esferas de
órgãos e entidades governamentais, em todas cia mais elevada intervir para suprir, em nome atuação. Enquanto no nível federal, elas de-
as instâncias de governo, do setor privado e da realização do interesse geral, a falta de condi- vem ser tratadas de forma doutrinária e estra-
da sociedade. Por esse princípio as diversas ções demonstrada pela instância menor. tégica, nos níveis estadual e municipal passam
políticas públicas devem ser implementadas a ter cunho mais tático ou operacional.
de forma integrada e articulada, nos três ní- No caso da Política Nacional de Proteção e

veis de governo, para que se assegure a abor- Defesa Civil, a responsabilidade primeira, São as seguintes as diretrizes da Política Na-

dagem sistêmica da política de Proteção e em relação ao atendimento aos desastres, é cional de Proteção e Defesa Civil:

Defesa Civil. do Município, cabendo ao Estado e à União


atuar complementarmente para atender às 1ª) Atuação articulada entre a União, os Es-

VI - Princípio da subsidiariedade necessidades da população. Este princípio tados, o Distrito Federal e os Municípios para

não se aplica quando se tratar de competên- redução de desastres e apoio às comunidades


O princípio da subsidiariedade, fundamenta- cias que sejam exclusivas de cada instância atingidas
do na Constituição Federal, ao tratar da or- governamental.
ganização das competências e atribuições de Atuar de forma articulada significa estabe-

cada instância governamentais, no âmbito lecer canais de comunicação e integração de

da Federação, significa que as instâncias su- ações entre os diferentes níveis de governo,

periores atuarão apenas quando se constate a com vistas a ampliar a capacidade de prevenir
riscos, de reduzir desastres e de dar melhor
resposta, no caso de ocorrência de desastres.
Essa articulação é importante para a raciona-
lização e otimização de recursos, bem como
para melhor avaliação dos riscos, posto que
muitas vezes o risco de desastre extrapola os
limites territoriais de Municípios ou Estados.

42

Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


2ª) Abordagem sistêmica das ações de pre- CICLO DA GESTÃO DE RISCOS DE DESASTRES
venção, mitigação, preparação, resposta e re-
cuperação

Por esta diretriz, nenhum dos componentes


da Política Nacional de Proteção e Defesa Ci- Recuperação

vil – prevenção, mitigação, preparação, res-


Prevenção
posta e recuperação - deve ser tratado isola-
damente, uma vez que a gestão de riscos de
desastres é complexa e abrangente. Ações de
mitigação ou recuperação, por exemplo, em
certa medida, também fazem a prevenção de
Conhecimento
futuros desastres. A preparação e a resposta e avaliação
do risco
andam juntas, uma vez que parte da prepa-
Resposta
ração ocorre simultaneamente à resposta. Na
verdade, esses componentes criam um ciclo Mitigação

de gestão com fases interligadas, comple-


mentares e, muitas vezes, continuadas.

Cabe destacar que além dos cinco componen-


tes explicitados na Lei nº 12.608/12, é im-
Preparação
portante ter em conta o conhecimento e a
avaliação do risco, que deve ser entendido
como premissa básica para todos esses com-
ponentes da gestão de riscos.

Para maiores informações consultar o Manu-


al Entendendo a Gestão de Riscos de Desas-
tres no Brasil.

43

A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


3ª) Priorização das ações preventivas rela- mento e implementação de ações conjuntas Para maiores informações acessar o Manual
cionadas à minimização de desastres. para todos os componentes da proteção e de- Entendendo a Gestão de Risco de Desastres
fesa civil, particularmente aquelas voltadas à no Brasil.
A Política Nacional de Proteção e Defesa Ci- prevenção.
vil atribui fundamental importância às ati- 6ª) Participação da sociedade civil.
vidades de prevenção, a serem priorizadas, 5ª) Planejamento com base em pesquisas
deixando de ter como único foco a ocorrência e estudos sobre áreas de risco e incidência de Uma vez que evitar os desastres é responsa-

do desastre. Em outras palavras, ainda que desastres no território nacional bilidade compartilhada do Poder Público, do

alguns fenômenos naturais não possam ser setor privado e da sociedade, é fundamental o

controlados, o ideal é que não causem danos, Como o conhecimento e avaliação dos riscos comprometimento de todos na gestão do ris-

ou que os danos sejam os menores possíveis. de desastres deve ser a premissa básica para co de desastres. A participação da sociedade

Portanto, a política nacional dá forte ênfase o planejamento das ações da política de pro- será mais efetiva se houver conscientização

às ações preventivas, reduzindo as causas de teção e defesa civil, é importante o desen- acerca dos riscos, ameaças e vulnerabilidades,

desastres e promovendo ações que tornem a volvimento de estudos e pesquisas que fun- bem como o comprometimento de todos com

população cada vez menos vulnerável aos de- damentem esse conhecimento e avaliação. a proteção e defesa civil. Neste sentido, a edu-

sastres absolutamente inevitáveis. Informações sobre o regime pluviométrico, cação é muito relevante como forma de capa-
características dos cursos de água, caracterís- citar a população para o seu importante papel
4ª) Adoção da bacia hidrográfica como ticas geomorfológicas do solo, ventos, cober- nas atividades de proteção e defesa civil.
unidade de análise das ações de prevenção tura vegetal, secas prolongadas, queimadas e
de desastres relacionados a corpos d’água incêndios, entre outros, além de dados sobre
as intervenções antrópicas, usos inadequa-
Como boa parte dos desastres naturais está dos, ocupações irregulares do território, in-
relacionada com os cursos de água e estes se fraestrutura e obras inapropriadas, podem le-
estendem para além das divisas dos territó- var ao melhor conhecimento e à avaliação dos
rios municipais, a gestão do risco do desastre riscos de desastres. Diversas organizações
não pode ficar limitada ao município. É de estudam fenômenos naturais e fatores que
fundamental importância considerar a bacia aumentam a vulnerabilidade do território,
ou as microbacias hidrográficas na análise como as universidades, centros de pesqui-
dos riscos de desastres para se ter melhor sa, ONGs ambientais, instituições públicas
compreensão dos problemas a serem trata- e privadas. Esses estudos podem subsidiar a
dos. Esta abordagem requer esforços de arti- tomada de decisões no tocante à proteção e
culação intermunicipal e entre os municípios defesa civil.
e as outras esferas de governo no planeja-

44

Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


1.4.3. Objetivos da Política É essa integração que torna possível a pre-
Nacional de Proteção e Defesa Civil venção dos riscos por meio de estudos, do
monitoramento, da integração de informa-
A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil ções, do ordenamento do uso e ocupação do
estabelece quinze objetivos, a serem alcança- solo, da conscientização da população acerca
dos mediante a atuação dos integrantes do dos riscos de desastres.
Sistema Nacional de Proteção e Defesa Ci-
vil - SINPDEC, relacionados aos cinco com- Entre os objetivos, há alguns de natureza es-
ponentes da gestão de riscos de desastres: tratégica e outros, de cunho operacional, de
prevenção, mitigação, preparação, resposta forma a permitir o planejamento e a gestão
e recuperação. Some-se a esses componen- das ações necessárias à proteção e defesa civil,
tes o conhecimento e a avaliação de riscos de nos seus diversos componentes. Enquanto os
desastres, que deve fundamentá-los e prece- objetivos estratégicos estão mais direciona-
dê-los, levando em consideração as caracte- dos à formulação de políticas para a proteção
rísticas físicas, socioeconômicas, culturais, e defesa civil, implicando os três níveis de go-
políticas e ambientais de cada local. verno, os objetivos operacionais são voltados
para a atuação local, onde podem ocorrer os
Vários desses objetivos relacionam-se a mais desastres; portanto, mais relacionados com a
de um componente da gestão de riscos de atuação primeira dos municípios ou, se for o
desastres. Mais ainda, muitos deles trans- caso, dos estados.
cendem a proteção e defesa civil, pois têm
relação com outras políticas públicas a ela ar- Para facilitar a visualização, os objetivos po-
ticuladas, compondo o leque de políticas vol- dem ser agrupados segundo sua correlação
tadas para o desenvolvimento sustentável. com os componentes da gestão de riscos de
desastres (Quadro 2).

45

A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


Quadro 2. Objetivos da Política Nacional de Proteção e Defesa Civil Segundo os Componentes da Gestão de Risco de Desastres.

Objetivos - Lei nº 12.608/12 - Art. 5º ** Prevenção Mitigação Preparação Resposta Recuperação

I Reduzir os riscos de desastres - E X X X

II Prestar socorro e assistência às populações atingidas por desastres – O X

III Recuperar as áreas afetadas por desastres – O X

Incorporar a redução do risco de desastre e as ações de proteção e


IV defesa civil entre os elementos da gestão territorial e do planejamento X X
das políticas setoriais – E

V Promover a continuidade das ações de proteção e defesa civil – E X X X

Estimular o desenvolvimento de cidades resilientes e os processos


VI X X X
sustentáveis de urbanização - E

Promover a identificação e avaliação das ameaças, suscetibilidades


VII e vulnerabilidades a desastres, de modo a evitar ou reduzir sua X X X
ocorrência - O

Monitorar os eventos meteorológicos, hidrológicos, geológicos,


VIII biológicos, nucleares, químicos e outros potencialmente causadores de X X
desastres – O

Produzir alertas antecipados sobre a possibilidade de ocorrência de


IX X
desastres naturais – O

Estimular o ordenamento da ocupação do solo urbano e rural, tendo


X em vista sua conservação e a proteção da vegetação nativa, dos X X
recursos hídricos e da vida humana – E

Combater a ocupação de áreas ambientalmente vulneráveis e de risco e


XI X X
promover a realocação da população residente nessas áreas – O

Estimular iniciativas que resultem na destinação de moradia em local


XII X
seguro – E

XIII Desenvolver consciência nacional acerca dos riscos de desastre – E X X

Orientar as comunidades a adotar comportamentos adequados


XIV de prevenção e de resposta em situação de desastre e promover a X X X
autoproteção – E

Integrar informações em sistema capaz de subsidiar os órgãos do


XV SINPDEC na previsão e no controle dos efeitos negativos de eventos X X X
adversos sobre a população, os bens e serviços e o meio ambiente – O

Fonte: Elaboração com base na Lei n° 12.608/12.

** E = Estratégico O = Operacional

46

Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


1.5 Competências da União, • Coordenar o Sistema Nacional de Proteção c) No referente à geração de conhecimento:
e Defesa Civil - SINPDEC, em articulação
Estados e Municípios • Promover estudos referentes às causas e
com os Estados, o Distrito Federal e os
A implementação da política nacional de Municípios (inciso II); possibilidades de ocorrência de desastres
proteção e defesa civil cabe à União, aos Es- de qualquer origem, sua incidência, ex-
tados, Distrito Federal e Municípios. A Lei • Apoiar os Estados, o Distrito Federal e os tensão e consequência (inciso III);
nº 12.608/12 define as atribuições de cada Municípios nas ações de prevenção, miti-
gação, preparação, resposta e recuperação • Apoiar os Estados, o Distrito Federal e os
instância de governo, bem como estabelece
(parte do inciso IV); Municípios no mapeamento das áreas de
competências comuns a todas.
risco, nos estudos de identificação de ame-
1.5.1. Competência da União • Instituir o Plano Nacional de Proteção e aças, suscetibilidades, vulnerabilidades e
Defesa Civil (inciso VI); risco de desastre (parte do inciso IV);
A competência da União refere-se às ativida-
des ligadas à formulação e implementação da b) No referente ao Sistema de Informações e • Incentivar a instalação de centros univer-
política nacional, em termos da fixação de Monitoramento: sitários de ensino e pesquisa sobre desas-
normas e diretrizes gerais, de apoio aos Es- tres e de núcleos multidisciplinares de
• Instituir e manter sistema de informações ensino permanente e a distância, destina-
tados e Municípios, de coordenação de ações,
e monitoramento de desastres (inciso V); dos à pesquisa, extensão e capacitação de
com vistas ao fortalecimento do Sistema Na-
cional de Proteção e Defesa Civil, assim como recursos humanos, com vistas no geren-
• Realizar o monitoramento meteorológico,
do sistema de informações e monitoramento, ciamento e na execução de atividades de
hidrológico e geológico das áreas de risco,
além de ações específicas, voltadas ao conhe- proteção e defesa civil (inciso XI);
bem como dos riscos biológicos, nuclea-
cimento e à pesquisa sobre gestão de riscos res e químicos (inciso IX), • Fomentar a pesquisa sobre os eventos de-
de desastres, entre outras. É o que dispõe o
flagradores de desastres (inciso XII);
artigo 6º da Lei nº 12.608/12. • Produzir alertas sobre a possibilidade de
ocorrência de desastres, em articulação • Apoiar a comunidade docente no desenvol-
Art. 6º. Compete à União: com os Estados, o Distrito Federal e os vimento de material didático­pedagógico
Municípios (inciso IX). relacionado ao desenvolvimento da cultu-
a) No referente à Política e ao Sistema Nacio-
nal de Proteção e Defesa Civil: ra de prevenção de desastres (inciso XIII);

• Expedir normas para implementação e


execução da Política Nacional de Proteção
e Defesa Civil – PNPDEC (inciso I);

47

A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


d) Demais competências: Art. 9o Compete à União, aos Estados e aos No que se refere à União, com vistas a apoiar
Municípios: as atividades produtivas atingidas por desas-
• Instituir e manter cadastro nacional de mu- tres, é autorizada a abertura de linha de crédi-
nicípios com áreas suscetíveis à ocorrência  I - Desenvolver cultura nacional de prevenção
to, em agências financeiras de fomento, des-
de deslizamentos de grande impacto, inun- de desastres, destinada ao desenvolvimento
tinada ao capital de giro e a investimentos de
dações bruscas ou processos geológicos ou da consciência nacional acerca dos riscos de
empresas, de empresários individuais, bem
hidrológicos correlatos (inciso VI); desastre no País;
como de pessoas físicas ou jurídicas instala-
das em municípios que tiverem a situação de
• Instituir e manter sistema para declaração  II - Estimular comportamentos de prevenção
emergência ou o estado de calamidade públi-
e reconhecimento de situação de emer- capazes de evitar ou minimizar a ocorrência
ca reconhecido pelo governo federal. É o que
gência ou de estado de calamidade públi- de desastres;
dispõe o artigo 15 da Lei nº 12.608/12.
ca (inciso VII);
 III - Estimular a reorganização do setor pro-
• Estabelecer critérios e condições para a de- dutivo e a reestruturação econômica das áreas
claração e o reconhecimento de situações atingidas por desastres;
de emergência e estado de calamidade pú-
 IV - Estabelecer medidas preventivas de se-
blica (inciso X).
gurança contra desastres em escolas e hospi-
1.5.2. Competências Comuns tais situados em áreas de risco;

O artigo 9º da Lei nº 12.608/12 estabelece  V - Oferecer capacitação de recursos huma-


seis competências comuns à União, aos Esta- nos para as ações de proteção e defesa civil; e
dos e aos Municípios, com ênfase ao fortale-
VI - Fornecer dados e informações para o
cimento de uma cultura de prevenção, assim
sistema nacional de informações e monitora-
como à adoção de medidas específicas de se-
mento de desastres.
gurança em áreas de risco. Pelo fato de serem
competências comuns, cabe a cada instância
governamental adotar as ações necessárias,
no âmbito de suas atribuições.

48

Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


1.6. Instrumentos da Política O Plano de Contingência, o Plano de Implan-
tação de Obras e Serviços, assim como os Pla-
Nacional de Proteção
nos de Resposta e de Recuperação, incluem-se
e Defesa Civil em uma subcategoria dos instrumentos de

Para a implementação da política nacional planejamento, como instrumentos de imple-

de proteção e defesa civil, a Lei 12.608/12 mentação, ou operacionais. Apesar de serem

estabelece um Sistema Nacional de Proteção denominados planos, têm distinta natureza

e Defesa Civil e instrumentos de distinta na- dos demais, já que são voltados à preparação

tureza (Quadro 3), inter-relacionados e con- para a resposta, implementação de ações re-

vergentes, de forma a garantir um processo lativas a obras de engenharia e demais obras

permanente de gestão de riscos de desastres. e serviços destinados a prevenir desastres ou


reconstruir infraestrutura e edificações atin-
Os instrumentos de planejamento e gestão gidas por desastres.
são os utilizados para implementar os objeti-
vos, diretrizes e ações da Política Nacional de Na categoria Instrumentos Financeiros são

Proteção e Defesa Civil, no âmbito da União, tratados os recursos, de distintas fontes, que

dos Estados, Distrito Federal e dos municí- deverão ser alocados pela União, Estados e

pios. Enquadram-se nessa categoria os pla- Municípios. No caso dos recursos da União,

nos elaborados no âmbito nacional, regional, há mecanismos estabelecidos na legislação

estadual, em microrregiões ou associações de sobre os procedimentos de transferência aos

municípios, e o sistema de informações e mo- Estados e Municípios (Ver capítulo: 1.6.3.

nitoramento de desastres. Instrumentos Financeiros).

49

A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


Quadro 3. Instrumentos da Política Nacional de Proteção e Defesa Civil

Instrumentos da política nacional de proteção e Defesa Civil

Nível de governo
Natureza Instrumento
Federal Estadual Municipal

Plano Nacional de Proteção e Defesa Civil X


Plano Estadual de Proteção e Defesa Civil X
Instrumentos de Plano Municipal X X
Planejamento e Gestão
Sistema de Informações e Monitoramento de Desastres X X X
Cadastro Nacional de Municípios com áreas suscetíveis à ocorrência de deslizamentos de grande
X X X
impacto, inundações bruscas ou processos geológicos ou hidrológicos correlatos
Plano de Contingência de Proteção e Defesa Civil X X X
Instrumentos de Plano de Resposta X X
Implementação
(Operacionais) Plano de Implantação de Obras e Serviços X X X
Plano de Recuperação X X
Recursos Orçamentários da União, Estados e Municípios X X X
Instrumentos
Fundos de Proteção e Defesa Civil da União, dos Estados e dos Municípios X X X
Financeiros
Transferência de recursos da União X

Fonte: SEDEC/MI

50

Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


Além dos instrumentos específicos da políti- Os resultados só serão alcançados se for es- É importante destacar que as transformações
ca nacional de proteção e defesa civil, instru- tabelecido um processo de planejamento pretendidas pelo processo de planejamento
mentos de outras políticas públicas contri- e gestão. A simples elaboração dos planos e gestão dos riscos de desastres ocorrem em
buem para o alcance dos seus objetivos, tais não garante as mudanças pretendidas. São um território determinado, seja ele um mu-
como o Plano Diretor Municipal, os planos necessários o detalhamento dos planos em nicípio, uma região, um estado ou um país.
setoriais de habitação de interesse social, de programas e projetos, a sua execução, o mo- Assim, a redução dos riscos de desastres deve,
saneamento básico, de gestão de resíduos só- nitoramento para eventuais ajustes duran- forçosamente, ser considerada em todos os
lidos, de bacias hidrográficas, entre outros. te o processo e a avaliação dos resultados e planos e programas setoriais, das diferentes
impactos causados, que retroalimentarão o esferas de governo, e nas iniciativas promovi-
1.6.1. Instrumentos de processo para o replanejamento, de forma das pelos setores privado e comunitário inci-
Planejamento e Gestão continuada. dentes sobre esse território (Figura 2).

O planejamento e gestão devem ser entendi-


dos como um processo de transformação da Figura 2. Esferas de planejamento sobre o mesmo território municipal
realidade que, no caso da política nacional de
proteção e defesa civil, corresponde à elabo- ESFERAS DE PLANEJAMENTO
SOBRE O (MESMO) TERRITÓRIO MUNICIAL
ração, implementação, monitoramento e ava-
liação dos resultados e impactos de planos,
programas e projetos, em todo o território Planes/programas
nacionales
nacional, nos três níveis de governo.

Planes/ Planes/
programas Municipio programas
regionales estaduales

Planeación Municipal

Fonte: SEDEC/MI

51

A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


Dessa forma, a política nacional de proteção e dãos que hoje habitam áreas de risco; ademais,
defesa civil é implementada por meio de pla- visam fortalecer as medidas de prevenção,
nos, programas e projetos, com a necessária sem descuidar dos procedimentos necessários
destinação de recursos orçamentários ou de de resposta, de socorro e de recuperação.
outras fontes de financiamento.
Enquanto, no nível nacional, o planejamento
A atual política nacional de gestão de riscos tem um caráter predominantemente estraté-
de desastres está expressa no Plano Nacional gico, de detalhamento e implementação das
de Gestão de Riscos e Resposta a Desastres diretrizes da política nacional e articulação
Naturais - PNGRD3, lançado em 2012, no com as demais políticas públicas, no plano
Programa 2040 - Gestão de Riscos e Respos- estadual ele ganha uma feição tático-opera-
ta a Desastres, que integra o Programa Mais cional, porquanto traz para a escala estadu-
Brasil (Plano Plurianual 2012-2015) e no al as orientações da política nacional, apoia
Programa 2040 – Gestão de Riscos e de De- municípios e articula ações intermunicipais
sastres, que integra o Plano Plurianual 2016- de proteção e defesa civil. Já no nível munici-
2019. Todos envolvem diversos ministérios. pal, o planejamento passa a ser predominan-
temente operacional, mesmo tendo em mira
O Plano Nacional de Gestão de Riscos de De- os cinco componentes da gestão de riscos de
sastres prevê investimentos federais em ações desastres.
de prevenção, mapeamento de áreas de risco,
monitoramento, alerta e resposta a desastres.
Trata-se de ações, no âmbito legislativo e ad-
ministrativo, que objetivam salvar vidas e pro-
teger a integridade e a propriedade dos cida-

3
Disponível em: http://www.pac.gov.br/pub/up/relatorio/d0d2a5b6f24df2fea75e7f5401c70e0d.pdf

52

Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


Plano Nacional do-as segundo as diversidades observadas
nas distintas porções do território nacional
O Plano Nacional de Proteção e Defesa Civil, e as diferentes realidades observadas à época
segundo o art. 6o, § 1o da Lei no 12.608/12, de sua elaboração ou atualização.
conterá, no mínimo, as diretrizes de ação go-
vernamental de proteção e defesa civil, no Os prazos para a elaboração e a revisão do
âmbito nacional e regional, além da identifi- Plano Nacional de Proteção e Defesa Civil se-
cação dos riscos de desastres nas regiões geo- rão regulamentados em decreto.
gráficas e nas grandes bacias hidrográficas do
A implementação do Plano Nacional de Ges-
País. Deverá conter, ainda, diretrizes e deter-
tão de Riscos de Desastres está contemplada
minações relativas à rede de monitoramento
no PPA 2016-2019, por meio do Programa
meteorológico, hidrológico e geológico e dos
“Gestão de Riscos de Desastres”, com os obje-
riscos biológicos e tecnológicos, incluindo os
tivos de “Aprimorar a coordenação e a gestão
nucleares, além das relativas à produção de
das ações de preparação, prevenção, mitiga-
alertas antecipados das regiões com risco de
ção, resposta e recuperação para a proteção
desastres.
e defesa civil por meio do fortalecimento do
O Plano Nacional, portanto, refere-se a uma Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil –
escala territorial ampla, em nível nacional, SINDPEC, inclusive pela articulação federati-
de macro ou mesorregião, ou de abrangência va e internacional” e “Promover ações de res-
interestadual, levando em consideração as di- posta para atendimento à população afetada
ferenças regionais, significativas no País, uma e recuperar cenários atingidos por desastres,
vez que os riscos de desastres não são homo- especialmente por meio de recursos financei-
gêneos em todo o território nacional. ros, materiais e logísticos, complementares à
ação dos Estados e Municípios”.
Em função da sua abrangência e, principal-
mente, das grandes diferenças regionais, nos O Plano Plurianual (PPA) é um instrumento
aspectos climáticos, nos regimes pluviomé- previsto no art. 165 da Constituição Federal,
tricos, nos graus de vulnerabilidade, em suas de programação orçamentária, de forma que
diferentes matizes e, consequentemente, nas o governo organize sua atuação, do ponto de
ameaças, o Plano Nacional deverá orientar as vista financeiro, com vistas à implementação
ações do Governo Federal nos cinco compo- das políticas públicas, destinando recursos
nentes da proteção e defesa civil, distinguin- para o período de quatro anos.

53

A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


Plano Plurianual (PPA) 2016-2019

O PPA 2016-2019 tem 28 diretrizes estratégicas, que orientaram a concepção e a implementação


da dimensão tática do Plano, representada por 54 Programas Temáticos, organizados nas mesmas
quatro áreas de políticas como o PPA anterior. O Programa 2040, já existente no PPA 2012-2015,
passa a ser intitulado Gestão de Riscos e de Desastres

Uma das diretrizes estratégicas do PPA 2016-2019 trata das questões de proteção e defesa civil:
‘Ampliação das capacidades de prevenção, gestão de riscos e resposta a desastres e de mitigação
e adaptação às mudanças climáticas’. Esta diretriz estratégica orienta os seguintes programas
temáticos:

• 2040 - Gestão de Riscos e de Desastres; 


• 2084 - Recursos Hídricos; 


• 2021 - Ciência, Tecnologia e Inovação; 


• 2062 - Promoção, Proteção e Defesa dos Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes; e 


• 2063 - Promoção e Defesa dos Direitos de Pessoas com Deficiência.


Para cada programa temático há objetivos, metas e ações a serem realizadas. Observa-se que,
como no PPA anterior, esses programas não contemplam desastres biológicos e tecnológicos.
A evolução do PPA 2012-2015 para o PPA 2016-2019 pode ser verificada no Quadro 4.

54

Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


Quadro 4- Objetivos do Programa 2040 - PPA 2012-2015 e PPA 2016-2019

No PPA 2012-2015 PPA 2016-2019

Expandir o mapeamento das áreas de risco com foco em municípios


0587 recorrentemente afetados por inundações, erosões marítimas e fluviais,
enxurradas e deslizamentos, para orientar as ações de defesa civil.

Expandir e difundir o mapeamento geológico-geotécnico com foco nos


Identificar riscos de desastres naturais por meio da elaboração de mapeamentos em
0602 municípios recorrentemente afetados por inundações, enxurradas e
municípios críticos
deslizamentos, para orientar a ocupação do solo

Promover a prevenção de desastres com foco em municípios mais


suscetíveis a inundações, enxurradas, deslizamentos e seca, por meio
Apoiar a redução do risco de desastres naturais em municípios críticos a partir de
0169 de instrumentos de planejamento urbano e ambiental, monitoramento
planejamento e de execução de obras
da ocupação urbana e implantação de intervenções estruturais e
emergenciais.

Aumentar a capacidade de emitir alertas de desastres naturais por meio do aprimoramento


Promover a estruturação do sistema de suporte a decisões e alerta de
0173 da rede de monitoramento, com atuação integrada entre os órgãos federais, estaduais e
desastres naturais.
municipais.

Aprimorar a coordenação e a gestão das ações de preparação, prevenção, mitigação,


Induzir a atuação em rede dos órgãos integrantes do Sistema Nacional
resposta e recuperação para a proteção e defesa civil por meio do fortalecimento do Sistema
0172 de Defesa Civil, em apoio às ações de defesa civil, em âmbito nacional e
Nacional de Proteção e Defesa Civil, inclusive pela articulação federativa e internacional.
internacional, visando a prevenção de desastres.

Promover ações de resposta para atendimento à população afetada e recuperar cenários


Promover ações de pronta resposta e reconstrução de forma a
atingidos por desastres, especialmente por meio de recursos financeiros, materiais e
0174 restabelecer a ordem pública e a segurança da população em situações
logísticos, complementares à ação dos Estados e Municípios.
de desastre em âmbito nacional e internacional.

55

A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


Plano Estadual Ainda que se reconheça a predominância dos
desastres de causa hidro-meteorológica-geo-
O Plano Estadual de Proteção e Defesa Civil lógica, razão pela qual devem ser necessaria-
tem seu conteúdo mínimo definido na Lei no mente considerados nos planos estaduais, há
12.608/12: outros tipos de desastres que não podem ser
desconsiderados. É preciso que sejam con-
Art. 7o  Compete aos Estados:
templados todos os tipos de riscos de desas-
Parágrafo único.  O Plano Estadual de Prote- tres possíveis no âmbito de cada estado, bem
ção e Defesa Civil conterá, no mínimo: como a sua espacialização, pois os riscos não
obrigatoriamente distribuem-se uniforme-
I - a identificação das bacias hidrográficas mente pelo território.
com risco de ocorrência de desastres; e
Em função disso, os Planos Estaduais de Pro-
  II - as diretrizes de ação governamental de teção e Defesa Civil devem considerar todo
proteção e defesa civil no âmbito estadual, em o território do Estado, eventuais diferenças
especial no que se refere à implantação da rede de natureza ou grau dos riscos em distintas
de monitoramento meteorológico, hidrológico porções do território, bem como as possíveis
e geológico das bacias com risco de desastre. escalas de regionalização que favoreçam a de-
senvolvimento das atividades, a integração
entre as diferentes ações e a articulação com
as demais políticas públicas e entre as dife-
rentes regiões.

56

Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


Plano Municipal Apesar de não ser exigido pela Lei federal no
12.608/12, alguns estados preveem, em lei
A Lei no 12.608/12 não institui um Plano estadual, a elaboração do Plano Municipal de
Municipal de Proteção e Defesa Civil, mas Proteção e Defesa Civil, a exemplo do Paraná.
estabelece, no inciso III do Art. 8o, que o mu- Independentemente de norma legal, alguns
nicípio deve “incorporar as ações de proteção municípios têm elaborado o Plano Municipal.
e defesa civil no planejamento municipal”. O
mesmo Art. 8o, nos seus incisos XI e XIV, de- Como os desastres ocorrem sempre no territó-
fine outras competências para o município, rio municipal, seja de um ou mais municípios,
relacionadas ao planejamento e gestão: é importante que cada município tenha o seu
plano local de proteção e defesa civil, articu-
Art. 8o  Compete aos Municípios lado com os demais instrumentos de planeja-
mento municipal. O plano local possibilitará
XI - realizar regularmente exercícios simula-
ao município atuar de forma mais efetiva e efi-
dos, conforme Plano de Contingência de Pro-
caz na gestão dos riscos de desastres, de forma
teção e Defesa Civil;
autônoma ou articulada com outros municí-

XIV - manter a União e o Estado informados pios e com as demais esferas de governo.

sobre a ocorrência de desastres e as atividades


Sistema de Informações e Monitoramen-
de proteção civil no Município.
to de Desastres

A determinação do inciso III deixa claro que


Para o processo de planejamento e gestão da
o processo de planejamento municipal deverá
proteção e defesa civil ter sucesso, é indis-
incorporar as questões de proteção e defesa
pensável um bom sistema de informações
civil nos seus instrumentos, planos, progra-
que forneça dados concretos, confiáveis e
mas e projetos, sempre com ênfase na pre-
atualizados sobre as áreas suscetíveis a de-
venção dos desastres. Em outras palavras, a
sastres, a natureza dos riscos existentes, as
redução dos riscos de desastres deve ser uma
probabilidades de ocorrência do desastre, sua
matéria transversal a todo o processo de pla-
abrangência e possíveis impactos, as popula-
nejamento municipal.
ções a serem porventura afetadas, os danos
ambientais, entre outros.

57

A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


Todos esses dados devem ser projetados sobre Informações e Monitoramento de Desastres, 1.6.2. Instrumentos de
bases cartográficas adequadas, tais como car- tendo sido disciplinado pela Portaria nº 526, Implementação
tas geotécnicas ou mapas de vulnerabilidade. disponível no sítio oficial do Ministério da In-
tegração Nacional. Os instrumentos de implementação incluem
Entre as competências da União, está a de os planos de natureza operacional, ou seja, os
“instituir e manter sistema de informações Para maiores informações consulte o Manual voltados à execução de ações, como os Planos
e monitoramento de desastres” (artigo 6º, V Entendendo a Gestão de Riscos de Desastres de Contingência de Proteção e Defesa Civil,
da Lei nº 12.608/12). Nesse sentido, o artigo ou https://s2id.mi.gov.br/. os Planos de Resposta, de Implantação de
13 da Lei nº 12.608/12 autoriza a “criação de Obras e Serviços e os de Recuperação.
sistema de informações de monitoramento • Cadastro Nacional de Municípios com

de desastres, em ambiente informatizado, áreas suscetíveis à ocorrência de desliza- Plano de Contingência de Proteção

que atuará por meio de base de dados com- mentos de grande impacto, inundações e Defesa Civil

partilhada entre os integrantes do SINPDEC bruscas ou processos geológicos ou hidro-


lógicos correlatos. O Plano de Contingência de Proteção e Defe-
visando ao oferecimento de informações atu-
sa Civil, de acordo com a definição do Anexo
alizadas para prevenção, mitigação, alerta,
O Cadastro Nacional de municípios com áreas VI da Instrução Normativa nº 02, de 20 de de-
resposta e recuperação em situações de de-
suscetíveis à ocorrência de deslizamentos de zembro de 2016, é o documento que registra
sastre em todo o território nacional”.
grande impacto, inundações bruscas ou pro- o planejamento elaborado a partir da percep-

O Sistema de Informações e Monitoramen- cessos geológicos ou hidrológicos correlatos ção do risco de determinado tipo de desastre

to de Desastres, portanto, tem uma ampla foi criado para identificar os municípios onde e estabelece os procedimentos e responsabili-

abrangência, compreendendo vários subsis- reconhecidamente ocorrem esses fenômenos dades. Visa, portanto, a preparar o município

temas operativos, adotados pelos diferentes e possibilitar a adoção de medidas voltadas para promover uma eficiente gestão de riscos

órgãos que atuam, de forma coordenada, no à redução dos riscos de desastres. De acordo de desastres. De natureza operativa, deve ser

âmbito do SINPDEC, preferencialmente em com a legislação que o instituiu, a inscrição submetido à avaliação e à prestação de con-

meio digital. no referido Cadastro deve ser de iniciativa tas anual, por meio de audiência pública, com
do município, ou por indicação dos Estados, ampla divulgação.
O Sistema Integrado de Informações sobre segundo critérios a serem estabelecidos em
Desastres - S2ID – tem por objetivo promo- regulamento Plano de Resposta, de Implantação de

ver a integração dos dados e informações Obras e Serviços, e de Recuperação

gerenciais de múltiplas fontes e sistemas, vi- Maiores informações no Capítulo: 4.2.1.


Exigências para os Municípios Integrantes do O Plano de Resposta cuida das atividades
sando à pronta resposta, à redução de riscos
Cadastro Nacional, deste Manual. necessárias ao atendimento imediato da po-
atuais e à prevenção de novos riscos. O S2ID,
pulação afetada por desastres. O Plano de
portanto, é parte integrante do Sistema de

58

Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


Implantação de Obras e Serviços permite ao 1.6.3. Instrumentos Financeiros à prevenção de riscos de desastres. A partir
município programar as obras de infraestru- do PPA 2012-2015, os recursos destinados à
tura e serviços urbanos necessários à pre- Os recursos financeiros destinados à proteção prevenção são implementados por outros ór-
venção dos riscos de desastres, a exemplo de e defesa civil provêm de recursos orçamen- gãos setoriais.
obras de drenagem, contenção de encostas, tários da União, Estados, Distrito Federal e

desassoreamento de cursos de água, cons- municípios, de Fundos Nacional, Estaduais e Com a evolução trazida pela Lei Federal nº

trução de cisternas, entre outros. Já o Plano Municipais de Proteção e Defesa Civil. 12.608, de 2012, priorizando as ações de

de Recuperação é voltado à programação de prevenção como diretriz da política nacional,


As condições e procedimentos para a trans- amplia-se a possibilidade de transferência de
obras de reconstrução e reabilitação de áreas
ferência de recursos da União para Estados, recursos da União para os Estados e Muni-
afetadas por desastres.
Distrito Federal e Municípios constam das cípios que adotem medidas de prevenção de
Além de possibilitarem o atendimento às áre- Leis nº 12.608, de 2012, e especificamente riscos de desastres. É o que dispõe a nova
as afetadas e a programação de obras e servi- da Lei nº 12.340, de 2010, com nova redação ementa da Lei Federal nº 12.340, com a re-
ços no município, estes planos são conside- dada pela Lei nº 12.983, de 2014. dação dada pela Lei nº 12.983/14: “ dispõe
rados essenciais para a obtenção de recursos sobre as transferências de recursos da União
Até 2012, anteriormente à Lei nº 12.608/12,
junto ao governo federal. aos órgãos e entidades dos Estados, do Dis-
cabia à SEDEC a responsabilidade de transfe-
trito Federal e dos Municípios são para a
O Ministério das Cidades instituiu o Plano rir recursos da União para os Estados e Mu-

Municipal de Redução de Riscos - PMRR, nicípios que apresentassem projetos visando

no âmbito do Programa de Urbanização, Re-


gularização e Integração de Assentamentos
Precários. Este Plano foi concebido como um “execução de ações de prevenção em áreas de risco de desastres e de resposta e recuperação
em áreas atingidas por desastres”.
instrumento de planejamento, para o diag-
nóstico do risco e a proposição de medidas,
estruturais e não estruturais, para a sua re-
dução, com estimativa de custos e critérios
para priorização das medidas. O PMRR, na
prática, tem tido a mesma função do Plano
de Implantação de Obras e Serviços.

59

A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


Cada um dos componentes da gestão de ris- É assegurada a ampla divulgação, em meio tária e financeira para os repasses, assim
cos de desastres – prevenção, mitigação, pre- digital, por meio de portal4 na Internet, a ser como o cumprimento de regras estabelecidas
paração, resposta e recuperação - implica uma disponibilizado pelos gestores beneficiários na legislação pertinente.
série de ações, que exigem recursos financei- dos recursos, em cada instância governamen-
ros, em maior ou menor grau. Esses recursos tal, das ações que impliquem obras ou empre- Prevenção

poderão ser fornecidos por fontes financeiras endimentos custeados com recursos federais,
As medidas de prevenção envolvem va-
federais, estaduais e municipais. De acordo com especial atenção às metas estabelecidas,
riadas ações, de distinta natureza, ligadas à
com o princípio da subsidiariedade, cabe ao aos valores envolvidos, às empresas contrata-
redução dos riscos de desastres. Seu planeja-
município atender, em primeira instância, das e ao estágio de execução.
mento e execução são de “responsabilidade de
às necessidades decorrentes de eventos ad-
Pelo fato de serem mais complexas e exigirem todos os órgãos integrantes do Sistema Nacional
versos, cabendo ao Poder Executivo Federal
ação imediata ou a curto prazo, as ações mais de Proteção e Defesa Civil, assim como dos de-
apoiar, de forma complementar, os Estados
onerosas são as de resposta e as de recupera- mais órgãos da Administração Pública federal,
e os Municípios. (Decreto nº 7257, de 04 de
ção. São as que, invariavelmente, necessitam estadual e municipal que, setorialmente, execu-
agosto de 2010, artigo 1º).
intervenção e apoio financeiro dos Estados e tem ações nas áreas de saneamento, transpor-

Independentemente da destinação, a transfe- da União. te, habitação, e outras áreas de infraestrutura”

rência de recursos da União para os Estados, (artigo 12 do Decreto Federal nº 7.257, de 4

Distrito Federal e Municípios deverá observar Recursos financeiros para a prevenção, de agosto de 2010).

regras e procedimentos de acompanhamento resposta e recuperação


Os recursos destinados às ações de preven-
e fiscalização por parte do órgão responsável
As transferências de recursos para as ações de ção de riscos de desastres estão no âmbito de
pelas transferências e pelos órgãos de contro-
prevenção em áreas de risco de desastres atuação de vários órgãos e entidades federais,
le, aos quais os gestores beneficiários deverão
e de resposta e recuperação em áreas atin- como o Ministério das Cidades, Ministério
apresentar relatórios comprovando as despe-
gidas por desastres são consideradas obriga- das Minas e Energia (CPRM) ou da Ciência
sas em prol do interesse público, de acordo
tórias (Lei federal nº 12.340, de 2010, com e Tecnologia, por exemplo, no que se refere à
com prazos e condições estabelecidas em re-
redação dada pela Lei nº 12.983, de 2014 e identificação, mapeamento e monitoramento
gulamento. O não cumprimentos dessas exi-
pela Lei nº 12608, de 2012). Todavia, a trans- de riscos, ameaças e vulnerabilidades locais.
gências implica sanções aos gestores, como
ferência e o valor dos recursos dependerão de A transferência de recursos, nesses casos,
devolução dos recursos repassados e demais
condicionantes, cabendo aos órgãos respon- observará outros procedimentos, como a
penalidades cabíveis.
sáveis avaliar a disponibilidade orçamen- celebração de convênios.

4
Em nível federal, o Portal da Transparência, mantido pelo Ministério da Fiscalização, Transparência e Controle (antiga Controladoria Geral da União), divulga todos os recursos repassados
pela União aos Estados e Municípios.

60

Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


A obtenção de recursos federais para a pre- as de socorro, de assistência às vítimas e de Reconstrução
venção exige a elaboração de Planos de Tra- restabelecimento dos serviços essenciais.
balho, observados os procedimentos de pres- As transferências de recursos voltadas à exe-

tação de contas, de fiscalização, entre outros. Como se trata de situações de emergência, cução de ações de reconstrução estão su-
que exigem uma rápida intervenção, foi cria- jeitas à exigência de apresentação prévia de
Resposta do um mecanismo ágil de atendimento às ne- Plano de Trabalho, pelo ente beneficiário, no
cessidades da população, ou seja, o Cartão de prazo e na forma regulamentar.
As ações de resposta compreendem, entre Pagamento da Defesa Civil – CPDC, vincula-
outras, as de socorro, de assistência às vítimas do à conta específica do ente beneficiário. Por Cabe à União estabelecer as diretrizes, bem
e ao restabelecimento de serviços essenciais. meio do Cartão será feito o pagamento das como aprovar os Planos de Trabalho, também

despesas realizadas, com os recursos trans- aplicáveis no caso das ações de prevenção. Os
Como regra geral, para que se solicite o apoio
feridos pelo Ministério da Integração Nacio- repasses de recursos serão realizados de acor-
financeiro do governo federal, após a ocor-
nal. Assim, o Cartão é um instrumento de do com o previsto nos referidos Planos, que
rência de um desastre, é essencial haver o re-
pagamento, emitido em nome do órgão ou conterão, entre outros elementos, as metas
conhecimento da situação de emergência
da entidade do Estado ou do Município be- físicas. O cumprimento do Plano de Trabalho
ou do estado de calamidade pública.
neficiário, a ser utilizado exclusivamente será fiscalizado pela União.

Todavia, quando se tratar, exclusivamente de pelo portador nele identificado.


Os Estados e Municípios, no processo de
socorro e assistência às vítimas, o governo fe-
Na utilização dos recursos transferidos pela solicitação de recursos para as ações de re-
deral poderá, mediante solicitação motivada
União, são vedados:      cuperação, bem como de prevenção, deverão
e comprovada, por parte do ente beneficiário,
demonstrar a necessidade dos recursos solici-
prestar apoio prévio ao reconhecimento fede- I. A aceitação de qualquer acréscimo no valor tados, a constar do Plano de Trabalho. Tam-
ral de situação de emergência ou de estado de da despesa decorrente da utilização do Car- bém deverão ser apresentadas as estimativas
calamidade pública. De toda forma, o ente be- tão de Proteção e Defesa Civil; dos custos necessários à execução das ações
neficiário fica responsável pela apresentação
previstas, que servirão de base para a defini-
da documentação e das informações exigidas II. A utilização do Cartão no exterior;       ção do montante a ser transferido pela União.
para o reconhecimento de situação de emer-
gência ou de estado de calamidade pública. III. A cobrança de taxas de adesão, manuten- Os Estados poderão apoiar a elaboração de
ção, anuidades ou quaisquer outras despesas Termos de Referência, de Planos de Trabalho
Com base nas informações obtidas e consi- decorrentes da obtenção ou do uso do CPDC;       e de projetos, assim como a cotação de pre-
derando a disponibilidade orçamentária e fi-
ços, a fiscalização, acompanhamento e pres-
nanceira, o Ministério da Integração Nacional IV. A realização de saque em dinheiro por
tação de contas de municípios com população
definirá o montante de recursos a ser transfe- meio do CPDC.     
inferior a 50.000 habitantes.
rido para a execução das ações de resposta –

61

A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


Fundos de Proteção e Defesa Civil O FUNCAP tem natureza contábil e financei- A transferência de recursos entre o FUNCAP
ra e é vinculado ao Ministério da Integração e os fundos estaduais e municipais dar-se-á,
O Fundo Nacional para Calamidades Públi- Nacional. Seus recursos provêm de dotações no caso de ações de recuperação, após o reco-
cas - FUNCAP, instituído em 1969, tinha o orçamentárias anuais, de créditos suplemen- nhecimento federal da situação de emergên-
objetivo de apoiar financeiramente as ações tares, de doações e recursos de outras fontes. cia ou de calamidade pública, e, no caso de
de resposta, como as de socorro, assistência à
prevenção, após a identificação da ação como
população e a reabilitação de áreas atingidas
necessária para prevenir desastres.
por desastres.
Ao estabelecer a possibilidade de haver trans- Os procedimentos a serem utilizados nos re-
Atualmente, sob a denominação de Fundo ferência de recursos entre Fundos, a legisla- passes de recursos por meio dos FUNCAP se-
Nacional para Calamidades Públicas, Prote- ção indica que esta deve ser uma orientação rão estabelecidos em regulamentação, o que
ção e Defesa Civil – FUNCAP, não contempla a ser seguida pelos Estados e Municípios, ou ainda não ocorreu.
mais as ações de resposta, que passaram a ser seja, que instituam Fundos destinados às
apoiadas por meio de outro procedimento, ações de proteção e defesa civil. Os Fundos A informação é essencial para o controle e
o do depósito em conta específica. Acompa- estaduais e municipais, à semelhança do Fun- a participação social. Nesse sentido, a legis-
nhando a evolução da Política Nacional de do Nacional, deverão ter como objeto precí- lação de proteção e defesa civil exige que os
Proteção e Defesa Civil, que prioriza as ações puo a execução de ações de prevenção de entes beneficiados por recursos deverão “dar
de prevenção e de mitigação, o Fundo Nacio- riscos de desastres e as de recuperação de ampla divulgação, inclusive por meio de portal
nal, segundo o disposto na Lei nº 12.983, de áreas atingidas por desastres. na Internet, às ações inerentes às obras ou em-
2014, passou a custear, no todo ou em parte: preendimentos custeados por recursos federais,
Os recursos serão transferidos diretamente destacando-se o detalhamento das metas, valo-
• Ações de prevenção em áreas de risco de para os Fundos Estaduais e Municipais, sen- res envolvidos, empresas contratadas e estágio
desastre do dispensada qualquer outra formalidade, de execução”. (§ 9º do artigo 1-A da Lei nº
como a celebração de convênio ou outro ins- 12.340/10 e suas alterações).
• Ações de recuperação de áreas atingidas trumento jurídico.
por desastres

62

Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


1.7. A Situação de Emergência e A definição de situação de emergência e de es- O que distingue a situação de emergência do
tado de calamidade pública consta da Instru- estado de calamidade pública são, de um lado,
o Estado de Calamidade Pública
ção Normativa nº 02, de 20 de dezembro de a intensidade, a gravidade e os danos e preju-
A caracterização da situação de emergência e 2016, do Ministério da Integração Nacional, ízos que o desastre provoca e, de outro, a ca-
do estado de calamidade pública é fundamen- Anexo VI, itens VIII e IX, e do Decreto federal pacidade de resposta de Estados e Municípios
tal para a política de proteção e defesa civil, nº 7.257, de 04 de agosto de 2010, artigo 2º, para atender às necessidades da população.
pois traz importantes consequências, em re- incisos III e IV:
lação às ações a serem adotadas para atender Dano é o resultado de perdas humanas,
às necessidades da população atingida por • Situação de emergência é a situação materiais ou ambientais infligidas às
anormal, provocada por desastres, cau- pessoas, comunidades, instituições,
desastres, e aos aspectos administrativo e fi-
instalações e aos ecossistemas, como
nanceiro, pois abre caminho para a adoção de sando danos e prejuízos que impliquem
consequência de um desastre.
uma série de medidas, a seguir apresentadas. o comprometimento parcial da capa-
cidade de resposta do Poder Público do Prejuízo é a medida da perda relacionada
com o valor econômico, social e patrimonial
A Lei nº 12608/2012 dispõe: ente federativo atingido;
de um determinado bem, em circunstâncias
de desastre.
Art. 6o  Compete à União: • Estado de calamidade pública é a situ-
ação anormal, provocada por desastres, Perda é a privação ao acesso de algo que
…….. possuía ou a serviços essenciais.
causando danos e prejuízos que impli-
Fonte: Instrução Normativa nº 02, de 2016, Anexo VI
quem o comprometimento substancial
VII - Instituir e manter sistema para declara-
da capacidade de resposta do Poder Pú-
ção e reconhecimento de situação de emergên-
blico do ente federativo atingido.
cia ou de estado de calamidade pública;

X - Estabelecer critérios e condições para a


declaração e o reconhecimento de situações de
emergência e estado de calamidade pública.

63

A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


Ocorrido o desastre, que poderá causar maio- Desastres de nível I são aqueles em que há Desastres de nível III são aqueles em que
res ou menores danos e prejuízos, há que se somente danos humanos consideráveis e que os danos e prejuízos não são superáveis e su-
verificar a capacidade de atendimento das a situação de normalidade pode ser restabele- portáveis pelos governos locais e o restabele-
necessidades da população, ou seja, a capaci- cida com recursos mobilizados em nível local cimento da situação de normalidade depen-
dade de resposta, por parte do Poder Público. ou complementados com o aporte de recur- de da mobilização e da ação coordenada das
Esse é o critério para se determinar a existên- sos estaduais e federais. três esferas de atuação do Sistema Nacional
cia de uma situação de emergência ou do es- de Proteção e Defesa Civil (SINPDEC) e, em
tado de calamidade pública. Desastres de nível II são aqueles em que alguns casos, de ajuda internacional.
os danos e prejuízos são suportáveis e supe-
A Instrução Normativa nº 02/16 – IN 02 es- ráveis pelos governos locais e a situação de Esse tipo de desastre caracteriza-se pela con-
tabelece procedimentos e critérios para a de- normalidade pode ser restabelecida com os comitância de óbitos, do isolamento de popu-
cretação de situação de emergência ou estado recursos mobilizados em nível local ou com- lação, da interrupção de serviços essenciais,
de calamidade pública pelos Municípios, Es- plementados com o aporte de recursos esta- da interdição ou destruição de unidades ha-
tados e Distrito Federal, e para o reconheci- duais e federais. bitacionais, da danificação ou destruição de
mento das situações de anormalidade decre- instalações públicas prestadoras de serviços
tadas pelos entes federativos. Nesse tipo de desastres, deve haver, ao me- essenciais e obras de infraestrutura pública
nos, dois danos, um deles obrigatoriamente
Os desastres, segundo a IN 02, são classifi- considerado como dano humano que cause Os desastres de nível I e II ensejam a de-
cados segundo sua intensidade como de pe- prejuízo econômico público ou prejuízo eco- cretação de Situação de Emergência. Os
quena intensidade (nível I), média inten- nômico privado, afetando a capacidade do desastres de nível III ensejam a decreta-
sidade (nível II) ou de grande intensidade poder público local em responder e gerenciar ção de Estado de Calamidade Pública.
(nível III). a crise instalada.

64

Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


1.7.1. Os Efeitos da Declaração de dade de auxílio federal e a especificação dos específicas da legislação trabalhista, previ-
Situação de Emergência ou de Esta- benefícios federais solicitados. Os procedi- denciária, tributária, de desapropriação, de
do de Calamidade Pública mentos a serem seguidos para a solicitação licitações, entre outras.
de reconhecimento constam da Instrução
A declaração situação de emergência ou de Os procedimentos de transferência de recur-
Normativa nº 02, de 2016.
calamidade pública cabe aos Prefeitos ou aos sos da União para os Estados, Distrito Fede-

Governadores estaduais e do Distrito Federal, Os procedimentos a serem realizados devem ral e Municípios, necessários para fazer face

por meio de decreto devidamente fundamen- ser realizados por intermédio do Sistema Inte- aos desastres, assim como às atividades de
grado do Informações sobre Desastres- S2ID. prevenção, são regulamentados pela Lei Fe-
tado em parecer técnico do órgão de proteção
deral nº 12.340, de 2010, com a redação dada
e defesa civil.
Quando, reconhecidamente, a intensidade do pela Lei Federal nº 12.983, de 2014, e pela
O parecer técnico deverá mencionar os danos desastre e seus impactos sociais, econômicos Lei Federal nº 12.608, de 2012.
causados pelo desastre, de forma a funda- e ambientais demandarem, poderá haver reco-
mentar a decretação, devendo ser observados nhecimento sumário, por parte da Secretaria

os critérios fixados pela Instrução Normativa Nacional de Proteção e Defesa Civil, da situa-

nº 02, de 2016. ção de emergência ou do estado de calamidade


pública, tendo como base apenas o Decreto e o
Em se tratando de desastres que atingirem requerimento da autoridade competente, para
mais de um município, resultantes de um agilizar as providências cabíveis.
mesmo evento adverso, cabe ao governador
do Estado a decretação de situação de emer- Para maiores informações sobre esses proce-

gência ou de calamidade pública. dimentos, consultar o Manual de Proteção e


Defesa Civil: A Gestão de Riscos de Desastres
A declaração terá validade de 180 (cento e oi- no Brasil.
tenta dias), contados a partir da data de sua
publicação. A declaração e o correspondente reconheci-
mento, pelo Ministério da Integração Nacio-
Uma vez decretada a situação de emergência nal, da situação de emergência ou do estado
ou de calamidade pública, o Prefeito ou Go- de calamidade pública são atos administrati-
vernador do Estado ou do Distrito Federal, vos importantes para o adequado gerencia-
poderá solicitar o reconhecimento federal, mento dos desastres, já que possibilitam a
por meio de requerimento que justifique as adoção de medidas financeiras, como a so-
razões para tal reconhecimento, a necessi- licitação de recursos da União, e de normas

65

A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


1.7.2. Medidas Decorrentes da Situ- necessidade pessoal, cuja urgência e gravida- Também poderá ser antecipado, mediante
ação de Emergência ou do Estado de de decorram de desastre natural (Decreto opção do beneficiário, o valor correspon-
Calamidade Pública nº 5113, de 22 de junho de 2004, que regula- dente a uma renda mensal do benefício
menta a Lei nº 8036, de 11 de maio de 1990, devido, excetuados os temporários. Nesse
A legislação de proteção e defesa civil esta- dispondo sobre o Fundo de Garantia do Tem- caso, o valor antecipado será ressarcido de
belece algumas medidas, em função do reco- po de Serviço – FGTS). forma parcelada (Decreto nº 7.223, de 29
nhecimento da situação de emergência ou do de junho de 2010, que alterou o artigo 169
estado de calamidade pública. São elas: A liberação dos recursos do FGTS restringe-
do Regulamento da Providência Social-
-se às hipóteses de desastre natural, que
Decreto nº 3048, de 06 de maio de 1999);
• Proibição da cobrança de juros de mora, compreendem, além dos eventos relativos ao
por estabelecimentos bancários e institui- excesso de chuvas, ou outras condições me- • Redução do Imposto sobre Propriedade
ções financeiras, sobre títulos de qualquer teorológicas adversas, os eventos ligados às Territorial Rural - ITR Aplicável apenas
natureza, cujo vencimento se dê durante condições climatológicas que causam escas- nos casos de estado de calamidade públi-
o período de suspensão de atendimen- sez ou exaurimento hídrico, tais como a seca ca, decretada até 31 de dezembro do ano
to ao público em suas dependências, em e a estiagem. Ademais, os riscos biológicos anterior ao fato gerador do imposto, com
razão de desastres, desde que sejam qui- também estão inclusos no rol dos desastres o reconhecimento do Governo Federal,
tados no primeiro dia de expediente nor- naturais, segundo a Classificação e Codifica- e desde que tenha havido, comprovada-
mal, ou em prazo superior, definido em ção Brasileira de Desastres (Cobrade). mente, destruição de pastagens e planta-
norma específica (Lei Federal nº 12.340,
ções, frustração de safra ou colheita, em
de 1º de dezembro de 2010, artigo 15). É também considerado como natural, para
decorrência do evento extremo. Os even-
fins de liberação dos recursos do FGTS, o
tos extremos referem-se à prolongada
• Doação de estoque público de alimen- desastre decorrente do rompimento ou
estiagem, inundação, granizo, vendaval,
tos, pelo Governo Federal, às populações colapso de barragens que ocasione movi-
entre outros. O Ministro da Agricultura
atingidas por desastres, mediante propos- mento de massa, com danos a unidades resi-
poderá determinar um percentual de re-
ta conjunta do Ministério da Agricultura, denciais.  Esta hipótese foi incluída pelo De-
dução do ITR, de até 90%, desde que o
Pecuária e Abastecimento, do Ministério creto nº 8.572, de 2015.
imóvel tenha sido efetivamente atingi-
da Integração Nacional e da Casa Civil da
• Antecipação do pagamento de benefí- do pelas causas determinantes daquela
Presidência da República, (Lei nº 12.340,
cios de prestação continuada, previdenci- situação. Esse percentual será calculado
de 1º de dezembro de 2010, artigo 16).
ária e assistencial, da Previdência Social, com base em dados do ano anterior ao da
• Liberação de Fundo de Garantia por em caráter excepcional, mediante ato do ocorrência ou fixado genericamente para
Tempo de Serviço – FGTS, para o titular de Ministro da Previdência Social, enquanto todos os imóveis que, comprovadamente,
conta residente no município, por motivo de perdurar o estado de calamidade pública. estejam situados na área de ocorrência

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Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


da intempérie ou calamidade (Decreto Deve-se observar que a legislação de proteção
nº 84.685/1980, que trata da redução do e defesa civil (Lei nº 12.983, de 2014, artigo
Imposto Territorial Rural nos casos de in- 15-A) estendeu o Regime Diferenciado de
tempérie ou calamidade). Contratações – RDC, às licitações e contra-
tos destinados às ações de prevenção em áre-
Ver: Ministério da Fazenda Secretaria da Re- as de risco de desastres, e de resposta e recu-
ceita Federal do Brasil imposto sobre a pro- peração em áreas atingidas por desastres.
priedade territorial rural (itr) perguntas e
respostas - em http://idg.receita.fazenda.gov. Ver:https://www.comprasgovernamentais.
br/orientacao/tributaria) gov.br/arquivos/micro-e-pequenas-empre-
sas/regime-diferenciado-de-contratacoes-
• Dispensa de licitação, cabível somente -29out2014.pdf
para “os bens necessários ao atendimento
da situação emergencial ou calamitosa e • Desapropriação por utilidade pública,
para as parcelas de obras e serviços que tanto pelos Municípios, como pelos Es-
possam ser concluídas no prazo máximo tados e União, para facilitar as ações de
de 180 (cento e oitenta) dias, consecuti- resposta a desastres e as de reconstru-
vos e ininterruptos, contados da ocorrên- ção, com fundamento no Decreto-Lei n.
cia da emergência ou calamidade, vedada 3.365, de 21 de junho de 1941, que, ao
a prorrogação dos respectivos contratos”. dispor sobre os casos de desapropriação
É o que dispõe a Lei Federal nº 8.666, de por utilidade pública, menciona: “o socor-
1993, no artigo 24, item IV, que dispensa ro público, em caso de calamidade” (alí-
a licitação em caso de: nea “c” do artigo 5º).

“Emergência ou calamidade pública, quando


caracterizada urgência de atendimento de si-
tuação que possa ocasionar prejuízo ou com-
prometer a segurança de pessoas, obras, ser-
viços, equipamentos e outros bens, públicos
ou particulares”.

67

A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


Demais polít
68

Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


ticas públicas
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A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


2
A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil e as Demais Políticas Públicas

Ao estabelecer que a Política Nacional de Essas políticas interpenetram-se, em mui- 2.1. Desenvolvimento Regional
Proteção e Defesa Civil deve se integrar às tos de seus aspectos, não se podendo, por
A Política Nacional de Desenvolvimento Re-
políticas de ordenamento territorial, desen- vezes, traçar uma clara linha de delimitação
gional (PNDR) tem por finalidade reduzir as
volvimento urbano, saúde, meio ambiente, entre elas. Todavia, há que se considerar que
desigualdades regionais, conforme determi-
mudanças climáticas, gestão de recursos hí- são políticas regidas por diretrizes, normas e
na a Constituição Federal, ativar os poten-
dricos, geologia, infraestrutura, educação, instrumentos específicos e envolvem uma sé-
ciais de desenvolvimento das regiões brasilei-
ciência e tecnologia e às demais políticas rie de órgãos e instituições, no nível federal,
ras, mediante a dinamização de sua imensa
setoriais, tendo em vista a promoção do de- estadual e municipal. Promover a articulação
diversidade, e a melhor distribuição das ativi-
senvolvimento sustentável (art. 3º, parágra- institucional, a organização e a coordenação
dades produtivas no território.
fo único), a Lei Federal nº 12.608/12 indica para construir esta atuação intersetorial é,
que a gestão dos riscos de desastres é tema talvez, o maior dos desafios para a implemen- A PNDR promove projetos regionais de de-
transversal às políticas públicas. A política de tação efetiva da Política Nacional de Proteção senvolvimento, envolvendo os entes fede-
proteção e defesa civil, portanto, deve ser ela- e Defesa Civil. rados, os setores produtivos e a sociedade.
borada e implementada de forma coordenada Regulados a partir de um referencial nacio-
e articulada às demais políticas. nal comum, consideradas as peculiaridades
regionais, tais projetos objetivam a redução
das desigualdades e da pobreza extrema, o
que contribui para a diminuição da vulnera-
bilidade de populações expostas a precárias
condições de vida.

71

A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


A Secretaria de Desenvolvimento Regional Quadro 5. Relação Entre Instrumentos da PNMA (Lei nº 6.938/1981)
(SDR), do Ministério da Integração Nacional, e a Gestão de Riscos de Desastres.
é a responsável pela condução dos programas
Instrumento da PNMA
Relação com a Gestão de Riscos de Desastres Componente
e projetos de promoção do desenvolvimento (Lei nº 6.983/1981)

regional nas escalas macro, micro e sub-re-


Zoneamento Ambiental Permite a identificação de áreas potencialmente expostas
gionais. Entre suas ações, merecem destaque: / Zoneamento Ecológico- a ameaças e dos recursos, infraestruturas e população
Econômico potencialmente em perigo
a promoção do desenvolvimento da faixa de
fronteira, o apoio à estruturação dos arranjos
produtivos locais nas regiões menos desen- Licenciamento de atividades Assegura que os empreendimentos produtivos considerem
poluidoras os riscos que sua instalação pode trazer ao meio ambiente
volvidas, a elaboração de planos regionais de
desenvolvimento, o observatório do desen-
volvimento regional e o programa Água para Criação de espaços territoriais
Possibilita o ordenamento do uso e ocupação do solo
e a redução dos riscos pela manutenção dos serviços Prevenção
ambientalmente protegidos
Todos, do Plano Brasil Sem Miséria. ecossistêmicos de regulação hídrica e climática

Cadastro Técnico Federal de


Fornece informações sistematizadas e atualizadas sobre
atividades potencialmente
potenciais fontes de ameaças, possibilitando a redução dos
poluidoras e/ou utilizadoras
2.2. Política Ambiental dos recursos ambientais
riscos de desastres

A Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA),


Fornece informações sobre potenciais impactos diretos
instituída pela Lei Federal nº 6.938/81 e Lei Avaliação de Impacto
ou indiretos, bem como sobre as medidas mitigadoras,
Ambiental (EIA / RIMA)
importantes para a gestão dos riscos de desastres
Complementar nº 140/12, contempla os
princípios, objetivos e instrumentos com vis-
tas à proteção da flora, da fauna e da biodi-
versidade, ao controle da poluição e da degra-
dação ambiental, e à gestão das relações entre
as atividades das populações humanas e seus
efeitos potenciais no ambiente, com reflexos
diversos na gestão do risco de desastres.

Alguns dos instrumentos da Política Nacio-


nal do Meio Ambiente têm uma clara relação
com a gestão de riscos de desastres, parti-
cularmente com as atividades de prevenção
(Quadro 5).

72

Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


2.3. Política Nacional A análise da vulnerabilidade dos municípios • Ações de adaptação implicam em melho-
brasileiros aos impactos do clima é feita pelo ria no funcionamento da sociedade e da
de Mudanças do Clima
Ministério do Meio Ambiente, em parceria qualidade de vida humana, resultado de
Os níveis de ameaça causados pela mudança com a Fundação Oswaldo Cruz, no âmbito políticas públicas específicas, que devem
do clima têm se modificado, tanto nas con- das ações do Plano Nacional de Adaptação ao ocorrer mesmo na ausência de qualquer
dições climáticas médias quanto no aumento Clima. Da associação entre indicadores de vá- ameaça climática;
do número de eventos extremos, devido a va- rias naturezas (sociais, ambientais, de saúde,
riações da temperatura, da precipitação e do demográficos, institucionais) e cenários cli- • O atual acúmulo de gases de efeito estu-
nível do mar, ampliando o risco de desastres máticos municipalizados, é obtido um índice fa na atmosfera alta já é suficiente para
naturais. É bem possível que tempestades, municipal de vulnerabilidade. A análise com- determinar uma desregulação do sistema
furacões e secas e estiagens tornem-se cada parativa dos índices municipais, no conjunto climático global. Prevê-se, portanto, um
vez mais frequentes. de municípios, possibilita o reconhecimento aumento no nível das ameaças, sobre as

dos fatores predominantes para a vulnerabili- quais a sociedade não tem controle. Por-
O Painel Intergovernamental de Mudanças tanto, a capacidade de os serviços de me-
dade, orientando as políticas públicas de pro-
do Clima (IPCC) é a principal fonte de in- teorologia fazerem previsões de tempo
teção social, em relação às ameaças do clima.
formações sobre os cenários e modelos cli- com maior nível de certeza e a capacidade
máticos globais, originados de instituições A preparação do País para a adaptação à mu- de os sistemas de proteção e defesa civil
de pesquisa na Europa, Japão e América dança do clima deve, inicialmente, focar na atuarem efetiva e tempestivamente, re-
do Norte. Os cenários são “regionalizados” redução da vulnerabilidade aos impactos do duzindo os danos, tornam-se altamente
(downscaling), sendo mais detalhados para clima, causado pelos efeitos de aumentos relevantes para a redução dos impactos. 

certas áreas. No Brasil, este processo é feito súbitos de temperatura (ondas de calor), ex-
pelo Centro de Previsão de Tempo e Estudos tremos de precipitação (tempestades ou se-
Climáticos (CPTEC), do Instituto Nacional de cas) e suas repercussões. A necessidade de se
Pesquisas Espaciais (INPE). O último cenário concentrar as ações de adaptação na redução
regionalizado para o Brasil foi produzido no desta vulnerabilidade se dá por duas razões: 

início de 2015.

73

A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


2.4. Política Nacional curso hídrico. É deste recurso econômico que As medidas referentes ao terceiro objetivo -
basicamente trata a política de recursos hídri- “prevenção e defesa contra eventos hidrológi-
de Recursos Hídricos
cos, ao criar instituições e instrumentos para cos críticos de origem natural ou decorrentes
A Política Nacional de Recursos Hídricos e o definir regras para o uso da água por parte do uso inadequado dos recursos naturais”
Sistema Nacional de Gerenciamento dos Re- dos múltiplos usuários. podem fazer parte dos planos de bacias hi-
cursos Hídricos, responsável pela gestão dos drográficas, com medidas estruturais subme-
recursos hídricos no Brasil, foram instituídos A Política Nacional de Recursos Hídricos tem tidas a critérios de outorga específicos. Sen-
pela Lei Federal nº 9.433, de 1997, alterada três objetivos: do assim, esses planos são o instrumento de
pela Lei nº 9.984, de 2000, que criou a Agên- gestão mais apropriado para estabelecer uma
• Assegurar à atual e às futuras gerações a
cia Nacional de Águas (ANA). articulação com a Política Nacional de Prote-
necessária disponibilidade de água, em
ção e Defesa Civil, em termos de prevenção
Entre as principais diretrizes dessa política, padrões de qualidade adequados aos res-
de riscos hidrológicos.
a bacia hidrográfica é indicada como a unida- pectivos usos;
de territorial para sua implementação e para O Programa Nacional de Apoio à Captação de
• A utilização racional e integrada dos recur-
a atuação do Sistema Nacional de Gerencia- Água de Chuva e Outras Tecnologias Sociais
sos hídricos, incluindo o transporte aqua-
mento de Recursos Hídricos. Observe-se de Acesso à Água - Programa Cisternas, insti-
viário, com vistas ao desenvolvimento
que a referência à bacia hidrográfica, como tuído pela Lei nº 12.873, de 24 de outubro de
sustentável;
unidade de atuação, consta, igualmente, das 2013, tem a finalidade de promover o aces-
diretrizes da Política Nacional de Proteção • A prevenção e a defesa contra eventos hi- so à água para o consumo humano e animal
e Defesa Civil. Nesse sentido, há uma clara drológicos críticos de origem natural ou e para a produção de alimentos por meio de
complementariedade entre essas duas políti- decorrentes do uso inadequado dos recur- implementação de tecnologias sociais, desti-
cas, até porque as questões hidrológicas estão sos naturais. nadas às famílias rurais de baixa renda atin-
na base da ocorrência de muitos desastres na- gidas pela seca ou por falta regular de água.
turais, como enchentes, inundações, ou devi- Os dois primeiros são orientados a regular os
do a estiagens prolongadas. usos, assegurar água para todos e promover o É prevista a dispensa de licitação para a con-
desenvolvimento sustentável, pela utilização tratação de entidades privadas sem fins lucra-
É importante diferenciar a água como bem integrada e racional do recurso. Para tanto, tivos, na implantação de cisternas ou outras
ambiental, protegido pela legislação ambien- são usados diversos instrumentos: planos de tecnologias sociais de acesso à água para con-
tal, da água como recurso econômico ou re- recursos hídricos, outorga pelo uso da água, sumo humano e produção de alimentos, para
enquadramento dos corpos d´água em clas- beneficiar famílias rurais de baixa renda atin-
ses de qualidade (estabelecidas pela legisla- gidas pela seca ou falta regular de água (Lei nº
ção ambiental) e cobrança pelo uso da água. 12.873, art. 16, que dá nova redação à Lei nº
8.666, de 1993).

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Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


2.5. Política Nacional A Lei Federal nº 12.334, de 2010 instituiu a A Lei nº 12.334, de 2012, definiu também
Política Nacional de Segurança de Barragens. instrumentos para a gestão da segurança,
de Segurança de Barragens
Em 2012, a Resolução nº 143 do Conselho segundo o sistema de classificação por cate-
Existem no Brasil barramentos de diversas Nacional de Recursos Hídricos (CNRH) es- goria de risco e de dano potencial associado,
dimensões e destinados a diferentes usos, tabeleceu critérios gerais de classificação de tais como o Plano de Segurança de Barragens
tais como barragens de infraestrutura para barragens e as Resoluções ANA nº 91/12 e nº (PSB), o Plano de Ações de Emergência (PAE)
acumulação de água, geração de energia, 742/11 estabeleceram critérios para o Plano e a revisão periódica de segurança. Previu
aterros ou diques para retenção de resíduos de Segurança da Barragem (PSB) e as inspe- também a criação de um Sistema Nacional de
industriais, barragens de contenção de rejei- ções de segurança regulares. Esse aparato Informações sobre Segurança de Barragens
tos de mineração, entre outros. A diversidade normativo dispôs sobre as responsabilidades (SNISB), e o Relatório Anual de Segurança de
de dimensões e usos dos barramentos refle- relacionadas à segurança das barragens no Barragens.
te-se nas condições de manutenção dessas Brasil, reforçando a responsabilidade legal do
estruturas. Muitas delas estão envelhecendo empreendedor em manter as condições de A definição das diretrizes para implementação
e levam a discussões sobre sua segurança. segurança de sua barragem, e definiu o res- desses instrumentos foi atribuída ao Conse-
Barragens de terra apresentam a maior taxa pectivo órgão fiscalizador, sempre o outor- lho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH),
de falha. Como a Engenharia de Barragens, gante do direito do uso dado ao barramento. enquanto a regulamentação do Plano de Segu-
ainda que bem evoluída, não consegue elimi- rança de Barragens (PSB) e de seus componen-
nar completamente o risco de um acidente ou Quando a finalidade for de acumulação de tes coube aos órgãos fiscalizadores.
incidente, a segurança de barragens deve ser água, exceto para fins de aproveitamento
hidrelétrico, a fiscalização no âmbito federal A articulação mais imediata entre a Política
a prioridade máxima em todas as fases desde
compete à Agência Nacional de Águas; quan- Nacional de Segurança de Barragens e a Polí-
o planejamento, projeto e construção até a
do a finalidade é a geração hidrelétrica, a fis- tica Nacional de Proteção e Defesa Civil pode
operação e manutenção.
calização cabe à Agência Nacional de Energia dar-se por meio dos instrumentos de plane-
O rompimento de barragens tem relação com Elétrica; quando a finalidade é a disposição jamento, o plano de segurança de barragens
a idade, tipo e altura da barragem, fundações, de rejeitos minerários, a fiscalização cabe ao e o plano de contingência, consideradas as
deslizamentos para dentro do reservatório Departamento Nacional de Produção Mine- barragens localizadas território municipal
e falta de equipamento de monitoração. As ral; quando a finalidade é a disposição de re- e aquelas localizadas na bacia hidrográfica a
estatísticas referentes a falhas em barragens síduos industriais a fiscalização compete ao montante do município.
indicam que o galgamento devido a ondas de Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Re-
cheia é a principal causa de rompimento. cursos Naturais Renováveis.

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A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


2.6. Ordenamento Territorial Esses instrumentos têm como fundamento a tendo as medidas de prevenção e controle de
competência da União, estabelecida no artigo riscos geotécnicos e de inundações (Art. 64)
O ordenamento territorial é fundamental
21 da Constituição Federal, a saber: para a regularização fundiária de interesse
para a gestão de riscos de desastres, pois é
social de assentamentos irregulares em Áre-
por meio dele que se estabelecem os possí- Art.21- Compete à União: as de Preservação Permanente. Determina,
veis usos do solo de um território (municipal,
igualmente, que a regularização ambiental de
metropolitano, micro ou mesorregional) e as ...........
projetos de regularização fundiária deve ser
restrições a usos danosos ao ambiente, con-
IX - elaborar e executar planos nacionais e re- instruída com uma avaliação dos riscos am-
sideradas as características e fragilidades físi-
gionais de ordenação do território e de desen- bientais (Art. 65).
co-ambientais e as vulnerabilidades.
volvimento econômico e social.
A Lei nº 12.727, de 17 de outubro de 2012,
É ainda por meio do ordenamento territorial
As mudanças no uso e ocupação do solo no que alterou a Lei Federal nº 12.651, de 2012,
que podem ser (re)conhecidas as áreas a se-
Brasil têm levado ao desmatamento e à perda autoriza a continuidade das atividades agros-
rem preservadas ou recuperadas, os biomas
de florestas ciliares e de cabeceiras de redes silvopastorís, de ecoturismo e de turismo ru-
existentes ou seus remanescentes e a neces-
de drenagem, contribuindo para o incremen- ral em áreas de preservação permanente loca-
sidade de articulação entre diferentes Muni-
to de erosão de solos, inundações bruscas e lizadas em zonas rurais consolidadas até 22
cípios ou deles com os Estados, uma vez que
movimentos gravitacionais de massa em en- de julho de 2008, cabendo ao Poder Público
as áreas suscetíveis não necessariamente se
costas. verificar a existência de risco de agravamen-
ajustam às divisas territoriais.
to de processos erosivos ou de inundações e
A partir de 1990, a legislação ambiental re- determinar a adoção de medidas mitigadoras
O ordenamento territorial pode ser efetivado
gulamentou alguns temas específicos que, de que garantam a estabilidade das margens e a
em diversas escalas geográficas, desde as de
certa forma, orientam o ordenamento terri- qualidade da água (art. 61-A).
âmbito macrorregional, regional ou sub-re-
torial e se relacionam com a gestão de riscos
gional, como o constante dos instrumentos
de desastres. A Lei nº 9.605/1998, que dispõe sobre san-
de planejamento regional – planos de desen-
ções penais e administrativas derivadas de
volvimento regional; zoneamento ecológico- A Lei nº 12.651, de 2012, que dispõe sobre condutas e atividades lesivas ao meio am-
-econômico (ZEE), gerenciamento costeiro, a proteção da vegetação nativa, considera de biente, estabelece como circunstâncias agra-
zoneamento ambiental, entre outros. Esse preservação permanente as áreas cobertas vantes da pena, quando não constituem ou
tipo de ordenamento territorial é bastante com florestas ou outras formas de vegetação qualificam o crime ambiental (art. 15), o fato
genérico, devido à escala geográfica em que destinadas a conter a erosão do solo e miti- de o agente ter cometido a infração em épo-
é elaborado. gar riscos de enchentes e deslizamentos de cas de seca ou inundações; e que penas são
terra e de rocha (art. 6º). Estabelece, ainda, a aumentadas de um sexto a um terço (art. 53)
necessária elaboração de estudo técnico con- se do fato resultar a diminuição de águas na-

76

Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


turais, a erosão do solo ou a modificação do 2.7. Política Urbana O planejamento municipal tem no Plano Di-
regime climático e se o crime é cometido em retor o seu instrumento mais importante, já
A Política Urbana foi estabelecida nos artigos
época de seca ou inundação. que, de acordo com a Constituição Federal,
182 e 183 da Constituição Federal. De acordo
art. 182 § 1º: “o plano diretor é o instrumen-
O ordenamento territorial, na escala local, com o art. 182, essa política “tem por objeti-
to básico da política de desenvolvimento e de
segundo a Constituição Federal, artigo 30, vo ordenar o pleno desenvolvimento das fun-
expansão urbana”.
compete aos municípios: ções sociais da cidade e garantir o bem-estar
de seus habitantes”. O Estatuto da Cidade dispõe que “o Plano
Artigo 30: Compete aos Municípios: Diretor é parte integrante do processo de
A Lei Federal nº 10.257, de 2001 - Estatuto
planejamento municipal, devendo o plano
......... da Cidade, regulamentou o capítulo da Cons-
plurianual, as diretrizes orçamentárias e o
tituição Federal referente à política urbana
VIII - promover, no que couber, adequado or- orçamento anual incorporar as diretrizes e
nacional, dispondo sobre as diretrizes gerais
denamento territorial, mediante planejamen- prioridades nele contidas” (§ 1º do art. 40) e
e os instrumentos para sua implementação.
to e controle do uso, do parcelamento e da ocu- que “o Plano Diretor deverá englobar o terri-
A Lei nº 12.608/12, que aprovou a Política
pação do solo urbano. tório do Município como um todo” (§ 2º do
Nacional de Proteção e Defesa Civil, inseriu,
Art. 40). Todos os demais planos setoriais
como diretriz geral de política urbana, a
municipais devem respeitar as diretrizes es-
redução dos riscos de desastres.
tabelecidas pelo Plano Diretor, uma vez que

Portanto, no processo de ordenamento e con- ele é o instrumento básico do ordenamento

trole do uso e ocupação do solo no municí- territorial e da política urbana.

pio, segundo estabelecido na lei nacional de


Assim sendo, há uma importante relação entre
política urbana, exige-se que seja evitada a
a política de proteção e defesa civil, sobretudo
exposição da população aos riscos de desas-
em termos de ações de prevenção e de mitiga-
tres. Observe-se que essa diretriz de política
ção de desastres, e o disposto no Plano Dire-
urbana é considerada de ordem pública, ou
tor. Deve-se recordar que dois dos objetivos da
seja, deve ser necessariamente observada
política nacional de proteção e defesa civil têm
por todas as instâncias governamentais.
relação direta com o Plano Diretor, a saber:

77

A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


• Incorporar a redução do risco de desastre e 2.8. Política de Habitação A Lei Federal nº 11.124, de 2005, dispõe so-
as ações de proteção e defesa civil entre os bre o Sistema Nacional de Habitação de Inte-
de Interesse Social
elementos da gestão territorial e do pla- resse Social, cria o Fundo Nacional de Habi-
nejamento das políticas setoriais; A Constituição Federal, em seu artigo 6º, es- tação de Interesse Social e institui o Conselho
tabelece que a moradia é um direito social. Gestor do referido Fundo.
• Estimular o ordenamento da ocupação do Em muitos casos, o não atendimento a esse
solo urbano e rural, tendo em vista sua direito fundamental é o responsável pela Um importante instrumento de implemen-
conservação e a proteção da vegetação na- ocupação habitacional em áreas de risco, com tação dessa política é o Plano Local de Ha-
tiva, dos recursos hídricos e da vida huma- alta vulnerabilidade e consequente ocorrên- bitação de Interesse Social, cujo objetivo é
na (Lei nº 12.608, Art. 5°, incisos IV e X). cia de desastres. As moradias destruídas ou diagnosticar as necessidades do município
danificadas tornam-se grandes desafios para em termos de demanda por habitações de in-
A atenção com a redução dos riscos de desastres teresse social e estabelecer as medidas para a
os gestores públicos, tanto na resposta quan-
deve estar presente no Plano Diretor, por ser o melhoria das condições habitacionais. Nesse
to na recuperação das áreas afetadas. É por
principal instrumento de planejamento muni- sentido, há uma clara relação entre o disposto
isto que a “reconstrução melhor” é um impor-
cipal, no qual são fixadas as diretrizes e normas nesse Plano e os objetivos da gestão de riscos
tante elemento constitutivo da redução dos
gerais do uso e ocupação do solo no município. de desastres, ou seja, evitar assentamentos
riscos de desastre.
Deve ser observada também na elaboração de precários em áreas de risco, relocar a popu-
planos setoriais, como o plano municipal de A política de habitação de interesse social, lação residente nessas áreas ou que tenham
habitação de interesse social, de saneamento, coordenada pela Secretaria Nacional de Ha- sido desalojadas por desastres.
de resíduos sólidos, de transportes e mobilida- bitação do Ministério das Cidades, relaciona-
de, enfim, em todas as peças de planejamento -se com a política de proteção e defesa civil O programa habitacional denominado “Mi-
que tragam consequências no ordenamento ao apoiar iniciativas de implantação de mo- nha Casa Minha Vida”, instituído pela Lei
territorial e urbano do município. radia em locais seguros, priorizar a relocação Federal nº 11977, de 2009, estabelece como
de comunidades atingidas e de moradores em prioritário o atendimento a moradores de
Ao alterar o Estatuto da Cidade e demais leis áreas de risco, insalubres ou que tenham sido
áreas de risco, conceder incentivos ao aumen-
urbanísticas, a Lei Federal nº 12.608/12 con- desabrigados.
to da oferta de terras urbanizadas, em local
tém importantes dispositivos que tratam da
adequado, para a instalação de habitações de
relação entre a gestão de riscos de desastres e
interesse social.
a política urbana municipal.

(Ver capítulo: 4.1.2. Inserção das Questões de


Redução de Riscos de Desastres no Planeja-
mento Municipal).

78

Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


2.9. Política Nacional Todos os serviços que integram o saneamen- a fixação dos direitos e deveres dos usuários.
to básico têm uma clara relação com a pro- Certamente, o Plano de Saneamento Básico é
de Saneamento Básico
teção e defesa civil, pois são essenciais para o instrumento adequado para a interface com
A Lei Federal nº 11.445, de 2007, dispõe so- reduzir a vulnerabilidade da população. A a política de proteção e defesa civil.
bre a política federal de saneamento básico, drenagem e a limpeza urbana são particular-
entendido como o conjunto de serviços, in- mente importantes para reduzir riscos de en- A Política de Saneamento Básico, integrante
fraestruturas e instalações operacionais de chentes urbanas. da política urbana, é gerida, no plano nacio-
abastecimento público de água potável; cole- nal, pela Secretaria Nacional de Saneamento
ta, tratamento e disposição final dos esgotos Embora a cobertura dos serviços de sanea- Ambiental, do Ministério das Cidades, com o
sanitários; limpeza urbana e manejo de resí- mento tenha avançado nos últimos anos, a objetivo de promover, no menor prazo pos-
duos sólidos; drenagem e manejo das águas carência ainda é muito grande no País. Além sível, a universalização do abastecimento de
pluviais urbanas. disso, o acesso aos serviços é fortemente as- água potável, do esgotamento sanitário (co-
sociado às condições socioeconômicas dos leta, tratamento e destinação final), da gestão
Entre os princípios que regem essa política, domicílios; as maiores carências são verifica- de resíduos sólidos urbanos (coleta, trata-
mencione-se o da “ articulação com as políti- das nas áreas mais pobres. Da mesma forma, mento e disposição final), além do adequado
cas de desenvolvimento urbano e regional, de são observadas desigualdades regionais no manejo de águas pluviais urbanas, com o con-
habitação, de combate à pobreza e de sua er- acesso aos serviços. sequente controle de enchentes.
radicação, de proteção ambiental, de promo-
ção da saúde e outras de relevante interesse Entre os instrumentos da Política de Sanea- Ver: http://www.capacidades.gov.br/downlo-
social voltadas para a melhoria da qualidade mento Básico estão a elaboração dos planos ad/NTc20
de vida, para as quais o saneamento básico de saneamento básico, a definição da forma

seja fator determinante”. de prestação dos serviços, a indicação dos


entes responsáveis pela regulação e fiscali-
zação, o estabelecimento de mecanismos de
participação e controle social, a estruturação
e manutenção do sistema de informações e

79

A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


2.10. Política Nacional dos, e a descontaminação de áreas contami- 2.11. Política Nacional
nadas. Foi instituído o Cadastro Nacional de
de Resíduos Sólidos de Saúde
Operadores de Resíduos Perigosos e o Siste-
A Política Nacional de Resíduos Sólidos reú- ma Nacional de Informações sobre a Gestão O Código de Saúde, instituído pela Lei nº
ne o conjunto de princípios, diretrizes, obje- dos Resíduos Sólidos. 8.080, de 1990, regula, em todo o território
tivos, instrumentos, metas e ações adotados nacional, as ações e serviços de saúde. Esta-
pelo Governo Federal, isoladamente ou em No que se refere ao planejamento dos resídu- belece que o conjunto de ações e serviços de
cooperação com Estados, Distrito Federal e os sólidos, foram previstos planos em todas saúde, prestados por órgãos e instituições
Municípios ou com entidades particulares, as instâncias governamentais, ou seja, plano públicas federais, estaduais e municipais, da
com vistas à gestão integrada e ao gerencia- nacional, estadual, de região metropolitana e administração direta e indireta e das funda-
mento ambientalmente adequado dos resí- de aglomeração urbana, microrregional, in- ções mantidas pelo Poder Público, constitui o
duos sólidos. Foi instituída pela Lei Federal termunicipal, em municípios consorciados, Sistema Único de Saúde (SUS).
nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. municipal, plano de gerenciamento de resí-
duos perigosos. Os dois últimos, os planos O SUS tem normas próprias para a atuação
A política nacional de resíduos sólidos trouxe municipais e os de gerenciamento de resídu- na gestão do risco de desastres, estabelecidas
diversas inovações, como a responsabilidade os perigosos são os mais relevantes para a in- pelo Ministério da Saúde, dispondo sobre as
compartilhada, a logística reversa, a coleta tegração com a Política Nacional de Proteção responsabilidades, diretrizes para execução
seletiva, a organização de catadores, reconhe- e Defesa Civil. e financiamento das ações de vigilância em
cendo o valor econômico dos resíduos sóli- saúde, no âmbito do Sistema Nacional de Vi-
gilância em Saúde e do Sistema Nacional de
Vigilância Sanitária.

Entende-se por Vigilância em Saúde o proces-


so contínuo e sistemático de coleta, consoli-
dação, análise e disseminação de dados sobre
eventos relacionados à saúde, visando ao pla-
nejamento e a implementação de medidas de
saúde pública, para a prevenção e controle de
riscos, agravos e doenças.

É necessária a notificação compulsória de


doenças, agravos e eventos de saúde pública,
abrangendo os serviços de saúde públicos e

80

Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


privados, em todo o território nacional, se- Esses eventos são coordenados pelo Centro saúde. O Centro é responsável por lidar com
gundo determina a Portaria nº 1.271, de 6 de Informações Estratégicas em Vigilância situações de crise, organizando o acompa-
de junho de 2014, do Ministério da Saúde, em Saúde (CIEVS), instituído no âmbito da nhamento dos agravos que apresentem ele-
incluindo doenças infecciosas e parasitárias Secretaria de Vigilância em Saúde (Portaria vado potencial de disseminação ou riscos à
com potencial epidêmico. nº 30, de 2005). Cabe ao CIEVS fomentar a saúde pública.
captação de notificações, buscar e analisar da-
Dentre os eventos de notificação compulsó- dos e informações relevantes para a vigilância Com o objetivo de ampliar a capacidade de
ria nacional, está o Evento de Saúde Pública em saúde, detectar, monitorar e coordenar a vigilância e resposta, em todo o território na-
(ESP), de importância estadual, nacional ou resposta aos Eventos de Saúde Pública, junto cional, está sendo fortalecida a Rede de Infor-
internacional, como tal considerado: com as secretarias estaduais e municipais de mações Estratégicas e Respostas em Vigilância
em Saúde, composta por unidades de monito-
ramento nos estados. Essa rede integra a Rede

“ Situação que pode constituir potencial ameaça à saúde pública, como a ocorrência de Nacional de Alerta e Resposta às Emergências
surto ou epidemia, doença ou agravo de causa desconhecida, alteração no padrão clínico- em Saúde Pública, composta pelas Secretarias
epidemiológico das doenças conhecidas, considerando o potencial de disseminação, a
de Saúde; Secretaria de Vigilância em Saúde;
magnitude, a gravidade, a severidade, a transcendência e a vulnerabilidade, bem como
epizootias ou agravos decorrentes de desastres ou acidentes”. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (AN-
VISA), dentre outros órgãos.

Desde 2013, a Secretaria de Vigilância Sani-


tária adota planos de preparação e resposta
para os principais problemas de saúde públi-
ca, sendo de sua competência “ a coordenação
da preparação e resposta das ações de vigilância
em saúde, nas emergências de saúde pública de
importância nacional e internacional, bem como
a cooperação com Estados, Distrito Federal e
Municípios” na resposta a essas emergências.
Nesse sentido, são elaborados Planos de Con-
tingência específicos, com o detalhamento de
ações e atividades de acordo com cada nível
de resposta e competência institucional, ali-
nhados ao Plano de Resposta às Emergências
em Saúde Pública.

81

A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


2.12. Política Nacional A educação ambiental é regulamentada em 2.13. Política Nacional
legislação própria, a Lei n° 9.795, de 1999,
de Educação de Assistência Social
que institui a Política Nacional de Educação
A Lei Federal nº 9.394, de 1996, que estabele- Ambiental, de acordo com linhas gerais a se- A desigualdade social, principalmente devido
ce as diretrizes e bases da educação nacional, rem observadas, no ensino formal. A partir à pobreza, torna as populações de menor ren-
teve um parágrafo acrescido ao seu artigo 26, da orientação dada pela nova redação da Lei da as mais expostas aos riscos de desastres,
pela lei nacional de proteção e defesa civil. O de Diretrizes e Bases da Educação, princípios portanto necessitadas de ações de proteção,
referido artigo 26 trata dos currículos da edu- da proteção e defesa civil, de redução do ris- em boa parte do âmbito da Assistência Social.
cação infantil, do ensino fundamental e do co de desastres e da autoproteção, devem ser
ensino médio, estabelecendo as regras gerais A Política Nacional de Assistência Social (art.
oferecidos no âmbito do trabalho de educa-
a serem adotadas, em âmbito nacional. Entre 203 da Constituição Federal, regulamenta-
ção ambiental nas escolas.
essas regras gerais, está a base nacional co- da pela Lei Orgânica de Assistência Social

mum, a ser complementada, em cada sistema Os Ministérios do Meio Ambiente e da Edu- - Lei nº 8.742, de 1993, alterada pela Lei nº

de ensino, e em cada estabelecimento escolar, cação, coordenadores da política nacional de 12.435, de 2011), relaciona-se com a Política

por uma parte diversificada, de acordo com as educação ambiental, aprovaram, em 2014, a Nacional de Proteção e Defesa Civil, particu-

características regionais e locais, da cultura, 4a edição do Programa Nacional de Educação larmente nos casos de pós-impacto.

da economia e dos educandos (redação dada Ambiental, contendo diretrizes curriculares


A Resolução do Conselho Nacional de Assis-
pela Lei nº 12.796, de 2013). Traz uma série nacionais, possibilitando a integração com
tência Social (CNAS) nº 109, de 2009, dis-
de indicações a respeito dos currículos esco- objetivos da política nacional de proteção e
põe sobre a tipificação de serviços sócio-as-
lares, algumas facultativas e outras, obrigató- defesa civil, a saber:
sistenciais e organiza a política por níveis de
rias, como a inclusão dos “princípios da pro-
IV- Incorporar a redução do risco de de- complexidade, conforme o grau de vulnera-
teção e defesa civil e a educação ambiental
sastre e as ações de proteção e defesa civil bilidade de seus demandantes, quais sejam:
de forma integrada aos conteúdos obrigató-
entre os elementos da gestão territorial e serviços de proteção social básica e servi-
rios” no ensino fundamental e médio.
do planejamento das políticas setoriais; ços de proteção social especial de média e

É importante que a educação formal inter- alta complexidade.


XIII- Desenvolver consciência nacional
nalize e trate das questões relevantes para a
acerca dos riscos de desastre, sobretudo Entre os serviços de proteção social básica
conscientização sobre a redução dos riscos de
porque a maioria os riscos prevalentes são estão os benefícios eventuais, suplementares
desastres, como forma de ampliar a capacita-
os de desastres naturais”. e provisórios, mas suficientes para garantir
ção de todos os atores envolvidos nas ativida-
com qualidade as necessidades geradas pela
des de proteção e defesa civil.
fragilidade, a exemplo do aluguel social.

82

Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


Nos serviços de proteção social de alta com- 2.14. Ciência e Tecnologia 2.15. Geologia
plexidade está incluído o “serviço de prote-
No âmbito da ciência e tecnologia, uma impor- O Ministério de Minas e Energia (MME) é o
ção em situação de calamidade pública e de
tante contribuição para a gestão dos riscos de órgão formulador de políticas públicas de ge-
emergências”, mediante a oferta de aloja-
desastres está ligada às atividades de pesquisa ologia, recursos minerais e energéticos. Como
mentos provisórios e provisão de materiais,
científica, tecnológica e de inovação nas áreas determinadas atividades são inerentes à ava-
conforme as necessidades. O serviço desti-
de meteorologia, recursos hídricos, geologia, e liação dos riscos de desastres, o Ministério de
na-se aos atingidos com perdas parciais ou
desastres naturais. Essas pesquisas enfatizam Minas e Energia tem importante papel em
totais de moradia, objetos ou utensílios pes-
a preparação, prevenção e mitigação do impac- programas de gestão do risco de desastres.
soais, que se encontram temporária ou defi-
to dos eventos adversos em bacias hidrográfi-
nitivamente desabrigados, e aos removidos A Companhia de Pesquisa e Recursos Mine-
cas urbanas e rurais, e integram dados e pes-
de áreas consideradas de risco, por prevenção rais (CPRM) é uma empresa pública vinculada
quisas multi e interdisciplinares que levem ao
ou determinação do Poder Judiciário. Abarca ao Ministério das Minas e Energia, cabendo-
desenvolvimento de técnicas inovadoras para
a segurança de sobrevivência a riscos circuns- -lhe gerar e difundir o conhecimento geoló-
a modelagem desses eventos.
tanciais, a segurança de acolhida e a seguran- gico e hidrológico necessário para o desen-
ça de convívio ou vivência familiar, comuni- O Centro de Monitoramento e Alertas de volvimento sustentável do Brasil. São de sua
tária e social. Desastres Naturais (CEMADEN), ligado ao competência, entre outras atividades, elabo-
Ministério da Ciência, Tecnologia e Inova- rar sistemas de informações, cartas e mapas
A coordenação da Política Nacional de Assis-
ção, criado pelo Decreto Federal nº 7.513, de que traduzam o conhecimento geológico e
tência Social está a cargo do Ministério do
2011, tem por objetivo manter um sistema hidrológico nacional, colaborar em projetos
Desenvolvimento Social e Combate à Fome.
de previsão de ocorrências de desastres na- de preservação do meio ambiente, em ação
A gestão é organizada sob a forma de sistema
turais em áreas suscetíveis de todo o Brasil, complementar à dos órgãos federal, estadual
descentralizado e participativo, denominado
auxiliando na prevenção, na identificação de e municipal, realizar pesquisas e estudos re-
Sistema Único de Assistência Social (SUAS),
vulnerabilidades no uso e ocupação do solo, lacionados com os fenômenos naturais, tais
cujas ações têm por objetivo a proteção à fa-
ne planejamento urbano e de implantação de como terremotos, deslizamentos, enchentes,
mília, à maternidade, à infância, à adolescên-
infraestrutura. secas, desertificação e outros, dar apoio téc-
cia e à velhice, tendo o território como base
nico e científico aos órgãos da Administração
de organização. O SUAS é integrado pelos Alertas sobre riscos são emitidos pelo CE- Pública federal, estadual e municipal (Lei Fe-
entes federativos, pelos conselhos de assis- MADEN por meio de protocolos específicos, deral nº 8.970, de 1994).
tência social nacional, estaduais, distrital e conforme disposto na Portaria nº 314, da
municipais, e por entidades e organizações Secretaria Nacional de Defesa Civil, de 17 de
de assistência social. outubro de 2012.

83

A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


A CPRM desenvolve o “Programa Geologia
Dois Programas de interesse para os municípios vêm sendo desenvolvidos pela CPRM:
do Brasil”, que abrange mapeamentos geoló-
gicos, geoquímicos e atividades voltadas para a) Cartas municipais de suscetibilidade com o objetivo de cartografar áreas suscetíveis a
movimentos gravitacionais de massa e inundação, em municípios brasileiros priorizados pelo
a aplicação do conhecimento geológico para
Governo Federal. Entre 2012 e 2016 foram elaboradas 327 cartas de suscetibilidade;
o meio ambiente e para a prevenção de riscos
geológicos. Este Programa possui duas fren- b) Cartas geotécnicas de aptidão à urbanização frente aos desastres naturais, programa
desenvolvido em parceria com o Ministério das Cidades. Esse mapeamento dá sequencia às Cartas
tes: levantamentos geológicos e geofísicos; e
Municipais de Suscetibilidade a Movimentos Gravitacionais de Massa e Inundações.
levantamentos hidrogeológicos.
O objetivo é avaliar o território municipal, do ponto de vista geológico-geotécnico, determinando
Ao realizar o levantamento geológico e geofí- a aptidão de áreas para a ocupação urbana, quanto à probabilidade de ocorrência dos desastres
naturais, abrangendo as áreas no entorno de áreas urbanizadas, que sejam possíveis vetores
sico, a CPRM produz relatórios geotécnicos,
de expansão urbana. Esse documento pretende orientar os técnicos municipais em relação ao
laudos, vistorias e pareceres técnicos, a partir
planejamento do uso e ocupação do território, indicando as áreas mais favoráveis à expansão
de demandas dos municípios, em geral da De- urbana e evitando, assim, a instalação de novas áreas de risco de ocorrência de desastres naturais.
fesa Civil, do Estado ou do Ministério Público

Quanto aos levantamentos hidrogeológicos,


no tocante às águas superficiais, a CPRM
opera a Rede Hidrometeorológica Nacional,
da ANA, desenvolve e opera sistemas de aler-
ta contra cheias em áreas críticas (por exem-
plo, Manaus e Pantanal), além de desenvolver
estudos em áreas específicas.

84

Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


Defesa civil
nos estados
3
A Política de Proteção e Defesa Civil nos Estados

A Política Nacional de Proteção e Defesa Ci- 3.1. Competências dos Estados  V - Realizar o monitoramento meteorológico,
vil, por conter medidas e ações de natureza hidrológico e geológico das áreas de risco, em
A Lei nº 12.608/12 atribui aos Estados as se-
distinta, envolver todas as instâncias gover- articulação com a União e os Municípios;
guintes competências:
namentais e uma pluralidade de agentes, em
todas as etapas da gestão de risco de desas-  VI - Apoiar a União, quando solicitado, no reco-
Art. 7º. Compete aos Estados:
tres – prevenção, mitigação, preparação, res- nhecimento de situação de emergência e estado

posta e recuperação, deve ser implementada  I - Executar a política nacional de proteção e de calamidade pública;

de forma sistêmica e coordenada. defesa civil em seu âmbito territorial;


 VII - Declarar, quando for o caso, estado de cala-

Relembrando a determinação de que é dever  II - Coordenar as ações do Sistema Nacional midade pública ou situação de emergência;

dos Estados, assim como da União e dos de Proteção e Defesa Civil em articulação com
 VIII - Apoiar, sempre que necessário, os Municí-
Municípios, adotar as medidas necessárias a União e os Municípios;
pios no levantamento das áreas de risco, na ela-
à redução de riscos de desastres, aos Esta-
 III - Instituir o Plano Estadual de Proteção e boração dos Planos de Contingência de Proteção
dos cabe, de acordo com suas peculiaridades,
Defesa Civil; e Defesa Civil e na divulgação de protocolos de
em termos de seus arranjos administrativos e
prevenção e alerta e de ações emergencial.
institucionais, promover a implementação das
 IV - Identificar e mapear as áreas de risco e
medidas indicadas na política nacional. As competências do Distrito Federal, por sua
realizar estudos de identificação de ameaças,
suscetibilidades e vulnerabilidades, em arti- característica de indivisibilidade territorial,

culação com a União e os Municípios; equiparam-se, conforme o caso, às dos Esta-


dos e às dos Municípios, inclusive no que diz
respeito à política de proteção e defesa civil.

89

A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


Entre as atribuições dos Estados há a de “exe- Deverá dispor sobre a elaboração e imple-
cutar a política nacional em seu território”, mentação do Plano Estadual de Proteção e
o que significa fixar os objetivos, diretrizes e Defesa Civil, complementando o conteúdo
mecanismos de atuação para proteção e defe- mínimo estabelecido na Lei nº 12.608/12,
sa civil. Não se trata de definir uma política adequando-o às características do Estado.
independente, distinta da nacional, mas de Deverá abordar as questões relativas ao sis-
adequar os objetivos e diretrizes nacionais às tema de monitoramento e de alerta, além do
peculiaridades de cada Estado, assim como sistema de informações, no âmbito do Esta-
de estabelecer as estratégias e mecanismos de do, entre outros dispositivos.
atuação, segundo suas peculiaridades.
A institucionalização da política no Estado
É importante que haja a institucionalização estabelece o marco referencial para a atuação
da política, aprovada em lei estadual, indican- administrativa dos órgãos estaduais de pro-
do, com clareza: teção e defesa civil, assim como dos demais
integrantes do SINPDEC no Estado (órgãos
• As competências e as formas de articula- setoriais, de apoio, setor privado, entidades
ção do Estado e dos Municípios relativas comunitárias). Estabelece as grandes linhas
às atividades de proteção e defesa civil; de atuação da política de proteção e defesa
civil no âmbito do Estado, suas diretrizes,
• Os órgãos e instituições que deverão atu-
objetivos e prioridades, as formas de plane-
ar, ou seja, a composição do Sistema de
jamento e implementação das ações, com
Proteção e Defesa Civil em nível estadual;
vistas à redução dos riscos de desastres e ao
• A forma de atuação dos órgãos de proteção atendimento das situações de desastre.
e defesa civil;
Vários Estados aprovaram leis estaduais ins-
• Os mecanismos de articulação com os ór- tituindo as políticas de proteção e defesa ci-
gãos setoriais; vil, a exemplo do Estado do Paraná.

• As formas de participação da população.

90

Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


A Lei estadual nº 9.500, aprovada em 24 de julho de 2015, institui a Política Estadual de Proteção e Defesa Civil do Estado do Paraná, com base nas
diretrizes, objetivos, competências e normas estabelecidas na lei nacional de proteção e defesa civil. Em linhas gerais, a lei paranaense dispõe sobre:

• O Sistema Estadual de Proteção e Defesa Civil, responsável pela execução da política, com a finalidade de coordenar as medidas de natureza
permanente, para prevenir ou minimizar as consequências danosas de eventos anormais e adversos, previsíveis ou não, e socorrer e assistir as
populações e áreas atingidas;

• A composição do Sistema Estadual: órgão colegiado: Conselho Estadual de Proteção e Defesa Civil – Ceprodec; órgão central: Coordenadoria Es-
tadual de Proteção e Defesa Civil – Cepdec; órgãos regionais: Coordenadorias Regionais de Proteção e Defesa Civil – Corpdec; órgãos municipais:
órgãos de coordenação de proteção e defesa civil no município; órgãos setoriais das três esferas de governo; órgão de assessoramento: Centro de
Estudos e Pesquisas sobre Desastres – Ceped/PR, da Casa Militar;

• A natureza das ações de proteção e defesa civil, de caráter permanente, nas situações de normalidade como de anormalidade, compreendendo as ati-
vidades de prevenção, mitigação, preparação, resposta e recuperação.

• O apoio, a ser prestado aos municípios, sempre que necessário, no levantamento das áreas de atenção e de risco, na elaboração dos Planos de
Contingência de Proteção e Defesa Civil, na divulgação de protocolos de prevenção e alerta e de ações emergenciais, bem como na realização de
exercícios simulados;

• A necessidade de se manter operantes a Coordenadoria Estadual e as Coordenadorias Regionais, utilizando-se da estrutura institucional de pes-
soal, operacional e administrativa do Comando do Corpo de Bombeiros, de forma a apoiar os municípios na realização das ações de proteção e
defesa civil, promovendo a integração entre a coordenação estadual e os municípios;

• A execução, sob coordenação da Coordenadoria Estadual, de ações de proteção e defesa civil, por meio do Comando do Corpo de Bombeiros, res-
peitadas suas atribuições legais;

• O apoio aos municípios na criação e fortalecimento do órgão e do Conselho municipal de proteção e defesa civil, bem como na implementação e
operação de sistemas locais de alerta precoce;

• A instalação dos Conselhos Municipais de Gestão de Riscos e Desastres ou de Proteção e Defesa Civil para auxiliar na elaboração e revisão de
planos, bem como no acompanhamento e fiscalização da implementação das políticas estadual, nacional e municipal de Proteção e Defesa Civil;

• A atuação permanente das Coordenadorias Municipais de Proteção e Defesa Civil, promovendo a integração com as demais instituições públicas
locais;

91

A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


• O conteúdo do Plano Estadual de Proteção e Defesa Civil, que deve conter as atribuições setoriais específicas dos planos setoriais de proteção e
defesa civil;

• A elaboração do Plano Municipal de Proteção e Defesa Civil contendo as principais diretrizes para a gestão de riscos e desastres, promovendo a
participação de representantes da sociedade civil organizada e de lideranças sociais;

• A elaboração do Plano de Implantação de Obras e Serviços para a redução de riscos de desastres, conforme orientações da Coordenadoria Es-
tadual de Proteção e Defesa Civil;

• O planejamento integrado visando à redução do risco de desastres em regiões metropolitanas ou aglomerações urbanas.

Observe-se que a lei paranaense institui o 3.1.1. Plano Estadual II - As diretrizes de ação governamental de
Plano Municipal de Proteção e Defesa Civil, proteção e defesa civil no âmbito estadual, em
de Proteção e Defesa Civil
que deverá conter, no mínimo, a definição de especial no que se refere à implantação da rede
diretrizes, metas e ações próprias ou a serem O Plano Estadual é o instrumento de plane- de monitoramento meteorológico, hidrológico
desenvolvidas pelos órgãos setoriais, a mé- jamento das atividades de proteção e defesa e geológico das bacias com risco de desastre.
dio e longo prazos. Também dispõe sobre o civil e deverá ter, como conteúdo mínimo, se-
Plano Municipal de Contingência que deverá gundo a Lei nº 12.608/12: Além desse conteúdo mínimo, cada Estado

conter, pelo menos, o cadastro das áreas de poderá estabelecer conteúdo complementar
Artigo 7º, parágrafo único: para o seu Plano de Proteção e Defesa Civil,
atenção, de abrigos, de recursos, ações opera-
cionais, organização dos exercícios simulados em função das características dos riscos de
I - A identificação das bacias hidrográficas
e localização dos centros de recepção de ajuda desastres mais recorrentes em seu território.
com risco de ocorrência de desastres;
humanitária.

92

Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


3.1.2. Identificação 3.1.3. Apoio aos Municípios 3.2. Regionalização da Política
e Monitoramento das e à União de Proteção e Defesa Civil
Áreas de Risco As demais competências do Estado, listadas O evento adverso poderá ter impacto em
na Lei nº 12.608/12, podem ser agrupadas áreas geográficas de maior ou menor abran-
Uma importante atribuição do Estado é a
como atividades de apoio aos Municípios gência, e, com frequência, os desastres não se
identificação e mapeamento de áreas de ris-
e à União. O apoio aos Municípios, quando limitam ao território de um único município,
co. Nesse sentido, a Lei nacional determina
solicitado, será para a elaboração dos Planos podendo abranger uma região inteira ou até
que os Estados, em articulação com a União
de Contingência de Proteção e Defesa Civil e mesmo mais de um estado. Portanto, as polí-
e os Municípios, promovam a identificação e
para a divulgação de protocolos de prevenção ticas e planos a serem adotados deverão levar
mapeamento dessas áreas, assim como das
e alerta e para as ações emergenciais. em conta distintos recortes espaciais, como
ameaças, suscetibilidades e vulnerabilidades,
para possibilitar a adoção de medidas de pre- as regiões metropolitanas, as aglomerações
Na ocorrência de desastres, o Estado poderá
venção e mitigação. Cabe ao Estado, de igual urbanas ou as microrregiões.
ser solicitado a apoiar a União no reconheci-
forma, prestar apoio aos municípios para a
mento da situação de emergência ou estado de O Estado pode adotar diferentes formas de re-
avaliação das áreas de risco existentes.
calamidade pública, ou declará-los, por inicia- gionalização para obter maior capilaridade das
tiva própria, dependendo das circunstâncias. ações de proteção e defesa civil, segundo crité-
Ao Estado cabe realizar o monitoramento me-
teorológico, hidrológico e geológico das áreas rios bem definidos de contiguidade territorial,

de risco, assim como dos riscos biológicos e características geográficas, similitude de fenô-

químicos, de forma articulada com a União menos observados, tipo de riscos encontrados

e os Municípios. Os Estados devem produzir ou gestão descentralizada já adotada para a

alertas sobre a possibilidade de ocorrência implementação das diversas políticas públicas.

de desastres, também em articulação com a Para viabilizar as ações de proteção e defesa

União e os Municípios. civil nesses diferentes recortes territoriais, o


Estado poderá criar órgãos regionais específi-
cos ou apoiar-se em organismos já existentes
de gestão descentralizada.

93

A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


Proteção e Defesa Civil em Regiões os critérios adotados pela Fundação Instituto restrições à urbanização visando à prote-
Metropolitanas e Aglomerações Urbanas Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. ção do patrimônio ambiental ou cultural,
bem como das áreas sujeitas a controle es-
Uma forma de regionalização relevante para Aglomeração urbana: unidade territorial pecial pelo risco de desastres naturais, se
a Política Nacional de Proteção e Defesa Ci- urbana constituída pelo agrupamento de 2 existirem. ” (Artigo 12, § 1º, inciso V da Lei nº
vil é a referente às Regiões Metropolitanas (dois) ou mais Municípios limítrofes, carac- 13.089, de 2015).
e Aglomerações Urbanas, já que são figuras terizada por complementaridade funcional
institucionalizadas, dotadas de competências e integração das dinâmicas geográficas, am- Observa-se, pois, a importância atribuída ao

especificas e formas de administração dos as- bientais, políticas e socioeconômicas. planejamento territorial de âmbito regional,

suntos de interesse comum. com a clara determinação das áreas de risco,


O Plano de Desenvolvimento Urbano In- como forma de se adotar medidas de preven-
O Estatuto da Metrópole (Lei Federal nº tegrado é de elaboração obrigatória, sendo ção e de mitigação de desastres. É muito im-
13.089, de 12 de janeiro de 2015) tem como aprovado por lei estadual, devendo ser revis- portante a participação dos órgãos de prote-
objetivo promover a integração de ações en- to a cada 10 anos e abranger todos os muni- ção e defesa civil, juntamente com os órgãos
tre os municípios de uma metrópole ou aglo- cípios integrantes da região metropolitana ou responsáveis pelo planejamento urbano, nes-
aglomeração urbana, abrangendo suas áreas sa etapa de identificação das áreas de risco.
meração urbana, em parceria com os gover-
urbanas e rurais.
nos estadual e federal. Trata do planejamento
As questões de proteção e defesa civil devem
e da gestão das regiões metropolitanas e aglo-
Os Planos Diretores municipais deverão ser ser consideradas nas regiões metropolitanas
merações urbanas, mediante o Plano de De-
compatibilizados com o Plano de Desenvolvi- e aglomerações urbanas por serem as mais
senvolvimento Urbano Integrado e a estrutu- mento Urbano Integrado, que será elaborado urbanizadas do País, onde as ameaças são
ração de órgãos responsáveis pela governança no prazo de 3 anos. Há sanções pelo não cum- recorrentes, tanto em relação aos desastres
regional, também aplicável, no que couber, às primento dessas exigências constantes do naturais como aos tecnológicos e biológicos.
microrregiões instituídas pelos Estados, com Estatuto da Metrópole, pois os governadores O objetivo é inserir redução dos riscos de de-
características predominantemente urbanas, ou os agentes responsáveis, assim como os sastres como um tema transversal ao planeja-
para tratar das funções de interesse comum. Prefeitos, poderão incorrer em improbidade mento e gestão dessas unidades territoriais.
administrativa, caso descumpram o prazo de
Região metropolitana: espaço urbano com Um bom exemplo da gestão de riscos de de-
elaboração ou de compatibilização dos Planos
continuidade territorial que, em razão de sua sastres é o da região metropolitana de Cam-
Diretores.
população e relevância política e socioeconô- pinas, São Paulo.
mica, tem influência nacional ou sobre uma O Plano de Desenvolvimento Urbano Inte-
região que configure, no mínimo, a área de grado deverá contemplar, entre seus requisi-
influência de uma capital regional, conforme tos mínimos, “a delimitação das áreas com

94

Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


La Región Metropolitana de Campinas, que comprende 20 municipios, es administrada por la
Agencia Metropolitana (Agemcamp), agencia estadual vinculada a la Secretaría Estadual de
Economía y Planeación, con el fin de promover la organización, planificación y ejecución de las
funciones públicas de interés general en el área metropolitana. Su tarea consiste en establecer
objetivos, planes, programas y proyectos de interés común metropolitanos y fiscalizar la imple-
mentación de las directrices y normas metropolitanas. Cuenta con el Consejo para el Desarrollo,
de naturaleza deliberativa y política, integrado por los alcaldes de la región y los representantes
del Estado. El Consejo opera a través de Cámaras Temáticas, entre ellas la de Defensa Civil,
creada en menos de seis años, con la misión de identificar, analizar y proponer al Consejo las
cuestiones relacionadas con la protección y defensa civil; para adaptar la legislación municipal a
las directrices de la política nacional y regional de protección y defensa civil; para establecer, or-
ganizar y promover la adopción de procedimientos comunes para todos los municipios miembros
de la zona metropolitana y para adquirir el equipamiento necesario.

La Región Metropolitana de Campinas cuenta con recursos del Fondo de Desarrollo de la


Región Metropolitana, o FUNDOCAMP, establecido en 2006 con fondos estaduales (80%) y
de los municipios metropolitanos (20%) para financiar los programas y actividades de interés
metropolitano.

La creación de sistemas municipales de protección y defensa civil fue una de las primeras accio-
nes de la Cámara Temática de Defensa Civil, que ha prestado apoyo para la creación de organis-
mos municipales de defensa civil y la actualización de la legislación municipal, proporcionando
una acción sistémica, a nivel municipal y regional.

El Agemcamp tiene como norma de gestión la formalización de los procedimientos a ser adop-
tados, por medio de instrumento legal o reglamentario. La legislación permite el seguimiento
de la eficacia de las acciones en los municipios, inclusive para responsabilizar a aquellos que no
respeten o no cumplan las normas establecidas.

95

A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


Municípios
98

Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


4
A Política de Proteção e Defesa Civil nos Municípios

O Município é o responsável primeiro pelas 4.1. Competência dos • Inserção das questões ligadas à gestão de
ações de redução dos riscos de desastres em riscos de desastres no planejamento mu-
Municípios na Gestão de Riscos
seu território, devendo coordenar a imple- nicipal (inciso III);
mentação da Política Nacional de Proteção e de Desastres
Defesa Civil em todos os seus componentes, • Gerenciamento das áreas de risco existen-
A Lei nº 12.608/12, no artigo 8º, trata das
com ênfase para a prevenção. Para tanto, os tes em seu território, por meio de medi-
competências dos Municípios, tanto nos as-
gestores municipais devem integrá-la às de- das como:
pectos gerais da política de proteção e defesa
mais políticas públicas e trabalhar articulada- civil - planejamento e gestão-, como nos as- - Identificar e mapear essas áreas (inciso
mente com as outras esferas de poder, com pectos específicos, relacionados às etapas da IV);
vistas ao bem-estar da população. gestão de riscos de desastres: prevenção, mi-
tigação, preparação, resposta e recuperação. - Fiscalizar o uso e ocupação dessas áreas,
impedindo novas ocupações nesses lo-
Cabe ao município, portanto, adotar uma sé- cais (inciso V);
rie de medidas, tais como:
- Identificar, fiscalizar, por meio de visto-
• Implementação da política municipal de rias, as edificações e as áreas de risco, o
proteção e defesa civil (inciso I); que poderá resultar em intervenção, de
forma preventiva, assim como em eva-
• Coordenação dos órgãos integrantes do
cuação da população das áreas de alto
Sistema de Proteção e Defesa Civil, no
risco ou das edificações vulneráveis (in-
âmbito local, de forma articulada com o
ciso VII);
Estado e a União (inciso II);

99

A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


Adoção de medidas de prevenção e prepara- - promover a coleta, a distribuição e o verá internalizar o princípio da prevenção e
ção para o desastre, como: controle de suprimentos em situações da precaução, bem como da informação, em
de desastre (inciso XII); todas as ações da Administração local. Para
- organizar e administrar abrigos provi-
isso, deverá:
sórios para assistência à população em - proceder à avaliação de danos e prejuí-
situação de desastre, em condições ade- zos das áreas atingidas por desastres • Estimular a reorganização do setor produ-
quadas de higiene e segurança (inciso (inciso XIV); tivo e a reestruturação econômica das áre-
VIII); as atingidas por desastres, ou seja, adotar,
- estimular a participação de entidades no âmbito de sua competência, as medi-
- manter a população informada sobre privadas, clubes de serviços, organiza- das de apoio e incentivo às atividades eco-
áreas de risco e ocorrência de eventos ções não governamentais, associações nômicas impactadas por desastres.
extremos, bem como sobre protocolos de classe e comunitárias; promover o
de prevenção e alerta e sobre as ações treinamento de associações de volun- • Estabelecer medidas preventivas de segu-
emergenciais em circunstâncias de de- tários para atuação conjunta com as co- rança contra desastres em escolas e hospi-
sastres (inciso IX); munidades (inciso XV); tais situados em áreas de risco.

- mobilizar e capacitar os radioamadores - prover solução de moradia temporária Como essas medidas têm relação com o or-
para atuação na ocorrência de desastre às famílias atingidas por desastres (in- denamento territorial, competência do mu-
(inciso X); ciso XVI). nicípio, cabe-lhe atentar para as condições de
segurança contra desastre em relação à insta-
- realizar regularmente exercícios simu- Além das competências supramencionadas, lação e funcionamento dos equipamentos de
lados, conforme Plano de Contingência deve-se relembrar que há competências co- educação e saúde em áreas vulneráveis.
de Proteção e Defesa Civil (inciso XI); muns aos Municípios, aos Estados e União,
a saber: • Oferecer capacitação de recursos humanos
Atuação em situação de desastre, por meio
para as ações de proteção e defesa civil.
das seguintes medidas: • Promover a cultura nacional de prevenção,
visando à maior conscientização acerca A atuação dos órgãos municipais de proteção
- declarar situação de emergência ou es- dos riscos de desastres e estimular com- e defesa civil é muito importante no que se
tado de calamidade pública (inciso VI); portamentos de prevenção, para evitar ou refere à capacitação de recursos humanos,
minimizar a ocorrência de desastres. envolvendo todos os agentes de proteção e
- manter a União e o Estado informados
defesa civil, sejam eles públicos ou privados.
sobre a ocorrência de desastres e as ati- O município deverá adotar medidas que Programas de capacitação de recursos hu-
vidades de proteção civil no Município promovam a conscientização da população manos têm sido amplamente adotados em
(inciso XIV); acerca dos riscos de desastres, ou seja, de- numerosos municípios, sob o comando dos

100

Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


órgãos municipais e estaduais de proteção e 4.1.1. Execução da Política A política municipal está baseada nos mesmos
defesa civil. princípios e diretrizes da política nacional, ou
no Âmbito Local
seja, tem como objetivo central reduzir os ris-
• Fornecer dados e informações para o sis- A política de proteção e defesa civil é execu- cos de desastres. Como já mencionado neste
tema nacional de informações e monito- tada no plano local, pois é no território mu- Manual, a redução dos riscos é dever do Mu-
ramento de desastres. nicipal que os desastres acontecem, cabendo nicípio, assim como da União e do Estado.
ao Poder Público local adotar medidas para a Não cabe, pois, ao administrador local decidir
Trata-se de manter atualizados os dados do
prevenção, mitigação, preparação, resposta e pela conveniência, ou não, de adotar uma po-
Sistema Nacional de Informações e Monito-
recuperação, com o apoio das demais instân- lítica de proteção e defesa civil, já que é uma
ramento de Desastres, e, em especial, o Sis-
cias governamentais. obrigação legal, tocando-lhe dotar o municí-
tema Integrado de Informações sobre Desas-
pio das condições necessárias para tanto. Sob
tres – S2ID, instituído pelo governo federal, Um aspecto relevante para a efetiva implemen-
pena de omissão, as medidas voltadas à redu-
que não pode prescindir do fornecimento tação da política nacional de proteção e defesa
ção de riscos de desastres, enfeixadas numa
de dados e informações atualizadas e perió- civil, é a existência de uma sólida base institucio-
política local, no âmbito da política nacional,
dicas voltadas à gestão dos riscos de desas- nal, de forma a promover a atuação coordenada
devem necessariamente ser adotadas.
tres. Cabe, portanto, ao município informar das três esferas de governo, além de estimular a
todos os eventos e os desastres ocorridos em participação de todos os atores relevantes para A formulação de uma política municipal de
seu território e não apenas nas ocasiões que a redução dos riscos de desastres. proteção e defesa civil, portanto, significa
demandem o reconhecimento dos desastres, traduzir, no âmbito local, as diretrizes e es-
pela União, de forma a se pleitear recursos. A política municipal de proteção e defesa ci-
tratégias de atuação para a redução dos riscos
vil é a concretização, no plano local, das di-
de desastres; estabelecer os mecanismos de
Maiores referências: ver Manual A Gestão de retrizes e normas da política nacional, ou
inserção da redução de riscos de desastres no
Riscos de Desastres no Brasil. seja, consolida o comprometimento das au-
planejamento territorial e urbano e na execu-
toridades municipais, de forma a assegurar
ção de projetos de infraestrutura; adotar os
a visão sistêmica e coordenada da Política de
instrumentos de proteção e defesa civil, como
Proteção e Defesa Civil. Nesse sentido, a Lei
o plano de contingência, de redução de riscos
Federal nº 12.608/2012 dispõe que cabe ao
de desastres, entre outros; definir os órgãos
município “executar a política nacional em
responsáveis, e suas atribuições, pela imple-
âmbito local”, além de “coordenar as ações
mentação das ações de proteção e defesa civil
do SINPDEC no âmbito local, em articula-
(integrantes do Sistema Municipal de Prote-
ção com a União e os Estados”.
ção e Defesa Civil); estabelecer as formas de

101

A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


articulação entre os órgãos setoriais do mu- 4.1.2. Inserção das Questões de • A política urbana e a gestão de riscos de
nicípio e destes com os das demais instâncias desastres
Redução de Riscos de Desastres no
governamentais, bem como com os demais
atores relevantes para a redução de riscos no Planejamento Municipal Como já mencionado neste Manual (Item

município – comunidade, sociedade civil or- 2.8. Política de Habitação de Interesse Social)
A redução dos riscos de desastres é um tema
ganizada, entidades privadas, entidades de o Estatuto da Cidade – Lei Federal nº 10.257,
transversal a ser considerado nas políticas de
acadêmicas e de pesquisa; adotar os mecanis- de 2001, trata das diretrizes gerais e dos ins-
meio ambiente, habitação, saneamento, edu-
mos a serem utilizados para a conscientiza- trumentos da política urbana nacional, den-
cação, assistência social, saúde, e, em especial,
ção e para a mobilização da sociedade, entre tre eles o Plano Diretor Municipal. Entre as
no que se refere ao ordenamento territorial,
outros aspectos. diretrizes gerais, trata da ordenação e con-
já que a distribuição da população e ativida-
trole do uso do solo, que deve evitar, entre
des econômicas no território municipal pode
Trata-se de institucionalizar a proteção e outros, a “exposição da população a riscos de
gerar riscos, em função da vulnerabilidade de
defesa civil, como uma política pública, tor- desastres” (artigo 2º, VI, h).
determinados locais.
nando-a uma atividade perene, dotada de re-
conhecimento político, com objetivos claros, Portanto, no processo de ordenamento e con-
Portanto, os órgãos de proteção e defesa civil
instrumentos de atuação e recursos adequa- trole do uso e ocupação do solo urbano, exi-
devem ter um maior protagonismo junto aos
dos à sua efetiva implementação, mediante a ge-se que seja evitada a exposição da popu-
órgãos de planejamento urbano, de habita-
edição de lei municipal. lação, ou seja, reitera-se a necessidade de se
ção, saneamento, transportes, entre outros,
atuar para reduzir os riscos de desastres. Essa
para garantir a não ocupação das áreas de
Alguns municípios já institucionalizaram a diretriz, considerada de ordem pública, deve
risco ou vulneráveis. O papel da proteção e
política e o sistema de proteção e defesa civil ser necessariamente observada, sob pena de
defesa civil é contribuir nas ações de preven-
por meio de legislação municipal. sanções, conforme disposto no Estatuto da
ção e mitigação, a cargo de outros órgãos da
Cidade. Essa exigência deve ser cumprida por
Prefeitura, e não apenas atuar nas ações de
todos os municípios, independentemente de
preparação e resposta.
estarem ou não incluídos no Cadastro Nacio-
Nesse sentido, a Lei nº 12.608/12 estabele- nal de municípios com áreas de risco de des-
ce uma série de diretrizes e normas, a seguir lizamentos, inundações ou outros processos
analisadas. geológicos ou hidrológicos correlatos.

Entre os instrumentos de política urbana e de


ordenamento territorial, o Estatuto da Cidade
dispõe sobre o Plano Diretor, definido como
o “instrumento básico da política de desen-

102

Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


volvimento e expansão urbana”. É o principal das as áreas de risco, as expostas a ameaças Nesse sentido, estabelece a Lei nº 12.608/12:
instrumento do planejamento municipal, no e vulneráveis, o que possibilitará a adoção de
qual são fixadas as diretrizes e normas gerais propostas de uso e ocupação do solo que pre- Art. 23.  É vedada a concessão de licença ou

do uso e ocupação do solo no município. Suas vinam a ocorrência de desastres. alvará de construção em áreas de risco indica-

determinações devem ser observadas por to- das como não edificáveis no plano diretor ou

dos os demais planos setoriais, já que cabe • A legislação urbanística e as áreas de risco legislação dele derivada.

ao Plano Diretor determinar a “função social


Não basta tratar da redução de riscos no Trata-se de norma de extrema importância
da cidade e da propriedade urbana”. Planos
âmbito do Plano Diretor. É essencial que a para a gestão de riscos de desastres nas áreas
setoriais como os de habitação de interesse
legislação municipal, como as leis de parcela- urbanas, já que veda a possibilidade de cons-
social, de saneamento, de resíduos sólidos,
mento do solo urbano, de uso e ocupação do trução em áreas de risco. Uma vez que tenha
de transportes e mobilidade, enfim, todas as
solo urbano, ou lei de zoneamento urbano, e sido verificada a vulnerabilidade de determi-
peças de planejamento que tragam consequ-
o Código de Obras e Edificações estabeleçam nada área, ou seja, havendo risco de desas-
ências no ordenamento territorial e urbano
normas para reduzir os riscos de desastres e, tre, a Administração municipal, através do
do município devem observar suas diretrizes
em especial, determinem em que áreas a ocu- órgão responsável pela concessão de licença
e estratégias.
pação é permitida ou não. de construção (Secretaria de Urbanismo, por

A Política Nacional de Proteção e Defesa Ci- exemplo) deverá negar a licença de constru-
Nem sempre o disposto nos Planos Diretores ção (e o respectivo alvará de construção). Essa
vil corretamente alinhou-se ao Plano Diretor
é observado, pois a legislação urbanística, ne- prerrogativa decorre do fato de essas áreas
para alcançar dois de seus objetivos: “incor-
cessária para sua implementação, não existe, serem consideradas não edificáveis, ou seja,
porar a redução do risco de desastre e as ações
está desatualizada ou em desacordo com o não são passiveis de ocupação, desde que o
de proteção e defesa civil entre os elementos
disposto no referido Plano Diretor. Portan- Plano Diretor ou a correspondente legislação
da gestão territorial e do planejamento das
to, é fundamental que as leis urbanísticas se- urbanística assim tenha determinado.
políticas setoriais” e “estimular o ordenamen-
jam atualizadas, e reflitam a real situação de
to da ocupação do solo urbano e rural, ten-
uso e ocupação do solo no município. Cabe Portanto, é fundamental que o município
do em vista sua conservação e a proteção da
a essa legislação determinar onde e em que tenha um Plano Diretor atualizado, no qual
vegetação nativa, dos recursos hídricos e da
condições é possível edificar. Portanto, as constem as áreas de risco (com base no ma-
vida humana” (Lei 12.608/12, Art. 5o, inci-
áreas vulneráveis, sujeitas a inundações, a peamento e nas cartas geotécnicas de aptidão
sos IV e X).
deslizamentos ou a outros tipos de ameaças, à urbanização), assim como leis de uso e ocu-

Nesse sentido, os órgãos de proteção e defesa devem ser consideradas como não edificáveis pação do solo urbano, na qual estejam indi-

civil têm um importante papel na formulação nas leis de uso e ocupação do solo. cadas, com clareza, as áreas vulneráveis e de

do planejamento territorial e urbano do mu- risco, caracterizando-as como não edificáveis.

nicípio, de forma que possam ser determina-

103

A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


A Lei nº 12.608/12 alterou a redação da lei gência adicional, ou seja, a apresentação 4.1.3. Gerenciamento
de parcelamento do solo urbano, que tra- de projeto de parcelamento, à Prefeitura,
das Áreas de Risco
ta do loteamento e do desmembramento, Lei observados os requisitos mencionados na
Federal nº 6.766, de 19 de dezembro de 1979 carta geotécnica de aptidão à urbanização. • O gerenciamento das áreas de risco exis-
(artigo 12). Duas determinações importantes tentes no território municipal deve ser
devem ser observadas em relação à aprovação Com essa providência, assegura-se que a Ad- feito por meio de:
de loteamentos e desmembramentos: ministração municipal estará amparada em
critérios técnicos, constantes da carta geotéc- • Identificação e mapeamento dessas áreas
• Em todos os municípios, é vedada a nica, para aprovar novas ocupações urbanas,
• Fiscalização do uso e da ocupação dessas
aprovação de projeto de loteamento e evitando, assim, a criação de áreas de risco de
áreas, impedindo novas ocupações nesses
desmembramento em áreas de risco, desastres.
locais
definidas como não edificáveis, no Plano
Diretor ou em legislação dele derivada. Cabe mencionar a importância, além das leis
• Fiscalização, por meio de vistorias, das
urbanísticas, do Código de Obras e Edifica-
edificações e das áreas de risco, o que po-
Esta norma complementa a que veda a apro- ções, contendo normas e requisitos que ga-
derá resultar em intervenção, de forma
vação de edificações em áreas de risco (aci- rantam construções resilientes, capazes de
preventiva, assim como em evacuação da
ma mencionada), pois também é proibida a fazer face às ameaças e riscos de desastres.
população das áreas de alto risco ou das
aprovação de loteamento ou desmembra- O projeto técnico a ser observado, a qualidade
edificações vulneráveis
mento de imóveis situados em áreas de risco, dos materiais utilizados e demais exigências
consideradas como não edificáveis. para edificações e obras mais seguras devem Cabe ao município identificar e mapear as
constar do Código de Obras e Edificações do áreas de risco que deverão constar do Plano
Em suma, o fato de uma área ser considera- município, como importante medida para a Diretor e da legislação urbanística municipal,
da como de risco pelo Plano Diretor ou pela redução dos riscos de desastres. com o apoio da União e do Estado. As áreas
legislação municipal traz como consequência
de risco devem ser fiscalizadas para evitar
a impossibilidade de a Administração muni- A existência de legislação urbanística e ocupações indevidas. A fiscalização somen-
cipal aprovar qualquer loteamento, desmem- edilícia atualizada é essencial para que a te será efetiva se houver determinação le-
bramento ou construções. Essas áreas não Administração municipal exerça o controle e gal que a ampare. Trata-se do exercício do
são passíveis de serem ocupadas. a fiscalização da ocupação do solo urbano. poder de polícia do município, cabendo à fis-
• Nos municípios inseridos no Cadastro calização atestar o cumprimento das normas
Nacional, a aprovação de loteamentos e urbanísticas e edilícias.
desmembramentos, em áreas passíveis de
serem ocupadas, dependerá de uma exi-

104

Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


A Lei nº 12.608/12 menciona, também, a 4.1.4. Adoção de Medidas 4.1.5. Atuação em Situações
competência do município para reconhecer,
de Preparação para os Desastres de Desastre
mediante vistoria técnica (uma forma de pro-
mover a fiscalização), riscos iminentes, de alto As medidas de preparação para o desastre são Na ocorrência de um desastre, cabe ao mu-
grau de periculosidade em edificações, com- as diretamente afetas à atuação direta ou às nicípio (ou ao Estado, dependendo do porte
prometendo a segurança e a saúde dos ocu- atividades de coordenação realizadas pelos e da abrangência do desastre), declarar a si-
pantes. Esse fato justifica a adoção de medidas órgãos de proteção e defesa civil. O rol de ati- tuação de emergência ou o estado de calami-
emergenciais, como a interdição do local e das vidades demandadas na preparação para os dade pública, tema tratado no item 1.7 deste
edificações vulneráveis, assim como a remoção desastres exige a participação de demais ór- Manual.
preventiva da população desses locais. gãos, o que será previsto no Plano de Contin-
gência e objeto de exercícios simulados, para Na ocorrência de desastre, o município deve
A fiscalização do uso e ocupação do solo deve verificar o grau de preparação do município manter informados a União e o Estado sobre
ser exercida pelos agentes municipais, de em caso de desastre. a situação e providências tomadas, por meio
acordo com as atribuições de cada órgão. do Sistema Integrado de Informações sobre
Como cabe à proteção e defesa civil tratar, A administração dessas atividades requer Desastres – S2ID.
preponderantemente, das questões relativas protocolos com definição clara das atribui-
ções de cada órgão ou entidade Para maiores informações, consultar o Manu-
à gestão dos riscos de desastres, a fiscalização
al Entendendo a Gestão de Riscos de Desas-
deve contar com a participação de agente de
Para maiores informações, consultar o Manu- tres no Brasil.
proteção e defesa civil.
al A Gestão de Riscos de Desastres no Brasil.
Outras ações de competência do municí-
Recomenda-se que cada município, ao tratar
A participação da sociedade e dos atores rele- pio, necessárias à prestação de socorro e de
das atribuições dos órgãos locais do sistema
vantes para a preparação para os desastres é atendimentos às necessidades da população,
de proteção e defesa civil, especifique a quem
também uma importante ação a ser promovi- são a coleta, distribuição e controle de supri-
cabe as atribuições de fiscalização das áreas
da pelo município, envolvendo as entidades mentos, a provisão de moradia temporária às
de risco de desastres, observado o disposto
privadas, organizações não governamentais, famílias desalojadas. A avaliação dos prejuí-
na Lei nº 12.608/2012.
associações de classe e comunitárias, e vo- zos e danos causados no território municipal
luntários. Através de ações de capacitação também se inclui na competência municipal.
e treinamento, a comunidade poderá contar
com o apoio de uma ampla gama de pessoas
preparadas para prestar apoio em caso de de-
sastres.

105

A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


4.2. Gestão dos Riscos de 4.2.1. Exigências para Nacional de Municípios com áreas suscetíveis à
ocorrência de deslizamentos de grande impacto,
Desastres em Municípios os Municípios Integrantes
inundações bruscas ou processos geológicos ou hi-
Incluídos no Cadastro Nacional do Cadastro Nacional drológicos correlatos”.

O Cadastro Nacional de municípios com áre- Os Municípios integrantes do Cadastro Na-


A elaboração do Plano Diretor nesses municí-
as suscetíveis à ocorrência de deslizamentos cional podem contar com o apoio da União e
pios deverá levar em consideração o plano de
de grande impacto, inundações bruscas ou dos Estados para o cumprimento das exigên-
recursos hídricos, de acordo com o disposto
processos geológicos ou hidrológicos correla- cias estabelecidas, a seguir descritas:
na legislação nacional de recursos hídricos. O
tos foi instituído pela Lei nº 12.608/12, que
• Instituir órgãos municipais de defesa civil, conteúdo do Plano Diretor para esses municí-
alterou a Lei nº 12.340, de 2010.
de acordo com os procedimentos estabele- pios observará determinações legais, confor-

A inscrição no Cadastro é feita por iniciativa cidos pelo órgão central do Sistema Nacio- me mencionado no item 4.2.2. Conteúdo do

do Município ou mediante indicação dos de- nal de Proteção e Defesa Civil – SINPDEC Plano Diretor.

mais entes federados.


Trata-se de dotar o município de condições, • Elaborar o Plano de Contingência de Pro-

Aos municípios incluídos no Cadastro Nacio- do ponto de vista administrativo, para de- teção e Defesa Civil.

nal é dado tratamento específico, em função sempenhar as atividades ligadas à gestão de


O Plano de Contingência de Proteção e Defesa
das características dos desastres a que estão riscos de desastres exigidas pela legislação,
Civil será elaborado no prazo de 1 (um) ano,
sujeitos. Isso configura, na realidade, uma pelo fato de integrar o Cadastro Nacional. Na
sendo submetido à avaliação e à prestação de
estratégia de ação da política nacional, uma realidade, todos os municípios devem contar
contas anual, por meio de audiência pública,
forma de enfeixar um rol de ações a serem com órgãos de proteção e defesa civil, mas,
com ampla divulgação (Lei no 12.340, Art.
adotadas no caso de desastres geohidromete- no caso em questão, essa exigência é reitera-
3-A, § 6º, com a redação dada pelo art. 22 da
orológicos. da pela lei nacional de proteção e defesa civil,
Lei no 12.608, de 2012).
Lei nº 12.608/12.
Essas medidas compreendem exigências em
• Elaborar o mapeamento e a carta geotéc-
relação à gestão dos riscos de desastres, co- • Elaborar o Plano Diretor
nica de aptidão à urbanização
nhecimento dos riscos, medidas especificas
A lei nacional de proteção e defesa civil deu
de prevenção e mitigação, atuação integrada O mapeamento deve conter as áreas suscetí-
nova redação ao artigo 41 do Estatuto da Ci-
das três instâncias governamentais, medidas veis à ocorrência de deslizamentos de grande
dade, acrescentando, ao rol dos municípios
de monitoramento e condicionantes para a impacto, inundações bruscas ou processos
que, originalmente, eram obrigados a ela-
elaboração do Plano Diretor Municipal e para geológicos ou hidrológicos correlatos.
borar ou revisar o Plano Diretor, no prazo
a aprovação de parcelamento do solo urbano
máximo de 5 anos, os “incluídos no Cadastro

106

Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


As cartas geotécnicas estabelecem diretrizes • Criar mecanismos de controle e fiscalização • Observar critérios para a remoção de popu-
urbanísticas voltadas para a segurança dos lação de áreas de risco de desastre
novos parcelamentos do solo urbano e para Os mecanismos de controle e a fiscalização da

o aproveitamento de agregados para a cons- ocupação das áreas de risco, com o objetivo A remoção de população, quando necessária,

trução civil. de evitar novas edificações em áreas suscetí- deverá observar alguns critérios:
veis à ocorrência de deslizamentos de grande
A elaboração do mapeamento e das cartas ge- impacto, inundações bruscas ou processos • Realizar vistoria no local e elaboração de

otécnicas são pressupostos para a indicação geológicos ou hidrológicos correlatos, são laudo técnico que demonstre os riscos da

das áreas de risco, e para o estabelecimento de uma exigência legal. Os órgãos de proteção e ocupação para a integridade física dos

diretrizes e normas urbanísticas necessárias à defesa civil devem atuar em conjunto com os ocupantes ou de terceiros

adequada ocupação do território municipal. órgãos municipais responsáveis pelo ordena-


• Notificar a remoção aos ocupantes, acom-
mento territorial e urbano.
• Elaborar o Plano de Implantação de panhada de cópia do laudo técnico e,

Obras e Serviços para a redução de riscos Trata-se de monitorar a ocupação dessas áre- quando for o caso, de informações sobre

de desastre as sob risco de desastres, com o apoio dos as alternativas oferecidas pelo Poder Pú-

Estados. O governo federal tem a responsabi- blico para assegurar seu direito à mora-
Por se tratar de municípios onde, reconheci- lidade de publicar, periodicamente, informa- dia.  Na hipótese de remoção de edifica-
damente, há áreas vulneráveis, que deman- ções sobre a evolução dessas ocupações nos ções, deverão ser adotadas medidas que
dam a adoção de medidas de prevenção e de municípios integrantes do Cadastro Nacional impeçam a reocupação da área.
mitigação dos riscos de desastres, o Plano de (Lei no 12.340, Art. 3-A, § 4º, com a redação
Implantação de Obras e Serviços deve cuidar Os programas habitacionais da União, dos
dada pelo art. 22 da Lei no 12.608 de 2012).
da melhoria da infraestrutura necessária para Estados, do Distrito Federal e dos Municípios

combater a vulnerabilidade dessas áreas. Confirmando a importância atribuída pela devem priorizar a relocação de comunidades

política nacional de proteção e defesa civil ao atingidas e de moradores de áreas de risco.

controle dessas áreas, as referidas informa-


Fica a União autorizada a conceder incentivo
ções serão encaminhadas, para conhecimen-
ao Município que adotar medidas voltadas ao
to e providências, aos Poderes Executivo e
aumento da oferta de terra urbanizada para
Legislativo dos respectivos Estados e Muni-
utilização em habitação de interesse social.
cípios e ao Ministério Público.
Esse incentivo inclui a transferência de recur-
sos para a aquisição de terrenos destinados
a programas de habitação de interesse social.

107

A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


4.2.2. Conteúdo do Plano Diretor • Proposta de ações de intervenção preven- • Diretrizes para a regularização fundiária
tiva e a realocação de população de áreas de assentamentos urbanos irregulares;
O Plano Diretor para os municípios integran-
de risco de desastre
tes do Cadastro Nacional deverá conter: Como cabe ao Plano Diretor promover a
Equivale à formulação de estratégias, progra- função social da propriedade e da cidade, as
• Parâmetros de parcelamento, uso e ocupa-
mas de ação e previsão de áreas seguras para diretrizes e ações voltadas à regularização
ção do solo urbano;
reassentamento de população vivendo em fundiária, quando for o caso, são importan-
áreas de risco, quando necessário, ou para tes para solucionar questões ligadas à posse
O Plano Diretor deverá conter orientações
melhorias nas áreas vulneráveis, de forma a e propriedade em assentamentos irregulares,
gerais sobre o parcelamento, uso e ocupação
mitigar ou prevenir a ocorrência de desastres. geralmente os mais expostos aos riscos e vul-
do solo urbano, para subsidiar o estabeleci-
É importante o conhecimento sobre os tipos neráveis.
mento de parâmetros e índices urbanísticos
pelas leis de parcelamento do solo urbano, de de riscos de desastres existentes no municí-
• Previsão de áreas para habitação de inte-
uso e ocupação do solo urbano, ou lei de zo- pio, para que o Plano Diretor proponha me-
resse social por meio da demarcação de
neamento urbano. didas adequadas a lidar com suas característi-
Zonas Especiais de Interesse Social e de
cas. É relevante a participação dos órgãos de
outros instrumentos de política urbana.
• Mapeamento com as áreas suscetíveis à proteção e defesa civil no processo de elabo-
ocorrência de deslizamentos de grande ração das propostas do Plano Diretor. Cabe ao Plano Diretor oferecer alternativas
impacto, inundações bruscas ou proces- mais seguras para a localização da população
sos geológicos ou hidrológicos correlatos; • Indicação de medidas de drenagem urbana em áreas de risco, por meio da demarcação
necessárias à prevenção e à mitigação de Zonas Especiais de Interesse Social, ou de ou-
O mapeamento de áreas de risco é essencial impactos de desastres; tros instrumentos previstos no Estatuto da
para o conhecimento das áreas vulneráveis
Cidade para maior oferta de habitações em
do território municipal, de forma a orientar Como uma das principais causas de enchen-
áreas seguras.
a proposta de ordenamento territorial do tes nas áreas urbanas é a inexistência ou insu-
município e de suas áreas urbanas. O mape- ficiência da drenagem, o Plano Diretor poderá
amento é essencial para a indicação das áre- estabelecer ações, programas e projetos para
as não edificáveis, em função dos riscos de viabilizar obras de drenagem urbana. A con-
desastres, e demais providências para impe- tribuição da proteção e defesa civil às propos-
dir sua ocupação ou prevenir riscos futuros. tas do Plano Diretor, em relação à drenagem
Esse mapeamento deverá levar em conta urbana, pode ser na determinação das áreas
as cartas geotécnicas de aptidão à urbani- com prioridade de atendimento, em função
zação. dos riscos de desastres.

108

Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


4.2.3. Articulação Intermunicipal
A AZONASUL - Associação de Municípios da Região Sul, associação existente há 60 anos, reúne
para a Gestão de Riscos 23 municípios do Estado do Rio Grande do Sul, incluindo o Município de Rio Grande. Como re-

de Desastres sultado da conferência municipal de proteção e defesa civil, a Associação decidiu por uma atuação
de apoio mútuo no que se refere às atividades de defesa civil. Mediante a constatação de que os
Com frequência, os desastres ultrapassam
municípios da região se encontravam em diferentes estágios de implementação das ações de defe-
os limites do território municipal, o que exi-
sa civil, o colegiado desses municípios definiu o apoio mútuo em 3 eixos principais: a) diagnóstico
ge atuação articulada entre os municípios
da situação dos municípios, com levantamento dos principais riscos; b) medidas mitigatórias; c)
afetados. Diversas formas de articulação
criação dos núcleos de apoio às emergências.
intermunicipal são possíveis, a exemplo de
associações ou consórcios de municípios, es- Outro exemplo bem-sucedido é o da Oficina Regional Permanente de Proteção e Defesa Civil
tabelecimento de microrregiões homogêneas do Vale do Paranhana, Região das Hortênsias e Alto Sinos, que teve início em 2009, quando da
ou agrupamento em torno de uma microba- realização da Conferência Municipal de Defesa Civil, em Taquara, o primeiro município brasileiro
cia hidrográfica. a realizá-la. A partir de então, foram realizadas Oficinas de Planejamento e Diagnóstico quinze-
nais, encontros regionais anuais, trocas de experiências entre os operadores de defesa civil dos 8
Têm sido observados inúmeros arranjos ins-
municípios participantes - Taquara, Parobé, Igrejinha, Três Coroas, São Francisco de Paula, Cará,
titucionais entre municípios para a gestão
Riozinho e Rolante. Em 2012 foi publicada a Política Regional de Proteção e Defesa Civil, docu-
dos riscos de desastres, com o estabelecimen-
mento que consolida as diretrizes e orientações adotadas pelos referidos municípios.
to de programas que definem diretrizes, es-
tratégias, prioridades e ações comuns para a
atuação integrada dos municípios envolvidos.
Podem ser citados os exemplos da Associação
de Municípios da Região Sul- AZONASUL e
da Política Regional do Vale do Paranhana, Re-
gião das Hortênsias e Alto Sinos”, no Rio Gran-
de do Sul.

109

A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


SINPDEC
5
O Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil – SINPDEC

A Lei nº 12.608/12 trata do Sistema Nacional Parágrafo único. O Sistema Nacional de Pro- cípios e diretrizes dessa política, através de
de Proteção e Defesa Civil, em termos de sua teção e Defesa Civil tem por finalidade contri- programas, projetos e ações.
composição e finalidade, segundo o disposto buir para o processo de planejamento, articu-
no artigo 10: lação, coordenação e execução dos programas, Pelo fato de a política de proteção e defe-

projetos e ações de proteção e defesa civil. sa civil envolver uma pluralidade de atores,
Art. 10. O Sistema Nacional de Proteção e De- órgãos e entidades, tanto do setor público
fesa Civil é constituído pelos órgãos e entidades Segundo a Lei nº 12.608/12, à União cabe como privado, além de demandar a participa-
da Administração pública federal, dos Estados, coordenar o Sistema Nacional de Proteção e ção social e comunitária, requer a adoção de
do Distrito Federal e dos Municípios e pelas en- Defesa Civil, em articulação com os Estados, uma estrutura de gestão capaz de promover
tidades públicas e privadas de atuação signifi- Distrito Federal e Municípios (artigo 6º, II); a integração, a articulação e a coordenação
cativa na área de proteção e defesa civil. aos Estados cabe coordenar as ações do SINP- das atividades voltadas à redução dos riscos
DEC em articulação com a União e os Muni- de desastres e a garantir adequada resposta e
cípios (artigo 7º, II) e aos Municípios cabe recuperação no pós-desastre.
coordenar as ações do SINPDEC no âmbito
local, em articulação com a União e os Esta- A atuação coordenada e integrada dos vários

dos (artigo 8º, II). agentes de proteção e defesa civil, no âmbito


do Sistema, faz-se necessária tanto no de-
O Sistema Nacional de Proteção e Defesa Ci- correr do processo de planejamento como na
vil é o arranjo organizacional que dá suporte execução e avaliação dos programas, projetos
à implementação da política nacional de pro- e ações de proteção e defesa civil.
teção e defesa civil e traduz em ação os prin-

113

A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


Ao estabelecer que o Sistema Nacional é 5.1. Princípios e Objetivos do ma em seu âmbito de atuação, de forma arti-
composto por órgãos e entidades da Admi- culada com as demais esferas de governo.
Sistema Nacional de Proteção e
nistração federal, estadual e municipal, há o
pressuposto de que os referidos órgãos serão Defesa Civil É importante ressaltar que o Sistema Nacio-

criados, em todas as instâncias governamen- nal de Proteção e Defesa Civil rege-se pelo
Os princípios a serem observados pelo Siste-
tais, sob pena de não se viabilizar seu efeti- princípio da unicidade, assim como se ob-
ma Nacional de Proteção e Defesa Civil são os
vo funcionamento, tal como concebido esse serva em outros sistemas, como o Sistema
mesmos estabelecidos para a política nacional,
Sistema. Isto significa que os Estados e Mu- Único de Saúde, ou seja, atribui-se a um úni-
já apresentados no item 2.4.1 deste Manual,
nicípios deverão, necessariamente, tomar co Sistema a responsabilidade pelo planeja-
em especial os da informação, participação so-
as medidas para a instituição dos órgãos de mento, articulação, coordenação e gestão das
cial, coordenação e articulação, subsidiarieda-
proteção e defesa civil. atividades de proteção e defesa civil, em todo
de, aos quais se soma o da unicidade.
o território nacional. A noção de unicidade
O efetivo funcionamento do Sistema Nacio- significa, ademais, que todos os integrantes
De especial importância é o princípio da
nal de Proteção e Defesa Civil depende da do Sistema devem seguir os mesmos princí-
coordenação, pois o Sistema Nacional foi
atuação permanente dos órgãos que o cons- pios e diretrizes, observar a mesma doutrina
legalmente concebido como um conjunto
tituem, ou seja, os órgãos municipais e e a mesma forma de organização.
de órgãos multissetoriais, de natureza sistê-
estaduais devem ser perenes, atuantes o
tempo todo, e não apenas nas circunstâncias mica, cuja atuação se dá a partir do conceito O Sistema de Proteção e Defesa Civil, portan-
de desastre, já que as atividades de preven- matricial, com dinâmica vertical e horizontal, to é um sistema único, cabendo-lhe promo-
ção, mitigação são tão relevantes quanto às determinando atribuições e responsabilida- ver a defesa permanente contra os desastres
desenvolvidas em situações de emergência. des para possibilitar um funcionamento co- e garantir a segurança global da população
É o que determina a Lei nº 12.608/12: ordenado, articulado e integrado. contra desastres, mesmo que atue de forma
descentralizada. Nesse sentido, em que pese
Art. 5º São objetivos da Política Nacional de Segundo a teoria dos sistemas, tão importan-
a denominação de sistemas estaduais ou mu-
Proteção e Defesa Civil: te quanto os órgãos que o compõem são as
nicipais de proteção e defesa civil, trata-se,
relações estabelecidas entre seus componen-
na realidade de um mesmo Sistema, cujo co-
V - promover a continuidade das ações de pro- tes, característica que revela a importância da
mando foi atribuído à União.
teção e defesa civil.   articulação intersetorial do Sistema Nacional
de Proteção e Defesa Civil. É imprescindível Para que se assegure um bom funcionamento
uma boa articulação entre os órgãos de um do Sistema Nacional de Proteção e Defesa Ci-
mesmo nível e entre os diferentes níveis de vil, sua atuação é descentralizada, mediante a
governo. Nesse sentido, cabe a cada esfera instituição de sistemas nos níveis estadual e
governamental coordenar as ações do Siste- municipal, e regionalizada, de acordo com os

114

Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


recortes espaciais que se façam necessários Deve-se mencionar, ademais, a importân- Entre os objetivos do Sistema Nacional de
nas distintas regiões do País. Descentralizar cia da participação de todos os integrantes Proteção e Defesa Civil podem ser citados os
é redistribuir poder e responsabilidades en- do SINPDEC na formulação das diretrizes seguintes:
tre os três níveis de governo. Ao se tratar da e estratégias da política de proteção e defe-
descentralização, faz-se necessário pensar sa civil, que se observa através da realização a) Promover a articulação, a modernização e

na regionalização, cujo objetivo é promover de Conferências Nacionais, com a expressiva sua permanente atualização, em todo o ter-

o funcionamento mais eficiente e a distribui- mobilização da população, atestando o prin- ritório nacional e nos três níveis de governo;

ção mais racional dos recursos entre as regi- cípio da participação social como norteador
b) Difundir técnicas de planejamento e de
ões, de acordo com as características inter e do SINPDEC.
gestão de riscos de desastres e de gestão de
intraregionais.
desastres;
As Conferências Nacionais são o ponto cul-
A atuação descentralizada prioriza o protago- minante de um processo de ampla consulta e
c) Difundir normas e procedimentos relacio-
nismo das instituições locais, assim como a participação das bases, mediante a realização
nados com a redução dos desastres e com a
importância da participação da comunidade, de conferências municipais, intermunicipais,
garantia da segurança global da população;
no que se refere à gestão de riscos de desastres. estaduais, livres e virtual. Nas etapas muni-
Nesse sentido, o Sistema Nacional deve estimu- cipal e estadual são eleitos delegados para a d) Contribuir para o reaparelhamento, a mo-
lar a criação e o fortalecimento de órgãos muni- etapa nacional, o que proporciona a integra- dernização e a interiorização de órgãos seto-
cipais de proteção e defesa civil, em todo o País, ção de pessoas que desempenham funções riais, responsáveis pelo desenvolvimento de
devido à importância da atuação integrada com distintas na área da Defesa Civil. Destaque- ações relacionadas com a minimização de de-
as instituições locais. De igual sorte, os Nú- -se que é facultada a participação de todo e sastres e com o restabelecimento da situação
cleos Comunitários de Proteção e Defesa Civil qualquer cidadão. de normalidade, com prioridade para os ór-
têm por objetivo garantir uma reação articulada gãos especializados no controle e no combate
e oportuna das administrações locais, em cir- Da 2ª. Conferência Nacional, realizada em de sinistros;
cunstâncias de desastres, assim como a elabora- 2014, participaram 2.292 municípios; foram
ção de um minucioso planejamento preventivo. realizadas 460 Conferências Municipais e In- e) Contribuir para a implementação dos pro-
termunicipais, com participação de mais de gramas e projetos constantes da política na-
Cabe, finalmente, mencionar o papel dos 31.500 pessoas, assim como 25 Conferên- cional de proteção e defesa civil em todo o
Conselhos de Proteção e Defesa Civil, impor- cias Estaduais e 18 Conferências Livres. A 1ª. território nacional;
tantes para promover os objetivos gerais do Conferência Virtual de Proteção e Defesa Ci-
Sistema Nacional, em especial no que tange f) Promover o desenvolvimento de órgãos
vil contou com 415 participantes, e 1639 pes-
à participação da sociedade civil e demais técnicos dotados de equipes capacitadas e al-
soas estiveram presentes na Etapa Nacional.
atores relevantes para a gestão de riscos de tamente motivadas;
desastres.

115

A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


g) Promover o aperfeiçoamento, a constante atu- A articulação horizontal trata das relações 5.2. Os Integrantes do Sistema
alização e a difusão da doutrina de defesa civil. no mesmo nível de governo, estão sob um co-
Nacional de Proteção
mando central único e se baseiam nas com-
  Para atingir seus objetivos, o Sistema Nacio- petências e responsabilidades de cada órgão, e Defesa Civil
nal de Proteção e Defesa Civil articula-se no assim como em procedimentos formalmente Os integrantes do Sistema Nacional de Prote-
sentido vertical e no sentido horizontal. definidos, estabelecidos por lei. ção e Defesa Civil são os seguintes:
Entende-se por articulação vertical a esta-
a) Órgão Consultivo: Conselho Nacional de
belecida entre diferentes níveis governamen-
Proteção e Defesa Civil -CONPDEC;
tais. Deve ser orientada pelos princípios e O Sistema Nacional de Proteção e Defesa Ci-
diretrizes da política nacional e possibilitar vil articula-se externamente, com: b) Órgão Central Federal: Ministério da Inte-
a otimização dos recursos disponíveis com gração Nacional, representado pela Secretaria
vistas à obtenção de melhores resultados na • Organizações internacionais, relacionadas
Nacional de Proteção e Defesa Civil
gestão de riscos de desastres. com a redução de desastres e com a moni-
torização global de fenômenos adversos e c) Órgãos Regionais, Estaduais, do Distrito
As relações derivadas da articulação vertical, pela previsão de desastres; Federal e Municipais de Proteção e Defesa
a exemplo do que ocorre com os órgãos se- Civil
toriais, são regidas pelos instrumentos e prá- • Sistemas de proteção e defesa civil de ou-

ticas tradicionais da Administração Pública, tros países; d) Órgãos Setoriais dos 3 (três) âmbitos de
como os protocolos, os acordos de coopera- governo.
• Organizações não-governamentais - ONGs,
ção e os convênios ou, ainda, pela instituição
relacionadas com a redução de riscos de O Sistema pode contar com voluntários, con-
de mecanismos de articulação, a exemplo
desastres; forme determina o parágrafo único do Art.
da participação em fóruns colegiados, como
11 da Lei nº 12.608/12:
conselhos, comitês, entre outros. • Clubes de serviço e organizações comuni-
tárias; Parágrafo único. Poderão participar do SINP-
DEC as organizações comunitárias de caráter
• Instituições de ensino, pesquisa e extensão;
voluntário ou outras entidades com atuação
• Agências financiadoras de projetos, nacio- significativa nas ações locais de proteção e de-
nais, internacionais e estrangeiras. fesa civil.

116

Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


a) Órgão Consultivo - Conselho Nacional centes, gestantes, idosos e pessoas com Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil.
de Proteção e Defesa Civil – CONPDEC necessidades especiais.
O Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos
O Conselho Nacional de Proteção e Defesa b) Órgão Central – Secretaria Nacional de e Desastres – CENAD é órgão integrante da Se-
Civil, vinculado ao Ministério da Integração Proteção e Defesa Civil cretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil.
Nacional, tem sua composição e funciona-
O Ministério da Integração Nacional, órgão O Ministério da Integração Nacional conta,
mento regulamentados por Decreto. Segun-
da Administração federal direta, desempenha ainda, em sua estrutura, com o Conselho Na-
do a Lei nº 12.608/12, o Conselho deve ter
um amplo rol de atividades, direta e indireta- cional de Proteção e Defesa Civil, órgão cole-
representantes da União, dos Estados, do
mente ligadas à proteção e defesa civil. giado, considerado como o órgão consultivo
Distrito Federal, dos Municípios e da socie-
do Sistema Nacional de Proteção e Defesa
dade civil organizada, incluindo-se represen- É o que dispõe o artigo 1º do Decreto nº 8. Civil- SINPDEC.
tantes das comunidades atingidas por desas- 980, de 1º de fevereiro de 2017, a saber: VIII-
tre, e por especialistas de notório saber. proteção e defesa civil; IX- obras contra as se- São autarquias, vinculadas ao Ministério, a
cas e de infraestrutura hídrica; X- formulação Superintendência do Desenvolvimento da
De caráter consultivo, cabe ao Conselho
e condução da política nacional de irrigação; Amazônia - SUDAM; a Superintendência do
Nacional:
XI- ordenação territorial Desenvolvimento do Nordeste – SUDENE;
a Superintendência do Desenvolvimento do
• Auxiliar a formulação e implementação do
Integram a estrutura organizacional do Mi- Centro-Oeste – SUDECO; o Departamento
Plano Nacional de Proteção e Defesa Civil;
nistério da Integração Nacional a Secreta- Nacional de Obras Contra as Secas – DNOCS.
ria Nacional de Proteção e Defesa Civil- A Companhia de Desenvolvimento dos Vales
• Propor normas para a implementação da
SEDEC, a de Desenvolvimento Regional, a de do São Francisco e do Parnaíba – CODEVASF
Política Nacional de Proteção e Defesa Civil;
Infraestrutura Hídrica, a de Irrigação e a de tem a natureza de empresa pública, também
• Estabelecer procedimentos para imple- Fundos Regionais e Incentivos Fiscais. vinculada ao Ministério da Integração Nacional.
mentação e monitoramento da Política
Cabe à Secretaria Nacional de Proteção e De- À SEDEC é atribuído um papel central em re-
Nacional de Proteção e Defesa Civil;
fesa Civil “ coordenar o Sistema Nacional de lação ao Sistema Nacional de Proteção e De-
• Acompanhar o cumprimento das disposi- Proteção e Defesa Civil, em articulação com os fesa Civil, cabendo-lhe, nos termos do artigo
ções legais e regulamentares de proteção Estados, o Distrito Federal e os Municípios”, 13 do Decreto nº 8980, de 02 de fevereiro de
e defesa civil; de acordo com o disposto no artigo 13, inciso 2017, as atribuições abaixo mencionadas.
II, do Decreto nº 8980, de 1º de fevereiro de
Propor procedimentos para atendimento 2017, que aprova a estrutura regimental do
de grupos específicos, em situações de Ministério da Integração Nacional. Portanto,
desastres, a exemplo das crianças, adoles- a SEDEC tem a função de órgão central do

117

A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


Atribuições da secretaria nacional de proteçao e defesa civil

I – Formular, orientar e conduzir a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil - PNPDEC;

II - Coordenar o Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil - SINPDEC, em articulação com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;

III - Participar da formulação da Política Nacional de Desenvolvimento Regional;

IV - Promover o planejamento das ações de proteção e defesa civil e sua aplicação por meio de planos diretores, preventivos, de contingência, de ope-
ração e plurianuais;

V - Estabelecer estratégias e diretrizes para orientar as ações de prevenção e redução de desastres;

VI - Promover a capacitação e o treinamento de recursos humanos para ações de prevenção e redução de desastres;

VII - Coordenar e promover, em articulação com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, a realização de ações conjuntas dos órgãos integrantes
do SINPDEC;

VIII – Promover e orientar, em articulação com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, a organização e a implementação de órgãos de proteção
e defesa civil;

IX - Instruir processos para o reconhecimento, pelo Ministro de Estado, de situação de emergência e de estado de calamidade pública;

X - Operacionalizar o CENAD;

XI - Manter equipe técnica multidisciplinar, mobilizável a qualquer tempo para atuar nas ações de proteção e defesa civil;

XII - Promover o intercâmbio técnico entre organismos governamentais internacionais de proteção e defesa civil e participar como membro represen-
tante da Proteção e Defesa Civil brasileira;

XIII - Exercer as atividades de Secretaria-Executiva do Conselho Nacional de Proteção e Defesa Civil - CONPDEC;

XIV - Presidir o Conselho Diretor do Fundo Nacional para Calamidades Públicas, Proteção e Defesa Civil – Funcap;

XV- Coordenar os projetos de cooperação técnica celebrados com organismos internacionais em sua área de atuação.

118

Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


Figura 3. Organograma da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil - SEDEC

SEDEC - ORGANOGRAMA

SECRETARIA NACIONAL DE
PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL

SERVIÇO DE APOIO COORDENAÇÃO DE


ADMINISTRATIVO ADMINISTRAÇÃO E
E PROTOCOLO ASSESSORAMENTO

CENTRO NACIONAL DE DEPARTAMENTO DEPARTAMENTO DEPARTAMENTO DE DEPARTAMENTO DE


GERENCIAMENTO DE DE ARTICULAÇÃO DE PREVENÇÃO REABILITAÇÃO E DE OPERAÇÕES DE
RISCOS E DESASTRES E GESTÃO E PREPARAÇÃO RECONSTRUÇÃO SOCORRO EM DESASTRES

COORDENAÇÃO-GERAL COORDENAÇÃO-GERAL COORDENAÇÃO-GERAL COORDENAÇÃO-GERAL COORDENAÇÃO-GERAL


DE MONITORAMENTO DE ARTICULAÇÃO DE PREVENÇÃO E DE REABILITAÇÃO E DE OPERAÇÕES
E OPERAÇÃO E GESTÃO PREPARAÇÃO DE RECONSTRUÇÃO DE SOCORRO

Fonte: Adaptado do Decreto nº 8980/2017.

119

A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


c) Órgãos Regionais, Estaduais
A SUDAM- Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia, criada pela Lei Complementar
e Municipais
nº 124, de 03 de janeiro de 2007, regulamentada pelo Decreto nº 8.275, de 27.06.2014, com a fi-
Orgãos Regionais nalidade de promover o desenvolvimento includente e sustentável, atua em toda a Amazônia Legal,
integrada pelos Estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, To-
São considerados órgãos regionais os esta- cantins e a parcela do Estado do Maranhão que se situa a oeste do meridiano 44° de longitude oeste.
belecidos no âmbito das macrorregiões ou
de mesorregiões, como os que integram as Como integrante do Gabinete do Superintendente, a Coordenação Regional de Defesa Civil
Superintendências Regionais de Desenvolvi- - Cordec, desenvolve atribuições de natureza regional, entre outras:
mento, que, como já mencionado, são autar-
• Coordenar, orientar e avaliar, em nível regional, as ações desenvolvidas pelos órgãos integran-
quias vinculadas ao Ministério da Integração
tes do Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil;
Nacional.

• Articular e consolidar os planos e programas estaduais de Proteção e Defesa Civil, para elabo-
ração do plano regional de Proteção e Defesa Civil em consonância com as políticas públicas
nacionais e regionais;

• Apoiar os municípios na elaboração e a implementação dos Planos de Gestão de Riscos de De-


sastres, dos Planos de Contingência de Proteção e Defesa Civil;

• Apoiar a implementação de órgãos municipais de proteção e defesa civil e de Núcleos Comuni-


tários de Proteção e Defesa Civil;

• Propor ao Ministério da Integração Nacional o reconhecimento de situações de emergência ou


estado de calamidade pública;

• Coordenar o apoio técnico e logístico, em casos de desastres, em articulação com o Ministério


da Integração Nacional e informar sobre as ocorrências de desastres e atividades de proteção
e de defesa civil;

• Apoiar a capacitação de recursos humanos;

120

Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


• Apoiar, instituir e manter sistemas de informações e monitoramento de riscos e desastres, e promover a criação, implantação e interligação de
centros de operações; apoiar, prioritariamente, as ações preventivas e as demais relacionadas com a gestão de riscos e respostas a desastres em
conformidade com a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil;

• Apoiar os estados e municípios inseridos na área de atuação da SUDAM, no mapeamento das áreas de risco, nos estudos de identificação de ame-
aças, suscetibilidade, vulnerabilidade e risco de desastre e nas demais ações de prevenção, mitigação e preparação;

• Analisar, emitir parecer técnico, aprovar e acompanhar a execução física dos processos relacionados a contratos de repasse, convênios, termos de
cooperação e instrumentos congêneres, na sua área de atuação.

Outro exemplo de atuação regionalizada é o CODESUL - Conselho de Desenvolvimento e Integração Sul, formado pelos Estados do Paraná, Santa Ca-
tarina, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul, cujos Governadores são seus membros, foi criado para facilitar o intercâmbio entre os Estados do Sul,
com vistas ao desenvolvimento econômico, social, político, etc., além da adoção de medidas comuns nas áreas de saúde, defesa civil, polícia, entre outros.
O Conselho de Defesa Civil do CODESUL, criado em 19 de janeiro de 1996, pela Resolução nº 590/96, é integrado pelas Coordenadorias
Estaduais dos Estados do CODESUL. Promove reuniões trimestrais para avaliar os problemas comuns, traçando planos e metas a serem atingidos,
aprimorando assim a colaboração técnica e operacional entre os Estados.

• Entre os seus objetivos pode-se mencionar:

• Estabelecer procedimentos comuns no campo de defesa civil, na prevenção de eventos adversos naturais e provocados;

• Estabelecer procedimentos comuns no campo de defesa civil, no controle do transporte rodoviário de produtos perigosos;

• Estimular o constante intercâmbio entre as instituições de Defesa Civil dos estados membros e dos países do MERCOSUL, principalmente no
campo da pesquisa e das operações de defesa civil;

• Promover a integração de informações e de comunicações;

• Identificar, buscar e otimizar recursos humanos, materiais e financeiros necessários ao cumprimento das metas estabelecidas pelo Conselho.

121

A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


Orgãos estaduais uma secretaria municipal, ou de Secretaria riscos de desastres, pois contam com pessoal
Municipal de Proteção e Defesa Civil, com o técnico e equipamentos que lhes permitem a
Os órgãos estaduais e municipais de proteção mesmo nível hierárquico das demais secreta- geração de conhecimento e informações im-
e defesa civil são órgãos centrais do Sistema rias municipais, ou outra natureza, de acordo portantes para a tomada de decisões. Nesse
Nacional de Proteção e Defesa Civil, no âmbi- com a organização de cada município. sentido, são muito relevantes como apoiadores
to de seus respectivos territórios, e deverão
dos responsáveis pela formulação e implemen-
promover a articulação e o gerenciamento d) Órgãos Setoriais
tação da política nacional de proteção e defesa
das ações de proteção e defesa civil, para o
São órgãos setoriais os órgãos públicos da Ad- civil, em todas as instâncias governamentais.
efetivo funcionamento do Sistema Nacional.
ministração direta e indireta e entidades, das
Convém lembrar que uma das diretrizes da
São órgãos estaduais do Sistema Nacional, os três esferas de governo, que desempenhem
Política Nacional de Proteção e Defesa Civil
instituídos pelos Estados, e podem ter natu- atividades relevantes para a proteção e defe-
é o planejamento com base em pesquisas e
reza administrativa distinta, de acordo com sa civil. Os órgãos setoriais de todas as ins-
estudos sobre áreas de risco e incidência de
a organização administrativa de cada Estado. tâncias governamentais deverão considerar,
desastres no território nacional. Portanto, é
no seu planejamento e atuação, as questões
Em alguns Estados são órgãos ligados dire-
importante a aproximação dos órgãos for-
ligadas aos riscos de desastres e as ações de
tamente ao Chefe do Poder Executivo, por
muladores da política com as instituições de
proteção e defesa civil. Nesse sentido, faz-se
exemplo, Coordenadoria vinculada à Casa
estudos e pesquisas, de forma a garantir a
necessário promover a articulação interseto-
Militar do Governador, exercendo as funções
tomada de decisões a partir de bases atuali-
rial de vários órgãos governamentais.
de coordenação e articulação das ações de
zadas de dados e informações sobre eventos
proteção e defesa civil, a partir do órgão de Demais integrantes do Sistema climáticos, geológicos, geomorfológicos, hi-
decisão política administrativa do Estado. É
drológicos, com vistas à redução do risco de
o caso dos Estados do Paraná, de São Paulo, Além dos órgãos e entidades públicos, é mui-
desastres.
entre outros. Em outros Estados, são Secre- to relevante a participação de entidades pri-
tarias Estaduais de Proteção e Defesa Civil, vadas, da sociedade civil organizada e das A contribuição dos Centros Universitários
integrantes da estrutura administrativa esta- organizações comunitárias. Nesse rol estão de Estudos e Pesquisas sobre Desastres -
dual, ao lado do demais órgãos setoriais. incluídas as associações de moradores, núcle- CEPEDs, pode ser no sentido de:
os comunitários de proteção e defesa civil e
Orgãos municipais demais formas de organização da população, • Promover estudos e pesquisas sobre riscos
elemento fundamental para as atividades de de desastres, sobretudo os mais recorren-
Órgãos municipais de proteção e defesa civil
redução de riscos de desastres. tes no País;
são os criados no âmbito da Administração
municipal, podendo, de igual sorte, ter natu- As universidades e centros de pesquisa têm • Contribuir para a formação e aperfeiçoa-
reza de Coordenadoria, parte integrante de importante papel na formação em gestão de mento de recursos humanos na área de

122

Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


proteção e defesa civil, dotando-a de pro-
fissionais capacitados para atuar em to-
das as atividades relacionadas à redução
dos riscos de desastres;

• Formar multiplicadores, necessários para


a divulgação de conhecimentos relativos à
gestão de risco de desastres.

Os Centros Universitários de Estudos e Pes-


quisas sobre Desastres - CEPEDs, devem atu-
ar de forma articulada, em rede.

Cabe salientar o papel da União e dos Estados


como apoiadores dos gestores municipais na
obtenção e utilização desses conhecimentos
e experiências, uma vez que grande parte dos
municípios brasileiros conta com pouca ou
nenhuma equipe técnica e escassos recursos.

De igual sorte, o intercâmbio com a iniciativa


privada é relevante para promover as ativida-
des de segurança contra desastres, particu-
larmente os tecnológicos, já que as empresas
adotam procedimentos e programas voltados
à gestão de riscos de desastres, sobretudo em
empreendimentos e distritos industriais, edi-
ficações com grandes densidades de usuários,
instalações de mineração, em empreendi-
mentos agropecuários, comerciais e presta-
dores de serviços.

123

A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


Estados e no
os municípios
6
O SINPDEC nos Estados e nos Municípios

6.1. SINPDEC nos Estados Órgão Consultivo tituições importantes para o funcionamento
do Sistema, sediadas no território do Estado.
Cabe aos governos estaduais implementar e Trata-se do Conselho Estadual de Proteção e
supervisionar o funcionamento do Sistema Defesa Civil, com constituição e atribuições Órgão Central em nível estadual
Nacional de Proteção e Defesa Civil no nível semelhantes, mas não conflitantes com as do
estadual e promovê-lo em nível municipal Conselho Nacional de Proteção e Defesa Civil O órgão estadual de proteção e defesa civil é
para garantir a segurança global da popula- - CONPDEC. o responsável pela articulação, coordenação e
ção, particularmente em situações de desas- gestão técnica do SINPDEC, em nível estadual.
tres, assegurar a defesa permanente contra O Conselho Estadual pode ter atribuições de
conselho deliberativo e de conselho consul- Observada a autonomia dos Estados em esta-
desastres de maior prevalência, reduzir os
tivo. Na condição de conselho deliberativo, belecer sua estrutura administrativa, é aconse-
riscos de desastres por meio de programas
suas atribuições são complementares às do lhável que o responsável pelo órgão estadual
e projetos de prevenção e adotar medidas de
CONPDEC. Na condição de conselho con- tenha acesso direto ao Governador do Estado,
preparação para emergência de desastres, res-
sultivo o Conselho Estadual contribui para capacidade de articulação e delegação de com-
posta e reconstrução.
a articulação do Órgão Central com os órgãos petência para decidir, em nome do governo,
Face à característica do Sistema Nacional, de setoriais e facilita a coordenação das ações em situações de crise. É aconselhável, tam-
sistema único, é desejável que o SINPDEC, sistêmicas. bém, que a direção do órgão seja exercida por
em nível estadual, se organize em coerência profissionais de grande capacidade técnica e
com a estrutura matricial desenvolvida em É aconselhável que os órgãos setoriais do Sis- experiência em redução de riscos de desastres.
âmbito nacional. Por esse motivo, preconiza- tema, de nível federal, sejam representados
-se que o SINPDEC, em nível estadual, seja no Conselho Estadual, quando tiverem ins-
constituído pelos seguintes órgãos:

127

A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


Entre as principais atribuições do órgão es- • Preparar e manter equipe técnica multi- • Promover e apoiar os órgãos municipais
tadual de proteção e defesa civil, segundo se disciplinar, mobilizável a qualquer tempo, de proteção e defesa civil, mantendo, caso
conclui do disposto na legislação nacional de para atuar em situações críticas; necessário, estrutura capaz de suprir as
proteção e defesa civil, pode-se mencionar as carências das defesas civis municipais;
seguintes, observada a legislação estadual es- • Articular com parceiros locais a instalação

pecífica: de centros universitários de ensino e pes- • Prestar apoio técnico aos municípios, para
quisa sobre desastres e de núcleos multi- elaboração dos documentos necessários a
Coordenar a implementação da Política Na- disciplinares de ensino permanente sobre solicitação de repasse de recursos estadu-
cional de Proteção e Defesa Civil em seu âm- proteção e defesa civil; ais e federais para as ações de proteção e
bito territorial; defesa civil;
• Fomentar a inclusão dos princípios de
Organizar, coordenar e gerenciar as ações do proteção e defesa civil, nos currículos es- • Encaminhar à SEDEC os documentos re-
Sistema Nacional de Proteção e Defesa Ci- colares da rede estadual de ensino médio ferentes à transferência de recursos para
vil em nível estadual, em articulação com a e fundamental; atendimento do desastre e as solicitações
União e municípios; de reconhecimento de situação de emer-
• Elaborar Planos de Contingência para as gência ou estado de calamidade pública,
Instituir, elaborar, implementar, acompa- regiões metropolitanas e aglomerações devidamente aferidos.
nhar, avaliar e revisar o Plano Estadual de urbanas com base nos principais tipos de
Proteção e Defesa Civil; risco de desastres; Órgãos Regionais

Identificar, mapear áreas de risco e realizar • Apoiar, sempre que necessário, os municí- Para se promover, de forma mais efetiva e
estudos de identificação de ameaças, susce- pios no levantamento das áreas de risco, descentralizada, a implementação da políti-
tibilidades e vulnerabilidades, em articulação na elaboração dos Planos Municipais de ca de proteção e defesa civil, podem ser ins-
com a União e os Municípios; Proteção e Defesa Civil e Planos de Con- tituídas Coordenadorias Mesorregionais de
tingência de Desastre, e na divulgação de Proteção e Defesa Civil e Coordenadorias
• Controlar e fiscalizar as atividades capazes protocolos de prevenção, de alerta e de Microrregionais de Defesa Civil, com atribui-
de provocar desastres; ações emergenciais; ções de articulação, coordenação e gerência
técnica do SINPDEC, em nível mesorregional
• Propor, por meio de parecer técnico, a de- • Manter a SEDEC informada sobre as ocor- e microrregional, e pelo apoio de planejamen-
claração de situação de emergência ou de rências de desastres e sobre as atividades to aos municípios que necessitarem.
estado de calamidade pública; relevantes de proteção e defesa civil reali-
zadas em seu território;
• Manter programa permanente de capaci-
tação de recursos humanos;

128

Manual de Proteção e Defesa Civil: Entendendo a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil
Orgãos setoriais estaduais 6.2. O SINPDEC Órgão consultivo

Os órgãos setoriais estaduais com atribuições nos Municípios Trata-se do Conselho Municipal de Prote-
relacionadas à gestão de risco de desastres Cabe aos municípios a responsabilidade pri- ção e Defesa Civil, podendo exercer funções
são, em geral, as secretarias relacionadas a meira pela gestão dos riscos de desastres no deliberativas e consultivas. Na condição de
obras públicas ou infraestrutura, saúde, meio seu território. Os Prefeitos Municipais são os conselho deliberativo, suas atribuições são
ambiente e desenvolvimento ou assistência principais responsáveis, em suas respectivas complementares às dos conselhos de nível
social. Na ausência de um Plano Estadual de áreas de jurisdição, pela garantia da seguran- superior e não devem ser conflitantes com
Proteção e Defesa Civil, esses órgãos atuam ça global da população, especialmente contra as daqueles órgãos. Na condição de conselho
de acordo com suas atribuições principais o risco de desastres e pela promoção da defe- consultivo, o Conselho Municipal facilita a
ou por demanda específica, no caso da ocor- sa permanente contra os desastres de maior articulação e a coordenação com os órgãos se-
rência de um desastre, ou seja, na resposta. prevalência no Município. Cabe-lhes promo- toriais e de apoio ao Sistema e com os órgãos
Por essa razão, é importante que os Estados ver a implementação do SINPDEC, em nível de articulação dos escalões superiores.
e o Distrito Federal elaborem seus respecti- municipal, sendo apoiados, para tanto, pela
vos Planos Estaduais de Proteção e Defesa É aconselhável que órgãos setoriais, de nível
Defesa Civil Estadual, além de supervisionar
Civil, estabelecendo atribuições e responsa- estadual e federal, sediados no Município, se-
o Sistema, no âmbito do Município. Também
bilidades para a implementação das ações de jam representados no Conselho Municipal.
é da competência municipal garantir a articu-
prevenção, mitigação, preparação, resposta e lação do Órgão de Coordenação do Sistema, Órgão Central em nível municipal
recuperação. em nível municipal, com os órgãos setoriais
e com os órgãos de coordenação, nos níveis Como já dito anteriormente, o município deve
A estrutura matricial adotada pelo Sistema definir o arranjo institucional adequado para a
estadual e federal.
Nacional deve ser observada pelos Estados e implementação da Política Nacional de Prote-
Municípios, assegurando que haja a necessá- É essencial, portanto, que seja criado um ór- ção e Defesa Civil no âmbito local. Os órgãos
ria articulação horizontal e vertical de seus gão local encarregado da proteção e defesa ou entidades participantes desse arranjo ins-
integrantes, envolvendo todas as instâncias civil, sendo desejável que se organize em coe- titucional serão parte integrante do Sistema
governamentais. Nesse sentido, é importan- rência com a estrutura matricial, desenvol- Nacional de Proteção e Defesa Civil. O órgão
te e recomendável que, no âmbito estadual, vida em âmbito nacional e estadual. municipal de proteção e defesa civil, que pode-
sejam instituídos os órgãos componentes do rá ser uma Coordenadoria, ou uma Secretaria
SINPDEC no Estado, salvaguardada a com- Por esse motivo, preconiza-se que o SINDEC,
Municipal, ou outro formato administrativo,
petência dos Estados em estabelecer a sua em nível municipal, seja constituído pelos se-
a critério do município, é responsável pela ar-
estrutura administrativa. guintes órgãos:
ticulação, coordenação e operacionalização do
SINPDEC, em nível municipal.

129

A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


O Órgão Central Municipal de Proteção e De- ma que se possa garantir a continuidade e a • Coordenar a execução da PNPDC em âm-
fesa Civil é responsável pelo planejamento e qualificação técnica no exercício dessa função bito local
coordenação das ações de proteção e defesa de grande importância para a segurança glo-
civil no município. Para isso, deve conhecer e bal da população • Coordenar e gerenciar as ações do SINP-

espacializar em mapas apropriados os riscos DEC em nível municipal, em articulação

de desastres no território municipal. A partir O órgão central municipal de proteção e de- com a União e Estado e demais integran-

desse conhecimento, deve preparar-se para fesa civil poderá criar Distritais de Proteção tes do Sistema sediados no município

a necessidade de enfrentamento de eventos e Defesa Civil, ou órgãos correspondentes,


como parte integrante de sua estrutura, e • Articular em âmbito local com as demais
adversos, por meio de Planos de Contingên-
estabelecer suas atribuições para articular e áreas setoriais a incorporação das ações
cia, definindo o quê, como e quando fazer,
executar as ações de proteção e defesa civil de proteção e defesa civil no planejamen-
bem como os responsáveis pelas atividades
no território. to municipal, inclusive no orçamentário
previstas, no caso de ocorrência de desastres.

Os órgãos municipais de proteção e defesa ci- • Elaborar e implementar planos, progra-


A atuação do órgão central deve cobrir todos
vil deverão exercer, na sua jurisdição, o contro- mas e projetos relacionados a gestão de
os componentes da proteção e defesa civil e
le, a fiscalização, o monitoramento e quando riscos de desastres
envolver os demais órgãos da Administra-
ção municipal, setores privado e comunitá- necessário, a intervenção preventiva das áreas
• Promover o conhecimento dos riscos de
rio para uma atuação integrada e articulada. e atividades capazes de provocar desastres.
desastres, mediante, entre outros proce-
Para exercer com eficácia suas atribuições, é dimentos, a identificação, o mapeamento,
Para o cumprimento continuado das ativida-
recomendável que este órgão esteja vinculado a fiscalização e o monitoramento da ocu-
des de proteção e defesa civil os órgãos muni-
diretamente ao Gabinete do Prefeito, favore- pação e das edificações em áreas de risco
cipais de proteção e defesa civil devem contar
cendo a articulação com todos os atores en- de desastre
com quadro próprio de servidores.
volvidos na proteção e defesa civil no muni-
cípio. É aconselhável que o responsável pelo Entre as principais atribuições do órgão mu- • Orientar a ocupação e desocupação de edi-
órgão municipal de proteção e defesa civil nicipal de proteção e defesa civil, segundo se ficações e de áreas de risco de desastre
seja um profissional experiente e com reco- conclui do disposto na legislação nacional de
• Manter o órgão estadual de proteção e de-
nhecida capacidade técnica, com acesso dire- proteção e defesa civil, pode-se mencionar as
fesa civil e quando solicitado, a Secretaria
to ao Prefeito, grande capacidade de articula- seguintes, observado o estabelecido na legis-
Nacional de Proteção e Defesa Civil, infor-
ção e delegação de competência para tomar lação de cada município e respeitadas as ca-
mados sobre a ocorrência de desastres e
decisões em situações de crise. É importante racterísticas locais:
áreas de riscos
que a escolha não leve em consideração so-
mente questões político-partidárias, de for-

130

Manual de Proteção e Defesa Civil: Entendendo a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil
• Promover a capacitação de recursos hu- • Manter a população informada sobre áre- Nos municípios de maior porte, justifica-se a or-
manos visando a uniformizar o conheci- as de risco e ocorrência de eventos extre- ganização de um centro de comunicações, com
mento e capacitar técnicos e voluntários mos, bem como protocolos de prevenção plantão de 24 horas, para receber informações
a atuarem nas ações de proteção e defesa e alerta e sobre ações emergenciais em sobre ocorrências de desastres e de acidentes,
civil de forma eficaz e eficiente circunstâncias de desastres por intermédio do telefone 199, e providenciar
os deslocamentos da equipe operativa e de ou-
• Articular a inclusão dos princípios de pro- • Adotar o Protocolo Nacional para Prote- tros recursos para o local do desastre.
teção e defesa civil nos currículos escola- ção Integral das Crianças e Adolescentes,
res da rede municipal de ensino e apoiar à Idosos e Deficientes Físicos em situação Núcleos Comunitários de Proteção e
comunidade docente no desenvolvimen- de desastres Defesa Civil
to de material pedagógico-didático para
esse fim • Coordenar, mobilizar, cadastrar e capa- A criação dos Núcleos Comunitários de Pro-
citar o voluntariado para participar do teção e Defesa Civil atende a uma clara dire-
• Fundamentar tecnicamente a decretação SINPDEC em nível local triz da política nacional, qual seja a da parti-
de situação de emergência ou de estado cipação da sociedade civil – Lei nº 12.608/12,
de calamidade pública e coordenar a ava- • Incentivar a mobilização comunitária por artigo 4º, VI.
liação de danos e prejuízos (perdas) das meio dos Núcleos Comunitários de Defe-

áreas atingidas por desastres. sa Civil ou entidades correspondentes. Os Núcleos Comunitários de Proteção e De-
fesa Civil, responsáveis pela articulação entre
o Governo e as comunidades, são essenciais
para promover a conscientização da população

131

A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


acerca dos riscos de desastres, para mobilizar
O fortalecimento do SINPDEC no âmbito
os esforços da comunidade no desempenho
municipal é, portanto, um elemento essencial
das atividades de proteção e defesa civil, seja
para que a política nacional de proteção e de-
no que se refere à prevenção, como à mitiga-
fesa civil seja implementada. Pode-se afirmar
ção, à resposta e à recuperação, assim como
que esse é um objetivo estratégico da política
para promover a participação da população na
nacional, para o quê é fundamental o compro-
formulação e implementação da política nacio-
metimento das autoridades locais.
nal de proteção e defesa civil. São importantes
elementos de debate sobre os problemas locais
De acordo com dados do IBGE, em 2014, ape-
e sobre medidas para aumentar o nível de se-
nas 50,4% dos municípios brasileiros possu-
gurança global da população, a redução dos de-
íam um órgão de coordenação das atividades
sastres de maior prevalência nos locais e sobre
de proteção e defesa civil. Os municípios com
a melhoria dos padrões de bem-estar social.
mais de 100.000 habitantes apresentavam
Nesse sentido, deve ser incentivada a criação melhor estrutura, contando com coordena-
dos núcleos comunitários, o que pode asse- ção de proteção e defesa civil (mais de 80%),
gurar uma resposta eficiente às situações de unidades do Corpo de Bombeiros Militares-
riscos de desastres. Devem ser apoiados e -CBM (mais de 75%) e Núcleos Comunitários
acompanhados pelo órgão local de proteção e de Proteção e Defesa Civil (mais de 26%).
defesa civil para facilitar a participação quali-
Menos de 50% dos municípios com até
ficada nas atividades de planejamento e exe-
100.000 habitantes possuíam uma estrutu-
cução das ações de proteção e defesa civil.
ra administrativa de proteção e defesa civil;
menos de 20% contavam com uma unidade
do CBM e menos de 10% tinham Núcleos Co-
munitários de Proteção e Defesa Civil (IBGE/
MUNIC, 2010) .

132

Manual de Proteção e Defesa Civil: Entendendo a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil
133

A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


Os agentes
7
Os Agentes de Proteção e Defesa Civil

Um dos principais desafios da política nacio- A Lei nº 12.608/12 define os agentes de pro- IV- Os agentes voluntários, vinculados a entida-
nal é a profissionalização de seus quadros téc- teção e defesa civil: des privadas ou prestadores de serviços voluntá-
nicos, dotando os órgãos de proteção e defesa rios que exercem, em caráter suplementar, servi-
civil de servidores efetivos, devidamente ca- Art. 18.  Para fins do disposto nesta Lei, con- ços relacionados à proteção e defesa civil.
pacitados, ou seja, que seja institucionalizada sideram-se agentes de proteção e defesa civil:

a carreira de proteção e defesa civil. Parágrafo único. Os órgãos do SINPDEC ado-


I- Os agentes políticos da União, dos Estados, tarão, no âmbito de suas competências, as
Deve-se registrar que, entre as diretrizes do Distrito Federal e dos Municípios respon- medidas pertinentes para assegurar a profis-
aprovadas na 2ª Conferência Nacional de sáveis pela direção superior dos órgãos do sionalização e a qualificação, em caráter per-
Proteção e Defesa Civil, figura, em primeiro SINPDEC; manente, dos agentes públicos referidos no
lugar, portanto, com inequívoco destaque, inciso III.
II- Os agentes públicos responsáveis pela co-
“garantir a profissionalização, qualificação e a
ordenação e direção de órgãos ou entidades São considerados agentes de proteção e defesa
valorização dos agentes de Proteção e Defe-
públicas prestadores de serviços de proteção e civil todos os que prestem ou executem ser-
sa Civil, por meio da criação da carreira por
defesa civil; viços considerados de proteção e defesa civil,
ingresso através de concurso público nas três
esferas de governo”. Assim sendo, todos os independentemente da natureza jurídica do
III- Os agentes públicos detentores de cargos,
integrantes do SINPDEC, em suas esferas de seu vínculo com a Administração direta, in-
emprego ou função pública, civis ou militares,
jurisdição, deverão tomar as medidas neces- direta ou fundacional, ou das atribuições que
com atribuições relativas à prestação ou exe-
sárias ao fortalecimento dos quadros técni- exerçam. Neste rol também estão incluídos os
cução dos serviços de proteção e defesa civil;
cos dos órgãos de proteção e defesa civil, de agentes vinculados à iniciativa privada ou que

forma a valorizar a carreira de agente de pro- sejam prestadores de serviços voluntários.

teção e defesa civil.

137

A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


A Lei nº 12608/12 distingue três tipos de avocam o encargo de tutelar bens, serviços e Deve-se considerar que poderão participar
agentes: os agentes políticos; os agentes pú- interesses da coletividade em circunstâncias do SINPDEC de forma a contribuir para as
blicos e os agentes voluntários. de calamidade ou em casos extremos, como ações de prevenção, mitigação, preparação,
na ocorrência de desastres. Deve-se ressaltar resposta e recuperação, as organizações co-
Os agentes políticos, que podem ser consi- munitárias de caráter voluntário, devidamen-
que o agente voluntário deve ser cadastrado
derados na categoria de agentes públicos, se- te capacitadas, bem como demais entidades
e capacitado pelo órgão local de proteção e
gundo a doutrina do Direito Administrativo, com reconhecida atuação nas ações locais de
defesa civil, com vistas às atividades que irá
são os que desempenham funções típicas de proteção e defesa civil, conforme critérios de-
desempenhar.
governo, como o chefe do Poder Executivo - finidos pelos órgãos centrais das respectivas
Prefeito, Governador, Presidente da Repúbli- A Lei nº 9608, de 18 de fevereiro de 1998, esferas de governo. A contribuição a ser pres-
ca. No caso da proteção e defesa civil, são os tada, em ações de resposta aos desastres e de
com a redação dada pela Lei nº 13.297, de
que ocupam cargos de direção superior dos recuperação das áreas atingidas, exige o pré-
2016, dispõe sobre o serviço voluntário,
órgãos de proteção e defesa civil e desempe- vio cadastramento das organizações comuni-
como tal considerado:
nham funções de coordenação e direção de tárias e demais entidades, junto aos órgãos
órgãos ou entidades que prestem serviços de “a atividade não remunerada prestada por centrais de proteção e defesa civil, devendo
proteção e defesa civil, como os responsáveis pessoa física a entidade pública de qualquer ser mobilizadas e acionadas, de acordo com a
por secretarias, coordenadorias, departa- natureza ou a instituição privada de fins não necessidade, pelo referido órgão central e sob
mentos ou divisões. lucrativos que tenha objetivos cívicos, cultu- sua coordenação.
rais, educacionais, científicos, recreativos ou
São, também, considerados agentes públicos Serviço voluntário de grande relevância é o
de assistência à pessoa.”
os que prestam ou executam serviços de prote- dos Núcleos Comunitários de Proteção e De-
ção e defesa civil, abrangendo os ocupantes de fesa Civil, organizados em um distrito, bair-
O serviço voluntário será exercido mediante a
cargos, emprego ou função, civis ou militares. ro, rua, edifício, associação comunitária, en-
celebração de termo de adesão entre a entida-
tidades, entre outros, para participarem das
Os agentes voluntários desempenham im- de, pública ou privada, e o prestador do servi-
atividades de proteção e defesa civil.
portantes atividades no que se refere à polí- ço voluntário, dele devendo constar o objeto

tica de proteção e defesa civil, como os que e as condições de seu exercício. O prestador Além dessas três categorias, agentes políticos,
atuam como radioamadores ou prestando do serviço voluntário poderá ser ressarcido públicos e voluntários, a proteção e defesa ci-
serviços humanitários em situações de desas- pelas despesas que comprovadamente reali- vil pode contar, ainda, com os requisitados.
tre. São todos aqueles que assumem o ônus zar no desempenho das atividades voluntá- Incluem-se nessa categoria os agentes convo-
da execução de uma função pública por livre rias. As despesas a serem ressarcidas deverão cados para o serviço militar obrigatório, que,
e espontânea vontade, em regra, em circuns- estar expressamente autorizadas pela entida- à exceção de outros requisitados (como os cha-
tâncias de emergência. São particulares que de a que for prestado o serviço voluntário. mados para atuar como mesários, nas eleições,

138

Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


ou no Tribunal do Juri), possuem vínculo com A Lei nº 12.608/12 acrescentou, à regulamen-
o Poder Público e são remunerados. tação do Serviço Alternativo (Art. 3º, § 4o):

O serviço militar é obrigatório, nos termos do § 4o O Serviço Alternativo incluirá o treina-
artigo 143 da Constituição Federal, regula- mento para atuação em áreas atingidas por
mentado pela Lei nº 8.239, de 04 de outubro desastre, em situação de emergência e estado
de 1991. Entretanto, esse serviço pode ser de calamidade, executado de forma integrada
prestado de outra forma, por meio de Servi- com o órgão federal responsável pela implan-
ço Alternativo ao Serviço Militar Obrigatório tação das ações de proteção e defesa civil
(artigo 3º da Lei nº 8.239), entendido como
“o exercício de atividades de caráter adminis- Para tanto, a União deverá se articular com os

trativo, assistencial, filantrópico ou mesmo Estados e o Distrito Federal para promover o

produtivo, em substituição às atividades de referido treinamento.

caráter essencialmente militar”.


Em síntese, são agentes da proteção e defesa
civil todos os que, civis ou militares, do setor
público ou privado, integrantes do serviço
público, sob distintas formas, ocupantes de
cargos de maior ou menor hierarquia, volun-
tários, todos que desempenhem atividades
relativas à proteção e defesa civil, seja no que
se refere à prevenção, à mitigação, à prepara-
ção, à resposta ou à recuperação.

139

A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


LEGISLAÇÃO E REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

140

Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


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dos, Distrito Federal e Municípios para a execução de ações de prevenção em áreas de risco de desastres e de resposta e de recuperação em áreas
atingidas por desastres e sobre o Fundo Nacional para Calamidades Públicas, Proteção e Defesa Civil; e dá outras providências. Disponível em:
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de resposta e recuperação em áreas atingidas por desastres e sobre o Fundo Nacional para Calamidades Públicas, Proteção e Defesa Civil, e as
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Administrativa e dá outras providências.

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